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O REFUGIADO NO ESPAÇO HISTÓRICO DA CIDADE Ana Flávia Costa Eccard Doutoranda PPGFIL UERJ e PPGD UVA. Email: [email protected] Jordana Aparecida Teza Advogada, mestranda PPGD UVA. Email:[email protected] Resumo: O atual trabalho busca estudar o refugiado inserido nas condições de possibilidade de sobrevivência da cidade a partir de um prisma histórico da construção desse espaço como direito. O direito à cidade é um termo cunhado por Lefebvre que pesquisou as tensões geradas no âmbito da cidade com a finalidade de pensar o acesso à esta. No caso em tela, essas tensões podem ser tornar hostis e atrapalhar a efetivação do direito de proteção do refugiado, nesse sentido buscamos compreender a cidade a partir de seus aspectos históricos. Nobert Elias apresenta-nos outra perspectiva a ser superado por esse grupo, o estigma o que articularemos com o conceito de hospitalidade de Derrida. Entendendo ser este um grupo marginalizado, além das tensões burocráticas existe ainda os impedimentos de ordem social, como a não aceitação pelo grupo nacional que vai imputar características que atrapalham esse acolhimento e podem torna essa experiência cruel. A diferenciação organizada pelo grupo dominante do território, que estão em coesão social, apresenta um afastamento da ideia de ser humano dotado de humanidade, aspecto importantíssimo para se combater a lógica capitalista que só permite a circulado de objetos e não se pessoas. O atual trabalho se constrói a partir de um prisma interdisciplinar que se constitui, em síntese, dos direitos aos agentes que estão na cidade, a construção histórica do território e o desdobramento filosóficos do acolhimento ou não desses indivíduos. Como aporte teórico podemos identificar: Lefebvre no entendimento do direito à cidade, Milton Santos na compreensão de território ocupado, Nobert Elias na construção das subjetividades do espaço e seus estigmas; Hobsbawm na construção da sociedade e das lógicas capitalistas que permeiam suas relações, por último mas não menos importante Derrida no suporte filosófico do entendimento do acolhimento, hospitalidade e diferença. Palavras-chave: Refugiado; Cidade, Territórios; Direito à Cidade. Introdução Em consonância com o mundo global e suas constantes crises a urgência em estudar as fronteiras e circulação de pessoa se torna necessário no cerne das ciências humanas. O atual artigo se propõe a pensar o refugiado na cidade entendendo ser este

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Page 1: O REFUGIADO NO ESPAÇO HISTÓRICO DA CIDADE€¦ · privilégios e dessa forma possibilitar uma equidade material. ... da operação urbana consorciada; da outorga onerosa e da progressão

O REFUGIADO NO ESPAÇO HISTÓRICO DA CIDADE

Ana Flávia Costa Eccard

Doutoranda PPGFIL UERJ e PPGD UVA.

Email: [email protected]

Jordana Aparecida Teza

Advogada, mestranda PPGD UVA.

Email:[email protected]

Resumo: O atual trabalho busca estudar o refugiado inserido nas condições de

possibilidade de sobrevivência da cidade a partir de um prisma histórico da construção

desse espaço como direito. O direito à cidade é um termo cunhado por Lefebvre que

pesquisou as tensões geradas no âmbito da cidade com a finalidade de pensar o acesso à

esta. No caso em tela, essas tensões podem ser tornar hostis e atrapalhar a efetivação do

direito de proteção do refugiado, nesse sentido buscamos compreender a cidade a partir

de seus aspectos históricos. Nobert Elias apresenta-nos outra perspectiva a ser superado

por esse grupo, o estigma o que articularemos com o conceito de hospitalidade de

Derrida. Entendendo ser este um grupo marginalizado, além das tensões burocráticas

existe ainda os impedimentos de ordem social, como a não aceitação pelo grupo

nacional que vai imputar características que atrapalham esse acolhimento e podem torna

essa experiência cruel. A diferenciação organizada pelo grupo dominante do território,

que estão em coesão social, apresenta um afastamento da ideia de ser humano dotado de

humanidade, aspecto importantíssimo para se combater a lógica capitalista que só

permite a circulado de objetos e não se pessoas. O atual trabalho se constrói a partir de

um prisma interdisciplinar que se constitui, em síntese, dos direitos aos agentes que

estão na cidade, a construção histórica do território e o desdobramento filosóficos do

acolhimento ou não desses indivíduos. Como aporte teórico podemos identificar:

