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    O Sbado

    ~~~~~~ou

    ~~~~~~

    O Repouso do Stimo ia

    Sua histria, seu objetivo e seu problema atual.

    ~~~~~~GGUUIILLHHEERRMMEESSTTEEIINNJJRR..~~~~~~

    Original em Portugus, 1919

    Segunda edio revista e comentada em 1995 porRuy Carlos de Camargo Vieira

    Verso impressa editada pela

    SOCIEDADE CRIACIONISTA BRASILEIRA

    Verso digital editada porMarllington Klabin Will

    Belm, 2009.

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 1

    NDICE GERAL

    ndice Geral 1

    Apresentao 4

    Nota sobre Citaes Bblicas 6

    Nota sobre a Verso Digital 7

    INTRODUO: O Hexameron Seis dias literais; O processo da criaosegundo o Gnesis; Energia versus tempo; A revelao no visa instruir sobrecincias naturais; O objeto propriamente dito do hexameron. 8

    CAPTULO I: Instituio do SbadoDefinio da palavra sbado; Os trsatos fundamentais da instituio do sbado; O descanso de Deus no stimo dia,extenso e significao desse ato; A bendio do dia stimo, sua conseqncia eseu fim. A santificao do stimo dia, significao e alcance desse ato. 22

    CAPTULO II: Como o Stimo Dia Devia Definir-Se no Seu Carter deRepouso de Deus Modo primitivo de calcular os dias da semana; Donde seoriginou o nosso atual sistema; Confuso a que deu origem a palavra feira.Origem do costume observado em toda a Europa de se realizarem feiras aos

    domingos; Quando devia comear para o homem a contagem dos dias; nicoprocesso lgico a seguir e o que ele devia prevenir; O sbado como dia definidono se extravia; Concordncia observada no clculo dos dias da semana entre os

    povos, os mais afastados entre si pelo espao e pelo tempo; A nomenclaturaastronmica dos dias da semana no alterou a sua ordem primitiva; Prova daresultante para a sua origem legtima; Novas divises do tempo introduzidas emdiferentes pocas e sua durao; Exemplos curiosos que oferece a China;Testemunho de um eminente rabino sobre a hiptese de se ter extraviado olegtimo dia stimo. 27

    CAPTULO III: Por Quem, Por Causa de Quem e Porque o Sbado FoiFeito Para que no foi feito o sbado; O sbado como memria da criao;Um preventivo contra a idolatria; O sbado como sinal do Deus vivo; Quem foi

    propriamente o autor do sbado; Quem honrado na observncia do sbado. 37

    CAPTULO IV: O Sbado Como Memria da RedenoA redeno, umanova criao; A obra da redeno no afeta seno favoravelmente o repousooriginal do stimo dia; Sem redeno no h observncia possvel do sbado deDeus; Perpetuidade do sbado; A funo do sbado no declogo como selo dalei. 47

    CAPTULO V: O Sbado Como Pedra de ToqueSua relao com o VelhoTestamento. O novo concerto; Relao particular do sbado com o NovoConcerto. 57

    CAPTULO VI: Cristo e o Sbado O importante objeto de Sua misso;Ignorncia dos fariseus quanto ao legtimo carter do sbado; O constante

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 2empenho de Cristo com relao ao sbado; Cristo guarda o sbado conforme alei; Cristo no mudou o sbado; Testemunho peremptrio de Cristo acerca daimutabilidade da lei e de cada um de seus preceitos, ainda o mais insignificante;

    Nenhum outro dia afora o stimo satisfaz os termos da lei; A invalidao dosbado invalida o seu preceito e com ele a lei; Cristo arreda para longe de si a

    responsabilidade de um tal delito. Cristo no s guarda como ensina a guardar osbado; Seu especial cuidado pela igreja se revela tambm no tocante ao sbado;Mudariam o sbado os apstolos?; demonstrao da impossibilidade de uma talidia; O testamento confirmado com o sangue precioso de Cristo no admitequalquer alterao pstuma da lei; Os discpulos mostram ignorar uma talmudana. 80

    CAPTULO VII: A Universalidade do Sbado A universalidade e aobrigatoriedade do sbado proclamadas vista da salvao e da justia a serem

    trazidas por Cristo; A reforma do sbado tornada condio indispensvel depreparao para o primeiro advento de Cristo. Promessa especial feita aosestrangeiros que atenderem a este sinal do concerto de Deus, observando-odevidamente; Cumprimento da promessa; O apstolo confirma a vigncia daobservncia do sbado na nova dispensao. 99

    CAPTULO VIII: Quem Mudou o Sbado? Investigaes conscienciosasfeitas por autoridades eminentes revelam que o sbado continuou a serobservado na igreja crist at o quinto sculo de nossa era; A falta de probidade

    intelectual em reconhecer este fato; A igreja primitiva jamais reconheceu aodomingo carter de sbado; A transferncia gradual para o domingo das

    prerrogativas do sbado, que se acusa de um certo tempo em diante, revela aintentada mudana do legtimo sbado de Deus; O que a Bblia predisse a esserespeito; Indcios seguros do autor dessa intentada mudana; O testemunho dahistria com relao ao autor indigitado; O autor indigitado confessa o seudelito, revelando que o propsito que levou em abolir o sinal do Deus vivo foiestabelecer o sinal de sua prpria autoridade; Marcha progressiva da intentadamudana; Evoluo gradual do sistema que a devia levar a efeito, e que oapstolo denomina o inquo; O mistrio da iniqidade; Unio ilcita da Igrejacom o Estado; Os obstculos que se opunham sua manifestao precoce. 109

    CAPTULO IX: A Besta Supresso e restituio do sbado; A besta comosmbolo representativo de governos polticos-religiosos; O carter dessesgovernos ope-se ao do governo de Deus; O verdadeiro princpio da religio deCristo; A igreja primitiva afasta-se desse princpio, consorciando-se com oEstado e dando em resultado esse sistema representado sob a figura de uma

    besta; Conseqncias fatais desse sistema; Como sob esse sistema o sbado foisendo gradualmente suprimido; Vestgios da guarda do sbado por parte decristos em todos os sculos da histria; O exemplo da igreja de Irlanda; O casoda igreja de Abissnia; Os tomasianos da ndia; Comeo de revivescncia dosbado na Europa; O movimento na Escandinvia e na Holanda; O movimentode reforma do sbado na Inglaterra; O movimento transfere-se para o NovoContinente, e da transplanta-se para os demais pases do mundo; Novomovimento suscitado para combater o primeiro. 137

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 3CAPTULO X: Outra BestaFeitura de uma imagem da primeira besta paraimposio do seu sinal a todo o mundo; Identidade dessa besta; Seu carter deCordeiro; Renncia final desse carter; Agita-se novamente o mistrio dainiqidade; Seu desenvolvimento e manifestao final; A fala do drago;Imposio do sinal da besta sob pena de morte; Mensagem de advertncia contra

    esse movimento. 153

    CAPTULO XI: O Sinal da Besta e Sua Imposio Em que consiste essesinal e como ele imposto; Uma questo de princpio e de verdade; Quesignifica adorar a besta e aceitar o seu sinal; O sbado e o domingo comosmbolos materiais de duas autoridades opostas; Cada qual ser obrigado adefinir a sua atitude em face da questo. 206

    CAPTULO XII: O Advento do Profeta Elias A obra reformadora do

    profeta Elias em paralelismo com a obra do evangelho a partir de Joo Batista.Sua obra final, seu triunfo e ltimos sucessos representando o movimento finalde reforma sobre a terra; Interessantes pontos de contacto; Deciso a que todo omundo ser fatalmente impelido. 226

    APNDICE:Estudo etimolgico das palavras sbado e sete em diferentesidiomas; Porque, na nomenclatura astronmica, coube ao stimo dia o nome deSaturno. 234

    Glossrio das Palavras Latinas 240

    Glossrio das Palavras Assrias 244

    Glossrio das Palavras rabes 246

    Glossrio das Palavras Chinesas 247

    Referncias 247

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 4

    APRESENTAO

    At h bem pouco tempo supunha-se que este havia sido o primeiro

    livro escrito por autor adventista do stimo dia brasileiro, publicado em 1919pela imprensa denominacional. A partir de pesquisas recentes realizadas juntoaos Arquivos da Associao Geral de Igreja Adventista do Stimo Dia, emWashington, concluiu-se que este na realidade foi o segundo livro, o primeirotendo sido Sucessos Preditos da Histria Universal, tambm da lavra deGuilherme Stein Jr., publicado em 1909 pela Sociedade Internacional deTratados no Brasil, antecessora da atual Casa Publicadora Brasileira.

    Em seu conjunto, estes dois livros abordam temas intimamente ligadoss razes do Movimento Adventista mundial, apresentados sob uma perspectivahistrico-proftica que o aponta como o legtimo sucessor dos movimentos que o

    precederam, na busca de um retorno s verdades que to bem caracterizaram aigreja apostlica.

    Esgotada a sua primeira edio, e no tendo sido realizadas reediesposteriores, tornou-se O Sbado on o Repouso do Stimo Dia, uma verdadeirararidade bibliogrfica.

    A publicao desta sua segunda edio, sob os auspcios do ProgramaEditorial da Imprensa Universitria Adventista, vem, portanto, preencher uma

    lacuna sentida de longa data no mbito denominacional.De fato, alm deste, poucos outros livros publicados em Portugus pela

    imprensa denominacional adventista do stimo dia cobrem de maneirasuficientemente ampla a problemtica da observncia do sbado com uma

    profundidade que pudesse permitir ao leitor comum tirar real proveito de sualeitura.

    Embora sendo verdadeiramente uma obra de erudio, este livro deGuilherme Stein Jr. apresenta todos os seus captulos de uma forma didtica,

    concisa, objetiva, com seu linguajar peculiar, por um lado perfeitamentecompreensvel ao leitor comum, mas ao mesmo tempo, por outro lado, primando

    pela elegncia e preciso. Alis, a prpria estruturao dada obra indicatambm essas mesmas qualidades, que enfim sem dvida caracterizam a pessoado autor.

    Surpreendente saber que o autor foi um autodidata, com apenas cincoanos de educao primria formal, como bem explicitado em sua biografiarecentemente (1995) publicada pela Casa Publicadora Brasileira no livro Vida e

    Obra de Guilherme Stein Jr. Razes da Igreja Adventista do Stimo Dia noBrasil.

    Nesse mesmo livro destacada a atuao de Guilherme Stein Jr. comoredator da Sociedade Internacional de Tratados no Brasil praticamente duranteduas dcadas, perodo em que, a par da sua intensa atividade editorial, foi sendoformada a sua concepo da histria universal em face do panorama proftico, eda insero da problemtica da observncia do repouso semanal no contexto daluta pelo domnio da conscincia do ser humano, no decorrer dos sculos.

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 5Fruto desta sua concepo so as duas j citadas publicaes de sua

    lavra, que mantm entre si tambm ntima conexo, podendo-se dizer que naprimeira delas estabelecido um pano de fundo para o desenvolvimento maisminucioso do objetivo visado na segunda.

