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O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que faz com o que sabe. Página 1 Este livro lhe foi dado de graça, você não precisou pagar nada por ele. E a única coisa que lhe peço é que nunca dê este livro a ninguém, nunca o envie por e-mail ou por qualquer outro modo de envio on-line. Se você achar que algum amigo ou parente merecer ler este livro, se quer que seus alunos ou colegas de academia o recebam, não envie o livro a eles, envie o mesmo link que você utilizou para recebê- lo. Dessa forma você estará ajudando a mim e aos outros autores deste livro. Isso vai nos incentivar a escrever e publicar outros livros como este. Ao enviar o livro ao invés de enviar o link do livro, você está destruindo nossos esforços e perderemos o incentivo para continuar com nosso trabalho. Ao lhe permitirmos acesso a este livro estamos confiando em você, acreditando que você seja uma pessoa ética, decente, correta e que vai nos ajudar na semeadura das informações que estão aqui divulgando apenas o link para que a pessoa baixe o livro, ao invés de enviar o livro que você já baixou o que prejudicaria a todos nós e por consequência a você mesmo (basta copiar e colar o link abaixo no e-mail que vai enviar para seu amigo): http://perfeitaoportunidade.com.br/receba-gratis-o- maior-livro-de-kung-fu-ja-publicado-no-brasil/

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O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que faz com o que sabe. Página 1

Este livro lhe foi dado de graça, você não precisou pagar nada por ele.

E a única coisa que lhe peço é que nunca dê

este livro a ninguém, nunca o envie por e-mail ou por qualquer outro modo de envio on-line.

Se você achar que algum amigo ou parente merecer ler este livro, se quer que seus alunos ou colegas de academia o recebam, não envie o livro a eles, envie o mesmo link que você utilizou para recebê-lo.

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[BUDISMO FILOSOFIA DOS PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS] Coach Marco Natali

O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 2

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[BUDISMO FILOSOFIA DOS PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS] Coach Marco Natali

O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 3

BUDISMO A

FILOSOFIA DOS

PRATICANTES DE

ARTES MARCIAIS

Uma Pequena Abordagem à Filosofia e

Espiritualidade Marcial

Marco Natali

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 4

Mensagem

Existem pessoas que ao passarem por este mundo fazem de seus ideais a tarefa de levar amor e sensibilidade aos corações que delas se aproximam. Da mesma forma que o jardineiro não consegue tirar das mãos o perfume das flores que colhe, tais pessoas mantêm no semblante a irradiação do amor que exprimem. Que tuas pegadas sobre a Terra sejam marcos preciosos atestando que por estes caminhos passa um ser humano que se lembra do exemplo do Buda e sabe, como ele, num ato de respeito às bênçãos que recebemos da Mãe Natureza, doar-se com amor em prol de um ideal construtivo e gratificante, que contribui para fazer de nosso pequenino planeta um mundo melhor.

Marco Natali

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Dedicatória:

Dedico este livro a três benfeitores.

Primeiramente a Nelson Herbst, meu amigo, irmão, camarada, companheiro de jornada em vários momentos desta vida que nos ensejaram oportunidades de ajudarmos muitas pessoas, uma missão de vida excelente para cada um de nós.

Dedico-o também a meus benfeitores intencionais e aos meus

benfeitores não intencionais: Benfeitores intencionais: À minha esposa Marli. A meus filhos Fábio e Cristiano. Aos meus netos Danilo e Amanda. À minha nora Patrícia. Aos meus discípulos fiéis. Àqueles que me defendem e defendem meu trabalho com carinho e denodo apesar do pouco que faço por eles. Aos amigos que têm me apoiado apesar de meus poucos méritos. Aos verdadeiros Artistas Marciais, que não se preocupam em julgar nem em difamar os praticantes de estilos diferentes dos seus. Aos verdadeiros Mestres de Artes Marciais que se preocupam em transmitir valores éticos e morais a seus discípulos e não apenas as técnicas físicas. Benfeitores não intencionais: À fome que me ensinou a trabalhar.

Ao precário resultado de meus esforços que me fez livre. Às pessoas que (muitas vezes sem nem mesmo me

conhecer) não me apreciam nem a meu trabalho e que, por me caluniarem, ensinaram-me a lutar, a tornar-me consciente de minhas habilidades e a permanecer no reto caminho.

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Que meu trabalho seja abençoado para que um dia eu possa realizar algo tão bom que tenha algum valor e mereça a gratidão daqueles a quem dedico minhas obras.

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Este livro lhe foi dado de graça, você não precisou pagar nada por ele.

E a única coisa que lhe peço é que nunca dê

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Faça isto antes de prosseguir na leitura:

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Donnie Yen-甄子丹 Official

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Se você quer saber como foi o seu passado, olhe para quem você é hoje; se quer saber como será seu futuro, olhe para o que está fazendo hoje. Siddhartha Gautama

(o Buda)

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As lições do curso a distância da Fraternidade Kung Fu são ricamente ilustradas e você também recebe acesso a vídeos que demonstram as técnicas apresentadas. Amostras das ilustrações estão nesta e na próxima pagina:

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A História do Kung Fu

A palavra "Kung Fu" pode ser traduzida como "Maestria", "Habilidade e eficiência" e "Domínio alcançado com o tempo". Os autores mais respeitados a traduzem por "Tempo de Habilidade" e usam-na para designar as pessoas que tenham se dedicado por um longo tempo ao domínio técnico de uma disciplina até ao ponto em que possam expressá-la com o máximo de habilidade. Certa feita uma pessoa que nem me conhece me criticou alegando que a palavra Kung Fu não significa “Tempo de Habilidade”, mas meses depois o Jet Li publicou um artigo e nesse artigo disse que a palavra Kung Fu se traduzia exatamente como eu sempre ensinei, fiquei feliz com isso. Eu a aprendi com meu professor de chinês na USP e sempre acreditei que estivesse certo, mas foi muito bom ter isso confirmado pelo Jet Li(*). No Oriente a palavra Kung Fu nunca é utilizada para designar a arte marcial; dá-se preferência ao uso de dois outros termos, a saber: Wu Shu - (Wu = Guerra e Shu = Arte). Kuo Shu - (Kuo = Nacional e Shu = Arte). (*) Devido a meus problemas de memória eu pensava que havia sido o Jackie Chan, mas graças a meu amigo Edson Conselheiro descobri que foi o Jet Li e pude corrigir.

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O termo Wu Shu possui uma conotação superior àquela que é atribuída a Kuo Shu. As palavras Wu Shu servem para designar todas as artes guerreiras, militares ou marciais. Em 1928 o governo chinês adotou universalmente a expressão Kuo Shu para designar as artes marciais de origem chinesa, dessa forma distinguindo-as de suas sucedâneas coreanas e japonesas. Enquanto a expressão Wu Shu é usada genericamente, englobando todas as artes marciais conhecidas, a expressão Kuo Shu é usada para designar apenas as artes marciais de origem comprovadamente chinesas. Devido à imensa riqueza do idioma chinês é possível o uso de outros termos para se expressar a arte marcial.

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É muito comum a designação "Ch‟Uan Shu" para significar um determinado conhecimento marcial ou mesmo um estilo.

O termo Ch‟Uan designa a arte do uso dos punhos ou mesmo o boxe chinês - que é o nome usado para designar o Kung Fu em todo o Oriente. O próprio Bruce Lee usou o ideograma Ch'Uan no frontispício de sua obra "Chinese Gung Fu, the Philosophical Art Of Self Defense". A palavra Kung Fu (ou Gung Fu em dialeto cantonês) é usada aqui no Ocidente para nomear todas as artes marciais de origem chinesa. O povo chinês sempre foi possuidor de um grande espírito

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guerreiro, que fez de seu país, em épocas passadas (Dinastia Shang -1.766 a 1.122 a.C), o país mais poderoso da Terra. Segundo os historiadores, esse poderio militar se desenvolveu graças às invasões estrangeiras e às revoluções entre os senhores feudais e os imperadores chineses. Naquela época, a imensidão do território chinês era disputada pelos cobiçosos monarcas bárbaros que habitavam as terras vizinhas. Como levavam semanas e até meses para deslocar as tropas imperiais para defender as longínquas fronteiras, a família imperial usou o recurso desesperado de delegar poderes aos nobres da corte. Esses nobres, que passaram a ser conhecidos como senhores feudais, receberam imensas porções de terras, semelhantes aos condados outorgados à nobreza na Inglaterra medieval. Dessa forma passaram a receber grande parte das riquezas produzidas por seus vassalos e metade das colheitas e das extrações minerais, mas eram obrigados a defender suas terras e a vida de seus súditos com seus próprios recursos. Os senhores feudais se viam obrigados a sustentar imensos exércitos, que em tempos de paz se dedicavam intensamente às técnicas marciais. Por volta dos séculos II e III, aconteceram grandes batalhas internas entre os senhores feudais que desejavam ampliar seus domínios. Essa época, denominada "Época dos Reinos Combatentes", fez com que milhares de homens se enfrentassem, e as crônicas da época relatam formidáveis batalhas que terminavam com a morte de 70, 80, e até 400 mil homens. Os

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vencedores não admitiam sobreviventes e aqueles que não pereciam no ardor da batalha eram sumariamente decapitados. Antes do advento do Comunismo a China era flagelada pela opressão da classe dominante sobre o povo. Depoimentos de correspondentes e missionários ocidentais atestam que antes da Segunda Guerra Mundial a fome imperava entre o povo e era comum a presença de cadáveres flutuando por entre a imensa quantidade de juncos chineses. O povo com fome não tinha sequer um lugar onde morar e muitas famílias eram julgadas abençoadas por possuir um barco onde viviam amontoadas como ratos. Houve época em que a vida humana não tinha mais valor e que se matava por um prato de comida. Esse quadro de horrores fazia com que o povo também se interessasse pelo aprendizado de técnicas marciais que fossem úteis para a defesa de si mesmos e de suas famílias. Para se ter uma vaga ideia do poderio da família imperial sobre a grande massa do povo, basta mencionar que, em determinada época, com exceção da família do imperador, o povo era obrigado a se vestir sempre de preto. Preservando a memória deste tempo de opressões os praticantes de Kung Fu do mundo todo ainda usam uniforme preto, identificando-se com o povo chinês. Durante bom tempo uma das maneiras mais fáceis de identificar o falso praticante ocidental de Kung Fu era pela cor de seu uniforme de treino. Normalmente os treinamentos do Kung Fu são efetuados de calça e camiseta e o uniforme cerimonial é preservado para ocasiões especiais ou para os mestres.

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Quando o uniforme cerimonial (denominado IFU) possui botões, mangas ou golas de cor branca, indica que o mestre ou o pai do praticante é falecido. O branco é o sinal de luto na cultura chinesa e usar uniforme branco ou com partes brancas estando o mestre ainda vivo é sinal de grande ignorância e temeridade do praticante. Outra coisa a se notar é que, no mundo inteiro, o Kung Fu não usa faixa como sistema de graduação. O máximo que se admite é o uso de uma faixa de cor única (geralmente vermelha), que será usada por todos os participantes, independente de seu estágio ou grande domínio técnico. Não tendo faixa e sequer qualquer outro sistema de graduação, o praticante de Kung Fu é avaliado em primeiro lugar por suas realizações em prol da preservação e divulgação de seu estilo, e em segundo lugar pelo número de anos que se dedica à prática do Kung Fu e pelas distinções que tenha obtido em campeonatos e apresentações públicas. A China, mais que qualquer outro país do mundo, situa-se em uma posição geográfica de isolamento total. Isolada ao norte pelas amplidões dos desertos da Manchúria e da Mongólia, e para além deles a imensidão gelada da Sibéria, a nordeste pelo Himalaia que vai até o sul e sudeste e a leste pelo oceano Pacífico, os chineses foram forçados a desenvolver sua própria cultura, sem influências do mundo exterior. À semelhança de outros povos da antiguidade, os chineses possuíam um modo de vida relacionado com a natureza e com a vida agrícola.

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Quem constata o comportamento mesquinho de certos “mestres” chineses que ensinam Kung Fu no Ocidente e que adotam a fofoca e o vilipendio como reação habitual aos outros mestres, não consegue entender como pessoas tão ignorantes e primitivas podem ter antepassados tão ilustres. Os antigos chineses souberam, como nenhum outro povo, deduzir dos fenômenos da natureza certas leis e princípios que passaram a fazer parte de uma filosofia de vida e de uma sabedoria excepcionais. Através da observação dos animais criaram exercícios especiais para fortalecimento e agilização do corpo. Embora na antiguidade (por volta de 4.000 anos antes de Cristo) esses exercícios fossem usados com o objetivo de preservar a saúde, com o correr do tempo foram transformados em estilos de luta e em escolas internas e externas. As internas dedicam-se aos estilos suaves e as externas aos estilos duros. Em recordação a essas origens muitos estilos modernos ainda mantêm, em seus nomes, referências aos movimentos dos animais de onde se originaram. Por exemplo: "Tong Long" (Louva-a-Deus), "Fei Hok Pay" ou "Bay Hok Pay" (Garça Branca), "Fan Tzi" (Águia), "Fu Jow Pay" (Tigre) etc. Das séries animais mais conhecidas na antiguidade, destaca-se em importância a "Wu Chin Si" atribuída ao grande médico e anestesista "Hua To", e que incluía o veado, o macaco, a águia, o urso e o tigre. É imensa a quantidade de estilos existentes no Kung Fu. Estima-se que só na cidade de Hong Kong existam cerca de 360 estilos.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 28

Essa grande variedade de estilos se deve à imensa população da China (é o país mais populoso do mundo) e à grande antiguidade do Kung Fu (situado historicamente pela primeira vez no ano 2674 antes de Cristo). Os primeiros estilos foram criados pelos clãs (famílias) e mantidos como segredo através das gerações. Era muito comum que, ao herdar um determinado estilo um membro dessa família acrescentasse alguns movimentos por sua própria conta, e o estilo original sofria diversas alterações de geração para geração. Com o passar do tempo o mesmo estilo se desmembrava em vários estilos menores, que por sua vez iriam se dividir em outros e assim por diante. As diferentes escolas de Kung Fu recebem na China uma divisão empírica, que as denomina como Escolas do Norte e Escolas do Sul. Essa denominação surgiu devido ao fator geográfico que influenciou no desenvolvimento dos estilos básicos. Graças à grande extensão do continente chinês, suas regiões do norte e do sul caracterizavam-se por marcantes diferenças no que tange ao solo e aos acidentes geográficos. Daí surgir o conceito "Na Kuen Pat Tui", que em chinês significa: ”Punhos no Sul, pernas no Norte." Os povos do norte habitavam as montanhas, e, portanto, tinham pernas fortes e se especializaram no desenvolvimento de estilos que fossem favoráveis ao uso dessa predisposição natural.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 29

Os povos do sul habitavam os pântanos, nas várzeas onde semeavam o arroz e nas barcas atracadas às margens dos rios. Por força dessas circunstâncias precisavam manter o equilíbrio de forma precária e se tornaram exímios cultores dos estilos em que predominava o uso dos braços. Além da influência geográfica que acabamos de examinar, o Kung Fu se desenvolveu sob as características das religiões e filosofias mais marcantes de sua cultura. No início da Era Cristã as escolas budistas originárias da Índia tiveram grande ascensão dentro da civilização chinesa, passando a ter certa influência política. Os líderes do Budismo chinês eram agraciados pelo imperador com cargos públicos. Esses fatos perturbaram muito os praticantes da filosofia taoísta, criada por Lao Tsu, que se viram na contingência de transformar sua filosofia em religião em busca do prestígio que tinham perdido. Essa transformação do Taoísmo em religião foi tão radical que, para concorrer com as divindades budistas, foram instituídos os "Imortais", que eram semideuses taoístas. Desses imortais, os mais famosos foram os "Oito Imortais Bêbados", que deram origem ao estilo "Chui Pa Hsien", mais conhecido como "Estilo dos Bêbados". Para diferenciar as escolas de Kung Fu de origem taoísta das de origem budista, foram criados os termos "Nei Chia" (escola interna) e "Wai Chia" (escola externa).

