o teatro na educação artigo- claudineia da silva barbosa

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O TEATRO NA EDUCAÇÃO Claudinéia da Silva Barbosa 1 RESUMO O artigo situa a importância do Teatro na Educação e traz reflexões sobre os significados atribuídos a essa linguagem artística. Apresenta uma experiência a partir da realização de oficina sobre teatro e educação, onde foram discutidas, com estudantes de graduação, as inquietações sobre o ensino de Arte, especificamente do teatro, as contribuições dessa linguagem e as implicações acerca da Arte educação na formação de educadores. E através de pesquisa investigativa direcionada aos sujeitos docentes, atuantes em quatro instituições de ensino formal em Itaberaba, buscou-se compreender como o ensino da Arte/teatro tem sido considerado no processo educativo e como tem contribuído para o desenvolvimento das potencialidades do ser educando. A pesquisa traz, como contribuição, indicadores que apontam a resignificação do ensino-aprendizagem a partir do teatro, onde a realidade é o aqui e agora, em que se manifesta o potencial criativo. Palavras-chave: Arte educação. Teatro. Potencialidade Humana. Prática pedagógica. 1 INTRODUÇÃO A Arte permite ao ser humano manifestações de diferentes formas do saber sensível. Ao utilizar as linguagens artísticas, ele cria e recria inúmeras possibilidades de expressão através da sua potencialidade criadora. Por meio da fruição, é capaz de estabelecer comunicação entre seu universo interior criativo e interagir com o meio, revelando percepção e estética a partir da linguagem artística representada. Seja por meio da dança, das artes visuais, da música ou do teatro, em suas especificidades, estas linguagens possibilitam a compreensão e expressão que levam o ser a apropriar-se de habilidades também específicas e desenvolver-se, construindo, ao mesmo tempo, produto de conhecimento e manifestações culturais. 1 Graduanda do Curso de Pedagogia Habilitação, Docência e Gestão dos Processos Educativos, cursando VIII semestre na Universidade do Estado da Bahia Desp. de Educação Campus XIII (UNEB - DEDC- XIII) Itaberaba - BA. Trabalho orientado pela docente Giulia Fraga, Mestre em Educação e Contemporaneidade - UNEB e coorientado pelo docente Adailton Santos, Doutor com Dupla Titulação em Artes Cênicas pelas Universidades Federal da Bahia (Brasil) em Cotutela Paris Ouest Nanterre La Défense (França) (2009), ambos Professores da UNEB - DEDC- XIII.

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Page 1: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

O TEATRO NA EDUCAÇÃO

Claudinéia da Silva Barbosa1

RESUMO

O artigo situa a importância do Teatro na Educação e traz reflexões sobre os significados atribuídos a essa linguagem artística. Apresenta uma experiência a partir da realização de oficina sobre teatro e educação, onde foram discutidas, com estudantes de graduação, as inquietações sobre o ensino de Arte, especificamente do teatro, as contribuições dessa linguagem e as implicações acerca da Arte educação na formação de educadores. E através de pesquisa investigativa direcionada aos sujeitos docentes, atuantes em quatro instituições de ensino formal em Itaberaba, buscou-se compreender como o ensino da Arte/teatro tem sido considerado no processo educativo e como tem contribuído para o desenvolvimento das potencialidades do ser educando. A pesquisa traz, como contribuição, indicadores que apontam a resignificação do ensino-aprendizagem a partir do teatro, onde a realidade é o aqui e agora, em que se manifesta o potencial criativo. Palavras-chave: Arte educação. Teatro. Potencialidade Humana. Prática pedagógica.

1 INTRODUÇÃO

A Arte permite ao ser humano manifestações de diferentes formas do saber

sensível. Ao utilizar as linguagens artísticas, ele cria e recria inúmeras possibilidades

de expressão através da sua potencialidade criadora. Por meio da fruição, é capaz

de estabelecer comunicação entre seu universo interior criativo e interagir com o

meio, revelando percepção e estética a partir da linguagem artística representada.

Seja por meio da dança, das artes visuais, da música ou do teatro, em suas

especificidades, estas linguagens possibilitam a compreensão e expressão que

levam o ser a apropriar-se de habilidades também específicas e desenvolver-se,

construindo, ao mesmo tempo, produto de conhecimento e manifestações culturais.

1 Graduanda do Curso de Pedagogia – Habilitação, Docência e Gestão dos Processos Educativos,

cursando VIII semestre na Universidade do Estado da Bahia – Desp. de Educação Campus XIII –(UNEB - DEDC- XIII) – Itaberaba - BA. Trabalho orientado pela docente Giulia Fraga, Mestre em Educação e Contemporaneidade - UNEB e coorientado pelo docente Adailton Santos, Doutor com Dupla Titulação em Artes Cênicas pelas Universidades Federal da Bahia (Brasil) em Cotutela Paris Ouest Nanterre La Défense (França) (2009), ambos Professores da UNEB - DEDC- XIII.

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Entre as infinitas possibilidades de criação e expressão, a linguagem teatral

apresenta-se de forma mais complexa e integrada com as demais linguagens, pois,

no desenvolvimento das habilidades teatrais, o ser humano, através de seu corpo e

de suas possibilidades de expressão, é o elemento principal. A linguagem teatral

pode estar representando dança, utilizando música e sendo, ao mesmo tempo,

audiovisual. Sua complexidade está em exigir do aprendiz mais habilidades. Mas a

sublimidade dessa linguagem está no seu principal aspecto, que é ter o ser humano

como elemento básico e, por esta arte, primar pelo desenvolvimento integrado deste

ser, considerando não somente os seus conhecimentos, mas as suas emoções, sua

subjetividade e suas potencialidades.

A partir da percepção que se tem sobre a importância e o significado do

Teatro como produto de conhecimento e manifestação cultural desenvolvido na

sociedade, este artigo busca compreender como a arte teatral está vinculada à

Educação, refletindo sobre a sua contribuição para o desenvolvimento das

potencialidades humanas. Considerando o percurso histórico sobre o ensino da Arte

e suas implicações, investiga como essa linguagem artística está presente e como é

considerada e desenvolvida em algumas instituições de ensino formal público e

privado nos níveis de Educação Infantil e Séries Iniciais.

Através de entrevista estruturada, direcionada ao sujeito docente, pretendeu-

se analisar de que forma as ações educativas têm dado relevância ao

desenvolvimento da aprendizagem de forma a abranger o teatro. E perceber em

quais circunstâncias de organização curricular e formação os sujeitos docentes

realizam suas práticas pedagógicas considerando essa linguagem artística.

Fundamenta-se este trabalho nas contribuições dos autores, que trazem reflexões

sobre a formação docente, a pesquisa e prática pedagógica no trabalho, com teatro

na educação e também sobre a metodologia e avaliação no ensino-aprendizagem,

envolvendo o universo das linguagens artísticas, em destaque, a arte teatral.