    Nesta reedio de O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia, os Editorestentaram elaborar o que poderia ter sido o Apndice da primeira edio,

    baseando-se em documentao adicional deixada pelo prprio autor.

    Tendo em vista tambm facilitar ao leitor o acesso aos verbetes citadospelo autor em hebraico, grego, latim e outras lnguas, foram elaborados pelosEditores Glossrios dessas lnguas com os respectivos verbetes.

    Foi tambm anexada cpia da Carta da Semana de William MeadJones, que sem dvida ter valor ilustrativo bastante grande, j que citadatambm pelo autor no seu texto.

    Com estas contribuies especficas suas, bem como com a insero denumerosas notas de rodap e algumas figuras, esperam os Editores tercolaborado efetivamente para trazer luz esta importante obra de GuilhermeStein Jr. revestida de nova roupagem, mas conservando fielmente o textooriginal.

    A expectativa dos Editores que este texto possa ser til para o devidoesclarecimento da importncia do sbado, ou do repouso do stimo dia,especialmente na conjuntura atual, no limiar da passagem do sculo.

    Os Editores.

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 6

    NOTA SOBRE CITAES DEPASSAGENS DA BBLIA

    Nesta publicao so feitas citaes de numerosas passagens bblicas,utilizando-se vrias diferentes tradues em portugus e em algumas outraslnguas.

    O autor utiliza normalmente em seu texto a traduo de Joo Ferreira deAlmeida publicada na poca pela Sociedade Bblica Britnica e Estrangeira. Faztambm, com certa frequncia, referncia verso de Antonio Pereira deFigueiredo de 1896 e Traduo Brasileira. Esta ltima, mais recente, foiconcluda em 1917, tendo sido preparada sob a coordenao das SociedadesBblicas Americana e Britnica e Estrangeira.

    A traduo de Joo Ferreira de Almeida foi aprimorada no Brasil pelostrabalhos de uma comisso da Sociedade Bblica do Brasil iniciada em 1945,dando origem a uma edio revista e corrigida comumente chamada deAlmeida velha, e posteriormente a uma edio revista e atualizada (RA),conhecida como Almeida nova. Todas as citaes de textos bblicos constantesdas notas de rodap introduzidas pelos editores foram retiradas desta ltimaverso.

    Muitas citaes originais do autor, fazendo uso das tradues deFigueiredo e Brasileira em busca de maior clareza e preciso, coincidem com otexto da edio revista e atualizada de Almeida, que considerada pelosespecialistas muito superior Almeida antiga.

    O autor cita tambm algumas passagens bblicas fazendo referncia stradues de Van Ess e Berlenburg, e Bblia Paralela. Em alguns casos o

    prprio autor traduz diretamente do hebraico ou grego, procurando esclarecermelhor o contexto.

    Em uma ocasio os editores fazem referncia Bblia de Jerusalm,nova edio revista, publicada em portugus em 1985 pelas Edies Paulinas.

    Os Editores.

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 7

    NOTA SOBRE A VERSO DIGITAL

    Sero apresentados a seguir alguns pontos peculiares desta verso digitaldo livro e ponderaes de interesse do leitor, feitas por Marllington Klabin Will,colaborador da Sociedade Criacionista Brasileira, que se disps a digitaliz-la eedit-la.

    A ordem da numerao nas notas de referncias foi alterada para melhorsintonizar-se, reiniciando a contagem a cada captulo, no estando ao final decada pgina, como feito na verso impressa.

    A seqncia das pginas da verso digital tambm no corresponde com ada verso impressa, porm esta numerao permanece muito prxima ao origi-nal. O ndice foi reajustado para atender a nova paginao.

    A figura da capa prpria desta verso, assim como algumas outras figu-ras que tambm foram substitudas para melhor visualizao do leitor, estandotodas em correspondncia com as originais da verso impressa. A figura 1 foireformulada pela prpria Sociedade Criacionista Brasileira, que tambm inseriunova figura correspondente estrela Nova de Perseu. A numerao de todas asfiguras tambm foi alterada.

    Devido resoluo e qualidade das imagens, foi decidido no fazer re-presentao nesta verso digital da Chart of the Week (Mapa da Semana) que

    apresentada a partir da pgina 238 da verso impressa. Contudo, o leitor que seinteressar em ver esse documento, pode obt-lo dando um duplo clique no se-guinte cone, que um arquivo zipado:

    Infelizmente, o recurso acima s est disponvel verso digital do li-vro em arquivos DOC ou DOCX. Os leitores que s possuem a verso em PDFdeste livro podero encontrar uma verso transliterada para downloadno seguin-te endereo eletrnico, onde apresentado dados parciais do documento:

    Quanto ao Glossrio, como os lxicos de grego e hebraico so encontra-dos com certa facilidade, nesta verso digital foram colocados somente os glos-srios das palavras latinas, assrias, rabes e chinesas. aconselhado ao leitor

    que estiver interessado em pesquisar as expresses gregas e hebraicas para con-sultar o lxico de Strong, que pode ser encontrado no endereo eletrnico do se-guinte web site:

    Marllington Klabin Will.

    http://www.seventh-day.org/chartweek.htmhttp://www.seventh-day.org/chartweek.htmhttp://www.seventh-day.org/chartweek.htmhttp://www.bibliaonline.net/acessar.cgi?pagina=avancada&lang=BRhttp://www.bibliaonline.net/acessar.cgi?pagina=avancada&lang=BRhttp://www.bibliaonline.net/acessar.cgi?pagina=avancada&lang=BRhttp://www.bibliaonline.net/acessar.cgi?pagina=avancada&lang=BRhttp://www.seventh-day.org/chartweek.htm
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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 8

    INTRODUOO HEXAMERON(1)

    A instituio do sbado ou do repouso do stimo dia tem suajustificao no hexameron ou na obra de seis dias da criao.Assim rezam as Escrituras: Ostimo dia o sbado do Senhor teuDeus porque em seis dias fez o Senhor os cus e a terra e aostimo dia descansou por isso abenoou o Senhor o dia stimo eo santificou (2). isto, do ponto de vista bblico, um fato que noadmite nenhuma contestao. A dificuldade, porm, quemodernamente contra ele se tem suscitado, que, segundo osresultados de investigaes cientficas e de descobertas modernas,feitas mormente no domnio da geologia, esses dias no podem serinterpretados como dias literais, devendo representar perodos maisou menos longos.

    No aqui o lugar para entrarmos na apreciao das teoriasque levaram a esta concluso, muitas das quais, seja isto dito depassagem, exigem um maior esforo de f para ser acreditadas outomadas a srio do que a narrao genesaca dos seis dias literais.

    Elas tm sido de sobra discutidas e ventiladas em todos os seusaspectos, quer os mais graves e mais ou menos aceitveis, como osabsurdos e cmicos. Escusado nos referirmos tambm aosmltiplos erros, reconhecidos ou no, a que essas teorias tm dadolugar, e s profundas divergncias por elas determinadas entre osprprios cientistas, com relao aos chamados perodos geolgicos,alguns dos quais, de concesso em concesso, tm chegado a

    estabelecer para o mundo uma idade bastante aproximada da quelhe assina a Bblia (3).

    A este respeito seja-nos permitido citar aqui um significativoexemplo. Como sabido, a cincia geolgica se serve para taisclculos de diversos cronmetros, entre os quais tambm o daeroso praticada pelas guas dos rios nos leitos rochosos quepercorrem (4).

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 9

    Transferido esse cronmetro para o Nigara, Desor, gelogosuo, calculou em doze polegadas de profundidade, cada sculo, aeroso praticada pelas guas no boqueiro desse rio, fazendoremontar assim o seu comeo a trs milhes e quinhentos mil anos!(5) Lyell, ajudado pelo mesmo cronmetro, entendeu dever fazeruma concesso bastante razovel: calculou o mximo da eroso emdoze polegadas por ano, de sorte a estabelecer para esse rio a idadede trinta e cinco mil anos, o que j no pouco (6).

    Bakewell e outros gelogos de nomeada, por sua vez, acharammelhor aumentar mais um pouco a potncia erosiva das guas oudiminuir a resistncia do seu alvolo rochoso, acelerando assim a

    marcha o seu cronmetro: elevaram ao triplo a marcha da eroso ereduziram a dez ou quinze mil anos a idade desse rio (7).Ultimamente L. K. Gilbert do U. S. Geological Survey e R. S.Woodward, de Washington, depois de mais acuradas observaes eestudos, fixaram a proporo mdia da eroso em sessentapolegadas por ano; e agora Mr. Gilbert, cuja competncia ningumcontesta, afirma que o mximo de tempo decorrido desde a

    formao dessa catarata no excede de sete mil anos, e que mesmoessa medida pode merecer ainda considervel reduo!(8)Dawsonchegava ultimamente quase mesma concluso (9). de esperar,pois, que, com o tempo, tambm os demais cronmetros venham aexperimentar idntica retificao, e finalmente os nossos clculosestaro com a Bblia.

    Figura 1Cataratas do Nigara,

    Ilustrao da recesso verificada na crista.(a)

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 10

    Um fato recente merece ser ainda aqui citado como prova dafalcia dessas teorias, mediante as quais se quer exigir de ns umaretificao da Bblia. de todos conhecida a teoria das nebulosas,que tem servido tambm para explicar a origem da Terra e os

    longos perodos reclamados, segundo essa teoria, para a formaode nosso globo (10).

    Figura 2 Cataratas do Nigara.(b)

    No h muito tempo, a estrela Nova em Perseu veio dar aos

    adeptos dessa teoria uma lio de mestre, invertendo-lhes porcompleto a mesma vista de seus olhos com transformar-se deestrela simples que era numa verdadeira nebulosa! (11)E, em vez dereclamar para esse processo involutivo, se permitido assimchamar-lhe, milhes de anos, como era de mister, a ser verdadeiraa dita teoria, a transformao operou-se dentro de poucas semanas,com grande espanto dos que lhe observaram a marcha. O processo

    mesmo aos olhos do mundo cientfico um perfeito enigma. Oprofessor Garret Seviss, notvel escritor sobre astronomia, assim seexprime a propsito desse fenmeno no Examiner, de SoFrancisco, de 29 de dezembro de 1901:

    Isto (a nebulosa em Perseu) um dos fatos at aqui observadosque mais se aproxima de uma nova criao nos espaos Sepudssemos imaginar que o processo, que esses movimentos

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 11

    revelam, constitui realmente a formao de qualquer coisaanloga ao nosso sistema solar, teramos de admitir, com efeito,que a criao do mundo se houvesse efetuado no limitado espaode meses ou de anos em vez de longos perodos de tempo, e a

    imaginao seria naturalmente transportada para a narraogenesaca da criao do mundo em seis dias.

    E acham que seria mais difcil admitir isto do que aceitar tantasoutras teorias que nenhuma certeza oferecem?

    Figura 3 Ilustrao da Nova em Perseu.(c)

    O fato que o caso da Nova em Perseu veio ainda uma vezzombar de nossas teorias cientficas, provando quo pouco nos dado saber acerca das leis que presidiram criao do mundo.

