o refúgio brasileiro: exilados do nazismo (1933-1945) · 2020. 8. 26. · 1 o refúgio brasileiro:...

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1 O refúgio brasileiro: exilados do nazismo (1933-1945) WANDER LUIZ DEMARTINI NUNES 1 Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar ideias para uma futura pesquisa sobre o Brasil como destino para o exílio de Stefan Zweig. Mesmo que muitos tenham cobrado um posicionamento mais enérgico do literato, as marcas da perseguição e do exílio aparecem em sua obra enquanto descrevia o mundo que viu, fosse em ensaios, fosse em sua autobiografia. Desse modo, o estudo buscará apresentar o resultado de seu contato com o país em alguns de seus escritos. Palavras-chave: Exilados; Stefan Zweig; nazismo; Brasil. Contexto da Crise Ao longo da Primeira Guerra Mundial, muitos autores de diversas regiões da Europa abraçaram a causa de seus países, gerando uma sombra da Grande Guerra também no campo das ideias. A crise gerada pelo conflito afastou até literatos de uma mesma família, como foi o caso dos irmãos Heinrich e Thomas Mann. O primeiro foi árduo crítico do posicionamento alemão, além disso, muito mais identificado com a causa francesa, já o segundo, defendeu a Alemanha de forma extremamente nacionalista em seu ensaio Pensamentos na Guerra (1918). 1 Universidade Federal do Espírito Santo; Doutorando; Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo.

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    O refúgio brasileiro: exilados do nazismo (1933-1945)

    WANDER LUIZ DEMARTINI NUNES1

    Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar ideias para uma futura

    pesquisa sobre o Brasil como destino para o exílio de Stefan Zweig. Mesmo que muitos

    tenham cobrado um posicionamento mais enérgico do literato, as marcas da perseguição

    e do exílio aparecem em sua obra enquanto descrevia o mundo que viu, fosse em

    ensaios, fosse em sua autobiografia. Desse modo, o estudo buscará apresentar o

    resultado de seu contato com o país em alguns de seus escritos.

    Palavras-chave: Exilados; Stefan Zweig; nazismo; Brasil.

    Contexto da Crise

    Ao longo da Primeira Guerra Mundial, muitos autores de diversas regiões da Europa

    abraçaram a causa de seus países, gerando uma sombra da Grande Guerra também no

    campo das ideias. A crise gerada pelo conflito afastou até literatos de uma mesma

    família, como foi o caso dos irmãos Heinrich e Thomas Mann. O primeiro foi árduo

    crítico do posicionamento alemão, além disso, muito mais identificado com a causa

    francesa, já o segundo, defendeu a Alemanha de forma extremamente nacionalista em

    seu ensaio Pensamentos na Guerra (1918).

    1 Universidade Federal do Espírito Santo; Doutorando; Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa e

    Inovação do Espírito Santo.

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    Stefan Zweig esteve, naquele momento, no espectro pacifista, buscando criar uma

    espécie de coalisão dentre os defensores da paz europeia, fato rememorado em sua

    Autobiografia: o mundo de ontem (ZWEIG, 2014, p. 183). Oliver Dumoulin, em sua

    obra O papel social do historiador: da cátedra ao tribunal, observa que tal debate

    chegou aos membros da Sorbonne, acirrando-se em 1918, com a defesa de alguns

    quanto à satisfação de aliados da França. Dumoulin ainda observa que os historiadores

    possuíam grande peso nesse contexto, pois aqueles que interferiam em tal processo

    lecionavam história (DUMOULIN, 2017, p. 206).

    Com o fim da Primeira Guerra Mundial e a busca por uma normalização, Stefan Zweig

    retornou para a Áustria e, com uma espécie de “predestinação” que o levava a ter

    contato com protagonistas de sua época, como a amizade com Walther Rathenau ou os

    encontros com Theodor Herzl, Zweig descreveu sua última visão do imperador

    austríaco rumo ao exílio: “estremeci: o último imperador da Áustria, herdeiro da

    dinastia dos Habsburgo, que durante setecentos anos havia governado o país,

    abandonava o seu reino!” (ZWEIG, 2014, p. 255). O retorno ao seu país era uma

    espécie de solidariedade, buscava estar presente na reconstrução da Áustria, para

    também sofrer as lamúrias de seu povo.