2 TEATRO: UM ASPECTO DINÂMICO DA CULTURA HUMANA

Uma especificidade humana, essa linguagem artística realiza-se,

essencialmente, a partir do corpo, da fala e dos gestos, manifestando a

expressividade criativa do ser. De significação múltipla, o teatro é compreendido sob

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diversos aspectos, que circunscrevem desde espaço, lugar para a ação, à

manifestação de uma cumplicidade complexa e apaixonada entre o corpo vivificante,

o que atua e o espectador que o observa. Esses são movidos pela ação criadora de

um universo de encantamento, que se manifesta pela realidade cênica de

personagens com suas razões e emoções, culminando em um impulso interpretativo

para o que atua e para o que observa e se emociona.

Percebido como um mecanismo inteligente, capaz de criar e recriar

situações, intervir nas realidades, quebrar e reconstruir conceitos de espaço, tempo,

estética, linguagem e comunicação, o teatro configura-se em um movimento que dá

possibilidades de penetrar nas dimensões transcendentes do mundo das ideias. Dá

ao ser humano o domínio sobre a construção, desconstrução e reconstrução de

realidades (ou realidades imaginárias) e conhecimentos que o envolvem e a si

mesmo.

Entendida também como uma manifestação cultural que se desenvolveu no

transcorrer da história da humanidade, a expressão da linguagem teatral é passível

de transformações, como afirma Fernando Peixoto:

O teatro tem história específica, capítulo essencial da história da produção cultural da humanidade. Nesta história, o que mais tem sido modificado é o próprio significado da atividade teatral: sua função. Constantemente redefinida, na teoria e na prática, esta função social tem provocado alterações substantivas na maneira de conceber e realizar teatro (2003, p.11).

Essa linguagem pode ser considerada como uma influência positiva e

marcante, promovida na dinâmica evolutiva da vida ao longo da existência da

humanidade, tornando-se algo que é característico da organização e da produção

humana.

Ao se questionar sobre como surgiu o teatro, a teoria mais aceita propõe

que ele tenha se desenvolvido a partir de rituais. Passou por diferentes

reformulações estéticas e de concepções, muitas técnicas e recursos que

caracterizavam desde o teatro não ocidental – os da Antiguidade grega e romana –

e que se aplicou na Idade Média e mesmo a multiplicidade que desenvolveu durante

o Renascimento até meados do século XX; muito foi reelaborado e se tornou objeto

de estudos e experimentos até a atualidade. Entre outros, o que se convencionou

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chamar, conforme Rosenfeld (1995, p.169), de Teatro Épico, com Bertolt Brecht

marcando um período com o conhecido teatro didático, que rompe a “quarta parede”

e traz elaborações ideológicas sobre o pensamento político, tornando o teatro um

potente mecanismo na busca de conscientização e transformação social. Sem

dúvida, isso trouxe influências marcantes para as montagens e os espetáculos

contemporâneos.

Considera-se também um destaque o Teatro do Oprimido, desenvolvido por

Augusto Boal, que, na década de setenta, no Brasil, começou com teatro-jornal,

trabalhando com público popular. Mais tarde, foi reprimido e o seu criador, exilado.

Ele desenvolveu fora do País outras técnicas que denominou de “teatro do invisível”,

“teatro-fórum” e “teatro imagem”, expressando interessante conceito sobre essa

experiência humana rica de aprendizagens e ensinamentos de que o indivíduo pode

usufruir, em contato consigo mesmo, ao expor suas potencialidades através da

linguagem artística. Boal conceitua o teatro como a reflexão do ser humano sobre si

mesmo e como uma possibilidade de transformação do mundo externo:

Os humanos são capazes de se ver no ato de ver, capazes de pensar suas emoções e de se emocionar com seus pensamentos. Podem se ver aqui e se imaginar adiante, podem se ver como são agora e se imaginar como serão amanhã [...]. O teatro é uma forma de conhecimento e deve ser também um meio de transformar a sociedade. Pode nos ajudar a construir o futuro, em vez de mansamente esperarmos por ele (BOAL, 2008, p. xiv – xi).

Essa definição leva a refletir sobre a essência humana como construção da

consciência de si mesma e afirma a sublimidade da linguagem artística na

resignificação do processo de aprendizagem. Boal contribuiu com diversas obras,

entre as quais há a presença de jogos teatrais, cuja dinâmica tem favorecido o

planejamento e desenvolvimento de programas educacionais, cujas metas de

aprendizagem buscam a valorização e ampliação das habilidades potenciais do

educando. Favorece, assim, uma educação que propicia a aprendizagem

significativa e libertadora no campo artístico. Para além deste, o teatro expressa

também valor educativo.

Page 5: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

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3 O TEATRO E A EDUCAÇÃO

Tanto o Teatro quanto a Educação são campos do conhecimento humano,

considerados extensos e complexos em seus saberes, e que exigem familiaridade

para que se desenvolvam estudos unindo-os em uma linha de pesquisa, embora o

primeiro esteja “presente” no segundo há mais de quinze décadas. Apesar de o

ensino de Arte, que envolve as quatro linguagens (dança, música, artes visuais e

teatro2), ter sido significativamente discutido e redimensionado, algumas questões

ainda persistem e são trazidas por estudiosos, por exemplo, Ingrid Koudela:

Pesquisas científicas revelam claramente que tanto ao nível da formação de professores, quanto na condução do processo com a criança, torna-se necessário o detalhamento de objetivos específicos, que conduzem à operacionalização do ensino de teatro (1990, p. 25).

São questões pertinentes para o educador, na reflexão sobre suas

habilidades, quanto às dimensões e saberes do ato de educar, uma vez que se

compreende que “ensinar é uma especificidade humana”, como elucida Freire (2006,

p.91). Os seres humanos têm sido capazes de ensinar essa habilidade ao longo da

evolução da humanidade. O saber foi se organizando, se institucionalizando até se

constituir em um sistema formal de educação. É preciso considerar que este é um

processo inacabado, por ser um ato humano e por se entender que o conhecimento

do homem não é elaborado mecanicamente, mas na interação, a partir de

investigações, análises e reflexões. Um ensino que, além de possibilitar o

conhecimento científico, sensibilize para a construção de valores, é a essência da

Educação e que Freire aponta como uma especificidade humana, porque entende o

ser completo, compreendendo suas emoções, além de seus outros aspectos bio-

físico-psicossocial. A Educação tem, entre suas finalidades, a responsabilidade de

gerenciar o maior patrimônio da humanidade, que é levar a compreender, ajudar a

construir e manter em processamento o seu conhecimento, considerando toda sua

diversidade e inacabamento.

A Educação é como um instrumento em que o ser humano percebe e

aperfeiçoa a si mesmo e o meio, na tentativa de processar novos meios para

produzir melhor e de maneira mais eficaz, a partir do desenvolvimento de sua

aprendizagem. As habilidades de aprender, ensinar e criar novos mecanismos e 2 Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte.