Lefebvre no entendimento do direito à cidade, Milton Santos na compreensão de

território ocupado, Nobert Elias na construção das subjetividades do espaço e seus

estigmas; Hobsbawm na construção da sociedade e das lógicas capitalistas que

permeiam suas relações, por último mas não menos importante Derrida no suporte

filosófico do entendimento do acolhimento, hospitalidade e diferença.

Palavras-chave: Refugiado; Cidade, Territórios; Direito à Cidade.

Introdução

Em consonância com o mundo global e suas constantes crises a urgência em

estudar as fronteiras e circulação de pessoa se torna necessário no cerne das ciências

humanas. O atual artigo se propõe a pensar o refugiado na cidade entendendo ser este

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um indivíduo que foge da morte certa ou iminente advindo de perseguições políticas,

religiosas entre outras situações. Sobre a concepção de refugiados, temos:

(...) refugiado é toda pessoa que por causa de fundados temores de perseguição

devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo

social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por

causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar ao mesmo.

(ACNUR, 2007, p. 18).

O espaço da cidade é compreendido a partir do prisma do direito à cidade na

concepção de Levfebre, nesse sentido a questão em pauta é o acesso ao complexo de

direitos que envolvem a sobrevivência nesse lugar, a saber, a cidade, ele defende que:

O espaço não é um objeto científico descartado pela ideologia ou pela

política; ele sempre foi político e estratégico. Se esse espaço tem um aspecto

neutro, indiferente em relação ao conteúdo, portanto ‘puramente’ formal,

abstrato de uma abstração racional, é precisamente porque ele já está

ocupado, ordenado, já objeto de estratégias antigas, das quais nem sempre se

encontram vestígios. O espaço foi formado, modelado a partir de elementos

históricos ou naturais, mas politicamente. O espaço é político e ideológico. É uma representação literalmente povoada de ideologia. Existe uma ideologia

do espaço. Por quê? Porque esse espaço, que parece homogêneo, que parece

dado de uma vez na sua objetividade, na sua forma pura, tal como o

constatamos, é um produto social (...). (LEFEBVRE, 2008, p. 61-62).

Para além das mudanças de território forçada o refugiado encara, dentro dessa

perspectiva, inúmeros outros problemas como a questão da habitação, pertencimento,

hostilidade, mobilidade, segregação espacial, acesso às oportunidades de emprego e

estudos. Portanto se trata de perscrutar um cenário de não exclusão diante da qualidade

do indivíduo refugiado, estudar tal assunto tem o intuito de amenizar a segregação sócio

econômica que afasta esses sujeitos dos centros urbanos, tornando esses espaços hostis e

não acolhedores a sorte da diferença e impedindo uma construção plural do território

urbano. O direito à cidade que está na base de toda discussão aqui presente é um viés

estritamente democrático de acepção, uma vez que trata-se de uma motivação a

conceber o espaço citadino como um lugar que une, o qual se experiência a vivência

humana pelo prisma da coletiva onde o sujeito é ser humano e não possui valor de troca.

A coisificação do sujeito é um fenômeno muito comum em uma sociedade

mercantilizada pelo capitalismo, o ponto da crítica que o pensador francês tece é nesse

sentido, a cidade deve servir ao grupo e não tornar excludente e máquina de produção

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de segregação material. O que deve ser garantido a este grupo minoritário no aspecto

qualitativo é o devido acesso aos direitos mínimos para sobrevivência em um novo

território.

