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Gui Duarte Meira Pestana
O Sucesso Comunicativo no Desporto Estudo do feedback do treinador e do
desportista no ensino das actividades físicas
Universidade da Beira Interior Departamento de Ciências do Desporto
2003 Covilhã
O Sucesso Comunicativo no Desporto Estudo do feedback do treinador e do
desportista no ensino das actividades físicas
Dissertação elaborada sob a orientação do Professor Doutor João Carlos Ferreira Correia, com vista à obtenção do grau de
Mestre em Ciências do Desporto
Orientador: Professor Doutor João Carlos Ferreira Correia
Orientando: Gui Duarte Meira Pestana
Universidade da Beira Interior Departamento de Ciências do Desporto
2003 Covilhã
Dedicatória
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
Dedico este trabalho aos meus pais, aos meus irmãos e à minha avó.
Índice Geral
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
i
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE GERAL _____________________________________________________ i
ÍNDICE DE QUADROS ______________________________________________ vi
ÍNDICE DE FIGURAS _______________________________________________ vii
ÍNDICE DE GRÁFICOS ______________________________________________viii
ÍNDICE DE ANEXOS ________________________________________________ ix
AGRADECIMENTOS _________________________________________________ x
INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 1
I PARTE ___________________________________________________________ 4
I CAPÍTULO ________________________________________________________ 5
1. AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ____________________________________ 5
1.1.1. O fenómeno comunicacional ____________________________________ 5
1.1.2. A comunicação interpessoal _____________________________________ 9
1.2. O que é a comunicação? ________________________________________ 12
1.3.1. Teoria matemática da comunicação de Shannon e Weaver ____________ 17
1.3.2. Modelo de Shannon e Weaver: desenvolvimento de DeFleur __________ 23
1.3.3. Modelo Circular de Osgood e Schramm ___________________________ 25
1.4. Formas e tipos de comunicação __________________________________ 28
1.5. Comunicação verbal ___________________________________________ 29
1.6. Comunicação não verbal ________________________________________ 32
1.7. Comunicação diádica___________________________________________ 43
Índice Geral
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1.8. Comunicação em grupos ________________________________________ 46
1.9. Papéis ______________________________________________________ 53
1.10. Normas ____________________________________________________ 56
1.11. Relação entre a comunicação e o desporto _________________________ 58
1.12. A relação treinador-desportista __________________________________ 61
II CAPÍTULO ______________________________________________________ 65
2. FEEDBACK _____________________________________________________ 65
2.1. O que é o feedback? ___________________________________________ 65
II PARTE _________________________________________________________ 73
I CAPÍTULO _______________________________________________________ 74
1. OBJECTO DE ESTUDO ____________________________________________ 74
1.1. Objectivo de estudo ____________________________________________ 74
1.2. Introdução ___________________________________________________ 74
1.3. A escolha da modalidade: natação ________________________________ 75
1.4. A formação profissional dos treinadores2 de natação __________________ 75
1.5. Enunciado do problema _________________________________________ 76
1.6. Hipóteses e justificações ________________________________________ 77
1.7. Pressupostos e limitações do estudo_______________________________ 79
II CAPÍTULO ______________________________________________________ 81
2. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS ____________________________________ 81
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2.1. Introdução ___________________________________________________ 81
2.2. Caracterização da amostra ______________________________________ 81
2.3. Os Treinadores _______________________________________________ 82
2.4. As Turmas ___________________________________________________ 83
2.5. Os Treinos ___________________________________________________ 84
2.6. As Variáveis __________________________________________________ 84
2.6.1. Variáveis de presságio ________________________________________ 84
2.6.2. Variáveis de processo _________________________________________ 85
2.6.3. Variáveis de contexto _________________________________________ 86
2.6.4. Variáveis de programa ________________________________________ 86
2.7.Sistemas de Observação ________________________________________ 87
2.7.1. Sistema de observação do feedback pedagógico ___________________ 87
2.7.1.1. Dimensão: objectivo _________________________________________ 87
2.7.1.2. Dimensão: forma ___________________________________________ 88
2.7.1.3. Dimensão: direcção _________________________________________ 88
2.7.1.4. Dimensão: afectividade ______________________________________ 89
2.7.2. Sistema de observação da reacção do desportista ao feedback
pedagógico ______________________________________________________ 89
2.7.2.1. Dimensão: atenção do desportista ao feedback. ___________________ 90
2.7.2.2. Dimensão: resposta do desportista ao feedback ___________________ 90
2.8. Codificação __________________________________________________ 91
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2.9. Registo das observações ________________________________________ 92
2.10. Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos __________________ 93
III CAPÍTULO ______________________________________________________ 94
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS___________________ 94
3.1. Análise do feedback entre os treinadores licenciados em educação
física/desporto e os treinadores ______________________________________ 94
3.1.1. Introdução __________________________________________________ 94
3.2. Análise descritiva da análise do feedback entre os treinadores licenciados em
educação física/desporto ___________________________________________ 95
3.2.1. Dimensão: objectivo __________________________________________ 96
3.2.2. Dimensão: forma ____________________________________________ 96
3.2.3. Dimensão: direcção __________________________________________ 96
3.2.4. Dimensão: afectividade ________________________________________ 97
3.2.5. Dimensão: Atenção do desportista _______________________________ 97
3.2.6. Dimensão: Reacção do desportista ______________________________ 97
3.3. Análise descritiva da análise multidimensional do feedback entre os
treinadores ______________________________________________________ 98
3.3.1. Dimensão: objectivo __________________________________________ 99
3.3.2. Dimensão: forma ____________________________________________ 99
3.3.3. Dimensão: direcção __________________________________________ 99
3.3.4. Dimensão: afectividade _______________________________________ 100
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3.3.5. Dimensão: Atenção do desportista ______________________________ 100
3.3.6. Dimensão: Reacção do desportista _____________________________ 100
3.4. Comparação entre os treinadores licenciados em educação física/desporto e
os treinadores, no que diz respeito à análise multidimensional do feedback ___ 101
3.5. Análise da atenção e reacção ao feedback entre os treinadores licenciados
em educação física/desporto _______________________________________ 110
3.6. Análise da atenção e reacção ao feedback entre os treinadores ________ 112
3.7. Comparação da atenção e reacção ao feedback dos desportistas, entre os
treinadores licenciados em educação física/desporto e os treinadores _______ 114
3.8. Comparação e análise da taxa de feedback/minuto entre os dois grupos de
treinadores _____________________________________________________ 115
CONCLUSÕES ___________________________________________________ 119
RECOMENDAÇÕES _______________________________________________ 124
BIBLIOGRAFIA ___________________________________________________ 125
ANEXOS ________________________________________________________ 136
Índice de Quadros
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ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Caracterização dos treinadores ________________________________ 82
Quadro 2: Distribuição dos treinadores pelo Distrito, Concelho e Escalão de
Formação _________________________________________________________ 83
Quadro 3 – Percentagem dos valores médios das frequências do feedback em todas
as dimensões e categorias, entre os treinadores licenciados em educação
física/desporto _____________________________________________________ 95
Quadro 4 – Percentagem dos valores médios das frequências do feedback em todas
as dimensões e categorias, entre os treinadores ___________________________ 98
Quadro 5 – Comparação entre os dois grupos de treinadores, em todo o treino, em
todas as dimensões e categorias ______________________________________ 102
Quadro 6 – Valores médios totais das frequências do feedback na dimensão
atenção, entre os treinadores licenciados em educação física/desporto ________ 110
Quadro 7 – Valores médios totais das frequências do feedback na dimensão
reacção, entre os treinadores licenciados em educação física/desporto ________ 111
Quadro 8 – Valores médios totais das frequências do feedback na dimensão
atenção, entre os treinadores _________________________________________ 112
Quadro 9 – Valores médios totais das frequências do feedback na dimensão
reacção, entre os treinadores _________________________________________ 113
Quadro 10 – Comparação entre os dois grupos de treinadores, nas dimensões
atenção e reacção _________________________________________________ 114
Quadro 11 – Comparação entre os dois grupos de treinadores, na taxa de
feedback/minuto ___________________________________________________ 116
Índice de Figuras
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: O modelo de comunicação de Shannon e Weaver __________________ 18
Figura 2: Modelo de Shannon e Weaver desenvolvido por DeFleur, introduzindo o
feedback (McQuail e Windahl, 2003, p.25). _______________________________ 24
Figura 3: Modelo de Osgood e Schramm (McQuail e Windahl, 2003, p.26). _____ 25
Figura 4: As fases da comunicação e respectivos elementos, (Alves 2000) ______ 26
Figura 5: Exemplo de comunicação em grupo _____________________________ 49
Figura 6: Modelo conceptual para examinar a equipa desportiva como um grupo
(adaptado de Carron, 1988, citado por Cruz, 1996a) ________________________ 51
Figura 7: Modelo de estudo do feedback (Hoffmam, 1983, in Piéron
1988, p.129) _______________________________________________________ 69
Índice de Gráficos
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viii
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão objectivo,
em termos de taxa feedback/minuto ___________________________________ 103
Gráfico 2: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão forma, em
termos de taxa feedback/minuto ______________________________________ 104
Gráfico 3: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão direcção,
em termos de taxa feedback/minuto ___________________________________ 106
Gráfico 4: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão
afectividade, em termos de taxa feedback/minuto. ________________________ 107
Gráfico 5: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão atenção,
em termos de taxa feedback/minuto. ___________________________________ 108
Gráfico 6: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão reacção,
em termos de taxa feedback/minuto. ___________________________________ 109
Gráfico 7: Comparação entre os dois grupos de treinadores da taxa de
feedback/minuto ___________________________________________________ 115
Índice de Anexos
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ix
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1. Ficha exemplo: sistema de observação do feedback _______________ 137
Anexo 2. Ficha exemplo: sistema de observação de atenção e reacção do aluno ao
feedback _________________________________________________________ 138
Anexo 3. Tempo observado entre os dois grupos _________________________ 139
Anexo 4. Distribuição dos valores absolutos e relativos nas diferentes
dimensões _______________________________________________________ 140
Anexo 5. Taxa de feedback/minuto nas várias dimensões __________________ 148
Anexo 6. Média da taxa de feedback/minuto dos treinadores licenciados e dos
treinadores _______________________________________________________ 156
Anexo 7. Estatística descritiva básica NPar Tests & Kruskal-Wallis Test _______ 157
Agradecimentos
Universidade da Beira Interior
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x
AGRADECIMENTOS
Desejo agradecer a todos os que de uma forma ou de outra, contribuíram para a
realização do seguinte estudo:
Ao Professor Doutor João Carlos Ferreira Correia, pelas indicações fornecidas e
pela sua colaboração ao longo de todo o trabalho.
A todos os colegas e professores do II Mestrado em Ciências do Desporto.
Aos dez treinadores de natação que voluntariamente colaboraram e contribuíram
para a realização do estudo.
A todas as escolas de natação que contribuíram para a realização das observações.
A todos aqueles que de uma forma indirecta contribuíram para a sua execução.
Introdução
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1
INTRODUÇÃO
Em 1909 dizia-se que a comunicação é “ o mecanismo através
do qual existem e se desenvolvem as relações humanas.”
(Cooley: citado por Santos, 2000, p.9).
A comunicação é assim apontada como elemento fundamental para a existência do
próprio homem, facilita relações, promove interacções e clarifica procedimentos.
A comunicação é uma necessidade humana tanto de sobrevivência, como de
interacção e integração dos indivíduos. Treinadores e desportistas directa ou
indirectamente podem ser considerados comunicadores. O treinador porque utiliza
várias formas comunicacionais na sua actuação e através delas revela atitudes,
gestos, fala, personalidade, sentimentos e interesse pela evolução do desportista. É
através da comunicação que ele procura relacionar-se e interagir com o seu grupo
de actuação. O desportista é comunicador, na medida em que interage e relaciona-
se como os outros. A capacidade de saber comunicar por parte de um treinador
poderá influenciar, positivamente ou negativamente, a prestação de um desportista.
Introdução
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2
Como menciona Sequeira (1998, p.1), são muitos os factores inerentes à relação
pedagógica. No entanto, existe um que é preponderante em qualquer tipo de
relação, seja ela pedagógica ou não, que é a comunicação. Para Martens (1996,
referido por Sequeira, 1998, p.1), não basta aos treinadores dominar apenas o
envio, o conteúdo e a parte verbal, mas também, a recepção, a parte não verbal e a
parte psicológica de uma comunicação.
Pretendemos, com este estudo, contribuir para a pesquisa sobre a utilização do
feedback, no treino nos escalões de formação. Para além disto, pretendemos
também contribuir para a análise da influência da formação profissional no processo
ensino-aprendizagem.
Iremos, também, aproveitar para confrontar treinadores com duas formações
distintas, ao nível Universitário / Politécnico e ao nível federativo, como forma de
verificar qual a influência da formação dos treinadores num instrumento tão
importante como parece ser o feedback.
Dar retornos de informação (feedback) requer observar, analisar e avaliar os
desempenhos daqueles que connosco trabalham, tomando sempre como referência
os objectivos que nos propomos alcançar e a definição previa de tarefas que
efectuámos (Araújo, 2001, p.6).
O feedback é definido pelo comportamento de ensino que consiste na reacção do
professor, verbal ou não verbal, à prestação motora do aluno, com a intenção de o
aperfeiçoar, intervindo no processo de aprendizagem, e com a função de avaliar a
sua prestação, de descrever o movimento, de prescrever uma técnica ou
Introdução
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2003 Covilhã
3
componente crítica, e de o interrogar sobre o que fez ou como o fez (Januário, 1992,
p.95).
Este estudo tem como objectivo a caracterização do sucesso comunicativo no
desporto, nomeadamente do feedback pedagógico por parte dos treinadores de
natação e da atenção e reacção dos desportistas ao feedback nos escalões de
formação. Como referimos atrás será um estudo no qual iremos comparar um grupo
de treinadores com formações e experiências profissionais diferenciadas.
Por outro lado, sustenta-se a tese que o feedback é preferencialmente obtido
através da comunicação não-verbal.
I Parte
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4
I PARTE
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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5
I CAPÍTULO
1. AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
1.1.1. O fenómeno comunicacional
O homem, como animal social, vive em comunicação com o seu semelhante;
recebe, armazena e transmite informação tanto de natureza emocional como
intelectual; e é enquanto indivíduo, um sistema de auto-comunicação, pois o acto de
pensar é por muitas vezes a forma de uma conversa interior. A comunicação
engloba assim uma vasta gama de experiência e comportamento humano (Cohen,
1972, p. 211).
O indivíduo é um sistema aberto: como tal, os comportamentos de comunicação
constituem um dos modos essenciais da sua relação com o meio. Mas sendo um
sistema aberto, o homem não é um sistema qualquer; pode ser apropriadamente
definido como sistema biopsicosocial de comportamentos, isto é, um sistema em que
os comportamentos de relação com o meio apresentam complexas características
de significação e conteúdo simbólico, apoiados numa linguagem em que coexistem
elementos e normas lógicas com elementos e normas sócio-afectivas e emocionais.
A comunicação é um fenómeno que se impõe à observação mais casual e
descuidada, pois é a expressão da ligação entre os indivíduos e o seu meio
(Parreira, 1991, p.22).
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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6
O processo de comunicação no seu sentido profundo e autêntico é o motor que
desenvolve e sustenta a relação interpessoal. Este processo, implica um conjunto de
atitudes, sem as quais a relação pedagógica não passa de uma gama de técnicas
didácticas ao serviço de teorias ou de ideias mais ou menos vagas sobre educação.
No âmbito desta proposta, a análise da comunicação será, centrada não
exclusivamente no aluno, ou no professor, mas precisamente na relação entre essas
mesmas pessoas, como se de um sistema se tratasse. Para isso, necessitamos de
considerar também a relação pedagógica como um todo sistémico1. Este é
qualitativamente superior à soma das suas partes: é a emergência de algo que não
é exclusivamente do professor, do aluno, da relação interpessoal ou da instituição de
ensino, mas resultante da interinfluência de todas elas (Dias, 2001).
De acordo com Von Bertalanffy (1968, p.57), o criador da Teoria Geral dos Sistemas,
sistema é o “conjunto de unidades em inter-relações mútuas”. Para Morin (1977,
p.99) o sistema é “uma inter-relação de elementos que constituem uma entidade ou
unidade global”.
1) A abordagem sistémica constitui, de facto, uma nova visão da realidade, pelo menos quando contraposta à abordagem
científica clássica, analítica e mecânica. A abordagem analítica concentrou-se no estudo dos elementos em si, dos objectos
enquanto individualidades. Cada objecto foi descrito profundamente, foi caracterizado, decomposto em outros objectos mais
simples. O objecto foi assim isolado do contexto de outros objectos e isolado do observador. Cada ciência teve o seu
objecto básico, cada vez mais pequeno e cada vez mais decomposto. A Física teve o átomo, a Biologia a célula. No entanto
esta abordagem tornou-se insuficiente quando na Física se descobriu partículas mais pequenas que o átomo, os quarks,
que eram difíceis de descrever, o que trouxe uma crise epistemológica à forma como a ciência estuda e se desenvolve.
Passou-se então a estudar a relação de cada objecto com outros objectos próximos. Nasceu a ideia da abordagem
sistémica que se centra nas interacções entre os elementos. Enquanto a abordagem tradicional tendia a ver uma família
através das pessoas que a compõem, a abordagem sistémica observa a família através das interacções dos seus
componentes, sejam eles quais forem. E é, de facto, notável observar como uma família ou uma comunidade tende a
manter um determinado comportamento, mesmo que as pessoas que a compõem sejam substituídas por outras. O que se
mantém, dentro de um sistema social, são mais as interacções entre as pessoas ou elementos que o compõem, do que as
próprias pessoas em si.
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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7
A celebre fórmula de Lasswell (1948, p.49), sobre o processo da comunicação:
“Quem diz o quê a quem, por que canal, com que efeito?” é uma referência a todos
os elementos da comunicação e uma síntese do próprio processo de comunicar. A
identificação dos intervenientes da comunicação, o emissor e o receptor, é de
primordial importância, pois qualquer tipo de comunicação entre eles só terá sucesso
se houver intersecção entre os respectivos repertórios culturais.
Além disso, é necessário que todo o processo funcione correctamente, ou seja, que
as operações de codificação (processo de construção da mensagem) e de
descodificação (processo de desconstrução da mensagem) se realizem
convenientemente e que a transmissão pelo canal físico escolhido não seja
dificultada por “ruídos” ou “interferências” que deturpem a mensagem enviada.
Como refere Lasswell (1948, p.50), o processo de comunicação na sociedade
desempenha três funções: a) vigilância do meio ambiente, revelando ameaças e
oportunidades que possam afectar a posição da comunidade e das suas partes
constituintes, em termos de valores; b) correlação dos elementos que constituem a
sociedade, como resposta ao meio exterior; c) transmissão da herança social.
No caso específico da comunicação linguística, mediante a linguagem o indivíduo
torna-se objecto para si mesmo, no mesmo sentido que os outros são objectos para
ele; a sociedade existe mediante a comunicação, porque é através do uso de
símbolos significativos que tomamos as atitudes dos outros, como por sua vez, os
outros podem apreender as nossas atitudes para eles (Mead, 1934, p.41).
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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2003 Covilhã
8
A comunicação humana é, antes de mais, um facto do comportamento; um
comportamento ou uma série de comportamentos de relação entre sistemas
comportamentais; estes comportamentos de relação sejam verbais ou gestuais, têm
como característica comum o facto de desencadearem novos comportamentos nos
comunicadores (Parreira, 1991, p.23).
Que se passa quando indivíduos pertencentes a diferentes culturas encontram-se e
estabelecem um processo de relacionamento?
Com efeito, quando comunicam, os indivíduos fazem muito mais do que “devolver a
bola”; existe uma série de mecanismos que é regulada por diversos factores
culturais e que controlam os diferentes processos de existência (Hall, 1986, p.15).
Entendemos, por comunicação, o processo pelo qual partilhamos uma informação,
uma ideia, uma atitude ou um sentimento. Podemos ainda vincular à comunicação a
ideia de participação. Participar é precisamente a possibilidade de fazer parte de um
todo, pois quem está isolado não tem qualquer possibilidade de fazer parte desse
todo, logo não participa. Comunicar é, então, fazer participar num projecto global,
trazendo para a comunidade de interesses o que dela estava separado, através da
informação pertinente e objectiva, o que permite tomar decisões racionais em
relação à adequação ao meio ambiente (Dias, 2001).
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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2003 Covilhã
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1.1.2. A comunicação interpessoal
A comunicação interpessoal é o processo de criação de relações sociais entre pelo
menos duas pessoas que participam num processo de interacção. A comunicação
interpessoal, pode ser definida como o processo pelo qual a informação é trocada e
entendida por duas ou mais pessoas, normalmente com o intuito de motivar ou
influenciar o comportamento. Comunicar não é só enviar informações. O processo
de comunicação acontece, quando duas pessoas interagem reciprocamente,
colocando-se uma no lugar da outra. A interacção envolve, pois, uma incorporação
de papéis recíproca, e uma empatia mútua de habilidades. Os objectivos da
interacção são: um interligar-se com o outro, a completa habilidade de antecipar,
prever e comportar-se de acordo com as necessidades recíprocas de um e de outro.
A impossibilidade de não comunicar origina que qualquer situação comportamental
de duas ou mais pessoas seja uma situação interpessoal, uma situação de
comunicação (Watzlawick et all, 1972, p.69).
Sob um ponto de vista racional e mecânico, o processo de comunicação poderia ser
representado do seguinte modo:
Pessoa A <-----------------------------------------------> Pessoa B
Ou seja, “A” diz alguma coisa e “B” ouve o que “A” disse. Contudo, raramente as
comunicações são assim tão simples. As comunicações são muito mais do que
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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2003 Covilhã
10
palavras ditas entre as pessoas. Todo o comportamento transmite uma mensagem.
Quando estudamos o conceito de comunicação interpessoal, temos de examinar a
relação interpessoal como um todo.
No exemplo representado atrás, “A” transmite na interacção com “B” muito mais do
que o conteúdo da mensagem que deseja transmitir. Ele transmite-a como pessoa.
