o sequestro da filosofia

Upload: caio-et-dik

Post on 26-Feb-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 O Sequestro Da Filosofia

    1/4

    O SEQUESTRO DA FILOSOFIA

    ELEMENTOSPARAPENSARASRELAESENTRELITERATURAEFILOSOFIANO

    BRASIL

    Caio Souto

    [Introduo]

    No Brasil, desde meados do sculo XIX, a literatura foi compreendida como

    um das formas expressivas mais destacados de nossa formao social, cultural e

    poltica !stud"#la passaria a ser um modo cada ve$ mais privile%iado de identificar os

    principais aspectos de nosso povo e de sua &ist'ria sin%ular ( primeira %rande tentativa

    de formulao sistem"tica da formao de nossa literatura se deve a (ntonio Candido

    em sua imponenteFormao da literatura brasileira, cu)a pu*licao, +ue data de mais

    de meio sculo, ainda suscita variadas crticas rata#se de uma o*ra +ue possui um

    mtodo e sua aplicao !sse mtodo apresentado no captulo inicial da o*ra, a+uele

    +ue foi mais comentado- ./iteratura como sistema0 (presenta#se ali, mais do +ue

    propriamente um mtodo, um conceito especfico de literatura 1s demais captulos

    passam a expor as etapas &ist'ricas de constituio desse sistema em solo *rasileiro,

    primeiramente de modo dependente de 2ortu%al, em se%uida con+uistando relativa

    autonomia, a +ual seria paulatinamente lo%rada definitivamente al modelo respeita a

    uma concepo &ist'rica continusta-

    Se dese)armos focali$ar os momentos em +ue se discernea formao de um sistema, prefervel nos limitarmosaos seus artfices imediatos, mais os +ue se vo

    en+uadrando como &erdeiros nas suas diretri$es, ousimplesmente no seu exemplo rata#se, ento, 3para darrealce 4s lin&as5, de averi%uar +uando e como se definiuuma continuidade ininterrupta de o*ras e autores, cientes+uase sempre de inte%rarem um processo de formaoliter"ria 3C(N6I61, 7898, pp :;#:

  • 7/25/2019 O Sequestro Da Filosofia

    2/4

    o pensamento social *rasileiro teve

    e seus principais o*)etos

    concentrou#se a respeito das condiAes de possi*ilidade da emer%ncia da

    literatura

    /i 1 se+uestro do *arroco do @aroldo

    Das antes de coment"#lo, +ueria deixar re%istrado o espanto +ue me causa

    ouvi#lo falar so*re Eor%e de /ima, criticado por sua falta de estrutura e de unidade 3mas

    no do *arroco +ue se trataFG5

    Bem, talve$ fosse oportuno usar @aroldo contra ele mesmo a+ui o %rande

    poeta concretista encontra uma lin&a +ue vai de Hre%'rio 3e CamAes, antes dele, um

    precursor do *arroco por seu maneirismo5, a Sousndrade, a Eoo Ca*ral ao

    neoconcretismo e deixa de fora dessa lin&a Inveno de 1rfeu e Canto %eral do Neruda

    1po formalista, a meu ver, e por +ue no lo%ocntrica, para arriscar contra @aroldo o

    autor da Hramatolo%ia

    ( acusao de se+uestro de um perodo inteiro de nossa literatura l&e

    interessada, )" +ue esse perodo eleito como precursor do seu neoconcretismo Das

    creio +ue a Jormao de Candido levante suspeitas, antes, por pretender +ue a literatura

    *rasileira ten&a se desenvolvido 4 maneira de uma formao, a +ual, uma ve$ aceita,

    deve excluir o *arroco 3no pelos caracteres estruturais +ue @aroldo *usca em EaKo*son

    para criticar o modelo croceano de Candido5, mas por uma +uesto estritamente

    &ist'rica Comear no arcadismo no suficiente a sanar essa deficincia, faces +ue so

    3*arroco e arcadismo5 de uma mesma expresso 3como eram o *arroco em /ei*ni$ e o

    classicismo em 6escartes5

    2onto pacfico, para mim, +ue a efetiva literatura *rasileira ten&a comeado

    com nosso romantismo, tal como a literatura como conceito ten&a sido inventada peloromantismo alemo, irm da filolo%ia e av' da p"tria %ermnica

    1 povo 3o pL*lico5, )ustamente o +ue Candido no identifica no perodo

    *arroco e v formar#se em*rionariamente no arcadismo para enfim se consolidar

    sistematicamente no romantismo, a %rande inveno alem do perodo 6issipando as

    diferenas entre as naAes, diramos +ue a %rande inveno do 1cidente ap's a

    Mevoluo Jrancesa Seu correlato *rasileiro se viu emer%ir entre 7> e 7:: 3perodo

    )oanino5 !sse perodo seria a+uele em +ue nosso Oant teria vivido !sse Oant noexistiu, mas no importa ivemos o romantismo

  • 7/25/2019 O Sequestro Da Filosofia

    3/4

    1 +ue teria sido se+uestradoF No &avendo literatura no mundo desde ento,

    Candido estaria certo Das o mal#estar de @aroldo no sem ra$o 2ois no de seu

    sculo +ue o *arroco foi limado pela Jormao de Candido, mas do nosso P a n's +ue

    se l&e deve assistir importncia, )" +ue Hre%'rio Sousndrade, 1sQald, o

    concretismo No estamos diante de uma tese &ist'rica, portanto, mas de duas

    concepAes de literatura- uma formalista, outra romntica

    1 formalismo estrito de @aroldo me pareceu ce%o para o pro*lema da literatura

    e sua emer%ncia &ist'rica, como ce%o para o +ue se passa alm da forma, da estrutura,

    da unidade coesa, do lo%os

    alve$ se)a efeito de um se+uestro mais %rave em nosso pensamento, o +ue

    c&amarei doravante 1 se+uestro da filosofia

    !ntre n's, persiste +ue o lu%ar privile%iado do pensamento ainda se restrin)a 4

    literatura e 4 sua teoria

    Rue al%um desenvolva mel&or isso Ruero apenas ressaltar, parodiando

    itt%enstein, +ue na teoria liter"ria *rasileira &" muita pes+uisa, muita estrutura, muita

    formao, e total confuso intelectual

    BIB/I1HM(JI(

    C(N6I61, (ntonioFormao da literatura brasileira (momentos decisivos) : vols

    TU edio So 2aulo- Dartins, 7898

    Candido tem uma compreenso ar*'rea da literatura *rasileira 3ramo da portu%uesa, +ue

    ramo menor da europeia5

    Na tese de 1sQald so*re .(rc"dia e Inconfidncia0, possvel vislum*rar como aliteratura ali exerce o papel de dobraintermedi"ria entre o perodo colonial e o perodo

    imperial, entre a poesia +ue falava a ln%ua do infinito e a poesia +ue falar" a ln%ua do

    &omem

  • 7/25/2019 O Sequestro Da Filosofia

    4/4

    7 V per%untar +uem so os ouvintes: V explicar meu mestrado e o pro*lema de um conceito de literatura

    T V de como esse conceito de literatura filos'fico; V diviso da fala em duas partes- a5 o pro*lema da filosofia *rasileiraW *5 o pro*lemada literatura *rasileiraW c5 do privil%io da literatura

    < V explicar a tese de 2aulo Dar%utti so*re a filosofia *rasileira no perodo colonial