Desenvolvimento

Na legislação pátria o direito à cidade é espelhado no estatuto da cidade, pode se

inferir que essa parte da legislação se preocupa com a política urbana, trata se de um

complexo de direitos que dispõe sobre a infra-estrutura urbana, não só pelas questões de

moradia e saneamento como também, trabalho, aspectos sociais e o futuro da

população. Neste sentido a lei se preocupa com o que podemos chamar de cidade

sustentável, portanto há uma preocupação de tornar esse lugar digno e pensar para alem

do agora, em o aspecto de manutenção para as futuras gerações. Ainda nesse diapasão

os titulares do referido direito à cidade são os próprios moradores, contudo essa

titularidade não é pensada apenas no momento presente, coadunando a idéia de

sustentabilidade, os habitantes da cidade devem per pensados nas próximas gerações,

com essas perspectivas percebe se que o direito citadino e sua perspectiva democrática é

uma ramificação de direitos humanos, pois compreende a necessidade de garantir os

direitos a todos.

A hiperatividade da norma e sua efetiva aplicação no que tange Direito à Cidade

é ilustrado pelo plano diretor como ferramenta expressa de institutos jurídicos, é

possível ainda reconhecer que tais institutos buscam afastar os agentes que reforçam os

privilégios e dessa forma possibilitar uma equidade material. Através do direito de

superfície; da operação urbana consorciada; da outorga onerosa e da progressão no

tempo do IPTU, vemos claramente institutos jurídicos e políticos que buscam reduzir as

desigualdades no espaço da cidade.

O ponto de contato entre direito à Cidade e refugiados, está em compreender que

a cidade é um espaço comum, portanto afastado de qualquer tipo de exclusão e

discriminação. Esse entendimento acompanha as diretrizes dos documentos técnicos

internacionais que compreendem a necessidade de promoção e garantia de direitos

humanos, impedindo dessa forma que a cidade se torne um local hostil e sirva

puramente ao mercado, contudo para efetivação desses direitos há necessidade de um

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alinhamento com diversos a todos, políticos, econômicos e sociais. A recomendação de

u m espaço urbano inclusivo que possui incentivo a participação cidadã na construção

política, cumprindo o ideário da diversidade compondo o espaço democrático desejado

no mundo global que recai ao meio ambiente sustentável como proposta inclusiva.

Precipuamente o direito á cidade é uma disputa a apropriação dos espaços

públicos por todos os corpos que nele habitam, por ilustração pode se compreender o

acesso à terra urbana, o saneamento, a mobilidade urbana, aos serviços públicos, a

oportunidade de trabalho e ao lazer. Uma das características da urbanização foi o seu

rápido processo com falhas de planejamento, o processo não representou o fim da

desigualdade, pelo contrário, gerou consequências sentidas até o presente momento, um

resultado de uma estrutura urbana completamente fragmentada, podendo se observar

nos grupos mais pobres que são excluídos da dinâmica dos centros urbanos, habitando

os espaços periféricos que não possuem serviços básicos, como saúde e saneamento

básico e com escassez de possibilidade de inserção no mercado de trabalho regular,

colocados compulsoriamente na informalidade.

O refugiado é um indivíduo hostilizado nos espaços da cidade, dessa forma os

abrigos ou assentamentos cedidos pelo Estado se concentram nas áreas periféricas,

como no caso da região oeste da cidade do Rio de Janeiro, é possível encontrar no

centro e na zona sul carioca pequenos abrigos temporários, mas esses não são de

iniciativa do poder público e sim um projeto de caridade da igreja católica.

As funções sócias da cidade foram institucionalizadas de fato em 1988 quando

se definiu na legislação pátria instrumentos a regularização fundiária urbana, entre elas

o usucapião de imóveis urbanos, desse cenário se observa uma política de

desenvolvimento do espaço da Cidade que busca efetivar os direitos de acesso e

manutenção aos espaços públicos, infraestrutura e mobilidade, através de planejamentos

e políticas públicas relacionadas a essas questões, compreender essas questões como

cerne da preocupação urna é efetivar uma gestão democrática dos direitos a cidade e a

partir daí, estabelecer diretrizes nos documentos que organizam projetos. As lutas

reivindicadas pelo direito à cidade entram em consonância com o direito dos refugiados

quando buscam direito de igualdade vida como plataforma primordial, são muitas as

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expressões que povoam os espaços urbanos, a questão dos estrangeiros traz em si uma

construção do diverso. Nesse sentido se produz no espaço urbano a ocupação e

construção como expressão de vida, daí a chamada apropriação dos espaços pelos

habitantes, como observa se em:

É nesses espaços que os excluídos do processo de planejamento e construção

da cidade, como os migrantes e refugiados, mulheres, jovens, idosos e pessoas com deficiência, alem dos invisibilizados, a exemplo da população

de rua, indígenas e população LGBT, exercem sua soberania e reivindicam

direito à cidade. (Gorsdorf, L. F ET AL. 2016).

