o sistema agrícola de produção integrada e o sistema de informação

O sistema agriacutecola de produccedilatildeo integrada 389

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 9 n 3 p 389-401 2007

O SISTEMA AGRIacuteCOLA DE PRODUCcedilAtildeO INTEGRADAE O SISTEMA DE INFORMACcedilAtildeO

The Integrated Agricultural Production System and the Information System

Ricardo Alexandre Raschiatore1 Maria Tereza Saraiva de Souza2 Raquel da Silva Pereira3

RESUMOObjetivou-se neste artigo apresentar o Sistema Agriacutecola de Produccedilatildeo Integrada - SAPI - destacando os sistemas de informaccedilatildeonecessaacuterios para sua implementaccedilatildeo bem como os impactos do SAPI para o desenvolvimento sustentaacutevel e para a qualidade e sauacutededos alimentos oferecidos Satildeo abordados aspectos como rastreabilidade e identificaccedilatildeo agricultura sustentaacutevel integraccedilatildeo dasinformaccedilotildees Codex Alimentarius entre outros Foi realizada uma pesquisa bibliograacutefica e documental em bases de dados acadecircmicassobre o tema bem como a participaccedilatildeo em seminaacuterios e congressos internacionais As conclusotildees apontam para a importacircncia dodesenvolvimento do SAPI no Brasil assim como as dificuldades de se desenvolver e implementar esse sistema O SAPI que vemsendo amplamente aplicado na Produccedilatildeo Integrada de Frutas contribui para o desenvolvimento sustentaacutevel o incremento daqualidade e a sanidade dos produtos com menos uso de agroquiacutemicos

Palavras-chave agricultura sustentaacutevel fruticultura sistemas de informaccedilatildeo sistema agriacutecola de produccedilatildeo integrada rastreabilidadeCodex Alimentarius

ABSTRACTThis article introduces the Integrated Agricultural Production System ndash IAPS - focusing mainly on the role of information systemsnecessary for its implementation as well as the impact it will have for the sustainable development and health quality of the foodproduced and offered Some aspects as traceability and identification sustainable agriculture information integration Codex Alimentariusamong others are all considered Bibliographical and documental researches were conducted in academic data banks and also participationin international congresses and seminars related to the theme The conclusions indicate the importance of IAPSrsquos development inBrazil as well as the difficulties of developing and implementing this system It was also concluded that IAPS which was considerablyapplied to Fruit Integrated Production enables the sustainable development health product quality increment using less chemicalproducts

Key words sustainable agriculture fruit growing integrated agricultural production system traceability Codex Alimentarius

Recebido em 24102005 e aprovado em 11032008

1 Mestre em Administraccedilatildeo (Universidade Nove de Julho) Professor das Faculdades Integradas do Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa - FIPEP Gerente de novos negoacutecios - Softcomex Informaacutetica Ltda Rua Eugecircnio Trevisan 300-ap 13 Jd Itaacutelia ndash VinhedoSP - CEP13280-000 -

raschiatoregmailcom2 Doutora em Administraccedilatildeo de Empresas (EAESPFGV) Professora do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo - PPGA da Universidade

Nove de Julho Alameda Ministro Rocha Azevedo 64443 ndash Jardim Paulista Satildeo PauloSP ndash CEP 01410-000 - mterezauninovebr3 Doutora em Ciecircncias Sociais (PUCSP) Professora do Centro Universitaacuterio Senac Rua Gilberto Sampaio 43 ndash apto 51- Jardim Satildeo Paulo Satildeo

PauloSP ndash CEP 02043-020 - raquelspereirauolcombr

1 INTRODUCcedilAtildeO

A anaacutelise de longo prazo que engloba as trecircsuacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX e os primeiros anos dessadeacutecada mostra as grandes tendecircncias para o setoragropecuaacuterio nos paiacuteses da Ameacuterica Latina e Caribe Entreos pontos que valem destaque pode-se citar a participaccedilatildeoda agropecuaacuteria no Produto Nacional Bruto (PNB) dessespaiacuteses que pode variar entre 8 para Trindade e Tobagoe 50 para Guiana No Brasil o setor agropecuaacuterio voltoua mostrar um grande dinamismo no periacuteodo de 2000-2004posto que seu crescimento superou os 6 (CEPAL 2005)No caso do Brasil a agropecuaacuteria representa cerca de 12do PNB considerando-se apenas o valor da produccedilatildeoQuando se usa o conceito de agronegoacutecio (que abrange a

soma total das operaccedilotildees de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo deinsumos e novas tecnologias agriacutecolas armazenamentotransporte processamento e distribuiccedilatildeo dos produtosagriacutecolas e seus derivados) a participaccedilatildeo do complexoagroindustrial alcanccedila mais de 35 do PNB brasileiro Issoevidencia o efeito multiplicador que esse setor exerce sobrea economia como um todo e sobre o interior do paiacutes emparticular (BRASIL 2004a) Segundo dados do Ministeacuterioda Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento - MAPA(BRASIL 2004b) o agronegoacutecio brasileiro responde por42 do total de exportaccedilotildees e 37 dos empregos O Brasilpossui a maior aacuterea agricultaacutevel entre todos os paiacuteses amaior concentraccedilatildeo de aacutegua doce e eacute agraciado com maisde 3000 horas de sol por ano Segundo previsatildeo do MAPA

RASCHIATORE R A et al 390


o Brasil seraacute o maior produtor mundial de alimentos naproacutexima deacutecada

Para Ponccedilano et al (2004) todo esse crescimentonas aacutereas produtivas e de exportaccedilatildeo e ainda mais asprevisotildees positivas para a proacutexima deacutecada tecircm chamado aatenccedilatildeo de outros paiacuteses principalmente daqueles quesatildeo competidores diretos do Brasil

O comportamento do mercado mundial apresentauma crescente busca por processos que resultem emprodutos agropecuaacuterios seguros para a sauacutede humana edesenvolvidos com responsabilidade social esustentabilidade ambiental Segundo Digiovani (2002) paraque o sistema de produccedilatildeo de alimentos seja totalmenteconfiaacutevel deve-se buscar a certificaccedilatildeo de produtos quegarantam sua procedecircncia e atestam que os fatoresambientais de seguranccedila alimentar e de qualidade forammonitorados em toda cadeia produtiva

Buscando atender agraves exigecircncias atuais Andriguetoamp Kososli (2004) afirmam que o Ministeacuterio da AgriculturaPecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) criou o Programa deDesenvolvimento da Fruticultura ndash PROFRUTA comoprioridade estrateacutegica e estabeleceu como objetivo elevaros padrotildees de qualidade e competitividade da fruticulturabrasileira ao patamar de excelecircncia requerido pelo mercadointernacional em bases voltadas para o sistema integradode produccedilatildeo sustentabilidade do processo expansatildeo daproduccedilatildeo e emprego e renda

A partir desses fatos com este artigo de naturezaconceitual visa-se estudar a origem a importacircncia osrequisitos e os fatores criacuteticos na implantaccedilatildeo do SistemaAgriacutecola de Produccedilatildeo Integrada ndash SAPI enfatizando osrequisitos e a importacircncia dos sistemas de informaccedilatildeo Naprimeira parte aborda-se o referencial teoacuterico que enfocauma junccedilatildeo de conceitos que representam fatoresimportantes para o desenvolvimento de um SAPI Entreesses conceitos estatildeo o de agricultura sustentaacutevel CodexAlimentarius acreditaccedilatildeo certificaccedilatildeo identificaccedilatildeo erastreabilidade sistemas de informaccedilatildeo para arastreabilidade entre outros Na segunda parte satildeoapresentados alguns resultados da implantaccedilatildeo do SAPIno processo de Produccedilatildeo Integrada de Frutas (PIF)