    A alta inflação atingiu antes os austríacos do que os alemães e “depois de ter retroagido

    à Idade das cavernas com as trincheiras, a humanidade também acabou com a

    convenção milenar do dinheiro e voltou ao escambo primitivo” (2014, p. 261). Porém,

    foi justamente em tais tempos quando teve o último vislumbre de seu sonho de Europa,

    a qual julgou desfeita com a Grande Guerra. A exaltação da cultura europeia, que o

    fazia lamentar com saudosismo os tempos em que não eram necessários passaportes, era

    sufocada com a rigidez das novas fronteiras. Durante a década de 1920, o país parecia

    se refazer, Zweig orgulhou-se das dificuldades enfrentadas junto aos austríacos em

    Salzburgo, quando suas vendas de livros ampliavam-se e passaram e lhe render maiores

    receitas. A melhora em sua vida parecia superar as dificuldades juntamente com o seu

    país.

  • 3

    Ao longo da década de 1920 o Brasil vivia os anos finais da Primeira República (1889 –

    1930), com uma economia embasada no setor cafeeiro, o qual refletia seu predomínio

    econômico na política. Foram justamente as lavouras de café um dos principais fatores

    responsáveis pela chegada de levas de imigrantes desde fins do século XIX,

    provavelmente a presença de indivíduos de origem europeia também tenha sido um dos

    quesitos que levaram exilados do nazismo e da Segunda Guerra a buscarem refúgio no

    Brasil, como é possível perceber devido à atuação de grupos antinazistas os quais

    produziam artigos em alemão, voltados para a comunidade de imigrantes germânicos

    aqui estabelecidos, como no caso de Friedrich Kniestedt com o jornal Aktion. Segundo

    Izabela Maria Furtado Kestler, estava disposto a denunciar a perseguição contra judeus,

    defender direitos humanos e “lutar contra a progressiva nazificação da colônia alemã,

    bem como contra a uniformização gradativa das diversas associações de descendentes

    de alemães sob o nazismo” (KESTLER, 2003, p. 159).

    O Brasil das jornadas tenentistas da década de 1920 vivia a gênese de uma

    transformação política. Mesmo com Luís Carlos Prestes tendo migrado para a esquerda,

    muitos tenentes participaram do movimento de 1930, e fizeram com que Getúlio Vargas

    fosse alçado ao poder. A Era Vargas e suas diversas fases teriam os reflexos no Brasil

    do contexto político internacional: desde a simpatia pelo fascismo e a defesa do

    posicionamento alemão, feita por homens fortes do governo como Filinto Müller, até a

    entrada na Segunda Guerra Mundial em apoio aos Aliados.

    A nova postura do governo quanto aos imigrantes teve sua virada justamente com o

    governo de Getúlio Vargas2, ao que se chegava também a grupos estrangeiros que

    atuavam aqui. Enquanto Vargas teve certa simpatia por governos fascistas alguns

    grupos antinazistas chegaram a ser repreendidos. Kestler citou duas fases da atividade

    política dos exilados: a primeira foi de 1933 a 1938 e a segunda de 1941 a 1948. Foi

    justamente durante a primeira fase onde jornais:

    2 Através do Decreto Nº 24.215 de 9 de Maio de 1934, o governo de Vargas tornou mais seletiva a entrada de imigrantes no Brasil, foi a chamada “Lei de Cotas”.

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    Combatiam energicamente a nazificação das chamadas colônias

    alemãs. Eles não enfatizam a categoria mística da “outra Alemanha”.

    Esses jornais acabaram por desaparecer devido ao boicote dos

    consulados alemães e proibidos por órgãos policiais após a abertura de

    inquéritos com acusações não convincentes. Essa fase coincide com o

    apogeu das relações políticas e econômicas entre o Brasil e o Terceiro

    Reich (2003, p. 156).

    Kestler apontou também o fato de um decreto do governo para proibir a atuação política

    de grupos estrangeiros ter se tornado uma faca de dois gumes: mesmo coibindo uma

    possível expansão do NSDAP, as ações dos antinazistas também foram reprimidas

    (2003, p. 155).

