o regime geral da previdência social (rgps) · a evolução do percentual da população ocupada...
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RS
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ECONOMIA
SINDICATO DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS CONTÁBEIS DO RS
Convênio FACE/PUCRS e SESCON-RS
Relatório 18
O Regime Geral da Previdência Social (RGPS)
Gustavo Inácio de Moraes
Milton Andre Stella
Pedro Tonon Zuanazzi
Pedro Henrique Cabral
Setembro de 2015
2
Introdução
Atualmente, o sistema previdenciário brasileiro conta com três categorias: Regime Geral de
Previdência Social, Regimes Próprios de Previdência Social e a Previdência Complementar. Além disso, há a
assistência social, muitas vezes tratada como previdência mas que, oficialmente, não possui característica
previdenciária uma vez que não há contribuições.
O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) possui caráter contributivo e de filiação obrigatória,
incluindo todos os indivíduos que contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): Dentre os
contribuintes, encontram-se os empregadores, empregados assalariados, domésticos, autônomos, contribuintes
individuais e trabalhadores rurais.
O RGPS tem suas políticas elaboradas pelo Ministério da Previdência Social (MPS) e executadas pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal a ele vinculada. Seu funcionamento é em regime
de repartição simples, onde os trabalhadores em atividade financiam os inativos na expectativa de que, no
futuro, outra geração de trabalhadores sustentará a sua inatividade.
Todo trabalhador com carteira assinada é automaticamente filiado à Previdência Social. Quem trabalha
por conta própria precisa se inscrever e contribuir mensalmente para ter acesso aos benefícios previdenciários,
assim como pessoas sem renda própria, como donas de casa e estudantes.
Os principais benefícios do RGPS são: Aposentadoria por idade, Aposentadoria por invalidez,
Aposentadoria por tempo de contribuição, Aposentadoria especial, Auxílio-doença, Auxílio acidente, Auxílio
reclusão, Pensão por morte, Salário-maternidade, Salário-família e Assistência Social. O seguro-desemprego
não faz parte dessa lista, uma vez que está vinculado ao Ministério do Trabalho e do Emprego que disponibiliza
o seguro com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Da lista acima, destaca-se os quatro tipos de aposentadoria. A aposentadoria por idade, por exemplo,
é concedida aos homens com 65 anos de idade e às mulheres com 60 anos, sendo atualmente necessárias 180
contribuições. Já entre os trabalhadores rurais, os homens se aposentam por idade aos 60 anos e as mulheres,
aos 55 (sem a necessidade de contribuições).
No caso da aposentadoria por tempo de contribuição, são necessários 35 anos de contribuição para o
trabalhador do sexo masculino e 30 anos para as mulheres. Algumas categorias, como a dos professores, têm
um tempo de contribuição diferenciado (30 anos para os homens e 25 para as mulheres).
A aposentadoria por invalidez é concedida quando a perícia médica do INSS considera a pessoa
totalmente incapaz para o trabalho, seja por motivo de doença ou acidente. Existe ainda a aposentadoria
especial, destinada aos trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde, sejam físicos, químicos ou
biológicos.
A Demografia importa
Uma vez que o RGPS abrange a maior parte da população e funciona como um Regime de repartição
simples, questões demográficas como a taxa de crescimento da população e o seu envelhecimento influenciam
diretamente no Regime. A Tabela 1 apresenta a média anual de crescimento populacional para o Brasil por
década, estimada e projetada, para o período 1960-2060. Como é possível verificar, as taxas de crescimento
populacional estão se reduzindo e deverão se tornar negativas a partir da década de 1940.
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Tabela 1 - Taxa de crescimento populacional - Média anual por década 1960-2060
1960-1970 2,9% 1970-1980 2,5% 1980-1990 1,8% 1990-2000 1,6% 2000-2010 1,2% 2010-2020 1,1% 2020-2030 0,5% 2030-2040 0,2% 2040-2050 -0,1% 2050-2060 -0,4%
Fonte: IBGE - Projeção Populacional - Revisão 2013
Não obstante, a estrutura etária do país vem sofrendo um processo de transformação. Com a redução
da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida, o contingente de idosos na população vem
aumentando significativamente, enquanto que a população jovem vem diminuindo (Gráfico 1).