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos foramexaminadas obras de referecircncia sobre desenvolvimentosustentaacutevel e de boas praacuteticas de produccedilatildeo agriacutecolamanuais de produccedilatildeo integrada de frutas artigosacadecircmicos bases de dados eletrocircnicas como o Proqueste EBSCO e a participaccedilatildeo em conferecircncias e seminaacuteriosinternacionais

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

21 Agricultura sustentaacutevel

Segundo Cavalcanti (1998 p 165) sustentabilidadesignifica a ldquopossibilidade de se obterem continuamentecondiccedilotildees iguais ou superiores de vida para um grupo depessoas e seus sucessores em dado ecossistemardquo

Segundo Sachs (2002) a sustentabilidade constitui-se num conceito dinacircmico que leva em conta asnecessidades crescentes das populaccedilotildees num contextointernacional em constante expansatildeo Para o autor asustentabilidade tem como base 8 criteacuterios sustentabilidadesocial sustentabilidade cultural sustentabilidade ecoloacutegicasustentabilidade ambiental sustentabilidade territorialsustentabilidade econocircmica sustentabilidade poliacuteticanacional e sustentabilidade poliacutetica internacional

De acordo com Novaes (2003) natildeo haveraacute cidadessustentaacuteveis sem agricultura sustentaacutevel Tampouco seconseguiraacute atingir a sustentabilidade no campo ou nacidade sem ciecircncia e tecnologia voltadas agraves necessidadescoletivas do paiacutes muito menos sem que a gestatildeo dosrecursos naturais permeie cada uma dessas instacircncias e osetor de infra-estrutura Nem se chegaraacute agrave sustentabilidadese ela natildeo tiver como base e como promotor o capital socialdo paiacutes

De acordo com Marangoni amp Baldi (2004) asmudanccedilas socioeconocircmicas dos uacuteltimos 30 anos tecircmtransformado significativamente os objetivos e asestrateacutegias da produccedilatildeo agriacutecola o que ocasionou umenorme impacto no meio ambiente e nos recursos naturais

Segundo Furtado amp Furtado (2000) as profundastransformaccedilotildees pelas quais vem passando a humanidadetrazem novos desafios para se pensar uma nova realidadeespecialmente no espaccedilo rural

Para os autores o encurtamento das distacircnciasespaciais a rapidez da informaccedilatildeo ou seja a compressatildeodo espaccedilondashtempo mostram o resultado de avanccedilostecnoloacutegicos que permitiram um novo tipo deldquoglobalizaccedilatildeordquo econocircmico-financeira implicando umareestruturaccedilatildeo da organizaccedilatildeo social o aparecimento denovas dinacircmicas sociais e a recomposiccedilatildeo do espaccedilo ruralEssas transformaccedilotildees na composiccedilatildeo poliacutetica geograacuteficaeconocircmica social e cultural ocorridas no mundo tecircmafetado a sociedade apontando para novos paradigmasde desenvolvimento

De acordo com Veiga (2003) sem freiosinstitucionais os praguicidas e os fertilizantes quiacutemicoscontinuaratildeo a ser utilizados ateacute o limiar de sua rentabilidadeque costuma estar muito aleacutem do limiar de nocividade Sem



interdiccedilatildeo quaisquer produtos perigosos mas lucrativosnatildeo cessaratildeo de ser empregados Mateacuterias-primasduvidosas continuaratildeo a ser usadas pelas induacutestrias deraccedilotildees e lugares dos mais insubstituiacuteveis seratildeo exploradose espeacutecies das mais raras seratildeo extintas Para o autor hojemesmo em paiacuteses perifeacutericos a grande massa dosprodutores soacute consegue um padratildeo de vida dos maismodestos se participar de uma intensa maratonatecnoloacutegica E eacute justamente essa corrida desenfreada pelaadoccedilatildeo dos pacotes tecnoloacutegicos da agricultura modernaque provoca por aqui os mesmos impactos prejudiciais eameaccedilas ambientais antes constatados na Europa naAmeacuterica do Norte ou no Japatildeo

Para o autor apesar de seus mais de dez mil anos aagricultura permanece sendo a atividade humana que maisintimamente conecta a sociedade com a natureza O autorcontinua e evoca que por mais que se esteja vivendo naldquoaurora de uma nova Erardquo ndash rotulada de poacutes-industrial oupoacutes-moderna - a verdade eacute que a humanidade continuamuito longe de encontrar uma fonte de energia necessaacuteriaagrave vida que dispense o consumo de plantas e animais comoocorre haacute dois milhotildees de anos

Veiga informa que aquilo que em especial revela ouso da expressatildeo ldquoagricultura sustentaacutevelrdquo eacute a crescenteinsatisfaccedilatildeo com a base da agricultura moderna Aexpressatildeo indica o desejo social de praacuteticas quesimultaneamente conservem os recursos naturais eforneccedilam produtos mais saudaacuteveis sem comprometer osniacuteveis tecnoloacutegicos jaacute alcanccedilados de seguranccedila alimentarldquoAgricultura sustentaacutevelrdquo resulta de emergentes pressotildeessociais em favor de uma agricultura que natildeo prejudique omeio ambiente e a sauacutede

O autor deixa de lado as nuanccedilas das dezenas dedefiniccedilotildees sobre ldquoagricultura sustentaacutevelrdquo e afirma quetodas transmitem a visatildeo de um futuro padratildeo produtivode alimentos fibras e mateacuterias-primas energeacuteticas quegarantam a manutenccedilatildeo no longo prazo dos recursosnaturais e da produtividade agropecuaacuteria o miacutenimo deimpactos adversos ao ambiente retornos adequados aosprodutores otimizaccedilatildeo da produccedilatildeo com um miacutenimo deinsumos externos satisfaccedilatildeo das necessidades humanasde alimentos e renda e atendimento agraves demandas sociaisdas famiacutelias e comunidades rurais

22 Codex Alimentarius - Coacutedigo dos Alimentos

O Codex Alimentarius eacute um programa conjunto daOrganizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e aAlimentaccedilatildeo - FAO e da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede -OMS Trata-se de um foacuterum internacional de normalizaccedilatildeo

sobre alimentos criado em 1962 cujas normas tecircm comofinalidade proteger a sauacutede da populaccedilatildeo assegurandopraacuteticas equumlitativas no comeacutercio regional e internacionalde alimentos criando mecanismos internacionais dirigidosagrave remoccedilatildeo de barreiras tarifaacuterias fomentando ecoordenando todos os trabalhos que se realizam emnormalizaccedilatildeo (INMETRO 2004)

De acordo com Martinelli (2004) o CodexAlimentarius eacute um conjunto amplo de normas que abrangeassuntos gerais (resiacuteduos de pesticidas e medicamentosveterinaacuterios aditivos rotulagem inspeccedilatildeo e certificaccedilatildeomeacutetodos de anaacutelise e amostragem nutriccedilatildeo e higiene) ateacutenormas para produtos incluindo desde os processadosateacute os alimentos ldquoin naturardquo

O Codex Alimentarius se converteu em um pontode referecircncia mundial para os consumidores produtoreselaboradores de alimentos para os organismos nacionaisde controle dos alimentos e para o comeacutercio internacionalde produtos alimentares Sua influecircncia se estende a todosos continentes e contribui para a proteccedilatildeo da sauacutede dosconsumidores e para a garantia de praacuteticas equumlitativas nocomeacutercio de produtos alimentares (BRASIL 2004c)