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conhecimentos operacionalizadores na inter-relação com o meio e com o objeto

podem ser transformadoras se levarem o indivíduo ao desenvolvimento de suas

potencialidades (sensibilidade, criticidade, criatividade, cientificidade...). Como

afirma Lowenfeld sobre a importância da linguagem artística e seus elementos no

desenvolvimento da criança, “a interação dos símbolos, do eu e do meio ambiente

que fornece os elementos necessários aos processos intelectuais abstratos” (1970,

p.16). A aprendizagem depende também dos sujeitos que se comprometem e se

colocam como mediadores desse processo nesta estabelecida relação de

construção de conhecimentos. Eis a Educação! O “novo” processo criativo de

construção humana. E que Lowenfeld, na década de setenta, considerando o ensino

da Arte, já trazia as seguintes reflexões sobre a importância que se dá aos valores

que visam ao desenvolvimento total do ser, valorizam sua potencialidade e que

precisam estar envolvidos na Educação:

Em nosso sistema educacional, damos realmente, ênfase aos valores humanos? Ou estamos tão ofuscados pelas recompensas materiais que não logramos reconhecer que os verdadeiros valores da democracia residem no seu mais precioso bem, o indivíduo? [...] Quanto maior for a oportunidade para desenvolver uma crescente sensibilidade e maior a conscientização de todos os sentidos, maior será também a oportunidade de aprendizagem. [...] Num sistema educacional bem equilibrado, em que o desenvolvimento do ser total é realçado, o pensamento, o sentimento e a percepção do indivíduo devem ser igualmente desenvolvidos, a fim de que possa desabrochar toda a sua capacidade criadora potencial (LOWENFELD; BRITTAIN, 1970, p.15 -18).

Mas quem somos nós, na qualidade de seres humanos em evolução? Quem

somos nós, como educadores? O que tem instigado nossas inquietações? Por que

nossas potencialidades, muitas vezes, são ignoradas? Quem são os que deveriam

estar refletindo e inquietos a respeito disso? (Essas questões foram levantadas

durante os esquetes desenvolvidos pelo grupo teatral “Inquietos”3). A Educação, se

entendida como um potencial instrumento que possibilita o desenvolvimento e a

organização do conhecimento humano, será um elo e deixará como legado um

mecanismo rico e poderoso para as futuras gerações.

Esse “novo” processo criativo da humanidade, assim como sua história, teve

diferentes roupagens. Foi marcado por momentos nos quais se vivenciaram

3 Grupo de estudantes de Pedagogia 2008.1, na UNEB/DEDC-XIII, e que se organizou desde o

primeiro semestre do curso fazendo apresentações teatrais em eventos e grupos de estudo neste departamento.

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diferentes possibilidades, como elucida Freire (2006, p.53): “Gosto de ser gente,

porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é

tempo de possibilidades, e não de determinismo.” Foram diferente épocas, foram

diferentes metas, porém todas inacabadas, sujeitas a mudanças. E são observáveis,

na história da Educação brasileira, vários momentos em que ocorreram

reformulações nas constituições do ensino.

Analisando a trajetória que percorreu o ensino da Arte no Brasil, percebe-se

que suas perspectivas estavam atreladas a cada momento do contexto sociocultural,

sendo, portanto, constituído por tendências que estavam ligadas tanto ao

pensamento coletivo educacional, quanto às políticas públicas. Observem-se os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do ensino de Artes para os anos iniciais

do Ensino Fundamental:

Ao recuperar, mesmo que brevemente, a história do ensino de Arte4 no

Brasil, pode-se observar a interação de diferentes orientações quanto à finalidade, à formação de professores, mas, principalmente, quanto às políticas públicas educacionais e os enfoques filosóficos, pedagógicos e estéticos (1997, p. 22).

Assim, a cada época, o ensino de Arte é identificado por um determinado

método. A tendência tradicional (iniciada pelos jesuítas no período colonial) aplicava

e valorizava o ensino das artes manuais e canto orfeônico, sendo centrado na

transmissão do conhecimento padrão e modelo da cultura dominante. O teatro

estava atrelado às datas comemorativas, sendo uma atividade de apresentação nas

festividades. “Em 1971, promulgou-se a (tristemente) famosa Lei 5.692/71, que,

verticalmente, pretendia “modernizar” o ensino. O seu objetivo último sempre foi –

não se pode negar – a eliminação de qualquer criticidade e criatividade no seio da

escola, [...]” como aponta Duarte Júnior (1991, p. 80-81).

O que se pode refletir sobre expressão criativa nas décadas de cinquenta e

sessenta? Qual era a função formadora da Educação? Como era considerado o ser

humano-aprendiz em seu processo de desenvolvimento psíquico, cognitivo, afetivo,

artístico, sociocultural, político...? Quem eram estes educadores? Situações básicas

e importantes, hoje consideradas por estes dois campos de estudos, Educação e

4 Faz-se referência às modalidades artísticas ligadas às imagens, aos sons, movimentos, às cenas. A

Arte literária não está diretamente abordada neste contexto, porque se apresenta nos currículos escolares, vinculados ao ensino de Língua Portuguesa.

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Teatro. No âmbito dos estudos teatrais, em espaços não formais e mesmo nos

grupos de teatros, a expressividade e o desenvolvimento do indivíduo são vistos

como fatores importantes “[...] somente a partir da década de setenta, quando se

incrementam os estudos e investigações a respeito das inter-relações entre Teatro e

Educação no País [...]” (JAPIASSU, 1998, s p.)

Os períodos seguintes foram de sucessivas mudanças nas diretrizes para o

ensino de Arte, como pode ser observado no PCN Arte:

A partir da década de 80, constitui-se o movimento de Arte-Educação, inicialmente com a finalidade de conscientizar e organizar os profissionais, resultando na mobilização de grupos de professores de arte, tanto da educação formal como da informal [...]. Em 1988, com a promulgação da Constituição, iniciam-se as discussões sobre a nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, que seria sancionada em 20 de dezembro de 1996 [...]. Com a Lei n

o 9394/96, revigoram-se as disposições anteriores e

Arte é considerada obrigatória na educação básica. Tornando-se componente curricular [...]. (1997, p. 25).

As perspectivas pedagógicas foram redimensionadas. Teatro passa a ser

uma linguagem estudada na disciplina de Arte, considerado em sua especificidade.

Tem como propósito educacional o desenvolvimento global da criança, contribuindo

para seu crescimento integrado, no plano individual e coletivo e buscando propiciar a

aprendizagem a partir das relações, por meio de jogos dramáticos, nas aulas de

teatro. Passou-se, então, a considerar como fundamental o desenvolvimento da

criança e só depois, o processo de aquisição do domínio dessa linguagem.