    Quanto ao que ensina a Bblia, esta uma questo, como muitobem se exprimiu o professor Nicholson (12), de energia versustempo, acrescentando que podemos to bem supor esses fenmenosgeolgicos o resultado de uma causa muito poderosa atuando numperodo de tempo relativamente curto, como sup-los produzidospor uma fora muito menos enrgica exercendo-se num espao detempo mais ou menos longo. A tendncia pronunciada de nossos

    cientistas, porm, dar sempre atuao dessa fora a maiorlatitude possvel no tempo, de sorte a sair ganhando este toda vezque houver de ser confrontado com aquela. Ora, pretender por esseprocesso limitar o poder de Deus na formao do mundo, baseadounicamente nos fatos incertos observados e nos minguadosconhecimentos que possumos das leis naturais, a coisa maiscuriosa e ridcula que imaginar se pode.

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    lugar descreve a Bblia o processo da criao (19). A ao do podercriador prescinde em ltima anlise do fator a que chamamostempo; mas se a Bblia, no obstante, assina aos diversos atoscriadores intervalos de tempo uniformes e regulares, no porque

    eles tomassem justamente esse tempo, mas porque essa ordem euniformidade obedecem ao intuito de uma instituio religiosa, queo mesmo relatrio claramente revela e cujo estudo o objeto dopresente livro (20). O fim do relatrio do Gnesis no , pois, comomuitos erradamente pretendem, fazer uma exposio cientfica dacriao do mundo, nem dar-nos um sistema de geologia, botnica,astronomia ou zoologia, e sim dar-nos juntamente com um

    conhecimento geral da origem das coisas, as bases e a justificaode uma das mais importantes instituies da religio, que orepouso do stimo dia.

    Muita preveno tem sido no entanto criada ao relatrio doGnesis com atribuirem-se-lhe idias que ele absolutamente noinculca e com interpretarem-se erroneamente algumas de suaspassagens. A Bblia, tendo por fim instruir-nos para a salvao, no

    se ocupa de cincias naturais e, quando aparentemente entra nessedomnio, no com o fim de enriquecer os nossos conhecimentos atal respeito, e sim visando algum fim espiritual ou religioso,falando ento sempre a linguagem comum dos mortais e tratandoas coisas do ponto de vista exclusivo destes. A astronomia,disseKepler (21), ensina a conhecer as causas que atuam sobre anatureza, e retifica ex professo as iluses da ptica. A Sagrada

    Escritura, que ensina as verdades mais sublimes, serve-se daslocues usuais a fim de ser compreendida; no seno porincidente que ela fala dos fenmenos da natureza, e ento empregaos termos de que se serve o comum dos homens. E a Escritura nose teria exprimido de outro modo, ainda quando todos os homensconhecessem perfeitamente a causa das iluses da ptica; porquens, os astrnomos, no aperfeioamos a cincia astronmica com

    inteno de modificar o uso da lngua, mas queremos abrir asportas verdade, conservando a mesma terminologia. Nsdizemos com o povo: Os planetas param, voltam o sol nasce epe-se, sobe para o meio do cu, etc. Falamos com o povo,exprimimos o que parece passar-se diante de nossos olhos, postoque nada de tudo isto seja verdadeiro, entretanto todos osastrnomos esto de acordo. Devemos tanto menos exigir da

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    Escritura sobre este ponto, quanto certo que ela, se abandonassea linguagem ordinria para tomar a da cincia e falar em termosobscuros, que no seriam compreendidos daqueles que ela querinstruir, confundiria os simples fiis, e no conseguiria o fim

    sublime que se prope.O que Kepler a disse to intuitivo, que custa a

    compreender como que homens de notvel saber pudessem exigiroutra coisa Bblia. Ora, se o relatrio do Gnesis, divertindo ogrande fim que tem em vista, falasse a linguagem divina,descrevendo os atos da criao do ponto de vista do seu grandeAutor, nem ainda o sculo XX com toda a sua alardeada sabedoria

    seria capaz de compreend-lo, e correria o risco de ser ainda umavez votado ao desprezo pela simples ignorncia deste.

    Nem mesmo como objeto de revelao o hexameron poderiaser concebido numa linguagem diversa daquela em que nos apresentado. O relator, se no assiste em pessoa criao, tem pelomenos uma revelao desta, e descreve-a, como qualquer vidente,do seu ponto de vista exclusivo, consoante as impresses que tem

    das coisas que se desenrolam ante os seus olhos, e a prprialinguagem atribuda a Deus tem por sua vez de amoldar-se ao queo relator vidente capaz de perceber e compreender de tudo quantose passa.

    Passando em revista o hexameron, devemos ter presente queh a coisas que so criadas ou formadas, e outras quesimplesmente aparecem, e que, portanto, j existem: Deus falou e

    foi feito, mandou e logo apareceu (22). Quando o relatrio diz queno princpio criou Deus os cus e a terra (23), devemos noconfundir estes termos. A terra a que se refere no o nossoplaneta como um corpo celeste. Este j existe. O relatriomenciona claramente os cus em primeiro lugar, depois a terra, eisto atravs de toda a Bblia. uma circunstncia que no devemosdesprezar. Os cus foram, portanto, a primeira coisa a ser feita, em

    seguida a terra. A luz, cujo aparecimento o ato do primeiro dia,no foi feita; ela j existe, como tambm j existem o Sol e a Lua, etodo o nosso sistema planetrio; ela apenas aparece: Disse Deus:Haja luz, e houve luz (24). O hexameron refere-se poisexclusivamente ao que criado e feito aparecer sobre o nossoplaneta.

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    Como vimos, os cus so a primeira coisa da qual se diz queela foi feita. A palavra amajim, traduzida cus (25), significaporm literalmente as guas opostas ou superiores, as guas decima, a atmosfera. Esta a obra do segundo dia, quando Deus

    diz: Faa-se um firmamento no meio das guas (referindo-se gua lquida que cobre o nosso planeta e gua gasosa ou aosvapores dgua suspensos sobre a mesma), e haja separao entreguas e guas. Fez pois Deus uma expanso no meio das guas edividiu as guas que estavam debaixo da expanso, das guas queestavam por cima da expanso; e assim se fez. Chamou Deus expanso cus (amajim, guas opostas, superiores ou de cima)(26)

    .A terra, que vem em segundo lugar, o elemento seco que

    aparece depois de criados os cus, e a obra do terceiro dia,quando Deus diz: Ajuntem-se num s lugar as guas que estodebaixo dos cus (amajim), e aparea o elemento seco. E chamouDeus ao elemento seco terra (rts) (27)e ao ajuntamento das guasmares (iammim) (28), (29). Temos pois em primeiro lugar a criao

    dos cus (amajim), depois a da terra (rts), finalmente a reuniodas guas, mares (iammim, plural de iam, mar) (30), concordandoisto com a ordem mencionada tambm no preceito do sbado: Emseis dias fez o Senhor os cus (amajim), e a terra (rts) e o mar(iam) (31), donde se evidencia que a palavra terra (rts) noprimeiro versculo do Gnesis se refere exclusivamente aoelemento seco que Deus fez aparecer no terceiro dia e no ao nosso

    globo terrestre. Isto tambm corroborado pela seguintedeclarao do apstolo Pedro em sua segunda epstola: Isto depropsito esquecem, que eram j dantes os cus e a terra que dagua e no meio da gua subsiste pela palavra de Deus(32).

    Esta terra, antes do ato do terceiro dia, conquanto subsista jdentro da gua que cobre o planeta, no apresenta aos olhos doobservador forma aprecivel: est sem forma e nua (vazia), isto ,

    despida do ornamento de que se reveste do terceiro dia em diante.Cobrem-na por completo as guas e as trevas. Ao mando de Deus aluz penetra as densas camadas de vapores e com ela o calor; osvapores se expandem e se elevam, ato do segundo dia, criando-seos cus, as guas superiores, que como Deus chama expanso.Deus faz ento separao entre a luz e as trevas, isto , opera-se arotao da Terra e a luz caminha para o seu limite (33): veio a tarde,

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    diz o relator, depois a manh a rotao completa-se reaparece a luzum dia! (34)

    Segue-se a operao do segundo dia, por sua vezintimamente ligada do terceiro. Os vapores continuando aexpandir-se e a elevar-se formam aos olhos do observador ofirmamento azul que ele descreve como a expanso separadoraentre as guas que vira subir e as guas c debaixo (35). o queDeus denomina as guas superiores ou os cus, e que na mitologiaegpcia era considerado o mar ou o oceano celeste (36). O volumedgua c debaixo continua diminuindo at finalmente aparecer oelemento seco, operao que aos olhos do observador se afigura

    como a reunio das guas num s lugar, pelo que a linguagemdivina deve por sua vez amoldar-se inteiramente ao ponto de vistadeste. J que no se trata de dar-nos uma cosmogonia real (37), queno o fim da Bblia e que ns nem sequer compreenderamos, suficiente um conhecimento dos seus contornos gerais,satisfazendo isto plenamente ao fim que a Bblia tem em vista. Estquase completa a operao do terceiro dia e criados esto os cus

    (guas superiores), a terra (o elemento seco) e o mar (a reunio dasguas), mas a terra continua vazia.

    Os vapores dgua suspensos nos ares, posto que j bastanterarefeitos, apresentam todavia ainda densidade suficiente paraocultar aos olhos do observador o disco do Sol, da Lua e dasestrelas. A luz do Sol, coando-se atravs desses vapores,desenvolve sobre a terra mida condies propcias vegetao,

    mas no ao reino animal. O relatrio perfeitamente coerente.Segue-se a criao do reino vegetal e completa-se a obra dosegundo dia, que deixara a terra j com forma, mas ainda na. Aterra recebe agora a sua vestimenta (38). s ento que oobservador diz que Deus Viu que era bom (39), frase que elerepete depois da obra de cada dia, mas que propositalmente omitiracom relao do segundo, por estar aquela obra ainda incompleta.

    Raia o quarto dia. O firmamento j bastante transparentedeixa entrever o astro do dia, e depois a Lua e as estrelas. E disseDeus: Haja luminares na expanso dos cus, para haverseparao entre o dia e a noite, e sejam eles para sinais, e paratempos determinados, e para dias e anos. E sejam para luminaresna expanso dos cus, para alumiar a terra, e assim foi(40).