“A” tem uma imagem de si próprio como pessoa e tem também, embora em vários
graus de especificidade e intensidade, um conjunto de atitudes e de sentimentos em
relação a “B”. A mensagem que “A” dirige a “B”, para além de um certo conteúdo,
poderá conter uma série de pistas:
a) Sobre o modo como “A” se sente como pessoa (por exemplo, confiante e seguro
versus não confiante e inseguro); b) sobre o modo como “A” sente “B” como pessoa
(por exemplo, amável e receptivo versus frio e fechado) e c) sobre o modo como “A”
espera que “B” reaja à sua mensagem.
A focalização, até aqui, tem sido em “A”, o emissor. Mas uma imagem reflexa opera
em relação a “B” no que se refere à sua imagem e às atitudes em relação a “A”.
Tudo o que “A” transmitir (intencionalmente ou não) será recebido por “B” através do
seu conjunto de filtros perceptuais. Logo a resposta de “B” a “A” será em parte uma
função do que “B” ouviu. Porém ouvir é um processo selectivo, ouvimos o que
queremos e esperamos ouvir.
O aperfeiçoamento das boas relações interpessoais é um dos objectivos decisivos
no desporto, podendo contribuir para a facilitação das relações com a família com os
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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2003 Covilhã
11
amigos, colegas, a relação com o professor ou treinador ou com os diversos grupos
sociais onde se vai inserindo e com a comunidade como um todo (Rosado,
1998, p.57).
No caso das comunicações interpessoais, a própria presença de uma pessoa na
situação pode ter um impacto na natureza da interacção. Falar com uma pedra é um
processo estático, pois que a pedra não reage; falar com outra pessoa é um
processo dinâmico, pois a outra pessoa reage, como tal a sua reacção influencia as
nossas reacções subsequentes.
O desenvolvimento das relações interpessoais envolve o desenvolvimento da
capacidade da relação com os outros, também em situação de conflito; e a criação
de estratégias para a resolução desses conflitos interpessoais, devem constituir um
conteúdo de intervenção educativa (Rosado, 1998, p.65).
Definimos então comunicação interpessoal como um processo de interacção social
recíproca entre duas ou mais pessoas, cuja relação poderá influenciar no
comportamento, na motivação e no estado emocional do emissor ou do receptor. Tal
processo ocorre nas relações das pessoas como sujeitos membros de um
determinado grupo social e cultural. Este processo, pelo qual ideias e sentimentos se
transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando possível a interacção social, é
fundamental para o homem, enquanto ser social e cultural.
I Capítulo: As Relações Interpessoais
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
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1.2. O que é a comunicação?
A comunicação é um processo que viabiliza a troca de mensagens entre pessoas. É,
portanto, uma actividade cada vez mais utilizada nas relações sociais humanas
modernas. Devido à sua complexidade actual e aos amplos campos de interesse fica
cada vez mais conflituante a sua definição.
“Entendemos por comunicação tanto os processos de transacção entre os
indivíduos como a interacção dos indivíduos com a natureza, dos indivíduos com as
instituições sociais e ainda o relacionamento que cada indivíduo estabelece consigo
próprio” (Adriano Rodrigues, 1994, p.67).
A palavra comunicação significa "tornar comum", trocar informações, partilhar ideias,
sentimentos, experiências, crenças e valores, por meio de gestos, actos, palavras,
figuras, imagens, símbolos, etc. Comunicar tem o sentido de participar e estabelecer
contacto com alguém num intercâmbio dinâmico e interactivo.
Segundo Lampreia (1983, p.23), a palavra comunicação vem do latim “Communis”
que significa “comum”, “entrar em relação com”. Portanto a primeira noção a ter em
conta é que só há comunicação quando aquilo que é comunicado tem significado
comum para os dois pólos, emissor e receptor.
Aranguren (1975, p.11), define Comunicação como, qualquer transmissão de
informação por meio de: (a) emissão, (b) condução e (c) recepção de (d) uma
mensagem.
I Capítulo: As Relações Interpessoais
Universidade da Beira Interior
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O´Sullivan (1999, citados por Ferim, 2002, p.21), atribui ao termo «comunicação»,
duas acepções: numa acepção, comunicação é um processo pelo qual “A” envia
uma mensagem a “B” provocando um efeito; numa segunda acepção, existe uma
negociação e uma troca de sentidos entre emissores e receptores, sendo que as
mensagens, pessoas, culturas e realidades interagem e são capazes de produzir,
quer novas significações, quer novas formas de compreensão.
Para Fiske (1993, p.14), a comunicação é uma “interacção social através das
mensagens”. O mesmo autor distingue duas escolas principais no estudo da
comunicação, a primeira observa a comunicação como uma transmissão de
mensagens, como um processo pelo qual uma pessoa afecta o comportamento ou
estado de outra; a segunda escola vê a comunicação como uma produção e troca
de significados. As duas escolas definem a comunicação como interacção social
através das mensagens. A primeira define a interacção social como o processo pelo
qual uma pessoa se relaciona com outra ou afecta o estado de comportamento,
estado de espírito ou reacção emocional de outra e, vice-versa. Neste caso verifica-
se que a segunda definição de comunicação de Fiske coincide de forma mais
aproximada com uma concepção de comunicação interpessoal.
Charles Cooley (1909, citado em Santos, 1998, p.9), observou que a comunicação é
o mecanismo através do qual existem e se desenvolvem as relações humanas. A
definição de Cooley é de uma lucidez espantosa, porque remete para a noção de
que o acto de comunicar é uma das formas fundamentais da existência. Tudo o que
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é vida é comunicação, porque implica a condução de ideias e objectos de um lado
para outro.
Comunicar significa essencialmente transmitir sentimentos casuais ou intencionais,
de um ponto para outro. Comunicar é sobretudo significar, através de qualquer meio.
Durante milénios, isso quis dizer que o acto de comunicação se limitou aos sinais
sonoros, visuais e sensoriais emitidos pelo corpo humano. Mas houve uma altura em
que o homem entendeu que este era um meio demasiado limitado para comunicar e
precisou de alternativas (Santos, 1998, p.10).
Crespi (1998, citado por Ferim, 2002, p.22), define comunicação numa perspectiva
de interacção pessoal, como um processo mediante o qual determinadas
informações ou significados são transferidos de um ou mais indivíduos, os
emissores, para outros indivíduos, os receptores. Considera este processo uma
interacção simbólica, na qual a possibilidade de transferir mensagens ocorre na base
dos signos, segundo regras cultural e socialmente partilhadas.
O conhecimento pode ser adquirido de duas maneiras: inconsciente e
conscientemente. O primeiro, no próprio decorrer do ciclo de vida do indivíduo, nas
suas interacções sociais, nas suas observações e adaptações; é um conhecimento
empírico não-sistematizado. O segundo é um processo de aquisição de informações
através de distintos sistemas como leituras, palestras e cursos. Os dois processos
são extremamente importantes. Porém, quanto maior for a informação
sistematizada, melhor compreensão terá o indivíduo desta área de conhecimento.
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Há que distinguir informação e comunicação. Pela primeira entende-se quer a acção
de informar, quer, mais frequentemente, o conteúdo (a mensagem) de uma
comunicação; pela segunda entende-se o processo que põe em relação os dois ou
vários pólos (emissores e receptores) que trocam informações (Lampreia,
1983, p.23).
Para Adriano Rodrigues (2000, p.29), comunicação é uma relação entre seres
humanos quer face a face, quer à distância, que utiliza diversas modalidades de
suporte. A comunicação distingue-se da informação: enquanto a informação consiste
na transmissão de um saber entre alguém que a detém e alguém que é suposto não
a deter; a comunicação consiste numa partilha de uma semelhante experiência da
vida por pessoas com uma identidade comum.
A comunicação é o processo de pôr algo em comum. O processo comunicacional é
baseado em trocas de natureza simbólica, na intercompreensão, na reversibilidade e
como tal capaz de gerar laços de sociabilidade (Tavares, 1995, p.22).
“Nosso objectivo básico da comunicação é tornar-nos agentes influentes, é
influenciarmos outros, nosso ambiente físico e nós próprios, é tornar-nos agentes
determinantes, é termos opção no andamento das coisas: Em síntese nós
comunicamos para influenciar, para influenciar com intenção” (Berlo, 1991, p.22).
A comunicação considera-se como um processo de negociação no qual cada
pessoa implicada que envia ou recebe uma mensagem procura um terreno comum
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de forma a chegarem a um acordo. As experiências compartidas, uma cultura
comum, o uso de signos linguísticos e chaves comuns ajudaram na procura de um
significado consensual que sirva como um veículo para intercambiar ideias e
formalizar relações (Ellis e McClintock, 1993).
Apesar de utilizarmos a mesma língua e de comunicarmos pensamentos e afectos,
só raras vezes conseguimos comunicar o que de mais fundamental pretendemos
comunicar (Adriano Rodrigues, 1983, p.23).
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1.3.1. Teoria matemática da comunicação de Shannon e Weaver
Shannon e Weaver (1949, p.25), desenvolveram uma teoria que lhes permitia
estudar o problema de como enviar uma quantidade máxima de informação por meio
de um determinado canal, e de como medir a capacidade de qualquer canal para
transportar a informação.
A Teoria Matemática da Comunicação, ou Teoria da Informação, como também é
conhecida, é uma sistematização do processo comunicativo a partir de uma
perspectiva puramente técnica, quantitativa.
“A diferença principal entre a abordagem de um engenheiro electrónico e a de um
especialista em comunicação cultural consiste no facto que um trabalha com um
conjunto de elementos simbólicos muito condensados, enquanto o outro tenta
descobrir o que acontece quando as pessoas falam, antes dos dados estarem
raiados com todas as suas tonalidades” (Hall, 1994, p.116).
Segundo Weaver (1949, p.25), há três níveis de problemas em comunicação: a)
técnico; b) semântico e c) de influência. Os problemas técnicos referem-se à
precisão da transmissão de informações do emissor para o receptor; os problemas
semânticos referem-se à interpretação do significado pelo receptor, comparada ao
significado pretendido pelo receptor, por fim os problemas de influência ou eficácia
referem-se ao êxito de através do significado transmitido ao receptor, provocar a
conduta desejada de sua parte.
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Nível a) técnico: Com que precisão se podem transmitir os símbolos da
comunicação?
Nível b) semântico: Com que precisão os símbolos transmitidos são recebidos com o
significado desejado?
Nível c) pragmático: Com que eficiência o significado recebido afecta a conduta do
receptor no sentido desejado?
Shannon estava sobretudo interessado nos problemas técnicos. Mas torna-se claro
que eles são básicos para os outros níveis, e com eles estabelecem múltiplas inter-
relações. Para os estudar, havia que considerar o conjunto dos elementos em que
se baseava uma comunicação informativa, bem como as suas inter-relações.
Daí o célebre modelo da comunicação, de Shannon e Weaver, formulado do
seguinte modo:
Figura 1: O modelo de comunicação de Shannon e Weaver
A informação é emitida por uma fonte sob a forma de mensagens que, para serem
transmitidas, são codificadas por um emissor, que transforma estas mensagens em
sinais. A transmissão é assegurada pela via de comunicação, o canal ,até o receptor
Fonte de informação
Sinal Sinal
Recebido Mensagem Transmissor
Canal
Receptor
Destino
Fonte de ruído
Mensagem
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que descodifica os sinais a fim de torná-los utilizáveis pelo destino. Toda a
degradação da informação durante a comunicação é devida aos efeitos de ruído ou
interferência.
Weaver e Shannon (1949, p.27), estabeleceram, então, o esquema de transmissão
de informação hoje clássico, com uma mensagem que parte de uma fonte, é
codificada e emitida por um transmissor, passa por um canal de comunicação, sofre
perturbações designadas por ruídos, e chega depois ao receptor, passando por um
sistema de descodificação. Ao falar de "uma mensagem seleccionada". Shannon,
refere-se a uma sequência informativa que pode ser escolhida entre muitas outras,
que aparecerão com iguais ou diferentes probabilidades. Define então a quantidade
de informação com base na sua incerteza ou dificuldade de previsão.
Alguns conceitos ligados entre si são as questões fundamentais a serem estudadas
neste sistema de comunicação.
A palavra informação não se refere tanto ao que você efectivamente diz, mas ao que
poderia dizer, isto é, a informação é uma medida de sua liberdade de escolha
quando selecciona uma mensagem. Diante de uma situação muito simples, em que
você precisa de escolher entre duas mensagens alternativas, afirma-se
arbitrariamente que a informação associada a essa situação corresponde a uma
unidade. O conceito de informação não se aplica às mensagens individuais, como
seria o caso do conceito de significado, mas sim à situação como um todo: a
informação indica que, nesta situação, tem-se um grau de liberdade de escolha na
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selecção da mensagem, que convêm encarar como uma quantidade padrão
correspondente à unidade (Weaver, 1949, p.28).
Ao falar de, uma mensagem seleccionada, Shannon refere-se a uma sequência
informativa que pode ser escolhida entre muitas outras, que aparecerão com iguais
ou diferentes probabilidades. Define então a quantidade de informação com base na
sua incerteza ou dificuldade de previsão.
A grande descoberta de Shannon e Weaver consistiu uma possibilidade de medir a
informação. Para isso ele recorreu à noção de probabilidade (que corresponde à
entropia de um sistema) e à redução da nossa incerteza sobre esse sistema através
de sucessivas divisões binárias.
Para ilustrar esta operação bastante simples, vamos considerar a existência de um
sistema cuja probabilidade de o conhecermos é de 1/16. Podemos imaginar um
quadro com 16 números, cada qual marcado pelo número correspondente,
de 1 a 16.
1 2 3 4
5 6 7 8
9 10 11 12
13 14 15 16
Imaginemos que pretendemos escolher um número que foi seleccionado
previamente, pressuponhamos, o número 11. A probabilidade de conhecermos este
número à partida é de 1/16, ou seja, só depois de 16 tentativas é que teríamos a
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certeza de premir o botão certo. O problema que se coloca é saber quantas
perguntas simples, de sim ou não, são necessárias realizar para sabermos
exactamente qual é o número certo. Veremos que não são 16, mas apenas 4, pela
simples razão que 16 = 2x2x2x2, ou seja, 24. Neste caso, 4 é o logaritmo na base 2
de 16.
A primeira pergunta simples consistirá em saber se o número está na metade
superior. A resposta é não. Ficaremos então a saber que o número corresponde a
um dos 8 inferiores, a segunda pergunta pode ser se o número está, de entre estes,
na metade esquerda. A resposta é novamente não, ficamos então limitados ao
quadrante inferior direito, onde temos 4 números. A terceira pergunta é saber se o
número, neste conjunto, está em cima, a resposta é sim. A quarta pergunta é saber
sé é o número da esquerda, ou seja, o 11, e a resposta é sim, se fosse não, só
poderia ser o número 12. A probabilidade então de acertarmos é de 100%.
Com efeito, bastaram-nos 4 perguntas para adquirir informação sobre o sistema, ou
seja, para sabermos qual dos 16 números tinha sido previamente escolhido.
Admitia, por exemplo, que um emissor escreve a mensagem "boa noite", letra por
letra. Ao escrever as primeiras letras, há uma expectativa da parte do receptor, que
vê surgir as letras "b", "o", "a", um espaço, e depois "n", “o”, "i", “t” e o "e" no final,
mas esta ultima letra é quase inútil, pois sua probabilidade de ocorrência é tão
grande, para dar sentido à sequência anterior, que a quantidade de informação
transmitida por essa letra é muito menor que a transmitida pelas primeiras.
Também no exemplo de uma simples frase escrita, existem muitas letras que não
precisavam de lá estar para entendermos a mensagem, ou seja, existem nas
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mensagens, símbolos que não parecem necessários, estão a mais, são
redundantes.
A unidade menos entropia relativa é chamada “redundância”, o que vale dizer que
essa fracção da mensagem é desnecessária, no sentido de que, se estivesse
faltando, a mensagem ainda seria completa em sua essência, ou pelo menos
poderia ser completada (Weaver, 1949, p.32).
De facto, em nenhuma língua, nós podemos usar os símbolos arbitrariamente, como
se tirássemos à sorte cada uma das letras ou palavras, não o podemos fazer porque
existem regras: ortográficas, sintácticas, semânticas, da comunicação linguística e
são essas regras que reduzem a probabilidade de utilização aleatória dos símbolos,
ou seja: é à custa das regras que a redundância existe.
Então, o conceito de redundância relaciona-se com alta previsibilidade e o de
entropia com baixa previsibilidade.
Quando a informação é transmitida por um canal, sempre se perde alguma parte, o
que depende da qualidade da transmissão, do tipo de canal ou das interferências a
que ele é sujeito. Vulgarmente chamamos ruído às interferências no canal (o barulho
na sala de aula, os ruídos telefónicos ou electrónicos, as instabilidades ou o grão
num ecrã televisivo). Na concepção de Shannon, tal como a informação se mede,
também o ruído se pode medir. Ele corresponde à diferença entre a informação de
partida e a informação de chegada.
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O ruído perde assim a sua qualidade acústica, e passa a ser uma variável que se
pode generalizar a qualquer tipo de informação. Por exemplo, se fizermos uma
fotocópia, a qualidade da informação impressa pode ser razoável. Mas se fizermos
uma segunda fotocópia do material fotocopiado, e uma terceira da segunda
fotocópia, a qualidade da informação vai-se degradando até se perder por completo.
A noção de ruído pode ainda ser aplicada à comunicação inter-pessoal. Uma coisa é
o que se quer dizer, outra é o que se diz, outra o que se ouve e outra, finalmente, o
que o auditor se lembra de ter ouvido. Em cada uma destas transmissões perde-se
inevitavelmente informação, pelo que muitos falantes se queixam de não serem
entendidos, não sabendo porém que isso é inevitável.
Este modelo ao centrar-se mais no processo de transmissão da mensagem do que
no conteúdo da mesma, menciona-se frequentemente como um modelo de
transmissão ou de processo. Os pressupostos com os quais trabalha este modelo
são: a) que a comunicação vá directamente desde a fonte ao destinatário, b) que a
mensagem enviada está determinada pela fonte e c) desde que não haja obstáculos
ou distorções que impeçam a passagem da mensagem, recebida será a mesma que
terá sido enviada (Ellis e McClintock, 1993, p.101).
1.3.2. Modelo de Shannon e Weaver: desenvolvimento de DeFleur
“O modelo inicial de Shannon e Weaver tem sido criticado pela sua linearidade e
pela ausência de feedback” (McQuail e Windahl, 2003, p.25).
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DeFleur em 1970 desenvolveu o modelo de Shannon e Weaver, acrescentando um
outro conjunto de componentes ao modelo original, com o intuito de mostrar que a
fonte recebe o seu feedback, possibilitando assim uma adaptação mais eficaz do
seu modo de comunicar com o destinatário. Aumentando, a probabilidade de se
alcançar correspondência entre os significados (McQuail e Windahl, 2003, p.24).
Figura 2: Modelo de Shannon e Weaver desenvolvido por DeFleur,
introduzindo o feedback (McQuail e Windahl, 2003, p.25).
Fonte de informação
Sinal Sinal Recebido Mensagem Transmissor
Canal
Receptor
Destino
Ruído
Mensagem
Fonte de informação
Transmissor
Canal
Receptor
Destino
Meio de comunicação de massas
Sistema de
feedback
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Como podemos observar na figura 2 em cima apresentada, Defleur desenvolveu o
modelo inicial de Shannon e Weaver, introduzindo o conceito de feedback.
1.3.3. Modelo Circular de Osgood e Schramm
Se o modelo de Shannon e Weaver pode ser classificado de linear, já o modelo de
Osgood e Schramm é amplamente circular como podemos ver em baixo na figura 3.
Figura 3: Modelo de Osgood e Schramm (McQuail e Windahl, 2003, p.26).
No modelo de Osgood e Schremm ambos os intervenientes desempenham as
mesmas funções, ou seja, as partes actuantes são apresentadas como iguais,
realizando funções iguais, nomeadamente codificando, descodificando e
Codificador
Intérprete
Descodificador
Descodificador
Intérprete
Codificador
Mensagem
Mensagem
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interpretando. O modelo é particularmente útil para descrever a comunicação
interpessoal (McQuail e Windahl, 2003, p.26).
“Com efeito, é enganoso pensar que o processo de comunicação começa num
determinado lugar e acaba noutro. Na realidade, ele é interminável. Nós somos
pequenas centrais telefónicas recebendo e reencaminhando a grande corrente
interminável de informação” (Schramm, 1954, citado por McQuail e Windahl,
2003, p.26).
Segundo Alves (2002, p.11), o processo de comunicação é constituído por cinco
elementos essenciais, passando a mensagem por cinco fases:
Figura 4: As fases da comunicação e respectivos elementos, (Alves 2000)
O emissor começa por elaborar uma ideia que pretende partilhar, ideia essa que a
seguir é codificada utilizando um código (linguagem) que seja comum ao receptor
com quem deseja partilhar a ideia; após a ideia ser codificada transforma-se numa
mensagem, sendo necessário escolher a forma pela qual ser transmitida (canal).
Recebida a mensagem pelo receptor, este descodifica a mensagem e integra-a no
seu esquema de referência repercutindo o efeito da mensagem (feedback) (Alves,
2002, p.11).
Decisão de mandar uma mensagem (Emissor)
Canal através do
qual a mensagem é
enviada (Meio)
Descodificação da mensagem pelo receptor (Receptor)
Resposta interna do receptor
(Feedback)
Codificação da
mensagem (linguagem)
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Por sua vez, a resposta por parte do receptor (feedback), permite ao emissor inferir
da eficácia da mensagem enviada e, simultaneamente, proceder à correcção da
transmissão efectuada.
A informação recebida depende, não apenas da descodificação e interpretação da
mensagem, mas também das atitudes e do quadro de referência do receptor que vai
fazer com que se interesse mais ou menos pelo assunto transmitido se esteja em
escuta activa, captando mais informação que integra nos seus esquemas de
referência, permitindo, em consequência, uma utilização mais eficaz do que lhe foi
transmitido (feedback). O feedback ou informação de retorno permite, deste modo,
ao emissor verificar se a informação foi ou não correctamente recebida.
É constituído não só pelas informações verbais que são reproduzidas, mas,
principalmente pelas repercussões emocionais observadas através dos sinais não
verbais (Alves 2002, p.12).
Devemos lembrar-nos de que, quando as pessoas falam, usam símbolos vocais
arbitrários para descrever algo que aconteceu ou poderia ter acontecido. É
necessário não esquecer também que não há forçosamente uma ligação entre
essas simbolizações e o que acontece (Hall, 1994, p.115).