Aproximando-se a transição para o século XXI, muitas propostas em relação

ao ensino de Arte se afloraram, sugerindo novos encaminhamentos pedagógicos. A

Proposta Triangular para o Ensino de Arte, defendida por Ana Mae Barbosa (2003),

tem como alicerce três bases: a apreciação da obra de arte, a sua contextualização

histórica e o fazer artístico; os Jogos Dramáticos e Jogos Teatrais, pesquisados e

desenvolvidos pelo grupo de pesquisadores (alunos de graduação e pós-graduação)

da Escola de Comunicações e Arte na Universidade de São Paulo (ECA-USP), em

Teatro-educação em 1981, e 82 liderados por Ingrid Koudela e inspirados nas

propostas de Viola Spolin. Koudela traduziu o livro “Improvisação para o Teatro de

Spolin”, é autora da primeira tese em Teatro-educação e defendeu a linha

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essencialista5 da Arte-educação na sua dissertação de mestrado. Fundamentada em

Piaget, chama a atenção para a potencialidade do teatro no desenvolvimento

intelectual e afetivo da criança. E sua tese de doutorado sobre Teatro-educação

tornou-se o primeiro trabalho original brasileiro desenvolvido nessa temática. As

Atividades Globais de Expressão e Jogos Teatrais na Escola, sistematizadas por

Olga Reverbel, e Jogos para Atores e Não atores, desenvolvidos por Augusto Boal,

são alguns exemplos que trazem orientações para o desenvolvimento de atividades

educativas através da expressão, interação e comunicação no uso das habilidades

artísticas e criativas.

Esses autores trazem contribuições significativas para o trabalho com teatro

na educação, pois tratam de saberes sobre as possibilidades entre Teatro e

Educação, e apresentam trabalhos e resultados de pesquisas e práticas, em

diferentes públicos, do infantil ao adulto, e nas mais diversas situações, nos espaços

formais e não formais. E Japiassu reitera, trazendo reflexões sobre essa inter-

relação, mencionando a importância da prática pedagógica incrementada no Brasil a

partir do pensamento vigotskiano.

O impacto do modelo histórico-cultural do desenvolvimento sobre as práticas pedagógicas formais e não formais no Brasil se fez sentir com especial vigor a partir dos anos noventa, com o incremento da divulgação do pensamento vigotskiano no meio educacional brasileiro. Consequentemente, os estudos sobre a dimensão pedagógica do Teatro não poderiam ficar indiferentes nem fugirem à discussão desse novo paradigma do funcionamento mental humano. Conhecer a abordagem histórico-cultural do desenvolvimento e incorporá-la ao exame de questões que dizem respeito ao ensino do Teatro deve contribuir para o esclarecimento das inter-relações entre Teatro e Educação (JAPIASSU, 1998, s p.)

A finalidade de todo esse processo e discussão sobre as práticas

pedagógicas em relação à Arte-educação precisa permitir ao educador e

investigador (e, dir-se-ia mais, ao sistema educacional) a possibilidade de coleta de

dados e informações de suas ações e prática sobre a relevância do teatro como

linguagem que permita a aprendizagem e o desenvolvimento cultural e potencial do

ser humano, podendo circunscrever em seus projetos pedagógicos as novas metas

e ações e articulando, sobretudo, os cursos de formação profissional de docentes

Arte educadores, que, em meio a toda essa transformação, têm deixado lacunas.

5 Corrente que defende a ideia de que a Arte por si é um meio para a liberdade. E para o próprio

processo da liberação da mente humana.

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4 TEATRO E EDUCAÇÃO: ALGUMAS INQUIETAÇÕES

As inquietações com relação ao ensino de Arte e a forma com que esta vem

sendo trabalhada nas instituições de ensino formal aumentaram e têm motivado a

busca e a pesquisa, desde quando cursava o II Semestre nesta graduação em

Pedagogia, na Universidade do Estado da Bahia, no Departamento de Educação

Campus XIII (UNEB/DEDC-XIII), em Itaberaba, orientada pela Professora Giulia

Fraga, no componente curricular Artes e Educação. O interesse se evidenciou

quando foram realizadas, em equipe, pesquisa investigativa e análise sobre as

perspectivas do ensino de Arte, considerando a prática pedagógica e o histórico

sobre a Arte na Educação, que objetivava perceber as tendências pedagógicas

existentes na prática desse ensino nas instituições de ensino formal, a partir de

entrevistas com alunos de diferentes faixas etárias.

Na análise da pesquisa, apresentando as perspectivas do ensino de Arte-

educação, para faixas etárias de 60, 30, 16 e 08 anos, constatou-se que as

mudanças ocorridas nesta disciplina, de certa forma, acompanham as mudanças

do contexto social. Houve alterações significativas nas concepções teóricas, mas a

prática de ensino apresenta-se ainda com influências das décadas iniciais. Isso é

percebido na questão sobre “como eram suas aulas de Arte?” e a resposta que os

alunos sujeitos da pesquisa trazem em comum é que se tratava de um momento

em que faziam desenhos, pintura e ensaiavam para apresentação de um coral.

Havia a necessidade de ampliar a pesquisa sobre essa área de conhecimento

e suas especificidades, indo além do histórico contido nos Referenciais Curriculares

Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI) e nos PCN, em relação à prática

pedagógica aplicada na rede (e sistema) de ensino atual. Se houve mudanças nas

concepções teóricas, o que ainda estava condicionando o ensino de Arte? Qual era a

necessidade real para que ocorresse o ensino das linguagens artísticas? A questão

principal era a formação do profissional docente, que, relegada à polivalência, não

dava (e não dá) conta da necessidade real de ensino-aprendizagem esperada. O

olhar voltou-se para a graduação, considerada formação inicial. Esta formação levará

todos os envolvidos a cometerem e passarem pela mesma prática. Isso é gritante!

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Mesmo com as mudanças, algumas questões ainda persistem e são trazidas por

estudiosos contemporâneos, por exemplo, Ricardo Japiassu:

Que tipo de (in)formação

6 os profissionais da educação recebem para

trabalhar com seus alunos, de modo sistemático, as diferentes linguagens artísticas? Se a habilitação para o Magistério na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental é prerrogativa do pedagogo, por que, nos cursos de Pedagogia e de formação de professores, não são oferecidas disciplinas que contemplem a especificidade estética de cada uma das linguagens artísticas (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro)? (2011, s. p.)

Instigados com a situação em que se encontra o curso de formação

profissional docente, que ainda apresenta, em sua matriz curricular, componente

para ensino de Arte sem os fundamentos teóricos e metodológicos que as

especificidades de cada uma das linguagens artísticas exigem, estudantes da

UNEB/DEDC-XIII manifestavam as inquietações através da linguagem teatral,

realizando rápidos momentos de discussões em grupo que apresentavam esquetes.