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 30

As escolas taoístas (internas) caracterizam-se pelos movimentos lentos, pela respiração profunda e pelo estudo das energias internas exemplo: o “T‟AI CHI CHUAN”. As escolas budistas (externas) caracterizam-se pelos movimentos rápidos e agressivos e pela busca de praticidade em situações de luta exemplo: o “SHAOLIN”. Na época da dinastia Chou, os homens estavam cansados das guerras e revoluções que esfacelavam o império chinês. Muitos desses homens foram para os bosques e montanhas buscando refúgio na vida solitária e na convivência com a natureza. Esses ermitãos professavam a filosofia do "Tao" (caminho), daí serem conhecidos como taoístas. Esse conceito denominado “Tao" não pertence aos taoístas, tendo surgido no alvorecer da civilização chinesa e sendo atribuído ao filósofo Fu Hi.

O conceito original foi ampliado através dos ensinamentos de Lao Tsu (também conhecido por Lao Tse, Lao Zi ou Li Ehr, segundo diferentes dialetos). As escolas taoístas passaram no decorrer da história por três etapas sucessivas e independentes: A fase filosófica (Tao Kia),

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a fase mágica-alquimista (Tao Kiao) e a fase religiosa (Ching Kia). A respeito de fase religiosa, já explicamos anteriormente que ela surgiu como consequência da influência budista sobre a cultura chinesa. A fase mágica-alquimista foi a mais pobre e a mais extensa das fases do taoísmo, fundamentando seus dogmas na crença da possibilidade de imortalidade e na fábula da existência de uma erva que a concretizaria. A erva da imortalidade (Ling Chi Tsao) e a busca dos gênios imortais (Hsien) foram a preocupação maior e a razão máxima que motivou grande parte dos filósofos taoístas nessa fase. Quanto à fase filosófica, sua base apóia-se na obra “Tao Te Ching”, de Lao Tsu (604-517 a.C).

Nessa obra de grande profundidade e de difícil interpretação, você tem a oportunidade de encontrar uma das mais sensíveis contribuições do pensamento chinês. Já foi traduzida para o português e existem pelo menos 12 traduções diferentes ao alcance do público brasileiro nas boas livrarias.

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Lamentavelmente muito se perde nessas traduções e embora tenhamos comparado três das melhores versões para podermos aconselhar sua aquisição ao leitor, nenhuma delas nos satisfez o suficiente. Essa obra contém muitos ensinamentos que incentivam a meditação, a busca interior e as técnicas respiratórias (mais tarde adotadas no T‟Ai Chi Chuan").

Exemplo de citação: "O sábio fecha a boca e os olhos, anula os sentidos e se torna impenetrável ao mundo exterior, abrindo-lhe apenas o coração." É lamentável que a maioria dos professores de “T‟Ai Chi Chuan" não se interessem em (ou não saibam como) transmitir os conhecimentos da filosofia taoísta a seus alunos.

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Ao invés disso, preocupam-se mais com os conceitos taoístas (da fase mágica-alquimista) sobre os métodos de respiração e mentalização com objetivos de alcançar a longevidade. Um dos conceitos mais populares entre os taoístas da antiguidade, dizia respeito ao retorno ao "Tao" após a morte. A morte para eles era uma forma de libertação onde iriam colher os frutos da experiência que acumulavam durante a vida terrena. Para se acumular o maior número possível de experiências, fazia-se necessário ter uma vida o mais longa possível, por isso cuidavam muito de assuntos relacionados com alimentação, exercícios, higiene, equilíbrio energético do corpo e Medicina. Incentivavam a fluência da energia do Tao (Chi), através de massagens Tui Ah (ou Do-in), exercícios respiratórios Chi Kung e da exposição do corpo à luz solar e lunar. Por volta do ano 120 a.C., surgiu a obra "Huai Nan Tsu", onde são citadas as técnicas para se obter a vida eterna. Tais técnicas se baseavam em métodos respiratórios e em ginásticas especiais, em muito semelhantes aos estilos antigos de "T'Ai Chi Chuan" e "Pa Kua". Essa busca da imortalidade contribuiu para o surgimento dos primeiros conceitos sobre Acupuntura (medicina chinesa com agulhas), no tempo do imperador Huang Ti.

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Inúmeras lendas relatam a história de Chao Tao Ling (34-156 D.C) que teria sido um grande mago alquimista, especializado na fabricação de talismãs, tendo criado uma sociedade secreta onde ensinava Alquimia e a fórmula para a vida eterna. Segundo se conta, teria ascendido aos céus sobre as costas de um tigre em plena luz do dia, levando consigo a sua esposa e dois dos discípulos mais fiéis.

Dentre os termos chineses a expressão "Chi" é utilizada para designar a energia do Tao, que se manifesta nas múltiplas formas do Universo, e que é a responsável pela manifestação da vida nas diferentes espécies existentes sobre a Terra.

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Trata-se de uma energia interna, misteriosa, de natureza psicofisiológica, responsável pela manutenção da vida de todos os seres. Segundo as teorias da Acupuntura e do Do-ln (temas que serão estudados posteriormente na Fraternidade Kung Fu), a doença se manifesta quando a energia "Chi" se encontra bloqueada em um dos meridianos (Ching) do corpo.

A ação terapêutica do Do-ln e da Acupuntura consiste em pressionar com os dedos ou puncionar com agulhas esses meridianos, fazendo com que essa energia volte a fluir novamente. Segundo os métodos "Noi Kung" e "Chi Kung" das escolas taoístas, o praticante de Kung Fu aprende a centralizar o "Chi" no "Tai Tien" (Tanden em japonês), um ponto localizado a alguns centímetros abaixo do umbigo.

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Conta-se que alguns praticantes mais experimentados eram capazes de arremessar essa energia a tal ponto que podiam derrubar um adversário a vários metros de distância. Uma das técnicas mais famosas que emprega o uso dessa energia é a “Tie Sa Chang”, mais conhecida como "Palma de Ferro".

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Os Precursores No início da Era Cristã (141 a 203 d.C.) viveu na China um grande médico que ficou conhecido como O Pai da Educação Física. Esse médico, cujo nome era Hua-To, nasceu no Distrito de Po, na Província de Anewei e se tornou muito famoso por ser o primeiro médico cirurgião a usar analgésicos ao realizar suas operações.

Mas para os praticantes de Kung Fu, ele merece ser lembrado pela criação de uma série de exercícios que, imitando o comportamento de cinco animais, teria fundamentado a origem de alguns dos estilos de Kung Fu que seriam matrizes dos estilos existentes em nossos dias. A famosa série dos cinco animais de Hua-To tinha por objetivo agir como um preventivo contra as enfermidades e constituir-se em um método de exercício cotidiano.

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Essas séries de movimentos passaram a ser conhecidas sob o nome "Wu-Chi-Si" e, para motivar melhor seus praticantes, acabou por se tomar um dos primeiros estilos de luta interna. Segundo registros históricos dessa época, o método de Hua-To consistia em exercícios físicos onde se dava grande importância às práticas respiratórias e que poderiam ter utilidade como defesa pessoal. A história registrou também que dois de seus discípulos (Wu-Pu e Fae-Ya) viveram mais de 90 anos, sem perder um só dente e mantendo a vista e os ouvidos tão aguçados quanto na juventude. Hua-To praticava regularmente esses exercícios e insistia em divulgá-los ao povo. Esses exercícios consistiam num Tchia Dsu (também chamado Kuen), semelhante aos Tchia Dsu de alguns estilos de Kung Fu dotados de movimentos amplos ainda existentes em nossos dias. Tchia Dsu são os movimentos formais de cada estilo. Em japonês chama-se Kata e por essa razão alguns praticantes de Kung Fu que tentam “achinezar” termos japoneses os chamam de Catí. Esse tipo de movimentação era denominado "Chung Chuan" ou "Cheong Kuen". Os movimentos eram suaves, flexíveis e amplos, ao passo que a respiração era relaxada e natural: o inverso dos estilos externos onde a respiração era forçada pelos músculos abdominais. Esses exercícios também tinham a intenção de manejar a

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manifestação energética da natureza denominada YING e YANG, servindo de base, portanto, para o surgimento dos estilos internos que vieram posteriormente a essa época (T'Ai Chi Chuan, Pa Kua e Hsing I). Dentro do folclore do Kung Fu, existe um personagem marcante cujas lendas ainda são narradas pelos mestres de Kung Fu no mundo todo. Esse personagem era conhecido pelo nome de Kwang Kung e as histórias sobre ele são contadas em uma obra clássica da literatura chinesa denominada "Os Três Reinos", onde ele é descrito como um homem de alta estatura e possuidor de grande força e coragem, o que o tornava um guerreiro temido e respeitado.

Kwang Kung era o soberano de uma vasta região da China e era muito habilidoso nas artes estratégicas e no Kung Fu. Nesta obra existe uma passagem a respeito de uma ocasião em que Hua-To fez uma operação no braço de Kwang Kung.

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Hua-To foi o criador do primeiro medicamento anestésico conhecido homem. Esse remédio, denominado Ma-Fei-San, permitia a realização operações mantendo o paciente sob anestesia geral.

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Segundo contam os relatos da época, Kwang Kung teria sido ferido uma flecha e ao tentar retirá-la quebrou-a dentro do braço. Hua-To foi chamado para extrair a ponta da flecha e ofereceu a aplicação de seu famoso analgésico para que não houvesse dor durante a cirurgia, mas Kwang Kung o recusou e preferiu se distrair durante a operação jogando um espécie de xadrez chinês (como você vê na ilustração da página anterior). Hua-To abriu o braço de Kwang Kung, extraiu-lhe a ponta da flecha, limpou a ferida e costurou as carnes no lugar sem que este pronunciasse uma palavra de dor! Um dos inimigos de Kwang Kung chamado Chou-Chou e que também era soberano de um dos reinos em que a China estava dividida nesse período, ficou espantado com o restabelecimento rápido de seu inimigo e com a rapidez com que retornou aos campos de batalha. Algum tempo depois Chou-Chou foi acometido de violenta dor de cabeça e chamou Hua-To para que a curasse. Depois de diagnosticar a origem dessa dor Hua-To informou que seria necessária uma operação e que teria de abrir-lhe a cabeça. Chou-Chou achou que o médico tinha tramado algum método para assassiná-lo e mandou executar Hua-To. Tempos depois o próprio Chou-Chou morreria em uma crise fortíssima de dores de cabeça - provavelmente de algum tipo de tumor cerebral. Go-Ko-Hung (mestre que retém a simplicidade) viveu na China por volta de 254 a 334 d.C, tendo escrito uma obra chamada

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"Nuy-Pi-En" (Textos Interiores), que tratava de fórmulas da Alquimia sobre a transmutação dos metais e fórmulas mágicas sobre o prolongamento da vida.

Entre os métodos de longevidade citados em sua obra incluíam-se os exercícios com práticas respiratórias e mentalizações energéticas que seriam adotadas pelas escolas de Kung Fu internas. Li-Chih-Min transformou o Taoísmo em religião imperial por volta do ano 300 a 600 d.C.

Essa fase religiosa do Taoísmo surgiu, como já dissemos antes, como uma reação às influências do Budismo. Constituíram-se ordens monásticas, com extensa liturgia, com

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cânones dogmáticos e grande quantidade de templos e uma série de divindades. Em sua origem tanto o Budismo como o Taoísmo eram apenas filosofias sem pretensões religiosas. No entanto, as ramificações que ocorreram após a morte de Buda criaram duas escolas principais - a Mahayana (Grande Veículo) e a Hinayana (Pequeno Veículo), das quais, a primeira passou a divinizar a figura de Buda e a admitir conjeturas sobre a vida após a morte e outros conceitos sobre a existência de deuses e da reencarnação. O sucesso da seita Mahayana trouxe aos monges budistas um vasto poderio político que provocou um certo ciúme por parte das autoridades taoístas que, por suas origens chinesas (o Budismo veio da Índia), exigiam igual número de regalias. Para ascenderem ao mesmo plano de influência política e social do Budismo, os patriarcas do Taoísmo decidiram transformá-lo em religião e idealizaram uma série de divindades, chegando ao ponto de alegar que o Buda era apenas uma encarnação de Lao-Tse (o criador do Taoísmo). Dentre a plêiade de divindades taoístas criadas para satisfazer a curiosidade popular, as que se tomaram mais famosas foram os "Pa Hsien" ou "Oito Imortais", que dariam origem a um estilo denominado "Chui-Pa-Hsien" -o estilo dos oito imortais bêbados.

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Historicamente falando a origem desse Tchia Dsu (que estudaremos mais tarde no curso à distância da Fraternidade Kung Fu), nada tem a ver com a religião taoísta originada no tempo de LiChih-Min. A origem do estilo dos oito imortais bêbados situa-se em um Tchia Dsu da escola Ti Tang, método da China do norte, que se baseava em movimentos que deveriam ser usados caso o lutador viesse a cair ao solo durante uma luta. O praticante do "Chui-Pa-Hsien" executa uma série de movimentos de grande grau de dificuldade técnica, movendo seu corpo como se estivesse bêbado a ponto de aparentemente perder o equilíbrio e cair no chão. O sucesso desse estilo foi imitado por outras escolas de Kung Fu externo e em nossos dias existem "estilos do bêbado", nas escolas "Tai Shing" (estilo do macaco), "Fey-Hok-Pay" (estilo da garça), "Tong-Long" (louva-a-deus) e "Choy Lay Fut". No estilo Tai Shing esse Tchia Dsu se caracteriza por uma mescla dos movimentos do macaco no solo - o corpo do

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praticante fica quase ajoelhado e algumas vezes com as costas ou a parte de cima da cabeça no chão. No Choy-Lay-Fut o Tchia Dsu Chui-Pa-Hsi-En (note a grafia diferente) é transmitido juntamente com uma série de Tchia Dsu avançados denominados: "Sup Pat Law Hon Yik Gun Ching" (sistema interno dos oito budas), "Pa Kua Sum Kuen" (Tchia Dsu dos oito trigramas), "Fey Hok Da Kuen" (Tchia Dsu serpente contra o grou). O "estilo do bêbado" tornou-se muito popular em nossos dias graças ao desempenho do ator chinês Jackie Chan que executou em um de seus filme uma estilização coreografada do Tchia Dsu do bêbado do estilo Tai Shing. Veja ilustrações desse filme a seguir:

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O estilo Hsing I (pronuncia-se Chin i) foi criado pelo general Yueh-Fei (1102-1141), durante a dinastia Sung.