O Codex Alimentarius oferece aos paiacuteses umaoportunidade de unir-se agrave comunidade internacional como objetivo de harmonizar as normas alimentares e participarde sua aplicaccedilatildeo em escala mundial Tambeacutem permite aospaiacuteses participar na formulaccedilatildeo de normas alimentares deuso internacional e contribuir com a elaboraccedilatildeo de coacutedigosde praacuteticas de higiene e recomendaccedilotildees relativas aocumprimento dessas normas (BRASIL 2004c)

Martinelli (2004) afirma que o crescimento docomeacutercio mundial de alimentos criou oportunidadespotenciais para os paiacuteses em desenvolvimento expandiremsua economia Por outro lado a ampliaccedilatildeo do comeacutercioentre as naccedilotildees aumentou o potencial de doenccedilas a seremtransmitidas entre os paiacuteses

Segundo ainda o autor a importacircncia do Codex estaacuteem desenvolver normas adequadas para proteger a sauacutededos consumidores O Codex fornece oportunidades para ointercacircmbio de informaccedilotildees permitindo aos paiacutesesmembros manterem-se atualizados quanto aodesenvolvimento de novas tecnologias

Na deacutecada de 1970 o Brasil tornou-se membro doCodex Alimentarius mas foi a partir de 1980 que seconseguiu uma articulaccedilatildeo mais representativa do setoralimentiacutecio com a criaccedilatildeo do Comitecirc do CodexAlimentarius do Brasil (CCAB) por meio das Resoluccedilotildees0180 e 0788 do Conmetro O CCAB tem como principaisfinalidades a participaccedilatildeo representando o Paiacutes nos



Comitecircs internacionais do Codex Alimentarius e a defesados interesses nacionais bem como a utilizaccedilatildeo dasNormas Codex como referecircncia para a elaboraccedilatildeo e aatualizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e a regulamentaccedilatildeo nacional dealimentos (BRASIL 2004c)

O CCAB visa representar todos os segmentos daaacuterea de alimentos e eacute composto por oacutergatildeos do governodas induacutestrias e de oacutergatildeo de defesa do consumidor Acoordenaccedilatildeo e a secretaria executiva do CCAB satildeoexercidas pelo Inmetro sendo o Ministeacuterio das RelaccedilotildeesExteriores o ponto de contato do comitecirc brasileiro com acomissatildeo do Codex Alimentarius (BRASIL 2004c)

23 Acreditaccedilatildeo certificaccedilatildeo identificaccedilatildeo erastreabilidade

Segundo Machado (2000) padrotildees servem paracomunicar informaccedilotildees para clientes e consumidores deuma forma consistente e confiaacutevel Quando se adotampadrotildees que exigem a adoccedilatildeo de processos produtivosespeciacuteficos ou atributos diferenciados eacute comum usar orecurso de certificaccedilatildeo para atestar se tanto o processoprodutivo quanto o produto atendem agraves propriedadesdefinidas

Machado (2000 p 79) define certificaccedilatildeo como ldquouminstrumento formal que garante o produto segundoespecificaccedilotildees de qualidade preestabalecidas e eacute reconhecidacomo um instrumento indispensaacutevel para dar confiabilidadeaos produtos serviccedilos e empresas num paiacutesrdquo

Segundo Vieira amp Naka (2004) o sistema deacreditaccedilatildeo e de certificaccedilatildeo destina-se a assegurar aconformidade do processo produtivo em relaccedilatildeo agraves normasteacutecnicas estabelecidas A expressatildeo dessa qualidade entreoutras formas pode ser o selo de conformidade que propiciaas condiccedilotildees teacutecnicas de origem do produto aleacutem daindicaccedilatildeo dos organismos de acreditaccedilatildeo e de certificaccedilatildeoque atestam a responsabilidade e a confiabilidade dosistema

Os mesmos autores salientam ainda que em qualquersituaccedilatildeo de alerta que apontem situaccedilotildees de natildeo-conformidade inicia-se o acionamento dos sistemas deinformaccedilatildeo que indicam a propriedade geradora do produtoAssim o processo eacute constantemente retroalimentadopossibilitando procedimentos de correccedilatildeo adaptaccedilatildeo einovaccedilatildeo que objetiva a gestatildeo de riscos e a seguranccedila doproduto ofertado

Outro fator destacado pelos autores eacute que naexistecircncia de um sistema de acreditaccedilatildeo eacute necessaacuteria apresenccedila de organismos independentes responsaacuteveis pelaauditoria do processo possibilitando reconhecimento e

confianccedila de abrangecircncia internacional aleacutem deconstituiacuterem instituiccedilotildees estruturadas em conformidadecom as bases metodoloacutegicas e teacutecnicas de sistemas deacreditaccedilatildeo e certificaccedilatildeo

Segundo Kuster (2004) no Brasil o InstitutoNacional de Metrologia ndash INMETRO eacute a instituiccedilatildeoresponsaacutevel por definir o sistema de acreditaccedilatildeo certificaccedilatildeoe rastreabilidade sob o regime de Produccedilatildeo Integrada deFrutas baseando esse sistema nas normas do EurepGap OEurepGap (GAP significa Good Agricultural Practices) eacuteum Documento Normativo de certificaccedilatildeo internacional quepor sua vez estaacute acreditado segundo a normativa ISO 65(EN 45011) portanto pode ser aplicado globalmente comos mesmos niacuteveis profissionais Esse documento foidesenvolvido em niacutevel mundial por representantes de todosos setores da induacutestria de frutas e legumes (EUREPGAP2004)

De acordo com Furness (2004) a identificaccedilatildeo eacute achave da rastreabilidade Ela deve distinguir um item deoutro e associar a essa distinccedilatildeo dados ou informaccedilotildeesUm dado pode ser qualquer informaccedilatildeo quantitativa ouqualitativa expressada de forma que possa ser seguramentemanipulada interpretada e usada para gerar informaccedilotildeessignificativas

A Uniatildeo Europeacuteia define rastreabilidade como

a capacidade de detectar a origem e de seguir o rastro deum gecircnero alimentiacutecio de um alimento para animais deum animal produtor de gecircnero alimentiacutecio ou de umasubstacircncia destinada a ser incorporada em gecircnerosalimentiacutecios ou alimentos para animais ou comprobabilidade de ser ao longo de todas as fases daproduccedilatildeo transformaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo (EUROPEANUNION 2002 p 8)

A rastreabilidade eacute definida pela OrganizaccedilatildeoInternacional para a Normalizaccedilatildeo (ISO 84021994) comoldquoa habilidade de rastrear a histoacuteria aplicaccedilatildeo ou localizaccedilatildeode uma entidade atraveacutes de identificaccedilatildeo registradardquo Abase da rastreabilidade encontra-se no desenvolvimentode sistemas que forneccedilam informaccedilatildeo sobre todo o ciclode vida dos produtos alimentares ldquoda fazenda ndash ou mar ndashpara o garfordquo (FAO 2003 p 1)

De acordo com Costa amp Eucliacutedes Filho (2002) arastreabilidade significa que cada segmento da cadeiaalimentar pode seguir o rastro de um alimento e conhecertoda a sua histoacuteria antes e depois desse segmento emoutras palavras significa conhecer a procedecircncia de umproduto e saber por onde ele passou A rastreabilidade



significa portanto maior informaccedilatildeo e responsabilidade eexige a aplicaccedilatildeo de um sistema eficaz de identificaccedilatildeo doproduto desde a sua produccedilatildeo ateacute a sua comercializaccedilatildeo

Segundo Machado (2000) o conceito derastreabilidade e identificaccedilatildeo diferem no fato de que aidentificaccedilatildeo apenas identifica unidades ou lotes doproduto jaacute a rastreabilidade eacute uma atividade complexa quealeacutem de identificar fornece informaccedilotildees sobre a procedecircnciado material utilizado em determinado produto eou ascaracteriacutesticas desse produto Para que a rastreabilidadeseja possiacutevel eacute necessaacuterio documentar objetivamente asatividades independentes que influenciam a qualidade deum produto