Em agosto de 2009, cursando o IV semestre, esse grupo de estudantes foi

convidado a participar do I Encontro de Ludicidade: Linguagens em Movimento,

evento realizado na UNEB-DEDC-XIII, em Itaberaba (BA), coordenado por Cândida

Moraes e Luciana Moreno7, tendo como público-alvo graduandos dos Campi II,

Alagoinhas e XIII, Itaberaba. Foi realizada a oficina “Teatro e Educação: Quais são

as suas inquietações?”, desenvolvida com a colaboração de Rute Barbosa e Rafael

Dias8. O objetivo era instigar nos participantes a autopercepção relativa às suas

potencialidades artísticas, compreendendo-se como seres humanos aprendizes-

educadores, cocriadores do seu conhecimento, expressividade e ação na inter-

relação com o outro e com o meio, através da linguagem teatral.

Com propostas de jogos dramáticos, teatrais e de improvisação,

fundamentados em Augusto Boal e Olga Reverbel, entre outros autores, possibilitou-

se a ação criadora dos participantes, de forma autônoma, o que levou os

graduandos dos Campi II e XIII a perceberem que a habilidade criadora é

6 O termo “(in)formação” busca referir a complexidade das práticas formativas de professores no

âmbito da sociedade do conhecimento (ou da informação) e destacar o aproveitamento e uso sistemático da informação no processo da formação educacional dos professores. 7 Professoras na UNEB/DEDC-XIII, Itaberaba-BA, em 2009.

8Graduandos do Curso de Pedagogia – Habilitação Docência e Gestão dos Processos Educativos,

cursando VIII semestre na UNEB/DEDC- XIII - Itaberaba (BA), 2012.

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propriedade de todos e, em toda sua plenitude, pode estar aliada aos processos

educativos. Além de propor essa vivência corpórea e lúdica, a meta era levar os

participantes a refletir, discutir sobre a formação do educador e também provocar o

burilamento das ideias acerca da formação dos educadores, compreendendo que é

atribuição do pedagogo docente, que atua nas Séries Iniciais do Ensino

Fundamental e na Educação Infantil, ministrar aulas de Arte, atendendo às

especificidades das linguagens artísticas mencionadas nos parâmetros e

referenciais curriculares.

A realização da oficina gerou discussões interessantes e levantamento de

ideias relevantes que devem servir como indicadores para o melhoramento da

organização das ações do colegiado deste departamento, nas articulações das

matrizes curriculares, cursos de extensão e núcleos de pesquisa. Resultou,

principalmente, no sentido de levar a perceber que há necessidade urgente de

reorganização dos componentes curriculares de Pedagogia em relação ao ensino de

Arte. Como alerta Japiassu, com referência à formação de pedagogos que precisam

ter fundamentação teórica e metodológica para o trabalho com Arte, mas

enfatizando que essa formação precisa atender às especificidades e à estética das

linguagens artísticas:

Por que não se busca sinalizar procedimentos metodológicos para o

trabalho sistemático com cada uma das linguagens artísticas em cursos que

têm como objetivo a formação dos profissionais da educação que irão atuar

nas creches, pré-escolas e séries iniciais do Ensino Fundamental? ( 2011, s.

p.)

Essa foi a principal inquietação que aflorou durante as discussões na oficina

Teatro e Educação e trouxe para os estudantes/investigadores e, ao mesmo tempo,

mediadores do processo, um feedback satisfatório nos objetivos A partir da roda de

autoavaliação, percebeu-se que os participantes encontravam-se inquietos em seu

estado de espírito. E, principalmente, motivados com sua autopercepção. Todavia,

na questão de formação docente, as ações ainda são mínimas. E como sugere o

autor Duarte Júnior:

Mas é preciso sempre e sempre denunciar essa educação voltada à submissão, à docilidade. Lembremo-nos: o ato criador é rebelde e subversivo – é, sobretudo, um ato de coragem. Coragem de não aceitar o estabelecido, propondo uma nova ordem, uma nova correlação de forças. (1991, p.86)

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E o ato de coragem se revela sempre, em uma prática educativa que se

configura em um ciclo contínuo de ações e reflexões em busca de sua organização.

Assim também deve ser o ato criativo na formação para essa prática. A partir das

discussões e dos indicadores levantados na oficina, a proposta investigativa sobre a

potencial contribuição da arte teatral redimensionou-se, transformando-se em nova

temática de pesquisa, sendo direcionada à prática pedagógica dos profissionais já

atuantes. Buscou-se perceber como as ações educativas têm dado relevância ao

processo de aprendizagem, considerando o desenvolvimento da sensibilidade, das

emoções e das atitudes expressivas proporcionadas pela arte teatral, e analisar

como o currículo e a prática docente estão organizados para isso.

5 E NA PRÁTICA PEDAGÓGICA? COMO O TEATRO É CONSIDERADO?

A partir da compreensão que se tem sobre a relevância do ensino da arte

teatral na aprendizagem do educando e também por perceber que a elaboração e o

desenvolvimento de ações pedagógicas que envolvam as linguagens artísticas e

suas especificidades exigem, por sua vez, conhecimentos e habilidades específicas

para mediação, o foco aqui investigativo é saber como esta linguagem está

presente na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental de

algumas instituições públicas e particulares em Itaberaba e de que forma os

professores trabalham essa arte.

A pesquisa foi encaminhada para quatro instituições de educação formal,

duas públicas e duas particulares. As instituições funcionam em dois períodos

(matutino e vespertino), sendo que uma das públicas funciona em tempo integral,

atendendo somente grupos de maternal.

Esta pesquisa é de caráter qualitativo, estando voltada para uma realidade

empírica, a qual busca considerar uma estabelecida relação entre os sujeitos na

dinâmica interatividade com o meio. O presente trabalho se fundamentou nos

referenciais teóricos que norteiam a proposta investigativa da temática aqui

discutida.

Page 14: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

14

Observando o que André (2002, p. 41) aponta como base para uma pesquisa

significativa, “é importante assinalar que, sem um referencial básico de apoio, a

pesquisa pode cair em um empirismo vazio e, consequentemente, não contribuir

para um avanço em relação ao já conhecido.” Foi realizada através de questionário,

como instrumento na técnica de coleta dados, o qual foi elaborado e aplicado

conforme explica Sanchêz (2007, p. 17): “[...] constituído por uma série ordenada de

perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do

entrevistador”, apresentando questões abertas.

Das quatro professoras solicitadas, só três responderam. As três têm

formação em Pedagogia. Uma é pós-graduada em Educação Infantil, está cursando

Atendimento Educacional Especializado para Educação Especial na modalidade

Educação a Distância (EAD) e atua em Creche. A outra pedagoga tem habilitação

para séries iniciais e atua na Educação formal há nove anos; desde que concluiu o

Magistério, já atuou nas diferentes modalidades, da Educação Infantil ao Ensino

Fundamental II, sendo que, atualmente, leciona em uma turma de 4a série9. Ambas

trabalham na rede pública de ensino. A terceira professora formou-se no Curso

Normal e está cursando Pedagogia. Atua na Educação há cinco anos, já lecionou

em turmas de Educação Infantil, Ensino Fundamental II, EJA e, hoje, atende às

turmas do Fundamental I do 3o e do 5o ano, na rede particular.