    O ataque a navios brasileiros por parte dos alemães, além da pressão dos Estados

    Unidos, levou o Brasil à Segunda Guerra Mundial, fato que gerou a expectativa de uma

    melhora na situação dos exilados antinazistas, ou alemães de um modo geral, os quais

    eram vítimas da política de Hitler. Nessa fase Stefan Zweig estava estabelecido no

    Brasil e próximo do fim de sua vida. Havia redigido uma obra polêmica: Brasil, País do

    Futuro. Uma exaltação do Brasil, país que havia encantado o austríaco, exilado por

    conta de sua origem semita. Zweig foi um pacifista. Viver a guerra novamente,

    acrescida de uma ideologia que perseguia o seu povo e tudo que lhe era caro, teria

    causado no escritor uma admiração pela pluralidade de culturas que, diante de uma

    primeira visão superficial, lhe causavam admiração e esperança na gênese de um pós-

    Segunda Guerra e pós-nazismo, para o qual já não acreditava no protagonismo da

    Europa. Como afirmou no título da obra, o país do futuro seria o Brasil. Na passagem

    onde explica sua intenção de retornar ao país, citou a espera equivocada por uma

    calmaria após a Guerra Civil Espanhola, a queda da Áustria e da Tchecoslováquia, com

    a posterior invasão da Polônia, quando “em seguida teve início a guerra de todos contra

    todos, na nossa Europa suicida” (ZWEIG, 2001, p. 16). Mas a polêmica principal não

    era sobre a versão equivocada de paraíso, mas sim na suspeita de que o livro faria parte

    de uma propaganda para agradar ao governo de Vargas. Dentre aqueles que defenderam

    essa tese estava o cineasta Silvio Back. Tal ideia foi, no entanto, rechaçada por

    Herbertz:

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    Da primeira viagem em 1936 resultou o ensaio “Pequena Viagem ao

    Brasil”, escrito em nove partes [...]. Esse pequeno ensaio é o cerne da

    monografia sobre o Brasil redigida em 1940-1941. Já em 1937 o autor

    escreve para o editor brasileiro Abrahão Koogan sobre a intenção de

    ampliar este ensaio, para que possa ser editado em forma de livro.

    Assim percebemos que Brasil: País do Futuro foi uma obra planejada

    com antecedência e que não surgiu como mera retribuição pelo visto

    de permanência concedido pelo governo brasileiro em 1940, ou como

    propaganda encomendada pelo governo Vargas, segundo críticas de

    alguns jornalistas e publicistas na época de lançamento da obra

    (HERBERTZ apud KLESTER, 2003, p. 204).

    O Brasil surpreendeu positivamente Zweig, em meio ao desmoronamento de seu

    mundo, quando de sua primeira visita. Foi uma rápida passagem antes de se encaminhar

    para a Argentina. Na descrição de seu livro citou como os típicos preconceitos de

    europeus se desvaneceram em seu primeiro contato com o país, ainda na década de

    1930 (ZWEIG, 2001, p. 13).

    Essa obra não foi produzida por Stefan Zweig durante seu exílio no Brasil, mas já em

    sua vida errante. Mesmo assim, será incluída e analisada na ideia do trabalho por ilustrar

    as fortes impressões do austríaco com relação ao Brasil, incluindo os grandes equívocos

    cometidos, algo esperado para alguém que fugia do nazismo na Europa ao se deparar

    em outro continente com pessoas de diversas etnias coexistindo, o que lhe pareceu, de

    forma pacífica. O Brasil teria as respostas para o problema do conflito de raças vivido

    na Europa, matéria-prima do nazismo e uma das causas da Segunda Guerra. Segundo

    Zweig, tal problema foi solucionado simplesmente por não ter sido considerado algo de

    grande relevância.