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1.4. Formas e tipos de comunicação
O acto comunicativo é a mais pequena unidade capaz de fazer parte de uma troca
comunicativa e que uma pessoa pode realizar com uma única e bem definida
intenção. Pode ser constituído apenas pela emissão de uma única palavra ou de um
só gesto; mas é mais frequente compor-se de uma combinação de elementos
verbais e não-verbais (Bitti e Zani, 1993, p.25).
Podemos distinguir dois tipos de comunicação definidos pelo receptor. A
comunicação intra-pessoal ou diálogo interno, em que o nosso o interlocutor somos
nós mesmos e a comunicação inter-pessoal, quando o receptor é alguém exterior a
nós. Este tipo de comunicação será o nosso objecto de estudo. A comunicação inter-
pessoal pode ser verbal ou não verbal.
“A conversação é um fenómeno de comunicação por vários canais que envolve
sinais verbais e não verbais numa relação altamente estruturada. A linguagem é,
obviamente, a actividade central neste tipo de interacção social, ainda que, muito
oportunamente, vários autores ponham em evidência a importância e a função dos
sinais não-verbais, quer do tipo vocal (qualidades da voz, entoação, pausas) quer do
tipo não-vocal (olhar, expressão facial, gestos, posturas e movimentos do corpo)”
(Bitti e Zani, 1993, p.187).
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1.5. Comunicação verbal
A linguagem verbal não esgota todas as modalidades da relação comunicacional.
Porém, é na interlocução que encontramos o modelo da relação comunicacional, já
que é no discurso que todas as outras modalidades comunicacionais encontram a
sua tradução eventual. O mesmo autor define comunicação verbal como,
“interlocução envolvendo vários intervenientes que utilizam a linguagem, oral ou
escrita, para se relacionarem entre si. A comunicação verbal pode ser em presença,
isto é, face a face, ou à distância” (Adriano Rodrigues, 2000, p.29).
A comunicação verbal congrega quase sempre uma intenção deliberada: transmitir
uma mensagem a alguém em algum lugar, sem contemplar se a mensagem é
recebida ou compreendida por aqueles a que é dirigida (Ellis e McClintock,
1993, p.59).
Aranguren (1975, p.12), diz que o método mais completo de comunicação entre
pessoas é obviamente a linguagem verbal. Esta é usada quando duas ou mais
pessoas estão em comunicação, sendo um evento social; nenhum dos dois
locutores inventou o meio de comunicação que está utilizando, mas cada um
adquiriu-o do grupo ou da sociedade a que pertence.
A linguagem verbal utiliza palavras com significado próprio, num conjunto de regras
gramaticais que permitem conjugar eficazmente o sentido da nossa mensagem.
Essa comunicação poderá ser escrita ou oral. Todas as outras formas de
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comunicação que não reúnem estas características, como a linguagem gestual,
codificada ou simbólica, táctil, por sinais (visuais ou acústica), por acção e química,
chamam-se comunicação não verbal ou, em abreviatura, CNV (Cardim, 1990, citado
por Figueiredo, 2000, p.29).
Como refere Johnson-Laird (1990, p.11), “Os processos que nos permitem falar e
compreender uma linguagem operam a todos os níveis desde a identificação dos
sons do discurso individual até às rápidas inferências automáticas que fazemos para
descarnar o conteúdo explícito do que é dito. Estas inferências são vitais porque o
uso da linguagem está quase sempre dependente do contexto e particularmente dos
pressupostos subjacentes partilhados pelo orador e pelo ouvinte.”
Na sociedade actual, o ser humano relaciona-se através de dois níveis de
comunicação: o verbal e o não verbal. A comunicação verbal é a forma discursiva,
falada ou escrita, na qual mensagens, ideias ou estados emocionais são expressos.
A comunicação humana não verbal é a forma não discursiva, efectuada através de
vários canais de comunicação (Mesquita, 1997, p.158-159).
“A comunicação humana normalmente começa e acaba com mensagens
conscientes, mas os processos mentais implícitos são quase totalmente
inconscientes” (Johnson-Laird, 1990, p.15).
Deve-se ter em conta o aspecto verbal da comunicação, que compreende a
informação e a maneira de apresentar a informação e também os aspectos não-
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verbais da comunicação, porque certas mímicas, certos sinais gestuais são os
indicadores de um estado, os índices de uma intencionalidade; estas formas não
verbais de expressão como o sorriso, o olhar, o franzir do sobrolho, o trejeito, os
movimentos da cabeça, que aprovam ou desaprovam, os gestos da mão dos dedos,
e muitos outros mais, são espontaneamente descodificados pelos alunos em sinais
positivos, negativos ou neutros (Postic, 1984, p. 131).
Ellis e McClintock (1993, p.57), menciona que as palavras utilizadas se consideram
como comunicação verbal, já todos os outros signos pertencem à categoria de CNV,
que de seguida apresentamos.
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1.6. Comunicação não verbal
A comunicação não verbal é parte integrante de um sistema de interacção que se
encontra no diálogo entre indivíduos. As mímicas e expressões faciais, gestos e
posturas corporais fazem parte de um conjunto essencial de formas de
acompanhamento da conversação e da expressão da afectividade (Cosnier,
1998, p.143).
O facto de ser possível confiar palavras ao papel sem qualquer aparente perda de
inteligibilidade sugere que de facto existe uma divisão concreta entre as
componentes lexical e não verbal da comunicação humana e que as chamadas
variantes cinéticas são apenas opcionais. Contudo, esta conclusão despreza a
distinção fundamental entre o significado de uma afirmação e o significado que o
orador deseja transmitir com essa afirmação; é importante compreender que aquilo
que o orador deseja exprimir é quase sempre definido pelos factores que se perdem
no processo de transcrição (Miller, 1990, p.116).
Segundo George Herbert Mead, a conversação por gestos está na origem de
qualquer linguagem. Ela é o modelo de qualquer comunicação, já que comporta dois
aspectos de qualquer processo social: a reacção de adaptação do outro e a
antecipação do resultado do acto (Cook, 1993, p.84-85).
A comunicação humana processa-se como um jogo intricado entre a fala e outros
modos de comunicação. Quando falamos uns com os outros, quando nos
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empenhamos numa comunicação plena de conteúdos, atitudes, emoções e
personalidade (Johnson-Laird, 1990, p.11).
A espécie humana, antes da evolução da linguagem, comunicava através dos seus
corpos, gestos e grunhidos, estes, eram os meios de que dispunha para a
compreensão mútua, ou seja, a comunicação efectuava-se através de canais não-
verbais. A espécie humana, como consequência do seu processo evolutivo,
elaborou e dominou códigos, articulados entre si, que foram e são utilizados tanto
para a comunicação oral, como para a escrita (Davis, 1979).
Como refere Fiske (1993, p.95), a comunicação não verbal realiza-se através de
códigos apresentativos como os gestos, os movimentos dos olhos ou os tons de voz.
Estes códigos apenas podem transmitir mensagens acerca do “aqui” e “agora”. O
meu tom de voz pode indicar a minha presente atitude relativamente ao tema e ao
meu ouvinte, mas não pode emitir uma mensagem sobre a minha disposição na
semana passada. Os códigos apresentativos estão pois, limitados à comunicação
frente a frente ou à comunicação onde o comunicador está presente ou onde o
emissor e o receptor estão presentes.
Para Adriano Rodrigues (2000, p.33), a comunicação não verbal é uma interacção
que envolve vários intervenientes e utiliza formas de expressão não verbais, como a
mímica, o gesto, a imagem, o desenho, o grafismo.
O conceito de comunicação não verbal é um dos assuntos muito focados e
discutidos na literatura por diversos autores. Segundo Rector & Trinta (1985, citado
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por Mesquita, 1997, p.158), alguns fazem objecção ao termo não verbal por ser
abrangente e pela oposição que faz ao componente verbal da comunicação
humana. Outros utilizam o termo interacção comunicativa frente a frente ou ainda
consideram a comunicação não verbal como actividade expressiva aquém das
palavras.
A comunicação não verbal é definida como os diferentes meios existentes de
comunicação entre seres vivos que não utilizam a linguagem escrita, falada ou os
seus derivados não-sonoros (Corraze, 1982).
“Uma compilação de várias definições revelou que é CNV, qualquer movimento
corporal, postura, gesto, toque, expressão facial, tipo de sentar, movimento dos
olhos, característica vocal, vestuário ou adorno que, de certo modo, manifestem
sentimentos, atitudes, emoções ou comportamentos dirigidos para outra pessoa ou
grupo de pessoas” (Costa et all, 1994, p.27).
De acordo com Corraze (1982), para o ser humano as comunicações não verbais
processam-se através de três bases. A primeira é o corpo, nas suas qualidades
físicas, fisiológicas e nos seus movimentos. A segunda, no homem, ou seja, objectos
associados ao corpo como os adornos, as roupas, de rituais ou não; nesta base
ainda podem ser relacionados os produtos da habilidade humana que podem servir
à comunicação. Finalmente, a terceira base refere-se a dispersão dos indivíduos no
espaço. Este espaço engloba desde o espaço físico que cerca o corpo até ao
espaço a que ele se relacione, o espaço territorial.
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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Argyle (1972, p.245 - 251), estudioso e pesquisador dos comportamentos não
verbais, ao abordar o sistema não verbal, não apresenta a categorização de bases
mas sim distingue os seguintes canais:
1. Contacto físico; quem tocamos, onde e quando o fazemos parece transmitir
importantes mensagens sobre o relacionamento.
2. Proximidade; o grau de proximidade com que nos acercamos de alguém pode
transmitir uma mensagem quanto ao relacionamento que temos com essa
pessoa.
3. Orientação; o ângulo em que nos colocamos relativamente aos outros é uma
forma de emitir mensagens sobre o seu relacionamento.
4. Aparência; este código é dividido em duas partes: os aspectos sujeitos a
controlo voluntário, como por exemplo o cabelo, vestuário, etc.; e os menos
controláveis, como o peso a altura,etc.
5. Movimentos da cabeça; estes têm a ver, principalmente, com a gestão da
interacção.
6. Expressão facial; esta pode dividir-se em subcódigos do formato dos olhos,
formato da boca, posição das sobrancelhas e tamanho das narinas.
7. Gestos, os gestos da mão, braços, pés e cabeça estão intimamente
coordenados com a fala e complementam a comunicação verbal, podendo
indicar estimulação emocional em geral como estados emocionais
específicos.
8. Postura; as formas como nos sentamos, levantamos ou deitamos, podem
comunicar uma porção limitada, mas interessante, de significados; a postura
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relaciona-se com atitudes interpessoais, pode também indiciar um estado
emocional.
9. Movimento dos olhos e contacto visual; a duração, frequência e ocasião de
um olhar é uma forma de enviar mensagens importantes sobre o
relacionamento, especialmente para mostrar que desejamos que esse
relacionamento seja de domínio ou de aliança; estabelecer um contacto visual
durante a primeira fase de um acto verbal indica o desejo de dominar o
ouvinte, o contacto visual posterior ou após um acto verbal indica mais uma
relação de aliança, um desejo de feedback, para observar como o ouvinte
está a reagir.
10. Os códigos paralinguísticos, que comunicam informação sobre o orador,
como por exemplo: o volume, o tom, o sotaque, a velocidade e erros de fala
indicam o estado emocional, a personalidade, o estatuto social, etc.
Knapp (1982), especialista neste campo das comunicações não-verbais, apresenta o
seguinte esquema de classificação da conduta não verbal. Esta classificação é
dividida em sete áreas de acordo com a literatura ou com as investigações
científicas. As áreas são:
a) Movimento corporal ou cinésica (emblemas, ilustradores, expressões
de afecto, reguladores e adaptadores);
b) Características físicas;
c) Comportamentos tácteis;
d) Paralinguagem (qualidades vocais, vocalização);
e) Proxémica;
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f) Artefactos;
g) Meio ambiente.
Assim, os canais de comunicação do nível não verbal podem ser classificados em
dois grupos: o primeiro, que se refere ao corpo e ao movimento do ser humano e o
segundo, relativo ao produto das acções humanas. O primeiro apresenta diferentes
unidades expressivas como a face, o olhar, o odor, a paralinguagem, os gestos, as
acções e a postura. O segundo também apresenta várias unidades de expressão
como a moda, os objectos do quotidiano e da arte, até a própria organização dos
espaços: físico (pessoal e grupal) e ambiental (doméstico, urbano e rural).
Esta diversidade na categorização das condutas não verbais é reflexo da difícil
tarefa de conceituar ou classificar um determinado fenómeno. No entanto, a
diversidade de posicionamento permite verificar diferentes aspectos de uma mesma
temática e possibilita um leque maior de enfoques e reflexões.
Os gestos e os movimentos fazem parte dos inúmeros canais de comunicação que o
ser humano utiliza para expressar suas emoções e a sua personalidade, comunicar
atitudes interpessoais, transmitir informações nas cerimónias, nos rituais, nas
propagandas, nos encontros sociais e políticos e demonstrações de arte (Argyle,
1972, p.249).
Pesquisadores de diferentes áreas da ciência preocupam-se e dedicam-se ao
estudo da comunicação não verbal humana. Birdwhistell (1970), um dos grandes
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especialistas neste campo de investigação, afirma que a comunicação entre pessoas
não se restringe à capacidade de codificar e descodificar sinais como um aparelho
emissor e receptor, ela é, antes de tudo, uma negociação, um acto criativo.
A comunicação não verbal, como um meio de transmissão e recepção de uma
mensagem, como um meio de interacção e entendimento entre os seres humanos,
não pode ser desvinculada do contexto individual ou de natureza social ao qual
pertence a informação. Grande parte das informações que são geradas e emitidas
por esses canais não verbais situa-se abaixo do nível da consciência (Davis, 1979).
Birdwhistell (1970) concluiu, através de seus estudos, que a relevância das palavras
numa interacção entre pessoas é apenas indirecta, pois grande parte da
comunicação processa-se num nível abaixo da consciência. Segundo este autor,
apenas 35% do significado social de uma conversa corresponde às palavras
pronunciadas, os outros 65% seriam correspondentes aos canais de comunicação
não verbal.
Segundo Rector & Trinta (1985, citado por Mesquita, 1997, p.159), os trabalhos de
Mehrabian e, mais recentemente, os de Appebaum e colaboradores mostraram que
a percentagem de comunicação não verbal na transmissão de qualquer mensagem,
numa interacção entre indivíduos, é muito elevada. Os estudos de Mehrabian
indicam que o verbal é responsável somente por 7% da eficácia da comunicação, o
para-verbal por 38% e o não verbal pelos 55% restantes.
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Estas percentagens evidenciam que as relações interpessoais estão, muito mais
sujeitas às comunicações não verbais que, na verdade, ultrapassam o limiar do
corpo (movimento, roupas, ambiente, etc.). Esses meios são mais exactos e
fidedignos do que as palavras, pois não estão sujeitos ao controle da consciência.
Knapp (1982), diz que a habilidade de emitir e receber sinais não verbais é
decorrente da aprendizagem e da prática no decorrer da vida quotidiana. Esta
aprendizagem pode ocorrer por imitação, auto-modelação, adaptação às instruções
e retroalimentação a partir das reacções de outros indivíduos. Alguns factores têm
sido considerados no desenvolvimento das habilidades não verbais.
São eles:
a) Motivação;
b) Atitude;
c) Experiência;
d) Conhecimento.
Estes dois níveis de comunicação, o verbal e o não verbal, podem apresentar-se e
actuar simultaneamente nas interacções entre indivíduos, complementando-se ou
contrapondo-se no discurso. Em determinadas situações sócio-culturais, poderá
ocorrer uma justaposição de um nível sobre o outro como, por exemplo, nas
conversas telefónicas onde a fala está mais presente, embora a paralinguagem, um
dos canais não verbais, esteja também agindo. Por outro lado, quando se assiste a
uma peça de teatro, uma demonstração de ginástica ou a um espectáculo de dança,
o corpo e o movimento podem ser a forma mais privilegiada de comunicação. Assim,
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a linguagem verbal pode ser usada para ampliar a não verbal e vice-versa
(Mesquita, 1997, p.159).
Estas duas formas de comunicação podem ainda corresponder no seu conteúdo
expresso ou ser discordantes, criando divisões entre o que o indivíduo está
verbalizando e o que seu corpo e movimento estão exprimindo (Corraze, 1982).
Uma das razões, do grande interesse pelos estudos da comunicação não verbal
pode estar, provavelmente, relacionado com a sua importância e representatividade
no processo de relacionamento e compreensão mútua entre seres humanos. Esta
importância é evidenciada pelo papel que a comunicação não verbal desempenha
no sistema global de comunicação, a enorme quantidade de sinais informativos que
proporciona em toda situação particular, e a que se utiliza nas áreas fundamentais
da vida quotidiana” (Knapp, 1982).
A motivação é um factor importante, pois permite que o indivíduo procure formas de
desenvolver estas habilidades. Está intrinsecamente relacionada com as
necessidades da pessoa, tanto para melhorar o seu desempenho profissional, como
o seu procedimento na vida pessoal.
A atitude refere-se ao posicionamento positivo ou negativo do indivíduo frente às
suas experiências de aprendizagem. Por maior que seja a motivação para a
aprendizagem, o seu resultado também dependerá das atitudes frente a situações
vividas.
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A experiência é fundamental; quanto maior for a variedade das próprias
experiências, maiores serão também as oportunidades de aprendizagem. Porém,
quando o objectivo é desenvolver habilidades, uma prática adequada (que permita
diversidade e especificidade de tarefas e processos bem como uma boa orientação
e feedback das informações), auxiliará, sem dúvida, o desenvolvimento das
capacidades inatas do indivíduo.
Embora o conhecimento, a motivação e a atitude sejam fundamentais para o
desenvolvimento das habilidades de emitir e receber sinais não verbais, se não
ocorrer uma prática adequada as potencialidades inatas dos indivíduos não se
desenvolverão eficientemente.
“Os processos não verbais são por vezes evidentes, por vezes dissimulados. No
entanto, parece importante apreendê-los e descodificá-los, mesmo porque alguns
pesquisadores argumentaram longamente que a maioria do significado é derivado
do não verbal e não a partir de pistas verbais, especialmente o significado dos
sentimentos emocionais em qualquer situação social” (Costa et all, 1994, p.27).
Mesquita (1997, p.162), desenvolveu uma pesquisa sobre a percepção da
psicodinâmica do movimento expressivo e a actuação de profissionais das áreas da
Educação Física, Medicina e Psicologia. Os resultados da análise das entrevistas
semi-estruturadas permitiram evidenciar que os profissionais destas áreas acreditam
que conhecimento, experiência e instrumentos relativos à observação e análise de
estados mentais/emocionais através de sinais não verbais do corpo e movimento
I Capítulo: As Relações Interpessoais
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podem constituir um instrumental importante para tornar o profissional mais
habilidoso na sua percepção e descodificação de estados subjectivos, contribuindo
desta forma para melhorar a eficiência e a competência profissionais. A análise dos
discursos também permitiu concluir que o conhecimento e experiência poderiam
estar mais inter-relacionadas a algum aspecto da actuação profissional, no qual a
capacidade inconsciente para desempenhar tarefas teria maiores subsídios a partir
destes factores.
Nem toda a comunicação utiliza apenas a palavra, a comunicação não verbal joga
um papel fundamental no processo de comunicação. Deste modo, é muito
importante para o sucesso do treinador que ele controle as mensagens não verbais
que envia aos seus desportistas, e reconhecer as que estes lhe enviam. Quanto
mais sensível for o treinador à comunicação não verbal, mais hipóteses terá de
avaliar correctamente os sentimentos e as atitudes dos seus desportistas (Piéron,
1991, p.8).
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1.7. Comunicação diádica
Comunicação diádica é aquela que ocorre entre dois interlocutores.
O contexto de comunicação diádica, comunicação entre duas pessoas, representa a
mais pequena unidade de interacção humana. Quando um indivíduo chega à
presença de outros, estes, geralmente, procuram obter informação a seu respeito
(Goffman, 1996, p.11).
Goffman (1996, p.11) menciona que a informação relativa ao indivíduo serve para
definir a situação, tornando assim os outros indivíduos capazes de conhecer
antecipadamente o que ele esperará deles e o que dele podem esperar. Portanto ao
estarem informados, estarão mais bem preparados para agirem e obterem uma
resposta desejada.
A interacção pode ser definida como toda a interacção que ocorre em qualquer
ocasião, quando, num conjunto de indivíduos, uns se encontram na presença
imediata de outros. No caso da interacção face a face pode ser definida, como a
influência recíproca dos indivíduos sobre as acções uns dos outros, quando em
presença física imediata.
A interacção face a face é o que mais se aproxima da comunicação diádica, pois
ocorre num contexto de co-presença, em que os interlocutores partilham um mesmo
sistema referencial de espaço e tempo. Além do carácter dialéctico, ela é multicanal,
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isto é, intervêm múltiplos canais dos quais o sujeito participa a todo instante (além do
verbal, postura, roupas, gestos, distância, olhares, entonação de voz, etc.).
Pelo contrário, a interacção mediada: implica o uso de um meio técnico e possibilita
a suplantação do eu – tu – aqui – agora em direcção a indivíduos situados em outro
espaço e outro tempo. É o caso, por exemplo, da conversa telefónica.
Enquanto que a quase interacção mediada situa-se na comunicação de massa,
distinguindo-a das anteriores por dois factores: a) a produção dirige-se a um número
indefinido de receptores potenciais; b) diferentemente das anteriores, que são
dialécticas, a quase interacção mediada é monológica, pois o fluxo de comunicação
é predominantemente de sentido único.
“Ela cria um certo tipo de situação social na qual os indivíduos se ligam uns aos
outros num processo de comunicação e intercâmbio simbólico” (Thompson, 1999).
As interacções sociais, ao nível das relações face a face, estão sujeitas à influência
de um conjunto de variáveis de carácter manifesto ou latente, que lhes determinam,
ou pelo menos influenciam, a condução dos processos comunicacionais. Os padrões
de interacção resultantes das relações entre os indivíduos são consequência, por
um lado, da aleatoriedade humana e, por outro, da previsibilidade que a vida em
sociedade possibilita. Comunicar torna-se, assim, uma capacidade de bem gerir
mensagens, enviadas e recebidas, nos processos interaccionais. Mas não só. O
tempo, o espaço, o meio físico envolvente, o clima relacional, o corpo, os factores
históricos da vida pessoal e social de cada indivíduo em presença, as expectativas e
os sistemas de conhecimento que moldam a estrutura cognitiva de cada actor social
condicionam e determinam o jogo relacional dos seres humanos (Dias, 2001).