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    A linguagem est de perfeito acordo com as impresses quetem o relator ao contemplar o aparecimento desses astros, econsiderar do seu ponto de vista as suas aparentes funesrespectivas. So luminares, um maior outro menor. No tm ainda

    designaes especiais, mas alumiam a terra, um de dia outro denoite, fazendo separao entre a luz e as trevas. Da operaomesmo, que deu lugar ao seu aparecimento, o relator nada percebe,ele s descreve o que v, que um maior e outro menor ( orelator quem o diz) e acrescenta o que sabe de certo, a saber: queDeus criou esses luminares, e tambm as estrelas, e os colocou alina expanso dos cus ( este o seu ponto de vista) para alumiar a

    terra, para governar o dia e a noite, e fazer separao entre aquele eesta, repetindo com estas ltimas palavras tudo o que Deus disse,menos que deviam servir de sinais para tempos determinados(meses) e anos, por estarem estas coisas ainda fora do raio de suasobservaes de momento (41). A linguagem extremamente concisano omite particularidade alguma essencial, como tambm noacrescenta coisas descabidas. Completa-se assim a operao do

    quarto dia, a qual descrita somente quanto aos seus efeitosvisveis. Com ela, porm, esto criadas as condies indispensveis vida animal, que a obra do quinto e sexto dias, comeando pelasordens inferiores e rematando pelas superiores. Digo superiorescom respeito ao homem. Exceptuado este, o reino animal noobedece a nenhuma classificao especial e tanto assim que onde omandamento de Deus coloca em primeiro lugar os animais

    domsticos, em segundo os rpteis e por ltimo as feras, o relatormesmo tudo inverte, mencionando em primeiro lugar as feras, emsegundo os animais domsticos e por ltimo os rpteis (42),mostrando com isto que uma classificao como ns a entendemosno absolutamente o objeto da revelao. A nica distribuiofeita por ordem de habitaes, isto , dos meios em que essesanimais esto destinados a viver: primeiro so criados os habitantesdas guas, e os volteis, os animais que voam na expanso dos cusou das guas superiores; depois os animais da terra, que devempovoar o elemento seco, inclusive o homem, de sorte a ficar tudocompreendido nesta s expresso: E fez o Senhor os cus, a terrae o mar, e tudo o que neles h(43). O relator s distingue animaiscujo elemento a gua, animais que voam no espao, e animais

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    que andam ou se rojam sobre a terra. A ordem em que eles,respectivamente, so criados deve ser-lhe indiferente (44).

    A obra do quinto dia, em que so criados os habitantes dasguas e do ar, uma obra em si completa, fechando por isso orelatrio com a declarao: E viu Deus que isso era bom(45), queo relator, como j o fizemos notar, omitiu com relao obra dosegundo dia, que s ficou completa no terceiro, criando-se os trsmeios: os cus, a terra e o mar.

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    O Sbado ou o Repouso do Stimo Dia 19GNESIS LEVTICO DEUTERONMIO

    Gn.

    1:24Produza

    aterraseresviventesconformea

    suaespcie.

    SERES

    VIVENTESTERRESTRES

    Gn. 1:24/a

    Animais domsticos.

    Lv. 11:2

    Quadrpedes.LIMBOS Lv. 11:2-3

    Ungulados ruminan-tes.

    Dt. 14:4-6

    Ungulados ruminan-tes: bovinos, caprinos,ovinos, antilopinos.

    IMUNDOS

    Lv. 11:5-6 e 26-67Ungulados no rumi-nantes: porco, camelo,arganaz, lebre.

    Dt. 14:7-8

    Idem Lv. 11:5-6 e 26-27.

    Plantgrados

    Gn. 1:24/c

    Animais selvagens. Gn. 11:29

    Enxames de criatu-ras que povoam aterra.

    Lv. 11:42/b

    Tudo que anda sobre quatro ps.

    Lv. 11:29

    Doninha, rato.

    Gn. 1:24/b

    Rpteis.

    Lv. 11:42/a

    Tudo que anda sobre o ventre.

    Lv. 11:42/c

    Tudo que tem muitos ps.

    Gn.

    1:20/aPovoem

    -seas

    guasdeseresviven

    tes

    SERESVIVENTESAQ

    UTI-

    Gn. 1:21/a

    Grandes animais

    marinhos (peixes).

    Gn. 1:21/b

    Todos os seres vi-ventes que rastejam,os quais povoam asguas (invertebra-dos).

    LIMPOS

    Lv. 11:9

    De todos os animais

    que h nas guascomereis os seguin-tes

    Dt. 14:9

    Idem Lv. 11:10.

    IMUNDOS Lv. 11:10

    Porm estes seropara vs outros a-bominao

    Dt. 14:10

    Idem Lv. 11:10.

    Gn.

    1:20

    /bVoema

    savessobreaterrasobo

    firmamento

    SE

    RESVIVENTESALADOS

    Gn. 1:21/c

    Todas as aves.

    AVES

    LIM

    POS Dt. 14:11

    Toda ave limpa come-

    reis.

    IMUNDO

    Lv. 11:13-19

    Das aves estas abo-minareis

    IN

    SETOS

    LIMPOS Lv. 11:22

    Mas estes come-reis

    IMUNDO

    SLv. 11:20-23

    Todo inseto que voaser para vs outrosabominao.

    Dt. 14:19Idem Lv. 11:20-23.

    Figura 4 Classificao Bblica dos seres viventes.

    (d)

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    A obra do sexto dia, porm, que compreende a criao dosanimais terrestres destinados a povoar o elemento seco divididaem dois atos distintos.Criados que so os animais domsticos, asferas, etc., o relator encerra o primeiro ato da criao desse dia,

    declarando que Deus viu que isso era bom (46), passando adescrever ento o segundo ato, que compreende a criao dohomem. Posto que o homem seja, como os demais seres terrestresque o precederam, um ente animal, terreno sendo por issomesmo criado juntamente com aqueles num mesmo dia, e devendocom aqueles habitar e povoar o elemento seco, a terra arevelao contudo no o confunde com os primeiros. Separa

    claramente a sua criao da dos outros animais. Ao passo que todoo resto da criao se opera prontamente a um simples fiat, a dohomem precedida de deliberao e de clculo. O ser que agoravai ser criado deve ser de algum modo distinto dos demais, eledeve assemelhar-se nalguma coisa ao prprio Criador. Faamos ohomem nossa semelhana, disse Deus. Como? Domine ele sobre toda a terra! (47)Em vez de ser ele uma criatura sujeita

    como a restante, seja ele, semelhana de Deus, livre, e dominesobre toda ela! a representao desta verdade moral, deexcepcional alcance, mais um dos grandes objetivos do hexameron.

    A dignidade de senhor do mundo visvel, recebida de Deus,explica tambm a razo por que o homem foi criado por ltimo.Devendo ser criado para ser constitudo senhor de toda a criatura,era mister que esta o precedesse na existncia, como muito bem se

    exprimiu Gregrio de Nissa: No era conveniente que o senhorexistisse antes daqueles a quem devia mandar. S depois que tudoestava preparado para receber o rei que este devia aparecer. Eisa razo por que o homem foi criado depois de todas as outrascoisas; no foi colocado no fim por ser mais insignificante, masporque, apenas criado, devia ser o rei de todos os seus sditos(48).

    A criao do homem, obedecendo ao plano premeditado deser este constitudo o dominador da Terra, naturalmente se afastada dos outros animais, para se tornar um ato especial e distinto quetorna o homem um ser moral responsvel, feio esta pela qualabsolutamente no se deve confundir com aqueles. Como tal eledeve naturalmente ser dotado de todas as prerrogativas inerentes ssuas funes: deve ser um ente livre, com capacidade suficiente

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    para assumir a responsabilidade de seus atos, e de tudo istoforosamente se deduz a sua organizao superior.

    Feita a entrega ao homem, em termos formais, do domniodesta terra, necessrio se tornava prevenir tambm, por umamedida liberal, que ele exorbitasse de suas legtimas funes.Dominando sobre todas as criaturas, no devia estender essedomnio sobre seus semelhantes. Deus, entregando-lhe o domniode tudo, reservava para Si o domnio daqueles que havia feito Suasemelhana. O homem devia pois reconhecer sobre si a legtimasoberania dAquele que o fizera livre, para servir a Deusinteligentemente, conforme os ditames de sua conscincia, de

    modo a no exceder as suas legtimas atribuies exaltando-se a siprprio e sujeitando os seus semelhantes, que a egolatria e aequiparao de si prprio com Deus, que foi justamente a origemdo pecado. Este reconhecimento devia ser um ato de sua prpriavontade; fornecendo-lhe Deus apenas o meio de manifest-lo e depratic-lo na instituio do sbado, o grande preventivo daapostasia, que o objeto do estudo que se segue.

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    CAPTULO I

    INSTITUIO DO SBADO

    E havendo Deus acabado no dia stimo a sua obra, quetinha feito, descansou no stimo dia de toda a Sua obra que tinhafeito. E abenoou Deus o stimo dia e o santificou; porque neledescansou de toda a Sua obra, que Deus criara e fizera.Gnesis2:2-3.

    Ao cabo dos seis dias da criao, Deus instituiu o sbado.

    Sbado palavra de origem semtica (em hebraico abbath,emassrio abattu ou apattu) significando propriamente fim oulimite do tempo (1). Dela se derivou em hebraico o verbo abath(em assrio abatu ou apatu) com a significao de terminar,cessar (em rabe cortar cessar de fazer alguma coisa) e darepousar, descansar (2). O termo se aplica primariamente aostimo dia como limite da semana e como dia de repouso oucessao do trabalho, donde vir a significar repouso, descanso.

    A instituio do stimo dia como dia-limite e de descansoobedeceu por parte de Deus a trs atos caractersticos e distintos.No bastou para isto um nico ato, alis a infinita Sabedoria a elese houvera limitado. Cumpria que essa instituio, atento o papelimportante que lhe estava reservado, revestisse um carter e umaforma perfeitamente definidos, que a no deixassem merc deespeculaes humanas, de possveis equvocos ou de sofismas,nem dessem lugar menor dvida no esprito do sinceroinvestigador da verdade. No podia por isso o relatrio que delanos foi transmitido ser menos explcito e categrico:

    Assim os cus e a terra e todo o seu exrcito foramacabados. E havendo Deus acabado (3)no stimo dia toda a Suaobra que tinha feito, descansou no stimo dia de toda Sua obra,

    que tinha feito. E abenoou Deus o stimo dia, e o santificou,porque nele descansou de toda a Sua obra, que Deus criara efizera (4).

    O relatrio acima estabelece com relao ao stimo dia osseguintes trs importantes fatos: 1. que Deus, cessando no diastimo as suas operaes, descansou no stimo dia; 2. que Deusabenoou o stimo dia; 3. que Deussantificou o stimo

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    1. Deus Descansou no Stimo Dia

    Depois de haver operado durante seis dias consecutivos,

    Deus encerrou o perodo de Sua atividade criadora com relao aeste mundo devotando o stimo dia ao descanso. Ficava destemodo criado um ciclo de sete dias, que passou a constituir asemana e cujo ltimo dia ficou sendo o sbado, o dia-limite desseperodo e dia de descanso. Deus descansou (literalmentesabbadeou) no stimo dia; no que Deus experimentasse anecessidade fsica de descanso, pois no dizer do profeta oCriadordos fins da terra no se cansa nem se fatiga (5), mas porque sepropunha lanar as bases de uma instituio destinada a memorarsua obra e a perpetuar assim a memria do Criador. Essainstituio devia basear-se sobre o fato de haver Deus consumadoSua obra em seis dias e repousado no dia stimo, como ressalta dorelatrio inspirado e tambm se colige dos termos em que foiconcebido o preceito que estatui a sua observncia: Lembra-te dodia do sbado para o santificar o stimo dia o sbado do

    Senhor teu Deus porque em seis dias fez o Senhor os cus e aterra e ao stimo dia descansou (6).

