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1 O SABER E O FAZER DO PEDAGOGO COMO AGENTE TRANSFORMADOR ZUKOWSKI, Maria Catarina da Silva 1 [email protected] Orientadora: HARACEMIV, Sonia Maria Chaves 2 [email protected] RESUMO O artigo buscou colocar em discussão como o pedagogo escolar articula as teorias pedagógicas e os saberes para efetivar sua ação, a partir das atribuições que o sistema de ensino público estadual paranaense requer deste profissional. Foram apresentados os questionamentos aos profissionais e a seus pares de equipe, visando a reflexão sobre a prática escolar, com intuito de subsidiar a investigação. A partir do ato de debruçar coletivamente, refletir, discutir os elementos significativos e a problematizar situações educacionais, pode-se traçar um plano de ação objetivando mudanças e novas formas de organização da escola. Ressaltou-se também a urgência do debate do projeto político-pedagógico no espaço escolar, como documento norteador e articulador de uma nova concepção de educação que transcenda a lógica capitalista, onde a produção ocorre sem a consciência do produzido e da formação e desenvolvimento do produtor. A pesquisa visa contribuir para que na escola se tenha outras posturas e concepções, e que se constituam no eixo básico da profissionalidade do pedagogo, pois é função da escola a formação do sujeito para o mundo do trabalho. Palavras-chave: Reflexão-ação coletiva. Espaço da escola. Profissionalidade do pedagogo. Introdução Como educadora, a autora desse estudo compreende que a atuação do pedagogo, numa concepção progressista de educação, é a de um profissional que direta ou indiretamente atua em várias instâncias da prática educativa, agindo em todos os espaços de contradição para a transformação desta prática. Porém, ao longo dos anos foi percebendo que o pedagogo tem dificuldades de intervir de maneira significativa, sua ação tem se revelado insuficiente e pouco expressiva junto aos professores, distanciando e inviabilizando a mediação e a articulação do processo de ensinar e aprender. 1 Pedagoga PDE – 2008 do Colégio Estadual Prof. Cleto – Ensino Fundamental e Médio. 2 Orientadora - Professora Doutora da UFPR do Setor de Educação do Departamento de Teoria e Prática de Ensino.

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O SABER E O FAZER DO PEDAGOGO COMO AGENTE TRANSFORM ADOR

ZUKOWSKI, Maria Catarina da Silva 1 [email protected]

Orientadora: HARACEMIV, Sonia Maria Chaves 2 [email protected]

RESUMO O artigo buscou colocar em discussão como o pedagogo escolar articula as teorias pedagógicas e os saberes para efetivar sua ação, a partir das atribuições que o sistema de ensino público estadual paranaense requer deste profissional. Foram apresentados os questionamentos aos profissionais e a seus pares de equipe, visando a reflexão sobre a prática escolar, com intuito de subsidiar a investigação. A partir do ato de debruçar coletivamente, refletir, discutir os elementos significativos e a problematizar situações educacionais, pode-se traçar um plano de ação objetivando mudanças e novas formas de organização da escola. Ressaltou-se também a urgência do debate do projeto político-pedagógico no espaço escolar, como documento norteador e articulador de uma nova concepção de educação que transcenda a lógica capitalista, onde a produção ocorre sem a consciência do produzido e da formação e desenvolvimento do produtor. A pesquisa visa contribuir para que na escola se tenha outras posturas e concepções, e que se constituam no eixo básico da profissionalidade do pedagogo, pois é função da escola a formação do sujeito para o mundo do trabalho. Palavras-chave: Reflexão-ação coletiva. Espaço da escola. Profissionalidade do pedagogo. Introdução Como educadora, a autora desse estudo compreende que a atuação do

pedagogo, numa concepção progressista de educação, é a de um profissional que

direta ou indiretamente atua em várias instâncias da prática educativa, agindo em

todos os espaços de contradição para a transformação desta prática. Porém, ao

longo dos anos foi percebendo que o pedagogo tem dificuldades de intervir de

maneira significativa, sua ação tem se revelado insuficiente e pouco expressiva junto

aos professores, distanciando e inviabilizando a mediação e a articulação do

processo de ensinar e aprender.

1 Pedagoga PDE – 2008 do Colégio Estadual Prof. Cleto – Ensino Fundamental e Médio. 2Orientadora - Professora Doutora da UFPR do Setor de Educação do Departamento de Teoria e Prática de Ensino.

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Partindo das considerações acima, o presente estudo pretende desvelar a

dicotomia existente entre a teoria e a prática, e até que ponto essa falta de relação

inviabiliza o fazer do pedagogo no cotidiano escolar. Tendo como pressuposto que

as ações do pedagogo revelam o seu pensar pedagógico, é importante considerar

que a reflexão sobre sua prática é essencial para a implementação de ações

compartilhadas na escola numa perspectiva transformadora. Não se tem a

pretensão de descrever o caminho percorrido pelo pedagogo ao longo do tempo,

mas investigar o que estaria dificultando a atuação deste como mediador e

articulador do trabalho pedagógico, analisando a prática deste profissional buscando

identificar em que medida sua atuação responde a demanda do contexto. A

investigação visou refletir sobre as relações de poder na organização pedagógica,

onde a incumbência é de fazer a ponte entre teoria e prática, entre concepções e

métodos, ação, reflexão e ação.

Procedimentos Metodológicos

Ao investigar e analisar as contradições que permeiam a práxis do pedagogo

no interior da escola optou-se por uma abordagem qualitativa, e a observação

participante pela interação da pesquisadora com a situação estudada. Nesta

investigação contou-se também com a análise de documentos normativos, aplicação

de questionários, leitura e síntese de um referencial teórico substanciado pelos

educadores comprometidos com o trabalho pedagógico, e os depoimentos de

pedagogos participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR 2008. 3

De acordo com a Proposta de Implementação do Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE foram desenvolvidas no primeiro semestre de

2009, as estratégias traçadas, as quais precisaram ser alteradas no percurso, o que

provocou uma maior acuidade no trabalho de investigação, mas não impediram a

continuidade, ao contrário, contribuíram e enriqueceram o processo com dados que

permitiram a autora uma análise detalhada do papel do pedagogo nos diferentes

contextos.