Gráfico 1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
11000000 6000000 1000000 4000000 9000000
Pirâmide etária do Brasil, 2000, 2015 e 2030
2000 2015 2030
Homens Mulheres
Fonte dos dados brutos: Projeções Populacionais IBGE - Revisão 2013.
Idade
80 +
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
75-79
70-74
0-4
O aumento da expectativa de vida tem contribuído fortemente para o crescimento da proporção de
idosos. A Tabela 2 apresenta a evolução da expectativa de sobrevida no país entre 2002 e 2012, sendo
possível notar um aumento considerável. Enquanto que uma mulher com 55 anos vivia, em média, mais 25,9
anos em 2002, em 2012 ela vivia em média mais 27,4 anos, o que representa 1,5 anos de aumento de
sobrevida no período.
Tabela 2 - Expectativa de Sobrevida por idade, 2002 e 2012
Idade 2002 2012
Homem Mulher Homem Mulher
50 26,1 30,0 27,3 31,7 55 22,4 25,9 23,4 27,4 60 19,0 21,9 19,8 23,3 65 15,8 18,3 16,3 19,4 70 13,0 15,0 13,2 15,7
Fonte: IBGE (Tábuas de Mortalidade)
4
Esse contexto demográfico acaba por impactar na quantidade de benefícios emitidos para o RGPS
(estoque). O Gráfico 2 apresenta a quantidade de benefícios emitidos pela previdência social entre 2004 e 2014.
Nesse período, o número de beneficiários aumentou de 20,5 milhões para 27,8 milhões (um crescimento de
36%).
Gráfico 2 - Evolução da Quantidade de Benefícios Emitidos de aposentadorias pelo RGPS, Em milhões - 2004 a 2014 (dezembro)
13,6 14,0 14,3 14,6 15,0 15,5 16,2 16,7 17,3 18,1 18,7
6,9 7,1
7,3 7,5 7,7
8,0 8,2
8,5 8,7
9,0 9,2
2,6 2,8 2,9 3,1 3,3 3,5 3,7 3,9 4,0 4,2 4,3
,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
22,00
24,00
26,00
28,00
30,00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Urbano Rural Assistencial
25,2
20,521,2
21,6
27,0
22,122,8
23,524,4
27,8
26,0
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
Concomitantemente, houve um crescimento de 15,4% do salário médio real dos aposentados entre
2007 e 2014 (Gráfico 3), passando de R$ 927,40 para R$ 1.069,92 (corrigido pelo INPC a preços de Dezembro
de 2014). De fato, 69,1% dos beneficiários do RGPS ganhavam, em 2014, até 1 salário mínimo, e apena 2,9%
ganhavam mais de 4 salários (Gráfico 4).
Gráfico 3 - Valor Médio Real dos Benefícios Pagos pelo RGPS (2007 a 2014) – Média de Janeiro a Dezembro de cada ano – Em R$ de Dez/2014 (INPC)
927,40
931,56
976,85
1.010,86
1.009,68
1.048,23
1.064,12 1.069,92
900,00
950,00
1.000,00
1.050,00
1.100,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
R$
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
Nota: Inclui apenas os benefícios previdenciários e acidentários
5
Gráfico 4 - Distribuição de Benefícios Emitidos, segundo faixas de Valores Em Pisos Previdenciários (Posição em Dezembro/2014)
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000
< 1
= 1
1 -| 2
2 -| 3
3 -| 4
4 -| 5
5 -| 6
6 -| 7
7 -| 8
mais de 8
Milhares de benefícios
Va
lore
s, em
Salá
rio
s M
ínim
os
< 1 = 1 1 -| 2 2 -| 3 3 -| 4 4 -| 5 5 -| 6 6 -| 7 7 -| 8 mais de 8
Urbanos 676,7 8.111,9 4.778,6 2.518,1 1.643,2 746,2 178,4 13,1 2,6 5,4
Rurais 71,2 9.038,8 48,3 6,8 1,9 0,6 0,1 0,0 0,0 -
Assistenciais 8,2 4.302,2 0,0 - - - - - - -
37,81% 42,13% 20,05%
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
Nota: Valores menores que 1 SM são relacionados a pessoas que contribuiram com carga horária reduzida)
Uma análise das receitas e das despesas do RGPS
Apesar do envelhecimento populacional e do aumento do número de benefícios, até 2014 o RGPS
Urbano vem sendo superavitário, sendo que de 2010 a 2012 as receitas cresceram mais do que as despesas
(Gráfico 5 - valores corrigidos pelo INPC). Em 2014, com uma despesa de R$ 312,7 bilhões e uma receita de
R$ 338,6 bilhões, o RGPS obteve um superávit de R$ 25,9 bilhões.
