o sequestro da filosofia
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7/25/2019 O Sequestro Da Filosofia
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O SEQUESTRO DA FILOSOFIA
ELEMENTOSPARAPENSARASRELAESENTRELITERATURAEFILOSOFIANO
BRASIL
Caio Souto
[Introduo]
No Brasil, desde meados do sculo XIX, a literatura foi compreendida como
um das formas expressivas mais destacados de nossa formao social, cultural e
poltica !stud"#la passaria a ser um modo cada ve$ mais privile%iado de identificar os
principais aspectos de nosso povo e de sua &ist'ria sin%ular ( primeira %rande tentativa
de formulao sistem"tica da formao de nossa literatura se deve a (ntonio Candido
em sua imponenteFormao da literatura brasileira, cu)a pu*licao, +ue data de mais
de meio sculo, ainda suscita variadas crticas rata#se de uma o*ra +ue possui um
mtodo e sua aplicao !sse mtodo apresentado no captulo inicial da o*ra, a+uele
+ue foi mais comentado- ./iteratura como sistema0 (presenta#se ali, mais do +ue
propriamente um mtodo, um conceito especfico de literatura 1s demais captulos
passam a expor as etapas &ist'ricas de constituio desse sistema em solo *rasileiro,
primeiramente de modo dependente de 2ortu%al, em se%uida con+uistando relativa
autonomia, a +ual seria paulatinamente lo%rada definitivamente al modelo respeita a
uma concepo &ist'rica continusta-
Se dese)armos focali$ar os momentos em +ue se discernea formao de um sistema, prefervel nos limitarmosaos seus artfices imediatos, mais os +ue se vo
en+uadrando como &erdeiros nas suas diretri$es, ousimplesmente no seu exemplo rata#se, ento, 3para darrealce 4s lin&as5, de averi%uar +uando e como se definiuuma continuidade ininterrupta de o*ras e autores, cientes+uase sempre de inte%rarem um processo de formaoliter"ria 3C(N6I61, 7898, pp :;#:
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o pensamento social *rasileiro teve
e seus principais o*)etos
concentrou#se a respeito das condiAes de possi*ilidade da emer%ncia da
literatura
/i 1 se+uestro do *arroco do @aroldo
Das antes de coment"#lo, +ueria deixar re%istrado o espanto +ue me causa
ouvi#lo falar so*re Eor%e de /ima, criticado por sua falta de estrutura e de unidade 3mas
no do *arroco +ue se trataFG5
Bem, talve$ fosse oportuno usar @aroldo contra ele mesmo a+ui o %rande
poeta concretista encontra uma lin&a +ue vai de Hre%'rio 3e CamAes, antes dele, um
precursor do *arroco por seu maneirismo5, a Sousndrade, a Eoo Ca*ral ao
neoconcretismo e deixa de fora dessa lin&a Inveno de 1rfeu e Canto %eral do Neruda
1po formalista, a meu ver, e por +ue no lo%ocntrica, para arriscar contra @aroldo o
autor da Hramatolo%ia
( acusao de se+uestro de um perodo inteiro de nossa literatura l&e
interessada, )" +ue esse perodo eleito como precursor do seu neoconcretismo Das
creio +ue a Jormao de Candido levante suspeitas, antes, por pretender +ue a literatura
*rasileira ten&a se desenvolvido 4 maneira de uma formao, a +ual, uma ve$ aceita,
deve excluir o *arroco 3no pelos caracteres estruturais +ue @aroldo *usca em EaKo*son
para criticar o modelo croceano de Candido5, mas por uma +uesto estritamente
&ist'rica Comear no arcadismo no suficiente a sanar essa deficincia, faces +ue so
3*arroco e arcadismo5 de uma mesma expresso 3como eram o *arroco em /ei*ni$ e o
classicismo em 6escartes5
2onto pacfico, para mim, +ue a efetiva literatura *rasileira ten&a comeado
com nosso romantismo, tal como a literatura como conceito ten&a sido inventada peloromantismo alemo, irm da filolo%ia e av' da p"tria %ermnica
1 povo 3o pL*lico5, )ustamente o +ue Candido no identifica no perodo
*arroco e v formar#se em*rionariamente no arcadismo para enfim se consolidar
sistematicamente no romantismo, a %rande inveno alem do perodo 6issipando as
diferenas entre as naAes, diramos +ue a %rande inveno do 1cidente ap's a
Mevoluo Jrancesa Seu correlato *rasileiro se viu emer%ir entre 7> e 7:: 3perodo
)oanino5 !sse perodo seria a+uele em +ue nosso Oant teria vivido !sse Oant noexistiu, mas no importa ivemos o romantismo
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1 +ue teria sido se+uestradoF No &avendo literatura no mundo desde ento,
Candido estaria certo Das o mal#estar de @aroldo no sem ra$o 2ois no de seu
sculo +ue o *arroco foi limado pela Jormao de Candido, mas do nosso P a n's +ue
se l&e deve assistir importncia, )" +ue Hre%'rio Sousndrade, 1sQald, o
concretismo No estamos diante de uma tese &ist'rica, portanto, mas de duas
concepAes de literatura- uma formalista, outra romntica
1 formalismo estrito de @aroldo me pareceu ce%o para o pro*lema da literatura
e sua emer%ncia &ist'rica, como ce%o para o +ue se passa alm da forma, da estrutura,
da unidade coesa, do lo%os
alve$ se)a efeito de um se+uestro mais %rave em nosso pensamento, o +ue
c&amarei doravante 1 se+uestro da filosofia
!ntre n's, persiste +ue o lu%ar privile%iado do pensamento ainda se restrin)a 4
literatura e 4 sua teoria
Rue al%um desenvolva mel&or isso Ruero apenas ressaltar, parodiando
itt%enstein, +ue na teoria liter"ria *rasileira &" muita pes+uisa, muita estrutura, muita
formao, e total confuso intelectual
BIB/I1HM(JI(
C(N6I61, (ntonioFormao da literatura brasileira (momentos decisivos) : vols
TU edio So 2aulo- Dartins, 7898
Candido tem uma compreenso ar*'rea da literatura *rasileira 3ramo da portu%uesa, +ue
ramo menor da europeia5
Na tese de 1sQald so*re .(rc"dia e Inconfidncia0, possvel vislum*rar como aliteratura ali exerce o papel de dobraintermedi"ria entre o perodo colonial e o perodo
imperial, entre a poesia +ue falava a ln%ua do infinito e a poesia +ue falar" a ln%ua do
&omem
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7 V per%untar +uem so os ouvintes: V explicar meu mestrado e o pro*lema de um conceito de literatura
T V de como esse conceito de literatura filos'fico; V diviso da fala em duas partes- a5 o pro*lema da filosofia *rasileiraW *5 o pro*lemada literatura *rasileiraW c5 do privil%io da literatura
< V explicar a tese de 2aulo Dar%utti so*re a filosofia *rasileira no perodo colonial