3 Modalidade de Educação a Distancia oferecido pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná SEED/PR), como Formação Continuada dos professores da rede pública estadual. Neste caso, o grupo citado faz parte do GTR MARIA CATARINA ZUKOWSKI - "O saber e o fazer do pedagogo (a) como agente transformador"

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No primeiro momento, o objetivo era investigar as contradições que

permeavam a práxis do pedagogo, bem como traçar a identidade do referido

profissional sob o olhar da comunidade escolar, quanto ao papel de articulador do

processo de ensinar e aprender. Para tanto, foram analisados o Plano de Trabalho

do Pedagogo e Plano de Ação da Escola frente ao Projeto Político Pedagógico/PPP.

Ao ingressar no Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, a

intenção primeira era abordar como foco principal de estudo, a comunidade escolar

do Ensino Médio Integrado, período vespertino do Centro Estadual de Educação

Profissional Dr. Brasílio Machado, no Município de Antonina, PR. Partindo deste

pressuposto, no final do ano de 2008 a pedagoga e também pesquisadora, elaborou

seu Plano de Trabalho coerente com o Projeto Político Pedagógico (PPP) e com o

Plano de Ação da Escola.

Situações de imprevisibilidade surgiram, tais como Processo de Autorização e

Reconhecimentos de Cursos oferecidos no estabelecimento de ensino, o que exigiu

demanda de Coordenadores, de apoio pedagógico na organização burocrática,

muito tempo de trabalho pedagógico, como orientar e acompanhar bimestralmente o

Plano de Trabalho Docente, reuniões bimestrais com os representantes de turma,

acompanhamento de alunos faltosos e evadidos, verificação dos Livros de Registro

de Classe, dentre outras atividades. Tais ações envolveram todo o coletivo escolar

(secretaria, direção, coordenadores e pedagogos).

Com a efetivação do processo de remoção da pesquisadora para uma outra

escola estadual, estas mesmas ações, citadas no primeiro momento, deveriam ser

implementadas neste novo estabelecimento, onde a pedagoga PDE atuou no Ensino

Fundamental – 5ª a 8ª série.

Segundo a realidade desta escola as ações do pedagogo deveriam estar

voltadas ao atendimento de aluno indisciplinado, substituição de professores

faltosos, controle do uso de uniforme, atrasos e frequência dos alunos, dentre outras

ações não pensadas no plano de trabalho de pesquisa.

Diante desse impasse, a autora desse trabalho foi removida, novamente, para

outra escola, o que propiciou subsídios para o desenvolvimento da proposta de

trabalho, o Colégio Estadual Professor Cleto, Ensino Médio, período noturno. As

diferentes comunidades escolares trouxeram novos olhares sobre o fazer

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pedagógico do profissional pedagogo, pois contribuiu para perceber como esse

profissional realiza seu trabalho em diferentes contextos.

Com o intuito de investigar o conhecimento e envolvimento com a construção

do Projeto Político Pedagógico (PPP), e sobre o Regimento Escolar, bem como as

atribuições do pedagogo prescritas nestes documentos, foi aplicado um Instrumento

de Coleta de Dados – ICD junto à comunidade escolar, visando identificar como a

mesma vê as atribuições prescritas nos referidos documentos, e o desempenho das

funções do pedagogo.

Após a aplicação desses instrumentos, os dados obtidos foram analisados e

discutidos com o propósito de apresentar e divulgar a comunidade escolar as

atribuições prescritas no Regimento Escolar, e a partir da reflexão coletiva,

selecionar as atribuições que deveriam ser prioridades no trabalho desenvolvido

pelo pedagogo, visando repensar as ações desenvolvidas por esse profissional, na

intenção de reestruturar o Plano de Trabalho da Equipe Pedagógica.

O desenvolvimento desta investigação teve como base a formação e atuação

da autora como pedagoga em escolas públicas paranaense durante o período de

implementação do trabalho, além do estudo bibliográfico, dos dados obtidos com a

colaboração de docentes, agentes administrativos e educandos.

Lendo e relendo o Plano de Trabalho da Equipe Pedag ógica e o prescrito nos documentos oficiais da SEED-PR

Ao chegar à escola Professor Cleto em maio, no período noturno, a autora

dessa pesquisa analisou o Plano de Trabalho da Equipe Pedagógica para o ano de

2009, com intuito de tomar conhecimento e procurar redimensionar os momentos de

reflexão junto aos educadores, para ter condições de desenvolver o seu plano de

implementação PDE.

Inicialmente foi observado o trabalho dos pedagogos no cotidiano da escola, e

analisado a luz do Plano de Trabalho da Equipe Pedagógica (PTEP), para o ano de

2009, as quais se destacam:

- Estudos de textos sobre assuntos diversos (avaliação, indisciplina, projetos pedagógicos, etc.) com os professores em Hora Atividade - HA; - Acompanhar regularmente o preenchimento do registro de classe de cada professor; verificar com os professores alunos faltosos e buscar justificativas juntos

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aos familiares ou responsáveis, bem como alertá-los quanto aos alunos transferidos ou desistentes; distribuir para os alunos os livros didáticos, controlando sua devolução no final do ano; - Acompanhar os conteúdos que estão sendo trabalhado em sala de aula, laboratório de informática, laboratório de ciências, etc, bem como a metodologia, critérios de avaliação e postura do professor (sempre que possível); realizar com os professores em H.A uma busca de materiais pedagógicos para suas atividades, assim como fazer pré-conselho para tomar ciência do desempenho dos alunos; - Receber, orientar e encaminhar estagiários em diversas disciplinas, como também os coordenadores de estágios das diversas instituições de ensino; estar alerta aos acontecimentos e ao funcionamento do colégio para que as coisas ocorram de modo satisfatório; atender aos pais pessoalmente e/ou por telefone; participar da jornada pedagógica (CLETO, 2009)

Foram identificadas ações que não eram desenvolvidas na escola, como os

“estudos de textos sobre assuntos: avaliação, indisciplina, projetos pedagógicos,

com os professores em hora atividade” (id, 2009). Outras ações são desenvolvidas

em parte como o de “acompanhar os conteúdos que estão sendo trabalhado em sala

de aula, laboratório de informática, laboratório de ciências, bem como a metodologia,

critérios de avaliação e postura do professor (sempre que possível)” (id, 2009).

Pode-se afirmar que a expressão “sempre que possível”, foi

propositadamente escrita, pois já é do conhecimento da equipe que essas tarefas

não são realizadas por muitos fatores, um deles é a falta de política pública na

demanda de profissionais da área, o que torna praticamente impossível tratar de tais

assuntos com o devido aprofundamento teórico e prático.