Gráfico 5 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado Previdenciário – RGPS URBANO
Acumulado de Janeiro a Dezembro (2010 a 2014) – Em R$ Bilhões de Dez/14 (INPC)
268,5
292,6
311,5
326,6
338,6
258,0267,9
283,4
300,4
312,7
10,5
24,8 28,1 26,2 25,9
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
2010 2011 2012 2013 2014
Arrecadação Líquida Urbana Benefícios Previdenciários Urbano Resultado Previdenciário Urbano (Superávit)
4,8%
3,8%
5,8%
6,0%
9,0%
6,4%
135,1%13,4% (6,9%)
3,7%
4,1%
(1,0%)
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
6
Se compararmos as receitas e despesas em relação ao PIB, podemos verificar que em 2014 as
despesas do RGPS urbano representaram 5,9% do PIB, enquanto que as receitas foram equivalentes a 6,4%, o
que gerou um superávit de 0,5% do PIB.
Gráfico 6 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado Previdenciário em relação ao PIB (Em %) – RGPS URBANO
5,5
5,8
6,1 6,26,4
5,3 5,3
5,65,7
5,9
0,2
0,5 0,6 0,5 0,5
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
2010 2011 2012 2013 2014
Arrecadação Líquida Urbana / PIB Benefícios Previdenciários Urbano / PIB Resultado Previdenciário Urbano (Superávit) / PIB
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
Entretanto, salienta-se que o Brasil está encerrando, atualmente, um período de quase pleno emprego,
tendo havido um elevado aumento da população com carteira assinada nos últimos anos. O Gráfico 7 apresenta
a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e
2013). Como é possível verificar, o aumento significativo desde 2004 tem contribuído para o aumento da
arrecadação do RGPS. Em contrapartida, em 2015 temos observado um aumento do desemprego, o que nos
indica que o superávit da previdência urbana deverá diminuir em breve.
Gráfico 7 - Evolução da Proteção Previdenciária da População Ocupada (16 a 59 anos) – 1992 a 2013
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (Elaborado com base nas PNADs)
7
Aliado a isso, se analisarmos a situação da previdência rural encontramos um cenário bem distinto.
Uma vez que não são exigidas contribuições dos trabalhadores do meio rural, a arrecadação da previdência
social é mínima, originando um déficit bastante elevado. Em 2014 a necessidade de financiamento foi de R$ 84
bilhões de reais (Gráfico 8), o que representou 1,6% do PIB (Gráfico 9). No entanto, muitos autores defendem
que a Previdência Rural deveria ser contabilizada como assistência social, pois por não ser necessárias
contribuições, não teria características de previdência.