    Com a maior admiração verifica-se que todas essas raças, que já pela

    cor evidentemente distinguem-se umas das outras, vivem em perfeito

    acordo entre si e, apesar de sua origem diferente, porfiam apenas no

    empenho de anular as diferenças de outrora, a fim de o mais depressa

    e o mais completamente se tornarem brasileiras, constituindo nação

    nova e homogênea. Da maneira mais simples o Brasil tornou absurdo

    – e a importância desse experimento me parece modelar – o problema

    racial que perturba o mundo europeu, ignorando simplesmente o

    presumido valor de tal problema (2001, p. 22)

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    Com essa ideia similar à uma espécie de Democracia Racial, hoje fica evidente o

    tamanho do equívoco do autor. Sua decepção com os rumos da política europeia o levou

    a uma grande ilusão com um território vasto, cujas potencialidades humanas e naturais

    ainda não haviam sido exploradas: “O Brasil, pela sua estrutura etnológica, se tivesse

    aceito o delírio europeu de nacionalidades e de raças, seria o país mais desunido, menos

    pacífico e mais intranquilo do mundo” (2001, p. 21). Talvez, se Zweig escrevesse

    atualmente, julgaria que o Brasil aceitou de fato o delírio europeu.

    Enquanto ocorria a primeira viagem de Zweig ao Brasil, o nazismo ascendia e buscava

    dar esperança a outras potências europeias de que se configuraria em uma espécie de

    dique, capaz de conter o avanço do socialismo soviético sobre uma Europa ainda

    traumatizada pela destruição da Primeira Guerra Mundial e estremecida pelos efeitos da

    Crise de 1929. A chegada do próprio nacional-socialismo ao poder foi uma

    consequência dessa crise. O colapso econômico, profetizado pelos nazistas, lhes

    causava uma Schadenfreud3. Hitler arrebatou, diante da Política do Apaziguamento4, a

    Áustria e a Tchecoslováquia, quando já havia passado por cima de diversos outros

    pontos do Tratado de Versalhes como, por exemplo, ao ignorar o limite de 100 mil

    homens do exército alemão. A Segunda Guerra Mundial, confirmada com a invasão da

    Polônia, feita com a Blitzkrieg5 alemã, escancarou o fracasso da inação de franceses e

    britânicos, resultando em uma aproximação improvável entre Alemanha e União

    Soviética, cada uma com sua parte polonesa após um pacto.

    3 Expressão alemã que designa alegria ou satisfação pelo dano e sofrimento de terceiros. Nesse caso o termo foi evocado em um sentido de que, mesmo com os nazistas sendo obviamente alemães e afetados

    pela crise, o sofrimento por esta provocado, lhes deu razão em diversos pontos, além do fato de que o

    sofrimento causado por seus efeitos era visto como um facilitador da mensagem nazista. 4 Política de franceses e britânicos que buscavam evitar um novo conflito com a Alemanha. Além disso, esperava-se que Hitler, diante de seu anticomunismo, fosse uma barreira contra os bolcheviques. O ápice

    de tal política pode ser representado na Conferência de Munique, quando reuniram-se Adolf Hitler,

    Benito Mussolini, Édouard Daladier e Neville Chamberlain. Os Sudetos passaram para a posse alemã, e

    Hitler assinou um documento se comprometendo com a manutenção da paz na Europa. O resultado do

    acordo levou o primeiro-ministro britânico a proferir seu discurso Peace for our time. No ano seguinte, o

    fracasso de tal política ficou evidente: teve início a Segunda Guerra Mundial. 5 Guerra Relâmpago.

  • 7

    Zweig assistiu à sua Áustria das óperas, do teatro e dos salões de valsa, tão exaltada por

    ele como símbolo de desenvolvimento da cultura europeia, ser atrelada à Sonderweg6

    dos alemães. No Brasil, no entanto, grupos austríacos buscavam se isolar dos alemães,

    fazendo coro com a Declaração de Moscou7. Muitos viram no documento uma chance

    de uma melhor sorte, até mesmo no exílio, após o fim da Segunda Guerra com uma

    provável derrota da Alemanha. Hütter, o qual havia sido próximo do movimento de

    Strasser, ressurgiu em 1944 e afirmou que “os atos heroicos da resistência austríaca