As atribuições de “realizar com os professores em H.A. uma busca de

materiais pedagógicos para suas atividades, assim como fazer pré-conselho para

tomar ciência do desempenho dos alunos” também não são realizadas porque não

há espaço de tempo.

O fazer está limitado a tempo, pessoas e a política de porte da escola -

implementada pela mantenedora, Secretaria de Estado da Educação, a qual define a

quantidade de funcionários e pedagogos de acordo com o número de alunos

matriculados, pois obstáculos que o pedagogo encontra para realizar suas

atividades são muitos e a função dos profissionais da educação são mal

compreendidas e delimitadas, sendo que “a tarefa formadora, articuladora e

transformadora é difícil”, pois o pedagogo é “atropelado pelas urgências e

necessidades do cotidiano escolar” (GARRIDO, 2007, p.09 e 11).

Para a autora, a tarefa do pedagogo é mais que difícil é complicada, pois não

há fórmulas prontas, mas é necessário mudar práticas que vão além da tarefa

técnica de implementação de novas propostas. Segundo a mesma, é necessário

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reconhecer limites e deficiência no próprio trabalho, alterar valores e hábitos de

nossa identidade pessoal e profissional, enfrentar conflitos e formas de

relacionamentos entre os atores da comunidade escolar e, principalmente,

empreender mudanças em toda a cultura organizacional da instituição escolar.

É necessário que no dia-a-dia, o pedagogo administre seu tempo para

cumprir inúmeras tarefas e efetivar a mediação entre a organização escolar e o

trabalho docente, onde “os saberes oriundos da experiência do trabalho cotidiano”

são importantes e exemplifica que “utilizar bem o tempo, distribuí-lo de forma que ele

não seja consumido pelas urgências é também um saber que se aperfeiçoa na

experiência” (ANDRÉ e VIEIRA, 2007, p.20). Segundo as autoras, quando o

pedagogo “para, pensa, planeja, organiza e redimensiona as próprias ações” na

organização das rotinas, estará cuidando também da sua própria formação

reservando tempo para ler, estudar, pensar, criticar a prática cotidiana e rever

constantemente as intenções” (id., 2007).

No Portal Dia a Dia da SEED-PR, (2009) também estão descritas as

atribuições genéricas do trabalho do pedagogo, o que corrobora com o acima

exposto, destacam-se:

Promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico visando à elaboração de propostas de intervenção para a qualidade de ensino para todos; [...] organizar, junto à direção da escola, a realização dos Pré-Conselhos e dos Conselhos de Classe, de forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico desenvolvido no estabelecimento de ensino; Coordenar a elaboração e acompanhar a efetivação de propostas de intervenção decorrentes das decisões do Conselho de Classe; Subsidiar o aprimoramento teórico-metodológico do coletivo de professores do estabelecimento de ensino, promovendo estudos sistemáticos, trocas de experiência, debates e oficinas pedagógicas; Organizar a hora-atividade dos professores do estabelecimento de ensino, de maneira a garantir que esse espaço-tempo seja de efetivo trabalho pedagógico; Proceder à análise dos dados do aproveitamento escolar de forma a desencadear um processo de reflexão sobre esses dados, junto à comunidade escolar, com vistas a promover a aprendizagem de todos os alunos [...] (PARANÁ, 2007).

Desde o ano de 2005 a mantenedora do Sistema Público Estadual de Ensino

- Secretaria de Estado da Educação do Paraná/SEED, tem desenvolvido projetos de

formação continuada em serviço aos professores pedagogos, centrando-se a partir

deste período, no processo de (re) elaboração do Projeto Político Pedagógico e na

discussão com seus pares para implementação de uma proposta transformadora de

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educação. Porém, o que se percebe é que para muitas escolas estaduais estas

ações têm ficado só no papel e a questão que se instaura é: o que está sendo feito

para as mudanças se concretizarem no interior das escolas?

O olhar sobre as atribuições do pedagogo

É importante a compreensão de que as diferentes perspectivas de atuação do

pedagogo, se configura à partir do entendimento do projeto de sociedade que se tem

em vista e o papel da educação frente a ele. Para que possamos entender a atuação

deste profissional, é necessário entender a relação contraditória da educação em

relação à sociedade que, ao mesmo tempo, a conserva e a transforma.

Para tanto, a questão do poder que perpassa os processos educativos em

uma sociedade de desiguais, é evidenciada no caráter práxico da educação. Neste

caso, a expressão práxico, advinda do conceito de práxis desenvolvido por Mark e

Engels (1981), é atribuição dada a uma atividade prática carregada de uma intenção

transformadora. Assim, o conceito de práxis está intimamente relacionado à prática,

mas não uma prática qualquer, mas sim uma atividade prática saturada de teoria,

carregada de intencionalidade.

Cabe à teoria pedagógica “oferecer condições para que o educador, em

processo de prática educativa, saiba perceber os condicionantes de sua situação,

refletir criticamente sobre eles, saber agir com autonomia e ética” (FRANCO, 2003,

p. 90).

Entretanto, embora a educação escolar seja uma atividade práxica, nem

sempre se configura dessa forma, pois os profissionais da educação, neste caso, o

pedagogo, desenvolvem uma prática referenciada nos saberes das experiências

adquiridas ao longo do exercício profissional.

Portanto, faz-se necessário à prática do pedagogo uma articulação entre os

saberes do conhecimento específico e dos saberes pedagógicos. Desta forma, ela

deve estar articulada com outras práticas sociais ampliando mais a sua

intencionalidade.

Partindo destas considerações, é importante colocar em pauta como este

profissional pode mobilizar as teorias pedagógicas e saberes para efetivar sua ação,

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pois ao identificar o campo do conhecimento da educação, a teoria terá sentido na

ação educativa, o pedagogo como agente educativo que dá vida a esta práxis.

Sendo que as ações do pedagogo revelam o seu pensar pedagógico, é

importante considerar que a reflexão sobre sua prática é essencial, assim como ter

clareza das concepções de educação, do conceito de emancipação e transformação

social, bem como ter consciência da organização do trabalho pedagógico e da

relação ensino e aprendizagem balizada no processo de totalidade.