Gráfico 8 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado Previdenciário – RGPS RURAL
Acumulado de Janeiro a Dezembro (2010 a 2014) – Em R$ Bilhões de Dez/14 (INPC)
6,2 6,5 6,7 6,7 6,8
72,874,8
82,2
87,3
90,8
66,668,3
75,5
80,6
84,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
2010 2011 2012 2013 2014
Arrecadação Líquida Rural Benefícios Previdenciários Rural Necessidade de Financiamento Rural
6,2%
4,2%2,7%
9,8%
0,4% 2,2%4,4% 2,1%
6,7%
4,0%
2,6%
10,6%
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
Gráfico 9 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado Previdenciário em relação ao PIB
(Em %) – RGPS RURAL
0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
1,5 1,5
1,61,7
1,7
1,4 1,4
1,51,5
1,6
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2010 2011 2012 2013 2014
Arrecadação Líquida Rural / PIB Benefícios Previdenciários Rural / PIB Necessidade de Financiamento Rural / PIB
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
8
Dessa forma, quando somamos os resultados urbano e rural, temos que o RGPS apresentou em 2014
uma despesa de R$ 403,5 bilhões (7,6% do PIB) e uma receita de R$ 345,4 bilhões (6,5% do PIB), o que
impactou em uma necessidade de financiamento de R$ 58,1 bilhões, ou seja, 1,1% do PIB (Gráficos 10 e 11).
Gráfico 10 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Necessidade de Financiamento
Acumulado de Janeiro a Dezembro (2010 a 2014) – RGPS – Em R$ Bilhões de Dez/14 (INPC)
274,8
299,2
318,2
333,3345,4
330,8342,7
365,6
387,7
403,5
56,043,5 47,4
54,5 58,1
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
400,0
450,0
2010 2011 2012 2013 2014
Arrecadação Líquida Benefícios Previdenciários Necessidade de Financiamento
6,1%
4,1%
3,6%
6,7%
4,8%3,6%
8,9%
6,4%
6,7%(22,3%) 9,0% 14,8%
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
Gráfico 11 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Necessidade de Financiamento – RGPS – em relação ao PIB (Em %)
5,6
5,9
6,3 6,36,5
6,8 6,8
7,27,4
7,6
1,1
0,9 0,91,0 1,1
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
2010 2011 2012 2013 2014
Arrecadação Líquida / PIB Benefícios Previdenciários / PIB Necessidade de Financiamento / PIB
Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)
Projeções para o RGPS
Para projetar os parâmetros do RGPS é preciso realizar um amplo conjunto de suposições, desde as
tendências demográficas até o crescimento econômico, a inflação e o comportamento do mercado de trabalho.
9
Os resultados abaixo, realizados pela Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS) fazem uma análise
conservadora das regras de aposentadoria, considerando que as regras atuais não serão alteradas (que não
haverão postergações de idade, por exemplo).
A Tabela 3 apresenta as suposições adotadas pela SPPS/MPS e pela SPE/MF para a realização das
projeções de longo prazo. Essas hipóteses foram elaboradas em 02/04/2015, tendo o cenário econômico
piorado desde então. Empregou-se, por exemplo, a hipótese de que o PIB apresentaria crescimento real já em
2016, ou seja, de que teríamos uma recuperação rápida da crise atual, o que mais recentemente vem sendo
refutado. Além disso, aplicou-se a taxa de inflação de 3,5% para a partir de 2019 aliado a um aumento de 6,09%
do salário mínimo após esse período, suposições que não necessariamente ocorrerão. Projeções demográficas
de envelhecimento da população estão embutidas nessas hipóteses.