    contra a ocupação alemã” e ainda “o povo austríaco é tão pouco responsável pelos

    acontecimentos como o Estado austríaco” (KESTLER, 2003, p. 180). O próprio Karl

    Lustig-Prean, que chegou a se corresponder com Thomas Mann pedindo apoio ao

    Movimento dos Alemães Livres do Brasil8, passou a distanciar-se da ação nesse lado do

    front. Já em 1943, quando o movimento havia se dissolvido, alegava ter recebido contra

    sua vontade a direção: “Isso causou mal-entendidos entre muitos de meus conterrâneos

    procedentes, como eu, da velha Áustria, e levantou a suspeita de que eu estava

    demonstrando aceitar a anexação da Áustria à Alemanha” (LUSTIG-PREAN apud

    KESTLER, 2003, p. 171).

    6 Caminho peculiar percorrido pela Alemanha em sua entrada na modernidade. 7 Resultado da reunião dos chefes da diplomacia americana, britânica e soviética, durante reunião na

    capital da URSS, em outubro de 1943. Dentre os pontos levantados, a Áustria foi considerada a primeira

    vítima de Hitler. Esse posicionamento vem sendo bastante contestado em debates que buscam apontar a

    responsabilidade dos austríacos no movimento nazista, nessa perspectiva a anexação da Áustria teria

    partido de dentro (RATHKOLB in https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-

    rever-passado-nazista/a-16664462). 8 Por diversas vezes, Karl Lustig-Prean trocou correspondência com Thomas Mann, fosse já no pós-

    guerra, quando em 1948 pedia a ajuda de Mann para que conseguisse se reaproximar da direção do Teatro

    Municipal em Augsburgo, ou para comunicar a publicação do artigo de Gilberto Freyre, com o título

    Thomas Mann, filho de brasileira, onde incitava a Academia Brasileira de Letras a honrar Mann. Em

    correspondência do dia 4 de Setembro de 1942, falava das dificuldades encontradas por organizações de

    alemães diante das autoridades brasileiras: “desde 12 de maio deste ano, e sob a tolerância das

    autoridades, surgiu o Movimento dos Alemães Livres do Brasil, que desde então não apenas fez grandes

    avanços em termos numéricos, como também se desenvolveu até tornar-se uma verdadeira frente única,

    motivo suficiente de orgulho para todos nós. O movimento que, para seguir as leis no Brasil, tinha

    conduzido uma existência relativamente difícil apenas como círculo de leitores, surgiu do grupo Outra

    Alemanha, o movimento democrático dos adversários de Hitler da Argentina, que foi brilhantemente

    conduzido por nosso amigo Dr. August Siemsen e que já existia desde 1937” (LUSTIG-PREAN apud

    KUSCHEL, 2013, p. 255).

    https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462

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    No entanto, o Anschluss9, que supostamente teria feito da Áustria o primeiro país vítima

    do expansionismo nazista, era um antigo sonho dos pangermanistas desde a unificação

    da Alemanha no século XIX. No caso alemão, se comparado à formação do Estado

    nacional ocorrido na França e na Inglaterra, sua unificação foi considerada tardia, após a

    Guerra Franco-Prussiana em 1871. A grande realização de Otto Von-Bismarck teve uma

    participação muito maior da aristocracia do que da burguesia. As vantagens de um

    Estado unificado e forte não foram, porém, ignoradas pela burguesia. Além disso, o

    protagonismo da aristocracia proporcionou efeitos na burguesia, que contraiu práticas e

    valores da nobreza (ELIAS, 1997, p. 92).

    Para Nobert Elias a entrada da Alemanha na modernidade foi diferente dos casos de

    Estados Unidos, Inglaterra e França, pois sua sociedade manteve uma aversão à

    democracia, e aponta como a burguesia alemã imitava a nobreza na questão do habitus,

    dos duelos, das confrarias estudantis e da satisfaktionsfähige Gesellschaft10, esse fator teria

    impedido que a burguesia alemã chegasse à sua própria revolução (1997, p. 106).

    Em O declínio dos mandarins alemães, Fritz Ringer também discorreu sobre essa

    problemática, porém, tratou dos intelectuais que resistiam ao processo modernizador.