Em virtude da disputa da apropriação dos espaços na cidade observamos a

configuração que as relações e tensões urbanas tomam, o refugiado se encontra com os

grupos minoritários, os excluídos, os invisíveis às questões de garantia de direitos, não

pela qualidade que possuem, mas pela política do lugar. A sua existência nos espaços

urbanos é constantemente atacada, seja pela burocracia no trato com as agências em

legitimar sua permanência no lugar, seja pelo simples trato humano do estigma criado

que o refugiado é um fugitivo, um criminoso. Uma falácia tamanha uma vez que o

refugiado para possuir tal estatuto pelo governo brasileiro não pode possuir

antecedentes criminais, o título de refugiado é dado pelo governo a possui requisitos

próprios e inegociáveis.

Estabelecer o instituto dos refugiados se faz importante para poder

pensar enquanto entidade metafísica, agora na figura do outro, a questão do

acolhimento e da hospitalidade do povo que recebe enquanto estatuto ético-

político de tolerância dentro do espaço urbano. Insta dizer, que o fluxo contínuo

de acontecimentos de uma época globalizada e tecnicista permite a formação de

um “estar” e não “ser” refugiado, classificação identitária que faz toda

diferença no tocante social.

De acordo com o dicionário Michaelis (1998) o termo refúgio significa:

1. Lugar seguro para onde alguém vai para não se expor à situação de perigo;

abrigo, esconderijo.

2. Amparo ou proteção que se pede a alguém. 3. Esconderijo de pessoa fugitiva

da justiça; valhacouto. Ao remontarmos etimologicamente o vocábulo refúgio

notamos que sua origem latina refugere é composta por re-, mais fugere, e seu

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significado é fugir. Comparando com a terceira acepção encontrada no

dicionário Michaelis notamos a intensidade da noção de fuga, com o adicional

de fuga da justiça.

Ora, o presente trabalho se propõe a discutir o refugiado no espaço

citadino, entendendo este um légitimo no ordenamento. Contudo, é notório que a

etimologia de refúgio/ refugiado denota uma ação de fuga, o que remete a

realidade das pessoas que se encontram nessa posição, porém cabe ressaltar que

se tomar a literalidade da terceira acepção não teremos a dimensão do indivíduo

que solicita refúgio em outro país. Isto porque se a fuga for tomada como uma

atitude de covardia não se pode empregar.

A vivência do refugiado é diametralmente oposta. A saída de seu país de

origem em busca de abrigo em outro explicita a coragem da luta pela vida. A

fuga então é de um espaço de violência, conflito, risco de morte à procura de um

espaço que se possa chamar de seu, que se possa construir um lar. Em A poética

do espaço¸ Bachelard afirma que a casa é onde os sujeitos têm sua

subjetividade construída e onde reside a coragem contra o medo, fortalecendo

as lutas cotidianas por abrigo seja em termos de espaço físico seja em termos

subjetivos. O trecho a seguir permite que percebamos tais assertivas:

Que imagem de concentração de ser, essa casa que se “aperta”

contra seu habitante, que se torna a célula de um corpo com suas

paredes próximas! O refúgio contraiu-se. E, mais protetor, tornou-

se exteriormente mais forte. De refúgio passou a reduto. A

choupana transformou-se em fortaleza da coragem para o solitário

que nela deve aprender a vencer o medo. Tal morada é educativa.

Lemos nas páginas de Bosco como um acúmulo das reservas de

força nos castelos interiores da coragem. Na casa que a imaginação

converteu no próprio centro de um ciclone, é preciso superar as

meras impressões de conforto que sentimos em qualquer abrigo. É

preciso participar do drama cósmico enfrentado pela casa que luta.