Tabela 3 - Evolução das principais variáveis para projeção de longo prazo - 2014/2060
Exercício Massa Salarial Crescimento Vegetativo
Taxa de Inflação Anual
(INPC Acumulado)
Variação Real do PIB
Reajuste do Salário Mínimo
Reajuste dos Demais
Benefícios
2014 9,94% 4,00% 6,23% 0,15% 6,78% 5,56%
2015 7,46% 3,53% 8,22% -0,92% 8,84% 6,23%
2016 8,53% 3,50% 5,40% 1,30% 8,38% 8,22%
2017 8,69% 3,46% 5,40% 1,90% 5,40% 5,40%
2018 9,77% 3,42% 5,15% 2,40% 6,77% 5,40%
2019 7,53% 3,40% 3,50% 3,89% 6,09% 3,50%
2020 7,49% 3,37% 3,50% 3,86% 6,09% 3,50%
2021 7,32% 3,33% 3,50% 3,69% 6,09% 3,50%
2022 7,33% 3,25% 3,50% 3,70% 6,09% 3,50%
2023 7,24% 3,20% 3,50% 3,61% 6,09% 3,50%
2024 7,70% 3,12% 3,50% 4,06% 6,09% 3,50%
2025 7,12% 3,06% 3,50% 3,49% 6,09% 3,50%
2026 7,06% 2,96% 3,50% 3,44% 6,09% 3,50%
2027 6,82% 2,89% 3,50% 3,21% 6,09% 3,50%
2028 6,75% 2,84% 3,50% 3,14% 6,09% 3,50%
2029 6,57% 2,77% 3,50% 2,97% 6,09% 3,50%
2030 6,43% 2,74% 3,50% 2,83% 6,09% 3,50%
2031 6,39% 2,70% 3,50% 2,80% 6,09% 3,50%
2032 6,19% 2,66% 3,50% 2,60% 6,09% 3,50%
2033 6,15% 2,62% 3,50% 2,56% 6,09% 3,50%
2034 5,95% 2,59% 3,50% 2,37% 6,09% 3,50%
2035 5,90% 2,57% 3,50% 2,32% 6,09% 3,50%
2036 5,81% 2,55% 3,50% 2,23% 6,09% 3,50%
2037 5,71% 2,53% 3,50% 2,14% 6,09% 3,50%
2038 5,61% 2,50% 3,50% 2,04% 6,09% 3,50%
2039 5,59% 2,48% 3,50% 2,01% 6,09% 3,50%
2040 5,62% 2,45% 3,50% 2,05% 6,09% 3,50%
2041 5,54% 2,42% 3,50% 1,97% 6,09% 3,50%
2042 5,45% 2,40% 3,50% 1,89% 6,09% 3,50%
10
2043 5,41% 2,38% 3,50% 1,84% 6,09% 3,50%
2044 5,29% 2,36% 3,50% 1,73% 6,09% 3,50%
2045 5,21% 2,34% 3,50% 1,65% 6,09% 3,50%
2046 5,18% 2,31% 3,50% 1,62% 6,09% 3,50%
2047 5,10% 2,28% 3,50% 1,55% 6,09% 3,50%
2048 5,05% 2,24% 3,50% 1,50% 6,09% 3,50%
2049 5,01% 2,20% 3,50% 1,46% 6,09% 3,50%
2050 5,00% 2,16% 3,50% 1,44% 6,09% 3,50%
2051 4,92% 2,11% 3,50% 1,37% 6,09% 3,50%
2052 4,85% 2,06% 3,50% 1,31% 6,09% 3,50%
2053 4,77% 2,01% 3,50% 1,23% 6,09% 3,50%
2054 4,75% 1,95% 3,50% 1,21% 6,09% 3,50%
2055 4,71% 1,88% 3,50% 1,17% 6,09% 3,50%
2056 4,69% 1,82% 3,50% 1,15% 6,09% 3,50%
2057 4,67% 1,76% 3,50% 1,13% 6,09% 3,50%
2058 4,65% 1,69% 3,50% 1,11% 6,09% 3,50%
2059 4,61% 1,61% 3,50% 1,08% 6,09% 3,50%
2060 4,61% 1,54% 3,50% 1,07% 6,09% 3,50%
Fonte: SPPS/MPS e SPE/MF (Parâmetros elaborados pela SPE/MF em 02/04/2015)
Por fim, a Tabela 4 apresenta os resultados projetados para até 2060. Enquanto que a necessidade de
financiamento em 2014 foi de 1,03% do PIB brasileiro, a projeção é de que em 2060 ela seja de 9,24%, sendo que a
receita representaria 15,91%. Essa aumento projetado para as despesas do RGPS são um forte indício de que
teremos muitas mudanças de regras nas próximas décadas.