Diante desta concepção de educação que transcenda a lógica capitalista,

concepção esta que constitui o eixo básico da profissionalidade do pedagogo

percebe-se angústias que perpassam a atuação deste profissional em nossas

escolas, tais como:

(...) pode o pedagogo, na atual circunstância ler a sua própria experiência e analisar suas intenções, se na maioria das vezes está envolvido com ações burocráticas e administrativas as quais podem muito bem ser executada talvez por um assistente administrativo que faça parte exclusiva da equipe pedagógica da escola? Que experiência, o pedagogo tem em sua real função de transformar a realidade social? A organização do trabalho pedagógico, todos sabem, ainda "não permite" que o Pedagogo seja um estudioso, realmente um especialista em educação, que consiga dar o suporte necessário ao trabalho docente, tendo em vista o incansável trabalho com os discentes e os inúmeros projetos/levantamentos/relatórios/organizações de eventos, entre outros, que acontecem sempre a toque de caixa e recaem sempre sobre esse profissional (GTR, 2008).

Tem-se questionado que tudo isto descaracteriza a ação do pedagogo, que

na maioria das vezes, se desdobra para atender a todas as necessidades da escola,

com inúmeras exigências administrativas, oriundas e geralmente impostas por

instâncias superiores.

Percebe-se que a função do pedagogo nas escolas públicas está um tanto

quanto desarticulada com a concepção de educação transformadora, pois muitas

vezes este profissional passa a fazer às vezes de menino de recados, fiscalizador de

atrasos e faltas tanto dos discentes como docentes, atendente de problemas

disciplinares, substituto de professores que, pelos mais variados motivos,

necessitam se ausentarem das escolas em que trabalham; organizador da semana

cultural, causando assim uma série de atividades paralelas que impossibilitam o

trabalho pedagógico, o qual está preparado, pelo menos teoricamente, para realizar.

Estas práticas são observadas em diferentes comunidades escolares no

trabalho de investigação, cujo tema foi “O saber e o fazer do pedagogo (a) como

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agente transformador”, o que pode ser constatado pelos depoimentos dos

pedagogos participantes do GTR:

(...) Quando trocamos idéias com colegas de outras escolas e/ou outros municípios, percebemos que todos encontramos as mesmas dificuldades e esbarramos nos mesmos problemas.(...) (...) assim como nós, centenas de colegas tem clara a função social do pedagogo (...). Enquanto não tomarmos consciência da necessidade de dizer "não" para todas as ações infundadas que ao longo dos tempos a própria comunidade escolar atribuiu aos pedagogos como: "bombeiro", enfermeiro, assistente social, "tia do portão", etc. ; e ainda, que essa tarefa de assumir, a nossa real função dentro do campo da educação, é só nossa e de mais ninguém, vamos continuar "patinando" no mesmo lugar, sem que se alavanque a tão sonhada educação de qualidade para todos. (...) enfim, todas as discussões que envolveram este GTR percebe-se nitidamente a angústia sofrida pelo pedagogo na ânsia de desempenhar suas funções de mediador das ações educacionais no processo de ensino e aprendizagem, as quais são prejudicadas pelo fato deste profissional, com o comprometimento que tem com a função social de escola, assumir ações de cunho administrativos, ou de outras instâncias da comunidade escolar, deixando de intervir, como deveria, nas ações didática e pedagógica do processo educativo (GTR, 2008).

Para o enfrentamento destas e de outras ações que impedem o fazer

pedagógico, é preciso discutí-las, cabendo ao pedagogo articular o trabalho coletivo

da escola no planejamento de ações.

As narrativas dos educandos do Ensino Médio, agentes administrativos e

docentes, do período noturno, trataram da contribuição do pedagogo para melhoria

do ensino e aprendizagem na escola, sendo que as falas dos educandos apontaram:

Acompanhar o rendimento dos alunos, conversar e entender suas dificuldades. Ouvindo as opiniões dos alunos. Fazendo Conselho de Classe com todos os professores e alunos juntos. Instruir bem os professores para que saibam lidar bem com os variados perfis de alunos. Conversar questão de faltas, desempenho, etc. Motivar os professores a elaborar aulas diferentes e criativas (ALUNOS, 2009).

Pelas falas se percebe que os alunos solicitam uma atuação do pedagogo

junto ao corpo docente, demonstrando uma preocupação com suas dificuldades de

aprendizagens e as práticas dos docentes, que pelo visto, precisam ser elaboradas

com orientação da equipe pedagógica junto à comunidade escolar. E é possível ler

nas entre linhas que os alunos não são ouvidos em nenhum espaço de discussão.

Os agentes administrativos afirmaram ter conhecimento sobre as atribuições

do professor pedagogo, porém quando questionados sobre o conhecimento do

Regimento Escolar apenas um respondeu ter lido, e expressaram que:

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O acompanhamento com maior proximidade à realidade dos alunos pode ajudar na orientação dos mesmos, assim como dos professores para aplicarem uma metodologia adequada. (...) auxiliando os professores na utilização e elaboração de recursos didáticos e metodológicos de ensino. Em minha opinião o pedagogo já faz muito em ajudar o aluno (...) (AGENTES, 2009).

As falas dos educandos e dos agentes apontam no mesmo sentido, isto é, o

pedagogo precisa se dedicar às questões de ensino e aprendizagem da escola.

Os docentes relataram possuir conhecimento sobre as atribuições do

pedagogo e suas falas sinalizam a função do pedagogo de acordo com o prescrito

nos documentos, e o discurso deles desvela uma concepção progressista de

educação, quando afirmam:

Articulador e mediador dos processos de ensino e aprendizagem, bem como da prática pedagógica e sua otimização. Articular a participação de todos no processo educativo. Agir em todos os espaços para garantir a efetivação de um projeto de escola que cumpra com sua função política, pedagógica e social. Intermediar a relação professor-aluno de uma forma a respeitar e ouvir ambas as partes. Promover a integração e articulação das diversas áreas do saber (DOCENTES, 2009).

