o serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

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Coletivo de Formação José Porfírio

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Page 1: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Coletivo de Formação José Porfírio

Page 2: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

O Serviço Social e a Política de Reforma Agrária em

Goiás

Pedro Ferreira Nunes

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como

requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel

em Serviço Social. Goiânia 2011.

Page 3: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

A minha Mãe Maria Lucia e toda minha família, que me

deram todo o apoio para que eu superasse essa etapa.

Ao campesinato sem terra que com sua luta e

resistência me inspira. Espero que esse seja mais um

instrumento para luta da classe trabalhadora.

Page 4: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Agradecimentos

A todos os meus professores que contribuíram direta e

indiretamente para que eu superasse esta etapa da

minha vida acadêmica, desde o primário a o ensino

superior.

As minhas fontes inspiradoras: Ernesto Guevara,

Camilo Cienfuegos, José Porfírio assim como a todos

aqueles que dedicaram suas vidas pela emancipação da

classe trabalhadora.

Aos meus companheiros de luta tanto no partido como

no movimento sem terra, lutando por um mundo

verdadeiramente justo e igualitário, que muito

contribuíram para o meu aprendizado.

A todos aqueles que são explorados pelo capital e

oprimidos pelo sistema vigente, a classe trabalhadora

em breve triunfará.

Page 5: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

“Os poderosos podem matar uma, duas ou três

rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera

inteira”.

Ernesto Guevara

Page 6: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Sumário

Introdução

2- O Serviço Social e a questão agrária

3- A luta por Reforma Agrária no Estado de Goiás

4- O Serviço Social no processo de Reforma Agrária

5- Movimentos sociais: Caso de Policia ou caso de

Política?

6- A Importância do Assistente Social na luta por

Reforma Agrária

Notas

Conclusão

Referências bibliográficas

Nota sobre o Autor

Page 7: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Introdução

Mesmo com o discurso predominante sobre a

superação da necessidade de se fazer uma reforma

agrária no Brasil, sobre tudo pela ausência de uma

política por parte do governo de desapropriação de

áreas improdutivas e assentamento de milhares de

famílias que se encontram acampadas nas margens das

rodovias na luta por um pedaço de chão, e que muitas

vezes são obrigados a radicalizar suas ações para que

possam ser atendidas as suas reivindicações.

O que vemos é cada dia mais uma necessidade de se

fazer uma verdadeira reforma agrária neste país, não só

para que milhares de famílias que estão acampadas

possam conseguir um pedaço de chão para dali tirar sua

subsistência como também, pela necessidade de

milhares de famílias que estão nas periferias das grandes

cidades as margens das políticas públicas.

Como também pela preservação do meio ambiente e a

produção saudável de alimentos. Sendo que o atual

modelo agrícola brasileiro com base na monocultura, e

na agroexportação, com intenso uso de agrotóxico é

extremamente prejudicial ao meio ambiente.

Page 8: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Nestes quase 09 anos de governo do PT (Partido dos

Trabalhadores), o que vemos é a reforma agrária saindo

da pauta do governo, com á cooptação de lideranças

dos movimentos populares, fazendo com que esses

vivam um período de descenso das lutas populares.

Por outro lado o governo tem tido um amplo apoio

popular, em grande parte devido há uma conjuntura

interna favorável, e devido às políticas assistencialistas

do governo como Bolsa Família, PROUNI, REUNI

entre outros. Nestes quase 09 anos de governo petista

nenhuma mudança estrutural foi realizada no Brasil, é

por isso que vemos a reforma agrária saindo da pauta

do governo e sendo substituídas por políticas

assistencialistas, que não muda a situação de exploração

da classe trabalhadora, mais apenas maquia uma

realidade de extrema exclusão social, exploração e

subserviência ao grande capital.

A Política de Reforma Agrária deve ser encarada como

uma política social, e deve ser assumida como uma

política pública pelo estado brasileiro, que tem tratada a

mesma como uma questão fora de contexto. A reforma

agrária é uma política que dá a possibilidade de

emancipação para as famílias que conseguem após

longos anos de luta um pedaço de chão. Pois passam a

Page 9: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

depender apenas dos seus esforços, assim é de

primordial importância que os assistentes sociais

potencializem a luta pela reforma agrária sendo essa

uma política pública emancipatória e não

compensatória.

O Serviço Social deve por tanto cada vez mais ocupar

espaços dentro das organizações que organizam os

trabalhadores em luta pela reforma agrária, lutando para

que ás milhares de famílias que estão acampadas nas

margens das rodovias lutando por um pedaço de chão

em uma situação precária possam ter minimamente seus

direito em quanto cidadão, que é de ter acesso a

políticas públicas fundamentais como educação, saúde

entre outros possam ser atendidos.

Ás milhares de família que estão acampadas sobrevive

precariamente, com dificuldade de ter acesso à

educação, mesmo à pública que de qualidade, não tem

acesso à saúde, mesmo a de péssima qualidade que é

ofertada pelo estado, acesso a cultura e lazer também é

um privilegio que não é garantido a esses trabalhadores,

que sobrevivem vendendo a sua mão de obra em

condições de trabalho precarizado e sem nenhum

direito trabalhista, é por tanto normal ouvirmos falar

em trabalho escravo em pleno século XXI no Brasil.

Page 10: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Há uma crescente criminalização da pobreza, dos

movimentos e de lutadores populares, assim mais uma

vez voltamos ao inicio do século XX onde as

expressões da questão social eram resolvidas como caso

de policia e não de política.

A cada dia vemos o estado brasileiro cada vez mais

ausente do seu de verde elaborar e executar políticas

públicas que de fato atendam a necessidade da

população, em contra partida tem feito uma ação

militarizada e de criminalização das minorias em luta

por garantia de direito.

É por tanto fundamental que o Serviço Social como

parte do seu compromisso histórico de construir e

apoiar a luta da classe trabalhadora por sua

emancipação seja de fato efetivado, ocupando todos os

espaços estratégicos de construção dessa luta.

Não só nos espaços públicos onde acabam

desempenhando simplesmente o papel de executor de

políticas terminais, em empresas privadas onde

desempenham apenas o papel de um simples mediador

de conflitos, que acaba sempre pendendo para o lado

do patrão.

Page 11: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Dessa forma os movimentos populares

verdadeiramente de luta são um espaço fundamental de

atuação do assistente social comprometido com a

emancipação da classe trabalhadora.

Lutar pela reforma agrária no Brasil e em Goiás é lutar

de fato por direito para milhares de famílias que estão

às margens das políticas públicas fundamentais, para

que tenham acesso às mesmas e por garantia de direitos.

Page 12: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

2- O Serviço Social e a Questão Agrária

Netto e Sant’Ana, referência na profissão, afirmam que

“A questão agrária é uma das expressões da questão

social, pois reflete as contradições postas pelo

capitalismo no meio rural, e no Brasil com

particularidades históricas extremamente perversas”

(2004:2).