Tabela 4 - Evolução da receita, despesa e necessidade de financiamento do RGPS em R$ milhões e como proporção do PIB - 2014/2060
Exercício Receita Receita /
PIB Despesa
Despesa / PIB
Necessidade de Financiamento
Necessidade de
Financiamento / PIB
PIB
2014 337.503 6,11% 394.201 7,14% 56.698 1,03% 5.521.256
2015 365.494 6,26% 432.228 7,40% 66.734 1,14% 5.842.095
2016 400.444 6,32% 481.509 7,60% 81.065 1,28% 6.336.567
2017 438.996 6,42% 525.504 7,68% 86.508 1,26% 6.839.288
2018 488.013 6,67% 575.966 7,87% 87.953 1,20% 7.315.770
2019 524.753 6,67% 623.300 7,92% 98.547 1,25% 7.866.544
2020 564.069 6,67% 674.442 7,98% 110.373 1,31% 8.455.931
2021 605.333 6,67% 729.599 8,04% 124.267 1,37% 9.074.510
2022 649.710 6,67% 788.818 8,10% 139.108 1,43% 9.739.774
2023 696.752 6,67% 852.521 8,16% 155.769 1,49% 10.444.967
2024 750.433 6,67% 920.868 8,19% 170.435 1,52% 11.249.694
2025 803.837 6,67% 994.192 8,25% 190.354 1,58% 12.050.282
2026 860.619 6,67% 1.072.539 8,31% 211.919 1,64% 12.901.497
2027 919.335 6,67% 1.156.412 8,39% 237.076 1,72% 13.781.702
2028 981.408 6,67% 1.246.463 8,47% 265.055 1,80% 14.712.234
2029 1.045.879 6,67% 1.342.809 8,56% 296.930 1,89% 15.678.720
11
2030 1.113.130 6,67% 1.446.424 8,67% 333.294 2,00% 16.686.868
2031 1.184.310 6,67% 1.557.595 8,77% 373.285 2,10% 17.753.924
2032 1.257.652 6,67% 1.676.897 8,89% 419.245 2,22% 18.853.396
2033 1.335.022 6,67% 1.804.932 9,02% 469.910 2,35% 20.013.239
2034 1.414.426 6,67% 1.942.457 9,16% 528.031 2,49% 21.203.585
2035 1.497.865 6,67% 2.090.314 9,31% 592.449 2,64% 22.454.419
2036 1.584.910 6,67% 2.249.321 9,47% 664.411 2,80% 23.759.304
2037 1.675.487 6,67% 2.420.325 9,64% 744.838 2,97% 25.117.137
2038 1.769.430 6,67% 2.604.130 9,82% 834.700 3,15% 26.525.426
2039 1.868.255 6,67% 2.801.646 10,00% 933.391 3,33% 28.006.917
2040 1.973.211 6,67% 3.013.809 10,19% 1.040.598 3,52% 29.580.303
2041 2.082.572 6,67% 3.241.630 10,38% 1.159.058 3,71% 31.219.723
2042 2.196.146 6,67% 3.486.429 10,59% 1.290.284 3,92% 32.922.299
2043 2.314.872 6,67% 3.749.505 10,80% 1.434.633 4,13% 34.702.125
2044 2.437.360 6,67% 4.032.249 11,04% 1.594.889 4,36% 36.538.331
2045 2.564.284 6,67% 4.335.955 11,28% 1.771.671 4,61% 38.441.044
2046 2.697.071 6,67% 4.661.945 11,53% 1.964.873 4,86% 40.431.652
2047 2.834.685 6,67% 5.011.591 11,79% 2.176.906 5,12% 42.494.612
2048 2.977.880 6,67% 5.386.277 12,07% 2.408.397 5,40% 44.641.232
2049 3.127.176 6,67% 5.787.490 12,35% 2.660.313 5,67% 46.879.332
2050 3.283.389 6,67% 6.216.789 12,63% 2.933.401 5,96% 49.221.101
2051 3.445.029 6,67% 6.675.840 12,93% 3.230.811 6,26% 51.644.246
2052 3.612.154 6,67% 7.166.393 13,23% 3.554.238 6,56% 54.149.611
2053 3.784.631 6,67% 7.689.990 13,55% 3.905.359 6,88% 56.735.194
2054 3.964.332 6,67% 8.248.043 13,88% 4.283.711 7,21% 59.429.089
2055 4.150.975 6,67% 8.842.149 14,21% 4.691.174 7,54% 62.227.048
2056 4.345.670 6,67% 9.474.576 14,54% 5.128.906 7,87% 65.145.700
2057 4.548.539 6,67% 10.147.291 14,88% 5.598.753 8,21% 68.186.898
2058 4.760.149 6,67% 10.861.690 15,22% 6.101.541 8,55% 71.359.143
2059 4.979.815 6,67% 11.619.382 15,56% 6.639.568 8,89% 74.652.130