Mais tarde estudaremos no curso a distância da Fraternidade Kung Fu a vida desse grande praticante de Kung Fu e entraremos em maiores detalhes sobre o tema. A peregrinação dos monges budistas e taoístas pelo Tibete trouxe influências novas para os estilos de Kung Fu chineses. Essas influências foram mais marcantes nas escolas Fey Hok Pay e Hop Gar. O estilo Fey Hok Pay, também conhecido como "Pay-Hao", "Bai Hok Pay", "Hao Chuan" e "Pae Hok" e o estilo Hop Gar se desenvolveram sob as influências do Budismo Vajrayana do Tibete e foram levados pelos monges budistas e tibetanos que peregrinaram por esse país até Cantão, no sul da China.

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Chang San Feng (ou Chang San Fong) que também viveu na dinastia Sung, teria, segundo as lendas, dado origem ao TAi Chi Chuan, o mais famoso estilo interno de Kung Fu. Segundo se conta, teria sido monge budista (embora outros autores o citem como tendo sido monge taoísta) do mosteiro "Shaolin-Chi" e era um grande especialista no método de luta desse mosteiro -o estilo Shaolin. Narra a lenda que esse monge estava meditando em um templo da montanha de Wu-Tang-Shang e se questionava a respeito das vantagens e desvantagens de se vencer uma luta e qual o significado da vitória em um combate. No momento em que meditava sobre esses assuntos ouviu um

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barulho no pátio do templo e pôde observar pela janela uma luta entre um grou e uma serpente.

Observando os movimentos circulares da serpente, que se esgueirava pelo chão, escapando habilmente aos movimentos furiosos do grou, percebeu as vantagens da esquiva e dos movimentos que diluem a força de ataque do adversário e teria, segundo a lenda, estabelecido as bases para a criação do T'Ai Chi Chuan. Outras lendas dessa mesma época dizem que Chang San Feng teria criado o T'Ai Chi Chuan a partir de um sonho em que o teria aprendido de certos personagens misteriosos denominados "Homens do Dragão de Fogo". Observando-se o uso da energia interna na prática do T'Ai Chi Chuan e a movimentação tipicamente flexível que o diferencia dos estilos originários em Shaolin, temos razões para crer que Chang San Feng era um monge taoísta e não um monge budista. Considera-se Chang San Feng como pai do Nei Kung e a montanha Wu-Tang-Shan é citada como o local de origem dos estilos "Wu Tang Pai" e "Pa Kua Chuan". Essas informações fazem parte da obra de Yuan-Ch'U-T'Sai, o "Wu Tang Pa Kua Chuan", o "Mo-Kik" e o "Lo-Hon-Kuen".

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O Templo Shaolin Ainda nos tempos de hoje existe um templo budista na montanha de Soong Shan, na província de Honan, que foi fundado no início da era cristã e cujos feitos relativos ao desenvolvimento e a preservação do Kung Fu o tornaram lendário.

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Logo após as escadarias de sua entrada principal ainda existe uma placa onde se pode ler em chinês arcaico os seguintes ideogramas: "Shao-Lin-Chi", que podem ler traduzidos por: "Templo da Jovem Floresta" ou "Monastério do Pequeno Bosque". A tradição oral que tem prevalecido na cultura do povo chinês afirma que as artes marciais duras (escolas externas) "Wai Chia" se originaram nesse templo. As artes marciais que ali foram praticadas acabaram por receber o nome de "Shaolin Chuan" (arte dos punhos da jovem floresta) tornando-se a base sobre a qual seriam estabelecidos os mais de trezentos e sessenta estilos de Kung Fu que ainda existem em nossos dias. A origem do templo fundamenta-se em causas exclusivamente religiosas. O templo Shaolin era um monastério onde o povo chinês se

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refugiava em busca da paz e da tranquilidade necessárias à realização de sua busca espiritual. O cidadão comum desse período da história da China tinha sua vida nas mãos do imperador, que era um déspota com direito absoluto sobre seus súditos. Mas, devido às crendices da época, quando uma pessoa dedicava sua vida à busca espiritual deixava de ser um cidadão do mundo e o imperador perdia os direitos sobre ele. Durante a dinastia Wei (398 a 534 d.C.) houve uma grande conversão do povo chinês ao Budismo recém-chegado da Índia, e o imperador do norte, Shao Wen, mandou construir o primeiro templo Shaolin por volta de 450 d.C. Para a construção do templo foi escolhida uma localização privilegiada na face norte da montanha Soong Shan. Ao redor da construção do templo os monges plantaram um pequeno bosque com árvores frutíferas e outras plantas escolhidas e, com o passar dos anos, acabaram por atribuir-lhe o nome de Shaolin. À medida que a ordem monástica dos Shaolin se desenvolveu, foram criados outros templos. Depois do templo erigido em Honan, o mais famoso templo Shaolin foi constituído na província de Fukien por um monge muito famoso chamado Ta-Shin-Sheng. Diz-se que embora tenha sido em Honan que se criou o estilo Shaolin de Kung Fu, foi em Fukien que este se desenvolveu até atingir os elevadíssimos padrões técnicos que lhe deram tanta fama. Existiram cinco templos pertencentes à ordem monástica dos

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Shaolin, mas devido às dificuldades dialéticas do idioma chinês, existe alguma divergência sobre suas localizações. Segundo Wang Lai Sheng, praticante de Kung Fu citado na obra "Asian Fighting Arts", os templos se situavam em Honan, Fu Kien, Wu Tang, 0-Weí-Shan e Kwantung. Segundo outros autores os templos se situavam em Honan, Fukien, Ngor Mee, Wu Tang e Kwang-Tung. A maior problemática dessas divisões é que aos monastérios de Wu Tang e de O-Wei-Shan os taoístas também atribuem as origens de seus estilos internos. Ambas as alternativas são citadas aqui mais por uma questão de aprimoramento cultural do leitor, pois esses fatos não possuem maior relevância e não impedem um estudo aprimorado do Kung Fu. Como já disse anteriormente, as técnicas marciais e o Kung Fu já estavam presentes na cultura chinesa centenas de anos antes do estabelecimento da comunidade budista de Shaolin. As teorias de maior relevo têm atribuído ao templo de Honan o grande mérito de ter preservado muitos dos conhecimentos marciais originários da China Antiga. Mas os mesmos historiadores que fazem essas afirmações também são concordes em afirmar que no templo de Honan se dava mais importância às práticas da filosofia e da meditação Ch'An (transmitidas por Bodhidharma), enquanto que no templo do sul (Fukien) os monges davam grande importância às técnicas marciais e estavam constantemente envolvidos nas lutas e nas rebeliões do povo chinês.

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Por falta de registros históricos de reconhecida competência, pouco se pode deduzir a respeito do grau de aperfeiçoamento que o Kung Fu já possuía antes de ser introduzido em Shaolin. Alguns historiadores com mentalidade mais nacionalista recusam-se a admitir que o Kung Fu de Shaolin tenha sido criado a partir dos ensinamentos de Bodhidharma, e afirmam que o estilo Shaolin teria sido gerado durante a dinastia Sung (420-479 d.C.) pelo imperador Chao-Kan-Ying. Sabendo-se que Bodhidharma só chegaria ao templo por volta do ano 525 d.C, tais historiadores têm a intenção de nos fazer crer que o Kung Fu já fazia parte dos ensinamentos do templo antes de sua chegada. Mas tal raciocínio entra em choque com outros fatores que parecem comprovar que o estilo Shaolin tenha sido realmente introduzido por Bodhidharma. Em comprovação à tese que atribuiu tal feito a Bodhidharma existem as gravuras e ilustrações pintadas em diversas paredes dos templos Shaolin e que podem ser vistas até hoje. Nessas ilustrações se podem ver monges indianos (tez mais escura) ensinando os monges chineses a lutar. Outro argumento de grande peso é a grande superioridade técnica do estilo Shaolin sobre os outros estilos existentes fora do templo, que acabaram por ser dizimados pelos sobreviventes de Shaolin a ponto de hoje em dia muito poucos terem sobrevivido. Bodhidharma é certamente a figura mais controvertida no panorama das artes marciais do Oriente. Sua influência na origem das artes marciais da China, da Coréia e do Japão é insofismável.

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Conhecido por Bodhidharma, Bodai Daruma, Daruma Taishi Ta Mo, Dart Mor ou Dat Mor, esse monge indiano foi o responsável pela criação do Budismo Ch‟An, conhecido na Coréia como Sun e no Japão com Zen. Na Índia o povo possui uma divisão por castas que tem prevalecido desde tempos imemoriais até os dias de hoje. Sendo filho do Rei Sughanda, Bodhidharma pertencia à casta dos Kshastryias - que era a casta guerreira. Desejando proporcionar a seu filho a mais esmerada instrução marcial que lhe fosse possível, o Rei Sughanda contratou o mais famoso guerreiro da índia para instruí-lo pessoalmente na arte do Vajramushti. Esse guerreiro famoso por seus feitos militares e por sua grande bravura chamava-se Prajnatara e se afeiçoou muito a seu discípulo, tendo lhe transmitido técnicas marciais de impressionante eficiência.

Prajnatara

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Com o decorrer dos treinamentos surgiram fortes laços de amizade entre mestre e discípulo, e mesmo quando Prajnatara se converteu ao Budismo, (nesse tempo transformado em religião e possuindo um conceito filosófico antagônico ao Hinduísmo tradicional), Bodhidharma não o abandonou e continuou a praticar o Vajramushti sob sua tutela até sua morte (por volta de 520 d.C.) Devido à sua grande fama como guerreiro Prajnatara foi iniciado nos mais altos mistérios budistas, e acabou por atingir uma vivência espiritual que o fez receber do Abade Punyamitra (vigésimo sexto patriarca do Budismo) a incumbência de continuar a tarefa de divulgação do Budismo.

Punyamitra conhecido por Funyomitta no Japão

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Com a morte de Punyamitra, Prajnatara veio a se tornar o vigésimo sétimo patriarca do Budismo. Nessa época o Budismo estava perdendo seu prestígio na Índia devido ao surgimento de inúmeras seitas novas que estavam se afastando dos conceitos filosóficos originais dados por Buda e se perdendo em questões dogmáticas de natureza religiosa. Prajnatara percebeu a necessidade de reconduzir a filosofia budista à sua simplicidade original, e vendo a tenacidade e percebendo em Bodhidharma a firmeza de caráter necessária ao desempenho dessa tarefa, passou a ensinar-lhe o Budismo. Com a morte de Prajnatara, Bodhidharma assumiu a condição de vigésimo oitavo patriarca do Budismo e empenhou-se na tarefa que recebera de seu mestre: - Reconduzir a filosofia budista à sua simplicidade original. Com esse objetivo Bodhidharma viajou pelos países onde a filosofia budista possuía o maior número de adeptos, a saber: Nepal, Tibete e China. Nesse período o Budismo estava sendo muito difundido na China, e suas obras básicas haviam sido traduzidas do sânscrito e do pali para o idioma chinês. A convite do Imperador Liang Wu Ti, que governava em um dos reinados estabelecidos durante o período das seis dinastias (no início do sexto século D.C.), Bodhidharma foi à China com a intenção de dar prosseguimento à sua missão. Porém Wu Ti era seguidor de uma linha inovadora do Budismo, cujas características salvacionistas e ritualísticas eram diametralmente opostas ao método de Budismo difundido por Bodhidharma, que incentivava a busca interior e a meditação.

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Além do que, Wu Ti não era um imperador benéfico para seu próprio povo, tratando-o com mãos de ferro e com muito pouco daquela bondade tão inerente aos ensinamentos budistas. A respeito da convivência de Bodhidharma com esse imperador pouco se registrou na história, mas houve um diálogo entre ambos que ficou muito famoso; aconteceu mais ou menos assim: O imperador era muito presunçoso e julgava que pelo simples fato de ter permitido a divulgação do Budismo sob o seu reinado já se qualificava como um grande benfeitor. Certa ocasião o imperador contou a Bodhidharma que construíra grandes templos para o Budismo e que nomeara inúmeros monges para cargos políticos de relevo, devendo portanto ter grandes méritos diante de Buda. Mas Bodhidharma lhe respondeu que não tinha nenhum mérito por ter feito essas obras. Surpreso, Wu Ti perguntou o que deveria fazer então para conseguir méritos dignos do Budismo. - Vossa alteza terá que dormir até o meio-dia. Respondeu-lhe Bodhidharma. Não tendo compreendido nada o imperador aproveitou a primeira oportunidade para consultar os sábios da corte a respeito do que Bodhidharma lhe dissera. Depois de discutirem entre si, os sábios informaram a Wu Ti que Bodhidharma estava se referindo aos malefícios que o imperador causava ao povo chinês devido a seus atos impensados e prepotentes.

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Concluíram que Bodhidharma lhe recomendara dormir até ao meio-dia para que, dessa forma, reduzisse pela metade os vandalismos que costumava cometer diariamente. Furioso com essa crítica o imperador ordenou que Bodhidharma fosse trazido à sua presença, mas o monge já havia previsto a cólera de Wu Ti e viajado para o reinado de Wei. Essa história vem comprovar a grande coragem de Bodhidharma, que não se curvava nem mesmo diante de um tirano que dispunha da vida de seus súditos com a mesma facilidade com que mudava seu estado de humor. Os artistas que o retrataram tentaram demonstrar essa coragem que o caracterizava colocando uma certa fúria em seu olhar. Veja por exemplo o olhar desta estátua que o retrata:

A arte praticada por Bodhidharma na Índia era o Vajramushti, a esse respeito leia Vajramushti - A Arte Marcial dos Monges

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Budistas - livro de minha autoria que reproduzo nas próximas páginas:

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A seguir incluo algumas imagens de Bodhidharma ao analisa-las é preciso ter em mente que por ser um guerreiro os artistas o pintavam com expressões muito severas e por ser indiano às vezes o retratavam muito moreno e sempre lhe davam olhos imensos, muita barba e muito pelo, pois os chineses, possuem a tez clara, olhos tipicamente orientais e poucos pelos.

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Escultura de Bodhidharma no Templo Shaolin

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Escultura em um osso.

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Uma das maiores estátuas retratando Bodhidharma.