Sendo por tanto uma das expressões da questão social,

é por tanto um campo onde o assistente social deve

atuar lutando para superar essa realidade, sobretudo no

Brasil onde a questão agrária ainda tem tabus

colonialistas, onde o coronelismo anda de mãos dadas

com a modernidade do agronegócio. A questão social

foco de atuação do assistente social também esta

presente na zona rural, e suas expressões são as

milhares de famílias acampadas nas margens das

rodovias morando em baixo de barracas de lona,

excluídas de varias políticas públicas, submetidas a

trabalhos análogos a escravidão entre outros.

Segundo Canesqui “o debate da questão agrária,

historicamente polêmico, recompõe-se na atualidade,

seja pela não efetivação da reforma agrária,[...] seja pelo

modelo de agricultura hegemônico” (2007:1).

Page 13: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Mesmo sendo a reforma agrária uma política reformista

no Brasil ela ganha um grande contorno de luta de

classes, no Brasil há uma burguesia rural que não abre

mão de suas posses usurpadas historicamente dos

povos indígenas. Dessa forma a reforma agrária no

Brasil ganha contornos de uma guerrilha como mostra

o caderno de conflitos no campo elaborado todos os

anos pela CPT(Comissão Pastoral da Terra).

Para Rodrigo, “a denominada Questão Agrária

Brasileira se apresenta no cenário histórico nacional

desde há muito com diferentes facetas e denominação,

mas, como pano de fundo” (2001:1).

Desde o inicio de sua história aconteceram vários

levantes populares na luta pela posse da terra, podemos

citar alguns mais famosos como: Canudos, As ligas

Camponesas, Trombas e formoso entre outros. Por trás

desses levantes estava uma situação de exploração e

exclusão no campo, no entanto o estado brasileiro

sempre atuou reprimindo as lutas populares para

proteger a burguesia rural brasileira.

Oliveira e Martins também escrevem que a questão

agrária se arrasta no Brasil desde o tempo da

colonização (2004:1). Carvalho e Sant’Ana afirmam que

Page 14: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

o ímpeto pela apropriação e concentração de imensas

extensões de terras iniciaram com a colonização

portuguesa e perduram até hoje (2007:1).

Moreira, como os outros, escreve que a questão agrária

não é nova no Brasil e que tem sua gênese na

colonização e ainda existe (2007:1). O ultimo censo

agropecuário apresentado pelo IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2006 mostra

que nos últimos anos aumentou a concentração de

terras no Brasil, mesmo com a criação de vários

assentamentos, no entanto o governo nunca assumiu de

fato a questão da reforma agrária, enquanto por um

lado são criados alguns projetos de assentamentos, por

outro lado a maioria dos recursos são destinados para o

agronegócio exportador. Mesmo assim a cada dia

surgem novos movimentos sociais lutando pela terra,

tanto que segundo Ariovaldo Umbelino a luta pela

posse da terra tem aumentado no ultimo período.

Para Souza:[...]os movimentos sociais representam uma

nova ordem política, na construção de sua organização

em vista à solução de suas necessidades sociais e o

Serviço Social, em sintonia com o projeto ético-político,

tendo como um dos princípios a construção de uma

Page 15: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

nova ordem social tem o dever de apoiar tais

movimentos (2007:4).

Reafirmando o que diz Souza, os movimentos

populares de luta é um espaço onde o assistente social

pode atuar com autonomia e em sintonia com o projeto

ético-político da profissão, na busca pela emancipação

da classe trabalhadora. No Brasil os movimentos de luta

pela reforma agrária tem uma organização histórica e

mesmo no período de descenso de luta da classe

trabalhadora, tem sido nas ultimas décadas

protagonistas no enfrentamento das políticas

neoliberais implementadas pelo estado brasileiro. Além

de conseguirem importantes vitórias para os

trabalhadores, lutando para que de fato o direito dos

mesmos sejam atendidos.

A questão agrária no país tem possibilitado ao Serviço

Social ampliar o seu campo de pesquisa e,

consequentemente o seu foco de intervenção

profissional. O acirramento da questão social expressa

na questão agrária tem secaracterizado como um

elemento de requisição a prática do (a) assistente social

pelas instituições e organizações que atuam na área

rural. É por tanto importante que o Serviço Social a

cada dia mais se aproprie desse espaço, contribuindo e

Page 16: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

dando subsidio aos movimentos populares em luta.

Não devendo atuar simplesmente como apoio mais

construindo a luta.

Canesqui afirma que apresentar a temática da questão

agrária à política de assistência social representa uma

forma de compreender as especificidades que esta

imprimi no desenvolvimento das políticas sociais, já

que, contribuiu na efetivação de propostas de trabalho

condizentes com a realidade social. Estas

especificidades ganham maior relevância quando o

perfil dos municípios brasileiros é analisado: grande

parte deles são de pequeno porte, cuja estrutura

ocupacional e produtiva depende fortemente da

agricultura(2007:3).

É inegável a importância desse tema para aqueles que

verdadeiramente defendem e lutam por inclusão social e

emancipação de fato da classe trabalhadora. Lutar por

reforma agrária é lutar contra uma situação de exclusão

e exploração de milhares de famílias que não são

atendidas por políticas públicas, que não estão na

maioria dos projetos e programas sociais do governo, é

lutar pela camada da população mais pauperizada, que

violentados cotidianamente e criminalizado quando

ousam a se levantar pelos seus direitos. Discutir e lutar

Page 17: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

por reforma agrária no Brasil é lutar por milhares de

famílias que estão em uma situação de exclusão

extrema.

Albuquerque e Sant’ana (2007:3) escrevem: É flagrante

o distanciamento do Serviço Social com os problemas

oriundos da questão agrária. Mesmo sabendo que uma

boa parte dos assistentes sociais atuam em municípios

de porte médio e pequeno e cotidianamente se

confrontam com casos dessa natureza. Uma das

explicações para tal fato nos remete a história da

profissão, que tradicionalmente foi solicitada para

intervir na questão social urbana relacionada com o

surgimento da classe operária no cenário político. Em

grande parte a formação do assistente social é voltada

para pensar os problemas da cidade e formular políticas

para o espaço urbano, subordinando a discussão do

campo á segundo plano. Eles ainda escrevem que a

categoria dos Assistentes Sociais tem estado ausente na

discussão dessa temática, sendo indispensável atentar-se

para ela.

