o tempo em nossa vida

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O TEMPO EM NOSSA VIDA O estudo do tempo é imprescindível para que o sujeito compreenda as mudanças ocorridas com a humanidade e seu meio circundante, assim como, faz com que ele perceba que é parte integrante de um processo sócio-histórico em constante construção, transformação e reconstrução. Nos estudos históricos, o tempo pode ser visto sob diferentes ângulos: de curta duração (história de vida), de média duração e de longa duração (costumes, tradições e culturas). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de História e Geografia: Partindo desses pressupostos, elaboramos o projeto “O tempo em nossa vida”, com o propósito de perceber a necessidade de as crianças desenvolverem a noção de tempo como um elemento organizador de acontecimentos históricos no presente e no passado, através das medições de tempo e das mudanças e permanências nos hábitos e costumes construídos pela humanidade, a fim de os educandos relacionarem acontecimentos de tempos distintos com os padrões culturais e socioeconômicos da atualidade. O trabalho com projetos é importante no processo ensino-aprendizagem, pois considera o educando um sujeito ativo, respeitando sua historicidade e considerando seus conhecimentos prévios, como partida para a construção dos conhecimentos sistemáticos. Segundo Zaballa, o trabalho com projetos: O tempo histórico pode ser considerado em toda sua complexidade, cuja dimensão o aluno aprende paulatinamente. O tempo pode ser apreendido a partir de vivências pessoais, pela intuição, como no caso do tempo biológico (crescimento, envelhecimento) e do tempo psicológico interno dos indivíduos (ideia de sucessão, de mudança). E precisa ser compreendido, também, como objeto de cultura, um objeto social construído pelos povos como no caso do tempo cronológico e astronômico (sucessão de dias e noites, de meses e séculos). [...] permite uma abordagem dos conteúdos de aprendizagem definidos pela escola a partir do diálogo que se estabelece entre os objetivos explicitados pelos alunos e a mediação e intervenção do professor, que assegura sua correta sequenciação. Promove contextos de trabalhos em que os alunos podem, a partir de uma proposição inicial (relacionada com seus conhecimentos), buscar informação, compreendê-la e relacioná-la através de diferentes situações para convertê-la em conhecimento. (1998, p. 155).

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O Tempo.

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  • O TEMPO EM NOSSA VIDA

    O estudo do tempo imprescindvel para que o sujeito compreenda as mudanas ocorridas com a humanidade e seu meio circundante, assim como, faz com que ele perceba que parte integrante de um processo scio-histrico em constante construo, transformao e reconstruo. Nos estudos histricos, o tempo pode ser visto sob diferentes ngulos: de curta durao (histria de vida), de mdia durao e de longa durao (costumes, tradies e culturas).

    Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais de Histria e Geografia:

    Partindo desses pressupostos, elaboramos o projeto O tempo em nossa vida, com o propsito de perceber a necessidade de as crianas desenvolverem a noo de tempo como um elemento organizador de acontecimentos histricos no presente e no passado, atravs das medies de tempo e

    das mudanas e permanncias nos hbitos e costumes construdos pela humanidade, a fim de os educandos relacionarem acontecimentos de tempos distintos com os padres culturais e socioeconmicos da atualidade.

    O trabalho com projetos importante no processo ensino-aprendizagem, pois considera o educando um sujeito ativo, respeitando sua historicidade e considerando seus conhecimentos prvios, como partida para a construo dos conhecimentos sistemticos.

    Segundo Zaballa, o trabalho com projetos:

    O tempo histrico pode ser considerado em toda sua complexidade, cuja dimenso o aluno aprende paulatinamente. O tempo pode ser apreendido a partir de vivncias pessoais, pela intuio, como no caso do tempo biolgico (crescimento, envelhecimento) e do tempo psicolgico interno dos indivduos (ideia de sucesso, de mudana). E precisa ser compreendido, tambm, como objeto de cultura, um objeto social construdo pelos povos como no caso do tempo cronolgico e astronmico (sucesso de dias e noites, de meses e sculos).

    [...] permite uma abordagem dos contedos de aprendizagem definidos pela escola a partir do dilogo que se estabelece entre os objetivos explicitados pelos alunos e a mediao e interveno do professor, que assegura sua correta sequenciao. Promove contextos de trabalhos em que os alunos podem, a partir de uma proposio inicial (relacionada com seus conhecimentos), buscar informao, compreend-la e relacion-la atravs de diferentes situaes para convert-la em conhecimento. (1998, p. 155).

  • Nessa perspectiva, iniciamos o trabalho com o projeto O tempo em nossa vida, apresentando

    para as crianas as problemticas: O tempo para? e Quanto tempo o tempo tem?.