Outra diferenciaccedilatildeo que vale destaque eacute entre oconceito de rastreabilidade e de certificaccedilatildeo Arastreabilidade eacute um processo mecacircnico que documentatodos os estaacutegios de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo pelos osquais os alimentos iratildeo passar Jaacute a certificaccedilatildeo eacute umaafirmaccedilatildeo que assegura certas especificaccedilotildees como porexemplo a colheita o processamento ou o manuseio queforam realizadas em conformidade com padrotildees ambientaissociais de seguranccedila alimentar e de qualidade (FAO 2003)

Segundo Fachinello et al (2004) na produccedilatildeointegrada eacute indispensaacutevel manter os registros de todos osprocedimentos e operaccedilotildees adotadas no campo e nasempacotadoras atraveacutes de cadernos de campo e de poacutes-colheita Tais registros satildeo necessaacuterios para a emissatildeo doselo de conformidade de produccedilatildeo e concomitantementeconstituem as bases para a rastreabilidade

24 Sistemas de informaccedilatildeo para a rastreabilidade

De acordo com Russell (2004) a rastreabilidade emum sistema de produccedilatildeo integrada deve se preocupar com arastreabilidade interna ou seja maximizar a performancetrabalhando eficientemente cumprindo as regulamentaccedilotildeesaprimorando e inovando os meacutetodos medir as variaacuteveis daproduccedilatildeo testando os materiais verificando a qualidade emantendo os registros monitorar o processo medindo ascondiccedilotildees verificando os paracircmetros e mantendo osregistros Deve-se preocupar tambeacutem com a rastreabilidadeexterna ou seja para traacutes e para frente da cadeia produtivapartindo da fazenda ateacute o prato do consumidor Para frenteenvolve as necessidades dos consumidores produtoempacotamento entrega e informaccedilatildeo Para traacutes envolveprover autenticidade controlar os custos e assegurarqualidade e seguranccedila

A Figura 1 apresenta um esquema de troca de dadosRussel ainda salienta que para manter a

rastreabilidade tudo deve ser identificado produtos

pacotes pallets lotes itens contecircineres e localizaccedilotildeesDeve-se utilizar e buscar formas de captura e gerenciamentode dados como coacutedigos de barra tags de radiofrequumlecircnciasensores instrumentos e softwares

Furness (2004) afirma que natildeo se deve esperar ummodelo ideal e perfeito de controle da rastreabilidade Oque se deve buscar eacute um modelo proacuteximo do ideal definindoum esquema de numeraccedilatildeo e de identificaccedilatildeo que seja claroe simples capaz de carregar todas as informaccedilotildees doprocesso baseado nas tecnologias de identificaccedilatildeo namesma estrutura de dados nos mesmos protocolos decomunicaccedilatildeo e transferecircncia Deve-se ainda harmonizartodos os procedimentos no intuito de possibilitar aidentificaccedilatildeo uacutenica de qualquer entidade em qualquer niacuteveldentro do processo

A FoodTrace (2004) define um framework geneacutericopara a rastreabilidade que pode ser aplicado a qualquercadeia alimentar e acomodar as complexidades dessa cadeiaSegundo esse oacutergatildeo tal framework permite

- ligaccedilatildeo uacutenica a cada item alimentar ingredientesou resultados do processo produtivo

- acesso faacutecil e apropriado agraves informaccedilotildees sobre oprocessamento as condiccedilotildees a manipulaccedilatildeo ou a transaccedilatildeorelacionada a um determinado alimento ou ingrediente emqualquer ponto na cadeia de suprimentos

- flexibilidade para suportar as exigecircncias deinformaccedilotildees e dos processos nacionais e internacionaisde qualquer tipo de alimento

- flexibilidade para suportar um conjunto desoluccedilotildees de identificaccedilatildeo e rastreabilidade desdeprocessos rudimentares baseados em formulaacuterios de papelateacute avanccediladas estruturas tecnoloacutegicas de informaccedilatildeo ecomunicaccedilatildeo Flexibilidade para permitir a transiccedilatildeo entreessas estrateacutegias de identificaccedilatildeo da forma mais harmoniosapossiacutevel

- gerenciamento de toda complexidade por meio deuma divisatildeo apropriada das informaccedilotildees e das funccedilotildees

- desenvolvimento de processos estrateacutegicos emetodologias que facilitem a adiccedilatildeo de valor aos processosinternos e externos da cadeia de suprimentos centrado naqualidade na reduccedilatildeo de desperdiacutecio e na eficiecircncia

Em essecircncia o framework geneacuterico desenvolvidopela FoodTrace (2004) pode ser resumido em quatrofundamentos

- um sistema para identificar o alimento e aalimentaccedilatildeo na sua cadeia de suprimentos de uma formaharmocircnica mas que tenha a facilidade de suportar qualquerincompatibilidade com sistemas legados por meio de umsistema de identificaccedilatildeo apropriado



- relacionamentos apropriados e identificados entreos itens com base no conjunto de informaccedilotildees sobre essesitens amarrados por noacutes ou por pontos identificadosdentro do processo interno com a cadeia de suprimentosdivididos em um conjunto de informaccedilotildees que permita esatisfaccedila as necessidades atuais e futuras darastreabilidade assim como do gerenciamento edesenvolvimento das necessidades do processo

- capacidade de capturar dados que se ajustem agravesnecessidades intra e entre os noacutes do processo incluindodados apropriados referentes ao status do alimento daseguranccedila alimentar e das condiccedilotildees em que esse alimentofoi armazenado e transportado

- infra-estrutura que suporte a comunicaccedilatildeo entreos interessados na rastreabilidade e os interessados emrealccedilar os propoacutesitos e evidenciar a importacircncia darastreabilidade facilitando o desenvolvimento adisseminaccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo das informaccedilotildees

Esses requisitos padronizam a estrutura da cadeiade suprimentos o que possibilita um framework capaz desuportar todas as especificidades da estrutura dessacadeia assim como a complexidade necessaacuteria parasuportar de forma apropriada os princiacutepios de identificaccedilatildeoe comunicaccedilatildeo

Pode-se concluir que para se atingirem todos osobjetivos do sistema de produccedilatildeo integrada assim comopossibilitar que o consumidor final acesse de forma clara efaacutecil as informaccedilotildees que deseja devem-se buscar padrotildeesde intercomunicaccedilatildeo dentro da cadeia de suprimentos eentre os elementos dessa cadeia definindo as formas deidentificaccedilatildeo as estruturas de dados as formas de

Fonte Adaptado (RUSSEL 2004)

FIGURA 1 ndash Esquema de troca de dados

comunicaccedilatildeo os padrotildees de protocolo e suas estruturasDevem-se ainda buscar formas de acesso livre agravesinformaccedilotildees a qualquer tempo ou em qualquer lugarindependentemente de o produto consultado serproduzido localmente ou importado

Cada ator da cadeia de suprimentos deve confiarno ator anterior bem como ser confiaacutevel para o proacuteximoator da cadeia