Page 18: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

3- A Luta por Reforma Agrária no Estado de Goiás

Segundo Maia: A Reforma Agrária nos remete

necessariamente á compreensão histórica do processo

de construção do latifúndio no Brasil, no caso, a

resposta do motivo de sermos vice-campeão mundial

em concentração de terra. É comum em reconstituições

históricas que analisam esse processo, ressaltar

avocação latifundiária do Brasil, recuando a tempos

históricos imemoráveis, como a formação das

capitanias hereditárias, para justificar esta vocação. O

problema deste tipo de interpretação é que, feito desta

forma, a constatação da presença do latifúndio, acaba

tendo uma resposta naturalizada, como se este modelo

fundiário fosse algo inerente a nossa nação ou uma

característica herdada que lutaríamos para os livrarmos,

mas que, pela natureza intrínseca a nossa formação,

seria muito difícil fazê-lo. (Maia, 2010).

Goiás é um estado que dês de sua formação política,

social e econômica têm sua base na agropecuária,

sobretudo na criação de gado e na monocultura. Por

tanto não é diferente da maioria dos estados do interior

do Brasil, no entanto essa formação não se deu sem luta

dos povos tradicionais verdadeiros donos dessas terras,

como também dos campesinos posseiros que tiveram

Page 19: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

posteriormente suas terras usurpadas. No entanto

mesmo com essa resistência ao longo da história do

Estado percebemos hoje uma naturalização da atual

estrutura fundiária, mesmo com a luta dos movimentos

populares pela reforma agrária.

Goiás é um estado onde existe uma elite conservadora

mais radical que tomou posse das terras e hoje esta a

serviço das grandes agroindústrias multinacionais que

também ocuparam o meio rural, cada vez mais inibindo

e expulsando os pequenos agricultores, sendo que o

grande agronegócio conta com total apoio do estado ao

contrario da agricultura familiar e camponesa que tem

pouco apoio.

Para Maia a concepção latifundiária de nossas classes

proprietárias de terra, na qual se constituiu uma noção

muito comum entre estas, de que toda terra disponível é

de propriedade exclusiva dos latifundiários, tendo a

existência da pequena propriedade apenas uma

existência subsidiária ou como concessão. (Maia,2010).

A lei de terras aprovada em 1850 colaborou para

consolidação dessa concepção citada acima, lei essa que

legalizou todas as terras que foram usurpadas

ilegalmente dos povos tradicionais e do campesinato

Page 20: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

pelos grandes proprietários. No entanto não podemos

dizer que foi o marco da consolidação dos latifúndios.

Mais segundo Maia construiu seu fundamento jurídico.

Goiás teve e tem importância histórica na luta dos

povos tradicionais, do campesinato pelo direito a um

pedaço de terra. Podemos citar a luta de Santa Dica

ainda na década de 40 na cidade de Goiás (Líder

religiosa espécie de Antônio Conselheiro do cerrado)

que liderou centenas de famílias camponesas sem terra

que eram expulsas de suas propriedades ou que

trabalhavam para grande latifundiário sem ter direitos,

criando uma espécie de uma grande colônia agrícola

ocupando terras improdutivas da região.

Foi em Goiás que aconteceu também a importante luta

camponesa de Trombas e Formoso, sob a liderança de

José Porfírio, que em 1949, aos 36 partiu de sua terra

natal, o norte de Goiás (Cidade de Pedro Afonso, hoje

Estado do Tocantins) juntamente com um grupo de

camponeses em busca de terras agricultáveis.

Estabeleceram-se numa região de serras e córregos na

margem esquerda do rio Tocantins, mais camponeses

foram chegando, atraídos pela propaganda sobre

colonização agrícola em Goiás (Programa realizado pelo

governo de Getúlio Vargas). Por volta de 1951, foram

Page 21: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

iniciadas manobras cartoriais de grilagem de terras

ocupadas pelos posseiros, que reagiram, sobretudo

pegando em armas a todas as tentativas de expulsa-los.

Entre 1954 e 1957, a área foi palco de persistentes

conflitos, muitas vezes com enfrentamento armado, e

um número não conhecido de mortos, entre

camponeses, jagunços e policiais a serviço dos

latifundiários. As lutas só tiveram desfecho quando

Mauro Borges, eleito governador de Goiás, em 1962,

iniciou a distribuição de cerca de 20 mil títulos de

propriedade.

José Porfírio que se tornaria militante do PCB (Partido

Comunista Brasileiro) e é eleito o primeiro deputado

estadual camponês, com o golpe militar em é cassado,

preso, torturado e desaparece, sendo que até hoje não

há informações sobre o seu paradeiro.

E é no período mais nebuloso da história do Brasil

(Ditadura Militar de 1964 a 1985), que começa com

mais intensidade a organização dos camponeses na luta

pela terra, são criados os primeiros sindicatos rurais, é

também neste período que impulsionado pela ala

progressista da Igreja Católica (Teologia da Libertação),

que surge a CPT (Comissão Pastoral da Terra) motor

Page 22: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

propulsor da organização dos camponeses sem terra

pela posse da mesma. É este grupo coordenado pela

arquidiocese da cidade de Goiás comandada até então

por Dom Tomás Balduino, que lideram a primeira

ocupação de terra em Goiás, que se tornou hoje o

Projeto de Assentamento Mosquito que em 2011

completou 25 anos de sua conquista.

Segundo Dom Tomás “Os mais incomodados com o

surgimento da organização dos trabalhadores no campo

foram os latifundiários. Antes eles eram os donos

exclusivos das terras. Quando precisavam ampliar seus

domínios tinham a seu favor os poderes públicos

constituídos. Bastava cercar mais terra. Além disso,

contavam com jagunços, ás vezes ex-militares, que

garantiam a manutenção do seu poder absoluto no

campo. Os acampados e assentados, ao pesquisarem

nos cartórios verificaram que muitos latifúndios eram

simplesmente invasões de terras devolutas do Estado”.

(Dom Tomás, 2010)

Partindo da fala de Dom Tomás e da afirmação de

Maia, reafirmamos que a formação de latifúndios no

Estado de Goiás se deu a partir da combinação entre

ações estatais para a ocupação das fronteiras, com a

ausência de qualquer medida de controle sobre as terras

Page 23: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

devolutas. Dessa forma os grandes latifundiários foram

se apropriando dessas terras pertencentes ao estado

através dos mecanismos criados na lei de terras em

1850.

Mais é apenas na ditadura militar, no ano de 1965, com

uma política do governo voltada para esse setor que o

latifúndio torna se uma viabilidade econômica, o que

não era até então, e isso se dá com a integração do

latifúndio a indústria.

Para Maia: As políticas agrícolas do regime militar,

combinadas comum a forte repressão sobre todas as

formas de movimentos sociais, que visavam à proteção

do pequeno proprietário dos efeitos destas mesmas

medidas, consolidaram definitivamente o espaço do

latifúndio no Brasil, garantindo não somente a

integração da grande propriedade ao mercado, como

também direcionando toda a força do Estado e dos

fundos públicos para a viabilização de um tipo

especifico de produto agrícola e forma de produção,

passível de ser realizada somente num espaço agrário

desenhado pelo latifúndio (Maia, 2010).