    Na Alemanha, havia um ensino muito mais voltado para o cultivo do homem, uma

    espécie de educação pré-moderna, em detrimento de um ensino tecnicista, além disso,

    os títulos acadêmicos davam aos intelectuais uma aura de nobreza. O que Fritz Ringer

    chamou de “era das máquinas e das massas” emergiu junto com a Revolução Industrial

    na Alemanha e, em fins do século XIX, sobrepujou os intelectuais chamados pelo autor

    de tipo mandarim11 (RINGER, 2000, p. 22).

    O ponto em que Ringer e Elias concordam: o fato de não ter existido uma revolução na

    Alemanha, nos moldes do que ocorreu na França em 1789, levou à existência de uma

    democracia debilitada, impedindo o pleno desenvolvimento de uma democracia liberal e

    em algumas instâncias uma resistência à ideia de representatividade democrática. Nessa

    9 Anexação da Áustria pela Alemanha. 10 Sociedade de satisfação mútua. 11 Ringer classificou de mandarim a elite intelectual cujo status remetia à sua formação e titulação acadêmica, em vez da riqueza ou títulos hereditários (RINGER, 2000, p. 22).

  • 9

    perspectiva, a entrada “errada” da Alemanha na modernidade estaria na gênese do

    nacional-socialismo.

    Se os austríacos agarraram-se à tese apresentada na Declaração de Moscou, após a

    Segunda Guerra Mundial, houve um debate amplo na Alemanha que buscava entender

    como a ascensão de Hitler foi possível dentre um povo com um elevado nível cultural,

    cujo país era repleto de universidades. Na década de 1950, Fritz Fischer apresentou em

    Germany’s aims in the First World War a tese de que as raízes do problema já existiam

    desde 1914. Antes da Primeira Guerra a peculiaridade da entrada da Alemanha na

    modernidade, antes exaltada por autores alemães, tornou-se uma das causas do mal

    nazista. Os apontamentos feitos por Fritz Ringer e Nobert Elias derivam justamente

    desse debate sobre a Sonderweg. Foi esse o momento onde surgiu a tese de Ulrich

    Wheler de que a peculiaridade alemã foi algo negativo e gerador de uma burguesia sem

    forças. Tempos depois, na década de 1980, David Blackbourn e Geoff Eley redigiram

    The Peculiarities of German History. Nessa obra aparece uma espécie de balanço em

    que foram abordados os debates sobre a Sonderweg. Nesse sentido foi contestada a ideia

    de que se o modelo alemão seria errado, qual seria então a forma correta de se adentrar

    na modernidade? Os autores apontaram que os modelos americano, francês e inglês

    também diferiam entre si (KOCKA, 1988, p. 3 – 16).

    Jeffrey Herf, em O Modernismo reacionário, observou que o conservadorismo bucólico

    dos alemães, foi mesclado pelos nazistas com as obras mais avançadas de sua

    engenharia, do qual as Autobahnen foram a grande expressão. Muito provável que,

    apesar da busca por um distanciamento, esse fator também exerceu um grande fascínio

    dentre os austríacos. O “romantismo de aço” pregado por Goebbels e as manobras

    nazistas em torno da aura do Führer também indicam uma grande aceitação na Áustria,

    onde mesmo sob chantagens e ameaças, quando o país passou a integrar o III Reich, a

    própria celebração do evento já parecia preparada antes de sua oficialização12. Para

    12 Em depoimento ao jornal alemão DW, o judeu vienense Ari Rath, então com 13 anos naquele 12 de março de 1938, relatou: "Meu irmão e eu fomos visitar nossa avó. Queríamos ver se estava tudo em

    ordem. As casas com as bandeiras com a suástica não foram uma surpresa. O que realmente nos

    surpreendeu foi que naquele mesmo sábado, 12 de março, a polícia de Viena já usava braçadeiras com a

  • 10

    seduzir o espírito de seus seguidores, os nazistas inovavam nas aparições de Hitler e no

    uso do rádio: “Hitler foi o primeiro político do século XX a usar amplamente o avião. O

    rádio espalhava a sua voz e carros velozes aceleravam com ele sobre as Autobahnen”

    (HERF, 1993, p. 217). Foi desse modo que o nazismo conquistou muitos de seus

    seguidores dentre aqueles que Herf definiu como “revolucionários conservadores”, uma

    vez que “a base social da revolução conservadora era a classe média” (1993, p. 35).