(BACHELARD, 1993. pág. 62).

Desse modo, temos a um mesmo termo a atribuição da ideia de fuga e a

ressignificação a partir de um caráter de força. Da mescla de ambas as noções partimos

para a conceituação de refúgio com a qual trabalharemos. Ao pensarmos do que se trata

quando falamos de refugiados é preciso que levemos em consideração a partir de qual

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problemática ele surge. A Primeira Guerra foi palco de sangrentas disputas que

abalaram as estruturas do século XX e expuseram ao mundo em larga escala os horrores

ao qual milhares de pessoas são submetidas. O Direito Internacional dos Refugiados,

tributário do Direito Internacional dos Direitos Humanos, surge da necessidade de

conceder amparo às pessoas em situações de vulnerabilidade a fim de proteger as

pessoas da morte que se fazia presente.

Podemos pensar que ao longo da história o nomadismo esteve presente

nas mais diversas sociedades e o movimento ao qual esses andarilhos se

embalavam surge da necessidade de se manter vivo. O deslocamento, portanto,

sempre fez parte da existência humana, mas ocorreu em regiões distintas, em

tempos distintos e por motivos distintos. Mesmo considerando as diferenças

entre os conceitos de refúgio, asilo e migração, devemos salientar que todos

tem algo em comum: a necessidade de deslocamento e a escolha por fazê-lo.

No caso do refúgio essa necessidade implica que se assegure o mais elementar

dos direitos, o direito à vida. Saltando na história e chegando ao século em que

esse direito passa a ser assegurado por lei, temos uma série de diferenças que

envolvem os casos citados, mas o objetivo é o mesmo.

O Alto Comissariado das Nações Unidas, que a partir de agora

trataremos por sua sigla, ACNUR, entende como situação de refúgio aquelas

pessoas que por fundado temor se veem obrigadas a abandonar seu país de

origem por perseguição política, raça, sexo, conflito armado ou guerra,

pertencimento social. As pessoas ou grupos que se encontram sob ameaça

podem solicitar o refúgio amparadas pelo Direito Internacional dos Refugiados.

O conceito de refúgio e suas bases jurídicas metanacional foram

elaborados após a Primeira Guerra Mundial. Viu-se a necessidade de amparar

grupos vulneráveis através da concessão de asilo e até procedimento de

extradição com intuito de proteger os que encontravam em sua terra natal morte

iminente. O fato histórico supracitado acarretou um desarranjo nas questões

políticas e econômicas dos países, demonstrando assim o aclame pelo estatuto

jurídico que desse conta de tornar a situação do refúgio algo regulado.

Um dos objetivos deste artigo é pensar o conceito de refugiado, contudo

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não devemos fazê-lo apenas no aspecto jurídicos, para melhor entendimento

desse conceito devemos concebe-lo em sua totalidade com os devidos diálogos

nas ciências humanas. No que tange a perspectiva sociológica o que nos

auxiliou a perscrutar tal caminho foi a compreensão que o refugiado pode ser

visto por mundos sociais de diferentes virtualidades, o que aqui podemos inferir

é da tensão que este promove e a relação entre excluído ou incluído em

determinando contexto social, ou ainda no espaço da cidade.

Como aporte teórico, Nobert Elias (2000) nos aparece aqui adequado

uma vez que sua sociologia se preocupa em apresentar uma universalidade

contida em um estudo singular, como se aplicássemos as teóricas sociológicas a

partir de um estudo etnográfico de um grupo de refugiados, contudo não é este

o compromisso do presente trabalho.

Insta estabelecer que os dados empíricos não são menos importantes, e

nos enunciam teorias sociológicas que contribuem para entender a realidade

social oriunda de uma tensão e da exclusão, como no caso dos refugiados. A

sociologia de Elias não se concentra em uma etnografia, contudo quando ele o

faz nos remonta questões de extrema importância, como por ilustração a

necessidade de dar atenção aos chamados sociólogos aplicados, profissionais

como jornalistas, que acabam por endossar certas naturalizações que advém dos

estigmas produzidos pelos agentes sociais. No caso dos refugiados muitas são as

participações desses tipos de profissionais principalmente nas questões urbanas.