    Realizamos os seguintes procedimentos metodolgicos: levantamento de hipteses; dilogos investigativos; trabalhos em grupo; pesquisas em livros, revistas, dicionrios e internet; enquete; entrevistas; dinmicas de grupo; jogos didticos; documentrio em VHS; coleta e anlise de

    documentos; estudos de linhas do tempo; socializao; formao de repertrio literrio; tempestade de ideias e discusses.

    Fazemos um levantamento de hipteses acerca da problemtica, a fim de identificarmos os conhecimentos prvios dos educandos. Como parte do processo, realizamos um dilogo investigativo seguido de uma tempestade de ideias sobre o que lembrado a partir da palavra tempo. A partir disso, surgiram palavras, como: calma, hora, manh, relgio, desenvolvimento, calendrio, vida, dia, noite, tarde, mudana e sol. Por conseguinte, sugerimos uma enquete realizada pelas crianas com a comunidade escolar. Trabalhamos os instrumentos para medir o tempo objetivo (horas) atravs de pesquisas, leituras e produes textuais. Estudamos a histria desses instrumentos, a leitura do tempo objetivo, produzimos textos matemticos e informativos, lemos e interpretamos poesias. No momento das poesias, as crianas demonstraram ateno, interesse e criatividade pelo jogo das palavras.

    Com base nos conhecimentos prvios das crianas, estudamos mais detalhadamente os instrumentos para medir o tempo, como: relgio, calendrio e ampulheta.

    Seguindo nossos estudos, os educandos pesquisam, lem, interpretam, produzem textos e resolvem situaes-problema referentes diviso do tempo, ao calendrio e s medidas de tempo (dia, ms, ano, dcada, sculo e milnio). Paralelamente, lemos o livro Era uma vez eu 3, com o intuito de desenvolver o gosto pela leitura e a percepo da vivncia na fase da infncia. Em seguida, partimos para a construo de uma linha de tempo de um adulto escolhido pelas crianas e, depois, dos prprios educandos, objetivando o confronto com as histrias da infncia do parente, a percepo das diferenas, mudanas e permanncias entre o passado e o presente. Percebemos o envolvimento dos alunos ao reconhecerem as suas histrias de vida e compartilharem com seus colegas. Para alguns, o momento prazeroso; para outros, difcil, pois revivem fatos que marcaram de alguma forma suas vidas. Entre as mudanas ocorridas ao longo do tempo, elencamos as seguintes: biolgicas, socioeconmicas, culturais, nas paisagens locais e nos ambientes.

  • Atravs da dinmica de grupo Descrio, motivamos as crianas a observarem e refletirem

    sobre as diferentes fases da vida do ser humano, discutindo sobre a diversidade fsica e socioeconmica das pessoas e as mudanas biolgicas ocorridas com o passar do tempo, atravs da leitura de imagens. Enfatizamos, tambm, a terceira idade, refletindo e criticando alguns comportamentos preconceituosos com essa fase de vida. A partir dessa vivncia, as crianas sensibilizam-se e percebem que os idosos contribuem, significativamente, no mbito social, cultural e econmico, sendo dignos de respeito.

    Dando sequncia ao nosso projeto, instigamos as crianas a responderem as problemticas, retomando as hipteses e reconstruindo os conhecimentos prvios, culminando num recital intitulado Poetizando o tempo composto de poesias sobre o tempo, criadas pelas crianas.

    Ao longo do desenvolvimento do nosso projeto, vimos que as crianas se envolveram significativamente com a aprendizagem, refletindo e reelaborando novos conceitos sobre a temtica sugerida. Observamos que elas perceberam que o tempo est presente em nossa vida, considerando as mudanas ocorridas ao longo dela, pois ele objeto da cultura. Portanto, o tempo no para, visto que a nossa vida movida pelo tempo e suas consequncias e, por isso, ela tambm no para, est em constantes movimento e mudana.

    Trabalho desenvolvido com os educandos do 4 ano do Ensino Fundamental

    BRASIL. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros curriculares nacionais: Histria e Geografia. 2. ed. Rio de Janeiro: DJ&A, 2000. v. 5.

    JOS, Elias. De olho nos bichos. So Paulo: FTD, 2003. Arca de No.

    SMOLE, Ktia Stocco; DINIZ, Maria Ignez. Ler, escrever e resolver problemas: habilidades bsicas para aprender matemtica. Porto Alegre: Artmed, 2001.

    SORRENTI, Neusa. Era uma vez eu. Belo Horizonte: Formato, 1997.

    TURAZZI, Maria Inz; GABRIEL, Carmem Teresa. Tempo e histria. So Paulo: Moderna, 2000.

    ZAMBONI, Ern; CASTELLAR, Snia. Histria e geografia. So Paulo: Atual, 2003.