Foi solicitado aos docentes que citassem, de acordo com suas vivências,

ações prioritárias que o pedagogo deveria desenvolver para melhoria do processo

ensino e aprendizagem, as quais se destacam:

Articular ações que possam tornar o trabalho docente verdadeiramente coletivo, integrado. Promover o diálogo entre comunidade e escola (...) Conhecer o público alvo e suas necessidades em relação a aprendizagem, conhecer os planos e estratégias do corpo docente da escola, visando apresentar subsídios para favorecer a qualidade das práticas e que a aprendizagem aconteça. Propostas de intervenção discutidas democraticamente no coletivo (...) A abordagem do aluno e do professor para saber quais são suas dificuldades relacionadas ao ensino e a aprendizagem. Ouvir as dificuldades dos alunos e intervir para sanar/minimizar (...) (DOCENTES, 2009)

Pelas narrativas expostas acima se percebe que a comunidade escolar tem

clareza do papel do pedagogo, porém não estão bem claras as especificidades e

generalidades das ações deste profissional na totalidade das atribuições prescritas

nos documentos. Percebe-se que a prática está sempre aquém do ideal, presos a

um real contraditório.

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Porém, toda teoria toma vida na ação educativa ao se reportar ao principio da

prática, e, portanto, cabe ao pedagogo selecionar elementos teóricos necessários no

encaminhamento de suas ações.

Considerando que a teoria (...) o pedagogo é aquele que não fica indiferente, neutro, diante da realidade. Procura intervir e aprender com a realidade em processo. (...) pois, fazer pedagogia é fazer prática teórica por excelência. É descobrir e elaborar instrumentos de ação social. Nela se realiza de forma essencial a unidade entre teoria e prática (GADOTTI, 2004).

Para GIROUX (1997) a teoria “serve para manter a prática ao nosso alcance

de forma a mediar e compreender de maneira crítica o tipo de práxis necessária em

um ambiente específico, em um momento particular”.

Partindo do pressuposto que a ação pedagógica ocorre na interação com

outros agentes, percebe-se que é na interação social que o pedagogo mobiliza a

combinação de todas as teorias pedagógicas e saberes para efetivar sua ação.

Segundo CHRISTOV a construção teórica acontece quando conseguimos ler

nossas experiências, analisando nossas intenções e para tanto deve o pedagogo ter

nos seus pares de equipe o apoio para as discussões e nos professores os

problematizadores do seu fazer. A autora nos leva a concluir que a teoria faz parte

do nosso fazer contínuo, construída ao longo da vida, nas experiências e nas

vivências quando diz que:

Construímos nossa teoria ao aprendermos a ler nossa experiência propriamente dita e experiência em geral. Construímos nossa teoria quando fazemos perguntas aos autores; quando não nos satisfazemos com as primeiras respostas e com as aparências e começamos a nos perguntar sobre as relações, os motivos, as conseqüências, as dúvidas, os problemas de cada ação ou de cada contribuição teórica [...] (CHRISTOV, 2005, p. 33).

Apesar de vivermos hoje uma política educacional que valoriza o papel do

pedagogo, na prática ainda se vislumbra a idéia do pedagogo especialista, que

fragmenta e burocratiza os processos pedagógicos, fazendo distanciar-se do ideal

político-transformador.

Daí a importância de reflexão e tomada de consciência da necessidade de um

pensar coletivo, para que toda a comunidade escolar tenha claras as especificidades

das atribuições deste profissional.

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Refletindo com documentos em mãos

Quando apresentado à comunidade escolar as atribuições contidas no

Regimento Escolar e solicitado à comunidade que apontassem as ações prioritárias

no atendimento pelo pedagogo, muitas destas já eram desempenhadas, embora não

fossem planificadas pela equipe. Das contribuições sugeridas pelo coletivo escolar

se destacam as mais relevantes:

(...) orientar a comunidade escolar na construção de um processo pedagógico, em uma perspectiva democrática; participar e intervir, junto à direção, na organização do trabalho pedagógico escolar, no sentido de realizar a função social e a especificidade da educação escolar; (...) promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico visando à elaboração de propostas de intervenção para a qualidade de ensino para todos; participar da elaboração de projetos de formação continuada dos profissionais do estabelecimento de ensino, que tenham como finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar; (...) coordenar o processo coletivo de elaboração e aprimoramento do Regimento Escolar, garantindo a participação democrática de toda a comunidade escolar; (...) participar da organização pedagógica da biblioteca do estabelecimento de ensino, assim como do processo de aquisição de livros, revistas, fomentando ações e projetos de incentivo à leitura; (...) propiciar o desenvolvimento da representatividade dos alunos e de sua participação nos diversos momentos e Órgãos Colegiados da escola (R.E. CLETO, 2007).

É importante evidenciar que nenhum pedagogo materializa todo o

conhecimento da Pedagogia, nem tão pouco pode representar a formatação desse

conhecimento.

Segundo FREIRE (1996), o momento histórico fundamental na formação do

educador é o da “reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática

de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.

Para tanto é necessário que o pedagogo aprenda a refletir sobre sua prática,

no exercício da ação transformadora que se renova tanto na teoria quanto na

prática, reconhecendo limites e deficiências e a identificar como sua formação tem

influenciado em seu trabalho.

Ao analisarmos os resultados obtidos nos questionários aplicados com a

comunidade escolar, onde se realizou a implementação, percebe-se o não

envolvimento tanto na construção do Projeto Político Pedagógico como no

Regimento Escolar. Tais dados podem ser confirmados no Quadro abaixo:

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QUADRO I – O OLHAR DA COMUNIDADE SOBRE O PPP E RE DO COLÉGIO PROF. CLETO

Comunidade envolvida

Conhecimento sobre o Projeto Político

Pedagógico/PPP

Conhecimento sobre o Regimento Escolar/RE

Participação na elaboração /discussão:

Educandos Leu: 00

Ouviu falar: 11

Desconhece: 26

Leu: 02

Ouviu falar: 21

Desconhece: 13

Não responderam: 01

PPP: 00

Regimento: 05

Nenhum : 32

Docentes Leu: 09

Ouviu falar: 03

Desconhece: 02

Leu: 09

Ouviu falar: 03

Desconhece: 02

PPP: 06

Regimento: 04

Nenhum : 07

Agentes

Educacionais

Leu: 01

Ouviu falar: 01

Desconhece: 01

Leu: 01

Ouviu falar: 01

Desconhece: 01

PPP: 00

Regimento: 00

Nenhum : 03

Dos educandos que responderam afirmativamente que haviam participado na

elaboração do Regimento Escolar, dois não souberam informar e os demais

justificaram que: “deu novas idéias e discutiu as atuais”, “com opiniões para

melhorar o sistema” e “colaborei na elaboração de um texto, mas não sei para que

serviu”.