    No houvesse Deus repousado Ele prprio no stimo dia, nopoderia este com verdade ser chamado o sbado (ou descanso) doSenhor, fato que Deus reputou o mais adequado para figurar comouma memria de suas maravilhas (7), e perpetuar a lembranadEle como seu Autor. Para que esse dia pudesse realmente ser

    designado por Deus Sbado do Senhor, necessrio era que Deushouvesse nele efetivamente repousado.

    Da, porm, se evidencia ao mesmo tempo que nenhum outrodia tem direito a esse nome, porque o Senhor absolutamente norepousou em outro dia. to impossvel mudar o dia de descansodo Senhor como impossvel mudar o dia de nosso nascimento.Suponhamos que algum nasceu a 7 de Janeiro; esse dia e nenhumoutro ser o seu legtimo dia natalcio, pois foi esse o dia em quenasceu. Essa pessoa poder alegar, querendo, que nasceu a 1 deJaneiro; isto no altera absolutamente o fato de ser o 7 de Janeiro olegtimo dia de seu nascimento. O mesmo d-se com o sbado.Deus repousou no stimo dia. Esse dia foi um dia definido ostimo. Em virtude desse ato o stimo dia ficou sendo o dia de

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    repouso ou o sbado do Senhor. Eis um fato que impossveldestruir; impossvel, dizemo-lo com toda a reverncia, at paraDeus mesmo, porque impossvel que Deus minta. Segue-se poisque o stimo dia original, e depois dele cada stimo dia sucessivo,

    foi e h de ser, impreterivelmente, o legtimo sbado ou dia dedescanso do Senhor, preceituado no mandamento. Para ele o deixarde ser, necessrio fora deixar de ser verdade que Deus no stimodia da criao repousara de toda a Sua obra que fizera.

    2. Deus Abenoou o Stimo Dia

    Este segundo ato foi o primeiro passo dado no sentido dediferenciar dos outros o dia que Deus votara ao Seu descanso. Seem relao a ele Deus se houvera limitado apenas ao ato dorepouso, esse dia s se teria distinguido dos demais pelo que neletinha sido feito. De resto, o seu carter teria permanecido o mesmo.Os seis primeiros teriam sido dias de trabalho, entanto que o stimose teria caracterizado apenas em ter sido o dia de descanso deDeus. Deus, porm, depois de haver repousado e se restaurado nostimo dia, conforme reza o relatrio, deitou-lhe a Sua bno bendisse (segundo o original) o dia do Seu descanso (8), dando-lhedeste modo uma preferncia sobre os demais dias que oprecederam e imprimindo-lhe um carter que o colocavasuperiormente queles. O stimo dia tornava-se deste modo o diabendito do descanso de Deus.

    Mas essa bno deitada ao stimo dia, no se limitava adistinguir o dia somente. Sempre que Deus deita a Sua bno auma pessoa ou coisa com o fim evidente de no ficar elacircunscrita ao indivduo que a recebe. Quer dizer: todo o indivduodistinguido com a bno de Deus, est, graas a essa bno,predestinado a ser um portador de bno para outros indivduos.Assim Deus, abenoando a Abrao, pe bem claro o desgnio quenisto levaAbenoar-te-eidisse-lhe, esers uma beno eem ti sero benditas todas as famlias da terra (9).

    O mesmo com o sbado. A bno deitada ao stimo dia oudia de repouso de Deus, tornava-o um dia bendito, por isso quedevia redundar em bno aos indivduos contemplados com osbenefcios dessa instituio. A soma de benefcios que o sbado,institudo antes do pecado, estava destinado a proporcionar

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    humanidade havemos de considerar mais de espao em captulossubseqentes. Analisemos o terceiro ato.

    3. Deus Santificou o Stimo Dia

    A santidade um carter de Deus. Santificando o stimo dia,o dia do Seu repouso, Deus conferiu a esse dia carter divino. Poresse ato, o stimo dia, que j tinha sido virtualmente distinguidopelo ato da bendio, foi moralmente separado dos demais dias dasemana. O stimo dia tornou-se deste modo o santo dia do repousode Deus, carter absolutamente distinto, que nenhum outro dia

    partilhava.O termo qada santificar (10), definido por Youngseparar, apartar, isto , separar ou apartar do uso comum paraum fim religioso ou sagrado (11). O hebraista Stade define-o:tornar propriedade de Deus, consagrado a Deus (12). O stimo dia,com ser santificado por Deus, depois de terminado o ato dorepouso, deixava de ser um dia comum, como os demais, para ser

    consagrado a um fim santo, isto , para ser devotado memria deDeus. Tal o fato virtualmente implicado no ato da santificao.

    Estava assim consumada a instituio do sbado. Sobre ofundamento do Seu repouso no stimo dia, Deus primeiroabenoou, depois santificou o stimo dia. A bno, como vimos,envolvia uma promessa, porque o que Deus abenoa est por suavez destinado a servir de bno. A santificao, porm, implicava

    um dever sagrado em relao ao indivduo a quem a sua bno eradestinadao dever de reconhecer esse dia como dia separado porDeus dos dias comuns que o precederam, a fim de ser devotado aorepouso e ao culto divino. Por sua prpria natureza, pois, estes doisatos -a bno e a santificao se tornavam extensivos a cadastimo dia sucessivo atravs de todos os tempos.

    Isto deve tornar-se bvio a todo aquele que refletir sobre as

    conseqncias necessrias destes dois atos ao ponto de vistabblico. Se a bendio de um indivduo tem por objeto fazer deleuma bno para outros indivduos, claro que a bendio dostimo dia como dia do repouso de Deus no podia restringir-se aostimo dia original, devendo naturalmente estender-se a cadalegtimo dia stimo sucessivo pelo tempo que tal bno se fizessemister. Ora, Deus abenoou ou bendisse o stimo dia, o dia do Seu

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    repouso, em seguida ao ato do Seu repouso e em virtude dessemesmo repouso, como explicitamente o declara: aostimo diadescansou: por isso(em hebraico al-ken= idcircoem latim), poresta razo, por causa disto (13), bendisse o Senhor o dia do

    sbado, e o santificou (14). A necessidade da bno do repouso dostimo dia foi portanto reconhecida antes da existncia do pecado,afirmando-se ela para o prprio estado de inocncia, pelo que devianaturalmente constituir uma necessidade perptua. A santificao,implicando a distino ou separao desse dia dos seis diasrestantes, no podia, est claro, ser menos extensiva no seu efeito,aplicando-se, como a bno, a cada stimo dia seguinte em ordem

    de sucesso legtima, sem nenhuma discrepncia, sob pena de ficaranulado o seu motivo imediato, e pelo tempo que tal necessidadesubsistisse.

    Bastava esta s reflexo para deixar de antemo assente nos a perpetuidade dessa instituio, como ainda a inamovibilidadedo dia particular a que ela originalmente se prende, o qual, tendosido um dia definido, no poderia em verdade ser sucedido por

    outro dia que lhe no correspondesse na ordem exata estabelecidapelo Criador. Um deslocamento do dia stimo equivaleria atranstornar a ordem que constitui a base dessa instituio e a anulara causa imediata da bno e santificao do stimo dia, que,conforme Deus mesmo declara, foi haver Ele repousado nesse diade toda a Sua obra que criara e fizera!

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    CAPTULO II

    COMO O STIMO DIA DEVIA DEFINIR-SENO SEU CARTER DE REPOUSO DE DEUS

    Para o stimo dia, da primeira semana em diante, definir-seno seu carter de repouso de Deus, necessrio era, a fim de evitarqualquer confuso, que cada dia tivesse a sua designao prpria.Originalmente esta consistiu numa simples enumerao por ordemde sucesso, como se verifica tambm do captulo 1 de Gnesis,

    versculos 5, 8, 13, 19, 23 e 31

    (1)

    . O stimo dia da semana, porm,alm da designao stimo, que por sua etimologia constituidesignao peculiar desse dia, recebeu a mais a designao desbado (2), no sentido mais restrito de cessao do trabalho,repouso, a qual passou a servir de termo de relao para aenumerao dos seis dias restantes.

    assim que nos idiomas semticos, no hebraico, por

    exemplo, em vez de se designarem os dias simplesmente iomekhad,iom eni,etc. (3), isto , dia primeiro, dia segundo, etc,usou-se desde os tempos mais remotos enumer-los em relao aosbado, dizendo-se ekhad be-abbath,eni be-abbath, etc. (4),subentendendo-se a palavra iom (dia). Aqui o ordinal se liga aotermo de relao sbado pela proposio adverbial be (antiga ba)(5) com a significao de adentro ou para dentro, dizendo-seliteralmente primeiro (dia), segundo (dia), etc., adentro ou paradentro do sbado, isto , aqum ou depois do sbado. Estaforma corresponde que no grego do Novo Testamento seconservou como primeiro do sbado, segundo do sbado, etc.,subentendendo-se as expresses dia e depois de ou a partirde (apou ek) (6), o que deu lugar, sem dvida, a que a palavrasbado viesse com o tempo a ser tomada tambm na acepo latade semana, acepo que originalmente no tinha (7), sendo asemana designada em hebraico antigo abuah (em rabe asbuah)(8), que igualmente uma variante do adjetivo numeral sete.

    Esta forma passou tambm ao latim e a outros idiomas,conservando-se ainda em portugus. Em latim eclesistico dizia-seferia prima, feria secunda, feria tertia, etc. (9), enumerando-se osdias da semana abou ex feria, isto , a comear do dia de descanso

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    ou sbado (10). Houve quem, sofismando esse costume, que veio dohebraico, pretendesse insinuar que na nova dispensao todos osdias passaram a ser considerados santos, sendo o domingo ou oprimeiro dia da semana designado por issoferia prima, ou primeiro

    feriado. Mas neste caso o stimo dia devia ser chamado feriaseptima(11), quando um fato que tanto em latim eclesistico comoem outros idiomas esse dia conservou sempre o seu legtimo nomede sbado. O domingo ou o primeiro dia da semana , comefeito, feria prima, o que no quer dizer primeiro dia santo ouferiado e sim primeiro dia em relao ao dia santo ou de descanso,que o sbado, sbado primeiro ou primeiro do sbado como

    lhe chamavam os judeus e como literalmente designado no NovoTestamento, sendo porm traduzido a primeiro dia da semana(12).

    Da forma latina originaram-se as expresses portuguesassegunda-feira, tera-feira, etc, tendo sido a designao primeira-feira, correspondente ao primeiro dia depois do sbado, substitudanalgum tempo por domingo, do latim dominicus ou dominica

    que quer dizer do Senhor(13)

    . O autor do Mapa da Semana,tratando das mesmas expresses usadas no Congo, interpretafeira como sinnimo de mercado (14), o que, assim entendido,revelaria para logo o legtimo carter do primeiro dia da semana,elevado pela igreja categoria de dia do Senhor em substituio aosbado. Feira, porm, corresponde aqui ao latim feria,que querdizer dia de descanso ou feriado devendo as designaes

    dos dias da semana em portugus ser entendidas do mesmo modoque em latim, isto , como uma enumerao por ordem feita emrelao ao sbado do stimo dia.