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A interacção é uma reacção recíproca verbal ou não verbal, temporária ou repetida
segundo uma certa frequência, pela qual o comportamento de um dos parceiros tem
uma influência sobre o comportamento do outro, ela tem lugar tanto num sistema
diádico, no qual a acção do docente afecta o aluno e vice-versa (Postic,
1984, p.139).
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1.8. Comunicação em grupos
O ser humano é simultaneamente um ser sociável e um ser socializado. Sendo
assim, entendemos com isso que ele é, ao mesmo tempo, um sujeito que aspira
comunicar com os seus pares e, também, membro de uma sociedade que o forma e
o controla, quer ele queira ou não.
O homem tem a preocupação constante de descobrir o significado das relações
entre indivíduos e grupos de indivíduos (Hall, 1994, p.118).
A comunicação nos grupos obedece a diferentes princípios complementares da
comunicação interpessoal, assim como da interacção, do estatuto, da personalidade,
juntamente com os efeitos da dinâmica de grupo, da sua estrutura, dos seus
objectivos e da sua identidade colectiva (Cabin, 1998, p.203).
“Para determinar a eficiência da comunicação num determinado contexto, é
necessário ter em conta os valores em causa e a identidade do grupo cuja posição
está a ser estudada” (Lasswell, 1948, p.55).
O conceito de grupo está associado a um conjunto de elementos que participam na
identificação dos seus membros, situa o grupo num quadro de interdependência,
visto que as características que permitem a identificação dos membros do grupo
adquirem o seu significado através da comparação social (Jesuíno, 1996, p.260).
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Não especificado por um adjectivo ou pelo seu contexto de utilização, a palavra
”grupo”, é quase vazia de sentido, porquanto pode aplicar-se a conjuntos diferentes
pela sua dimensão, pela sua duração, pelo seu grau de inter-conhecimento e de
organização (Boudon et all, 1990, p.115).
Partilhando a opinião de Bar-Tal, (Morales, 1994, p.688) diz que as condições
necessárias e suficientes para que um determinado colectivo se converta num grupo
são três: 1) que os componentes desse colectivo se definam como membros do
grupo, 2) que compartilhem as crenças grupais, 3) que exista alguma relação de
actividade coordenada.
Cooley (1938), distinguiu grupos primários de grupos secundários, definindo grupos
primários como uma associação relativamente permanente e não especializada de
um número restrito de indivíduos unidos por relações directas, ou seja, frente a
frente, e bastante íntimas. São caracterizados por uma íntima cooperação e
associação face a face. São primários sob vários aspectos, principalmente porque
são fundamentais na formação da natureza social e nos ideais do indivíduo. O
resultado dessa associação íntima é, psicologicamente, a fusão das individualidades
num todo comum, de modo que o próprio ego individual se identifica, pelo menos
para vários fins, com vida e os propósitos comuns ao grupo.
Grupos primários são unidades sociais cujos membros comunicam directamente,
sendo a relação entre eles presencial; predominam as relações pessoais, directas e
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espontâneas. Estes grupos normalmente são pequenos e o contacto entre os
membros do grupo é frequente, ex.: uma família, uma turma, um grupo de amigos.
Grupos secundários são unidades sociais cujos membros comunicam mais
indirectamente, sendo escassa a vinculação afectiva. Os contactos directos são
passageiros e pouco envolventes, ex.: um sindicato, uma empresa, um partido
político.
“A determinação das percepções, das opiniões, das atitudes e, portanto, dos
comportamentos dos indivíduos depende consideravelmente dos grupos
«primários», isto é, dos grupos muito pequenos, grupos de amigos, de colegas, etc.,
mas sobretudo, a família” (Burgelin, 1970, p.271).
Dentro de um determinado micro grupo, cada membro pode estar em comunicação
directa com todos os outros, colectivamente ou individualmente, ou talvez seja
invulgar comunicar-se directamente com qualquer deles, mas sim com frequência,
indirectamente, por meio de alguém que está em contacto com todos (Aranguren,
1975, p.95).
Se a comunicação integral entre duas pessoas pode não oferecer grandes
dificuldades o mesmo não se poderá dizer quando o número de intervenientes
aumentar, isto é, quando um emissor fala para vários receptores num discurso
(Lampreia, 1983, p.26).
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Figura 5: Exemplo de comunicação em grupo
À medida que aumentar o número de receptores, mais difícil se torna a
comunicação, por isso, deve-se codificar a mensagem de forma, o mais homogénea
possível para a tornar compreensível para todo o grupo.
Lewin, (1959, citado por Boudon, 1990, p.116), concebe o grupo como uma
totalidade irredutível aos indivíduos que o compõe, um sistema de interdependência
que constitui, com o seu meio circundante, um campo social dinâmico, incluindo este
campo os membros do grupo, os subgrupos, os meios de comunicação, a repartição
dos papéis, os objectivos, as normas, etc.
Para McGrath (1984, citado por Jesuíno, 1996, p.260), o grupo é definido em termos
de grau. Um agregado será tanto “menos grupo” quanto: a) maior o número dos
E
R
R
R
R
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seus membros, b) menor a interacção entre os membros, c) menor a sua história e
d) quanto mais o seu futuro se reduzir ao horizonte próximo da interacção corrente.
De acordo com Soczka (1996, p.395), Kurt Lewin defendeu o carácter dinâmico da
acção humana e a interligação entre a pessoa e o meio como um campo
indecomponível. É a designada Teoria de Campo que considera que não se pode
compreender o comportamento sem se considerarem os factores externos e internos
à pessoa uma vez que estes interagem na determinação desse comportamento.
Por processos de interacção entendemos as trocas que têm lugar entre os
elementos do grupo; compreendem tanto a forma e frequência como o conteúdo da
comunicação. O processo de comunicação conduz, por seu turno, a consequências
detectáveis igualmente ao nível dos indivíduos que compõem o grupo, ao nível do
grupo e ao nível do contexto (Jesuíno, 1996, p. 260).
O grupo constitui por si só uma rede de comunicação. O indivíduo, ao presumir um
acolhimento favorável da mensagem pelos membros do grupo, extraíra um certo
benefício da sua difusão. Ele difundirá, de preferência, mensagens que confirmem
ou ilustrem as opiniões partilhadas no interior do grupo. Assim, os fenómenos de
grupo tendem a reforçar os fenómenos de selecção. Também no seio de grupo cada
pessoa estará sobretudo exposta a mensagens que são conformes às suas
predisposições (Burgelin, 1970, p.275).
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Os processos mentais do indivíduo são profundamente condicionados pelos seus
hábitos de pensamento e os conceitos de realidade do seu in-group, ou grupo a que
ele pertence, o qual funciona como grupo de referência em relação aos que estão
fora dele, ou o out-group (Aranguren, 1975, p.129).
Os grupos humanos diferem entre si do ponto de vista do grau de consistência das
relações interpessoais dos seus membros, entre os grupos de existência episódica,
cujos relacionamentos são carentes de profundidade, e os mais estáveis, talvez
permanentes, em que os vínculos mantidos por os seus membros, uns em relação
aos outros, são afectivamente tonalizados, distribuem-se as diferentes formas de
agrupamento social (Krüger, 1986, p.72).
Com o objectivo de examinar a dinâmica de grupo em equipas desportivas, Carron
(1988, citado por Cruz, 1996b, p.429) desenvolveu o seguinte modelo conceptual:
Figura 6: Modelo conceptual para examinar a equipa desportiva como um
grupo (adaptado de Carron, 1988, citado por Cruz, 1996a)
Composição do Grupo
Meio do Grupo
Produtos-Resultados Individuais
Processos de Grupo
Produtos-Resultados do Grupo
Coesão do Grupo
Estrutura do Grupo
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Neste modelo são identificados vários factores que contribuem para os processos
individuais: satisfação, participação e adesão, e outros. E para os produtos grupais:
rendimento de equipa e o aumento da moral colectiva, isto é, os resultados quer
para o grupo no seu todo, quer para os indivíduos que o constituem e que advêm do
seu envolvimento nesta dinâmica (Cruz, 1996b, p.430).
Como considera Carron, (1993, citado por Cruz, 1996a, p.430), “ os processos do
grupo reflectem as interacções vitais e dinâmicas associadas com a qualidade ou
estado de membro em grupos maduros”. Seguindo o pensamento de Cruz, os
membros de uma equipa comunicam em relação a assuntos de ordem social e de
tarefa, estabelecem objectivos pessoais e colectivos, tomam decisões e
desenvolvem confiança pessoal e colectiva e experimentam sucessos e insucessos
elaborando explicações casuais.
Grupo é um conjunto de indivíduos entre os quais, existe interacção estável, uma
percepção de si próprios como parte do grupo, interdependência, diferenciação de
funções e cooperação em vista de objectivos comuns. O grupo é importante para a
auto-percepção, para a ideia que cada membro tem de si próprio, pois, o “eu” forma-
se na interacção com os outros.
Os agentes de socialização são, propriamente falando, os grupos e não os
indivíduos, dado que o indivíduo não aprende normas ou padrões de
comportamentos “soltos”, mas sim o papel que lhes compete desempenhar de
acordo com a posição no grupo.
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1.9. Papéis
A forma pela qual as pessoas se apresentam no curso das suas vidas e como elas
tentam controlar as impressões que as outras formam sobre elas assemelha-se à
performance de um actor para desempenhar o seu papel e as tentativas que usa
para controlar a impressão da audiência sobre o papel que desempenha (Goffman,
1967, p.5).
Vários são os aspectos que influenciam no estabelecimento de papéis, entre eles:
normas culturais, idade, sexo, status, nível educacional. As expectativas dos papéis
a serem desenvolvidos pelos membros de um grupo variam à medida que o grupo
se desenvolve. Os papéis são desempenhados pelos integrantes de acordo com as
peculiaridades do grupo a que pertencem.
Os papéis são as posições que adoptamos na vida relativas a outras pessoas,
indicam o nosso status e a relação que temos com os outros, mas não nos dizem
como um indivíduo concreto actuará com um determinado papel. A conduta
representada, ou representação do papel é o termo usado para referir-se à forma
que um determinado indivíduo interpreta um papel concreto (Ellis e McClintock,
1993, p.125).
O termo “papel” é usado para denominar a combinação dos comportamentos e
papéis, podemos definir papel como o nome dado igualmente a um conjunto de
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comportamentos e a uma determinada posição dentro do sistema social (Berlo,
1991, p.138).
Goffmam (1996, p.25), refere que quando um indivíduo desempenha um
determinado papel, implicitamente solicita dos seus observadores que levem a sério
a impressão sustentada perante eles. O indivíduo pede-lhes para acreditarem que a
personagem que eles vêem naquele momento possui os atributos que aparenta ter,
e, de um modo geral, que as coisas são o que parecem ser.
Dentro de um sistema social existente, as pessoas são destinadas a certos papéis.
Dado indivíduo desempenha um conjunto específico de comportamentos e ocupa
uma posição específica. Até certo ponto, estes comportamentos são
desempenhados por qualquer pessoa que ocupe essa posição, independente de
quem seja ou de quais as suas características pessoais (Berlo, 1991, p.141).
O que caracteriza, então, um papel? Em primeiro lugar, eles são desempenhados
por indivíduos, espera-se que os indivíduos se comportem de uma determinada
maneira. Daí podermos asseverar que os papéis definem padrões esperados de
comportamento. Contudo, estes padrões não são igualmente aceitáveis em todos os
ambientes, o que, nos leva a acreditar que os papéis se limitam a um determinado
contexto. Por fim, claro que circulamos por muitos ambientes e nem sempre um
determinado papel é condizente com todos os ambientes que frequentamos. Daí
podermos dizer que cumprimos simultaneamente uma série de papéis.
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Cada ser humano assume diferentes papéis. Estes referem-se à posição na vida em
relação com outras pessoas. A forma como nos comunicamos em qualquer dos
nossos papéis é determinada por expectativas referentes aos papéis (as próprias e
as dos outros) como a personalidade, necessidade de adaptação, de auto realização
(Ellis e McClintock, 1993, p.140).
O papel é o conjunto de deveres que os membros do grupo ou da sociedade a que
pertencemos esperam que cumpramos. É o conjunto de obrigações e de
comportamentos que os outros têm direito a esperar de quem ocupa uma
determinada posição social. O estatuto é o conjunto das obrigações e dos
comportamentos que legitimamente esperamos que os outros cumpram em virtude
da nossa posição social.
Em quase todos os grupos sociais é possível se estabelecer o estatuto de cada
integrante bem como o papel que lhe cabe desempenhar. Papel seria a totalidade de
modos de conduta que um indivíduo desempenha numa determinada posição no
interior de um grupo. O papel social é um modelo de comportamento definido pelo
grupo. Nenhum grupo social pode ter bom funcionamento sem estabelecer papéis
para seus integrantes. É certo que a diversidade de papéis a serem desempenhados
pelos participantes de um grupo frequentemente causam tensão e conflitos entre
seus membros. Tal situação pode ocasionar o abandono ou a expulsão do
integrante do grupo.
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1.10. Normas
As normas são um factor imprescindível na nossa vida, permitindo uma certa
estabilidade do meio e uma maior facilidade na aprendizagem de comportamentos.
Por outro lado, sem as normas a relação interpessoal seria dificultada, ou seja, não
conseguiríamos descodificar, nem prever o comportamento das pessoas com quem
constituíssemos uma interacção.
Dentro de qualquer grupo há o que chamemos normas de grupo. Uma norma de
grupo pode ser definida como uma uniformidade de comportamento entre dois ou
mais dos seus membros, que é mantida pelas pressões do grupo (Berlo,
1991, p.142).
No geral, as normas não são explícitas nas descrições de serviços ou de papéis e
são apreendidas por participação nas actividades (Berlo, 1991, p.143).
As normas que devemos ter em sociedade, principalmente as normas fundamentais
que pertencem a expectativas generalizadas no meio cultural em que se vive, são
vividas pelo sujeito como imposições internas e não exteriores. Portanto, os papéis
não são algo que dependa essencialmente do indivíduo mas também de um sistema
de valores que orientam um grupo na procura e realização de objectivos e
finalidades que lhe são próprios.
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De um modo geral podemos conceituar normas sociais como sendo padrões ou
expectativas de comportamento partilhados pelos integrantes de um grupo, que
utilizam estes padrões para julgar a propriedade ou adequação de suas análises,
sentimentos e comportamentos. Todo grupo, não importa o tamanho, necessita de
estabelecer normas para poder funcionar adequadamente. Por exemplo, um casal
estabelece normas a serem cumpridas por ambos, no propósito de evitar atritos e
gerar uma convivência mais harmoniosa.
As normas sociais facilitam a vida dos membros de um grupo. Elas não são
necessariamente explícitas, mas partilhadas, conhecidas e seguidas pelos
integrantes do grupo. Geralmente, quem não aceita as normas é isolado pelos
demais participantes do grupo. O convívio em sociedade necessita da existência de
normas sociais.
Pertencemos a muitos grupos, desempenhamos diversos papéis, ocupamos muitas
posições, suportamos grande número de normas. Desempenhamos um papel para
cada um dos grupos a que pertencemos, com hierarquia e comportamentos
especificados (Berlo, 1991, p.143).
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1.11. Relação entre a comunicação e o desporto
O campo disciplinar da comunicação tem-se desenvolvido e ficado cada vez mais
complexo ao mesmo ritmo que a sociedade multiplicou-se em interacções e
mediações.
Assim, o campo da comunicação não só se tem constituído a partir dos contributos
das ciências sociais e humanas, como também é a partir destas que tem se
realimentado constantemente, numa procura das respostas aos problemas práticos
da vida em comum, da interacção entre pessoas, de uma presença continua das
tecnologias de mediação; assim como do repensar da sociedade e a racionalidade
que a produz e a reproduz em suas formas e conteúdos (Wolf, 1987).
Ao abordar as identidades da comunicação e do desporto, pode-se estabelecer
algumas relações entre ambas.
De contornos vagos e indefinidos, a comunicação presta-se aos mais diversos usos
estratégicos, a ser invocada pelos diversos campos sociais (Adriano Rodrigues,
1990, p.13).
Para Hatje (1994, citado por Palma, 2001, p.1), estas relações e inter-relações entre
a educação física e comunicação contribuem para a formação integral do ser
humano. Educação física e comunicação possuem o movimento humano como
ponto comum nas suas actuações. A educação física e comunicação trabalham com
a comunicação verbal e a não verbal.
I Capítulo: As Relações Interpessoais
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
59
Nas aulas de educação física/desporto, não só o professor é um comunicador, mas
também o aluno, e nesta interacção dialógica entre professor-aluno e aluno-
professor que se torna num acontecimento social, onde as trocas comunicativas, as
experiências compartilhadas e as novas experiências vividas nas actividades,
contribuem para que se realize um processo de criação e geração de novas acções
e atitudes.
É pela educação que se desenvolvem as formas de comunicação, de linguagem, de
expressão, como também, de aprender a captar a comunicação do outro e interagir
com ele, tal realiza-se através das relações professor-aluno no processo ensino-
aprendizagem (Moran 1998, citado por Palma, 2001, p.2).
O rendimento dos jogadores obtido durante a competição, irá depender do sistema
de comunicação na relação treinador-desportista, pois a informação transmitida dará
indicações relativas à concretização das tarefas que estão a realizar (Pina e
Rodrigues, 1994, p.47).
Compreende-se que a construção comunicativa se origina pela percepção e
formação de comportamentos e atitudes através do contacto ou relação com o outro,
onde se modificam os conceitos e significados das coisas, objectos e pessoas
estabelecendo-se um novo significado. Assim, constrõe-se e desenvolve-se formas
comunicacionais que serão utilizadas nas inter-relações e que serão meios
potencializadores da e para a aprendizagem nos seus diferentes níveis (cognitivo,
afectivo, social e linguístico).
I Capítulo: As Relações Interpessoais
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
60
A comunicação é um elemento decisivo para o exercício da função de treinador.
Treinar é, na sua essência, um processo de comunicação (Martens, 1999, p.8).
É de extrema importância, nos nossos dias, envolver o desporto e a comunicação
enquanto áreas de conhecimento, e reconhecer a necessidade e importância da
integração, inter-relação e da complementaridade das mesmas para a educação
geral e específica do desportista, procurando a modificação de pensamentos e
atitudes dos seus profissionais para a construção de um novo comportamento
perante uma nova realidade.
I Capítulo: As Relações Interpessoais
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
61
1.12. A relação treinador-desportista
Os melhores treinadores são aqueles que conseguem prever e identificar as
necessidades dos praticantes na sequência daquilo que eles executam no treino
(Sarmento, 1990, p.5).
“No seu contacto diário com o desporto, os treinadores têm de ter em conta as várias
obrigações e responsabilidades que lhes cabem neste fenómeno social e uma das
mais importantes funções é sem dúvida a maximização do desenvolvimento das
capacidades dos desportistas” (Daniels, 2000, p.139).
A interacção treinador-desportista tem uma importância determinante e
multidimensional no processo de rendimento desportivo (Serpa, 1993, p.9).
Os treinadores podem ter um papel importante no fornecimento de padrões de
excelência que poderão ser interiorizados pelos desportistas, particularmente no
ambiente de uma relação treinador-desportista positiva. Ao providenciar o
«conhecimento dos resultados», ele comunica a mensagem de que a prestação
alcançou ou ultrapassou o padrão proposto pelo treinador. Este tipo de reforço tem
vindo a ser estudado noutros cenários (industriais e comerciais), chegando-se a
resultados semelhantes aos do desporto: a informação de retorno sobre a prestação,
principalmente a relacionada com o alcance de padrões de sucesso, é uma
ferramenta poderosa na potenciação da prestação do indivíduo (Palmeira,
1999, p.7).
I Capítulo: As Relações Interpessoais
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
62
Serpa (1996, p.414), refere que a díade treinador-desportista passa por três tipos de
abordagens: a sócio-emocional, a comportamental e a organizacional.
A abordagem sócio-emocional é onde a multidimensionalidade dos papéis do
treinador e, nomeadamente a componente emocional desta relação, pode ter efeitos
negativos ou positivos nos comportamentos adaptativos dos praticantes e no
equilíbrio da díade.
Considerando o treinador como modificador de comportamentos, passamos para a
abordagem comportamental onde se pretende sistematizar as pesquisas centradas
no tipo de influência que os treinadores têm nos comportamentos e atitudes dos
seus desportistas.
Na abordagem organizacional, o treinador surge como líder (com uma conduta de
acordo com as suas próprias características) de uma organização com
características próprias como é a equipa ou grupo desportivo. Nesta abordagem, são
analisados os antecedentes e as consequências da intervenção do líder, bem como
os comportamentos por ele manifestados, através do modelo multidimensional de
liderança no desporto de Chelladurai, usando a escala de liderança no desporto.
A compreensão da díade treinador-desportista, isto é, a relação que se estabelece
entre estes dois agentes, não é tarefa fácil. Reparem que ela se baseia numa
característica muito específica, pois os seus intervenientes procuram um objectivo
único, a vitória, mas apenas um deles (o desportista), desempenha o acto desportivo
que pode resultar no alcance daquele objectivo comum (Palmeira, 1999, p.3),
I Capítulo: As Relações Interpessoais
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
63
Diversos estudos efectuados junto de equipas de sucesso, quer a nível desportivo
quer empresarial, identificaram, que, entre outras características, a comunicação
constitui hoje um meio fundamental ao serviço do líder e da obtenção do rendimento
pretendido. Por via da comunicação e das relações pessoais que daí decorrem, quer
a nível individual quer colectivo, serão estabelecidas as necessárias interacções com
a equipa e as suas individualidades (Araújo, 2001, p.5).
Quanto mais eficaz for a transmissão de informações sobre os aspectos positivos da
execução de um elemento técnico, mais rápida irá ser a sua aprendizagem (Daniels,
2000, p.139).
Para Pina & Rodrigues (1994, p.47), a observação do comportamento do treinador e
do desportista durante as competições, permite detectar qual é o relacionamento
estabelecido entre os dois “actores” em interacção.