Nas páginas seguintes, para sua reflexão e meditação, transcrevo algumas das frases atribuídas a Bodhidharma – estão em inglês, mas você pode traduzi-las com a ajuda do Google Tradutor.

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Como eu estava contando, após a conversa com o Imperador Wu Ti, Bodhidharma viajou para o reinado de Wei. No reinado de Wei, Bodhidharma foi acolhido pelos monges Shaolin que o hospedaram por muitos anos. Conta-se que nesse local Bodhidharma meditou diante de um muro por nove anos seguidos. Nesse templo, localizado na face norte da montanha de Soong Chan, existe até hoje uma sala em que está escrito em chinês arcaico: "Este é o local onde Tamo fitou a parede." De qualquer forma, segundo alguns autores, se ele não tivesse preservado o Budismo e o ensinado aos chineses, essa filosofia jamais teria sobrevivido até o nosso tempo. Bodhidharma não era um homem comum, haja vista que seu nome ainda é citado com respeito pelos verdadeiros mestres de Kung Fu e de Karatê do mundo inteiro.

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Dentro dessa dimensão, a luta perdia todo seu significado em termos de agressividade e mérito pessoal, para transformar-se em mais um caminho de autoconhecimento que justificava sua aplicação técnica apenas em situações de defesa pessoal, para autoproteção ou para amparo de pessoas mais fracas e desprotegidas. Lutar sim, mas não para vencer outro ser humano, ou para provar sua capacidade técnica sobre a capacidade de outrem. Lutar apenas como uma forma de expressar e preservar a justiça e a harmonia que dão vida às criaturas e asseguram o equilíbrio universal. Milhares de outros lutadores tiveram grandes atuações no mundo das Artes Marciais, mas ninguém teve seu nome preservado tanto tempo quanto Bodhidharma. Dado a sua lucidez e pertinácia Bodhidharma entregou-se de corpo e alma ao estudo dos ensinamentos budistas que lhe eram transmitidos por Prajnatara. Tendo se dedicado muito à prática da meditação, começou a perceber que o domínio da vivência espiritual era muito mais importante que o domínio do corpo físico e que, embora as técnicas marciais lhe agradassem muito, seu conhecimento não tinha o mesmo valor que o conhecimento e a prática das verdades espirituais. Bodhidharma compreendia que as técnicas marciais que praticava dependiam muito de sua habilidade física e que, quando atingisse idade mais avançada, veria sua capacidade técnica diminuir progressivamente. Qual a finalidade de praticar-se alguma coisa exaustivamente, se com o passar do tempo vai se diluindo nossa capacidade de executá-la com perfeição?

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À medida que Bodhidharma evoluía em suas práticas de meditação, ia superando cada vez mais as manifestações egoísticas da personalidade, destruindo o próprio ego e emergindo para uma consciência superior. Quando sua consciência atingiu um plano mais elevado, começou a perder o sentimento de individualidade e passou a identificar-se cada vez mais com a unidade de todos os seres. A tal ponto evoluiu Bodhidharma através das práticas de meditação budista, que não mais via a si mesmo existindo separadamente da existência de todas as demais pessoas. Passou a compreender que qualquer ação deve ser feita visando o bem comum e não apenas a individualidade (que por si mesma é egocêntrica e volta-se apenas para a realização de aspirações pessoais egoísticas). Concluiu então que o homem deve executar seu trabalho, dar sua contribuição e prestar sua ajuda, com vistas a toda a humanidade e ao bem comum, que favoreça não só ao gênero humano como também a todas as criaturas vivas (por isso que os budistas são vegetarianos). Existe uma lenda na China que conta que quando Bodhidharma começou sua meditação, caiu em profundo sono devido ao cansaço da viagem, e que quando acordou ficou tão aborrecido com isso que, pedindo uma faca, cortou fora as pálpebras. Dessa forma nunca mais seria surpreendido pelo sono enquanto meditasse. Outra lenda conta que as pálpebras de Bodhidharma foram enterradas à esquerda e à direita da porta principal do templo,

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aos pés das estátuas guardiãs ferozes que eram comuns nessa época.

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Com o passar do tempo, no local onde foram enterradas surgiram plantas cujas folhas possuíam aroma agradável e que passaram a ser usadas nas infusões do templo e para a recuperação de inúmeras indisposições. Essa planta veio a se tomar muito conhecida na China e recebeu o nome de chá. Após um longo período de meditação que o conduziu a estados de consciência cada vez mais sutis, Bodhidharma chegou à conclusão que de todas as práticas budistas a mais importante para a preservação dos ensinamentos de Buda era a meditação. Embora compreendesse a importância ética e social das chamadas "Quatro Nobres Verdades" e da "Senda Óctupla do Reto Caminho" que constituíam o sustentáculo dos dogmas do Budismo, Bodhidharma percebeu que sem a prática sistemática da meditação, os dogmas perdiam seu sentido filosófico e a profunda dimensão que Buda lhes tinha atribuído. Assim sendo, graças a Bodhidharma a prática do Budismo foi totalmente modificada e muitos dos rituais foram suprimidos e substituídos pela prática severa da meditação.

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A essa nova concepção Bodhidharma denominou Dhyanna, que em sânscrito significa meditação. Mas, para os chineses a pronúncia do sânscrito era muito dificultosa e acabou sofrendo modificações fonéticas que mudaram sua pronúncia para Ch'Anna e finalmente Ch'An. O pensamento Ch'An influenciou profundamente todas as artes orientais. Monges budistas de inúmeros países iam ao templo Shaolin para receber upadesa (aconselhamento pessoal) de Bodhidharma e difundiram o pensamento Ch'An para as mais remotas regiões do Oriente. O Ch'An é até hoje ensinado no Japão com o nome de Zen e na Coréia com o nome de Sun. Praticamente todas as mais representativas manifestações do folclore e da cultura japonesa fundamentam-se no pensamento Ch'An (Zen). Podemos citar a cerimônia do Chá, a arte Ikebana de arranjos florais, a técnica Bonsai de cultivo de árvores anãs, a arte de pintura com a pedra nankin denominada Sumi-E, o teatro Kabuki, o No etc. As Artes Marciais japonesas são literalmente inseparáveis do Ch'An (Zen). Graças aos esforços de Miyamoto Musashi (Shinmen Musashi No Kami Fujiwara No Genshin) (1584-1645) o maior samurai da história do Japão, que, fundamentado na prática sistemática da meditação Ch‟An (Zen), criou o Bushido (Código de Honra dos Samurais), as Artes Marciais japonesas pautaram seus mais profundos ensinamentos no pensamento Ch'An.

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As Artes do Kendo, do Aikido, do Kempo, do Kyudo, do Judô e outras, estão fundamentalmente ligadas ao Ch'An (Zen).

Miyamoto Musashi

Jigoro Kano, criador do Judô, mantinha um monge Zen na Kodokan (Escola Kodo) para ensinar a seus discípulos o verdadeiro valor da disciplina nas Artes Marciais.

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Quem examinar as obras de Gishin Funakoshi (o pai do Karate) vai encontrar inúmeras referências ao Zen.

Quem examinar obras sobre o estilo Goju-Ryu de Karate verá fotos do célebre mestre Gogen Yamaguchi praticando meditações Zen sob cachoeiras.

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Quem for à ilha de Shikoku em Tadotsu, na prefeitura de Kagawa assistir aos treinamentos do templo de Shorinji Kempo verá que entre as práticas diárias incluem-se sessões de meditação Zen.

Também na Coréia houve grande influência da escola Sun (Ch'An) nas Artes Marciais. Quem examinar as origens de inúmeros Kihons (movimentos formais) do Taekwondo, do Hapkido e do Hwarang-do, encontrará neles o nome de monges das seitas Ch'An coreanas.

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Os ocidentais jamais poderão avaliar a severidade das práticas impostas por Bodhidharma aos monges de Shaolin. Para se ter uma vaga idéia, basta examinar os programas dos templos Zen nos dias de hoje (muito mais suaves que naquele tempo). Segundo depoimento publicado na obra "The Empty Mirror", que narra as experiências de um ocidental em um templo Zen do Japão, os monges meditavam das quatro horas da madrugada até as vinte e duas horas, interrompendo sua meditação apenas para atenderem as suas necessidades fisiológicas e cumprirem suas pequenas obrigações diárias. Dada a severidade das meditações, os monges Shaolin não resistiam e desmaiavam durante sua prática. Considerando atentamente o estado débil e enfermiço dos monges que limitavam suas práticas físicas aos asanas (posições) utilizados na meditação e nos rituais, Bodhidharma começou a ensinar-lhes o Vajramushti indiano para fortalecê-los e capacitá-los a suportar com mais eficiência a meditação. Tratando-se de exercícios com fins espirituais, exigia-se a prática rigorosamente correta de cada movimento e aos mínimos gestos atribuía-se uma importância fundamental. Embora considerada uma Arte Marcial Budista por muitos pesquisadores, o Vajramushti data de época muito anterior ao surgimento do Budismo. As referências históricas não são exatas, visto que o país de origem do Vajramushti (a Índia), por sua própria filosofia social de extrema religiosidade nunca deu muita importância aos registros históricos.

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É interessante notar que o Vajramushti tem sua origem em época pré-ariana, quando a Índia ainda era habitada pelos drávidas. Os historiadores situam a civilização dos drávidas como bastante anterior à civilização dos arianos, que teriam invadido a Índia por volta de 2000 a.C. Embora menos conhecida que suas congêneres chinesas, japonesas e coreanas, a Arte Marcial Vajramushti é mencionada em quase todos os textos heróicos da civilização dravidiana. Aliada à técnica física característica de toda Arte Marcial, o praticante de Vajramushti tem a seu dispor o mais rico cabedal de conhecimentos filosóficos e espirituais que a Índia propiciou ao mundo desde tempos imemoriais. Nenhuma outra Arte Marcial, seja qual for sua origem, possui um respaldo histórico mais antigo e abalizado. O leitor deve basear-se em seu próprio critério para julgar os pontos mais importantes entre as semelhanças e dessemelhanças entre os diversos estilos de Kung Fu e o Vajramushti como foi transmitido por Bodhidharma, segundo os relatos históricos que o tempo conseguiu preservar.

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A EVOLUÇÃO DO KUNG FU ESTILO SHAOLIN Ao ensinar o Vajramushti aos monges Shaolin Bodhidharma transmitiu-o mais como uma prática ascética que como uma Arte Marcial. O Vajramushti servia para vivenciar certos preceitos budistas relativos à unidade da mente e do corpo. Os monges que o aprenderam passaram a apreciá-lo também por seus recursos defensivos que os protegiam nos longos e solitários caminhos que percorriam para a divulgação da doutrina budista. Alguns historiadores mencionam que para Bodhidharma tanto a meditação como o Vajramushti tinham igual valor diante dos objetivos de conhecimento interior. Tanto isso é verdade que com o tempo a prática do Vajramushti como meio de desenvolvimento espiritual substituiu grande parte da meditação sentada, nas atividades desenvolvidas no templo, fazendo com que o templo Shaolin se tornasse famoso não como um centro de meditação Ch'An, mas como uma escola de Arte Marcial sem armas. O Vajramushti ensinado no templo Shaolin era mantido como segredo, transmitido apenas a uns poucos iniciados que haviam recebido suas vestes monásticas e feito os votos mais elevados. A razão para esse procedimento é que o Vajramushti era extraordinariamente eficiente, podendo se tornar perigoso nas mãos de pessoas menos esclarecidas e que não possuíssem o conhecimento de seu verdadeiro significado.

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Acredita-se inclusive que tenha permanecido oculto entre alguns poucos iniciados, mesmo quando o templo abrigou refugiados políticos por volta da época da dinastia Ming. Em sânscrito o nome Vajramushti significa: Vajra = Real, Bastão, Cetro, Vara, Direto, Reto, Correto. Mushti = Golpe, Golpe de Punho, Soco, Raio, etc. Atribui-se a criação do Vajramushti ao deus Shiva da Trindade Hindu. Essa Trindade é formada por três deuses, a saber: Brahma, o Criador, Vishnu, o Conservador e Shiva, o Destruidor. A função destruidora de Shiva não deve ser interpretada no mau sentido e sim como um processo de transformação. Shiva age transformando e destruindo o que é inútil para que se manifeste o que é útil e construtivo. Como já vimos anteriormente, embora a cultura dravidiana tenha sido relegada ao esquecimento após a invasão dos arianos, as técnicas do Vajramushti foram preservadas pela casta dos guerreiros (Kshastryia). Budha o aprendeu como parte de sua educação militar por volta, do ano 500 a.C. Segundo depoimento de So Doshin, pai do Shorinji Kempo (Kung Fu Shaolin em japonês), ensinado na ilha de Shikoku no Japão, mesmo depois de iluminado, Buda ensinava o Vajramushti como prática ascética. Dado a dificuldade de pronunciar a palavra Vajramushti os chineses mudaram o nome dessa arte para Lo-Han e mais

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tarde ela passou a ser conhecida como Nalo-Jan, Arohan e l-Jinsin. Durante a dinastia Ming um monge chamado Kwok Yuen peregrinou por toda a China pesquisando os estilos antigos de Kung Fu, tendo introduzido no templo certos conhecimentos marciais que mais tarde foram ampliados, somados a certos rudimentos do Vajramushti e classificados em cinco diferentes estilos: Tigre, Grou, Leopardo, Serpente e Dragão. Os Manchus invadiram a China e dizimaram a dinastia Ming, obrigando os oficiais do exército chinês a fugirem ou serem mortos. Muitos desses oficiais se ocultaram nos templos budistas, por serem territórios apolíticos e independentes do Estado chinês. Os templos Shaolin foram dos mais procurados devido as suas localizações privilegiadas e devido as suas grandes dimensões. Durante esse período os estilos desenvolvidos por Kwok Yuen passaram a ser ensinados ao povo com o nome de Kung Fu Shaolin, com o propósito de possibilitar-lhes defenderem-se dos emissários corruptos do governo invasor Manchu. A grande eficiência desse estilo tomou-o muito famoso, passando a ser utilizado nas demonstrações públicas do templo e nas comemorações do ano novo chinês, juntamente com a Dança do Leão. Mas entre os monges mais adiantados permanecia oculto o verdadeiro Vajramushti, que, como um recurso à meditação e ao desenvolvimento espiritual passou a ser chamado em chinês Ch'An Tao Chuan -"A Arte dos Punhos do Caminho da Meditação".