É possível dizer que as fontes da etnografia como: entrevistas, estatísticas

oficiais, relatórios governamentais, documentos jurídicos e a própria observação

do agente são de grande relevância, a diversidade das fontes nos permite um

mergulhar nas possíveis formações de ponto de vista que constituem a figura

social do refugiado. Deste modo tem-se munição para entender a natureza dos

laços socias que se formam, ou pela dependência que acontece ou pela distinção

e por consequência, exclusão. O pertencimento é outra característica que

fundamenta essa questão, principlamenteo na insersçao desse sujeito no espaço

urbano.

A discussão sobre anomia se encontra em torno de sua metodologia, ela

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pode ser descritiva que busca compreender o fenômeno social a partir da forma

social do particular, que por sua vez gera condições sociais específicas, ou

ainda, ela pode referir- se a um estado de ausência, de carência de regras, onde

não há ordem ou qualquer sorte de estrutura. No sentido etnográfico a anomia

descritiva se torna interessante para um estudo de observação de um grupo que

está na atualidade passando por tais questões como a saída do país de origem

para manter sua integridade física, por esclarecimento.

Ora, face as considerações aduzidas a quais dizem respeito ao refugiado

como excluído, para essa proposicação se dá é preciso que se infira a existência

de grupos dicotômicos, que formam uma polaridade e dái as tensões. Podemos

observar os nacionais como um lado desse polo e os estrangeiros, refugiados

como o lado antagônico deste. Estudar essa perspectiva é entender a cidade

como um laboratório de tensões, e buscar nessa tensão compreender as

propriedades gerais da relação de poder que ali se estabelece.

As relações de poder são constituídas por elementos como a

superiodade social e moral, a percepção do próprio sujeito, questões acerca do

reconhecimento, pertencimento ou ainda da ordem da exclusão. A dicotomia

estabelecida pelos nacionais e pelos refugiados, é na verdade, uma distinção

entre o grupo de maioria qualitativa e seu domínio pelo grupo que está marginal

a esta realidade social.

O objetivo do atual deste momento é compreender a lógica da

configuração social que se estabelece na relação da cidade versus refugiado,

isto devida a grande influência que a configuração tem nos aspectos da vida em

comunidade, como por exemplo, a organização da família, da vizinhança e até

mesmo os índices de criminalidade e possibilidades. Ocorre que com o grupo de

refugiados vemos submergir duas qualificações sociais: o preconceito

individual, que está ligado à personalidade do indivíduo; e a estigmatização

grupal, que rotula de forma negativa o outro, uma dissidência de alteridade.

Ainda que diferentes, ambas qualificações geram instabilidade do poder entre

os grupos de certa sociedade.

No caso dos refugiados, a estigmatização grupal é um fenômeno mais

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comumente observável, o que não impede que preconceito individual ocorra.

Podemos definí-lo com um mecanismo que identifica certo sujeito, em um

conhecimento espontâneo, do senso comum que atribui identificação a este que

por vezes são pejorativos e formam sua imagem socialmente negativada.

O estigma nada mais é que um instrumento do controle social e reforça

as diferenciações entre seres humanos. Significa dizer que o estigma de

refugiado carrega em si uma compreensão de marginalidade. O refugiado é esse

que foge, que por essa perspectiva (negativa, que não concordamos, mas aqui

apresentamos), pode ser entendido como um criminoso ou como aquele que não

deve ser aceito como igual nos ambientes comuns da cidade.

Essas situações sociais que reforçam a diferença e impõem uma

normalidade são oriundas dos contatos mistos, isto é, do contato entre grupos

diferentes. Estigmatizar o refugiado é fortalecer um processo de superioridade,

nesta relação o grupo de nacionais com este tipo de atuação busca preservar seu

status social privilegiado. Logo, com base na sua opinião interna, entendem-se

eles determinantes os que obtém a verdade dos fatos para manter o status,

gerando assim um ato de controle. Quando se estigmatiza o indivíduo, o aparta

da aceitação social, este agora não está apto para viver em sociedade, ele é o

outro, uma anormalidade social, um inabilitado que não pertence á cidade.