Na década de 80 sobre tudo com o fim da ditadura

militar surge os primeiros movimentos populares que

Page 24: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

organizam a luta dos camponeses sem terra, tal qual

conhecemos hoje. Hoje em Goiás temos mais de 10

organizações que organizam diretamente a luta dos

camponeses sem terra por reforma agrária. Alguns têm

uma atuação nacional, outros só no estado. Na sua

maioria se organização no Fórum Estadual pela

Reforma Agrária e Justiça no campo do Estado de

Goiás, sendo que este é composto não só pelos

movimentos que atuam diretamente na organização e

luta pela reforma agrária, como também por

organizações que apoiam e contribuem na luta

indiretamente.

O Fórum pela Reforma Agrária e Justiça no campo do

Estado de Goiás é atualmente o principal espaço de

articulação das organizações que direta e indiretamente

lutam pela reforma agrária no Estado de Goiás. É hoje

composto pela CPT, MST, MLST, FETAEG,

FETRAF, TERRA LIVRE, MVTC, MBTR, MPA,

MCP,MMC, MAB, FECOSOL, FGE, ANDES, CUT,

CSP-CONLUTAS, DCE-UFG,SINDSAÚDE,

SINTSEPE, SINDIAGRI.

“O Sonho de acesso a terra se reavivou com a

elaboração da Constituição Federal de 1988 a qual,

inobstante os avanços em diversos aspectos, levou a

Page 25: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

política agrária de acesso á terra a intervenções pontuais

e, ainda assim, por falta de vontade política, por anos a

fio, as ações de governo neste sentido continuaram letra

morta.” (Fórum Estadual pela Reforma Agrária e justiça

no campo do Estado de Goiás, 2010).

Neste sentido tudo que se conseguiu de conquista em

relação à criação de milhares de projetos de

assentamentos com o assentamento de milhares de

famílias só foi possível pela organização dos

camponeses sem terra, e sobre o sangue, suor e

sacrifício de muitos dessas. Pois mesmo com a

constituição federal nos garantindo a desapropriação de

toda propriedade rural improdutiva e que não esteja

cumprindo sua função social, sejam desapropriadas e

destinadas para o processo de reforma agrária.

No entanto se não fosse os acampamentos nas margens

das rodovias, mostrando as veias abertas de uma

sociedade desigual, as ocupações de latifúndios

improdutivos que não estão cumprindo a sua função

social, as marchas e as mobilizações pressionando o

governo, e o sacrifício de centenas de lutadores que

tombaram na luta, com certeza nenhum projeto de

assentamento teria saído do papel e nenhuma família

estaria assentada hoje.

Page 26: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

...Precisamos nos conscientizar de que a proposta de

redesenhar o espaço agrário, através de uma reforma

agrária, foi uma proposta que mudou muito, ao longo

de nossa história, assumindo feições diferenciadas na

atualidade. O próprio aumento da violência registrado

nos últimos anos, que atravessa governos de matizes e

cores políticas variadas, é uma prova disto. Além do

que, o próprio processo de execução da reforma agrária

na atualidade está inserido dentro dos limites da

agricultura que se formou na segunda metade do século

XX, o que pode ser constatado pela distribuição dos

assentamentos no Estado de Goiás. (Maia, 2010).

A maioria dos assentamentos no Estado de Goiás

foram criados na região norte e oeste - É lá que se

concentra 71,99% de toda a área distribuída e 66,21%

das famílias assentadas, se juntarmos a região noroeste,

os percentuais são respectivamente de 81,40% e de

76,77%. Esses dados podem ser explicados por vários

fatores, no entanto se formos analisar, é possível

perceber uma concentração da distribuição das terras de

assentamento, nas regiões menos ligadas ao

agronegócio, isto principalmente quando identificamos

os tipos de produtos que dominam a agropecuária em

cada região.

Page 27: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

A produção em toneladas de soja das regiões norte,

oeste e noroeste, com a maioria dos assentamentos, é

somente 13,50% da produção das regiões centro,

sudoeste, sudeste e sul, que concentram somente

18,34% das áreas distribuídas em assentamento.

Segundo Maia: As sobreposições dos dados de

distribuição dos assentamentos por região, com os

dados dos principais produtos da pauta de produção

agropecuária do Estado de Goiás, indicam que a

reforma agrária avança em Goiás nas regiões de menor

interesse para o agronegócio. (Maia, 2010)

Segundo dados do INCRA (Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária) do ano de 2011, existe

em Goiás cerca de 14.458 mil famílias assentadas em

cerca de 269 projetos de assentamentos criados de 1900

a 2011 no estado. Ocupando uma área de cerca de

670.403,5841 hectares.

Segundo o Fórum Estadual pela Reforma Agrária e

Justiça no campo de Goiás, há cerca de 10 mil famílias

acampadas, espalhada por vários acampamentos, nas

margens das rodovias, em baixo de barracas de lona

preta na luta para serem assentadas. Sobrevivendo em

Page 28: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

condições degradantes longe do acesso a qualquer

política pública.

“O Programa de reforma agrária brasileiro segundo a

constituição federa de 1988 é de responsabilidade da

união, mais por outro lado, é importante que o estado

de Goiás apoie concretamente sua implementação,

fortalecendo com políticas públicas voltadas para a

agricultura familiar, bem como a pesca e aquicultura

familiar”. (Fórum Estadual pela Reforma Agrária e

Justiça no Campo de Goiás, 2010).

As elites goianas têm sua origem e poder na posse da

terra, e isso não tem sido alterado historicamente, ao

contrario, as elites latifundiárias os espaços de poder, e

tendo forte influência nos espaços de tomada de poder.

Goiás é um dos estados mais reacionários no combate a

luta por reforma agrária tendo importantes figura a

nível nacional que dissemina essa lógica, se por um lado

Goiás foi um estado onde teve importantes levantes e

mobilizações populares, por outro lado também é o

berço da UDR (União Democrática Rural), organização

dos latifundiários e ruralistas.

Em Goiás segundo o Fórum Estadual pela Reforma

Agrária e Justiça no Campo de Goiás: Grandes partes

Page 29: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

das legislações e do conjunto das políticas públicas são

direcionadas para o agronegócio, apenas executando de

forma precária, as políticas públicas direcionadas para a

agricultura familiar e camponesa oriundas do governo

federal. (Fórum Estadual pela Reforma Agrária e Justiça

no Campo de Goiás, 2010).

Por tanto em uma situação extremamente difícil, sem

apoio total do governo federal, o público da reforma

agrária ainda enfrenta o descaso do poder estadual e

também da maioria dos poderes municipais. Sendo de

primordial importância para o avanço da reforma

agrária e consolidação das famílias em luta por um

pedaço de chão ou para produzir assim que conquista o

seu é preciso o apoio tanto dos governos Federal,

estaduais e municipais.