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A grande dificuldade em se traçar as origens históricas do Kung Fu está na pronúncia diferente dos nomes chineses, devido aos dialetos e as modificações pelas quais passou o idioma chinês arcaico até chegar a seus padrões modernos. Devido a essas e outras dificuldades não conseguimos determinar com exatidão a época em que teria vivido Kwok Yuen mas, pelos referenciais históricos que possuímos, podemos situá-lo entre a dinastia Yuan (1268-1368) e a dinastia Ming (1368-1644). | A respeito dele conta-se a seguinte história: O jovem Yuen da Província de Yen-Chou, aprendeu os exercícios de Ta Mo (Bodhidharma) no Mosteiro Shaolin com o auxílio do monge Hung-Yun. Depois de aprendê-los converteu-os em setenta e duas séries de técnicas marciais. Mas seu desejo de aprender as técnicas marciais do Kung Fu antigo o levou a viajar por toda a China em uma época de constantes guerras. Certa ocasião o jovem Yuen enfrentou um ancião chamado LiCh'Eng na cidade de Lanchow, de quem se tornou grande amigo. Li-Ch'Eng havia sido um grande lutador em seus anos de juventude e se tomara famoso por ter sido mestre do guerreiro Pai-Yu-Feng. Baseado nessa experiência aumentou suas setenta e duas séries originais em 172 Tchia-Dsu, divididos em cinco grupos diferentes.

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Cada um desses grupos passou a se identificar com um animal, a saber: a Serpente, o Tigre, o Dragão, o Leopardo e o Grou. Cada grupo de Tchia-Dsu com o nome de um determinado animal possuía suas características próprias. Os Tchia-Dsu do Dragão cultivavam o espírito e a capacidade de estar alerta; executavam-se sem a aplicação de força, enfatizando-se a respiração e a concentração na parte baixa do abdômen, em movimentos longos, fluentes e contínuos. Os movimentos do Tigre serviam para fortalecer o corpo (ossos, músculos e tendões); seus movimentos eram curtos e bruscos, dando-se ênfase à força e à tensão dinâmica. As técnicas do Leopardo desenvolviam a força, com movimentos rápidos, inteligentes e imprevisíveis. O estilo da Serpente desenvolvia o Chi (energia interna), era usado a partir do controle espiritual e cultivava a resistência, através da respiração lenta, profunda e harmoniosa, dando prioridade aos golpes desferidos com a ponta dos dedos. Os movimentos do Grou visavam o desenvolvimento do autocontrole e do caráter. Com esses novos conhecimentos Yuen e seu amigo Pai-Yu-Feng retomaram ao templo Shaolin. Pai-Yu-Feng já tinha 70 anos e resolveu aderir à vida monástica, adotando o nome Ch'ln-Yueh (Lua do Outono), querendo demonstrar que conseguira realizar um antigo sonho já no outono da vida. A Kwok Yuen (Chueh Yuan), se atribuem as seguintes palavras:

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"Sem o Chi não existe força. Um lutador que grite e lance sua mão com ferocidade, não tem verdadeira força em seu golpe. Um verdadeiro lutador não é espetacular, mas seu punho é pesado como uma montanha. Isso acontece porque ele possui Chi. Depois de muita prática o Chi pode ser focalizado sobre qualquer ponto de ataque que se deseje. A vontade domina o Chi que pode ser localizado em qualquer ponto instantaneamente." Quando os oficiais Ming se ocultaram nos templos Shaolin, despertaram a ira dos governantes manchus, que se empenharam arduamente em tentativas para destruir os templos. Na época da dinastia Ching foram feitos diversos ataques ao templo principal, mas sem sucesso, pois suas paredes eram inexpugnáveis, tendo mesmo diversos metros de espessura em alguns pontos. O templo sofreu longos cercos, semelhantes ao que vitimou o templo de Jerusalém, mas sobreviveu facilmente devido a auto-suficiência dos monges, que plantavam seus próprios alimentos e podiam resistir interminavelmente. Mas, da mesma forma que a Inconfidência Mineira, o templo Shaolin também teve seu traidor. Despeitado por não ter acesso aos exercícios originais de Bodhidharma e motivado por vultosa quantia e pela oferta de um cargo político de relevo, um monge de categoria inferior chamado Ma Ning Yee tramou sua traição com o apoio de três oficiais do governo Manchu, a saber: Chan Man Yu, Cheung Ching Chow e Wong Chun May.

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Ma Ning Yee envenenou a água do templo e o incendiou no vigésimo quinto dia do sétimo mês do décimo segundo ano do reinado de Yung Cheng (1733 d.C). Enquanto o fogo aumentava Ma Ning Yee abriu as portas para os soldados manchus que rapidamente dizimaram todos os sobreviventes que encontraram e destruíram o que ainda restava. Conseguiram fugir apenas cinco dos mestres e quinze discípulos. Dentre os quinze discípulos apenas seis tiveram seus nomes guardados pela história, quer por sua fama como possuidores de grandes habilidades nas Artes Marciais, quer por seus feitos heróicos nas infrutíferas tentativas de derrubar os invasores manchus. Foram eles: Hung Hee Kung e Luk Ah Choy, que criaram o estilo Hung Kuen, mais tarde conhecido como Hung Gar. Fong Sai Yuk, que criou um estilo baseado no movimento dos cinco animais de Shaolin. Tse Ah Fook, Fong Weng Chun e Tsung Chin Kun, que foram grandes lutadores e cujos feitos heróicos são até hoje narrados em histórias do folclore chinês. Quanto aos cinco mestres que escaparam, seus nomes eram: Cheen Sin, Fung To Tak, Mui Hin, Ng'Mui e Pak Mey. Os exercícios que Bodhidharma ensinou no templo Shaolin passaram a ser conhecidos como "As Dezoito Mãos de Lo-Han", (Shih-PaLo-Han-Sho) e foram descritos em uma obra

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chamada "O Livro da Transformação Muscular" (I Chin Ching) em dois volumes, dos quais apenas um sobreviveu. Baseado no "Shih-Pa-Lo-Han-Sho" o imperador Tai-Tzu da dinastia Sung criou trinta e duas formas de punho longo e seis formas de deslocamento. Infelizmente muitos dados sobre a filosofia budista e as Artes Marciais chinesas se perderam devido à ausência de referencial histórico. Foi o escritor Tao-Yuan quem mencionou o nome de Bodhidharma pela primeira vez, e isso ocorreu no ano 1004, ou seja, quase quinhentos anos após sua morte. As primeiras referências históricas à capacidade marcial dos monges do templo Shaolin citam o primeiro imperador da dinastia T'Ang, que venceu a Wang Chin Chung graças à ajuda de três monges lutadores chamados Chih Tsao, Hui Nang e Tsan Tsun. Graças às proezas desses monges o templo Shaolin tornou-se famoso como um centro de cultura marcial. Outra referência menciona que o general Yueh Fei criou as técnicas do Chin-Na (Cento e Oito Técnicas de Apresamento e Torção) a partir dos ensinamentos que teve do monge Jao Tung do templo Shaolin. Tem sido despertada a curiosidade de inúmeros leitores, que tem nos escrito para saber como eram feitas as iniciações dos pretendentes a se tornarem discípulos dos templos Shaolin. A esse respeito têm sido relatadas inúmeras lendas que, infelizmente, não podem ser comprovadas historicamente. Mas vamos contar algumas delas apenas para cultura geral de

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nossos leitores. Segundo relatos antigos, os novos discípulos eram admitidos no templo no início da primavera, que coincidia com o tempo das grandes chuvas. Nesses dias os pais que desejavam que seus filhos se tornassem monges, os levavam ao pátio frontal às escadarias do templo e lá os deixavam sozinhos aguardando que os monges os convidassem a entrar. Essas crianças tinham em média de 7 a 12 anos de idade. Considerando-se a dispersividade que caracteriza as crianças dessa idade, imagine como eram rigorosos os testes que descreverei a seguir. Os monges não abriam logo as portas do templo (às vezes demoravam alguns dias) e as crianças eram obrigadas a suportar ao relento o sol e as chuvas torrenciais que costumavam cair nesse período. Muitas das crianças abandonavam a espera e voltavam para suas casas. Outras crianças eram conduzidas de volta por seus próprios pais que não suportavam vê-las sofrer. Embora não abrissem as portas os monges observavam o comportamento das crianças e iam selecionando aquelas que consideravam suficientemente disciplinadas para suportar as árduas exigências do templo. Quando as portas se abriam os monges mandavam de volta para casa as crianças que consideravam que não suportariam seus ensinamentos.

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As demais crianças eram admitidas no primeiro pátio interno e conduzidas a uma grande mesa onde já estava sentado um velho monge (geralmente o patriarca do templo). Quando se sentavam à mesa eram observados seus comportamentos. Se pediam comida (podiam estar há três dias sem comer) eram servidas e depois mandadas para suas casas, pois era considerado indecoroso pedir comida ao invés de aguardar o momento de serem servidas. Se corressem para a mesa avidamente ou apressadamente demais, também eram dispensadas. Às que passavam por esse teste era dado uma tigela sem fundo, uma grande bolacha seca achatada (do tamanho do fundo da tigela) e era servido o chá. O procedimento correto era forrar o fundo da tigela com a bolacha para que pudesse ser servido o chá sobre ela. As crianças que não o faziam eram dispensadas sumariamente, pois não eram consideradas suficientemente inteligentes para aprender os ensinamentos do templo. Se a criança agisse corretamente colocando a bolacha no fundo da tigela, mas começasse a tomar o chá antes do monge idoso que estava sentado à mesa, era mandada de volta para casa, pois o respeito aos idosos era de grande importância na cultura chinesa. Supondo que o garoto conseguisse superar esses testes, ainda enfrentaria outros. Logo em seguida a essa fase lhe era entregue uma vassoura e lhe ordenavam que varresse um determinado pátio.

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Mal ele tivesse terminado de varrer surgia algum monge com os pés enlameados e sujava todo o lugar que havia sido varrido. Assim que o monge porcalhão desaparecesse por uma porta qualquer surgia o monge que lhe havia ordenado que varresse o lugar e o interpelava mais ou menos assim: -Eu não mandei que você varresse esta sala? Olhe só que imundície! Você é um vagabundo que não obedece às ordens que recebeu! Se o garoto resmungasse que já tinha varrido ou que depois que tinha varrido tinha vindo um cara e sujado tudo outra vez, era mandado embora, pois não tinha suficiente dedicação ao trabalho para permanecer no templo. O garoto deveria abaixar a cabeça e continuar a varrer sem proferir nenhuma palavra. Este teste da varredura era repetido diversas vezes como prova da humildade, da paciência e da perseverança do postulante. Havia uma variante desse teste em que o monge que mandara o postulante varrer retornava e afastava um painel que dava para outra sala tão grande quanto a primeira. Em seguida interpelava o garoto perguntando por que não varrera a outra sala também. e o menino respondesse que não lhe tinham ordenado que varresse a outra sala era sumariamente dispensado. Seu procedimento deveria ser de extrema humildade, deveria abaixar a cabeça e continuar a varrer sem retrucar.

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Pessoalmente não creio que nenhum garoto ocidental superasse satisfatoriamente esta prova, a menos que tivesse sido previamente instruído sobre como deveria se comportar. Depois que superava os testes iniciais o postulante era submetido a todo tipo de provação, e executava todas as tarefas menos agradáveis do templo por longo período. Buscar água era uma tarefa penosa, pois os baldes eram propositadamente imensos e mesmo quando vazios bastante pesados. Havia também as tarefas da cozinha que eram muito desagradáveis, quando não monótonas e exaustivas. As tarefas de limpeza incluíam lavar as latrinas, retirar a poeira dos imensos arabescos e baixos-relevos que existiam por quase todas as paredes do templo, cuidar das folhas e das ervas daninhas dos vários jardins, lavar escadarias e corredores imensos, etc. Durante esse período inteiro o postulante passava por periódicas humilhações por parte dos estudantes mais avançados, todas elas com a intenção de testar-lhe a fibra moral e a paciência. E todas essas tarefas e testes que eram impostos aos garotos não os livravam de cumprirem outras obrigações relacionadas com as práticas budistas e com o estudo das doutrinas ensinadas no templo. Dormia-se poucas horas cada noite e trabalhava-se arduamente.

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Quando começava a espelhar certa frustração ou cansaço, um monge se aproximava dele e lhe indagava há quanto tempo estava no templo. Geralmente os garotos respondiam que estavam lá há muito tempo, em parte porque não lhes era dado acesso a nenhum calendário que lhes permitisse saber há quanto tempo lá estavam; em parte porque estavam desejosos de iniciar a prática do Kung Fu que só era permitida a alunos mais avançados. Mas se a resposta fosse essa, o aluno era deixado entregue a seus afazeres por mais alguns meses. A resposta certa seria: -Há bem pouco tempo estou aqui. (Mesmo que já fizesse alguns anos que lá estivesse.) Esta resposta era considerada correta porque diante dos dogmas do Budismo a manifestação material no mundo que nos cerca é ilusória (Maya = Ilusão) e também é ilusório o conceito de tempo e de espaço. Não era obrigatória a prática do Kung Fu, mas se o jovem passasse em todos os testes que descrevemos até agora e manifestasse desejo de aprender o Kung Fu Shaolin, seu desejo seria escarnecido e ignorado por muitos meses. Depois desse abandono inicial passavam-se alguns meses e ele era convidado a participar das aulas de Kung Fu. Nas primeiras aulas era mais ou menos usado como um saco de pancadas e as surras eram duríssimas. Se demonstrasse ter fibra, superando essa fase inicial que tinha sua duração determinada pelo comportamento do postulante então seria recebido como um discípulo de Shaolin,

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mudando a cor das vestes e o comportamento que recebia dos demais. Muitas de suas tarefas diárias eram transferidas aos postulantes menores e passava a receber incumbências de maior responsabilidade. Seus estudos dentro das doutrinas do templo eram mais profundos, e maior o número de matérias estudadas. As práticas ritualísticas e o período de meditação eram ampliados. Já não tinha que se alimentar na cozinha junto com os postulantes menos graduados, passava a frequentar as mesas dos refeitórios. Era transferido para os dormitórios superiores. Até que recebesse as vestes amarelas e prestasse os votos monacais o postulante não cessava de ser submetido a testes periódicos que, embora menos humilhantes, não deixavam de ser bastante exigentes. Além dos testes de habilidade física e marcial havia os testes de habilidade artística -geralmente caligrafia e composição poética. Havia também os testes de doutrina budista e de medicina oriental (os monges eram excelentes acupuntores e massagistas). Quando evoluía em seus estudos aprendia vários idiomas (ou dialetos chineses) e ajudava na tradução de textos budistas de origem pali ou sânscrita.

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O trabalho na lavoura também era obrigatório e todo monge tinha que fazer seu estágio na cozinha aprendendo auto-suficiência na arte culinária. Cada um desses assuntos exigia um teste de avaliação. Segundo a tradição chinesa o homem Kung Fu teria que se distinguir em pelo menos cinco áreas do conhecimento humano. Ele deveria saber se exprimir no idioma chinês tanto oralmente como por escrito de maneira impecável. Ele deveria possuir uma caligrafia de rara beleza que chamasse a atenção de quantos a vissem. Ele deveria ser capaz de se exprimir em versos, de conhecer poesia e os textos clássicos com alguma profundidade. Ele deveria se exprimir em alguma forma de arte com grande habilidade -geralmente desenho ou pintura. Ele deveria conhecer os rudimentos da lavoura e da arte culinária e ser capaz de transmitir tais conhecimentos às pessoas do povo que necessitassem deles. Ele deveria ser hábil no uso das agulhas da Acupuntura, e na falta delas ter conhecimentos suficientes da Medicina oriental para poder tratar um paciente aplicando dedos habilidosos sobre os pontos dos meridianos de energia utilizados na Acupuntura. Ele deveria ter uma consciência política e econômica para poder desempenhar o papel de educador diante do povo, segundo os melhores procedimentos da tradição de Confúcio.