“A interacção treinador-desportista enquanto processo de influência social é
regulada por um conjunto de normas, de regras comportamentais, envolvendo a
aceitação, mais ou menos activa, de um conjunto de estatutos e papéis portadores
de determinadas expectativas e consequentemente de determinadas regras de
conduta” (Costa et all, 1997, p.85).
Para um criar um melhor processo de comunicação entre os treinadores e
desportistas, devemos reconhecer a importância da necessidade de ouvir, de estar
concentrado no momento de ouvir os outros, procurar perceber o significado da
I Capítulo: As Relações Interpessoais
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
64
mensagem, muitas das vezes ouvimos os outros apenas na expectativa de descobrir
aquilo que eles dizem de errado, para depois fazer comentários negativos, procurar
evitar interromper e perguntar sempre que não se entender, o que está a ser dito
(Martens, 1999, p.11).
O trabalho do treinador deve ser no sentido de desenvolver uma orientação para a
tarefa e de desenvolver uma motivação intrínseca. Pensamos que este é um
objectivo que só pode ser alcançado com uma relação treinador-desportista bastante
profunda e em completa harmonia. Esta harmonia é possível de ser alcançada
através de um conhecimento das preferências do desportista, da adequação dos
comportamentos às diversas situações e de uma negociação das tarefas e
estabelecimento conjunto de objectivos conseguidos através da comunicação entre
os elementos desta díade.
II Capítulo: Feedback
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2003 Covilhã
65
II CAPÍTULO
2. FEEDBACK
2.1. O que é o feedback?
Neste capítulo estudaremos mais pormenorizadamente o conceito de feedback.
A observação é a operação básica para a construção de sistemas de sentido. O
observador constitui o sistema de referência a partir do qual opera. Ele é o emissor
e/ou receptor de dados. A observação pode ser considerada como sendo um
fenómeno geral. A observação social, a compreensão, tem espaço, quando ocorre a
compreensão do outro através de um acto de comunicação.
Todo o comportamento de comunicação tem um objectivo, uma meta, que é
provocar determinada reacção; ao exprimir-mos os nossos objectivos em termos de
respostas específicas por parte daqueles que recebem as nossas mensagens,
teremos efectuado o princípio para uma comunicação eficiente e positiva (Berlo,
1991, p.22).
“O feedback é um mecanismo que resulta no controlo do sistema através da análise
do resultado da acção. Este controlo implica o processamento cognitivo da
informação pelo que a tradução que consideramos mais adequada é a de
informação de retorno” (Godinho, 1995, p.118).
II Capítulo: Feedback
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2003 Covilhã
66
Qualquer acção ou informação que seja emitida por um dos sistemas ou elementos
acaba por ser, através da mediação dos outros, recebida por ele próprio, o primeiro
elemento emissor. Este fenómeno não é senão a retroacção (feedback) que pode
ser negativa, estabilizadora e homeostática, ou positiva, amplificadora e
transformadora.
“O feedback ou informação de retorno permite ao emissor verificar se a informação
foi correctamente recebida. Este é constituído pelas informações verbais que são
reproduzidas, mas principalmente pelas repercussões emocionais observadas
através dos sinais não verbais” (Alves, 2002, p.12).
“Por feedback entenda-se o mecanismo de retroacção que possibilita aferir
constantemente um determinado comportamento, quer seja externo (visual ou
auditivo) quer interno (táctil ou cinestésico) ” (Sarmento, 1982, p.13).
Embora a aprendizagem seja a alteração relativamente permanente do
comportamento, a sua avaliação só pode ser concretizada pelo comportamento
prestado, isto é, para se poder afirmar que um indivíduo aprendeu a tarefa, essa
afirmação terá de se baseada em execuções relativamente estabilizadas por parte
do executante, dado que uma prestação eventual pode não significar uma retenção
no tempo que justifique dizer-se que houve aprendizagem (Sarmento, 1982, p.14).
Os professores de educação física e os treinadores desportivos tentam ajudar os
praticantes (alunos e desportistas) no sentido de melhorar as suas prestações e que,
para atingirem tal objectivo, têm de observar criteriosamente as suas execuções
II Capítulo: Feedback
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2003 Covilhã
67
motoras de modo a poderem fornecer feedback apropriados que as facilitem e
melhorem. Por outro lado há uma constante necessidade de controlar o
envolvimento onde estão inseridos de forma a permitir-lhes uma eficaz intervenção
pedagógica. Esse controle é efectuado pela sua competência de observação
(Sarmento et all, 1998).
Como refere Sequeira (1998, p.14) o feedback é um dos instrumentos que o
treinador utiliza para comunicar com o desportista no processo da relação
pedagógica. É através do feedback que o desportista tem possibilidades de evoluir
em termos psicomotores, pois só assim é que ele obtém informações acerca das
suas prestações.
A observação é uma tarefa inerente ao ensino e ao treino das habilidades físicas e
desportivas, tendo em conta a sua necessidade para supervisionar os mais
diversificados aspectos do comportamento dos seus alunos (atenção, disciplina,
comportamentos apropriados e inapropriados, fora da tarefa, etc.), como também o
desenvolvimento dos comportamentos técnicos, possibilitando corrigir erros de
execução e, consequentemente, aperfeiçoá-los (Sarmento et all, 1998).
Segundo Rosado (1997b, p.17), uma forma de entender os processos de
pensamento que ocorrem quando do processo de diagnóstico e reacção à prestação
motora dos alunos é relacionando-os com o modelo de processamento de
informação. A teoria do processamento de informação tendo por base o trabalho
pioneiro de Shannon e Weaver (1949), descrita por Newwell e Simon (1972), Simom
(1979), Godinho (1987), considera o homem como um sistema de processamento de
II Capítulo: Feedback
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2003 Covilhã
68
informação, baseado no recurso à memória de curta e longa duração. Para Rosado,
existe o feedback externo, que é a reacção do professor que visa informar o aluno
do estado das suas execuções com a finalidade de as melhorar; e o feedback
interno, informação proprioceptiva e interoceptiva.
Para melhorar a capacidade de comunicar com os outros é essencial compreender-
se as lacunas da comunicação com os outros. O modo mais eficaz de fazer isto é os
outros darem-nos feedback sobre o que nos ouviram dizer, ao nível das palavras
mas especialmente ao nível dos sentimentos, e sobre o modo como a nossa
mensagem os afectou, ou seja, o impacto que teve. Podemos então comparar as
consequências "pretendidas" com as "reais" e estarmos assim numa melhor posição
para alterarmos o nosso comportamento de comunicação.
Para Januário (1992, p.136), o feedback pedagógico, é um comportamento de
ensino que consiste na reacção verbal ou não verbal, do professor à prestação
motora do aluno, com a intenção de o aperfeiçoar, intervindo no processo de
aprendizagem, e com a função de o avaliar, de descrever a sua prestação, de
prescrever um movimento ou de o interrogar sobre o que ou como o fez.
II Capítulo: Feedback
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2003 Covilhã
69
Figura 7: Modelo de estudo do feedback (Hoffmam, 1983, in Piéron 1988, p.129)
Como podemos observar na figura 7, o professor analisa a resposta motora do
desportista e compara-a com a resposta desejada, identifica os erros contidos na
resposta. A seguir, diagnostica a natureza, a importância e a causa dos erros.
Finalmente e consoante o diagnóstico, decide sobre o feedback a emitir.
Hoffman (1977, p.3-12) sugeriu que duas operações principais eram necessárias:
diagnóstico e prescrição. O diagnóstico é baseado na observação e na avaliação
(uso de uma comparação com critérios estabelecidos). A prescrição é baseada
nessa avaliação e em uma decisão sobre a necessidade de saber quando a
intervenção é requerida para reduzir a distância entre comportamentos observados e
Emissão do feedback
Natureza e importância da diferença Identificação da causa
Prestação do Atleta
Prestação do Atleta Prestação desejada
Prestação desejada
Diferença
Diagnóstico
Prescrição
II Capítulo: Feedback
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desejáveis. A alta velocidade de muitos desempenhos faz decisões diagnósticas
completamente difíceis.
O feedback deriva da capacidade que cada um tem para tomar decisões, tendo por
base a informação obtida de uma observação formal (através de instrumentos de
observação) ou informal (baseada na simples competência profissional) (Piéron,
1988, 129).
O problema crucial não é o de um estilo correcto de comunicar, mas sim o da
congruência: será que eu estou a transmitir aquilo que queria transmitir? Será que as
minhas palavras e acções estão de acordo com os meus sentimentos ou será que
estou a controlar inconscientemente a minha transmissão?
O feedback é pois um modo de ajudar, é um mecanismo correctivo para o indivíduo
que quer aprender a ver se o seu comportamento se coaduna com as suas
intenções, ou seja, compreender melhor as lacunas na sua comunicação com os
outros.
O feedback resulta de uma competência de tomada de decisões oportunas com
base numa selecção e processamento de informação pertinente recolhida durante
uma observação formal (com utilização de sistemas de observação) ou informal
(baseada na simples competência profissional), envolvendo não só a análise da
resposta motora do aluno mas, também, do ambiente em que ela se envolve
(Rosado, 1997b, p.48).
II Capítulo: Feedback
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2003 Covilhã
71
Na actualidade, o feedback, na maioria dos modelos teóricos de ensino, surge como
um dos factores que mais afectam o próprio ensino sendo considerado como um dos
elementos indispensáveis no ensino das actividades físicas.
O feedback supõe uma relação personalizada entre o professor e o aluno que tome
como ponto de partida o desempenho das actividades que o aluno realiza. Isto
facilita não só o incrementar da velocidade e o nível de aprendizagem, como
também a criação de um clima de motivação que o favoreça (Piéron, 1996).
Procurando entender, portanto, a utilização desses recursos na prática pedagógica,
já que exercem influência, muitas vezes total sobre os indivíduos, deve-se deixar
claro que a prática educacional deve ser muito mais dependente de métodos
científicos desenvolvidos por cientistas do comportamento nas amplas áreas da
psicologia, da antropologia, e sociologia e nas áreas mais especializadas da
aprendizagem, processos de grupo, linguagem e linguística, comunicação,
administração, cibernética, percepção e psicometria, a fim de contribuir, em partes,
para a criação de novas linguagens, enriquecendo a prática pedagógica (Netto,
1972, citado por Duarte, 2001, p.5).
O processo de aprendizagem caracteriza-se frequentemente pela existência de
interacção entre o aprendiz e outro indivíduo. Neste processo é habitual o treinador
fornecer ao desportista informação de retorno suplementar, esta contribui para
aumentar e reforçar a informação de retorno intrínseca (Godinho, 1995, p.118).
II Capítulo: Feedback
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72
Para superar as dificuldades de dar e receber feedback, é necessário uma relação
de confiança recíproca e o reconhecimento de que o feedback é um processo
conjunto, diminuindo assim as barreiras entre o emissor e o receptor. Devemos
aprender a ouvir e expressar nossas opiniões sem reacções emocionais defensivas
e/ou ofensivas intensas.
Todos nós gostamos de dar conselhos, pois de certa forma, isso nos faz sentir
importantes. Porém, poderá vir daí o perigo, de pensar no feedback como uma forma
de mostrar nossa inteligência e habilidade, não contribuindo assim para a verdadeira
utilidade do feedback para o receptor.
O feedback tem como finalidade ajudar o outro a fazer algo de forma diferente no
futuro, ou seja, melhorar habilidades e comportamentos, proporcionando assim,
melhorias nas relações interpessoais.
II Parte
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II PARTE
I Capítulo: Objecto de Estudo
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I CAPÍTULO
1. OBJECTO DE ESTUDO
1.1. Objectivo de estudo
Neste capitulo iremos abordar o objectivo do nosso estudo, quais as hipóteses
justificações e limitações.
A apresentação das hipóteses e justificações vão servir de fonte de dúvida ao longo
deste processo de investigação.
As limitações do estudo permitem concluir que estes estudos têm limitações que
influenciaram as conclusões.
1.2. Introdução
O estudo do processo de treino está ainda pouco desenvolvido no que respeita à
pesquisa pedagógica. Os comportamentos dos intervenientes no processo, o
treinador e os desportistas, bem como as suas oscilações em função de diversas
variáveis fazem parte de um campo de análise que necessita ainda de um grande
investimento (Rodrigues, Sarmento e Piéron, 1997, p.2).
Carreiro da Costa (1988, p.26) refere que uma parte da influência nos ganhos de
aprendizagem dos alunos se deve às suas características iniciais, isto é, ao seu
nível inicial de desempenho.
I Capítulo: Objecto de Estudo
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2003 Covilhã
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Este estudo tem como objectivo a caracterização do feedback pedagógico dos
treinadores de natação nos escalões de formação como da atenção e reacção dos
desportistas ao feedback. A comparação realiza-se entre um grupo de treinadores
com formações e experiências profissionais diferenciadas.
Este estudo aparece na sequência de um conjunto de recomendações que alguns
autores (Sequeira 1998, Pereira 1996, Rosado1997a, Quina1993, Rodrigues1989 e
1995, Guimarães1986) apresentam nos seus trabalhos.
1.3. A escolha da modalidade: natação
A necessidade de aprofundar o estudo da aprendizagem motora no meio aquático,
aliado a esta ser uma modalidade em franco crescimento em Portugal (o número de
clubes como de praticantes é cada vez maior), determinou a nossa escolha da
modalidade.
1.4. A formação profissional dos treinadores2 de natação
A formação dos treinadores de natação é dividida em licenciados em educação
física/desporto e não licenciados. Todos os treinadores possuem o 1º nível do curso
de treinadores da Federação Portuguesa de Natação.
2) Treinadores ou monitores de natação é a designação atribuída a estes profissionais, na generalidade não se diferencia a
designação profissional, no caso de os profissionais serem licenciados ou não, portanto, um treinador ou um monitor é
assim denominado com ou sem habilitação profissional especifica, desde que ocupe o respectivo lugar.
I Capítulo: Objecto de Estudo
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2003 Covilhã
76
Para o 1º nível estão indicadas 80 horas teóricas e práticas, a distribuir por dois
módulos de uma semana, intervalados por um período que poderá ir de uma a três
semanas, enquanto que um curso de educação física e desporto tem a duração de 4
a 5 anos.
A formação de professores, quer do ensino geral, quer da educação física/desporto,
têm obedecido nos últimos anos a padrões e currículos muito próximos, no sistema
desportivo. A formação de treinadores está ainda longe de ser um processo global e
criterioso (Rodrigues et all, 1998, p.6).
1.5. Enunciado do problema
Este trabalho tem como finalidade analisar o feedback pedagógico do treinador e a
atenção e reacção do desportista ao feedback nos escalões de formação. A
comparação efectua-se entre treinadores licenciados em educação física/desporto e
treinadores sem formação.
Os resultados da análise do feedback serão utilizados para a comparação dos
grupos, segundo a formação profissional dos treinadores.
I Capítulo: Objecto de Estudo
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77
1.6. Hipóteses e justificações
Hipótese1: Existem diferenças significativas entre os treinadores licenciados em
educação física/desporto e os treinadores, no que diz respeito à análise do
feedback.
No estudo de Sequeira (1998, p.90), encontrou-se diferenças significativas em
dimensões que consideramos de grande importância: na dimensão “objectivo”,
categorias “prescritivo”, em quase todas as outras dimensões e categorias os
treinadores professores de educação física/desporto apresentam valores mais
elevados, em termos de taxa de feedback/minuto3, do que os treinadores.
Também nesta questão, Rodrigues (1989, p.74), descobriu que os professores
profissionalizados têm uma taxa de ciclos de feedback superior aos estagiários.
Após uma consulta a vários autores, Quina (1993), refere que a formação e
experiência profissional dos professores influência a taxa de emissão do feedback.
Hipótese2: Existem diferenças na atenção e reacção do desportista ao feedback
entre os dois grupos de treinadores.
Sequeira (1998, p.92), encontrou diferenças significativas em dimensões que
consideramos de grande importância, na atenção do Desportista, categorias “atento”
3) A taxa feedback/minuto refere-se à média de feedbacks enviados por minuto.
I Capítulo: Objecto de Estudo
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78
e na “reacção do desportista”, categorias “modifica o comportamento positivamente”,
os treinadores professores de educação física/desporto apresentam, sempre, uma
taxa superior de feedback/minuto.
No seu estudo Rodrigues (1989, p.114), encontrou também, diferenças significativas
na “atenção e reacção do desportista” ao feedback entre os dois grupos de
treinadores.
Hipótese3: Existem diferenças na taxa de feedback entre os dois grupos.
Os treinadores professores de educação física/desporto, têm uma taxa de
feedback/minuto, superior à dos treinadores (Sequeira, 1998, p.93).
I Capítulo: Objecto de Estudo
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
79
1.7. Pressupostos e limitações do estudo
Os pressupostos do nosso estudo são os seguintes:
a) Os treinadores foram informados de que iríamos recolher dados sobre a
reacção do treinador à prestação motora do aluno, como, sobre a atenção e
reacção do aluno ao feedback do treinador.
b) Considerámos que duas aulas/treinos seriam o suficiente para garantir um
perfil do comportamento de feedback do treinador, já que este é um dos
comportamentos que apresenta um grau de estabilidade aceitável.
Este estudo apresenta determinadas limitações, a nível teórico e metodológico:
a) O estudo caracteriza-se por uma análise descritiva e comparativa
encontrando logo à partida certas limitações pelo modelo de pesquisa
seleccionado.
b) A nível teórico, os poucos estudos realizados sobre este assunto, não
permitem uma confrontação directa e objectiva deste estudo.
c) A nível metodológico, as diferenças individuais de observador para
observador no que toca aos níveis de experiências profissionais, da
compreensão de cada comportamento técnico, da capacidade de relatar as
observações efectuadas, bem como das próprias capacidades que ditam a
I Capítulo: Objecto de Estudo
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2003 Covilhã
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acuidade visual, o acto de observar está imbuído de forte carga subjectiva,
muitas vezes de difícil controlo científico.
d) Outra limitação que se verificou foi a recolha de dados, a impossibilidade de
filmagem, determinou que não houvesse uma análise mais aprofundada da
aula.
e) Os resultados da pesquisa foram tratados com técnicas de estatística não
paramétrica.
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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81
II CAPÍTULO
2. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
2.1. Introdução
Ao longo deste capítulo iremos caracterizar a amostra, os procedimentos e materiais
utilizados, os sistemas de observação, o processo de treino dos observadores e os
métodos estatísticos para o tratamento dos dados.
2.2. Caracterização da amostra
Para a análise do sistema de observação do feedback, foram seleccionados dois
treinos por cada turma; utilizámos no total dez treinadores; a nossa amostra ficou
reduzida a vinte casos.
Relativamente à análise do sistema de atenção e reacção do aluno ao feedback,
foram seleccionados dois treinos por cada turma, utilizando no total vinte
desportistas; a nossa amostra ficou reduzida a quarenta casos.
Os critérios para a selecção da amostra foram os seguintes:
a) Serem escolas de natação dos escalões de formação (infantis, ou iniciados),
todas as turmas serem mistas, isto é, com desportistas de sexo masculino e
feminino.
b) Cinco serem treinadores de natação licenciados em educação física/desporto
e cinco treinadores de natação sem formação em educação física/desporto.
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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2.3. Os Treinadores
Observamos na totalidade dez treinadores de natação, cinco são treinadores de
natação licenciados em educação física/desporto e cinco sem formação em
educação física/desporto, como podemos observar no quadro 1, em baixo
apresentado.
Profissão Sexo Idade Habilitações Grau Experiência
Treinador de Natação Masculino 23 Licenciado 1º 1 Ano
Treinador de Natação Masculino 27 Licenciado 1º 3 Anos
Treinador de Natação Masculino 28 Licenciado 1º 2 Anos
Treinador de Natação Masculino 33 Licenciado 1º 7 Anos
Treinador de Natação Masculino 35 Licenciado 1º 14 Anos
Treinador de Natação Masculino 28 12ºano 1º 7 Anos
Treinador de Natação Masculino 23 12ºano 1º 2Anos
Treinador de Natação Feminino 22 12ºano 1º 2 Anos
Treinador de Natação Feminino 34 6ºano 1º 10 Anos
Treinador de Natação Feminino 25 12ºano 1º 3 Anos
Quadro 1: Caracterização dos treinadores
Os treinadores licenciados em educação física/desporto têm uma idade
compreendida entre os 23 e 35 anos, três apresentam menos de cinco anos de
experiência e dois têm mais de cinco de experiência como treinadores de natação.
Os treinadores sem formação em educação física/desporto têm uma idade entre os
22 e 34 anos; quatro possuem o 12º ano de escolaridade, um tem o 6ºano de
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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2003 Covilhã
83
escolaridade; três apresentam menos de cinco anos de experiência e dois têm mais
de cinco de experiência como treinadores de natação.
2.4. As Turmas
As turmas em estudo pertencem aos Distritos da Guarda e de Viseu e são dos
escalões de formação (infantis ou iniciados), todas as turmas são mistas, isto é, com
desportistas de sexo masculino e feminino.
Profissão Distrito Concelho Escalão
Treinador de Natação Guarda Meda Iniciados
Treinador de Natação Guarda Trancoso Infantis
Treinador de Natação Guarda Celorico da Beira Infantis
Treinador de Natação Guarda Guarda Infantis
Treinador de Natação Guarda Guarda Iniciados
Treinador de Natação Viseu Sernancelhe Infantis
Treinador de Natação Viseu Sernancelhe Iniciados
Treinador de Natação Viseu Viseu Infantis
Treinador de Natação Viseu Viseu Infantis
Treinador de Natação Viseu Viseu Iniciados
Quadro 2: Distribuição dos treinadores pelo Distrito, Concelho e Escalão de
Formação
Como podemos ver no quadro 2, a distribuição é a seguinte: cinco turmas do Distrito
da Guarda, duas do Concelho da Guarda (uma escalão infantis e outra iniciados),
uma do Concelho de Trancoso (escalão infantis), uma do Concelho da Meda
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
84
(escalão iniciados) e uma do Concelho de Celorico da Beira (escalão infantis); no
Distrito de Viseu temos também cinco turmas, três do Concelho de Viseu (uma
escalão iniciados e duas escalão infantis) e duas do Concelho de Sernancelhe (uma
escalão infantis e outra iniciados).
2.5. Os Treinos
Para a obtenção dos dados, as sessões de treino foram observadas na totalidade.