Page 30: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

4- O Serviço Social no Processo de Reforma

Agrária

Mesmo com a constituição federal de 1988, legislar

sobre como deve desenvolver o processo de reforma

agrária no Brasil, na realidade não vemos isso

concretizar sem organização, mobilização e pressão dos

movimentos sociais organizados sobre os governos.

Todas as conquistas obtidas por milhares de famílias

camponesas sem terra organizadas em movimentos

sociais se deram a partir de sua luta, e não das benesses

de nenhum governo. Conquistas estas obtidas sob

sangue, suor e muita luta.

No entanto se muito foi feito, há muito ainda por se

fazer, sendo que o serviço social pode contribuir

imensamente com essa luta. Inserindo-se nos

movimentos populares e contribuindo subsidiando a

luta através de pesquisas nas universidades assim como

lutando para que as universidades abram suas portas

para os movimentos populares. Por outro lado o

serviço social pode contribuir na organização e

formação direta dos movimentos, mas, sobretudo deve

lutar junto às instituições públicas por políticas públicas

que atenda as necessidades da população campesina,

sobretudo sem terra.

Page 31: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Há varias fases do processo de organização e luta dos

movimentos populares pela reforma agrária o qual deve

ser potencializado pela atuação do serviço social.

Vamos a elas:

a) Fase de acampamento:

No período que as famílias estão acampadas as mesmas

sobrevivem de forma precária na margem das rodovias

morando de baixo de barracas de lona preta, em uma

completa condição subumana. Nesta fase as famílias

não são reconhecidas oficialmente pelo governo como

parte do processo de reforma agrária. Só através de

muita luta é que os movimentos conseguiram junto ao

INCRA que este de vez enquanto encaminhe cesta

básica para as famílias acampadas.

Os acampados sobrevivem prestando serviço em

fazendas ou realizando bicos em cidades próximas do

acampamento sem qualquer vinculo ou direito

trabalhista garantido. Não há transporte escolar

garantido e nem acesso acessar a politicas públicas

básica como saúde, educação e assistência social. O

acesso a benefícios assistenciais muitas vezes são

dificultados devido às famílias não terem comprovante

de residência. A fase de acampamento dura em média

Page 32: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

06 anos que é quando as famílias que não desistem

conseguem serem pré-assentadas.

b) Fase de pré-assentamento:

Neste período as famílias já estão dentro da área que

reivindicam para implantação do projeto de

assentamento. No entanto ainda não foi liberado

nenhum recurso por parte do governo para

estruturação do assentamento como, por exemplo, para

construir as casas ou para investir na lavoura. Nesse

período as famílias continuaram morando em barraca

de lona dentro da área, mesmo assim já é uma fase

melhor do que a de acampamento, pois a área onde

serão assentados já esta garantida. Muitas famílias já

começam a produzir mesmo que muitas vezes esse

processo torna-se demorado devido à burocracia em ser

liberado as licenças ambientais e a divisão dos lotes,

assim muitas famílias ainda preferem trabalhar fora até

que o credito fomento seja liberado.

As dificuldades para acessar politicas públicas básica

como acesso a saúde, educação, assistência social entre

outros ainda continua. Para ter acesso a essas politicas

básicas às famílias tem que se deslocar por quilômetros

Page 33: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

em estradas precaríssimas, sem infraestrutura e em

transportes precários.

c) Fase de assentamento:

As famílias já estão produzindo, já receberam o credito

moradia e o credito fomento. O assentamento já tem o

mínimo de infraestrutura como energia elétrica e

estradas mesmo que precárias para escoar a produção.

Mesmo com as dificuldades já tem assistência do

programa saúde da família e transporte escolar mesmo

que precário. No entanto há muita necessidade ainda

nesse período como o acesso pleno a saúde, educação,

assistência social, cultura, assistência técnica entre

outros.

Em Goiás temos hoje cerca de 10 mil famílias

acampadas nas margens das rodovias. É necessário lutar

para que essas pessoas tenham minimamente os seus

direitos fundamentais garantidos, e nesse processo é de

primordial importância a atuação de um assistente

social juntamente com uma equipe multiprofissional,

lutando para que os programas sociais do governo

chegue até este público que nesta fase é completamente

ignorado pelo poder público tanto municipal, estadual

Page 34: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

como federal. É o período de maior dificuldade para

aqueles que lutam por um ‘pedaço de chão’, no entanto

é um período fundamental para conquista da terra. Pois

os acampamentos além de ser uma forma de resistência

mostram para o conjunto da sociedade as veias abertas

de uma sociedade desigual. É o período onde as

famílias aprendem a viver coletivamente. Dividindo as

misérias e derrotas, mas também as vitorias e alegrias.

A fase de pré-assentamento também não é reconhecido

oficialmente pelo estado, pois assim que adentram a

área já são consideradas como assentadas. A

denominação pré-assentando é oriunda dos

movimentos que organizam a luta, pois na fase inicial

do projeto de assentamento as famílias ainda vivem em

barracas de lona, com muita dificuldade para produzir

pois ainda não tiveram acesso aos créditos fomento e

moradia bem como a liberação das licenças ambientais

e a divisão dos lotes. Assim as famílias conseguem a

terra, mas não têm como produzir, ainda por cima não

tem acesso as politicas públicas fundamentais.

Na fase de assentamento já encontramos as famílias em

uma situação melhor. Nesse período encontramos

alguns programas sociais de apoio às famílias como os

créditos fomento e moradia. Além do programa de

Page 35: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

aquisição de alimentos (PAA), o programa de educação

na reforma agrária (PRONERA), e assistência técnica e

extensão rural mesmo que muito precário. Estes

programas de incentivo a agricultura familiar e

camponesa são frutos da luta histórica dos movimentos

campesinos por reforma agrária. No período de

assentamento é onde há um apoio maior por parte dos

governos de plantão em todos os níveis. Mas

infelizmente nem sempre os municípios e os estados

dão a assistência devida, ficando a responsabilidade

quase que exclusiva do governo federal. Os recursos de

apoio à produção e o desenvolvimento da agricultura

familiar e camponesa são insignificantes, sobretudo se

comparado com que o governo destina para agricultura

patronal, devido à burocracia há muita demora em se

ter acesso a esses recursos, muitas vezes a burocracia é

tanta que muitas famílias se quer conseguem acessar

estes recursos.

Falta assistência técnica, a que existe é precária e

deficitária. Todos os projetos de assentamentos criados

são em regiões de difícil escoamento da produção, não

há transporte e falta estrutura para as famílias

comercializar a produção. Também continua sendo

precário o acesso às políticas públicas fundamentais de

Page 36: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

saúde e educação. Em um período onde as escolas no

campo têm sido fechadas, as famílias são obrigadas a

mandar seus filhos a estudar na cidade, uma parte

enfrenta um transporte escolar precário, outra parte

desiste e vai morar na cidade.