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Ele deveria possuir sólidos conhecimentos das doutrinas religiosas, mormente o Budismo e o Taoísmo, para poder doutrinar e esclarecer dúvidas a respeito de tais assuntos. Ele deveria ser capaz de defender a si mesmo e aos desamparados que recorressem ao seu auxílio. Ele deveria ter noções de sobrevivência em condições inóspitas, na selva e em terrenos desconhecidos, devendo ser capaz de localizar ervas medicamentosas, preparar infusões curativas, colocar no lugar ossos quebrados, preparar beberagens e poções. Dentre os atributos que acabo de citar, o homem Kung Fu tinha que se destacar em pelo menos cinco deles. A falta de pelo menos cinco dessas qualidades o desqualificaria como praticante de Kung Fu, mesmo que se tratasse de um habilidoso lutador. Há que compreender que para a tradição chinesa, devido às influências de Confúcio, a cultura geral de um homem era muito mais respeitada que sua capacidade de lutar. Recentemente foi mencionado na obra "Chinese Boxing Masters and Methods", de autoria de Robert Smith, o professor Cheng Man-Ch'lng, famoso praticante de Tai Chi que tinha a alcunha de Mestre das Cinco Excelências. Com isso o povo chinês lhe prestava homenagens tratando-o como um mestre cujos conhecimentos comparavam-se com os grandes mestres da antiguidade. Ingressar no templo Shaolin exigia uma atitude muito séria e uma forte intenção de vontade que predispusesse o postulante a todo tipo de provação.

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As pessoas não entravam no templo meramente na intenção de aprender o Kung Fu. O templo Shaolin era, antes de tudo, uma escola de filosofia e religião e as pessoas que nele ingressavam o faziam com o objetivo de alcançar a realização espiritual. Se alguma pessoa lá entrasse apenas com objetivos marciais acabaria por se lamentar amargamente, pois não poderia mais sair a menos que atingisse um nível de proficiência espiritual ou marcial extraordinários. Aos monges que se dedicavam exclusivamente aos estudos doutrinários e às práticas espirituais era facultada a saída do templo desde que em missões administrativas ou de caridade. Mas aos monges que haviam escolhido o caminho da Arte Marcial somente era permitida sua saída caso se distinguissem de maneira incomum na arte de lutar. Se fosse capaz de vencer os instrutores dos cinco estilos principais do templo poderia requerer a prova do corredor da morte. O corredor da morte era assim chamado porque nele havia cento e oito bonecos de madeira que eram acionados pelo peso de quem se atrevesse a penetrá-lo. Tais bonecos eram confeccionados por artesãos habilidosos de maneira que, se o praticante escapasse dos golpes desferidos pelo primeiro, certamente teria que enfrentar o segundo e assim por diante. Cada golpe de defesa ou ataque desferido contra um dos bonecos gerava reações de ataques dos outros.

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Se o monge que os enfrentasse conseguisse sobreviver ao corredor, deveria levantar urna urna arredondada incandescente para poder sair. Essa urna pesava aproximadamente 225 quilos e era colocada em um pedestal especialmente confeccionado, de maneira que Ao ser erguida automaticamente abria a imensa porta situada ao fim do corredor. Essa porta não podia ser aberta a não ser dessa maneira. Nas laterais da urna havia em alto-relevo as figuras dos cinco animais que simbolizavam os cinco principais estilos do templo. A cada monge era permitida a prática de, no máximo, dois desses estilos, dessa forma o desconhecimento dos outros três estilos (sem falar no Vajramushti), garantiriam a sobrevivência do templo caso o monge se transformasse num renegado que traísse seus conhecimentos. Era mantido fogo acesso no interior da Urna durante todos os dias do ano e sua superfície externa atingia uma temperatura tão elevada que onde fosse tocada a carne grudava e ficava impressa a figura do animal que estivesse gravado naquele ponto. Quem quer que tivesse superado os 108 bonecos do corredor da morte teria que levantar a urna para poder sair, e como a roupa dos monges era de seda (altamente combustível), o monge se via obrigado a retirar a parte de cima de suas vestes e, de torso nu, erguer a pesadíssima urna com os antebraços e mudá-la de pedestal. A porta permanecia aberta por uns poucos momentos, e se o monge desmaiasse no processo ou não se atirasse para fora com certa rapidez, arriscava-se a perder todos seus esforços.

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Por uma questão de respeito às artes que praticara, o monge procuraria tocar na urna em pontos que contivessem a figura dos animais que representavam os estilos que havia praticado, de maneira a ostentar em seus braços por toda a vida o desenho deles. Evidentemente não basta a mera força física para se conseguir erguer um objeto de tão grande peso, e nem eram suficientes apenas técnicas marciais aprendidas no templo para se vencer os 108 bonecos do corredor da morte. Eram necessárias práticas mentais apuradas para que se desenvolvessem certos poderes (hoje chamados paranormais), que permitiriam a realização de tais feitos extraordinários. Certamente você já ouviu falar a respeito de pessoas, aparentemente frágeis, que carregam pessoas com o dobro de seu peso e até pianos imensos por ocasião de grandes incêndios. Depois que cessa o fogo essas pessoas percebem que em condições normais não seriam capazes de realizar tais esforços. Experiências têm comprovado que pessoas em condição de hipnose profunda são capazes de levantar imensos pesos e de se submeterem a imensas dores sem senti-las. Os monges Shaolin eram treinados em métodos avançados de Yoganidra transmitidos por Bodhidharma, que lhes permitiam realizar essas proezas todas e outras ainda mais impressionantes. O Yoganidra é uma técnica transmitida através do Yoga e do Vajramushti, que permite ao praticante atingir diretamente seu

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subconsciente de lá tirando forças para realizar tarefas que, sob condições comuns, seriam consideradas impossíveis.

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As Sociedades Secretas Depois da destruição do templo Shaolin os sobreviventes se espalharam por toda a China e passaram a incentivar o povo a criar frentes revolucionárias com o objetivo de expulsar os Manchus do poder. Tal meta nunca foi atingida, mas os diversos grupos acabaram por dar origem a Fraternidades Secretas, Sociedades e Irmandades que cultivaram o Kung Fu ocultamente durante muito tempo. Essas Sociedades Secretas eram conhecidas como Hung Mun, Hung Tong ou simplesmente Tríades. Mais popularmente os membros delas eram conhecidos como Tong. Convém lembrar que o Kung Fu também era praticado fora do templo Shaolin e que muitas das Fraternidades Tong eram fundadas por lutadores de Kung Fu que apesar de não descenderem da linhagem de Shaolin, também estavam interessados em tirar os Manchus do poder. Esses lutadores faziam longas viagens demonstrando suas habilidades nas localidades onde passavam e arregimentando adeptos para suas Fraternidades. Muitos desses lutadores eram hábeis médicos, pois o conhecimento de Acupuntura e Do-ln eram transmitidos pelos mestres de Kung Fu. Ocultos sob a personalidade de médicos, esses lutadores tinham facilidade para arregimentar elementos para os Tong. O poderio dos Tong estendeu-se por toda a dinastia Ching, finalizando apenas com a constituição da República em 1912.

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Por essa época os Tong não estavam mais interessados no poderio Manchu e sim na invasão dos ocidentais -portugueses, espanhóis, ingleses e franceses que, aos olhos deles, estavam dividindo a China e pervertendo suas tradições. Pelo fim do século XVIII o ópio chinês era muito cobiçado pelos europeus, e o incentivo brutal que os ocidentais impuseram ao povo chinês para aumentar a produção desse tóxico acabou por aumentar o vício e o consumo entre os chineses. Os Tong, por serem mais politizados que o resto da população, se revoltaram com esse estado de coisas e iniciaram um movimento de resistência e guerrilha que acabou resultando na famosa revolta dos Boxers. Entre as inúmeras pequenas revoluções geradas pelas Fraternidades Tong podemos citar a tentativa de assassinato do Imperador Kia-Ching perpetrada pela Fraternidade da Razão Celeste, que era uma facção da Sociedade do Lótus Branco. Esse imperador era um déspota que se divertia assistindo as torturas de seus prisioneiros. Em 1813 a Seita dos Nenúfares Brancos começou um grande movimento revolucionário contra os Manchus. Por volta de 1840, como represália ao novo acordo que os ingleses firmaram com o governo corrupto chinês, referente à importação de ópio, os Tong destruíram todo o carregamento dos ingleses. Por seu turno os ingleses invadiram Nanking tendo conquistado a cidade em 1842.

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Essa revolta foi conduzida por Hung Siu Chuan (1812-1864), que pertencia ao grupo étnico dos Hakka, de onde surgiu o famoso estilo Tong Long. Hung Siu Chuan converteu-se ao Cristianismo e deu origem à "Seita dos Adoradores de Deus". Daí o nome da revolta, pois Hung Siu Chuan tentou estabelecer uma nova sociedade na China que denominou "O Reino Celeste da Paz", em chinês "Tai Ping Tien Kuo". Embora os Tong não se unissem a essa seita devido às oposições religiosas, apoiavam-se devido as semelhanças de intenções políticas. Os Tong eram exímios lutadores treinados nas artes, do Kung Fu e das armas chinesas, sendo hábeis praticantes das técnicas da espada, da lança e dos machados gêmeos. Eram facilmente distinguidos entre o povo, pois em revolta com a ordem Manchu que obrigou o povo a cortar o rabicho característico dos Ming, usavam seus cabelos compridos ou cortados à maneira dos ocidentais. Apesar de suas inúmeras vitórias, os Tai-Ping (Hung Siu Chuan e seus seguidores) foram finalmente vencidos pelo general Tseng Kuo Fan, que uniu suas forças ao exército inglês estrategicamente dirigido pelo comandante Gordon, que era apelidado de "Comandante Chinês", por ser um lambe-botas do governo estabelecido. Graças ao esforço conjunto desses dois exércitos Nanking foi reconquistada e 100.000 homens da Seita dos Adoradores de Deus foram exterminados a golpes de espada.

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As inúmeras revoltas geradas pelos Tong acabaram por culminar num dos maiores levantes da história chinesa, a Revolta dos Boxers. Esse nome foi dado pelos ingleses, pois na impossibilidade de verter satisfatoriamente o idioma chinês, chamavam os praticantes de Kung Fu de Boxers, numa analogia ao esporte de origem inglesa. Portanto, para os ingleses o Kung Fu era o Boxe Chinês e o praticante de Kung Fu era chamado de Boxer. No final do século XIX a Imperatriz Tseu-Hi (chamada pelos ingleses de Imperatriz Dowager), fez um acordo com os estrangeiros e com o auxílio deles dizimou os membros do Partido Reformista Liberal, conquistando seu lugar no poder e em pagamento cedendo grandes áreas do território chinês. Como a imperatriz era da raça Manchu, os Manchus começaram a insuflar sentimentos patrióticos exacerbados entre o povo chinês, numa tentativa de lançá-los contra os estrangeiros, fazendo-os esquecer dos desmandos de sua governante. Para se ter uma ideia desses incentivos à revolta, reproduzimos a seguir o texto de um dos cartazes que foram afixados em Pequim na noite em que se iniciou a revolta. "O Santo Imperador Chu Hung Tang avisa a todos os discípulos de Buda: Morte aos Demônios do Oeste que oprimem nosso país escarrando sobre nossos deuses e roubando nossas riquezas. O grande momento já foi escolhido pelo destino. O céu não permitirá que aqueles que violaram tantas sepulturas para abrir caminho para suas máquinas de ferro e que tomaram à força as terras dos filhos do céu, escapem à condenação de seus crimes. Insolentes como são, esses bárbaros não recuam diante de nada. É por essa razão

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que nós, membros da Sociedade Harmoniosa do Punho Fechado, membros da Arte Marcial Chinesa, da Justiça e da Concórdia, o convidamos a massacrá-los sem piedade no cair desta noite." A sociedade Tong responsável pela revolução dos Boxers era a Fraternidade do Punho da Concórdia (Yi Ho Kuen em chinês), que era filiada à Seita dos Grandes Punhais e à Seita dos Nenúfares Brancos. Mas o processo todo teve origem muito antes, com Chu Hung Tang, líder que reuniu lutadores de diferentes estilos e formou um formidável exército. Originário da cidade de Sze Chui na Província de Shantung, Chu Hung Tang era estudioso de Medicina e Kung Fu, tendo aberto sua casa a quem quer que desejasse praticar Kung Fu e reunindo especialistas marciais que deram origem ao estilo Yi Wu Kuen (Arte dos Punhos da Justiça e da Concórdia). Em sua seita a ênfase era exclusivamente dedicada ao Kung Fu, sem que se ensinasse conceitos filosóficos ou políticos, mas posteriormente Chu Hung Tang adotou alguns princípios políticos da Seita Pa Kua e da Seita do Lótus Branco. Com a aceitação dessa conceituação nova os ânimos de seus alunos se tornaram mais politizados e agressivos, culminando com a formação da Sociedade da Justiça e da Concórdia, Yu Wu Mun em chinês. Essa Sociedade altamente nacionalista e avessa aos estrangeiros, tinha dois princípios que a norteavam, a saber: -Ajude o pobre e lute contra os estrangeiros. -Se encontrar uma desigualdade em seu caminho empreste sua mão como ajuda.