O ponto de concentração aqui deve ser entorno da limitação que o

estigma produz no agir do homem. A partir dessa qualificação o indivíduo está

sendo discriminado e excluído. Essa discriminação afasta-se completamente

das legislações e intenções dos tratados internacionais de aceite do refugiado,

assim como nas cartas regulatórias de direito á cidade.

Ao negar-lhes a participação em seu próprio carisma grupal e suas

normas, os conquistadores empurram os conquistados para a

situação de pessoas anômicas aos olhos delas mesmas e, ao mesmo

tempo, desprezaram-nos por não obedecer às normas que eles

observaram. (ELIAS, 2000, p. 47)

O conceito de refugiado a partir do prisma da estigmatização social é um

processo cognitivo que nos remonta a uma discussão sobre as relações de

poder. Trata-se de uma estrutura psíquica individual que é construída pelas

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atitudes sociais. Inicia-se um processo no qual o indivíduo revê suas próprias

ações através de um autocontrole e autopercepção para poder se enquadrar na

normalidade social. Tão logo a reação social adversa promove uma mudança da

concepção de si. O sujeito agora é autodepreciativo e desenvolve um auto-ódio.

Os processos de controle social exercidos pela classe dominante, no caso

em tela, pelos nacionais elitizados, só é possível através de uma coesão social.

Trata-se de um mecanismo integrador no seio da comunidade. Os indivíduos que

se auto entendem iguais se unem para poder determinar que o outro refugiado é

diferente e desta forma reafirmam a superioridade. Apesar de usarmos o

vocábulo grupo a todo momento nese artigo, no âmbito sociológico só é grupo

os dominantes, pois só eles tem coesão social, estão organizados. A identidade

social deles é construída a partir da autopercepção de ocuparem lugares de

prestígio e consequentemente de poder.

Estes aspectos de construção da subjetividade acontecem a partir de

alguns elementos, a saber, uma identidade social construída partindo de uma

tradição, com entendimento histórico da sua superioridade, sendo sempre um

modelo moral para os outros, possuindo os melhores gostos, e no caso dos

nacionais, uma minoria que se entende superior por ser nativo, um sentimento

de pertencimento, que constitui laços sociais internos em uma combinação que

os fortalece para combater o externo, o outro grupo que possui características

relacionais de poder completamente diferentes.

Embora sejam necessárias outras fontes de superioridade de forças

para manter a capacidade de estigmatizar, esta última, por si só, é

uma arma nada insignificante nas tensões e conflitos ao equilíbrio

de poder. Por algum tempo ela pode entravar a capacidade de

retaliação dos grupos de uma parcela menor de poder, bem como

sua capacidade de mobilizar as fontes de poder que estejam em seu

alcance. Pode até ajudar a perpetuar durante algum tempo a

primazia de status de um grupo cuja superioridade de poder já tenha

diminuído ou desaparecido. (ELIAS, 2000, p. 27).

Os refugiados não são entendidos propriamente como um grupo social,

pois não possuem laços sociais intensos por se tratar de um conjunto de

indivíduos heterogêneos, difusos, estigmatizados como se sua humanidade não

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fosse suficiente para torná-los semelhantes e pertencentes ao espaço urbano

comum a todos.

Este cenário pode promover embates que desestabilizam as fontes de

poder se o grupo oprimido reagir, porém tal grupo não alcançará o mesmo

status que o grupo dominante, ainda que meça forças com ele, o que acaba por

operar a manutenção das relações de poder vigentes, sem efetividade de

transformação real. Por vezes sendo agressivos, violentos e aumentando o

estigma de não pertencentes à cultura local e ao ambiente cidadino. A

resistência do refugiado pode ser entendida como não civilização ou

comportamento inadequado para essa sociedade e esses espaços.