Por tanto em todas as fases do processo de reforma

agrária é de primordial importância a atuação de um

profissional do Serviço Social, na elaboração, execução

e operacionalização de políticas públicas para o público

da reforma agrária, atuando tanto nos órgãos públicos a

nível municipal, estadual e federal, mais sobre tudo nos

movimentos sociais que fazem a luta por essa

importante política de inclusão social e emancipação

tanto social quanto econômica de milhares de famílias

que estão nas margens das rodovias ou mesmo nos

guetos das grandes cidades.

A Reforma Agrária não pode continuar sendo como é

hoje no Brasil, feita sem nenhum planejamento, onde

aqueles que suportam em média 6 anos nas margens de

uma rodovia sem nenhuma política pública especifica, e

depois em média 3 anos em um período de pré-

assentamento, para então após quase 10 anos chegar em

um período de assentamento, onde são dadas algumas

Page 37: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

migalhas. Mais em relação ao agronegócio exportador

os recursos são infinitamente inferior.

No entanto mesmo com as dificuldades e limites a

reforma agrária tem se mostrado na prática uma política

de inclusão social e emancipação de fato de milhões de

trabalhadores que se encontram em situação miserável.

O censo agropecuário de 2006 mostra que 72% do que

chega à mesa do brasileiro é oriunda da agricultura

familiar e camponesa, uma produção feita em harmonia

com o meio ambiente, sem degradá-lo ou devastá-lo, ao

contrario do agronegócio exportador que para produzir

contamina o solo e os alimentos com agrotóxico. Lutar

pela reforma agrária é lutar por um novo modelo

agrícola brasileiro, que não agride o meio ambiente, e

nem envenena os alimentos que chegam a nossa mesa.

Lutar pela reforma agrária no Brasil é lutar de fato por

justiça social, por tanto o Serviço Social não pode ficar

de fora dessa luta.

Page 38: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

5- Movimentos Populares: Caso de policia ou caso

de política?

Vivemos atualmente um processo intenso de

criminalização da pobreza, dos movimentos populares e

de suas lideranças, sobretudo aqueles que lutam por

reforma agrária. Todos os anos a Comissão Pastoral da

Terra elabora o caderno de conflitos que mostra um

retrato dos conflitos por terra em todo o Brasil. E todos

os anos podemos ver uma crescente ação contra

aqueles que lutam por reforma agrária neste país.

Muitos lutadores são executados sumariamente por

jagunços a mando de latifundiários, e a justiça que é tão

rápida para liberar um liminar de desocupação de uma

área não tem a mesma velocidade para julgar e

condenar estes assassinos.

O Estado que se coloca ausente na elaboração e

execução de políticas públicas para ás milhares de

famílias que estão na luta por reforma agrária, esta

muito presente reprimindo e criminalizando aqueles

que ousam a lutar por uma condição de vida mais digna.

No ano de 2009 foi instalada no congresso nacional

uma CPMI dos movimentos sociais segundo a bancada

ruralista (antiga UDR) o objetivo era investigar desvios

Page 39: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

de dinheiro público para financiar a luta dos

movimentos sociais, no entanto sabemos que o objetivo

de fato era intimidar a luta dos movimentos populares

pela revisão dos índices de produtividade que são da

década de 70, e que se alterado destinaria mais áreas que

hoje são consideradas produtivas para o processo de

reforma agrária. Não conseguiram provar nada com

CPMI, mais conseguiram barrar a discussão sobre a

alteração dos índices de produtividade.

Varias lideranças de movimentos populares foram

presos em ocupações de terras, simplesmente por que

cometeram o crime de desafiar os latifundiários, ação

essa decorrente da campanha dos movimentos sociais

por um projeto de lei que limite o tamanho das

propriedades rurais no Brasil, o governo tampou os

olhos, os ruralistas bateram o pé e nada saiu do papel.

Mais recentemente entrou em pauta no congresso

nacional o projeto de revisão do código florestal

brasileiro, que em um momento onde a questão

ambiental esta em pauta em todo o globo vemos ser

apresentado no congresso nacional um projeto que é

um estimulo a ampliação da devastação da nossa flora e

fauna. Extremamente prejudicial à agricultura familiar e

camponesa, e aos povos tradicionais, mas totalmente

Page 40: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

favorável ao grande agronegócio exportador e para os

latifundiários.

Em decorrência da aprovação desse projeto nefasto

para o povo brasileiro, varias lideranças camponesas e

ambientalistas foram assassinadas no norte do país. A

Comissão Pastoral da Terra mais uma vez apresentou a

justiça uma lista com mais de 80 nomes de lideranças

em todo o país que estão ameaçados de morte.

O Estado brasileiro em todos os níveis tem estado

presente na repressão e criminalização dos movimentos

sociais, no entanto não está presente na elaboração e

execução de políticas públicas. Isso nos faz remeter a

década de 20 do século passado onde a questão social

era tratada como caso de policia e não de política.

Devido à atuação e crescimento do Serviço Social

conseguimos superar ao longo das décadas essa lógica,

que infelizmente tem pautado a atuação dos

governantes hoje.

No entanto ao analisarmos a questão agrária brasileira

percebemos que esta nunca foi encarada pelos

governantes como caso de política, ao contrario o

Estado sempre atuou na repressão e criminalização, por

Page 41: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

tanto encarando um problema social como caso de

policia.

Milhares de famílias foram expulsas de suas terras,

obrigadas a tomar as periferias das grandes cidades,

enquanto os latifundiários que usurparam essas terras

têm o total apoio do estado. Lutar por direitos hoje no

Brasil tem sido crime, e aqueles que cometeram e

comentem crime contam com o apoio do estado e

muitas vezes controlam o mesmo.

É necessário que o Serviço Social atue no sentido de

colaborar para que a questão agrária no Brasil seja vista

pelo Estado brasileiro como um caso de política e não

de policia. Que os milhares de lutadores que estão na

luta por reforma agrária não são criminosos são sujeitos

de direitos que devem ser visto pelo Estado quando da

elaboração de políticas públicas e não em processo de

repressão.

As famílias que estão acampadas ou assentadas

necessitam de políticas públicas como saúde, educação,

cultura, lazer, assistência técnica, condição para escoar

sua produção entre outros. Não queremos mais ver

massacres como o do Eldorado dos Carajás, onde

vários camponeses sem terra foram sumariamente

Page 42: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

assassinados por jagunços e agentes policiais do estado.

E neste sentido o Serviço Social deve lutar e colaborar

para que esse processo de criminalização seja superado.