Os treinos foram observados entre Abril e Setembro de 2003.
Foi explicado aos treinadores participantes neste estudo qual o objectivo e
procedimento da pesquisa.
2.6. As Variáveis
As variáveis que iremos analisar neste estudo são as de: presságio, processo,
programa e de contexto.
2.6.1. Variáveis de presságio
São variáveis que definem quem vai ser objecto de estudo
As variáveis de presságio dizem respeito às características do treinador, que podem
exercer influência nos efeitos do treino. Tais como: a formação inicial do treinador; a
experiência profissional acumulada no processo de treino; a formação contínua à
qual vai sendo submetido decorrendo das necessidades do próprio treino; as
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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2003 Covilhã
85
características pessoais intrínsecas, como a motivação, a inteligência, a
personalidade, os valores, etc. (Rodrigues et all, 1998, p.5-6).
Os treinadores vão ser divididos em dois grupos: treinadores licenciados em
educação física/desporto e treinadores não licenciados em educação física/desporto.
Treinadores de turmas com desportistas infantis ou iniciados, de turmas mistas
(desportistas masculinos ou femininos).
2.6.2. Variáveis de processo
As variáveis de processo dizem respeito às actividades e comportamentos que
acontecem durante o processo pedagógico em treino. No nosso caso, interessa-nos
o feedback que os treinadores fornecem aos desportistas e qual o comportamento
dos desportistas em relação ao feedback.
Ao analisarmos o feedback, iremos dividi-los em seis dimensões: objectivo, forma,
direcção, afectividade, atenção e reacção do desportista. Cada dimensão é dividida
em diversas categorias e, em alguns casos, em subcategorias.
As variáveis de processo dizem respeito aos comportamentos, decisões e
interacções susceptíveis de acontecerem no treino ou mesmo na competição.
Portanto, trata-se aqui, de caracterizar o que se passa realmente no treino, isto é, os
principais comportamentos e decisões dos diversos intervenientes e suas inter-
relações, nas diversas fases do processo (Rodrigues et all, 1998, p.6-7).
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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2003 Covilhã
86
2.6.3. Variáveis de contexto
São variáveis independentes do treinador mas que têm influência na forma e na
qualidade do processo pedagógico.
Os treinadores de natação, que vão ser objecto deste estudo, pertencem aos
escalões de formação de desportistas (infantis ou iniciados) com turmas mistas, isto
é, com desportistas de sexo masculino e feminino.
As variáveis de contexto referem-se às condições em que o treino decorre,
obrigando muitas vezes o treinador a ajustamentos importantes, interferindo no
próprio processo pedagógico. Assim temos o envolvimento, o equipamento e
instalações que o treinador pode utilizar, temos ainda as características dos
desportistas (nível socio-económico; estatuto amador profissional; idade; sexo;
condição física e motora; etc.). Neste domínio, as expectativas dos desportistas e
outros intervenientes poderá condicionar definitivamente qualquer relacionamento
(Rodrigues et all, 1998, p.7).
2.6.4. Variáveis de programa
São variáveis dependentes do poder de decisão do professor.
O treinador ao definir o conteúdo do seu processo de treino (matérias e objectivos)
está a influenciar consideravelmente os seus comportamentos e os dos diversos
intervenientes no processo de treino (Rodrigues et all, 1998, p.7).
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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2003 Covilhã
87
2.7.Sistemas de Observação
Iremos utilizar dois sistemas de observação, o primeiro é o sistema de observação
do feedback pedagógico, este sistema tem por base os estudos realizados por
Rodrigues (1989) e Rosado (1997a) sendo uma adaptação de diversos sistemas de
análise que podem ser identificados nos referidos estudos.
2.7.1. Sistema de observação do feedback pedagógico
Definição das categorias.
Aproveitamos a descrição realizada por Sarmento (1998, p.44 - 46), para definir as
dimensões e categorias do sistema de observação.
2.7.1.1. Dimensão: objectivo
Quanto ao feedback prescritivo, o treinador reage à prestação do desportista
informando-o da forma como deverá realizar a execução seguinte ou, ainda, a forma
como a deveria ter realizado.
No que concerne ao feedback descritivo, o treinador descreve a prestação, informa o
executante da forma como realizou.
No feedback avaliativo, o treinador reage à prestação do desportista emitindo um
simples juízo ou apreciação dessa execução sem qualquer referência à sua forma.
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2003 Covilhã
88
2.7.1.2. Dimensão: forma
O feedback auditivo (a), acontece quando a reacção do treinador se manifesta,
exclusivamente, de forma oral.
Já o feedback visual (v), sucede quando a reacção do treinador manifesta-se através
de uma forma não verbal, como sejam as formas gestuais de aprovação,
desaprovação ou de demonstração.
Quanto ao feedback quinéstesico (q), a reacção do treinador à prestação do aluno
revela-se sob a forma de contacto ou manipulação corporal do desportista.
Por último temos o feedback misto, a reacção do treinador à prestação do aluno
inclui, pelo menos, 2 das formas descritas anteriormente:
- auditivo-visual (av);
- auditivo-quinestésico (aq);
- visual- quinestésico (vq);
- auditivo-visual-quinestésico (avq).
2.7.1.3. Dimensão: direcção
No feedback individual, a reacção do treinador à prestação dirige-se, apenas, a um
desportista.
Quanto ao feedback grupo, a reacção dirige-se a mais de um desportista mas não à
totalidade da classe.
No caso do feedback classe, a reacção à prestação dirige-se à totalidade dos
desportistas da classe.
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89
2.7.1.4. Dimensão: afectividade
O feedback positivo (+), sucede quando a reacção do professor à prestação do
desportista que exalta, elogia, encoraja essa prestação, cuja intervenção se
apresenta sob a forma de expressão gramatical positiva.
Já o feedback negativo (-), ocorre quando a reacção do professor à prestação do
desportista que denigre essa prestação, cuja intervenção se apresenta sob a forma
de expressão gramatical negativa.
2.7.2. Sistema de observação da reacção do desportista ao feedback
pedagógico
O segundo sistema de observação que vai ser utilizado neste trabalho é derivado do
sistema de observação da reacção do aluno ao feedback pedagógico. Este sistema
foi utilizado por Rodrigues (1989), com referência a trabalhos de Piéron e Devillers
(1980) e Piéron e R.Delmelle (1982).
Este sistema permite observar a reacção do desportista ao feedback pedagógico,
analisando o comportamento de resposta do desportista à intervenção do professor
face à prestação motora desse mesmo desportista.
Definição das categorias
Como anteriormente, usufruímos neste sistema, a descrição realizada por Sarmento
(1998, 48-49), para definir as dimensões e categorias do sistema de observação.
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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90
2.7.2.1. Dimensão: atenção do desportista ao feedback.
Na categoria atento, o desportista não mostra sinais evidentes de desatenção
(comportamentos de desvio ou indisciplina).
Já na categoria desatento, o desportista mostra sinais evidentes de desatenção, ou
seja, não parece estar a ver, nem ouvir, o treinador.
2.7.2.2. Dimensão: resposta do desportista ao feedback
Quando modifica o comportamento positivamente, o desportista altera o
comportamento de acordo com o feedback, isto é, o desportista realiza a sua
execução de acordo com as intenções inscritas no feedback.
Se modifica o comportamento negativamente, o desportista altera o seu
comportamento, mas tal não se inscreve nas prescrições do feedback.
Na categoria o desportista não modifica o comportamento, acontece que o
desportista não altera a sua execução, mantendo o mesmo comportamento.
Neste sistema de observação foi necessário verificar a sequencialidade do
comportamento do desportista durante e após o feedback do treinador.
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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91
2.8. Codificação
As reacções à prestação do aluno foram registadas em fichas concebidas para o
efeito (anexo 1 e 2), separadas por unidades de informação e de intervenção, e
classificadas com o sistema de observação referido com algumas adaptações
realizadas.
Para classificar o feedback inicial do treinador, seguimos a sua movimentação
durante e após a prestação do desportista. Para identificar qual era a reacção do
desportista ao feedback, tivemos de seguir a prestação do desportista consequente
ao feedback.
As anotações do sistema de observação do feedback pedagógico foram efectuadas
com os símbolos da dimensão “forma” apresentados na respectiva coluna da ficha
(anexo1), já para o sistema de observação da reacção do desportista ao feedback
pedagógico, as categorias foram devidamente assinaladas com um traço na
respectiva coluna (anexo2).
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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92
2.9. Registo das observações
O método escolhido para a recolha de dados foi o registo de ocorrências
caracterizado pelo registo cada vez que acontece um comportamento previamente
definido. Esta opção justifica-se porque pretendemos analisar o comportamento do
treinador, especialmente o feedback pedagógico, comparando as ocorrências
registadas.
Após a recolha dos dados, o registo das observações foi efectuado numa folha de
cálculo Excel. A respectiva folha de cálculo permitiu-nos utilizar fórmulas e transferir
dados directamente para o SPSS 10.0 Windows, o que permitiu encurtar o tempo de
codificação e quantificação do feedback e a respectiva realização da prova
estatística não-paramétrica de Kruskal-Wallis.
II Capítulo: Métodos e Procedimentos
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93
2.10. Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos
Os resultados serão apresentados de acordo com os parâmetros de tendência
central (média), de dispersão (desvio padrão). Serão apresentados em quadros e em
gráficos de forma a proporcionarem uma observação mais clara dos dados.
Para a comparação dos dados entre os dois grupos vai ser utilizada a prova
estatística não-paramétrica de Kruskal-Wallis.
No momento de aplicação das técnicas estatísticas referidas e para efeitos de
interpretação e análise de resultados, o grau de probabilidade de erro utilizado será
igual ou inferior a 0.05, a exemplo do que tem sido utilizado em pesquisas anteriores
nesta área.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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94
III CAPÍTULO
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
3.1. Análise do feedback entre os treinadores licenciados em educação
física/desporto e os treinadores
3.1.1. Introdução
Neste capítulo iremos apresentar, descritivamente, a análise multidimensional do
feedback entre os treinadores licenciados em educação física/desporto e os
treinadores. Os resultados serão sempre referidos em percentagens de modo a
podermos confrontar os diversos resultados.
Numa segunda abordagem, iremos apresentar os resultados da comparação entre
os treinadores licenciados em educação física/desporto e os treinadores, no que diz
respeito à análise multidimensional do feedback.
A comparação entre os dois grupos será feita utilizando a prova estatística não-
paramétrica denominada Kruskal-Wallis da qual apresentaremos a probabilidade de
erro que lhe corresponde.
Finalmente, iremos comparar os resultados por nós encontrados com os de outros
estudos semelhantes.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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95
3.2. Análise descritiva da análise do feedback entre os treinadores licenciados
em educação física/desporto
Após observarmos todos os treinadores licenciados em educação física/desporto
organizámos a apresentação dos resultados em função das quatro dimensões do
feedback e da atenção e reacção do desportista ao feedback.
Dimensão Categoria %
Prescritivo 59,24
Objectivo Descritivo 29,71
Avaliativo 11,05
Auditivo 53,14
Visual 1,33
Forma Quinestésico 0,38
Auditivo-Visual 37,14
Auditivo-Quinestésico 3,24
Auditivo-Visual-Quinestésico 4,76
Alunos 65,90
Direcção Grupo 13,52
Classe 20,57
Afectividade Positivo 80,19
Negativo 19,81
Atenção Atento 77,86
Desatento 22,14
Modifica o Comportamento Positivamente 67,18
Reacção Modifica o Comportamento Negativamente 3,82
Não modifica o Comportamento 29,01
Quadro 3 – Percentagem dos valores médios das frequências do feedback em
todas as dimensões e categorias, entre os treinadores licenciados em
educação física/desporto
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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96
3.2.1. Dimensão: objectivo
Como podemos observar no quadro 3, quanto à dimensão “objectivo”, destaca-se
que o feedback prescritivo é o mais utilizado (59,24%), surgem depois o descritivo
(29,17%), e o avaliativo (11,05%).
Nos escalões de formação, os treinadores licenciados em educação física/desporto
têm a propensão de prescrever aos desportistas a forma como devem realizar
determinada execução. Com esta forma de intervenção, as retroacções descritivas e
avaliativas, ficam para segundo plano.
3.2.2. Dimensão: forma
Na dimensão “forma”, os treinadores licenciados em educação física/desporto
utilizam mais feedback auditivo (53,14%) e feedback auditivo-visual (37,14%). O
feedback auditivo-visual-quinéstesico (4,76%), auditivo-quinéstesico (3,24%), visual
(1,33%), e quinéstesico (0,38), são muito pouco utilizados.
A maior utilização de feedback auditivo poderá ser explicada pela organização e
estrutura dos exercícios. O feedback é quase sempre dado no final da execução.
3.2.3. Dimensão: direcção
Na dimensão “direcção” do feedback, podemos afirmar que os treinadores
licenciados em educação física/desporto privilegiam o feedback aluno (65,90%) em
detrimento do de classe (20,57%), e grupo (13,52%). Pensamos que isto depende,
da opção de estilo de ensino utilizado.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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97
3.2.4. Dimensão: afectividade
Em termos de “afectividade”, como podemos analisar no quadro 3, os treinadores
licenciados em educação física/desporto privilegiam maioritariamente durante o
treino, feedback positivo (80,19%) em detrimento do feedback negativo (19,81%).
A grande utilização do feedback positivo demonstra a preocupação do treinador
licenciado em educação física/desporto, em procurar criar um ambiente positivo e
uma motivação constante para a tarefa.
3.2.5. Dimensão: Atenção do desportista
Durante as aulas observadas dos treinadores licenciados em educação
física/desporto, os desportistas demonstraram estar quase sempre atentos (76,86%),
no entanto, (22,14%) mostraram estar desatentos.
Não podemos considerar estes valores como sendo totalmente correctos pois, como
sugerem outros estudos semelhantes, não se pode certificar que o desportista esteja
atento ao feedback, só porque olha para o treinador ou porque altera o seu
comportamento após ouvir o feedback.
3.2.6. Dimensão: Reacção do desportista
Verifica-se que (66,18%) dos desportistas modificam o comportamento
positivamente após o feedback dos treinadores licenciados em educação
física/desporto. Não alteram o seu comportamento (29,01%). Apenas (3,82%)
modificam o comportamento negativamente. O valor elevado da modificação positiva
do comportamento pode ser explicado pelo facto de os desportistas estarem nos
treinos, na maior parte dos casos, porque querem, portanto, estarem mais receptivos
às retroacções dos treinadores licenciados em educação física/desporto.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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2003 Covilhã
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3.3. Análise descritiva da análise multidimensional do feedback entre os
treinadores
Após observarmos todos os treinadores, organizámos a apresentação dos
resultados em função das quatro dimensões do feedback e da atenção e reacção do
desportista ao feedback.
Dimensão Categoria %
Avaliativo 7,00
Objectivo Descritivo 28,02
Prescritivo 64,98
Auditivo 61,35
Visual 1,69
Forma Quinestésico 0,24
Auditivo-Visual 34,06
Auditivo-Quinestésico 0,97
Auditivo-Visual-Quinestésico 1,69
Individual 70,05
Direcção Grupo 13,29
Classe 16,67
Afectividade Positivo 80,68
Negativo 19,32
Atenção Atento 86,23
Desatento 13,77
Modifica o Comportamento Positivamente 60,14
Reacção Modifica o Comportamento Negativamente 5,80
Não modifica o Comportamento 34,06
Quadro 4 – Percentagem dos valores médios das frequências do feedback em
todas as dimensões e categorias, entre os treinadores
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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99
3.3.1. Dimensão: objectivo
Como se pode observar no quadro 2, na dimensão “objectivo”, o feedback mais
utilizado (64,98%) é o prescritivo. Vêm depois o descritivo (28,02%) e o avaliativo
(7,00%).
Com desportistas destas idades (escalões de formação), os treinadores têm a
tendência de prescrever aos desportistas a forma como devem realizar determinada
execução, assim, as retroacções descritivas e avaliativas, acabam, por ficar para
segundo plano.
3.3.2. Dimensão: forma
Na dimensão “forma”, os treinadores utilizam mais feedback auditivo (61,35%) e
feedback auditivo-visual (34,06%). O feedback visual (1,69%), auditivo-visual-
quinéstesico (1,69%), auditivo-quinéstesico (0,97%) e quinéstesico (0,24) são muito
pouco usados.
A maior utilização de feedback verbal poderá ser explicada pela disposição e
estrutura dos exercícios. O feedback é quase sempre dado no final da execução.
3.3.3. Dimensão: direcção
Na “direcção” do feedback, como podemos analisar no quadro 3, os treinadores
privilegiam o feedback individual (70,05%) em detrimento do de classe (16,67%) e
grupo (13,29%) Consideramos que isto depende, da opção de estilo de ensino
adoptado.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
100
3.3.4. Dimensão: afectividade
Na dimensão “afectividade”, os treinadores privilegiam maioritariamente durante o
treino, feedback positivo (80,68%) em detrimento do feedback negativo (19,32%).
A grande utilização do feedback positivo demonstra a preocupação do treinador, de
procurar influir uma carga positiva e uma motivação no desportista.
3.3.5. Dimensão: Atenção do desportista
Quanto à atenção, os desportistas demonstraram estarem, quase constantemente,
atentos (86,23%), somente (13,77%) estiveram desatentos.
Como referido anteriormente, estes valores não podem ser considerados como
sendo totalmente correctos pois, não se pode atestar que o desportista esteja atento
ao feedback, só porque olha para, o treinador ou porque modifica o seu
comportamento após ouvir o feedback.
3.3.6. Dimensão: Reacção do desportista
Nas aulas dirigidas pelos treinadores, (60,14%) dos desportistas alteram o
comportamento positivamente após o feedback dos treinadores, (34,06%) não o
modificam e modificam negativamente (5,80%). O valor elevado da mudança
positiva do comportamento pode ser explicada pelo facto de os desportistas estarem
nas aulas, na maior parte dos casos, porque querem, como tal, são mais receptivos
às retroacções dos treinadores.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
101
3.4. Comparação entre os treinadores licenciados em educação física/desporto
e os treinadores, no que diz respeito à análise multidimensional do feedback
Apresentamos de seguida, os resultados da comparação entre os treinadores
licenciados e os treinadores, no que diz respeito à análise multidimensional do
feedback.
A comparação entre os dois grupos será feita utilizando a prova estatística não-
paramétrica denominada Kruskal-Wallis, da qual apresentaremos a probabilidade de
erro que lhe corresponde. Para a comparação, serão utilizados os valores em termos
de feedback/minuto.
Os resultados da comparação incidiram sobre as seis dimensões do feedback
anteriormente apresentadas: objectivo, forma, direcção, afectividade, atenção e
reacção do desportista ao feedback.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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2003 Covilhã
102
O quadro 5 apresenta-nos os resultados, caracterizando as diferenças entre os
grupos através da apresentação do valor H e a probabilidade de erro (P) que lhe
corresponde.
Dimensão Categoria Méd. D.P. H P
Avaliativo 0,699 0,217 1,124 0,289
Objectivo Descritivo 0,329 0,124 2,314 0,128
Prescritivo 0,105 0,083 2,758 0,97
Auditivo 0,642 0,182 1,654 0,198
Visual 0,015 0,029 0,544 0,461
Forma Quinestésico 0,003 0,007 0,373 0,542
Auditivo-Visual 0,406 1,825 2,778 0,96
Auditivo-Quinestésico 0,024 0,050 0,856 0,355
Auditivo-Visual-Quinestésico 0,038 0,071 0,758 0,384
Afectividade Positivo 0,91 0,232 4,019 0,45
Negativo 0,223 0,102 2,668 0,102
Individual 0,767 0,202 3,580 0,58
Direcção Grupo 0,152 0,100 0,645 0,422
Classe 0,213 0,162 1,206 0,272
Atenção Atento 0,040 0,012 0,518 0.472
Desatento 0,009 0,008 3,148 0,76
Modifica o Comportamento Positivamente 0,042 0,015 0,213 0,644
Reacção Modifica o Comportamento Negativamente 0,032 0,005 0,582 0,446
Não modifica o Comportamento 0,021 0,012 1,610 0,204
Quadro 5 – Comparação entre os dois grupos de treinadores, em todo o treino,
em todas as dimensões e categorias
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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2003 Covilhã
103
Nas categorias da dimensão “objectivo”, não encontramos diferenças significativas.
Os treinadores licenciados em educação física/desporto apresentam uma taxa
superior de feedbacks prescritivos/minuto (0,76) comparada com a dos treinadores
(0,64). Apesar da diferença, ambos os grupos apresentam uma percentagem muito
superior de feedback prescritivo do que os das outras categorias; a taxa feedbacks
descritivos/minuto é de (0,38) nos treinadores licenciados, e (0,28) nos treinadores; a
taxa feedbacks avaliativos/minuto é de (0,14) nos treinadores licenciados, e (0,07)
nos treinadores.
0,76
0,38
0,14
0,64
0,28
0,07
0
0,5
1
1,5
2
Prescritivo Descritivo Avaliativo
Técnicos Licenciados
Técnicos
Gráfico 1: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão
objectivo, em termos de taxa feedback/minuto
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
104
Na dimensão “forma”, não encontramos diferenças significativas, os treinadores
licenciados em educação física/desporto apresentam uma taxa superior de feedback
em todas as categorias.
Gráfico 2: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão
forma, em termos de taxa feedback/minuto
Como podemos ver no gráfico 2, os treinadores licenciados apresentam um valor de
feedback na categoria auditivo/minuto de (0,68) comparada com a dos treinadores
de (0,60), esta categoria tem uma percentagem muito maior de feedback, do que as
outras categorias como podemos constatar no gráfico; a taxa feedback auditivo
0,68
0,02 0,004
0,48
0,04 0,06
0,60
0,02 0,002
0,34
0,01 0,02
0
0,5
1
1,5
2
Auditivo Visual Ouinéstesico Auditivo
Visual
Auditivo
Ouinéstesico
Auditivo
Visual
Ouinéstesico
Técnicos
Licenciados
Técnicos
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
105
visual/minuto é (0,48) nos treinadores licenciados, (0,34) nos treinadores; a taxa
feedback auditivo visual quinéstesico/minuto de (0,06) nos treinadores licenciados, e
(0,02) nos treinadores; a taxa feedback quinéstesico/minuto (0,04) nos treinadores
licenciados, e (0,02) nos treinadores; a taxa feedback auditiva quinéstesico/minuto é
de (0,14) nos treinadores licenciados, e de (0,07) nos treinadores; a taxa feedback
visual/minuto de (0,02) nos treinadores licenciados, e de (0,02) nos treinadores, por
último temos a taxa feedback quinéstesico/minuto é de (0,002) nos treinadores
licenciados, e de (0,002) nos treinadores.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
106
Na dimensão “direcção”, não encontramos diferenças significativas. Os valores mais
altos surgem na categoria alunos, os treinadores licenciados em educação
física/desporto apresentam uma taxa superior de feedback alunos/minuto (0,84)
confrontada com a dos treinadores (0,69), ambos os grupos apresentam uma
proporção muito superior de feedback dirigido aos alunos do que as outras
categorias; a taxa feedback classe/minuto é de (0,27) nos treinadores licenciados, e
(0,16) nos treinadores; relativamente à taxa feedback grupo/minuto é de (0,17) nos
treinadores licenciados, e (0,13) nos treinadores.