Em termos das normas de seus opressores, eles se consideram

deficientes, se veem como tendo menos valor. Assim como,

costumeiramente, os grupos estabelecidos veem seu poder superior

como um sinal de valor humano mais elevado, os grupos outsiders,

quando o diferencial de poder é grande e a submissão inelutável,

vivenciam efetivamente sua inferioridade de poder como um sinal

de inferioridade humana. (ELIAS, 2000, p. 164)

Teoricamente a vida na cidade deveria ser pautada no conceito de

comunidade, isto é, organizações, unidades, conjuntos, grupos de indivíduos

habitam o mesmo espaço geográfico e de convivência, não implicando

necessariamente que se estimem. A identificação como pertencentes a um

mesmo grupo não promove como corolário imediato afetos, mas uma

identidade de grupo.

Assim, o abalo que a chegada de grupos distintos daquele até então

estabelecido se dá pela ameaça que o estranho oferece, ainda que não seja de

fato ameaçador, pois “qualquer contato estreito com eles [...] os arrastaria para

baixo, para um status inferior em sua própria estima e na do mundo em geral, e

que reduziria o prestígio [...]” (ELIAS, 2000, p. 167)

Pensar o refugiado nessa perspectiva é se apropriar de um microcosmos e

entendê-lo que pode ser ampliado ao macrocosmos, pois sua dimensão global

permite que se observe em diversas experiências atuações semelhantes na

recepção de refugiados e, desta forma, incorrer em hostilidade e não aceitação,

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que por sua vez tem como consequências países que não ratificam os tratados

internacionais. No caso do Brasil, os aspectos de não aceitação atrapalham a

efetividade das leis, gerando problemas de outras ordens. Contudo, a análise

sociológica serve para enfatizar a implementação das leis e sua consequente

efetivação, não interessa-nos uma lei que seja afastada da realidade social, mas

também não podemos desejar que esta seja puramente coercitiva, tão logo o

prisma para esse diálogo é o viés humanitário. Entender o homem pela

aspecto humanitário significa afastá-lo das lógicas capitalistas que criam

fronteiras e fortalecem a xenofobia. A vulnerabilidade que tangencia o

refugiado e o torna alvo de intolerância e violências de todo tipo evidenciam a

necessidade de se operar o ordenamento jurídico em favor de garantir que se

tenha condições que vão além de abrigos fisícos nos espaços geográficos da

cidade, é uma questão de sobrevivência digna. Embora o direito internacional

venha firmando as garantias de direitos desses grupos diaspóricos, a prática de

acolhimento nas Cidades mantêm-se complexa especialmente pela demanda

crescente.

Considerações Finais

O atual artigo buscou analisar o conceito de refugiado no espaço histórico da

cidade, o prisma do direito à cidade cunhado por Lefebvre pesquisou as tensões geradas

no âmbito da cidade com a finalidade de pensar o acesso a esta. As essas tensões

encontradas por esse grupo tornam-se hostis e atrapalha a efetivação do direito de

proteção do refugiado, nesse sentido buscou-se compreender a cidade a partir de seus

aspectos históricos, sua divisão e a efetivação de experimentações de seus espaços

urbanos. Cabe ainda ressaltar que a perspectiva abordada no artigo é da proteção e

manutenção aos direitos básicos que norteiam a dignidade mínima para vida no

território urbano. Nobert Elias apresenta-nos outra perspectiva a ser superado por esse

grupo, o estigma o que articularemos com o conceito de hospitalidade de Derrida. Para

além das mudanças de território forçada o refugiado encara, dentro dessa perspectiva,

inúmeros outros problemas como a questão da habitação, pertencimento, hostilidade,

mobilidade, segregação espacial, acesso às oportunidades de emprego e estudos.

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Portanto se tratou de perscrutar um cenário de não exclusão diante da qualidade do

indivíduo refugiado, estudar tal assunto tem o intuito de amenizar a segregação sócio

econômica que afasta esses sujeitos dos centros urbanos, tornando esses espaços hostis e

não acolhedores a sorte da diferença e impedindo uma construção plural do território

urbano. O direito à cidade que está na base de toda discussão aqui presente é um viés

estritamente democrático de acepção, uma vez que trata-se de uma motivação a

conceber o espaço citadino como um lugar que une, o qual se experiência a vivência

humana pelo prisma da coletividade onde o sujeito é ser humano e não possui valor de

troca.

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