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O Quinhentismo no Brasil

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O Quinhentismo no Brasil

Produção literária no

Brasil - Colônia

Literatura de informação e Literatura de catequese

QUINHENTISMO

Literatura dos viajantesLiteratura de viagensLiteratura de Informação

Habitantes (Índios)

Natureza

Fauna

FloraCrônicas, Relatos, Diários de

navegação e Tratados descritivos

PROSA DESCRITIVA

Produção literária

Existia inumeráveis tribos indígenas que ocupava a costa atlântica, disputando sempre os melhores lugares.

Nos últimos séculos, porém, índios de fala tupi, bons guerreiros, se instalaram, dominadores, na imensidade da área, tanto à beira-mar, ao longo de toda a costa atlântica e pelo Amazonas acima.

Não era, obviamente uma nação, porque eles não tinham consciência - de nação - e nem tão dominadores. Eram tão só uma miríade de povos tribais, falando línguas do mesmo tronco, dialetos de uma mesma língua.

Antes da chegada dos portugueses

O que aconteceu, e mudou total e radicalmente seu destino? Foi a introdução no seu mundo de um protagonista novo, o

europeu. Embora minúsculo o recém chegado de além mar era

superagressivo e capaz de atuar destrutivamente de múltiplas formas.

O Conflito aconteceu em vários níveis

No biótico:No ecológico:No econômico e social,

No étnico-cultural,

como uma guerra bacteriológica. pela disputa do território, de

suas matas e riquezas para outros usos.

pela escravização do índio, pela mercantilização das relações de produção, que articulou os novos mundos ao velho mundo europeu como provedores de gêneros exóticos, cativos e outros.essa transformação se dá pela gestação de uma etnia nova, que foi unificando, na língua e nos costumes (índios+negros+europeu).

erro de português

Quando o português chegouDebaixo duma bruta chuvaVestiu o índioQue pena!Fosse uma manhã de solO índio tinha despidoO português

Oswald de Andrade

brasil

O Zé Pereira chegou de caravelaE preguntou pro guarani da mata virgem— Sois cristão?— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da MorteTeterê Tetê Quizá Quizá Quecê!Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!O negro zonzo saído da fornalhaTomou a palavra e respondeu— Sim pela graça de DeusCanhém Babá Canhém Babá Cum Cum!E fizeram o Carnaval

Oswald de Andrade

Século XVI (1500): A metrópole procurou garantir o domínio sobre a terra descoberta, organizado-a em capitanias hereditárias. Enviando negros da África para povoá-la e enviando jesuítas da Europa para catequizar os índios.

A cidade de Salvador, na Bahia, foi povoada por aventureiros portugueses, índios, negros e mulatos.Tornou-se o centro as decisões políticas e do comércio de açúcar.

Século XVII (1600)

Século XVIII (1700): A região de Minas Gerais transformou-se no centro de

exploração do ouro e das primeiras revoltas políticas contra a colonização portuguesa, entre as quais se destacou o movimento da Inconfidência Mineira.

Principais produções do século XVI

A Carta, de Pero Vaz de Caminha; O Diário de navegação, de Pero Lopes de Sousa; O Tratado da terra do Brasil, e a História da província de Santa Cruz que vulgarmente chamamos Brasil de Pero de Magalhães Gândavo; O Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa; Os Diálogos das grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão; A História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador; As Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden; A Viagem a terra do Brasil, de Jean de Levy; O Diálogo sobre a conversão dos gentios, Padre Manuel de Nóbrega. A narrativa Epistolar e os Tratados da Terra e da Gente do Brasil, Fernão Cardim. A carta Mundus Novus (1504 a 1506) Américo

Vespúcio.

A Literatura de Informação

A Carta de Pero Vaz de Caminha

O texto de Pero Vaz de Caminha tem a preocupação básica de informar, procurando transmitir o  máximo possível de dados a respeito do que ocorria e do que o escrivão via, ouvia e sentia. 

O escrivão português foi minucioso na elaboração do seu inventário de diferenças, incluindo não somente pessoas, mas animais, plantas, relevo, vegetação, clima, solo, produtos da terra, etc. 

A Literatura de Informação

Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.

A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador.

A Literatura de InformaçãoAli andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.As meninas da gare

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentisCom cabelos mui pretos pelas espáduasE suas vergonhas tão altas e tão saradinhasQue de nós as muito bem olharmosNão tínhamos nenhuma vergonha 

Oswald de Andrade

A Literatura de Informação

De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito fremosa. (...) Nela até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata... porém a terra em si é de muitos bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar~ dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar"Observe a convivência, no mesmo parágrafo, do propósito mercantilista da viagem (a preocupação com o ouro e a prata) com o espírito missionário (a salvação do índio), que oferecia uma justificativa para a exploração econômica.