    A confuso, a que vimos de aludir, e que j antiga,originou-se, sem dvida, em parte, de ser o domingo entre algunspovos com efeito chamado dia de feira ou de mercado. Datornar-se a idia extensiva tambm aos demais dias da semana no

    era nada difcil, posto que entre esses povos s fosse assimchamado o primeiro dia da semana. Os antigos rabesdenominavam-no dia de negcios ou de comrcio. Emosmanlin (turco) designam-no bazaar guni, dia de feira ou demercado, e segunda-feira bazaar irteki, dia seguinte ao dafeira (o mesmo em circassiano), ao passo que os demais dias sodesignados como em semtico, isto , em relao ao sbado,

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    dizendo-se em osmanlin ar amba,panj amba, que quer dizer:quarto (dia depois) do sbado, quinto (dia depois) do sbado.Em tartrico (de Kasan, na Rssia) o primeiro dia da semana chamado atna kon,dia de feira ou de mercado, sendo os demais

    dias enumerados como acima, isto , relativamente ao sbado (15).Esse costume no se deve entretanto atribuir exclusivamente

    a influncias do Oriente, onde o primeiro dia da semana figurou defato desde os tempos mais antigos como um dia de comrcio porexcelncia. O costume de realizar feiras aos domingos esteveoutrora largamente em voga em toda a Europa crist, e smodernamente que veio a descobrir-se a verdadeira origem desse

    costume que teve por principal autor a pessoa de Constantino oGrande, que foi ao mesmo tempo quem deu um decisivo impulso observncia religiosa do domingo. Quanto, porm, estava longe dever nesse dia o que a igreja posteriormente dele fez, revela-o ainscrio encontrada num local de banhos por ele feito construirem Valasin, na Eslavnia (16). Segundo esse documento, foi ele oprimeiro a ordenar a instituio de feiras aos domingos. Cox,

    comentando esse documento, diz: Constitui fato estranho e poucosabido que foi Constantino quem expressamente ordenou arealizao de feiras aos domingos. o que ficamos sabendo poruma inscrio descoberta num local de banhos que fizera construirna Eslavnia (17). Seu objetivo era evidentemente incrementardeste modo a concorrncia do povo campesino s reuniesreligiosas celebradas nas igrejas urbanas. Charles Julius Hare alude

    ao fato nestes termos: Foi pois Constantino autor do costume dese realizarem feiras aos domingos, costume observado na Europadurante mil anos, a despeito do decreto que lhe foi oposto porCarlos Magno (18). Na Europa Oriental essas feiras dominicaiscontinuam em voga at o dia de hoje.

    Para o primeiro homem a contagem dos dias da semana nopodia naturalmente comear, at que, pela instituio do sbado,

    Deus houvesse encerrado o ciclo de dias, que devia constituir asemana, e estabelecido assim o nico motivo legtimo dessaoriginal diviso do tempo. Ado devia pois ter comeado o seuclculo da semana pelo primeiro dia depois do sbado, e como osdias desta no tiveram outra designao especial, era natural queesse modo de designar os dias, isto , enumerando-os em relaoao sbado ou stimo dia, se introduzisse e estabelecesse, o que alis

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    devia ter sido providencial, contribuindo para conservar viva amemria do sbado e manter-se ele um dia perfeitamente definido.

    O Sbado Como Dia Definido No Se Extravia

    Estabelecido e generalizado entre os primeiros homens essesistema de contagem dos dias da semana, obvio que impossvelse tornava qualquer confuso a respeito do legtimo dia stimo eperder-se assim a noo do dia definido. Admitindo embora ainexistncia de um registro escrito e que para suprir este o homemprimitivo houvesse de empregar um maior esforo de retentiva, o

    que alis muito devia contribuir para robustecer e desenvolver neleessa faculdade, seria insensato concluir que pudesse ter-se dadonalgum tempo um lapso de memria de tal modo geral, comrespeito sucesso exata dos dias, que ele escapasse por completoa uma ratificao e viesse a perder-se assim o conhecimento dolegtimo dia de sbado. Qualquer aberrao nesse sentido alongevidade dos primitivos teria perfeitamente evitado. Ado viveuat o tempo de Matusalm e este at o tempo de Sem, filho de No,o qual por sua vez chegou a ser contemporneo de Isaque, filho deAbrao, o pai do povo hebreu (19).

    No, metido na arca, continuava, mesmo em meio subverso geral do mundo, a guardar o conhecimento da semanaoriginal, calculando por ela o tempo, e transmitindo o seuconhecimento posteridade (20). Dos tempos ps-diluvianos,porm, at aos tempos modernos, temos, na conformidade doclculo dos dias da semana, observado entre povos os maisafastados entre si pelo tempo, pelo espao e pela origem, o maisdecisivo testemunho da uniformidade de vistas que sempre existiua tal respeito.

    O Dr. William M. Jones, notvel arquelogo americano (21),organizou, aps pacientes e aturadas investigaes, levadas a efeito

    com muito trabalho e despesas, um quadro da semana intitulado:Chart of the Week, showing the Unchanged Order of lhe Daysand the True Position of the Sabbath, as proved by the CombinedTestimony of Ancient and Modern Languages (Mapa da semana,demonstrando a ordem inalterada dos dias e a legtima posio dosbado pelo testemunho combinado de lnguas antigas emodernas). Esse mapa, concludo em 1886, revela que em 108

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    lnguas antigas e modernas o stimo dia conserva o nome desbado ou o nome equivalente, ao passo que em 160 lnguas atestada a uniformidade dos dias e, portanto, a identidade dasemana primitiva e da atual! (22) A parte referente aos idiomas

    europeus foi compilada pelo eminente lingista Prncipe Louis-Lucien Bonaparte (23).

    Figura 5Tentativa de cronologia da Criao ao xodo,

    de acordo com o registro hebraico.(e)

    Na introduo ao seu trabalho, diz o autor:Tem o presente mapa por fim responder s seguintes

    asseres frequentemente feitas:

    1)

    Que a semana no constituiu uma diviso uniforme detempo;

    2)que no h certeza alguma quanto ordem exata dos dias

    da semana;3)

    que a ningum dado saber qual seja o primeiro dia dasemana e qual o stimo;

    4)

    que o sbado original foi o domingo que o dia foimudado quando Israel saiu do Egito que desde a

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    ressurreio de Cristo at a presente data os cristos tmestado observando o sbado original institudo no den.

    H um bom nmero de anos ocorreu ao autor indagar o quea esse respeito adiantava a histria das lnguas. A linguagem deum povo revela as idias, costumes e prticas do povo que a fala.Se do comeo da linguagem escrita at ao tempo atual o seutestemunho for unnime sobre este ponto, ele merecedor de todaa confiana, a evidncia deve ser aceita e o nosso juzo formuladode acordo com a mesma.

    A organizao deste mapa exigiu, como natural, longos epacientes estudos e a consulta de grande nmero de obras; almde correspondncia com estrangeiros, entrevistas com indgenas,missionrios, viajantes e autores, sem levar em linha de conta alonga demora do prprio autor e os estudos por ele pessoalmentefeitos em pases do oriente.

    Como ao leitor atento dado verificar, o hebraico tem assuas formas antigas, medievais e modernas, como as tm osdemais idiomas semticos e bem assim os da famlia hamtica ejaftica. Todos eles, porm, concordam em que o domingo oprimeiro dia da semana e o sbado o dia stimo. digno de notatambm que o stimo dia conservasse sempre o seu primitivo nomede sbado conferido por Deus. Temos a pois uma histriacontnua da semana e do sbado, histria ininterrupta, inalterada,sem lacunas e sem o extravio de um nico dia, desde a criao ato tempo presente. O autor dedicou o melhor dos seus esforos e do

    seu tempo, e durante um bom nmero de anos, a reunir essas vozesdos pases de sua procedncia para traz-las ao conhecimento dosseus colegas cristos, na firme esperana de por este meio varrerde todo o esprito sincero os sofismas e insinuaes, as asseresinexatas e frioleiras acerca do extravio de um dia, de umamudana do sbado ou de ser o domingo o stimo dia original.Depois de um estudo atento do presente mapa, o leitor chegar

    naturalmente concluso de que absolutamente impossvel que otestemunho dessas lnguas histricas minta, persuadindo-se de queelas dizem a verdade, toda a verdade e s a verdade sobre oassunto em questo.

    O mapa oferece em suma uma perspectiva da histrialingustica da semana de sete dias desde a antigidade mais

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    remota at o tempo atual. Ele demonstra a continuidadeininterrupta de nosso ciclo semanal desde o comeo da linguagemfalada, seno do prprio tempo. Uma meia hora de estudo quededique a este trabalho bastar para convencer ao leitor de que

    manifesta a mo dirigente de Deus em preservar intacta desde oprincpio at agora, entre as naes, essa simples mas importantediviso do tempo, que a um tempo o monumento e a memria deSua obra criadora.

    Com efeito, nesse trabalho, que tivemos o cuidado deexaminar minuciosamente, somos defrontados com povos de raasdiferentes, de diferentes idades e de origens diversas povos

    muitos dos quais no tiveram entre si o mais ligeiro contato e queno entanto so perfeitamente concordes no que respeita ordemdos dias da semana e posio que nesta ocupa o dia de sbado (ostimo dia), ficando assim exuberantemente comprovado que asemana estabelecida por Deus na criao nunca sofreu alteraoalguma atravs dos tempos e que o sbado do stimo dia econtinuar a ser o legtimo dia stimo, o dia correspondente ao

    stimo dia da criao, o dia de descanso de Deus. curioso notar, entretanto, como no decorrer do tempo mais

    de uma vez tentativas foram feitas no sentido de introduzir novasdivises do tempo em substituio da semana de sete dias e atmesmo uma modificao da ordem primitiva dos dias queconstituem a semana.

    No nos referimos aqui alterao que os dias da semana

    experimentaram em suas designaes em conseqncia daastrolatria, alterao que, embora adaptada e consagrada em muitospovos, absolutamente no influiu para uma alterao da sua ordemlegtima, servindo, ao contrrio, ainda hoje, de atestar que estacontinua absolutamente a mesma.

    Os babilnios, que foram sem dvida os primeiros aintroduzir essa nova designao dos dias da semana, conservaramao lado do nome planetrio de Saturno (24), dado ao stimo dia, oseu nome legtimo de sbado, como ficou demonstrado pelasrecentes descobertas ali feitas; os vestgios do sbado, porm,remontam at aos sumerianos, os fundadores da civilizaobabilnica, em cuja lngua, a mais antiga de que temos notcia, osbado interpretado como um dia de descanso para a alma (25).

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    Neste calendrio os dias da semana so representados porfiguras dos sete deuses planetrios. O primeiro o dia de Saturno,correspondente ao stimo dia da semana bblica. Os doze signos dozodaco em princpio apontam para os doze meses do ano. As duas

    colunas de algarismos romanos indicam os dias do ms, o ltimoalgarismo devendo ser repetido no ms que tivesse trinta e um dias.Nos orifcios (marcados por pontos cheios na figura) eraminseridas pequenas hastes removveis para marcar o ms e os diasda semana e do ms.