Ao analisar o cotidiano escolar, sente-se o quão difícil é a articulação do

trabalho coletivo na perspectiva progressista, quando não há envolvimento da

comunidade escolar, o que permite questionar: o que ainda estaria dificultando este

envolvimento e como a relação de poder interfere na organização do trabalho

pedagógico?

A reflexão é essencial para o desenvolvimento e humanização do educador. É

partindo da análise e interpretação de sua própria prática, que o pedagogo tem a

possibilidade de tornar-se um profissional reflexivo, crítico, autônomo, criativo,

aberto a novas possibilidades, objetivando contribuir com o processo de ensino e

aprendizagem. Para os profissionais da educação,

(...) é imputada a responsabilidade de, em última instância, contribuir, efetivamente, no âmbito educacional, para a formação de indivíduos capazes de entender e intervir na realidade em que vivem. No entanto, são muitas as dificuldades que encontram no caminho (FERREIRA e AGUIAR, 2006, p. 08).

É neste repensar que se vislumbram possibilidades transformadoras na

organização do trabalho pedagógico como se percebe pelo depoimento desta

pedagoga:

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Quem pode fazer acontecer essa práxis pedagógica, propiciando ao pedagogo o espaço necessário para buscar na própria prática, construir sua teoria para embasar as ações que vão intervir no processo de ensino-aprendizagem e transformar a realidade social, senão ele próprio através da incorporação de seu próprio papel de educador, dizendo não as ações que não fazem parte de sua função para assumir o compromisso com as verdadeiras ações do pedagogo? (GTR, 2008)

O repensar das práticas, é um exercício de reflexão sobre a própria ação e,

portanto, pode influir favoravelmente ou não no processo de construção do saber

fazer pedagógico.

Para tanto, é necessário à conquista de melhores condições para o

desempenho das atribuições propostas pela mantenedora, assim como espaços de

interação com seus pares de equipe na busca de apoio para as discussões num

trabalho articulado coletivamente. Conforme GARRIDO sugere é interessante que

este profissional

(...) tenha também um espaço coletivo e formador, no qual possa apresentar as dificuldades inerentes à sua (...) função, partilhar angústias, refletir sobre sua prática (...), trocar experiências (...) crescer profissionalmente, para poder exercer de forma plena sua função formadora e promotora do projeto pedagógico (GARRIDO, 2007).

Relações de poder na organização do trabalho pedagó gico

Ao abordar a questão da dicotomia existente entre a teoria e a prática que

inviabiliza o fazer do pedagogo na organização do trabalho pedagógico, não se está

reportando a cientificidade da prática pedagógica. Pois esta numa visão tecnicista,

de fragmentação do trabalho pedagógico voltada para a reprodução de sociedade

capitalista, resultou na separação entre a teoria e a prática, onde a teoria estava sob

a responsabilidade dos profissionais da educação, as quais pensavam a educação e

a prática nos docentes que executam o que é pensado.

Assim, sendo a organização do trabalho pedagógico na escola, deverá partir

de uma visão progressista de trabalho coletivo, pois nada na escola é improvisado,

tudo passa a ter significado, onde o conhecimento nasce da realidade concreta, da

reflexão sobre a ação, conciliando teoria e prática.

O poder se institui na construção de um trabalho coletivo, na organicidade e

totalidade quando não há coesão das idéias e das ações das pessoas na

coletividade. Nas ações diárias isso não é fácil, pois todos os indivíduos são

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diferentes uns dos outros, gerando muitas vezes conflitos, porém se todos os

envolvidos se respeitam como sujeitos não sobram espaço para o autoritarismo,

mas para o diálogo e o crescimento mútuo.

Faz-se necessário que as equipes administrativas e pedagógicas

compreendam que a superação das relações de poder só é possível mediante a

incorporação de hábitos de estudo coletivo, de saber ouvir seus pares com atenção,

de saber discordar e argumentar sem agressividade, de saber rever seus conceitos

e preconceitos, de expressar claramente seu ponto de vista.

Na análise do Plano de Trabalho da Equipe Pedagógica na escola de

implementação, esta preocupação se evidencia quando lemos:

Tendo como base o coletivo e a democracia da escola, a equipe pedagógica em consonância com a direção, deve discutir, refletir e tomar decisões, amparadas na lei, como a melhor forma de realizar seu compromiso profissional visando sempre a qualidade do ensino (CLETO - PTEP, 2009).

O trabalho coletivo contribui para a racionalização das decisões e a divisão

das responsabilidades ajudando a minimizar os abusos de poder que a Pedagogia

Tradicional ainda exerce sobre os educandos. Estas questões estão presentes nas

ações diárias, quando não oportunizamos a participação dos alunos nos conselhos

de classes, nas reuniões de discussão e re-elaboração do Projeto Político

Pedagógico dentre outras atividades. Tais práticas interagem nas situações de

aprendizagem pela forma como os dirigentes se relacionam e organizam as

atividades escolares.

Refletir sobre o papel do pedagogo na perspectiva do trabalho coletivo nos

remete a uma compreensão ampla e rigorosa das alternativas de poder que

interagem na gestão e organização da escola. Hoje, observa-se na escola que a

tolerância e a vivência permissiva vêm interferindo no processo de ensino e

aprendizagem, pois não se tem clareza de que o trabalho pedagógico deve ser

intencional, organizado de forma a oportunizar a participação de todos na tomada de

decisões. É de fundamental importância à compreensão e a participação de todos

na análise, na discussão dos problemas escolares e na busca de estratégias viáveis

no propósito de solucioná-los.

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Porém, o pedagogo é apenas um dos atores que compõe o coletivo da escola

e para direcionar suas ações precisa estar ciente que seu trabalho não ocorre

isoladamente, mas numa ação coletiva, sendo

(...) essa uma maneira de garantir que os atores, de seus diferentes lugares – professor, coordenador, diretor, pais, comunidade e alunos – apresentem suas necessidades, expectativas e estratégias em relação à mudança e construam um efetivo trabalho coletivo em torno do projeto político pedagógico da escola. Assim, as mudanças são significativas para toda a comunidade escolar, de maneira que as concordâncias e discordâncias, as resistências e as inovações propostas se constituam num efetivo exercício de confrontos que possam transformar as pessoas e a escola (ORSOLON, 2007, p. 19).