Sobre a atuação na educação formal, a professora que atende na Creche

deixa a seguinte reflexão: “O professor é um profissional capaz de atuar em diversos

âmbitos da Educação”, e ressalta que “precisa estar preparado para enfrentar, com

criatividade e competência, os problemas do cotidiano, ser flexível, tolerante e atento

às questões decorrentes da diversidade cultural que caracteriza nossa sociedade”.

Uma das discussões no cenário educativo contemporâneo é a identidade do

profissional docente, mais especificamente do pedagogo. Desde a sua formação às

suas atribuições, professores da Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino

Fundamental enfrentam desafios significativos que os colocam em situação de

alerta, ou seja, vivem na realidade do ensino polivalente, de modo que precisam dar

conta de todas as disciplinas que fazem parte do currículo, atendendo às

9 A proposta de Ensino fundamental de 09 anos, em Itaberaba, foi incluída recentemente e está em

transição, tendo classes designadas por série e classes designadas por ano.

Page 15: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

15

especificidades de cada uma. No caso da Arte, a situação torna-se mais complicada

ainda, pois essa disciplina é composta por quatro linguagens também específicas na

sua prática pedagógica. Porém, este não é o foco central desta discussão, apesar

da sua importância e interligação com o assunto que se pretende desenvolver.

Objetivando compreender como o ensino de arte teatral tem sido

considerado no processo educativo e como este contribui para a Educação,

desenvolveu-se a pesquisa tendo como temas o Teatro e a Educação:

Como esta linguagem artística pode contribuir para o desenvolvimento das

potencialidades humanas? Sendo realizada nos espaços formais de

educação, através de questionários direcionados aos sujeitos docentes, com

a intenção de investigar como o ensino da Arte está organizado no currículo

dessas instituições;

Como consideram a linguagem teatral na Educação Infantil e nas séries

iniciais do Ensino Fundamental? Levantando questões que envolvem desde a

fundamentação teórica, planejamento e mediação à avaliação no trabalho

com arte teatral, considerando a formação docente e destacando as

facilidades e as dificuldades nas suas ações educativas.

Diante da questão sobre como é organizado e desenvolvido o ensino de Arte

no currículo da instituição em que os participantes da pesquisa trabalham, a

professora que atua na Creche diz que “é organizado em projetos e sequências

didáticas”. Analisando o RCNEI, observa-se que está dividido em três volumes: o

primeiro é intitulado “Documento de Introdução que discute os princípios da

Educação Infantil”. O segundo e terceiro volumes são os que definem a matriz

curricular que está distribuída nos dois âmbitos de experiências: “Formação Pessoal

e Social” e “Conhecimento de Mundo”. O volume dois tem o eixo “Identidade e

Autonomia”, sendo que esse perpassa pelos outros eixos como transversal. No

volume três, constam os outros eixos “Movimento”, “Música”, “Artes Visuais”,

“Linguagem Oral e Escrita”, “Natureza” e “Sociedade e Matemática”.

Não há um eixo específico para o trabalho com a linguagem teatral, na

Educação Infantil. Mas na área de conhecimento, “Movimento” tem como um dos

conteúdos a Expressividade, apresentando-se em duas dimensões: Subjetiva, que

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16

contempla as habilidades motoras e de comunicar das crianças; e Expressiva, que,

como pode ser vista no RCNEI, volume 03 “[...] engloba tanto as expressões e

comunicação de ideias, sensações e sentimentos pessoais, como as manifestações

corporais que estão relacionadas com a cultura” (p.29).

É a partir disso que são elaboradas e desenvolvidas diretrizes e ações de

intervenção reunindo as atividades com jogos e brincadeiras com as crianças

pequenas. Conhecida também como jogo do faz de conta ou jogo simbólico. Ou

como Peter Slide (1978, p. 19) considera: “Jogo Pessoal [...]. Ele se caracteriza por

movimento e caracterização, e notamos a dança entrando e a experiência de ser

coisas ou pessoas”, que é muito frequente entre as crianças nos momentos

espontâneos ou em atividades direcionadas. É o princípio para a improvisação

teatral. Outra situação em que se percebem princípios teatrais na Educação Infantil

(EI) se apresenta nos momentos de contação de histórias com o uso de fantoches,

por exemplo, em que a criança dá ânima10 e se expressa, sendo o intérprete do

fantoche. A essa manifestação criativa através do objeto, o autor Slide (1990, p.19)

chamou de “Jogo Projetado”, ou seja, uma das habilidades que as crianças

desenvolvem de interpretar projetando as falas, expressões e sentimentos aos

objetos ou brinquedos que utilizam.

Entre os jogos dramáticos, o uso do fantoche talvez seja o mais utilizado;

ainda que os objetivos sejam voltados apenas para o desenvolvimento da

oralidade, as crianças expressam habilidades específicas para o desenvolvimento

da linguagem teatral. No RCNEI, mais especificamente no vol. 3, no eixo

“Movimento”, que traz o contexto Expressividade, há também orientações didáticas

para o trabalho com brincadeiras de faz de conta, onde as crianças realizam os

jogos dramáticos e projetados.

No Ensino Fundamental, a Arte é tida como disciplina e o ensino, segundo

as professoras, “[...] é ministrado de forma interdisciplinar, sendo que a carga

horária é mínima.” Ao analisar o PCN Arte (1ª a 4ª série), percebe-se que este

divide a disciplina nas quatro linguagens (Dança, Artes Visuais, Música e Teatro),

indicando suas especificidades. E como pode ser observado neste documento:

10

Dar vida, ânima ou movimenta tornando o ser existente no mundo. Termo utilizado na concepção de utilização de máscara em jogos teatrais.

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17

As propostas educacionais devem compreender a atividade teatral como uma combinação de atividade para o desenvolvimento global do indivíduo, um processo de socialização consciente e crítico, um exercício de convivência democrática, uma atividade artística com preocupações de organização estética e uma experiência que faz parte das culturas humanas. (1997, p. 57)

Apesar de estar no currículo com carga horária mínima e o trabalho

interdisciplinar ser uma alternativa, precisa ser cuidadosamente elaborado e

desenvolvido, pois o teatro, no Ensino Fundamental, como é mencionado no PCN

(p. 58), “proporciona experiências que contribuem para o crescimento integrado da

criança em vários aspectos”.

A disciplina de Arte, como se sabe, é composta por diferentes linguagens.