    Saturno Sol Lua Marte Mercrio Jpiter Vnus

    Figura 6Calendrio encontrado nos Banhos de Tito, em Roma.(f)

    Queremos referir-nos antes de tudo s divises do tempo queforam introduzidas e estiveram em voga na Grcia e em Roma,sendo em Roma as nundinae(26), espcie de semana de nove dias, ena Grcia a diviso do ms em trs perodos de dez dias,respectivamente. No sabemos se essas instituies eram

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    destinadas a substituir a semana de sete dias; o que certo, porm, que a sua durao foi limitada, no logrando nunca foros deuniversais, e ainda menos influir sobre a ordem primitiva dos diasda semana, que tiveram entre esses povos as mesmas designaes

    que entre os babilnios.Outra tentativa, mas de evidente m f, foi a da Revoluo

    Francesa, que, insurgindo-se contra toda a espcie de religio,estabeleceu uma semana de dez dias em substituio de sete,instituio que, sobre as precedentes teve apenas a vantagem deuma extenso mais limitada e de uma existncia ainda maisefmera (27).

    Coisa mais curiosa nos oferece a China. Os chinesesmaometanos adotaram para os dias da semana as designaessemticas de primeiro do sbado (domingo), segundo dosbado (segunda-feira), etc, ao passo que os catlicos, semalterarem a ordem dos dias, designam estes a comear pelodomingo ou primeiro dia da semana: dia de olhar para cima e derender culto (domingo), dia de culto dois (segunda-feira), dia

    de culto trs (tera-feira) e ao sbado dia de culto sete,conservando, portanto, a sua numerao exata. No assim osprotestantes, que vieram mais tarde e que, alterando essanumerao, designaram o domingo dia de culto ou de adoraorespeitosa, a segunda-feira dia de culto um, a tera-feira dia deculto dois, e o sbado, dia de culto seis, figurando a o sbadocomo sexto dia, em vez de stimo, que no clculo deles passou a

    ser o domingo (28).Contudo, nem mesmo essa inovao conseguiu estender-se

    alm da igreja, muito menos influir de modo geral e decisivo sobrea ordem legtima dos dias, pois os chineses, que tambm adotaramo sistema babilnico de designar os dias, conservam por ele aordem inalterada observada por todos os demais povos, possuindo,alm disso, um sistema particular de diviso de tempo, que consiste

    num perodo de 28 dias, de sucesso absolutamente regular, o qualse divide em quatro perodos de sete dias, a que eles denominamos sete reguladores, e que correspondem nossa semana. Comreferncia a ele diz Sir Mead Jones: Esse sistema de clculo dasemana antiqssimo e representa um qudruplo testemunho daordem inalterada da srie de sete dias to conhecida na

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    antigidade quanto nos tempos modernos. Esse sistema tem sidouma salvaguarda contra o extravio de um dia, ou substituio deum dia pelo outro. (29)Cada dia tem seu lugar marcado por quatronomes planetrios, tornando impossvel qualquer confuso.

    De resto, perfeitamente sabido que os chineses em temposremotos conheceram e observaram o stimo dia em carter desbado ou descanso (30).

    Concluiremos este captulo transcrevendo, a propsito, oseguinte testemunho do eminente Rabino Isaac M. Wise:

    Noh poca na histria que no esteja compreendida na

    tradio dos judeus. Poder-se-ia to bem afirmar que o domingono o primeiro dia da semana ou o terceiro dia depois dacrucificao, como afirmar que os judeus olvidaram a ordem dosdias, sendo o sbado to sagrado para eles. Qualquer quesustentar que houve extravio de um dia deve poder provar em quelugar e a que tempo os judeus cometeram um lapso no clculo dosdias.

    Os judeus no tm nomes para os dias da semana,designando-os simplesmente primeiro, segundo, terceiro, etc, dosbado (31).Admitido pois que em qualquer parte para onde foramdispersos oitocentos anos antes de Cristo alguns deles houvessemerrado no clculo dos dias, outros haveria, em outros lugares, queno teriam cometido o mesmo erro, devendo da naturalmente ter-se originado entre eles uma disputa quanto ao legtimo dia aobservar. A histria nada absolutamente diz a esse respeito.

    O Sindrio de Jerusalm publica regularmente todos osanos o calendrio judaico para os judeus em todo o mundo. Emque tempo teria ele pois se enganado a respeito do sbado?Aqueles que pretendem que houve extravio de um dia sustentamum absurdo (32).

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    CAPTULO III

    POR QUEM, POR CAUSA DE QUEME PARA QUE O SBADO FOI FEITO

    Comecemos pelo segundo ponto: Por causa de quem osbado foi feito? Esta questo no ser difcil responder em razode j se achar ela parcialmente respondida. Apenas desejamosacrescentar aqui o que disse Cristo em Marcos 2:27: O sbado foifeito por causa do homem e no o homem por causa do sbado.

    Homem aqui o termo genrico e compreende todo o gnerohumano, de que Ado foi o primeiro representante. Que adeclarao de Cristo, porm, referente ao sbado, aludediretamente a Ado como o representante do gnero humano e oprimeiro por causa de quem o sbado foi feito, ressalta dosprprios termos dessa declarao. O sbado foi feito e tambm ohomem foi feito; o primeiro por causa do segundo e no o segundopor causa do primeiro. Quando o sbado foi feito, j o homemestava feito, no sendo possvel que este fosse feito por causa dosbado que ainda no existia. Depois de feito o homem, Deus fez osbado em ateno a este.

    Para Que o Sbado No Foi Feito

    Prevalece entre muitos a idia de que o principal benefcio

    que Deus destinou ao homem na instituio do sbado o descansofsico. Tem-se tentado mesmo demonstrar que o homem acusa anecessidade natural de um descanso peridico e que o que melhorlhe corresponde o descanso semanal que Deus estabeleceu de seteem sete dias.

    No h negar que uma das necessidades mais imperiosas quepara o homem se originaram com o pecado o descanso material,

    necessidade que alis no existiu ao ser institudo o sbado. No ,todavia, de supor que Deus no houvesse previsto e generosamenteprovido tambm a essa necessidade. Querer porm descobrir talprovidncia na instituio do sbado seria desconhecer porcompleto a natureza e o carter dessa instituio. Para o demonstrar

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    basta proceder a uma ligeira anlise do preceito que ordena a suaobservncia. Este reza como segue:

    Lembra-te do dia do sbado para o santificar (1). Para quedevo eu lembrar-me do dia de sbado? Para o santificar.Como devo eu fazer isto? Que quer dizer santificar o dia desbado? A vem explicado:

    Seis dias trabalhars e fars toda a tua obra, mas o stimodia sbado do Senhor teu Deus; no fars (nele) nenhuma obra,nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tuaserva, nem a tua besta, nem o teu estrangeiro que est dentro dastuas portas (2).

    A definio do termo santificar j foi dada pginas atrs (3).Os termos em que est concebido o preceito simplesmente aconfirmam. Santificar separar do uso comum para um fimreligioso; diferenciar do comum o que sagrado. O primeiro foi oque Deus fez em relao ao stimo dia; o segundo o que aohomem cumpre fazer. De que modo? No empregando esse dia emtrabalhos seculares, para os quais Deus lhe conferiu os seisprimeiros dias da semana, mas diferenciando entre esse dia e osseis dias restantes pela renncia, nesse dia, de seus empregosordinrios.

    Ora, aquilo que unicamente poderia corresponder idia dodescanso material, como um dos principais benefcioscompreendidos na instituio do sbado, isto , a absteno dotrabalho secular, no aqui seno o meio inculcado para asantificao ou diferenciao desse dia dos demais dias da semana,e no o fim ou o motivo porque esse dia deve ser santificado.Assim sendo, claro que o descanso fsico no absolutamente umfim visado pela instituio do sbado. O fim ou o motivo porque odia de sbado deve ser santificado pela absteno de toda a obrasecular, absteno que, para ser completa, deve estender-se numafamlia tambm aos servos, aos animais domsticos e at aoshspedes da casa, vem explicado na ltima parte do preceito:

    Porqueem seis dias fez o Senhor os cus, e a terra, e o mar,e tudo que neles h, e ao stimo dia descansou: portantoabenoouo Senhor o dia do sbado e o santificou (4).

    Da ressalta claramente que o grande e importante fim dosbado recordar a obra da criao e conservar viva no homem a

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    nesse dia de suas ocupaes habituais, que consistiam, segundo oGnesis, em lavrar e zelar o jardim (7), para devot-lo contemplao das maravilhas de Deus e ao culto do seu Criador.

    O Sbado Como Memria da Criao

    L-se no livro de Salmos, captulo 111, versculo 4, que Deusinstituiu uma memria (8) de Suas maravilhas. Almeida traduz:Fez com que as Suas maravilhas fossem lembradas. Comovimos, pelo preceito citado, o sbado a instituio destinada arecordar as maravilhas da criao de Deus, devendo lembrar ao

    homem que o Senhor em seis dias fez os cus, e a terra, e tudo queneles h; sendo esse o motivo alegado porque o homem devesantificar o dia de sbado. O grande fim, porm, visado por essaconstante recordao e comemorao das maravilhas de Deusmediante a observncia do repouso de Deus, era conservar nohomem o conhecimento do Deus vivo, porque, como diz oapstolo, as Suas coisas invisveis tanto o Seu eterno poder,como a Sua divindade,se entendem e claramente se vem, pelascoisas que esto cr iadas (9).

    Nessa epstola o grande apstolo d a entender que osgentios, que se abandonam idolatria, so inexcusveis por essalamentvel aberrao do seu culto, porque o que de Deus se podeconhecer, isto , o Seu poder e Sua divindade, est manifesto nasobras da criao. O Seu Ser invisvel (que propriamente o queexprime a forma neutra em grego ta aorata autou) (10) podeperfeitamente ser percebido nessas obras mediante a aplicao doentendimento que Deus conferiu ao homem, de sorte que umaignorncia, por parte deste, do Deus invisvel, absolutamente nose justifica. Ora, Deus, instituindo o sbado em memria dessasSuas maravilhas, instituiu com ele uma memria do Seu Serinvisvel, que essas maravilhas proclamam. A observncia dessamemria por parte do homem devia pois preservar nele oconhecimento do Deus invisvel e guard-lo assim da apostasia econsequente runa moral e espiritual.

    Da conclui-se naturalmente que, se o homem houvessesempre fielmente observado o sbado, mesmo depois de havercado em pecado, nunca teria podido perder a noo do Deusverdadeiro, o Criador dos cus e da terra, e afundar-se na idolatria,

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    a ponto de honrar e servir mais a criatura do que o Criador, como otestifica o j citado apstolo na sua epstola aos Romanos: Portanto, tendo conhecido a Deus (pelas obras da criao) no oglorificaram como Deus, nem lhe deram graas, antes em seus

    discursos se desvaneceram, e o seu corao insensato seobscureceu, e mudaram a glria do Deus incorruptvel emsemelhana de imagem de homem corruptvel, e de aves, e dequadrpedes, e de rpteis e mudaram a verdade em mentira, ehonraram e serviram mais a criatura do que o Criador (11).