3 O SISTEMA AGRIacuteCOLA DE PRODUCcedilAtildeO INTEGRADA ndash SAPI

Para Andrigueto amp Kososli (2004) o cenaacuteriointernacional sinaliza que na oferta e produccedilatildeo de qualquerproduto cada vez mais seraacute valorizado o aspectoqualitativo e o respeito ao meio ambiente Esses sinais semanifestam no aperfeiccediloamento dos mercados namudanccedila de haacutebitos alimentares e na demanda poralimentos seguros Essas mudanccedilas devem-se aomovimento dos consumidores principalmente europeusna busca de frutas e hortaliccedilas sadias e com ausecircncia deresiacuteduos de agroquiacutemicos prejudiciais agrave sauacutede humanaAs cadeias de distribuidores e de supermercados europeusrepresentados pelo EurepGap que tecircm pressionadoexportadores de frutas e hortaliccedilas para estabelecer regrasde produccedilatildeo que levem em consideraccedilatildeo resiacuteduos deagroquiacutemicos meio ambiente e condiccedilotildees de trabalho ehigiene

De acordo com o regulamento CEE 1782002publicado em 28 de janeiro de 2002 no Diaacuterio Oficial daComunidade Europeacuteia a partir de janeiro de 2005 arastreabilidade deveraacute ser assegurada em todas as fases



da produccedilatildeo transformaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo dos gecircnerosalimentiacutecios dos alimentos para animais bem como dosanimais produtores de gecircneros alimentiacutecios pelos paiacutesesque desejarem exportar seus produtos agropecuaacuterios paraa Uniatildeo Europeacuteia (EUROPEAN UNION 2002)

Segundo Andrigueto amp Kososli (2004) os conceitosde Produccedilatildeo Integrada apoacutes diversas reuniotildees daOrganizaccedilatildeo Internacional para Luta Bioloacutegica e Integrada(OILB) no iniacutecio dos anos 1970 foram publicados em 1993com os princiacutepios e normas teacutecnicas pertinentes que satildeocomumente utilizados e aceitos como base nas diretrizesgerais de composiccedilatildeo desse modelo

Segundo Vieira amp Naka (2004) as normas do CodexAlimentarius foram utilizadas para definir a estrutura dedesenvolvimento do sistema de produccedilatildeo integrada OSAPI ainda estaacute em processo de implantaccedilatildeo pelo MAPAEsse modelo propicia a avaliaccedilatildeo da conformidadeidentificaccedilatildeo de origem e a rastreabilidade dos processosprodutivos adotados

O SAPI objetiva integrar toda a cadeia doagronegoacutecio Os processos produtivos da cadeia doagronegoacutecio identificados e formalizados constituem abase do processo de geraccedilatildeo das Normas Teacutecnicas Geraise referem-se agraves seguintes aacutereas temaacuteticas

a) Propriedade rural

Dentro da propriedade rural estaacute incluiacuteda aCapacitaccedilatildeo Teacutecnica (praacuteticas agropecuaacuterias seguranccedilano trabalho educaccedilatildeo ambiental e sauacutede humana gestatildeoda atividade) a Organizaccedilatildeo (cooperativismo eassociativismo sindicatos consoacutercios gestatildeo integrativada cadeia do agronegoacutecio) Material Propagativo (meacutetodosteacutecnicas e procedimentos de manipulaccedilatildeo de materiaisbaacutesicos reprodutivos e de produccedilatildeo tecnologias deinseminaccedilatildeo e transferecircncia de embriotildees) PraacuteticasAgropecuaacuterias (meacutetodos teacutecnicas e procedimentos demanejo de plantas e animais meacutetodos teacutecnicas eprocedimentos de nutriccedilatildeo animal e vegetal)Monitoramento e Controle Integrados de Pragas e Doenccedilas(meacutetodos teacutecnicas e procedimentos de monitoramento econtrole integrado de pragas e doenccedilas processos deidentificaccedilatildeo anaacutelise e avaliaccedilatildeo da populaccedilatildeomicrobioloacutegica processos de intervenccedilatildeo fiacutesica quiacutemicae bioloacutegica em conformidade com os requisitos da produccedilatildeointegrada) Manejo e Conservaccedilatildeo do Solo (processos deanaacutelise e avaliaccedilatildeo de solo e microrganismosprocedimentos de intervenccedilatildeo fiacutesica quiacutemica e bioloacutegicaem conformidade com os requisitos de produccedilatildeo integradateacutecnicas de adubaccedilatildeo verde) Manejo e Conservaccedilatildeo da

Aacutegua (processos de monitoramento e controle de qualidadeda aacutegua processos de proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da mataciliar observacircncia de requisitos regulamentares vigentes)Haacutebito Sanitaacuterio (infra-estrutura sanitaacuteria em conformidadecom requisitos de sauacutede humana proteccedilatildeo ambientalsauacutede animal e plantas) Recursos Naturais (planejamentoambiental identificaccedilatildeo anaacutelise e avaliaccedilatildeo dabiodiversidade local meacutetodos teacutecnicas e procedimentosde manejo integrado e sustentaacutevel da unidade deproduccedilatildeo) Controle de Resiacuteduos (meacutetodos teacutecnicas eprocedimentos agronocircmicos zooteacutecnicos e veterinaacuteriosem conformidade com os requisitos de Limites Maacuteximosde Resiacuteduos ndash LRM) Infra-Estrutura Rural (conformidadecom as boas praacuteticas agropecuaacuterias com a anaacutelise deperigos e pontos criacuteticos de controle e com os preceitos dadefesa agropecuaacuteria) Responsabilidade Social (qualidadede vida no trabalho inclusatildeo social relaccedilotildees no trabalho)

b) Assistecircncia teacutecnica

Dentro da assistecircncia teacutecnica estatildeo incluiacutedas acapacitaccedilatildeo de multiplicadores e o suporte ao sistemaprodutivo

c) Transporte

Dentro de transporte estatildeo incluiacutedas a adequaccedilatildeoa requisitos de qualidade e a logiacutestica

d) Agroindustrializaccedilatildeo

Dentro da agroindustrializaccedilatildeo estatildeo incluiacutedas aadequaccedilatildeo do projeto fiacutesico a observacircncia de requisitosde boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo e da anaacutelise de perigos epontos criacuteticos de controle

e) Registro das atividades

Dentro do registro das atividades estatildeo incluiacutedosos sistemas de informaccedilatildeo a seguranccedila e a confiabilidade

f) Identificaccedilatildeo de origem

Dentro da identificaccedilatildeo de origem estatildeo incluiacutedos atecnologia de identificaccedilatildeo e os sistemas de informaccedilotildeesespecialistas

g) Rastreabilidade

Vieira amp Naka (2004) ainda afirmam que dentro darastreabilidade estatildeo incluiacutedas as plataformas tecnoloacutegicascapazes de suportar essa importante aacuterea bem como ossistemas de informaccedilatildeo como integradores

Segundo Vieira amp Naka (2004) esse sistema deve servisto de forma holiacutestica com seus quatro pilares de



sustentaccedilatildeo (organizaccedilatildeo da base produtiva sustentabilidademonitoramento do sistema e informaccedilatildeo) e os componentesque consolidam o processo (monitoramento ambientalmanejo integrado de pragas manejo integrado de nutrientesmanejo integrado de colheita e poacutes-colheita manejo integradode cultura e manejo integrado de solo e aacutegua) A Figura 2apresenta o sistema

Com base nas aacutereas temaacuteticas que envolvem oSAPI pode-se perceber que o modelo criado pretendeatender agrave toda a cadeia do agronegoacutecio - tanto agrave agriculturaquanto agrave pecuaacuteria Aleacutem disso possui uma estruturacomplexa que necessita de uma grande capacidadeintegradora dentro de uma cadeia produtiva heterogecircneae tambeacutem de um grande investimento em capacitaccedilatildeo detoda essa cadeia produtiva O modelo exige tambeacutem umanormatizaccedilatildeo bem definida dos processos e umsignificativo investimento nas aacutereas de sistemas deinformaccedilatildeo e infra-estrutura