Page 43: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

6- A Importância do Assistente Social na Luta por

Reforma Agrária

Albuquerque e Sant´ana escrevem: É flagrante o

distanciamento do Serviço Social com os problemas

oriundos da questão agrária. Mesmo sabendo que uma

boa parte dos assistentes sociais atuam em municípios

de porte médio e pequeno e cotidianamente se

confrontam com casos dessa natureza. Uma das

explicações para tal fato nos remete a história da

profissão, que tradicionalmente foi solicitada para

intervir na questão social urbana relacionada com o

surgimento da classe operaria no cenário político. Em

grande parte a formação do assistente social é voltada

para pensar os problemas da cidade e formula políticas

para o espaço urbano, subordinando a discussão do

campo a segundo plano. Eles ainda escrevem que a

categoria dos Assistentes Sociais tem estado ausente na

discussão dessa temática, sendo indispensável atentar-se

para ela. (Albuquerque e Sant´ana, 2003).

O Serviço Social tem focado a sua atuação

historicamente no espaço urbano, o profissional tem

sido formado e preparado para atuar neste espaço, onde

há minimamente uma rede de políticas sociais de

assistência social. Hoje o serviço público é o espaço

Page 44: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

sócio ocupacional do Serviço Social majoritariamente,

isso é, mais de 70%, segundo pesquisa realizada pelo

CFESS, portanto o assistente social pode ser

caracterizado como um servidor público. E como

percebemos anteriormente o Estado brasileiro

historicamente não tem assumido políticas públicas

voltadas para o público beneficiário da reforma agrária

ou que esteja em luta por esta. Assim no espaço de

políticas públicas de assistência social o profissional fica

apenas no campo da discussão e execução de políticas

na zona urbana. Tanto no campo de políticas de

educação, saúde, geração de renda, como todas as

políticas do Sistema Único de Assistência Social

(SUAS).

O Serviço Social precisa perceber que a milhares de

famílias que vivem no campo, sobre tudo milhares que

estão envolvidas diretamente com a questão agrária

brasileira, na luta direta pela reforma agrária e que não

são atendidas por políticas públicas específicas. Que

atenda a sua condição de exclusão social. É preciso lutar

junto aos órgãos públicos por políticas especificas para

esses milhões de brasileiros que estão nesta situação.

No campo da pesquisa e da produção acadêmica

percebemos poucos trabalhos no campo do Serviço

Page 45: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Social que abordam a questão agrária de forma mais

profunda, e que minimamente subsidie os movimentos

que estão em luta pela democratização do acesso a terra

no Brasil. Alguns autores como vimos acima citam a

importância do tema, a consonância com o nosso

projeto ético - político, no entanto não há um estudo

especifico e nem um aprofundamento sobre o tema. Ao

contrario há um reconhecimento da deficiência da

nossa profissão em se apropriar dessa discussão, em

realizar estudos e potencializar a luta dos movimentos

populares.

É impossível falar em desigualdade social no Brasil e

não se falar da concentração de terra na mãos de

poucas famílias, é impossível falar nos milhões de

miseráveis passando fome e não se lembrar das extensas

áreas agricultáveis no Brasil servindo para especulação

ou exportação, é impossível se falar em proteção e

preservação do meio ambiente e não nos remeter a

necessidade de discutirmos o atual modelo de agrícola

do Brasil. Por tanto é impossível se falar em mudar esse

país com inclusão social, empoderamento do povo, e a

emancipação da classe trabalhadora se não falarmos em

reforma agrária.

Page 46: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

É importante que o Serviço Social discuta, elabore e

intervenha sobre a questão agrária, há milhares de

famílias acampadas vivendo em uma situação precária e

que precisam de políticas públicas especificas, há

também no Brasil milhares de famílias assentadas pelo

processo de reforma agrária e que também precisam de

políticas públicas especificas. O espaço cotidiano de

atuação profissional é os municípios, e é impensável

falar que os assistentes sociais não se deparam nos

municípios rurais com questões relativas à reforma

agrária.

No entanto há poucas pesquisas, e trabalhos

acadêmicos que subsidia a atuação desses profissionais

no enfrentamento das expressões da questão social,

sendo a questão agrária brasileira como bem coloca

Netto uma expressão da questão social, e que talvez seja

hoje a mais complexa expressão da questão social

enfrentada pelos assistentes sociais, sobretudo por que

ainda é pouco discutida no seio da profissão. Ainda é

um espaço de pouca atuação do Serviço Social, tanto na

pesquisa como na ação.

Lutar por reforma agrária no Brasil é enfrentar o que se

tem de mais reacionário, no entanto se queremos lutar

de fato pela liberdade e emancipação da classe

Page 47: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

trabalhadora tal como trás o nosso código de ética

profissional, não se pode vacilar, não é a reforma

agrária que transformará o Brasil, no entanto ela é

extremamente tática para que isso aconteça.

Page 48: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Notas

1- Em Goiás a maioria dos estabelecimentos rurais é

utilizada para criação de bovinos, onde é

necessário devastar grandes áreas de terras para

pastagem. Por outro lado as lavouras são

geralmente de monocultura tal como a soja e a

cana de açúcar.

2- Mesmo com a heroica luta dos movimentos

populares de luta pela reforma agrária a estrutura

fundiária do estado de Goiás pouco se alterou

sobre tudo se levarmos em consideração que até

1985 o censo agropecuário de Goiás incorporava

o que a região que é hoje o estado do Tocantins,

por tanto se formos analisar bem à estrutura

fundiária de Goiás continua igual.

3- Em todo este período, sobretudo na década de 90

os movimentos de luta pela terra conseguiram

através da luta conquistar várias áreas, mais isso

não tem mudado a estrutura fundiária do estado,

devido a lentidão, burocracia e falta de vontade

política.

Page 49: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

4- Em Goiás tem hoje segundo dados do INCRA de

2011, 288 projetos de assentamentos, no entanto

parte deles são considerados ainda como pré-

assentamentos, pois as famílias ainda não

receberam todos os créditos, e os assentamentos

ainda não estão estruturados. Esses projetos de

assentamentos ocupam uma área em hectares de

670.403,5841, com cerca de 14.458 famílias

assentadas.

5- Mesmo com a falta de apoio e estrutura, os

assentamentos de reforma agrária é uma prova de

inclusão social e econômica, assim que as famílias

ocupam uma área que antes era improdutiva já

começam produzir, daí para frente não necessitam

mais de bolsas assistencialistas para sobreviverem,

já não são massas de manobra, as famílias passam

a ter autonomia, pois passam a ter em suas mãos

instrumentos para sua própria sobrevivência,

mesmo com toda a dificuldade e falta de apoio

segundo o censo agropecuário de 2006 realizado

pelo IBGE, mais de 70% do que chega à mesa do

brasileiro é oriundo da agricultura familiar e

camponesa.