    Impossível para Stefan Zweig era compactuar com tal classe média, fosse na Áustria ou

    na Alemanha. Além de judeu, com sua essência pacifista acabava ainda mais esmagado

    pelo nazismo. Provavelmente essa classe média em anos anteriores já havia consumido

    diversas obras do escritor. De qualquer modo, continuava relutante em adotar, nos

    primeiros anos da década de 1930, um posicionamento mais veemente contra o

    nazismo. Por vezes seu pacifismo, sua vontade de distanciar-se, levavam outros que

    lutavam contra o nazismo em meios intelectuais a olhar para Zweig com, no mínimo,

    irritação diante de sua postura pouco combativa a princípio. Klaus Mann, a quem Zweig

    havia incentivado desde 1925, afastou-se do amigo após este afirmar que as eleições de

    1930 e o sucesso nazista haviam sido fruto de uma revolta da juventude. Outra decepção

    do filho de Thomas Mann ocorreu com o recuo do austríaco em colaborar com sua

    publicação antifascista, Die Sammlung. Até mesmo seu suicídio pareceu decepcionar a

    família Mann. Com sua morte, Thomas Mann o classificou como uma espécie de

    desertor. Em carta para sua filha Erika Mann, chegou a levantar suspeita de alguma

    outra motivação, que não somente o desmoronamento de seu mundo:

    E esse Stefan Zweig? Não é possível que tenha se matado por falta de

    esperança, nem por necessidade. A carta que ele deixou é

    absolutamente vaga. O que era para ele uma reconstruction of life que

    pudesse ser assim tão penosa? Deve ter havido alguma ameaça de

    escândalo, provavelmente algo relacionado ao belo sexo. Nem é

    possível comover-se muito, mas de novo se trata de um declínio que

    se assemelha ao triunfo daqueles poderes históricos aos quais não é

    opor resistência (MANN apud KUSCHEL, 2013, p. 173).

    suástica. A coisa já devia estar preparada" (Ari Rath in https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-

    %C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462).

    https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462https://www.dw.com/pt-br/para-%C3%A1ustria-%C3%A9-hora-de-rever-passado-nazista/a-16664462

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    O suicídio de Zweig o colocava, na visão de Thomas Mann, como alguém que mais

    uma vez não havia enfrentado o combate ao nazismo. Uma afirmação demasiadamente

    rigorosa, algo reconhecido pelo próprio Mann tempos depois. No entanto, a

    interpretação que colocava Zweig como alguém inativo na luta contra Hitler, o

    acompanhou em diversos momentos de sua trajetória. Quando realizou uma parceria

    com Richard Strauss para a composição da ópera A mulher silenciosa, muitos viram

    nisso a causa de seu silêncio, pois Strauss havia se tornado presidente da Câmara de

    música do Reich. Por volta de junho de 1933, o escritor compôs um ensaio para que

    fosse uma espécie de manifesto. Esperava que fosse assinado por intelectuais judeus de

    língua alemã. Zweig pretendia que Um protesto na gaveta fosse distribuído no mundo

    inteiro. Porém, não houve adesões, muito provável pelo tom pouco enérgico do

    manuscrito:

    Por isso, declaramos aqui publicamente em nome do povo judaico:

    por mais que recusemos qualquer tentativa de privação de direitos e

    desonra por parte de qualquer nação, estamos prontos a contribuir com

    todas as nações e sua representação conjunta, a Liga das Nações, em

    qualquer solução do problema dos judeus, enquanto corresponder à

    nossa honra e à honra do século. Estamos dispostos a fazer qualquer

    sacrifício a fim de acelerar a construção de uma nova pátria para os

    degredados, examinaremos agradecidos qualquer sugestão; o mundo

    verá o judaísmo alegremente à disposição para todos e para tudo que

    exigir energia, sacrifício, devoção e atitude – exceto reconhecer como

    válida a loucura racista, perigosa para o mundo e chamar alguma vez a

    violência de justiça (ZWEIG, 2013, p. 231).