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Esse ato de emprestar a mão nada tinha a ver com a atitude cristã de dar a outra face, muitas vezes significava emprestar um punho irado de um hábil praticante de Kung Fu. Por sinal, parte de suas vítimas eram os chineses convertidos ao Cristianismo, que era muito malvisto devido à sua origem estrangeira. A guarda imperial não os impedia de atacar as igrejas e aos chineses cristãos, pois também tinha certo preconceito a respeito dessa cultura estranha. Chu Hung Tang tinha apenas 300 homens em sua seita, mas um golpe hábil do destino aumentou suas fileiras em mais de mil homens. Fiéis a seus dois princípios, os homens da Sociedade da Justiça e da Concórdia ajudaram o povo por ocasião de uma inundação ocorrida em Sze Shui, o que lhes trouxe centenas de novos adeptos. Chu Hung Tang tinha um amigo de infância que se tomou monge budista e era forte praticante de Kung Fu. Esse monge, chamado Bun Ming organizou uma filial da Sociedade na cidade de Cheung Chin. Com o auxílio desse monge, Chun Hung Tang estabeleceu uma estratégia de expansão que funcionava mais ou menos assim: Enviava 50 homens a uma nova região para fundar uma espécie de Mosteiro e uma Escola de Kung Fu. Na continuidade os frequentadores dessa comunidade eram convidados a participar de uma Sociedade Secreta de

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voluntários, que era organizada mais ou menos nos mesmos padrões das organizações dos Tai Ping. O objetivo dessas organizações era a derrubada da Imperatriz Manchu Tseu Hi e a expulsão dos estrangeiros do território chinês. Os treinamentos nas escolas de Kung Fu da organização eram duríssimos, os homens treinavam horas e horas todos os dias e se especializavam no uso da lança e da espada. O começo da revolta foi bastante prosaico. No Condado de Ping Yuen o povo estava passando fome e mais uma vez, fiéis a seus dois princípios, um grupo de homens da Sociedade Secreta resolveu assaltar um armazém dos bárbaros estrangeiros e repartir os alimentos entre o povo. Mas o grupo era muito pequeno, e seis dos homens foram presos e condenados à morte. Os outros elementos do grupo procuraram Chu Hung Tang e lhe pediram que os salvasse. Chu Hung Tang uniu-se a Bun Ming e com 200 homens atacou a guarnição estrangeira vencendo-a e repartindo a comida entre os pobres. O Governador do Condado foi avisado e mandou suas tropas contra os revolucionários, mas elas foram derrotadas. Os revolucionários haviam se preparado para a batalha através de banhos especiais que as antigas tradições do Kung Fu acreditavam produzir invulnerabilidade, e como nenhum dos homens foi ferido ou morto nas duas escaramuças, passaram a acreditar que suas fórmulas de invulnerabilidade haviam funcionado.

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Em agradecimento à vitória, foi realizada uma cerimônia budista e para obter o favorecimento dos deuses em suas futuras batalhas, adotaram mais cinco normas morais, a saber: -Não contar vantagens nem ter presunção. -Respeitar os pais e anciãos. -Não cobiçar nem invejar. -Não roubar. -Não adulterar. Nessa altura dos acontecimentos os adeptos da Sociedade Secreta já eram 20.000 e estavam espalhados por toda a China. A tradição diz que mais da metade deles praticava o Kung Fu. Em maio de 1898 foi realizado um conselho secreto dos mestres de Kung Fu. Estavam em assembléia: Fao Kan Tzi, famoso mestre Shaolin que tinha mais de 2.000 discípulos e que pertencia à Tríade dos Tong. Che I Chai, mestre de Hsing I que tinha vencido o famoso mestre da Palma de Ferro. Li Tsung, o mais famoso mestre de Pa Kua daquela época. Chen Ting Hua, conhecido pelo apelido de "Cobra Invencível", feroz lutador de Hsing I. Mestre Hung, que tinha mais de 5.000 discípulos fanáticos no estilo Pa Kua. Feng yu Hsiang, mestre de Hung Gar e dirigente da Sociedade

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Secreta "União pela Grande Espada". Tsu Hsin Wu, criador da escola do sul "Tsu Jen Men", especializada na arte de guerrilha Sun Tzu e no estilo Shuai Chiao. Chan Ti San, discípulo do grande mestre Ho Yuen Chia, que por estar doente não pôde comparecer. É curioso notar que Bruce Lee interpretou no filme "Fists of Fury" (Fúria do Dragão, no Brasil), o papel de aluno de Ho Yuen Chia vingando a morte de seu mestre, que foi envenenado pelos japoneses. Essa reunião tinha por objetivo reunir a força desses mestres para derrubar o poder Manchu representado pela imperatriz e expulsar os estrangeiros. Essa reunião dos mestres foi muito importante para o desenvolvimento do Kung Fu, visto que a união em prol de um objetivo comum - derrubar os Manchus e expulsar os estrangeiros - criava união entre mestres e fazia cessar as guerras entre diferentes estilos. Como consequência dessa união de forças, nesse mesmo ano principiou a revolta dos boxers, mas devido a traições internas (mestres menores invejando e fofocando contra os que se destacavam já havia naquela época) e outros fatores, esse início da revolta foi muito conturbado e muita gente foi capturada e executada. Os estrangeiros já eram muito influentes politicamente, e se valiam dessa influência para impor drásticas medidas de repressão e de controle militar, que acabaram minando a resistência inicial dos boxers e forçando a captura de milhares de lutadores.

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Só na cidade de Pequim foram executados 3.000 desses lutadores. Conta-se que os carrascos recebiam prêmios em dinheiro caso vencessem o concurso diário de cortar as cabeças. Os mais afoitos chegavam a cortar mais de sessenta cabeças por dia. Considerando que levasse dez minutos para retirar o prisioneiro do calabouço, sessenta execuções representava para o carrasco dez horas de trabalho diário, sem parar sequer para as refeições. E havia vários carrascos trabalhando ao mesmo tempo. Mas a coisa não parou por aí. No ano seguinte (1899), os boxers se reagruparam e estavam ainda mais motivados devido às execuções de seus companheiros. Nessa altura dos acontecimentos, a Sociedade da Justiça e da Concórdia de Chu Hung Tang já contava com milhares de adeptos, que eram sistematicamente doutrinados para odiar os estrangeiros. A matança inicial dos boxers só serviu para exacerbar ainda mais os ânimos esquentados e a revolta acabou por escapar do controle dos mestres. Embora a maioria dos mestres envolvidos tivesse um comportamento ético e pautassem suas ações dentro de um determinado padrão moral, seus subordinados estavam sedentos de sangue e não queriam mais saber de obedecer ordens.

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Levados pela avalanche provocada pela sede de vingança e pelo ódio aos estrangeiros, a tentativa dos mestres em controlar a turba, falhou. Contra suas ordens e em oposição aos princípios morais do Kung Fu, muitos inocentes pagaram pelos pecadores. Os homens religiosos, mesmo os padres cristãos e os pastores das missões protestantes da China, jamais haviam sido molestados pelos praticantes de Kung Fu, pois eram considerados homens de paz. Da mesma forma, eram respeitadas as instituições assistenciais e de caridade que acolhiam idosos e crianças órfãs. Mas os boxers desprezaram os conselhos de seus mestres e criaram uma carnificina sem par na História da China, destruindo igrejas, escolas e hospitais, matando religiosos, médicos, mulheres, anciões, crianças e doentes que estivessem nessas instituições. Em 1900 -conhecido como o "Ano da Revolta dos Boxers" -os revolucionários já ocupavam quase toda Pequim. Embora a revolta de 1900 tenha sido extremamente curta (durou de junho a agosto apenas), centenas de combates foram travados e milhares de atrocidades perpetradas. Mesmo sendo chamada de Revolta dos Boxers, a revolução já não pertencia aos boxers, pois a população havia se unido e com a proposição de apoiá-los cometia grandes morticínios, numa revanche vingativa e cega pelos muitos anos de opressão e penúria. O grosso da revolta iniciou no dia 20 de junho de 1900, forçando o governo a tomar drásticas medidas para sobreviver.

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No dia seguinte ao início da revolta, (21 de junho) o governo declarou oficialmente guerra aos estrangeiros. Com a tomada de Pequim as fraternidades e sociedades secretas organizaram desfiles para demonstrar suas forças. Entre outras participaram do desfile as Sociedades Tríades, a Sociedade do Lótus Branco, os Turbantes Amarelos e a Unidade da Grande Espada. Por ocasião dos desfiles das Fraternidades que tomaram Pequim, os ocidentais haviam se refugiado dentro das muralhas da cidade velha. Por trás dessas muralhas havia tropas ocidentais. Os comandantes ingleses eram muito orgulhosos de seus feitos militares nas colônias e estavam acostumados a conter revoltas populares e mesmo rebeliões armadas na Índia. Suas tropas eram especialistas em lidar com situações denominadas "Carga de Cavalaria Ligeira". Faziam parte dos batalhões ingleses sediados em Pequim várias tropas indianas "Gherkas", compostas por temíveis lutadores Singhs, especialistas na luta corpo-a-corpo e no manejo do punhal ondulado (Kriss). Havia também as tropas de combatentes argelianos, os Zuavos, ferozes e calejados soldados com muita prática em guerra de guerrilhas. Os regimentos ingleses e franceses uniram-se e atacaram os revoltosos, mas foram derrotados.

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Mesmo seus fuzis e baionetas não eram páreo para as lanças e espadas dos praticantes de Kung Fu. Muitos mestres e lutadores famosos se davam ao luxo de enfrentar os soldados estrangeiros fortemente armados, usando apenas os seus punhos nus. As perdas chinesas foram mínimas, ao passo que o exército estrangeiro foi inteiramente dizimado, sobrando apenas uns poucos homens. Embora o povo chinês estivesse orgulhoso da vitória, os mestres sabiam que o pior ainda estava por vir, e que dificilmente teriam condições de enfrentar as armas pesadas dos ocidentais. No dia 11 de julho os regimentos alemães chefiados pelo Conde Waldersse entrou em batalha com os boxers. Esses regimentos alemães eram formados por soldados prussianos, experientes em inúmeras batalhas, chamados Bandeburgueses e tendo como emblema a Águia Alemã. Era uma tropa de elite onde só eram admitidos homens com mais de um metro e noventa de estatura, que passavam por testes de admissão que exigiam suprema força e coragem. Era a Águia contra o Dragão. Os ocidentais eram homens fortes, enormes, superequipados, obedecendo a uma formação que os dispunha em falanges de combate já testadas incontáveis vezes e respaldadas em técnicas militares cientificamente estudadas. Os chineses eram miúdos e subnutridos, usando armas rudimentares: facas, paus, pedras, enxadas, correntes, etc.

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A batalha durou apenas uma hora e os alemães foram forçados a recuar com seus poucos sobreviventes. Até essa batalha com os alemães os ocidentais ainda não tinham usado suas armas de fogo de maior alcance, porque achavam que feria sua honra usar armas sofisticadas contra uma plebe destreinada, desarmada e pertencente a uma raça inferior. Mas tendo em vista as derrotas sofridas os ocidentais perderam seu amor à honra e começaram a usar plenamente todos os recursos bélicos que dispunham. Em desespero de causa os chineses invadiram os museus e se apossaram de todos os tipos de armas de fogo antigas em que conseguiram pôr a mão. E armados de umas poucas escopetas, trabucos e pistolas antigas tentaram atacar as muralhas da cidade antiga onde os ocidentais se abrigavam. Graças à ajuda de um velho canhão que disparava bolas de fogo de mais de 100 quilos conseguiram abrir brechas nas muralhas e por elas tentaram passar. Mas as armas mais sofisticadas dos ocidentais os impediram e foram mortos aproximadamente quinze dos grandes mestres e mais de 1.000 boxers. No dia 14 de julho chegaram os reforços pedidos pelos ocidentais. Constava de tropas americanas, européias e japonesas, que logo ao chegar ocuparam a cidade de Tien-Tsin.

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No dia 14 de agosto o exército ocidental chegou em Pequim, com 8.000 homens fortemente armados, mais de cem canhões e 20 metralhadoras de longo alcance. O cerco dos boxers a Pequim durou cinquenta e dois dias. Enfrentaram bravamente as tropas aliadas e pereceram gloriosamente em batalha defendendo o direito à liberdade de seu povo e a necessidade de preservar seus valores culturais contra o estrangeiro predador. Não era a primeira e nem seria a última vez que ocidentais invadiriam outros países e outros povos, impedindo-os de exercerem sua liberdade na escolha de seus governantes e na preservação de sua cultura. Os boxers conseguiram resistir durante treze dias até serem dizimados completamente no dia 27 de agosto de 1900. Pereciam com eles dezenas de estilos de Kung Fu que desapareceram para sempre por terem sido mortos seus mestres e praticantes mais destacados. Jamais saberemos como seria hoje o Kung Fu se alguns desses mestres tivessem conseguido sobreviver. Com eles morreram segredos marciais insubstituíveis e técnicas primorosas, que provavelmente nunca mais serão reencontradas. Participaram dessa revolta: de um lado os mestres do Kung Fu, os membros das Fraternidades, das Tríades e das Sociedades Secretas e, por outro lado soldados bem nutridos, fortemente armados e exemplarmente treinados da Alemanha, Argélia, Áustria, França, Índia, Inglaterra e Japão. A resistência chinesa era dirigida por homens de ferro como o

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General Feng-Yu-Hsiang que comandava o célebre batalhão Ta-Tao-Tui. Este e outros generais pereceram lutando ombro a ombro com seus soldados diante das armas de fogo mais sofisticadas de outros países. Durante muitos anos o Kung Fu foi banido da China, tendo sido preservado por uns poucos aficcionados que o praticaram em segredo até há poucas décadas, quando novamente foi liberado e conquistou seu lugar ao sol.

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Na revolução dos Boxers surgiu o lema que deu origem ao lema de Bruce Lee: O General Feng-Yu-Hsiang criou um famoso lema para sua tropa de revolucionários, lema esse que motivaria Bruce Lee a criar outro lema de grande impacto. Vejamos: O lema de Feng-Yu-Hsiang: Quando combatemos Usamos as balas de nossas armas Quando acabam as balas Usamos as baionetas Quando se quebram as baionetas Usamos as coronhas dos fuzis Quando se quebram as coronhas Usamos nossos punhos Quando cortam nossos punhos Nós os mordemos O lema de Bruce Lee: Aproxima-te do Jeet Kune Do Com a ideia de dominar a vontade. Esquece a vitória ou a derrota; Esquece o orgulho e a dor. Deixa teu adversário arranhar tua pele E esmaga a carne dele; Deixa-o esmagar tua carne E fratura-lhe os ossos; Deixa-o fraturar seus ossos E toma a vida dele! Não te preocupes em escapar ileso Deixa tua vida diante dele.

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Apólogos do Kung Fu O Kung Fu, a título de propiciar uma formação moral a seus praticantes, cultiva em sua tradição um sem-número de apólogos que, tais como as parábolas do Cristianismo primitivo, transmitem profundos ensinamentos. A título de ilustrar como são esses apólogos, a seguir narro alguns deles na esperança de que o leitor saiba apreciá-los e consiga extrair deles os ensinamentos especiais que ocultam. A Especialização Marcial Há muito, muito tempo, quando a ilha de Okinawa pertencia aos chineses e os okinawenses aprendiam técnicas de Kung Fu que mais tarde dariam origem ao Karate (se não acredita, leia os livros de Ginchin Funakoshi), morava nessa ilha um velho mestre chinês que transmitia sua arte com muito desvelo e carinho. Dentre os inúmeros discípulos desse mestre havia três que eram seus alunos prediletos. Desses três, um havia se dedicado exclusivamente às técnicas de luta com as pernas e se tornara muito famoso como "O Homem da Perna de Ferro". Outro gostava apenas das técnicas manuais e se tomara eficientíssimo no uso dos braços e das mãos, granjeando fama como "O Homem dos Punhos de Aço". O terceiro não se especializou em técnica alguma, contentava-se em seguir plenamente os ensinamentos do mestre e dedicava-se tanto às técnicas de perna, quanto às técnicas de mão.