31 A Produccedilatildeo integrada de frutas (PIF) e o meio ambiente

Segundo Andrigueto amp Kososki (2004) a adoccedilatildeodo Sistema de Produccedilatildeo Integrada de Frutas evoluiutomando conta de muitas aacutereas existentes em paiacutesestradicionais de produccedilatildeo de frutas Na Ameacuterica do Sul aArgentina foi o primeiro paiacutes a implantar o sistema PIF em

FIGURA 2 ndash Visatildeo holiacutestica do sistema de produccedilatildeo integrada

Fonte Andrigueto amp Kososki (2004 p 78)

1997 seguindo-se no mesmo ano o Uruguai e o ChileAtividades semelhantes tiveram iniacutecio nos anos de 1998 e1999 no Brasil Na Tabela 1 apresenta-se a evoluccedilatildeo daPIF nos paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Sul ateacute 2004 e naTabela 2 a PIF no Brasil ateacute agosto de 2004

Segundo Vieira amp Naka (2004) no Brasil o SistemaAgriacutecola de Produccedilatildeo Integrada - SAPI jaacute estatildeo com osprocedimentos de avaliaccedilatildeo da conformidade sistema deregistro de procedimentos de campo e empacotadorasidentificaccedilatildeo de origem e rastreabilidade normalizados eimplantados na cadeia de frutas Isso significa que em 2004por meio do sistema de Produccedilatildeo Integrada de Frutas ndash PIF14 espeacutecies dos principais poacutelos produtores de frutas jaacute estatildeointegrados no sistema Das frutas frescas para exportaccedilatildeoquase a totalidade de seus produtores encontram-secredenciados sob regime da Produccedilatildeo Integrada

De acordo com Andrigueto amp Kisoski (2004) o PIFobjetiva principalmente criar no consumidor a confianccedilade que o produto estaacute de acordo com os requisitosespecificados nas Normas Teacutecnicas Especiacuteficas de cadaespeacutecie frutiacutefera Conceitualmente eacute um sistema deproduccedilatildeo de frutas de alta qualidade que prioriza princiacutepiosbaseados na sustentabilidade na aplicaccedilatildeo de recursosnaturais e na regulaccedilatildeo de mecanismos para substituiccedilatildeode insumos poluentes utilizando instrumentos adequados



de monitoramento dos procedimentos e garantindo arastreabilidade de todo o processo

Vieira amp Naka (2004) afirmam que ao longo dodesenvolvimento da PIF aleacutem do significativo incrementode sua inserccedilatildeo no mercado mundial com meta projetadade U$ 1 bilhatildeo em exportaccedilotildees ateacute o final da deacutecadaobservam-se expressivas reduccedilotildees na aplicaccedilatildeo deagrotoacutexicos Haacute registros da diminuiccedilatildeo de ateacute 53 em

Aacuterea ndash Ha Paiacutes

Total PIF PIF Alemanha 38433 30409 791 caroccedilo uvas viniacuteferas Aacuteustria 7091 6030 850 caroccedilo uvas hortaliccedilas Beacutelgica 23444 5472 232 Caroccedilo Eslovecircnia 3068 1200 391 Caroccedilo Espanha 149074 8432 57 caroccedilo uvas hortaliccedilas Inglaterra 13473 10184 755 caroccedilo frutas finas Holanda 21000 14800 705 Itaacutelia 55406 32607 589 caroccedilo uvas citros hortaliccedilas Polocircnia 142000 5100 36 Maccedila Portugal 9100 1450 16 uvas viniacuteferas olivas Suiacuteccedila 5094 4316 847 caroccedilo frutas finas uvas viniacuteferas Ameacuterica do Sul 2335500 34864 15 Argentina 35500 600 17 maccedila pecircra uva caroccedilo Uruguai 150 caroccedilo uvas viniacuteferas citros Brasil 2300000 35508 15 14 espeacutecies

TABELA 1 ndash PIF nos principais paiacuteses da Europa e Ameacuterica do Sul

PIF Nordm

Produtores Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t)

Maccedila 211 13196 461860 Manga 187 7025 172221 Uva 104 3042 91045 Mamatildeo 18 1200 120000 Citros 95 2038 35065 Banana 119 2678 77729 Pecircssego 105 520 6240 Caju 18 1500 1800 Melatildeo 30 3560 96176 Goiaba 27 75 300 Figo 25 120 1093 Caqui 23 84 3000 Maracujaacute 30 56 5500 Coco 12 414 20368 Total 1001 34264 1038275

inseticidas 78 em fungicidas 80 em herbicidas e 67em acaricidas em culturas como maccedilatilde manga uva mamatildeocaju melatildeo e pecircssego

Segundo Andrigueto amp Kososki (2004 p 78) odesafio da mudanccedila para esse modelo estaacute em ldquoaprender atrabalhar o sistema como um todo minimizando efeitosantagocircnicos entre as praacuteticas efetuadasrdquo

Por meio da parceria entre o Ministeacuterio daAgricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) com oInmetro foi criado o primeiro modelo de avaliaccedilatildeo dosistema de produccedilatildeo integrada o PIF ndash Produccedilatildeo Integradade Frutas (INMETRO 2004)

Um dos maiores desafios da implementaccedilatildeo domodelo de Avaliaccedilatildeo da Conformidade da PIF eacute estabelecercriteacuterios para o processo de produccedilatildeo frutiacutecola que possameliminar as barreiras teacutecnicas que vecircm sendo impostas pelosgrandes mercados consumidores especialmente os EUAe a Uniatildeo Europeacuteia (INMETRO 2004)

A importacircncia de avaliar a conformidade noprocesso de produccedilatildeo de frutas consiste inicialmente noreconhecimento do aumento da qualidade das frutas aserem ofertadas seja pela diminuiccedilatildeo do uso deagroquiacutemicos seja pelo alto controle das aacuteguas de processonas empacotadoras Poreacutem a preocupaccedilatildeo com a higienedesses alimentos e a forma com que o meio ambiente eacutetratado satildeo itens que tornam o programa ainda maiscompetitivo e com maior credibilidade no cenaacuteriointernacional (INMETRO 2004)

TABELA 2 ndash Produccedilatildeo Integrada de Frutas - PIF

Fonte IRANFundaccedilatildeo ArgenINTA citado por Andrigueto amp Kososki (2004 p 78)




Angrigueto amp Kososki (2004) mostram que oesqueleto teacutecnico operacional de suporte ao sistema eacutecomposto por Normas Teacutecnicas Especiacuteficas para todas asfrutas Grade de Agroquiacutemicos Cadernos de Campo e Poacutes-Colheita e Listas de Verificaccedilatildeo ndash Campo e EmpacotadoraA implantaccedilatildeo do sistema PIF no Brasil tem apresentadoos seguintes resultados aumento de emprego e renda naordem de 3 (PIF Maccedilatilde) diminuiccedilatildeo dos custos deproduccedilatildeo na maccedilatilde (40 em fertilizantes e 25 eminseticidas) e no mamatildeo em torno de 44 da totalidade ndashcampo de poacutes-colheita indicadores de reduccedilatildeo depulverizaccedilotildees diminuiccedilatildeo de resiacuteduos quiacutemicos nas frutasmelhoria da qualidade do produto consumido da sauacutededo trabalhador rural e do consumidor final

Na Tabela 3 observam-se os dados colhidos porAngrigueto amp Kososki (2004) que apresentam osindicadores parciais de racionalizaccedilatildeo do uso deagrotoacutexicos