Page 50: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

6- Há uma grande diversidade da produção nos

assentamentos, respeitando o meio ambiente, as

famílias mesmo sem uma assistência técnica

decente produzem em uma mesma área uma

produção diversificada, sem uso de agrotóxico e

baseado na agroecologia, os projetos de

assentamento é um exemplo de que é possível um

novo modelo agrícola no Brasil sem agressão ao

meio ambiente e sem a produção de alimentos

envenenados, para tanto reafirmamos a

necessidade de uma reforma agrária de fato.

7- As conquistas da classe trabalhadora são frutos da

organização, mobilização e luta. Em relação às

conquistas obtidas pelos movimentos do

campesinato sem terra também não é diferente, as

conquistas obtidas são resultado de muito sangue,

suor e lagrima. Mesmo com a constituição federal

de 1988 garantido no papel que toda grande

propriedade rural que não esteja cumprindo a sua

função social, isto é, que seja improdutiva, devem

ser desapropriadas e destinada para reforma

agrária. Porém sem a organização dos

movimentos, sem os acampamentos nas margens

das rodovias mostrando a resistência no

Page 51: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

campesinato sem terra, como também a

necessidade de se fazer uma reforma agrária, sem

as ocupações de áreas improdutivas com o

objetivo de pressionar as autoridades para agilizar

o processo, assim também como a ocupação dos

órgãos governamentais que executam o programa

de reforma agrária, nada teria sido conquistada,

nem uma área de assentamento se quer.

8- Mesmo coma reforma agrária tendo saído da

pauta do governo federal, e não estando há muito

tempo na pauta dos governos estaduais e

municipais, as famílias vão resistindo e persistindo

na luta, muito pouco avançou, mais o suficiente,

para demonstrar a sua eficiência e a sua

necessidade. Assim temos visto um aumento da

luta pela terra, agora também com o

protagonismo dos povos tradicionais que tiveram

suas terras usurpadas pelos latifundiários, com

todo esse levante tem aumentado também a

violência no campo como mostra o caderno de

conflitos elaborado pela CPT todos os anos, e

temos visto o estado brasileiro mostrar que esta a

serviço do grande capital e não da classe

trabalhadora, novamente como na década de 20

Page 52: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

do século passo, vemos a questão social ser

tratada como caso de policia e não de política.

Page 53: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Conclusão

A questão agrária brasileira é uma expressão da questão

social, no entanto o seu enfrentamento não tem sido

feito através de políticas mais sim de policia, é

necessário que o Serviço Social que pouco tem

contribuído nesta discussão se aproprie desse tema.

Tanto na elaboração e execução de políticas públicas

que atendam as famílias que estão em luta por um

pedaço de chão, e as que se tornaram beneficiarias.

Como no campo da pesquisa subsidiando os

movimentos populares que lutam por reforma agrária

potencializando sua luta.

Historicamente uma elite burguesa latifundiária foi se

apropriando ilegalmente, usurpando e expulsando de

suas terras milhões de camponeses que tiveram que

migrar para as periferias das grandes cidades, no

entanto esse processo não se deu sem resistência dos

campesinos e povos tradicionais pela posse da terra,

mas mesmo com toda essa luta percebemos que nos

últimos anos a concentração de terra aumentou no

Brasil.

No ultimo período tem sido desencadeado um processo

intenso de criminalização da pobreza e dos movimentos

Page 54: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

sociais que lutam pela garantia de direitos, o Estado

brasileiro que tem se ausentado na elaboração de

políticas públicas especificas para esses milhões de

brasileiros que vivem em condições subumanas, sem

acesso a política de saúde, educação, cultura, lazer entre

outros, se submetendo a trabalho análogo ao da

escravidão. Tem estado presente criminalizando os

movimentos populares e seus lideres.

É preciso que o Serviço Social que tem sido preparado

apenas para atuar na cidade atendendo o público

urbano possa se apropriar e se preparar para atuar com

ás milhões de famílias que estão na luta pela reforma

agrária e os outros milhões que são beneficiários.

Os movimentos populares em luta pela reforma agrária

deve ser um espaço sócio ocupacional do assistente

social, sendo que a luta desses movimentos vai em

consonância com o projeto ético-político da profissão,

por tanto a luta por reforma agrária deve ser pautada

pelo Serviço Social tanto do ponto de vista cientifico,

do ponto de vista acadêmica dentro da universidade

como também no cotidiano profissional elaborando e

executando políticas públicas que atendam ao público

da reforma agrária. A questão agrária no Brasil não

pode mais ser tratada como um tabu no Serviço Social,

Page 55: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

e também não apenas apoiar. É necessário fortalecer e

construir a luta. Pois lutar por reforma agrária no Brasil

é lutar verdadeiramente por justiça social.

A questão agrária no Brasil é uma luta tática para

emancipação da classe trabalhadora, por sua formação

ela ganha contorno de uma guerra, é necessário

democratizar o acesso a terra no Brasil, lutar para que

milhões de brasileiros que vivem em situação precária

possam ser assentados, e partindo daí tenha educação

de qualidade, saúde, assistência técnica, condição para

produzir, escoar e comercializar sua produção.

A Reforma Agrária trás também a discussão sobre

como em pleno século XXI o estado brasileiro ainda

encara algumas expressões da questão social, tal como a

reforma agrária como caso de policia e não de política.

É também discutir sobre a necessidade de um novo

modelo agrícola, baseado na agroecologia e não no

agronegócio exportador e na monocultura.

Por tanto é de fundamental importância que o Serviço

Social se aproprie desse tema e fortaleça a luta por

reforma agrária neste país, pois sem reforma agrária não

teremos um país justo verdadeiramente. A reforma

Agrária não acabará com a questão social, pois ela é

Page 56: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

apenas uma expressão, no entanto é uma expressão

fundamental para transformação do Brasil.

Page 57: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

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Page 60: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Nota sobre o Autor

Pedro Ferreira Nunes é Poeta e escritor. - Natural de

Miracema do Tocantins, cidade em que nasceu em 18

de maio de 1985. Atualmente mora na cidade de

Lajeado também no Tocantins.

Formado como bacharel em Serviço Social pela

Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, também

atua como educador popular e assessor de movimentos

populares, sobretudo os de luta por reforma agrária e

urbana.

Socialista revolucionário é militante da Liberdade,

Socialismo e Revolução – LSR tendência interna do

Page 61: O serviço social e a política de reforma agrária no estado de goiás

Partido Socialismo e Liberdade – PSOL e do Comitê

por uma Internacional dos Trabalhadores – CIT e no

Bloco de Resistência Socialista.

Pedro Ferreira Nunes é autor do romance ‘A Ilha dos

Espíritos’ e dos artigos ‘O Serviço Social e a Política de

Reforma Agrária em Goiás’ e ‘Estudos sobre os Efeitos

Econômicos e Sociais do Agronegócio tocantinense’,

entre outros diversos artigos sobre questões politicas e

sociais referente à luta de classes no Brasil.