0,84
0,170,27
0,69
0,13 0,16
0
0,5
1
1,5
2
Alunos Grupo Classe
Técnicos Licenciados
Técnicos
Gráfico 3: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão
direcção, em termos de taxa feedback/minuto
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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107
Na dimensão “afectividade”, não encontramos diferenças significativas. Os
treinadores licenciados em educação física/desporto apresentam uma taxa superior
de feedback positivo/minuto (1,03) comparada com a dos treinadores (0,82), apesar
da diferença, ambos os grupos apresentam uma percentagem muito superior de
feedback positivo do que a outra categoria. A taxa de feedback negativo/minuto é de
(0,25) nos treinadores licenciados, e de (0,19) nos treinadores.
1,03
0,25
0,80
0,19
0
0,5
1
1,5
2
Positivo Negativo
Técnicos Licenciados
Técnicos
Gráfico 4: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão
afectividade, em termos de taxa feedback/minuto.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
108
No que se refere à “atenção do desportista ao feedback”, não encontramos
diferenças significativas. Os treinadores licenciados em educação física/desporto
apresentam uma taxa superior de feedback atento/minuto (1,00) comparada com a
dos treinadores (0,85), apesar da diferença, ambos os grupos apresentam uma
percentagem muito maior de feedback atento do que de feedback desatento, sendo
a taxa feedback desatento/minuto de (0,28) nos treinadores licenciados, e de (0,14)
nos treinadores.
1,00
0,28
0,85
0,14
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
Atento Desatento
Técnicos Licenciados
Técnicos
Gráfico 5: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão
atenção, em termos de taxa feedback/minuto.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
109
Na dimensão “reacção do desportista ao feedback”, não encontramos diferenças
significativas. Os treinadores licenciados em educação física/desporto apresentam
uma taxa superior de feedback modifica o comportamento positivamente/minuto
(0,86) comparado com a dos treinadores (0,54), segue-se, a taxa feedback não
modifica o comportamento/minuto de (0,37) nos treinadores licenciados, e de (0,34)
nos treinadores, por último, temos a taxa feedback modifica o comportamento
negativamente/minuto de (0,06) nos treinadores, e de (0,05) nos treinadores
licenciados.
0.86
0.05
0.37
0.54
0.06
0.34
0
0.5
1
1.5
2
Modifica o
Comportamento
Positivamente
Modifica o
Comportamento
Negativamente
Não modifica
Técnicos Licenciados
Técnicos
Gráfico 6: Comparação entre os dois grupos de treinadores na dimensão
reacção, em termos de taxa feedback/minuto.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
110
3.5. Análise da atenção e reacção ao feedback entre os treinadores licenciados
em educação física/desporto
De seguida, iremos apresentar descritivamente a análise da “atenção e reacção do
desportista ao feedback” entre os treinadores licenciados em educação
física/desporto.
Dimensão Categoria %
Atenção Atento 77,86
Desatento 22,14
Quadro 6 – Valores médios totais das frequências do feedback na dimensão
atenção, entre os treinadores licenciados em educação física/desporto
Ao observarmos o quadro 6 em cima apresentado, verificamos que 77,86% dos
desportistas estão atentos aos feedbacks enviados pelos treinadores licenciados em
educação física/desporto, contudo, 22,14% dos desportistas em estudo encontram-
se desatentos.
Esta análise é muito subjectiva, visto que, um desportista pode estar a observar o
treinador mas pode não estar atento ou pode não estar a olhar para o treinador mas
não ouvir a informação, utilizamos então estes valores como uma referência para a
análise da reacção dos desportistas ao feedback.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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2003 Covilhã
111
Dimensão Categoria %
Modifica o Comportamento Positivamente 66,67
Reacção Modifica o Comportamento Negativamente 3,79
Não modifica o Comportamento 29,55
Quadro 7 – Valores médios totais das frequências do feedback na dimensão
reacção, entre os treinadores licenciados em educação física/desporto
Relativamente à “reacção do desportista ao feedback”, 66,27% dos desportistas
modificam positivamente o seu comportamento, não modificam o seu
comportamento 29,55%, e modificam negativamente o seu comportamento 3,79%.
O facto de os desportistas treinarem por gosto e não por obrigação determina a
alteração positiva que se verifica.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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112
3.6. Análise da atenção e reacção ao feedback entre os treinadores
Vamos agora, apresentar descritivamente a análise da “atenção e reacção do
desportista ao feedback” entre os treinadores.
Dimensão Categoria %
Atenção Atento 86,23
Desatento 13,77
Quadro 8 – Valores médios totais das frequências do feedback na dimensão
atenção, entre os treinadores
Como podemos ver no quadro 8, verificamos que 86,23% dos desportistas estão
atentos aos feedbacks emitidos pelos treinadores, encontrando-se 13,77% dos
desportistas desatentos.
Como referimos anteriormente, esta análise é muito subjectiva, visto que, um
desportista pode estar a observar o treinador mas pode não estar atento ou pode
não estar a olhar para o treinador mas não ouvir a informação, utilizamos então
estes valores como uma referência para a análise da reacção dos desportistas ao
feedback.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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2003 Covilhã
113
Dimensão Categoria %
Modifica o Comportamento Positivamente 60,14
Reacção Modifica o Comportamento Negativamente 5,80
Não modifica o Comportamento 34,06
Quadro 9 – Valores médios totais das frequências do feedback na dimensão
reacção, entre os treinadores
Quanto, à “reacção do desportista ao feedback” orientados pelos treinadores,
60,14% dos desportistas modificam positivamente o seu comportamento, 34,06%,
não modificam o seu comportamento e 5,80% modificam negativamente o seu
comportamento
O facto de os desportistas treinarem por gosto e não por obrigação determina a
alteração positiva que se verifica.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
114
3.7. Comparação da atenção e reacção ao feedback dos desportistas, entre os
treinadores licenciados em educação física/desporto e os treinadores
Vamos agora apresentar os resultados da comparação entre os treinadores
licenciados em educação física/desporto e os treinadores, relativamente à “atenção
e reacção ao feedback“ dos desportistas. A comparação entre os dois grupos será
feita utilizando a prova estatística não-paramétrica denominada Kruskal-Wallis da
qual apresentaremos a probabilidade de erro que lhe corresponde. Serão utilizados
valores em termos de feedback/minuto.
Dimensão Categoria Méd. D.P. H P
Atenção Atento 0,040 0,012 0,518 0.472
Desatento 0,009 0,008 3,148 0,76
Modifica o Comportamento Positivamente 0,042 0,015 0,213 0,644
Reacção Modifica o Comportamento Negativamente 0,032 0,005 0,582 0,446
Não modifica o Comportamento 0,021 0,012 1,610 0,204
Quadro 10 – Comparação entre os dois grupos de treinadores, nas dimensões
atenção e reacção
No que se refere à “atenção e reacção do desportista”, não encontramos diferenças
significativas.
De um modo geral os treinadores licenciados e os treinadores conseguem que os
alunos estejam atentos à informação prestada e que alterem o comportamento
positivamente.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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2003 Covilhã
115
3.8. Comparação e análise da taxa de feedback/minuto entre os dois grupos de
treinadores
Vamos agora apresentar os resultados da comparação na taxa de feedback/minuto
entre os treinadores licenciados em educação física/desporto e os treinadores. A
comparação entre os dois grupos será feita utilizando a prova estatística não-
paramétrica denominada Kruskal-Wallis da qual apresentaremos a probabilidade de
erro que lhe corresponde. Serão utilizados valores em termos de feedback/minuto.
1,28
0,99
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
Técnicos Licenciados
Técnicos
Gráfico 7: Comparação entre os dois grupos de treinadores da taxa de
feedback/minuto
Como podemos observar no gráfico 7, os treinadores licenciados em educação
física/desporto apresentam uma taxa feedback/minuto superior ao grupo de
treinadores.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
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Os treinadores licenciados em educação física/desporto apresentam, em média,
uma taxa de 1,28 feedback/minuto, enquanto que, os treinadores apresentam, em
média, uma taxa de 0,99 feedback/minuto.
Treinadores Licenciados
em educação
física/desporto Treinadores Méd. D.P. H P
1,71 0,93
1,133
0,284
5,874
0,015*
1,41 0,81
1,00 1,05
0,76 0,62
1,17 1,12
1,15 1,10
1,51 0,98
1,51 0,98
1,51 1,33
1,07 0,95
Quadro 11 – Comparação entre os dois grupos de treinadores, na taxa de
feedback/minuto
* - Revelam-se diferenças significativas entre os dois grupos.
No que se refere à comparação entre os dois grupos de treinadores, na taxa de
feedback/minuto encontrámos diferenças significativas como podemos observar no
quadro 11. Os treinadores licenciados em educação física/desporto apresentam,
taxas de feedback/minuto mais elevadas do que os treinadores, (1,28 para 0,99,
respectivamente).
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
117
Como vimos os treinadores licenciados, enviam mais feedback por minuto do que os
treinadores, o que pode ser explicado pela experiência adquirida na formação
profissional que é transferida para o treino.
Num estudo efectuado por Arena (1979), no ténis e na natação encontrou valores
semelhantes aos nossos, 1,17 feedback/minuto.
Contudo, ao compararmos este estudo com outros, verificamos que os treinadores
em estudo enviam poucos feedbacks por minuto, o que pode ser explicado pela
natureza desta modalidade.
Sequeira (1998), num estudo com desportistas de andebol encontrou uma taxa de
feedback/minuto de 2,06 nos treinadores professores em educação física/desporto e
1,27 nos treinadores.
Gonçalves (1995), num estudo com treinadores professores de educação
física/desporto na modalidade de basquetebol, encontrou uma taxa de
feedback/minuto de 2,45.
Rosado (1988), no seu estudo com a modalidade de atletismo encontrou valores
entre os 2,51 aos 2,81, feedback/minuto.
Pieron, Neto e C. Costa (1985), encontraram no seu estudo, nas modalidades de
ginástica e basquetebol, valores entre os 2,08 e os 2,97 de feedback/minuto.
III Capítulo: Apresentação e Discussão de Resultados
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
118
A natureza desta modalidade é por conseguinte um factor determinante para o baixo
valor que apresentamos no nosso estudo, sendo uma modalidade aquática, os
desportistas para receberem o feedback têm de parar o seu movimento na maior
parte das situações, só depois retomam novamente o movimento, o que origina uma
taxa de feedback por minuto baixa, já que o treinador não têm tantos indicadores por
minuto por parte dos desportistas.
Conclusões
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2003 Covilhã
119
CONCLUSÕES
A importância da comunicação para o desportista reside basicamente, por ser um
elemento importante no aprender, perceber, sentir e agir nas relações com as
pessoas e com o mundo, mas também, na necessidade de interacção e integração
nos diferentes grupos sociais. Para o treinador a comunicação é importante, pois
constitui um elemento básico para a realização da aula, um meio facilitador na
intervenção e na actuação do treinador e um auxílio na percepção e compreensão
do comportamento e atitudes apresentadas pelos desportistas.
É por meio da adaptação, readaptação e transformação dos significados e conceitos
através das diferentes relações com diferentes pessoas e grupos sociais, que se
realiza a construção comunicativa. A aula de natação também propicia esta
construção entre treinador/desportista, desportista/treinador e
desportista/desportista. Nesta relação de ensino-aprendizagem, realiza-se a
modificação ou confirmação dos significados que ambos possuem sobre as coisas,
objectos e pessoas. Na relação ensino aprendizagem apresentam-se duas
situações: a) existem trocas e aprendizagens entre os intervenientes, quem ensina
aprende e quem aprende ensina, ou quem comunica aprende ao mesmo tempo que
ensina e b) treinadores e desportista são produtores de significados e deverá ser o
treinador a estabelecer que significados (sociais, culturais) quer transmitir e ensinar
ao desportista, então, nesta relação a construção comunicativa acontece tanto com
os treinadores como com os desportistas.
Conclusões
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
120
Nas relações propiciadas pelo processo desportivo educacional, as instituições, os
treinadores, as aulas representam papéis fundamentais no processo de
comunicação dos desportistas, auxiliando para a construção e evolução desta
comunicação através das interacções.
Caberá ao treinador proporcionar novos meios, novas formas do desportista
construir a sua comunicação, pois esta acontece diariamente e constrói-se no
contacto com as outras pessoas, então, o desportista desenvolverá o seu
pensamento, os seus conhecimentos, os seus contactos sociais e perceberá que
existem diferentes caminhos de aprendizagem e de desenvolvimento, elaborando e
ampliando o seu reportório de conceitos e significados.
De seguida, apresentamos as conclusões, recorrendo às hipóteses de pesquisa
colocadas.
Hipótese1: Existem diferenças significativas entre os treinadores licenciados em
educação física/desporto e os treinadores, no que diz respeito à análise do
feedback.
Esta hipótese não se confirma, nas dimensões por nós estudadas não se revelam
diferenças significativas.
Importa referir, que em quase todas as dimensões e categorias os treinadores
licenciados em educação física/desporto apresentam valores mais elevados, em
termos de feedback/minuto, do que os treinadores.
Conclusões
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
121
Apesar das diferenças entre os dois grupos de treinadores, ambos demonstram uma
grande preocupação em fornecer feedbacks, o que influência, positivamente, o
desenvolvimento psico-motor e sócio-afectivo dos desportistas.
Hipótese2: Existem diferenças na atenção e reacção do desportista ao feedback
entre os dois grupos de treinadores.
Embora existam algumas diferenças estas não são significativas, pode-se concluir
que de um modo geral, a atenção e a reacção do aluno ao feedback não é
significativamente diferente entre os treinadores em estudo.
Hipótese3: Existem diferenças na taxa de feedback entre os dois grupos.
Esta hipótese confirma-se, verificou-se a existência de diferenças significativas entre
os treinadores licenciados em educação física/desporto e os treinadores em termos
de taxa de feedback; os treinadores licenciados em educação física/desporto
fornecem mais feedback do que os treinadores.
Os treinadores licenciados enviam mais feedbacks por minuto, o que na nossa
opinião se baseia como uma procura de incutir no desportista um estímulo maior na
realização da tarefa motora por parte dos treinadores licenciados.
Consideramos o processo de comunicação como o agente que desenvolve e
suporta a relação interpessoal, processo este que, envolve um conjunto de atitudes.
Conclusões
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
122
A comunicação estará centralizada não exclusivamente no desportista ou no
treinador, mas precisamente na relação entre os mesmos como um sistema. Para
que isso aconteça, precisamos de encarar igualmente a relação pedagógica como
um todo sistémico, isto é, algo que não é exclusivamente do treinador, do
desportista, da relação interpessoal ou da instituição de ensino, mas sim resultante
da interinfluência de todas elas.
Reafirma-se a importância da comunicação no processo desportivo educacional, e
de ambas na vida das pessoas. É através da comunicação que interagimos,
transformamos e influenciamos a realidade e as relações com o outro.
A importância da relação pedagógica, como meio ambiente fundamental para o
desenvolvimento pessoal e social do desportista e do treinador, leva à afirmação de
que a pessoa constrói-se na relação com os outros e com os outros se desenvolve e
faz desenvolver.
A comunicação está em tudo, e em todos os relacionamentos. É impossível hoje, o
homem ser afastado da convivência mútua, deixar de ser um ser social. A educação
desportiva é, por sua vez, um processo primordial na vida das pessoas, procura
entender e compreender o mundo, os outros, as relações, colabora para que as
pessoas evoluam e tenham autonomia. A comunicação, e o desporto constituem
processos básicos da vida humana, pois com eles e através deles, o homem
desenvolve-se e desenvolve o mundo.
Por último, deixamos algumas sugestões partilhando a opinião de (Martens, 1998),
de como melhorar o processo comunicativo interpessoal:
Conclusões
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2003 Covilhã
123
a) As mensagens devem ser directas, não hesite em expressar-se directamente
ao(s) desportista(s), e de uma forma positiva e construtiva, aquilo que pensa
ou sente.
b) Envie uma mensagem de cada vez, prepare bem o seu pensamento e aquilo
que pretende dizer, procurando transmitir somente uma informação de cada
vez.
c) As mensagens devem ser completas e específicas, forneça ao(s)
desportista(s) com os quais está a falar toda a informação necessária para
perceber(em) completamente o que lhes pretende comunicar ou transmitir.
d) Envie as suas mensagens imediatamente, não adie a sua intervenção quando
observa algo que necessita de ser alterado.
e) A mensagem deve ser clara e sem “duplo” sentido ou significado, evite ao
máximo enviar mensagens com um duplo sentido ou significado.
f) As suas mensagens verbais e não verbais devem ser congruentes, isto é,
quando o seu comportamento verbal, como palavras e afirmações, não é
congruente com o não verbal, como gestos e expressões faciais, a sua
credibilidade como comunicador é afectada.
Recomendações
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2003 Covilhã
124
RECOMENDAÇÕES
De acordo com as conclusões e limitações percebidas durante o desenvolver da
pesquisa, idealizamos as seguintes recomendações, para futuras investigações
científicas no âmbito do treino desportivo:
a) Estudar, as causas das diferenças por nós encontradas.
b) Analisar, com maior profundidade, a influência da formação profissional na
relação pedagógica entre treinador e desportista.
c) Aprofundar os estudos sobre o feedback ao nível do treino desportivo.
d) Investigar, mais vivamente, as relações entre comunicação e desporto.
Bibliografia
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
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Rodrigues, J. (1998). Quadro Conceptual da Investigação Pedagógica em Desporto.
I.P.S., E.S.D.R.M. & F.M.H., U.T.L., comunicação apresentada no VI Congresso de
Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa,
realizado na Corunha, Galiza.
Rodrigues, J. ; Sarmento, P. & Piéron, M. (1997). O comportamento do treinador:
estudo da influência do objectivo dos treinos e do nível de prática dos desportistas
na actividade pedagógica do treinador de voleibol, comunicação apresentada em
Maputo Universidade Técnica de Lisboa & Université de Liège
Rosado, A. (1998). Análise Multidimensional do Feed-Back Pedagógico.
Comparação de dois grupos de professores com especializações profissionais
diferenciadas no ensino dos Saltos em Atletismo. Monografia de Mestrado não
publicada. I.S.E.F., U.T.L., Lisboa.
Rosado, A. ; Pereira, A. ; Fernandes, A. & Martins C. (1997a). Observação do
comportamento do professor. Comparação de dois grupos de professores com
Bibliografia
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
134
especializações profissionais diferenciadas no ensino do atletismo, in Pedagogia do
Desporto, estudos 1-2-3, edição especial e conjunta. Edições F.M.H., Ciências do
Desporto. U.T.L., Lisboa.
Rosado, A. (1997b). Observação e Reacção à Prestação Motora. Edições F.M.H.,
Ciências do Desporto. U.T.L., Lisboa.
Rosado, A. (1998). Nas Margens da educação Física e do desporto. Edições F.M.H.,
Ciências do Desporto. U.T.L., Lisboa.
Santos, J. (1992). O que é Comunicação. Difusão Cultural.
Sarmento, P. (1982). Aprendizagem motora e natação. I.S.E.F., U.T.L., Lisboa.
Sarmento, P. ; Moreira, M. & Preto, P. (1998). Observação introspectiva de uma
tarefa do voleibol em ambiente escolar, in revista Millenium, I.P.V., Viseu.
Sarmento, P. ; Leça-Veiga A. ; Rosado A. ; Rodrigues J. & Ferreira V. (1990).
Instrumentos de Observação Sistemática de Educação Física e Desporto. Edições
F.M.H., Pedagogia do Desporto. U.T.L., Lisboa.
Serpa, S. (1993). Avaliação dos processos de interacção. Treinador-Desportista e
Liderança no Desporto, In Ludens, Vol. 13 Nº1 Jan./Mar., Lisboa.
Bibliografia
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
135
Serpa, S. (1996). A relação Treinador – Desportista, in Manual de psicologia
desportiva. Sistemas Humanos Organizacionais, José Fernando Cruz Edições,
Braga.
Soczka, L. (1996). Para uma perspectiva ecológica em psicologia social, in J. Vala &
M. B. Monteiro (coords.), Psicologia Social. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Tavares, G. (1995). Comunicação e informação. O enbuste das novas tecnologias e
a nova máscara do poder, In Ludens, Vol. 15 Nº3 Jul./Set., Lisboa.
Thompson, J. (1999). A mídia e a modernidade: Uma teoria social da mídia. 2ª ed,
Vozes, Petrópolis.
Wolf, M. (1987). Teorias da Comunicação. Editora Presença, Lisboa.
Weaver, W. (1949). A teoria matemática da comunicação, in Gabriel Cohn,
Comunicação e Indústria Cultural, 5ª edição, Paulo, T.A. Queiroz, edition, 1987.
Watzlawick, P. ; Beavin J. & Jackson D. (1972). Une logique de la communication.
Éditions du Seuil.
Anexos
Universidade da Beira Interior
2003 Covilhã
136
ANEXOS
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
137
Anexo 1. Ficha exemplo: sistema de observação do feedback
SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DO FEEDBACK
SESSÃO:____________________DATA:___/___/___ INÍCIO:___H___M
FIM:___H___M.
OBSERVADOR:____________________OBSERVADO:____________________
TEMPO TOTAL DA SESSÃO:___H___M.