Buscando compreender como as professoras trabalham com a linguagem teatral,

os dados informados por elas mostram que, na Educação Infantil, o ensino é

realizado na perspectiva interdisciplinar e de forma lúdica. No Ensino Fundamental

I, onde o nível de leitura convencional está mais desenvolvido, o teatro é trabalhado

como momentos de dramatização e apresentação. Uma das professoras diz que

“compreende o teatro em suas dimensões artística, estética, histórica e social”, mas

não menciona como é desenvolvida a sua prática de ensino. Já a que atua na

turma de 4a série, revela que trabalha a linguagem teatral “através de

dramatizações de textos lidos e de histórias, em culminância de projetos e etc.,

sempre trabalhando com a interpretação desses portadores, a expressão corporal e

o desenvolvimento da linguagem, etc.”

Percebe-se que, mesmo tendo documentos norteadores da prática

pedagógica, há ainda algo na prática docente que necessita de um olhar

organizador, o dele próprio, que o fará ajustar seus conhecimentos ou estudos

teóricos com sua prática. Sobre o ensino da linguagem teatral, o PCN de Artes

esclarece que “é importante que o professor esteja consciente do teatro como um

elemento fundamental na aprendizagem e no desenvolvimento da criança, e não na

transmissão de uma técnica” (1997, p.58).

A promoção de oportunidades para que os educandos conheçam, observem

e confrontem diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, operando com

um modo coletivo de produzir arte e atividades lúdicas representadas por jogos e

brincadeiras, pode desenvolver o aprendizado das crianças; são indicadores que as

Page 18: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

18

professoras apontam como contribuições que a linguagem teatral pode dar no

desenvolvimento do educando e uma delas reitera: “Auxilia a diminuir a timidez dos

alunos, melhora o raciocínio interpretativo, a capacidade de trabalhar em grupo,

etc.”

Ao avaliarem o trabalho que desenvolvem em suas turmas, as professoras

que atuam no Fundamental percebem que os alunos gostam e se envolvem. Falam

da reação da turma quando manifestam desejo por atividades teatrais. Uma diz:

“[...] pedem para realizar esse tipo de atividade e até mesmo reúnem-se sozinhos

para preparar uma apresentação para os colegas” e a outra: “Os alunos são críticos

e capazes de opiniões sobre a atividade teatral”, porém não revelam qual

instrumento ou método elas utilizam para avaliá-los. Duarte Jr. (1991, p.84),

reportando-se à avaliação, afirma: “[...] na Arte educação, não importam tanto os

produtos finais, mas o processo de criação e expressão”. As docentes expressam

respostas a partir de suas vivências e observações no contexto das suas aulas, o

que lhes apontam os indicadores da aprendizagem de seus alunos.

Na Educação Infantil, a professora, referindo-se à avaliação, menciona que

percebe no processo uma série de vantagens, dizendo que “o teatro na Educação

Infantil é muito importante [...], o aluno aprende a improvisar, desenvolve a

oralidade, a expressão corporal, a impostação de voz, aprende a se entrosar com

os outros, desenvolve o vocabulário, trabalha o lado emocional e outras

habilidades”.

Apesar de não estar como eixo específico no RCNEI, a linguagem teatral,

nesta modalidade de ensino, é bastante expressiva na fase infantil através dos

jogos de faz de conta, ainda como um conteúdo ou atividade. E esse momento na

instituição educativa é considerado muito rico para o desenvolvimento das crianças

pequenas, pois é também nesta fase em que se iniciam a construção da

identidade, a autonomia e a formação social. Como afirma sobre a presença e

evolução dos jogos lúdicos na escola, Olga Reverbel:

É principalmente na escola que a criança aprende a conviver com os outros, delineando-se nesse momento sua primeira imagem da sociedade. É na sala de aula que podem acontecer as primeiras descobertas de si mesmo, do outro e do mundo, [...]. O jogo lúdico muda espontaneamente para jogo dramático. É importante que essas transformações aconteçam

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19

naturalmente, proporcionando à criança o prazer de novas descobertas (1991, p.19).

As professoras entrevistadas revelam que norteiam seu trabalho buscando

fundamentos dos RCNEI e PCN, além de pesquisa via Internet, livros literários e

coleções variadas de livros sobre arte. Apontam, como facilidade no trabalho com a

linguagem teatral, o envolvimento das crianças e as possibilidades de acesso ao

conhecimento. A linguagem teatral permite, pois, que os educandos evoluam

socialmente. E a dificuldade, para uma delas, é a falta de apoio da família,

enquanto que para as outras é a falta de recursos e preparação para trabalhar com

a expressão corporal dos alunos. Para Spolin (1992, p. 131), “o corpo deve ser um

veículo de expressão e precisa ser desenvolvido para tornar-se um instrumento

sensível, capaz de perceber, estabelecer contato e comunicar”.

As professoras conceituam o teatro como “um tipo de linguagem acessível

a todos, que contribui significativamente para o desenvolvimento social, intelectual

e emocional dos envolvidos. E que o teatro estimula os educandos em diversos

aspectos que levam ao aprendizado.” Essas concepções também são coerentes

com as ideias apresentadas no PCN Arte.

O professor deve organizar as aulas numa sequência, oferecendo estímulos por meio de jogos [...]. É importante que o professor esteja consciente do teatro como um elemento fundamental na aprendizagem e desenvolvimento da criança, e não como transmissão de uma técnica (1997, p.58).

A partir desta pesquisa, foi possível compreender que o teatro, na

concepção das professoras entrevistadas, é considerado como uma estratégia de

ensino e, às vezes, como uma linguagem específica, ficando explícita na maneira

como trabalham com essa linguagem e na própria compreensão que expressam

sobre a mesma.

As docentes demonstram que compreendem a necessidade e a importância

do teatro na educação e ressaltam isso muitas vezes em suas falas, o quanto essa

linguagem artística pode contribuir para o desenvolvimento dos educandos. O que

lhes falta para ampliar essa prática educativa é o conhecimento específico que a

arte teatral – como qualquer outra linguagem ou área de ensino – exige: a técnica e

os fundamentos teóricos e metodológicos. O interesse e a satisfação das crianças

nas aulas, envolvendo-se e expressando-se através de suas habilidades criativas,

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20

também são indicadores de que o teatro na educação possibilita a aprendizagem

significativa e prazerosa, intensificando o desenvolvimento das mesmas.

Assim, a linguagem teatral está presente nestas escolas de Ensino

Fundamental e Educação Infantil, junto ao processo educativo, de forma ainda

tímida, porém significativa para os aprendizes, uma vez que o envolvimento de

habilidades expressivas e apreciativas, mesmo que ainda tímidas, como o processo

de ensino-aprendizagem, acontece. E isso pode ser melhorado. As mudanças que

ainda se fazem necessárias são na organização curricular, nos aspectos como

carga horária e especificação das linguagens na disciplina de Arte, no caso do

Ensino Fundamental, realizá-las, e na formação do profissional docente.