É importante que cada profissional da escola estejam abertos e

comprometidos tanto na re-elaboração como no cumprimento do projeto político

pedagógico, pois o mesmo

(...) aponta um rumo, uma direção, um sentido explícito para um compromisso estabelecido coletivamente. O projeto pedagógico, ao se construir em processo participativo de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições, buscando eliminar as relações de mando pessoal e racionalizado da burocracia e permitindo as relações horizontais no interior da escola (VEIGA, 1998, p. 13).

Para Veiga, o mais importante para que essa nova forma de trabalho seja

efetivada é propiciar situações que permita aos envolvidos “aprender a pensar e a

realizar o fazer pedagógico de forma coerente” (VEIGA, 1998, p. 13) e para que isso

ocorra, é necessário à fundamentação teórica, como suporte para as dificuldades

encontradas no ambiente escolar. Daí, a importância do pedagogo organizar

momentos de reflexão e estudos para trocas de experiências sobre a prática

educativa, principalmente dos docentes.

Algumas possibilidades transformadoras no trabalho do pedagogo, que busca

atuar na mediação das práticas dos professores, ocorrem quando o mesmo:

(...) considera o saber, as experiências, os interesses e o modo de trabalhar do professor, bem como cria condições para questionar essa prática e disponibilizam recursos para modificá-la, com a introdução de uma proposta curricular inovadora e a formação continuada voltada para o desenvolvimento de suas múltiplas dimensões (ORSOLON, 2007, p. 22).

A efetivação da mediação só é possível quando há um planejamento coletivo

da atuação do pedagogo e do trabalho docente, desenvolvido a partir das leituras

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das necessidades do grupo de professores e dos alunos. Segundo SOUZA (2007, p.

28) “o professor conhece pouco sobre o processo de aprendizagem dos alunos,

sobre avaliação, sobre como lidar com a disciplina, ou mesmo sobre estratégias de

ensino”.

A compreensão da leitura das necessidades dos alunos se efetiva quando é

permitida sua participação no trabalho coletivo em torno do projeto político

pedagógico da escola, que cria,

(....) oportunidades e estratégias para que o estudante participe, com opiniões, sugestões e avaliações, do processo de planejamento do trabalho docente é uma forma de tornar o processo de ensino e de aprendizagem mais significativo para ambos... É também oportunidade para o professor produzir conhecimento sobre seus alunos (dimensão de formação continuada) e vivenciar posturas de flexibilidade e de mudança (ORSOLON, 2007, p. 24)

Pedagogo como articulador do processo ensino e apre ndizagem

Para a transmissão dos conteúdos científicos, é fundamental que a escola se

organize de tal forma que seja possível a conversão dos saberes sistematizados em

saber escolar.

Para SAVIANI (1985, p. 28) é papel de pedagogo dominar (...) “formas

através das quais o saber sistematizado é convertido em saber escolar, tornando-o,

pois, transmissível – assimilável na relação professor aluno”. Para tanto, segundo o

autor a função do pedagogo não é só fazer a conversão do conhecimento produzido

pela humanidade, mas também articular os saberes dos profissionais da escola para

que promovam o trabalho coletivo.

Partindo destas considerações, é necessário que o pedagogo seja um

estudioso da educação de um modo geral e que tenha clareza das articulações entre

os processos educativos escolares e os que acontecem em outras instâncias

sociais.

Sendo assim, o pedagogo que dá suporte ao trabalho docente, deve ter

domínio de procedimentos que envolvam tanto o processo de ensino e

aprendizagem como os que envolvem a totalidade das atividades educativas que

ocorrem na escola, recorrendo ao conhecimento pedagógico sistematizado e aos

saberes da sua experiência como educador.

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Saviani (1985) exalta a importância dos pedagogos cuidarem para que os

conhecimentos elaborados cientificamente não sejam trocados por atividades

corriqueiras e vazias de significados, pois segundo o autor:

Encontra-se tempo para tudo na escola, mas muito pouco tempo é destinado ao processo de transformação – assimilação de conhecimentos elaborados cientificamente. (...) Vocês pedagogos, tem uma responsabilidade grande nesse esforço de reversão (SAVIANI, 1985, p. 28).

Analisando a afirmação de Pimenta (1996) percebe-se que essa organização

do trabalho pedagógico requer um profissional que coloque em pauta a necessidade

de rever o papel da escola na sociedade capitalista. Um profissional que trabalhe o

coletivo para que a escola cumpra a sua finalidade e que desempenhe papel

importante na luta pela transformação social.

(...) a escola pública necessita de um profissional denominado pedagogo, pois (...) o fazer pedagógico que ultrapassa a sala de aula e a determina, configura-se como essencial na busca de novas formas de organizar a escola para que esta seja, efetivamente, democrática (PIMENTA, 1996, p.7).

Enfim, faz-se necessário um especialista que desempenhe a mediação entre

a organização escolar e o trabalho docente.

PLACCO quando estuda a identidade do pedagogo, menciona sobre a

importância de primeiro refletir a sua formação, para que ocorra a sincronicidade de

sua ação. Ela questiona até que ponto esta formação consegue responder as

necessidades e a realidade da escola. Quando se pensa na formação do Educador

(...) a expectativa é a formação de sua consciência crítica como ponto de partida para a efetivação de uma atuação prática condizente com a construção de um projeto coletivo com compromissos sociais: formação de educadores conscientes de si, de sua própria prática e da prática vigente, capazes de tomar decisões e agir, com base nessa consciência (PLACCO, 2006, p. 104).

Segundo PLACCO (2006) deve-se pensar a formação como superação da

fragmentação entre teoria e prática, e, portanto, espera-se que a atuação do

pedagogo seja de um ser humano crítico cuja prática seja transformadora.

É possível a superação da formação do pedagogo, com

(..) clareza teórica, competência, compromisso político e possibilidades concretas de intervenção são os componentes da equação que definirá as possibilidades de

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fracasso e sucesso, sempre dialeticamente articuladas, nesse processo de transformação (KUENZER, 2006, p. 77).

Para os profissionais da educação,

(...) é imputada a responsabilidade de, em última instância, contribuir, efetivamente, no âmbito educacional, para a formação de indivíduos capazes de entender e intervir na realidade em que vivem. No entanto, são muitas as dificuldades que encontram no caminho (FERREIRA e AGUIAR, 2006, p. 08).