    Para que ficassem reduzidos a um tal estado de depravaoera sem dvida necessrio que mudassem primeiro a verdade em

    mentira, como diz o apstolo, e, sobretudo, que negligenciassem outripudiassem sobre o sbado de Jeov. Foi efetivamente o quesucedeu. Uma das feies mais proeminentes das religies pags, epara assim dizer, comum a todas elas foi, como sabido, o culto doSol, ao qual, em oposio ao sbado do stimo dia, que, segundo oatesta o testemunho das lnguas, foi universalmente conhecido, osgentios devotaram o primeiro dia da semana que passou histria

    com o nome de dies solis (Dia do Sol)(12)

    , nome com que foitambm introduzido na igreja crist como dia de festividadereligiosa, para ser posteriormente convertido em dia do Senhor.

    A igreja, j em franca apostasia no segundo sculo da eracrist, foi gradativamente renunciando ao sbado do stimo diapelo dies solisdos pagos, chamando-o dia do Senhora pretextode comemorar a ressurreio de Cristo, e mudando assim a verdade

    de Deus em mentira. Em conseqncia, introduziu-se nela aidolatria, e mudou-se, em repetio da histria, a glria de Deusincorruptvel em semelhana de imagem de homem corruptvel,honrando-se e servindo-se mais a criatura do que o Criador (13).

    Reconhece-se, pelo exposto, o grande princpio moral sobre oqual assenta a instituio do sbado. O sbado devia constituir umaeficaz salvaguarda contra os erros da idolatria e da apostasia em

    geral. Fosse ele sempre fielmente observado, bnos incalculveisteriam da resultado para a humanidade.

    O SbadoO Sinal do Deus Vivo

    O sinal ou a caracterstica pela qual Deus distinguido dosdeuses imaginrios ou falsos o profeta pe bem claro nestas

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    palavras: Os deuses que no fizeram os cus e a terra,perecero da terra e debaixo deste cu. Ele Aquele que fez aterra com o Seu poder, que estabeleceu o mundo com a Suasabedoria, e com a Sua inteligncia estendeu os cus (14). assim

    que os escritores sagrados, sempre que se trata de identificar ouindividualizar a pessoa de Deus vivo, invariavelmente se referemao fato de ser Ele o Criador dos cus e da terra, servindo-se deexpresses tais como estas: O Senhor que fez o cu e a terra, oSenhor que estendeu os cus e fundou a terra, Deus vivo, que fezo cu e a terra, e tudo quanto neles h, etc. (15)

    Ora, sendo o sbado aquela instituio de Deus, que tem por

    fim, conforme reza o preceito, lembrar o fato que Deus em seisdias fez os cus e a terra, e o mar e tudo que neles h, portantorecordar justamente aquele fato que, como vimos, caracteriza oDeus verdadeiro, e tendo Deus reputado indispensvel talinstituio para benefcio do homem, para que este se noesquecesse do seu Criador e guardasse o conhecimento dAquele aquem tudo deve, adorando e servindo somente a Ele, intuitivo

    que o sbado constitui num sentido especial o sinal dereconhecimento do Deus vivo, o meio de ser Ele constantementelembrado e reconhecido da parte do homem. Que isto assim e quetal concluso no assenta em simples conjectura, vemos dasprprias palavras de Deus dirigidas ao seu povo:

    Santificai os Meus sbados, e serviro de sinal entre Mim eentre vs, para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus (16).

    Estas palavras so a afirmao direta e positiva do que vimosde demonstrar. O sbado o sinal que Deus estabeleceu emreconhecimento dEle, por parte de Seu povo, como o seu nicoDeus legtimo. Mas no s isto: a frase entre Mim e entre vs,revela que ele constitui um sinal recproco no s um sinal deDeus para Seu povo em reconhecimento dEle como seu Senhor,como tambm um sinal do povo para com o seu Deus em

    testemunho pblico de que s reconhece e adora Aquele que fezos cus, e a terra, e o mar, e tudo que neles h (17), testemunhoque, em sua expresso mais simples, se reduz a observar o dia queDeus instituiu em memria de Suas maravilhas (18), as quais, nodizer do apstolo, apregoam o Seu Ser invisvel, testemunhandotanto Seu eterno poder como a Sua divindade (19).

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    Quem Foi Propriamente o Autor do Sbado

    O apstolo Joo, em seu evangelho, tratando de Cristo como

    o Verbo de Deus, afirma que todas as coisas foram feitas porEle, e que, sem Ele, nada do que foi feito se fez (20). No versculo14 do mesmo captulo ele declara que esse Verbo o FilhoUnignito de Deus. Seu testemunho corroborado pelo escritor daepstola aos Hebreus, que diz no captulo 1, versculo 2, que Deusfez o mundo por meio do Filho, o qual, na expresso de um outroautor inspirado a imagem do Deus invisvel, o primognito detoda a criatura,pelo qual foram criadas todas as coisas, que hnos cus e na terra, visveis e invisveis, terminando o mesmoautor por declarar positivamente que todas as coisas foramcriadas por Ele e para Ele (21).

    Estes poucos testemunhos so suficientes para deixar fora dedvida que Cristo foi o agente efetivo na obra da Criao, aquelepor meio de quem Deus fez todas as coisas. Conforme Cristomesmo declara, Ele e o Pai so um, tendo uma s vontade e um sintento (22). O Filho nada pode fazer de Si mesmo, seno o que viro Pai fazer; porque tudo o que Ele fizer, o faz tambm,semelhantemente o Filho (23). O Pai e o Filho operaram pois emunssono, de comum acordo, como tambm se colige destapassagem relativamente formao do homem, em que o verboocorre no plural: Faamos o homem nossa imagem, conforme anossa semelhana (24).

    Mas se Cristo foi o agente efetivo do Pai na criao domundoAquele sem o qual, nada do que foi feito se fez(25)segue-se que foi Ele quem propriamente descansou no stimo dia, equem, depois de haver repousado no stimo dia de Sua obracriadora, abenoou e santificou o stimo dia: numa palavra quefoi Ele quem fez e instituiu o sbado. E se, como diz o apstoloulteriormente citado, todas as coisas foram feitas no s por Ele,como tambm para Ele, conclui-se que Cristo no s o autor,mas tambm o Senhor do sbado. o que teramos de aceitarmesmo admitindo que Cristo houvesse agido como um meroinstrumento, porque Ele mesmo declara: Tudo o que o Pai tem Meu (26).

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    entretanto impossvel fugir ao peso desta lgica: tudo o quefoi feito, seja no cu ou na terra, foi feito por Cristo epara Cristo.Cristo logo o Autor e legtimo Senhor de todas as coisas. Tudoque o Pai tem Meu (27). Assim pois quando o Senhor diz:

    Guardareis os Meussbados (28), o pronome possessivo Meusserefere insofismavelmente a Cristo como Aquele por quem e paraquem todas as coisas foram feitas, e, portanto, tambm o sbado. Osbado do stimo dia , pois, sem tirar nem pr, o legtimo dia derepouso de nosso Senhor Jesus Cristo, o dia que, pelo ato dasantificao, reservou para Si, constituindo-o Sua propriedade, demodo a cham-lo ainda muito tempo depois pela boca dos profetas,

    em quem, como afirma o apstolo, o Seu Esprito estava, Meusanto dia (29).

    Esse direito de propriedade sobre o sbado Cristo reivindicaainda no Seu novo carter de Filho do homem. Respondendo sargies maldosas que Lhe eram feitas por parte dos fariseus apropsito de sua observncia, Cristo lhes respondeconclusivamente: Assim que o Filho do homem Senhor at do

    sbado(30)

    . Com esta declarao enftica revela que Suaspretenses a respeito do sbado continuam as mesmas. Como seuAutor Ele tambm seu Senhor, e este naturalmente o Seu dia derepouso ou, se quiserem, o dia do Senhor.

    Cristo efetuou a obra da criao na qualidade de Verbo (ouLogos) de Deus (Logos ton Theon em grego). Em Apocalipse19:13 essa expresso foi traduzida Palavra de Deus (31). Devemos

    no entanto no confundir esse Logos com uma simples palavracomo expresso de uma idia. Logos, segundo a definio de Filo(32), no s compreende a palavra como expresso do pensamento(ho prophorikos logos), mas ainda a prpria concepo mental, aidia que ele simboliza (ho endiathetos logos) (33). Por outraspalavras, Cristo representa Ele prprio o pensamento de Deus, ecomo tal o traduz, d-lhe forma e o executa. Ele a Sabedoria

    eterna, o pensamento vivo de Deus, dEle promanado e feitoSabedoria tambm para os que crem em Deus.

    sob esse aspecto da eterna Sabedoria de Deus que o Logosde Deus, o expoente e executor do pensamento de Deus, da mentede Deus, representado no captulo 8 de Provrbios versculos 22 a31: O Senhor Me possuiu no princpio dos Seus caminhos, e

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    antes de Suas obras. Desde a eternidade fui institudo (nasaq,Nifal) (34), desde o princpio, antes do comeo da terra aindano tinha feito a terra, nem os campos, nem o princpio dos maismidos do mundo. Quando preparava os cus, a estava Eu;

    quando compassava ao redor a face do abismo (Gnesis 1:2) (35),quando afirmava as nuvens de cima (Gnesis 1:7) (36), quandofortificava as fontes do abismo (Apocalipse 14:7) (37), quandopunha ao mar o seu termo (Gnesis 1:9 e 10) (38),para que asguas no transpassassem o Seu mando; quando compunha osfundamentos da terra, ento fui Eu ao lado dEle um artista (emhebraico amono que perito numa arte) (39)e dia a dia senti-

    Me transportado em xtase, folgando no seu orbe, e achando asMinhas delcias com os filhos dos homens (40).

    Transparece dessa passagem a legtima relao em que com oSupremo Arquiteto do universo est o Logosou o Verbo de Deus. ela de algum modo comparvel que existe entre um arquiteto,que concebe o plano de uma obra, e o artista incumbido de suaexecuo, que apanha a idia, o pensamento daquele, e a traduz por

    obra, a concretiza, convertendo-a num fato real Apenas vai dessesmile ao objeto comparado uma enorme distncia por isso queCristo, como o Logosde Deus, no somente o artista no sentidorestrito que ns compreendemos este, isto , como simplesexecutor inteligente do pensamento do arquiteto, mas a prpriaSabedoria de Deus, intimamente identificado com o pensamento deDeus, de modo a consubstanciar esse pensamento, e poder assim na

    verdade ser considerado o Logos de Deus a palavra viva, opensamento de Deus vivo, a virtude e a sabedoria de Deus,qualidade que o habilita a agir como rnediatrio do Deus invisvel eincompreensvel para ns, no s em relao s suas obras, comoainda em todas e quaisquer relaes com o Seu grande Universo. na qualidade desseLogosde Deus que Lhe d