NO TEATRO, A REALIDADE É O AQUI E AGORA!

A educação formal, que é um sistema organizado temporal e espacialmente,

está imbuída da responsabilidade de organizar e desenvolver ações que promovam

a construção de saberes, que, por sua vez, se apoiam em outras ciências para a

realização de estudos, pesquisas e métodos a fim de cumprir suas metas no

processo educativo. E terá com a Arte/Teatro um nível mais profundo e instigante de

ações que permitem envolver o educando em toda a sua potencialidade.

Primeiramente, porque nesta linguagem artística o elemento principal é o ser

humano, através de seu corpo e de suas diversas possibilidades de expressão. E

também porque intensifica a aprendizagem através do estímulo da sensibilidade,

das emoções, além da reflexão e de outras atitudes expressivas.

O Teatro expressa valor educativo por si próprio, pois permite ao ser humano

possibilidades de vivenciar realidades diferentes das que ele já vive, permite

experimentar situações orgânicas e cotidianas que não sejam originalmente suas,

mas de criação artística, proporcionando ao aluno uma aprendizagem significativa

através dos sentimentos e das experiências. Isso lhe confere momentos de

construção, desconstrução e reconstrução de conceitos, saberes e atitudes que vão

além dos conhecimentos de mundo, uma vez que ele aprende a observar-se, a

sentir-se e a reiniciar o conhecimento sobre si mesmo.

Page 21: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

21

Aprender através da linguagem teatral é passar pelo efeito catarse11, é

compreender o sentido de empatia e humildade. Porque é através dos jogos teatrais

preparatórios, por exemplo, que se estabelece a relação interpessoal com base na

troca de experiências e consciência de coletividade, principalmente quando essas

experiências estão inter-relacionadas com as emoções e a afetividade que se

desenvolvem e reelaboram-se em experiência de grupo. Isso indica outra finalidade

que a Educação tem considerado e buscado vivenciar em seus processos de

ensino-aprendizagem, com a proposta de Piaget sobre o desenvolvimento da

aprendizagem através da interação12, resultando nas atuais concepções de ensino e

prática pedagógica na Educação brasileira.

Os indicadores da pesquisa mostram que o Teatro pode contribuir com a

Educação na sua forma mais sublime, porque proporciona infinitas possibilidades de

expressão do saber sensível, que pode ser manifestado através das

potencialidades.

Esse é um dos importantes motivos para que a arte teatral e as demais

linguagens sejam desenvolvidas na escola com a fundamentação, a metodologia

específica e a estética que cada linguagem artística necessita, favorecendo tanto o

educando em suas etapas de aprendizagem e desenvolvimento, quanto o educador

na elaboração de suas propostas e ações mediadoras. Fazem-se necessárias e

urgentes a reflexão e a ação por parte dos profissionais de Educação e, partindo

destes, do próprio sistema educacional sobre o sentido da Arte educação através da

linguagem teatral e sua importante presença no desenvolvimento da aprendizagem.

A partir da pesquisa realizada, foi possível perceber também que o teatro,

além de ser uma linguagem artística fundamental para os processos educativos, é

compreendido como uma arte que tem uma função social comunicativa e, quando

apreciado fora da escola, continua sendo considerando instrumento potencializador

na construção da identidade e na formação social dos indivíduos.

11

Significa limpeza ou purificação pessoal. Os gregos usavam esse termo nomeando o efeito causado na plateia através das diversas emoções transmitidas nas apresentações dramáticas. A catarse era o estado de purificação da alma. 12

Concepção de aprendizagem que parte do pressuposto de que todos constroem a própria concepção do mundo em que vivem a partir da reflexão sobre as próprias experiências. De acordo com Piaget, a estrutura cognitiva é um "mapa" mental interno, um "esquema" ou uma "rede" de conceitos construídos pelo indivíduo para compreender e responder às experiências que decorrem dentro do seu meio envolvente.

Page 22: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

22

Com isso, a reflexão sobre o quanto se tem vivenciado no contexto

sociocultural, em intenso contato com e sob a influência das linguagens artísticas,

que, em plena era da globalização, da marcante época da comunicação, é um fator

que tem ampliado as possibilidades das formas de conhecimento, assim como

entretenimento e até burilamento das identidades. São situações que atingem

diretamente o Ser.

A investigação sobre as contribuições do Teatro para a Educação aponta

que, nas instituições educativas onde a pesquisa foi realizada, algumas ações

envolvendo a linguagem teatral acontecem, ainda que precisem melhorar em

determinados aspectos, como a formação necessária para o docente pedagogo,

que precisa oferecer o ensino de Artes atendendo às especificidades de cada

linguagem que compõe essa disciplina; a reflexão e ampliação da carga horária na

proposta curricular, considerando a necessidade do reconhecimento da importância

das linguagens artísticas para a formação dos educandos, entre outros aspectos

que envolvem estrutura física, disponibilidade de recursos etc. Isso indica a lógica

do processo sensível e organizativo das mudanças em Educação. Há também o

desejo de que não se esteja desperto apenas para a especificidade da linguagem

artística teatral, mas que surjam manifestações relativas às demais linguagens

artísticas. Entretanto, algumas outras questões surgem a partir dessa nova situação

e ficam reverberando: O que nós, como espect’atores e espect’atrizes do

espetáculo educacional, temos interpretado? Estamos sob constante influência das

linguagens artísticas através das mídias e como estamos educando os nossos

alunos para esse contato?

Não basta querer saber, ter conhecimento. A educação tem levado ao “ter”

conhecimento. É preciso também ensinar a “ser” corpo vivente, que põe em ação as

potencialidades. Que investiga, descobre e vivencia cada momento de sua

aprendizagem. Manifestar o potencial criativo.

É preciso pôr em movimento a existência humana, os sentidos e significados

de cada aprendizagem no “aqui e agora”. E com isso, pôr em movimento algo que

justifique a existência de educadores potenciais e cocriadores da vida e da história

que será inacabada. Pois, quem nós queremos ser como seres humanos?

Page 23: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

23

ABSTRAC

The article shows the importance of Theatre in Education and reflects on the

meanings assigned to such artistic language. Presents an experience from

conducting a workshop on theater and education, with discussions with graduate

students, the concerns about the teaching of art, specifically theater, contributions

and implications of this language about the art-education in shaping educators. And

through investigative research directed to the subject teachers, working in four

schools formal Itaberaba, we sought to understand how the teaching of art / theater

has been considered in the educational process and how it has contributed to

developing the potential of being educated. The research brings, as a contribution,

indicators that point to reframe the teaching-learning from the theater, where reality is

the here and now, which manifests the creative potential.

Keywords: art education. Theatre. Human Potential. Pedagogical practice.

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Page 24: O Teatro na Educação   Artigo- Claudineia da Silva Barbosa

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