Vale destacar que de acordo com Andrigueto ampKososki (2004) o efeito econocircmico da racionalizaccedilatildeo dasintervenccedilotildees quiacutemicas no sistema PIF pode serexemplificado no fato de que no ano de 2002 apenas coma reduccedilatildeo da frequumlecircncia na aplicaccedilatildeo do ditiocarbamatoem 8660 ha de cultura de maccedilatilde resultou uma economia deR$ 9 milhotildees Sem considerar ainda os efeitos relacionadoscom a preservaccedilatildeo de recursos naturais como a aacutegua o aro solo e a biodiversidade

Segundo Andrigueto amp Kososki (2004) os selos deconformidade com o PIF contendo coacutedigos numeacutericosseratildeo aderidos agraves embalagens das frutas possibilitando aqualquer pessoa obter informaccedilotildees sobre procedecircncia dosprodutos procedimentos teacutecnicos operacionais adotadosprodutos utilizados no processo produtivo dandotransparecircncia ao sistema e confiabilidade ao consumidor

Os mesmos autores ainda acreditam que com todoo sistema sendo executado seraacute garantida a rastreabilidadedo produto por meio do nuacutemero identificador estampadono selo tendo a produccedilatildeo e as condiccedilotildees em que foramproduzidas transportadas processadas e embaladas

TABELA 3 ndash Indicadores de racionalizaccedilatildeo do uso de agrotoacutexicos

Produtos Maccedilatilde Manga Uva Mamatildeo Caju Melatildeo Pecircssego Inseticidas 250 430 530 300 250 200 300 Fungicidas 150 607 433 780 300 100 200 Herbicidas 670 800 605 300 - - 500 Acaricida 670 - - 300 - 200 -


Acredita-se que seraacute possiacutevel identificar as frutas desde afonte de produccedilatildeo ateacute seu destino final a comercializaccedilatildeo

Acredita-se ainda que o programa possaproporcionar ao Brasil o tiacutetulo de maior fornecedor de frutastropicais do mundo (INMETRO 2004)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Cada vez mais os outros paiacuteses quetradicionalmente subsidiam sua produccedilatildeo agropecuaacuteriaou criam barreiras tarifaacuterias estatildeo preocupados com odesenvolvimento e com os resultados do agronegoacuteciobrasileiro que natildeo estaacute nem proacuteximo da saturaccedilatildeopossuindo muitas aacutereas a serem exploradas bem comomuita pesquisa de ponta realizada principalmente pelaEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash Embrapa

Como mostraram alguns dados deste artigo osconsumidores internacionais principalmente os europeusvecircm apresentando nos uacuteltimos anos uma preocupaccedilatildeocrescente com questotildees que envolvem diretamente a sauacutedehumana como a presenccedila e o uso de agrotoacutexicos nosalimentos Estatildeo tambeacutem preocupados com osprocedimentos usados na produccedilatildeo de alimentos nosinsumos usados com o meio ambiente e nas condiccedilotildees detrabalho e higiene com que esses produtos foram produzidos

Essas questotildees estatildeo sendo levadas em conta nomomento em que o Brasil exporta seus produtosagropecuaacuterios para esses paiacuteses Questotildees mais antigascomo a exigecircncia da rastreabilidade bovina na carneexportada para Europa assim como as normas criadas pelaUniatildeo Europeacuteia e pela EurepGap referentes agrave importaccedilatildeode frutas e legumes a partir de janeiro de 2005 podemrepresentar uma forma de barreira teacutecnica e sanitaacuteria

O Brasil estaacute desenvolvendo o Sistema de ProduccedilatildeoIntegrada e sua primeira aplicaccedilatildeo praacutetica foi por meio daProduccedilatildeo Integrada de Frutas buscando atender agravesexigecircncias pontuais da Uniatildeo Europeacuteia

Para colocar esse sistema em praacutetica seraacute necessaacuteriolevar em conta vaacuterios fatores por exemplo como integrartoda a cadeia produtiva de suprimentos e de distribuiccedilatildeo



desafios que envolvem discussotildees no miacutenimo demoradasPortanto eacute preciso definir o processo de negoacutecioenvolvido no SAPI e assim viabilizar o desenvolvimentoadequado de tecnologias de integraccedilatildeo Com essafinalidade faz-se necessaacuterio incorporar tecnologias deidentificaccedilatildeo softwares de gerenciamento e centralizaccedilatildeode informaccedilotildees formas de comunicaccedilatildeo intra e entre todosos elementos da cadeia e padronizaccedilatildeo de estruturas dedados entre outros elementos

No que diz respeito aos sistemas de informaccedilatildeo eseus componentes para efeito de rastreabilidade deve-seutilizar toda a capacidade de comunicaccedilatildeo armazenamentogerenciamento e controle de processos sistemas distribuiacutedosintegraccedilatildeo de sistemas e informaccedilotildees A definiccedilatildeo de umaestrutura de dados padronizada e capaz de atender a todosos requisitos da rastreabilidade e do sistema de produccedilatildeointegrada assim como de toda cadeia produtiva eacutefundamental A criaccedilatildeo de uma base de dados centralizadaconsistente e segura eacute fator determinante assim como tambeacutemeacute crucial a definiccedilatildeo das formas de comunicaccedilatildeo e doscomponentes responsaacuteveis pela transmissatildeo recepccedilatildeointerpretaccedilatildeo de dados e informaccedilotildees

Dado o niacutevel de complexidade dessa estruturapode-se concluir que eacute necessaacuteria a participaccedilatildeo deentidades privadas oacutergatildeos puacuteblicos associaccedilotildeespesquisadores e universidades Assim como oestabelecimento de equipes multidisciplinares queconsigam manter um diaacutelogo e um niacutevel de conhecimentocapaz de desenvolver uma estrutura tecnoloacutegica compatiacutevelcom as necessidades e os requisitos da rastreabilidade edo sistema de produccedilatildeo integrada

Os produtores agropecuaacuterios brasileiros devemser capacitados de acordo com as teacutecnicas de manejoadequadas e que respeitem as normas de boas praacuteticasFaz-se tambeacutem necessaacuterio possibilitar um acesso faacutecil eviaacutevel desses produtores aos oacutergatildeos e empresasresponsaacuteveis pelas certificaccedilotildees dessa produccedilatildeo Outroponto que parece importante eacute a conscientizaccedilatildeo dosprofissionais que atuam na cadeia do agronegoacuteciofazendo com que trabalhem de forma integrada eresponsaacutevel

O Brasil precisa dar atenccedilatildeo agrave infra-estruturalogiacutestica e de transporte Segundo a ConfederaccedilatildeoNacional do Transporte (CNT) 83 das rodoviasbrasileiras tecircm algum tipo de problema e 60 da sojabrasileira eacute transportada por rodovias Eacute necessaacuteriodesenvolver o transporte via hidrovias e ferrovias Umnavio parado no porto custa US$ 50000 doacutelares por dia eem Paranaguaacute de onde eacute exportada a maior parte da soja

brasileira o tempo de espera meacutedio eacute de vinte dias Oprejuiacutezo geralmente repassado ao consumidor chega aUS$ 1 milhatildeo de doacutelares por navio As despesas portuaacuteriaschegam em meacutedia a US$ 6 por tonelada exportada o dobrodo valor cobrado na Argentina e Estados Unidos (CNT2004)

Todo esse programa SAPI deve apresentarresultados positivos para a balanccedila comercial brasileiradeve proporcionar uma maior qualidade nos produtosoferecidos ao mercado e deve gerar retornos sociaissignificativos aos produtores envolvidos

Esse quadro leva agrave conclusatildeo de que a questatildeo daimplantaccedilatildeo de todo o Sistema Agriacutecola de ProduccedilatildeoIntegrada requer uma grande quantidade de investimentoplanejamento e trabalho Um projeto assim deve envolvertanto os oacutergatildeos puacuteblicos quanto os produtores de pequenomeacutedio e grande porte bem como diversas instituiccedilotildeesprivadas envolvidas nesse sistema