Prescritivo Descritivo Avaliativo
Aluno Grupo Classe Aluno Grupo Classe Aluno Grupo Classe
+ - + - + - + - + - + - + - + - + -
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
138
Anexo 2. Ficha exemplo: sistema de observação de atenção e reacção do
aluno ao feedback
SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA ATENÇÃO E REACÇÃO DO ALUNO AO FEEDBACK
SESSÃO:____________________DATA:___/___/___ INÍCIO:___H___M
FIM:___H___M.
OBSERVADOR:___________________OBSERVADO:_______________
TEMPO TOTAL DA SESSÃO:___H___M.
Atenção do aluno ao Feedback Resposta do Aluno ao Feedback
Atento Desatento Indeterminado Altera
Positivo
Altera
Negativo
Não Altera Indeterminado
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
139
Anexo 3. Tempo observado entre os dois grupos
Tempo observado:
Tempo observado em minutos
Treinadores Licenciados Treinadores
40 m. 50 m.
40 m. 40 m.
40 m. 50 m.
45 m. 35 m.
40 m. 40 m.
40 m. 45 m.
40 m. 40 m.
45 m. 40 m.
40 m. 40 m.
40 m. 40 m.
Total / minutos 410 m. 420 m.
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
140
Anexo 4. Distribuição dos valores absolutos e relativos nas diferentes
dimensões
Dimensão Direcção:
Treinadores Licenciados
Dimensão Objectivo
Categorias Prescritivo Descritivo Avaliativo Totais
32 24 14 70
23 23 12 58
17 17 7 41
15 10 6 31
25 20 3 48
33 11 3 47
41 19 2 62
47 11 4 62
48 10 4 62
30 11 3 44
Totais Absolutos 311 156 58 525
Totais Relativos 59,24 29,71 11,05 100,00
Treinadores
Dimensão Objectivo
Prescritivo Descritivo Avaliativo Totais
25 11 3 39
21 12 1 34
23 15 6 44
20 6 0 26
31 15 1 47
32 10 4 46
28 10 3 41
26 12 3 41
34 18 4 56
29 7 4 40
Totais Absolutos 269 116 29 414
Totais Relativos 64,98 28,02 7,00 100,00
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
141
Dimensão Forma:
Treinadores Licenciados
Dimensão Forma
Categorias Auditivo Visual Ouinéstesico Auditivo Visual
Auditivo Ouinéstesico
Auditivo Visual Ouinéstesico Totais
28 0 0 16 0 0 44
41 0 0 21 0 0 62
31 0 0 16 9 6 62
14 1 0 35 0 12 62
24 0 0 20 3 0 47
26 0 0 14 3 1 44
27 0 0 8 0 0 35
30 1 0 10 0 0 41
25 5 1 24 1 2 58
33 0 1 31 1 4 70
Totais Absolutos 279 7 2 195 17 25 525
Totais Relativos 53,14 1,33 0,38 37,14 3,24 4,76 100,00
Treinadores
Dimensão Forma
Auditivo Visual Ouinéstesico Auditivo Visual
Auditivo Ouinéstesico
Auditivo Visual Ouinéstesico Totais
26 0 0 12 0 1 39
24 0 0 9 1 0 34
30 1 0 13 0 0 44
15 1 0 10 0 0 26
15 3 0 26 1 2 47
23 0 0 19 1 3 46
26 1 0 14 0 0 41
22 1 0 16 1 1 41
44 0 0 12 0 0 56
29 0 1 10 0 0 40
Totais Absolutos 254 7 1 141 4 7 414
Totais Relativos 61,35 1,69 0,24 34,06 0,97 1,69 100,00
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
142
Dimensão Direcção:
Treinadores Licenciados
Dimensão Direcção
Categorias Alunos Grupo Classe Totais
32 10 2 44
39 19 4 62
45 7 10 62
45 8 9 62
38 4 5 47
38 0 10 48
20 4 7 31
19 10 12 41
41 0 17 58
29 9 32 70
Totais Absolutos 346 71 108 525
Totais Relativos 65,90 13,52 20,57 100,00
Treinadores
Dimensão Direcção
Alunos Grupo Classe Totais
31 4 4 39
28 4 2 34
26 7 11 44
17 6 3 26
32 6 9 47
35 3 8 46
31 5 5 41
29 6 6 41
38 10 8 56
23 4 13 40
Totais Absolutos 290 55 69 414
Totais Relativos 70,05 13,29 16,67 100,00
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
143
Dimensão Afectividade:
Treinadores Licenciados
Dimensão Afectividade
Categorias Positivo Negativo Totais
53 17 70
45 13 58
30 11 41
25 6 31
37 11 48
33 14 47
51 11 62
51 11 62
54 8 62
42 2 44
Totais Absolutos 421 104 525
Totais Relativos 80,19 19,81 100,00
Treinadores
Dimensão Afectividade
Positivo Negativo Totais
32 7 39
28 6 34
27 17 44
24 2 26
37 10 47
38 8 46
36 5 41
35 6 41
44 12 56
33 7 40
Totais Absolutos 334 80 414
Totais Relativos 80,68 19,32 100,00
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
144
Dimensão Atenção:
Treinadores Licenciados
Dimensão Atenção
Categorias Atento Desatento Totais
4 0 4
4 4 8
7 4 11
4 1 5
6 2 8
5 2 7
6 1 7
5 2 7
7 0 7
5 1 6
5 0 5
9 0 9
3 1 4
3 0 3
5 2 7
5 0 5
4 1 5
7 3 10
3 2 5
5 3 8
Totais Absolutos 102 29 131
Totais Relativos 77,86 22,14 100,00
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
145
Dimensão Atenção:
Treinadores
Dimensão Atenção
Atento Desatento Totais
6 0 6
6 1 7
5 1 6
6 0 6
4 1 5
4 0 4
8 0 8
8 2 10
9 1 10
6 1 7
6 2 8
4 3 7
8 1 9
3 3 6
6 1 7
6 0 6
6 0 6
6 0 6
6 1 7
6 1 7
Totais Absolutos 119 19 138
Totais Relativos 86,23 13,77 100,00
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
146
Dimensão Reacção:
Treinadores Licenciados
Dimensão Reacção
Categorias Modifica o Comportamento positivamente
Modifica o Comportamento Negativamente
Não modifica Totais
3 0 1 4
3 1 4 8
9 0 2 11
3 1 1 5
5 0 3 8
6 0 1 7
7 0 0 7
5 0 2 7
6 0 1 7
3 1 2 6
4 1 0 5
6 0 3 9
1 0 3 4
2 0 1 3
4 0 3 7
5 0 0 5
4 0 1 5
4 1 5 10
3 0 2 5
5 0 3 8
Totais Absolutos 88 5 38 131
Totais Relativos 67,18 3,82 29,01 100,00
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
147
Dimensão Reacção:
Treinadores
Dimensão Reacção
Modifica o Comportamento positivamente
Modifica o Comportamento Negativamente
Não modifica Totais
4 2 0 6
5 0 2 7
3 0 3 6
4 0 2 6
3 1 1 5
3 0 1 4
6 0 2 8
7 0 3 10
7 1 2 10
4 0 3 7
4 0 4 8
3 0 4 7
4 1 4 9
3 0 3 6
3 1 2 6
4 0 2 6
4 0 2 6
4 0 3 7
4 1 2 7
4 1 2 7
Totais Absolutos 83 8 47 138
Totais Relativos 60,14 5,80 34,06 100,00
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
148
Anexo 5. Taxa de feedback/minuto nas várias dimensões
Dimensão Objectivo: Taxa feedback/minuto
Taxa Feedback Minuto prescritivo
Treinadores Licenciados Treinadores
0,78 0,60
0,56 0,50
0,41 0,55
0,37 0,48
0,61 0,76
0,80 0,76
1,00 0,67
1,15 0,79
1,15 0,62
0,76 0,69
Média 0,76 0,64
Taxa Feedback Minuto descritivo
Treinadores Licenciados Treinadores
0,59 0,26
0,56 0,29
0,41 0,36
0,24 0,14
0,49 0,36
0,27 0,24
0,46 0,24
0,27 0,29
0,24 0,43
0,27 0,17
Média 0,38 0,28
Taxa Feedback Minuto avaliativo
Treinadores Licenciados Treinadores
0,34 0,07
0,29 0,02
0,17 0,14
0,15 0,00
0,07 0,02
0,07 0,10
0,05 0,07
0,10 0,07
0,10 0,10
0,07 0,10
Média 0,14 0,07
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
149
Dimensão Forma: Taxa feedback/minuto
Taxa Feedback Minuto auditivo
Treinadores Licenciados Treinadores
0,68 0,62
1,00 0,57
0,76 0,71
0,34 0,36
0,59 0,36
0,63 0,55
0,66 0,62
0,73 0,52
0,61 1,05
0,80 0,69
Média 0,68 0,60
Taxa Feedback Minuto Visual
Treinadores Licenciados Treinadores
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,02
0,02 0,02
0,00 0,07
0,00 0,00
0,00 0,02
0,02 0,02
0,12 0,00
0,00 0,00
Média 0,02 0,02
Taxa Feedback Minuto Quinéstesico
Treinadores Licenciados Treinadores
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,00
0,02 0,00
0,02 0,02
Média 0,0049 0,0024
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
150
Dimensão Forma: Taxa feedback/minuto
Taxa Feedback Minuto Auditivo Visual
Treinadores Licenciados Treinadores
0,39 0,29
0,51 0,21
0,39 0,31
0,85 0,24
0,49 0,62
0,34 0,45
0,20 0,33
0,24 0,38
0,59 0,29
0,76 0,24
Média 0,48 0,34
Taxa Feedback Minuto Auditivo Quinéstesico
Treinadores Licenciados Treinadores
0,00 0,00
0,00 0,02
0,22 0,00
0,00 0,00
0,07 0,02
0,07 0,02
0,00 0,00
0,00 0,02
0,02 0,00
0,02 0,00
Média 0,04 0,01
Taxa Feedback Minuto Auditivo Visual Quinéstesico
Treinadores Licenciados Treinadores
0,00 0,02
0,00 0,00
0,15 0,00
0,29 0,00
0,00 0,05
0,02 0,07
0,00 0,00
0,00 0,02
0,05 0,00
0,10 0,00
Média 0,06 0,02
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
151
Dimensão Direcção: Taxa feedback/minuto
Taxa Feedback Minuto alunos
Treinadores Licenciados Treinadores
0,78 0,74
0,95 0,67
1,10 0,62
1,10 0,40
0,93 0,76
0,93 0,83
0,49 0,74
0,46 0,69
1,00 0,90
0,71 0,55
Média 0,84 0,69
Taxa Feedback Minuto grupo
Treinadores Licenciados Treinadores
0,24 0,10
0,46 0,10
0,17 0,17
0,20 0,14
0,10 0,14
0,00 0,07
0,10 0,12
0,24 0,14
0,00 0,24
0,22 0,10
Média 0,17 0,13
Taxa Feedback Minuto classe
Treinadores Licenciados Treinadores
0,05 0,10
0,10 0,05
0,24 0,26
0,22 0,07
0,12 0,21
0,24 0,19
0,17 0,12
0,29 0,14
0,41 0,19
0,78 0,31
Média 0,26 0,16
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
152
Dimensão Afectividade: Taxa feedback/minuto
Taxa Feedback Minuto positivo
Treinadores Licenciados Treinadores
1,29 0,76
1,10 0,67
0,73 0,64
0,61 0,57
0,90 0,88
0,80 0,90
1,24 0,86
1,24 0,83
1,32 1,05
1,02 0,79
Média 1,03 0,80
Taxa Feedback Minuto negativo
Treinadores Licenciados Treinadores
0,41 0,17
0,32 0,14
0,27 0,40
0,15 0,05
0,27 0,24
0,34 0,19
0,27 0,12
0,27 0,14
0,20 0,29
0,05 0,17
Média 0,25 0,19
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
153
Dimensão Atenção: Taxa feedback/minuto
Taxa Feedback Minuto atento
Treinadores Licenciados Treinadores
0,03 0,04
0,03 0,04
0,05 0,04
0,03 0,04
0,05 0,03
0,04 0,03
0,05 0,06
0,04 0,06
0,05 0,07
0,04 0,04
0,04 0,04
0,07 0,03
0,02 0,06
0,02 0,02
0,04 0,04
0,04 0,04
0,03 0,04
0,05 0,04
0,02 0,04
0,04 0,04
Média 0,78 0,86
Taxa Feedback Minuto desatento
Treinadores Licenciados Treinadores
0,00 0,00
0,03 0,01
0,03 0,01
0,01 0,00
0,02 0,01
0,02 0,00
0,01 0,00
0,02 0,01
0,00 0,01
0,01 0,00
0,00 0,01
0,00 0,02
0,01 0,01
0,00 0,02
0,02 0,01
0,00 0,00
0,01 0,00
0,02 0,00
0,02 0,01
0,02 0,01
Média 0,22 0,13
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
154
Dimensão Reacção: Taxa feedback/minuto
Taxa Feedback Minuto modifica positivo
Treinadores Licenciados Treinadores
0,03 0,04
0,03 0,05
0,09 0,03
0,03 0,04
0,05 0,03
0,06 0,03
0,07 0,06
0,05 0,07
0,06 0,07
0,03 0,04
0,04 0,04
0,06 0,03
0,01 0,04
0,02 0,03
0,04 0,03
0,05 0,04
0,04 0,04
0,04 0,04
0,03 0,04
0,05 0,04
Média 0,88 0,83
Taxa Feedback Minuto modifica negativo
Treinadores Licenciados Treinadores
0,00 0,02
0,01 0,00
0,00 0,00
0,01 0,00
0,00 0,01
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,00
0,00 0,01
0,01 0,00
0,01 0,00
0,00 0,00
0,00 0,01
0,00 0,00
0,00 0,01
0,00 0,00
0,00 0,00
0,01 0,00
0,00 0,01
0,00 0,01
Média 0,05 0,08
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
155
Dimensão Reacção: Taxa feedback/minuto
Taxa Feedback Minuto não modifica
Treinadores Licenciados Treinadores
0,01 0,00
0,04 0,02
0,02 0,03
0,01 0,02
0,03 0,01
0,01 0,01
0,00 0,02
0,02 0,03
0,01 0,02
0,02 0,03
0,00 0,04
0,03 0,04
0,03 0,04
0,01 0,03
0,03 0,02
0,00 0,02
0,01 0,02
0,05 0,03
0,02 0,02
0,03 0,02
Média 0,38 0,47
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
156
Anexo 6. Média da taxa de feedback/minuto dos treinadores licenciados e
dos treinadores
Taxa de feedbacks por minuto: Treinadores Licenciados
Treinadores Licenciados
Taxa de feedbacks
Sessão Tempo de observação em minutos
Totais de Feedbacks emitidos
Taxa de feedbacks por minuto
1 40 70 1,75
2 40 58 1,45
3 40 41 1,03
4 45 31 0,69
5 40 48 1,20
6 40 47 1,18
7 40 62 1,55
8 45 62 1,38
9 40 62 1,55
10 40 44 1,10
Totais Absolutos 410 525 1,28
Taxa de feedbacks por minuto: Treinadores
Treinadores
Taxa de feedbacks
Sessão Tempo de observação em minutos
Totais de Feedbacks emitidos
Taxa de feedbacks por minuto
1 50 39 0,78
2 40 34 0,85
3 50 44 0,88
4 35 26 0,74
5 40 47 1,18
6 45 46 1,02
7 40 41 1,03
8 40 41 1,03
9 40 56 1,40
10 40 40 1,00
Totais Absolutos 420 414 0,99
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
157
Anexo 7. Estatística descritiva básica NPar Tests & Kruskal-Wallis Test
Dimensão: Objectivo Categoria: Prescritivo NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,6990 ,2176 ,34 1,15
20 1,50 ,51 1 2
TOD
COM
N Mean Std. Dev iation Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 11,90
10 9,10
20
COM
1
2
Total
TOD
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
1,124
1
,289
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TOD
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMb.
Dimensão: Objectivo Categoria: Descritivo
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,3290 ,1244 ,14 ,59
20 1,50 ,51 1 2
TODO
COMP
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 12,50
10 8,50
20
COMP
1
2
Total
TODO
N Mean Rank
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
158
Test Statisticsa,b
2,314
1
,128
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODO
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPb.
Dimensão: Objectivo Categoria: Avaliativo
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,1050 8,363E-02 ,00 ,34
20 1,50 ,51 1 2
TODOS
COMPA
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 12,65
10 8,35
20
COMPA
1
2
Total
TODOS
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
2,758
1
,097
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPAb.
Dimensão: Forma Categoria: Auditivo
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,6425 ,1826 ,34 1,05
20 1,50 ,51 1 2
T
CO
N Mean Std. Dev iation Minimum Maximum
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
159
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 12,20
10 8,80
20
CO
1
2
Total
T
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
1,654
1
,198
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
T
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COb.
Dimensão: Forma Categoria: Visual
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 1,550E-02 2,982E-02 ,00 ,12
20 1,50 ,51 1 2
TOD
COM
N Mean Std. Dev iation Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 9,65
10 11,35
20
COM
1
2
Total
TOD
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
,544
1
,461
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TOD
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMb.
Dimensão: Forma
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
160
Categoria: Ouinéstesico
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 3,000E-03 7,327E-03 ,00 ,02
20 1,50 ,51 1 2
TODO
COMP
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 11,00
10 10,00
20
COMP
1
2
Total
TODO
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
,373
1
,542
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODO
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPb.
Dimensão: Forma Categoria: Auditivo – Visual
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,4060 ,1825 ,20 ,85
20 1,50 ,51 1 2
TODOS
COMPA
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 12,70
10 8,30
20
COMPA
1
2
Total
TODOS
N Mean Rank
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
161
Test Statisticsa,b
2,778
1
,096
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPAb.
Dimensão: Forma Categoria: Auditivo – Ouinéstesico
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 2,400E-02 5,082E-02 ,00 ,22
20 1,50 ,51 1 2
TODOSS
COMPAR
N Mean Std. Dev iation Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 11,60
10 9,40
20
COMPAR
1
2
Total
TODOSS
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
,856
1
,355
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOSS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPARb.
Dimensão: Forma
Categoria: Auditivo – Visual – Ouinéstesico
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 3,850E-02 7,184E-02 ,00 ,29
20 1,50 ,51 1 2
TODOSSS
COMPARA
N Mean Std. Dev iation Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
162
Ranks
10 11,55
10 9,45
20
COMPARA
1
2
Total
TODOSSS
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
,758
1
,384
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOSSS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPARAb.
Dimensão: Direcção
Categoria: Aluno NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,7675 ,2025 ,40 1,10
20 1,50 ,51 1 2
TOD
COM
N Mean Std. Dev iation Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 13,00
10 8,00
20
COM
1
2
Total
TOD
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
3,580
1
,058
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TOD
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMb.
Dimensão: Direcção
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
163
Categoria: Grupo
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,1525 ,1009 ,00 ,46
20 1,50 ,51 1 2
TODO
COMP
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 11,55
10 9,45
20
COMP
1
2
Total
TODO
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
,645
1
,422
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODO
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPb.
Dimensão: Direcção
Categoria: Classe
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,2130 ,1629 ,05 ,78
20 1,50 ,51 1 2
TODOS
COMPA
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 11,95
10 9,05
20
COMPA
1
2
Total
TODOS
N Mean Rank
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
164
Test Statisticsa,b
1,206
1
,272
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPAb.
Dimensão: Afectividade
Categoria: Positivo
NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,9100 ,2323 ,57 1,32
20 1,50 ,51 1 2
TODO
COMP
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 13,15
10 7,85
20
COMP
1
2
Total
TODO
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
4,019
1
,045
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODO
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPb.
Dimensão: Afectividade
Categoria: Negativo NPar Tests
Descriptive Statistics
20 ,2230 ,1026 ,05 ,41
20 1,50 ,51 1 2
TODOS
COMPA
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
165
Ranks
10 12,65
10 8,35
20
COMPA
1
2
Total
TODOS
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
2,668
1
,102
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPAb.
Dimensão: Atenção
Categoria: Atento NPar Tests
Descriptive Statistics
40 4,075E-02 1,207E-02 ,02 ,07
39 1,49 ,51 1 2
TODO
COMP
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
20 18,80
19 21,26
39
COMP
1
2
Total
TODO
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
,518
1
,472
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODO
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPb.
Dimensão: Atenção
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
166
Categoria: Desatento NPar Tests
Descriptive Statistics
40 9,750E-03 8,912E-03 ,00 ,03
40 1,50 ,51 1 2
TODOS
COMPA
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
20 23,60
20 17,40
40
COMPA
1
2
Total
TODOS
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
3,148
1
,076
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPAb.
Dimensão: Reacção
Categoria: Modifica o Comportamento Positivamente
NPar Tests
Descriptive Statistics
40 4,275E-02 1,552E-02 ,01 ,09
40 1,50 ,51 1 2
TOD
COMP
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
20 21,33
20 19,67
40
COMP
1
2
Total
TOD
N Mean Rank
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
167
Test Statisticsa,b
,213
1
,644
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TOD
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPb.
Dimensão: Reacção
Categoria: Modifica o Comportamento Negativamente
NPar Tests
Descriptive Statistics
40 3,250E-03 5,256E-03 ,00 ,02
40 1,50 ,51 1 2
TODO
COMPA
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
20 19,38
20 21,63
40
COMPA
1
2
Total
TODO
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
,582
1
,446
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODO
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPAb.
Dimensão: Reacção
Categoria: Não Modifica o Comportamento
NPar Tests
Descriptive Statistics
40 2,125E-02 1,223E-02 ,00 ,05
40 1,50 ,51 1 2
TODOS
COMPAR
N Mean Std. Dev iation Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Anexos
Universidade da Beira Interior 2003 Covilhã
168
Ranks
20 18,23
20 22,77
40
COMPAR
1
2
Total
TODOS
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
1,610
1
,204
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPARb.
NPar Tests & Kruskal-Wallis Test:
Totais Comparação NPar Tests
Descriptive Statistics
20 1,1335 ,2842 ,62 1,71
20 1,50 ,51 1 2
TODOS
COMPA
N Mean Std. Dev iat ion Minimum Maximum
Kruskal-Wallis Test
Ranks
10 13,70
10 7,30
20
COMPA
1
2
Total
TODOS
N Mean Rank
Test Statisticsa,b
5,874
1
,015
Chi-Square
df
Asy mp. Sig.
TODOS
Kruskal Wallis Testa.
Grouping Variable: COMPAb.