    Apesar das acusações pesadas de Mann, ou da indiferença daqueles que não aceitaram

    ser signatários de seu manifesto, pode-se atribuir as atitudes de Zweig muito mais a sua

    personalidade. Aquela foi sua forma de reagir ao ocaso de um mundo conhecido e

    presenciado por ele com demasiada intensidade: viu na Itália e na Espanha o desfile de

    jovens uniformizados pelo fascismo, presenciou a partida do imperador austríaco, sentiu

    a esperança dos ingleses no breve momento em que acreditaram no sucesso da política

    de Chamberlain. Suas peregrinações o levaram a ter contato com diversos regimes

    diferentes, da Rússia bolchevique ao Estado Novo de Vargas.

  • 12

    Aquilo que tanto foi cobrado de Stefan Zweig finalmente apareceu de forma mais

    explícita em sua autobiografia O mundo de ontem: memórias de um europeu. Todas

    essas experiências citadas acima aparecem no relato. Agonizou com a anexação da

    Áustria, via os métodos de Hitler e sabia que sua obra iria arder nas fogueiras nazistas.

    Não foi iludido pelo sucesso da Política do Apaziguamento, sabendo que a atuação

    nacional-socialista surpreendia seus inimigos com pequenas doses que testavam os

    limites. Teria sido assim na política internacional e o foi também na perseguição a suas

    obras.

    Hitler não realizou nada mais genial do que essa tática de ir

    experimentando devagar, aumentando cada vez mais a intensidade

    contra uma Europa cada vez mais fraca moral e também militarmente.

    Também a operação – há muito já deliberada – para exterminar

    qualquer liberdade da palavra e qualquer livro independente na

    Alemanha ocorreu segundo o mesmo método de ir experimentando

    aos poucos. Não se decretou logo uma lei – que só veio dois anos

    depois – simplesmente proibindo os nossos livros; em vez disso, foi

    feito um leve ensaio para descobrir até onde se podia ir,

    responsabilizando um grupo oficialmente sem responsabilidade pelo

    primeiro ataque aos nossos livros: os estudantes nacional-socialistas.

    De acordo com o mesmo sistema que encenava a “ira do povo” a fim

    de pôr em marcha o boicote aos judeus, deu-se uma senha secreta aos

    estudantes para que manifestassem publicamente a sua “indignação”

    contra nossos livros. E os estudantes alemães, contentes com qualquer

    oportunidade de mostrar sua atitude reacionária, reuniram-se

    obedientemente em todas as universidades, tiravam os exemplares de

    nossos livros das livrarias e marchavam com o butim para uma praça

    pública carregando bandeiras esvoaçantes. Ali, os livros eram

    pregados no pelourinho segundo velhas tradições alemãs (ZWEIG,

    2014, p. 325).

    O nazismo e a Segunda Guerra Mundial, que trouxeram tantos exilados como Stefan

    Zweig ao Brasil, avançavam em seu enredo até a metade da década de 1940. Muitos dos

    que se refugiaram no país permaneceram, outros buscavam refazer a vida na Europa,

    como o já citado Lustig-Prean. Se o suicídio foi a opção de Stefan Zweig, em vez da

    espera por um desfecho do conflito, que havia alcançado até mesmo o Brasil de seu

    exílio, pode-se ponderar que tal atitude decorria da impossibilidade de retorno, não ao

    seu continente físico, mas ao seu mundo anterior à toda autodestruição que presenciou

  • 13

    ao longo do século XX. Desse modo, classificou a Europa de suicida, escolhido pelo

    próprio escritor.

    O fim do conflito mundial, com a derrota do eixo, foi um fato determinante na vida dos

    exilados alemães. Passou a ser o momento de demonstrar ao restante da humanidade a

    existência de uma “Outra Alemanha”, composta por aqueles que fugiram da extensão do

    nazismo e lutaram, mesmo que do exterior, contra sua influência e contra suas versões.

    No Brasil, os embates aconteceram no sentido de impedir a expansão do Nacional-

    Socialismo dentre as colônias de alemães, como já citado, e também para construir uma

    narrativa frente ao governo brasileiro, nem sempre opositor da Alemanha.

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