Sendo assim a atuação do pedagogo não pode limitar-se a burocratização do

sistema de ensino, nem tão pouco sua ação pode ser isolada, mas deve estar

integrada aos demais setores da escola, pois o conhecimento é o fator principal do

trabalho desenvolvido na escola e sua promoção dar-se-á mediante a ação coletiva

e consciente de todos os profissionais da escola.

A visão da escola, na sua totalidade possibilita ao pedagogo propiciar

situações que envolvam os diferentes profissionais em trabalho assim como também

compreender o que motiva cada profissional em sua atividade. Portanto, cabe ao

pedagogo articular o saber específico dos profissionais da escola, para garantir a

melhoria da qualidade do processo de ensino e da aprendizagem.

É através do Projeto Político Pedagógico – PPP que os profissionais da

escola se reúnem sob a articulação do pedagogo, para discutir sobre as atividades

por eles desenvolvidas, com o propósito de assegurar a apropriação pelos alunos

dos conhecimentos produzidos pela humanidade.

Limites e possibilidades de atuação do Pedagogo

À medida que a tradição de atuação do professor pedagogo foi sempre

marcada por práticas centralizadoras, e muitas vezes autoritárias, a prática deste

profissional tem deixado de ser uma atividade isolada para caminhar em direção a

um trabalho articulado coletivamente dentro da escola.

Neste sentido, a atuação do pedagogo direciona-se em coordenar e dar apoio

pedagógico e organizacional às atividades do corpo docente e discente, via Projeto

Político Pedagógico – PPP, que permite quebrar o isolamento dos trabalhos

encaminhados no interior da escola.

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No espaço de atuação é visto o papel do pedagogo na articulação, e na

parceria que se traduz em um processo formativo contínuo, como desencadeadores

para a formação do aluno. Assim como:

(...) o professor é responsável, na sala de aula, pela mediação aluno/conhecimento, parceria entre coordenador pedagógico-educacional e professor concretiza as mediações necessárias para o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico na escola (PLACCO, 2006, p. 95).

Um exemplo desta atuação está na realização do plano de ação docente,

onde cabe ao pedagogo estar atento aos conteúdos selecionados pelos professores

sugerindo e discutindo encaminhamentos a serem desenvolvidos em sala de aula.

Cabe ao pedagogo articular experiências de ensino nos grupos de estudos que

podem ser organizados na hora-atividade dos professores.

É interessante destacar que todas as possibilidades de atuação do pedagogo,

só fazem sentido na perspectiva do trabalho coletivo, onde o pedagogo mobiliza a

combinação de todas as teorias e saberes, assim como na articulação entre elas no

momento da ação.

Outro exemplo de possibilidades de atuação do pedagogo acontece quando

promove planejamento interativo, envolvendo todos os profissionais da escola.

Nestas atividades a oportunidade de discutir a rotina da escola desde as reuniões

pedagógicas, os eventos, palestras, como também os conselhos de classe, os

planos de ação, deve ser de todos os profissionais da escola, para que no coletivo

possam refletir sobre os encaminhamentos necessários para melhoria da qualidade

dos processos de ensino e aprendizagem.

É importante compreender que quando o profissional se reconhece na

atividade coletiva, sua atuação tem significado para o grupo, pois além de tomar

consciência sobre os problemas enfrentados pelos colegas, também passam a

definir objetivos comuns com propostas de ações planejadas, contribuindo para que

se tenha visão de totalidade da escola.

Considerações Finais

Durante a jornada do curso oferecido pelo Governo do Estado pelo Programa

de Desenvolvimento Educacional/PDE, as vivências foram importantes, pois

possibilitaram indagações no sentido de fazer com que a práxis se torne ação que

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contribua de modo significativo para a transformação da realidade. Não basta

apenas constatar a realidade e ter vontade de transformá-la, faz-se necessário estar

atento a ela. A presente pesquisa possibilitou dialogar com a comunidade escolar e

vivenciar as inquietudes dos protagonistas.

É partindo das considerações expostas pelos educadores comprometidos

com o trabalho pedagógico, que esse estudo pode encontrar algumas respostas aos

questionamentos do problema abordado, possibilitando intervenção que viabilizou

mudanças no trabalho do pedagogo, no interior da escola, como articulador e

mediador do processo ensino e aprendizagem em sua ação de planejar e elaborar

com os seus pares o plano de ação coletivo.

A ação-reflexão-ação e aprofundamento teórico possibilitaram a compreensão

de algumas questões do cotidiano e das políticas públicas e sociais do próprio

sistema educacional revelando a dificuldade por parte de muitos profissionais, em

fazer a ponte entre teoria e prática.

Ao pedagogo, na busca por sua identidade profissional, cabe superar o

conflito entre o real e o possível, conquistando seu espaço e a valorização do seu

trabalho no ambiente escolar.

Percebe-se que o grande desafio do pedagogo é abrir caminhos que possam

viabilizar a conquista de uma gestão participativa e democrática, “temos de

trabalhar, saber, refletir e conhecer, como se constitui um grupo” (FREIRE,1993), o

que espera-se desses profissionais, que sejam capazes de refletir e intervir na

prática pedagógica, transformando a organização escolar em um ambiente de

aprendizagem, onde todos possam pensar, analisar e criar novas práticas, como

pensadores e não meros executores de decisões burocráticas, ultrapassando o

mero imediatismo e espontaneísmo com os quais se tem legitimado nossa cultura

escolar.

Quando se aprofunda o olhar sobre as ações desses profissionais, se

constata que a prática gera atuações diferenciadas. Observando o prescrito e a

prática muitas dessas ações tem ficado em segundo plano, como a de organizar

reuniões de reflexões sobre a prática de cada professor, as trocas de experiência e

aprofundamento de temas que contribua na elaboração de propostas de intervenção

para melhoria da qualidade de ensino.

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Nesta perspectiva de trabalho cabe ao pedagogo promover e participar da

articulação de todos os segmentos da escola, refletindo sobre as mudanças

necessárias no sistema escolar, a começar por atribuições que o sistema de ensino

público estadual paranaense requer do pedagogo escolar frente às atribuições

contidas no Regimento Escolar e pelos problemas apontados pela comunidade

escolar.

Enfim, é necessário construir caminhos de diálogo e de troca, refletindo sobre

situações do cotidiano escolar e articulando junto ao coletivo, encaminhamentos

necessários para organização do trabalho pedagógico numa visão transformadora.

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