A conclusão é edificante:

Carta, de Pero Vaz de Caminha

linguagem clássica, simplificada pela necessidade de tratamento objetivo da matéria;

clareza;

simplicidade; realismo nas observações;

crítica equilibrada e, dentro do espírito humanista, uma constante curiosidade e uma persistente capacidade de maravilhar-se.

Características estilísticas da literatura de viagem do Quinhentismo:

Carta de Pero Vaz

“A terra é mui graciosa,Tão fértil eu nunca vi.A gente vai passear,No chão espeta um caniço,No dia seguinte nasceBengala de castão de oiro.Tem goiabas, melancias,Banana que nem chuchu.Quanto aos bichos, tem-nos muito,De plumagens mui vistosas.Tem macaco até demaisDiamantes tem à vontadeEsmeralda é para os trouxas.Reforçai, Senhor, a arca,Cruzados não faltarão,Vossa perna encanareis,Salvo o devido respeito.Ficarei muito saudosoSe for embora daqui”.

MENDES, Murilo. Murilo Mendes — poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Fado TropicalChico Buarque

Oh, musa do meu fado,Oh, minha mãe gentil,Te deixo consternadoNo primeiro abril,Mas não sê tão ingrata!Não esquece quem te amouE em tua densa mataSe perdeu e se encontrou.

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitanouma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro).Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora...“

Se trago as mãos distantes do meu peitoÉ que há distância entre intenção e gestoE se o meu coração nas mãos estreito,Me assombra a súbita impressão de incesto.

Quando me encontro no calor da lutaOstento a aguda empunhadora à proa,Mas meu peito se desabotoa.

E se a sentença se anuncia brutaMais que depressa a mão cega executa,Pois que senão o coração perdoa".

História da província de Santa Cruz que vulgarmente chamamos Brasil de Pero de Magalhães Gândavo;

E a primeira coisa que [os moradores] pretendem adquirir, são escravos para lhes fazerem suas fazendas e se uma pessoa chega na terra a alcançar dous pares, ou meia duzia deles (ainda que outra coisa não tenha de seu), logo tem remédio para poder honradamente sustentar sua família: porque um lhe pesca e outro lhe caça, os outros lhe cultivam e grangeiam suas roças e desta maneira não fazem os homens despensa em mantimentos com seus escravos, nem com suas pessoas. (cap IV).

Das plantas, mantimentos e fruitos que há nesta Província”. Uma planta se da também nesta Província, que foi da ilha de São Tomé, com a fruita da qual se ajudam muitas pessoas a sustentar na terra. Esta planta he mui tenra e não muito alta, não tem ramos senão umas folhas que serão seis ou sete palmos de comprido. A fruita dela se chama banana. Parecem-se na feição com pepinos, e criam-se em cachos. [...]  Esta fruita é mui saborosa, e das boas, que a na terra: tem uma pele como de figo (ainda que mais dura) a qual lhe lançam fora quando a querem comer: mas faz dano à saúde e causa fevre a quem se desmanda nela. (cap V).

Os representantes mais importantes da Literatura Jesuítica foram os padres José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Fernão Cardim.

Literatura de catequese

Padre José de Anchieta. Nasceu em 19 de março de 1534, em Tenerife, arquipélago

das Canárias.

Em Coimbra, formou-se em Filosofia e ingressou na Companhia de Jesus, com 17 anos.

Veio para o Brasil com 21 anos de idade, em 1555, acompanhando a missão jesuítica com o segundo governador geral, Duarte da Costa.

Os índios chamavam-no de Supremo Pajé Branco.

Em 1556, um ano após sua chegada ao Brasil, fundou um colégio em pleno planalto paulista, embrião da cidade de São Paulo.

Faleceu no litoral do Espírito Santo (Reritiba) na atual cidade de Anchieta, em 1597.

Escreveu a primeira gramática do tupi-guarani, verdadeira cartilha para ensino da língua aos nativos: Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil (1595). 

Anchieta escreveu poesias, peças teatrais, cartas e sermões. Merece destaque, no entanto, apenas a parte poética e teatral. 

Na poesia, sua linguagem é simples, os versos são curtos (redondilha menor) e o assunto é sempre religioso, de contestação aos bens terrenos.

Suas poesias somente foram reunidas numa edição completa e uniforme em 1954, por ocasião do IV Centenário de São Paulo.

Sua peça mais admirada é Na Festa de São Lourenço, representada pela primeira vez em Niterói, em 1583. A maior parte dos versos foi redigida em tupi; o restante, em espanhol e português.

OBRAS DE ANCHIETA   Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil

(1595) Informações (1933) Cartas (1933) Fragmentos Históricos e Sermões (1933) Na Festa de São Lourenço (teatro) Na Visitação de Santa Isabel (teatro)

POEMAS FAMOSOS DE ANCHIETA A Santa Inês Do Santíssimo Sacramento Em Deus, Meu Criador Poema à Virgem