Pode-se dizer entatildeo que eacute recomendaacutevel criar umprograma de desenvolvimento capaz de elaborar eimplementar uma estrateacutegia integrada que viabilize o SAPIem toda a cadeia Deve-se tambeacutem pensar em atividadesde marketing internacional e de fortalecimento da marcaBrasil como fornecedor de produtos agropecuaacuterios dealtiacutessima qualidade para entrar no mercado internacionalcom esse diferencial percebido de qualidade conseguindopreccedilos superiores gerando retorno para o Paiacutes e para oprodutor brasileiro

O PIF apresentou um impacto positivo nas aacutereasambiental e sanitaacuteria pois reduziu significativamente o usode agroquiacutemicos na produccedilatildeo e desenvolveu teacutecnicassustentaacuteveis de manejo e de controle de pragas Poreacutemcomo afirmaram Marangoni amp Baldi (2004) odesenvolvimento sustentaacutevel natildeo consiste apenas empreservar o ambiente e a biodiversidade mas tambeacutemimplica contribuir para o aumento da qualidade de vida Ospaiacuteses pobres devem compartilhar dos benefiacutecios dasfuturas expansotildees econocircmicas Os bons resultadoseconocircmicos devem gerar empregos seguranccedila para asfuturas geraccedilotildees e proteccedilatildeo para o meio ambiente Quandose degrada o meio ambiente reduz-se a capacidade deproduzir alimentos e compromete a sauacutede e a qualidade devida das pessoas

Para futuras pesquisas recomenda-se oaprofundamento desse estudo em pesquisas aplicadas emnegoacutecios que tecircm implementado o SAPI Sugere-setambeacutem para o desdobramento das questotildeessocioambientais pesquisas quantitativas e qualitativas emfazendas certificadas com o Eurepgap



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o Brasil seraacute o maior produtor mundial de alimentos naproacutexima deacutecada

Para Ponccedilano et al (2004) todo esse crescimentonas aacutereas produtivas e de exportaccedilatildeo e ainda mais asprevisotildees positivas para a proacutexima deacutecada tecircm chamado aatenccedilatildeo de outros paiacuteses principalmente daqueles quesatildeo competidores diretos do Brasil

O comportamento do mercado mundial apresentauma crescente busca por processos que resultem emprodutos agropecuaacuterios seguros para a sauacutede humana edesenvolvidos com responsabilidade social esustentabilidade ambiental Segundo Digiovani (2002) paraque o sistema de produccedilatildeo de alimentos seja totalmenteconfiaacutevel deve-se buscar a certificaccedilatildeo de produtos quegarantam sua procedecircncia e atestam que os fatoresambientais de seguranccedila alimentar e de qualidade forammonitorados em toda cadeia produtiva

Buscando atender agraves exigecircncias atuais Andriguetoamp Kososli (2004) afirmam que o Ministeacuterio da AgriculturaPecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) criou o Programa deDesenvolvimento da Fruticultura ndash PROFRUTA comoprioridade estrateacutegica e estabeleceu como objetivo elevaros padrotildees de qualidade e competitividade da fruticulturabrasileira ao patamar de excelecircncia requerido pelo mercadointernacional em bases voltadas para o sistema integradode produccedilatildeo sustentabilidade do processo expansatildeo daproduccedilatildeo e emprego e renda

A partir desses fatos com este artigo de naturezaconceitual visa-se estudar a origem a importacircncia osrequisitos e os fatores criacuteticos na implantaccedilatildeo do SistemaAgriacutecola de Produccedilatildeo Integrada ndash SAPI enfatizando osrequisitos e a importacircncia dos sistemas de informaccedilatildeo Naprimeira parte aborda-se o referencial teoacuterico que enfocauma junccedilatildeo de conceitos que representam fatoresimportantes para o desenvolvimento de um SAPI Entreesses conceitos estatildeo o de agricultura sustentaacutevel CodexAlimentarius acreditaccedilatildeo certificaccedilatildeo identificaccedilatildeo erastreabilidade sistemas de informaccedilatildeo para arastreabilidade entre outros Na segunda parte satildeoapresentados alguns resultados da implantaccedilatildeo do SAPIno processo de Produccedilatildeo Integrada de Frutas (PIF)

Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos foramexaminadas obras de referecircncia sobre desenvolvimentosustentaacutevel e de boas praacuteticas de produccedilatildeo agriacutecolamanuais de produccedilatildeo integrada de frutas artigosacadecircmicos bases de dados eletrocircnicas como o Proqueste EBSCO e a participaccedilatildeo em conferecircncias e seminaacuteriosinternacionais

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

21 Agricultura sustentaacutevel

Segundo Cavalcanti (1998 p 165) sustentabilidadesignifica a ldquopossibilidade de se obterem continuamentecondiccedilotildees iguais ou superiores de vida para um grupo depessoas e seus sucessores em dado ecossistemardquo

Segundo Sachs (2002) a sustentabilidade constitui-se num conceito dinacircmico que leva em conta asnecessidades crescentes das populaccedilotildees num contextointernacional em constante expansatildeo Para o autor asustentabilidade tem como base 8 criteacuterios sustentabilidadesocial sustentabilidade cultural sustentabilidade ecoloacutegicasustentabilidade ambiental sustentabilidade territorialsustentabilidade econocircmica sustentabilidade poliacuteticanacional e sustentabilidade poliacutetica internacional

De acordo com Novaes (2003) natildeo haveraacute cidadessustentaacuteveis sem agricultura sustentaacutevel Tampouco seconseguiraacute atingir a sustentabilidade no campo ou nacidade sem ciecircncia e tecnologia voltadas agraves necessidadescoletivas do paiacutes muito menos sem que a gestatildeo dosrecursos naturais permeie cada uma dessas instacircncias e osetor de infra-estrutura Nem se chegaraacute agrave sustentabilidadese ela natildeo tiver como base e como promotor o capital socialdo paiacutes

De acordo com Marangoni amp Baldi (2004) asmudanccedilas socioeconocircmicas dos uacuteltimos 30 anos tecircmtransformado significativamente os objetivos e asestrateacutegias da produccedilatildeo agriacutecola o que ocasionou umenorme impacto no meio ambiente e nos recursos naturais

Segundo Furtado amp Furtado (2000) as profundastransformaccedilotildees pelas quais vem passando a humanidadetrazem novos desafios para se pensar uma nova realidadeespecialmente no espaccedilo rural

Para os autores o encurtamento das distacircnciasespaciais a rapidez da informaccedilatildeo ou seja a compressatildeodo espaccedilondashtempo mostram o resultado de avanccedilostecnoloacutegicos que permitiram um novo tipo deldquoglobalizaccedilatildeordquo econocircmico-financeira implicando umareestruturaccedilatildeo da organizaccedilatildeo social o aparecimento denovas dinacircmicas sociais e a recomposiccedilatildeo do espaccedilo ruralEssas transformaccedilotildees na composiccedilatildeo poliacutetica geograacuteficaeconocircmica social e cultural ocorridas no mundo tecircmafetado a sociedade apontando para novos paradigmasde desenvolvimento

De acordo com Veiga (2003) sem freiosinstitucionais os praguicidas e os fertilizantes quiacutemicoscontinuaratildeo a ser utilizados ateacute o limiar de sua rentabilidadeque costuma estar muito aleacutem do limiar de nocividade Sem















































































c) Transporte








g) Rastreabilidade





















PIF Nordm


























































































































































c) Transporte








g) Rastreabilidade





















PIF Nordm






























































































PIF Nordm












































































o sistema agrícola de produção integrada e o sistema de informação

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