2060 5.209.266 6,67% 12.422.266 15,91% 7.213.000 9,24% 78.091.819
Fonte: SPPS/MPS, SOF/MP e SPE/MF (Parâmetros elaborados pela SPE/MF em 02/04/2015)
Nota: Os valores de 2014 são realizados Nota2: os valores estão em R$ correntes
O Gráfico 12 torna mais clara a análise das projeções apresentadas na Tabela anterior. Enquanto que as
receitas deverão permanecer estáveis mantidas as regras atuais, as despesas deverão crescer fortemente,
elevando o déficit.
12
Gráfico 12 - Receita, despesa e Necessidade de Financiamento em relação ao PIB, projetadas para 2060
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
18,00%
2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 2055 2060
Receita / PIB Despesa / PIB Necessidade de Financiamento / PIB
Fonte: SPPS/MPS, SOF/MP e SPE/MF (Parâmetros elaborados pela SPE/MF em 02/04/2015)
A previdência e o combate à pobreza
É importante destacar que, apesar das projeções de elevado déficit, a previdência é um instrumento
importantíssimo no combate à pobreza. Como pode ser verificado no Gráfico 13, o percentual de pessoas com
menos de ½ salário mínimo domiciliar per capita seria significativamente maior entre os idosos se não houvesse
a previdência (nessa análise estão incluídos o RGPS, os RPPS e a assistência social). No entanto, cabe
destacar que o Gráfico abaixo, elaborado pela SPPS com base na PNAD, simplesmente retira a renda
previdenciária, não levando em consideração o aumento da produtividade econômica que seria gerado com a
redução da carga tributária.
13
Gráfico 13 - Percentual de pessoas com menos de ½ salário mínimo de renda domiciliar per capita no Brasil por idade, considerando e não considerando a renda
previdenciária – 2013
Fonte: PNAD 2013 (Elaborado pela SPPS/MPS)
De fato, entre as pessoas de 60 anos ou mais no Brasil, 86,1% estão protegidas pela proteção
previdenciária (Tabela 5), sendo o RGPS o principal responsável por essa elevada taxa de cobertura dos
idosos. Assim, embora o envelhecimento populacional crie um grande desafio para as contas públicas, seu
impacto nas famílias não é tão elevado devido à alta taxa de cobertura dos idosos.
Tabela 5 - Proteção Previdenciária entre os idosos com 60 anos ou mais, segundo sexo – 2013
Fonte: PNAD 2013 (Elaborado pela SPPS/MPS)
Assim, é importante frisar que o déficit do RGPS possui uma função redistributiva na sociedade,
diminuindo a pobreza e beneficiando a grande maioria dos idosos, sem despender um grande gasto per capita
para isso. Em 2013, por exemplo, a necessidade de financiamento do RGPS média, por beneficiário, foi de R$
1.846. Diferentemente, o RPPS (que não foi abordado no presente relatório) possui um caráter concentrador de
14
renda: em 2013 a União preciso cobrir, em média por beneficiário R$ 64.494, e seu déficit foi apenas um pouco
menor do que o do RGPS para atingir menos de 1 milhão de pessoas.
Tabela 6 - Déficit, Beneficiários e Déficit per capita, do RGPS e do RPPS da União
Fonte: Câmara dos Deputados (http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/Raul_Velloso.pdf)