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Por não se ter especializado em nada, não era famoso como os outros dois e embora querido por seu mestre, permanecia na obscuridade e era pouco conhecido. Com o passar dos anos, o velho mestre vendo chegar o fim de seus dias, convocou o povo a ouvir suas últimas palavras. Como era um homem probo e caridoso as pessoas de sua aldeia vieram ouvi-lo. Nessa sua última mensagem conclamou todos à prática da caridade e da fraternidade, incentivou-os a continuarem praticando o Kung Fu como forma de cultura física e recurso para defender a ilha de possíveis invasores. Em seguida fez vir à sua presença seus três alunos favoritos e apresentando-os ao povo disse-lhes que se um dia tivessem problemas com algum mau elemento que ameaçasse suas vidas ou seus bens, confiassem a defesa da ilha a esses seus três discípulos. Terminando de dizer estas palavras, expirou. No banquete que foi realizado após o passamento do mestre (os chineses comemoram a morte com festas e banquetes), foram dados lugares de honra aos dois lutadores famosos, pois seus feitos eram muito conhecidos e as canções e danças da ilha reproduziam muitas de suas histórias. O terceiro lutador conseguiu um lugar afastado entre os alunos menos conhecidos do mestre. Os anos foram se passando e os dois lutadores famosos cada vez venciam adversários mais poderosos e mais e mais aumentavam a fama que possuíam. As crianças corriam atrás deles nas ruas gritando seus nomes; quando iam ao mercado os comerciantes lhes ofereciam presentes e dinheiro.

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Todos se sentiam honrados em hospedá-los e alimentá-los. O terceiro lutador continuou desconhecido. Todos os dias pela manhã abria os portões do quintal da casa do mestre, onde continuou a morar e recebia aqueles que o procuravam para aprender Kung Fu, ensinando-os com o mesmo carinho que costumava ter quando o mestre era vivo. Às vezes um dos dois lutadores famosos, o "Homem dos Punhos de Aço" ou o "Homem da Perna de Ferro" vinha à academia e era recebido com muita alegria pelos alunos que os convidavam a ensinar suas técnicas prodigiosas. Os anos foram se passando e certo dia a ilha foi invadida por um bando de salteadores chineses chefiados por um bandido feroz, exímio praticante de Kung Fu. Esse bandido atacava as aldeias, matava aqueles que resistiam, aprisionava os sobreviventes, arrancava-lhes as roupas, saqueava o que podia e em seguida incendiava as casas. Os sobreviventes, nus e humilhados, iam às aldeias próximas pedir socorro. De todos os lados chegavam as mesmas notícias -assassinatos, saques e incêndios destruindo as aldeias por toda a ilha. Então o povo se lembrou das recomendações do velho mestre e saiu à procura dos dois lutadores famosos. Conseguiram encontrar o "Homem da Perna de Ferro" e pediram sua proteção. O "Homem da Perna de Ferro" era muito confiante, pois tinha

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vencido grandes adversários e tinha uma perna tão rápida que nenhum outro lutador especialista em pernas conseguia superá-lo; procurou o bandido e o desafiou para uma luta. O povo estava com ele e confiantes em sua habilidade armaram-se de paus e pedras e cercaram o bando. A luta começou, o bandido enfrentava o "Homem da Perna de Ferro" e seus asseclas lutavam com o povo. O bandido lançou alguns golpes com a perna que foram prontamente defendidos pelas pernas e joelhos de seu adversário, que prosseguiu arremessando-lhe chutes tremendamente poderosos e praticamente indefensáveis. Sua técnica de pernas era tão superior que se dava ao luxo de florear, dando saltos no ar, giros, chutes repetidos com a mesma perna, etc. O bandido era um lutador muito experiente e conhecia inúmeras técnicas do Kung Fu; adotou a defensiva e passou a observá-lo. Notou que seu adversário mantinha os braços quase abertos para melhorar seu equilíbrio de pernas; notou também que ele executava até as defesas com os pés, canelas e joelhos. Lançou-se à frente e encurtou a distância até poder tocá-lo com os punhos, iniciando um ataque poderoso com golpes simultâneos de punhos, cotovelos, calcanhar, mãos e pontas dos dedos. Atingido por essa saraivada de golpes o "Homem da Perna de Ferro" tentou se afastar para poder ter espaço para desferir seus chutes poderosos, mas quanto mais se afastava mais o bandido se lançava para a frente encurtando a distância e atingindo-o pesadamente com as mãos.

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Em desespero tentou golpes com joelhos e pisões curtos, mas os golpes com os punhos eram muito rápidos e atingiam-lhe a cabeça, esmagando-lhe as orelhas, os lábios, os dentes, o nariz e os olhos. Tentou se afastar mais rápido para poder chutar, mas quando conseguia se afastar o bandido o empurrava desequilibrando-o e prosseguindo com a saraivada de socos. Dessa maneira foi acuado contra o canto de uma casa onde, impedido de usar as pernas, foi surrado até morrer. Quando o povo viu que o famoso "Homem da Perna de Ferro" tinha morrido fugiu apavorado, com o bando em seus calcanhares. Diversos mensageiros saíram em busca do "Homem dos Punhos de Aço" e contaram-lhe o que tinha acontecido suplicando-lhe que os auxiliasse. O "Homem dos Punhos de Aço" sorriu com superioridade: -Então o "Homem da Perna de Ferro" havia sido vencido por um bandido especialista no uso das mãos não é? Ninguém era suficientemente bom com os punhos para enfrentá-lo. Havia vencido dezenas de adversários que eram exímios lutadores com as mãos, venceria o bandido com facilidade... Quando acharam os bandidos a luta recomeçou. O bandido encarou seu adversário e imaginou que como o anterior este também era especialista no uso das pernas, resolveu acabar logo com a coisa, encurtando a distância e partindo para uma série de golpes de punhos.

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O "Homem dos Punhos de Aço" adorou essa aproximação, o bandido estava vindo de encontro a seus punhos poderosos, capazes de varar uma parede de pedras. Cada soco que o bandido lhe dava era habilmente defendido e desviado. Mas o bandido era um lutador experiente e logo percebeu que jamais venceria aquele oponente apenas desferindo golpes com seus punhos. Começou a guardar uma certa distância do adversário, afastava-se o suficiente para que os punhos do "Homem dos Punhos de Aço" não pudessem atingi-lo. Quando o "Homem dos Punhos de Aço" tentava encurtar a distância, esquivava-se e fugia do ataque linear. Quando não conseguia evitar o encurtamento da distância tentava apresar os braços do adversário e aplicar-lhe torções. Começou a observar atentamente o seu jogo de perna e notou que nunca desferia golpes com as pernas, nem possuía um jogo de pernas eficiente. Começou a usar suas pernas contra ele e em determinado momento conseguiu derrubá-lo com a rasteira circular posterior. Assim que o "Homem dos Punhos de Aço" caiu no chão o bandido pulou em cima dele e aplicou-lhe uma chave de braço. O herói nunca tinha lutado no chão, e não sabia o que fazer, tentou ainda uns socos desesperados mas teve seu braço direito deslocado à altura do cotovelo, em seguida foi asfixiado pelo bandido que o matou.

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Ao perceberem que o "Homem dos Punhos de Aço" havia sido morto o povo debandou apavorado. O povo da ilha não sabia mais o que fazer, havia ainda o terceiro aluno do mestre falecido, mas se os outros dois que eram verdadeiros heróis, famosos por suas lutas, nada haviam conseguido contra o bandido, o que conseguiria o outro lutador que era apagado, nunca havia realizado grandes feitos, não possuía técnicas mirabolantes e nem havia vencido grandes adversários? E nem se incomodaram em chamá-lo. Enquanto isso o bando de facínoras progredia em seu avanço devastador, arrasando as aldeias por onde passavam. Mas os rumores das atrocidades cometidas pelos bandidos e a notícia da morte dos dois heróis do Kung Fu chegaram ao terceiro lutador. Certa manhã reuniu os alunos da academia e disse-lhes: "-Hoje nosso treinamento será diferente. Peguem as armas e sigam-me." Não tiveram que andar muito para achar os bandidos. A luta começou rápida e não tardou para que ambos os chefes se enfrentassem. Quando o bandido começou a lutar com ele imaginou qual seria a especialidade de seu adversário -pernas ou punhos? Arriscou alguns chutes e estes foram habilmente defendidos e revidados à altura; resolveu mudar de tática, lançou alguns socos e estes também foram defendidos e devolvidos.

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Lançou-se à frente tentando encurtar a distância, mas foi rechaçado por uma saraivada de golpes certeiros que penetraram em sua guarda pelo centro de seu corpo. Tentou agarrar as mãos do adversário e ficou surpreso em descobrir que ele era liso e sabia esquivar-se com admirável habilidade. Começou a socar com força, mas o lutador ao invés de defender formalmente seus golpes desviava-os para fora com hábeis movimentos com os cotovelos, somados a um sutil giro de cintura. O bandido reparou que seu adversário completava seus ataques com apresamento de seus braços seguidos de revides formidáveis. Outro detalhe interessante é que cada braço que executava uma defesa estava lançando um ataque quase que simultaneamente. Tentou dar alguns chutes para aumentar a distância, mas suas pernas eram bloqueadas antes mesmo que os pés saíssem do chão. O lutador bloqueava soltando golpes curtos com o calcanhar sobre a coxa, joelho e canela do bandido. Tentou aplicar um golpe de torção, mas o rapaz esquivou-se num giro completo pelo outro lado e acabou por prender-lhe o pulso direito com mão de ferro. Quando puxou o pulso a fim de se livrar, o adversário dobrou o pulso arremessando o cotovelo da frente e caindo sobre ele com todo o peso do corpo.

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O impacto no peito foi enorme e quebrou várias costelas, fazendo com que sentisse gosto de sangue em sua boca. Ainda tentou ensaiar vários golpes, mas cada vez que arremessava um ataque era atingido na área de seu corpo que estivesse menos defendida, começou a cansar-se, a abaixar a guarda e a apanhar feio. Não demorou muito tinha deslocado o ombro e o tornozelo, logo mais desabou ao chão e não mais conseguiu se levantar. Quando os outros bandidos viram que o chefe estava fora de combate, perderam o espírito da batalha e da melhor forma que puderam trataram de fugir. A essas alturas o povo começou a se juntar em volta do lutador e de seus alunos e fizeram uma festa para comemorar a expulsão dos bandidos e a descoberta de um novo herói do Kung Fu.

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Influências Taoístas As influências taoístas se faziam mais marcantes nas Artes Internas, tais como o TAi i Chi Chuan, o Hsing I e o Pa Kua. Não havia um código específico para os praticantes das Artes Marciais, o que se recomendava era a prática do Caminho (Tao) e os estudos do "Tao Te Ching”. O Tao Te Ching é a obra fundamental do Taoísmo.

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Influências Budistas Diante da necessidade de impedir que os aprendizes de Shaolin usassem seus conhecimentos de Kung Fu com más intenções, o Monge Kwok Yuen, o grande recodificador de Shaolin que viveu por volta do século XVI, instituiu as "Dez Normas Budistas". A cada uma dessas normas acompanham vários apólogos, dentre os quais alguns foram selecionados e estão descritos no curso a distância da Fraternidade Kung Fu.

As Normas Budistas 1 -O praticante de Kung Fu deve treinar sem interrupção. 2 -O praticante de Kung Fu deve usar suas técnicas apenas para sua defesa pessoal. 3 -O praticante de Kung Fu deve respeito a todos os mestres de Kung Fu e a todos os discípulos que praticarem o Kung Fu há mais tempo que eles. 4 -O praticante de Kung Fu deve ser amigo de seus colegas e demonstrar em suas atitudes bondade e honestidade. 5 -O praticante de Kung Fu deve evitar demonstrações de técnicas, mesmo que para isso tenha que recusar um desafio. 6 -O praticante de Kung Fu jamais deve ser agressivo ou ter maneiras rudes. 7 -O praticante de Kung Fu jamais deve ingerir bebidas alcoólicas em excesso.

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8 -O praticante de Kung Fu deve conter seus impulsos sexuais. 9 -O praticante de Kung Fu não deve ensinar suas técnicas a ninguém que não seja budista. 10 -O praticante de Kung Fu tem que se imunizar contra a cobiça, a agressividade e a fanfarronice.

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A seguir interpretarei com brevidade cada uma das Normas Budistas e incluirei um apólogo que elucide sua aplicação.

1 - O praticante de Kung Fu deve treinar sem interrupção. Praticar a todas as horas do dia é um velho conhecimento, sempre presente na vida dos grandes ases do Kung Fu ou de qualquer outro esporte. Conta-se que Bruce Lee durante suas aulas escolares colocava as mãos sob a carteira e pressionava com força para treinar os músculos do antebraço. Quando assistia televisão à noite Bruce aproveitava os intervalos comerciais para treinar os braços com halteres. Linda Lee conta que quando ele tomava banho de chuveiro ficava na posição Kin Nheung Mah do estilo Wing Chun para treinar as pernas e os joelhos. São muito conhecidas as artimanhas utilizadas por esportistas famosos para incluir técnicas de treinamento nos momentos mais comuns de seu dia-a-dia. O famoso homem forte Charles Atlas, costumava carregar tampinhas de garrafa e pregos em seus bolsos para amassar e entortar entre os dedos enquanto viajava de ônibus. Muitos jogadores de beisebol costumam levar uma bolinha de borracha em seus carros e se dedicam a apertá-las com as

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mãos enquanto esperam os semáforos abrirem, dessa forma exercitando os músculos do braço. O atleta Francisco José D'Urbano, campeão brasileiro de Kung Fu em seu tempo e em sua categoria, costumava praticar flexões de calejamento entre uma e outra aula ministrada na União Nacional de Kung Fu. A superação é a marca do campeão, se você faz apenas o que o instrutor manda, você jamais será nada além de um medíocre lutador.

A História do jovem ambicioso: Certo jovem chinês, desejoso de aprender as técnicas do Kung Fu Shaolin, submeteu-se aos testes de admissão do templo e em seguida foi encaminhado à presença do mestre. Diante do mestre pôs-se a descrever sua ansiedade em tomar-se um lutador poderoso, seus desejos com relação à Arte Marcial, sua admiração pela arte de chutar, socar, saltar, lutar, etc. Quando terminou de falar o mestre permaneceu algum tempo em silêncio e depois lhe explicou que o valor no Kung Fu não está na força e no poder e sim no conhecimento. O garoto continuou a insistir em sua admiração pelas técnicas de luta. O mestre lhe contou a respeito de um touro que entrou em uma loja de louça e pisoteou os vasos e as cerâmicas finas, reduzindo tudo a cacos. O menino continuou a elogiar as técnicas que havia presenciado e os lutadores que havia conhecido.

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O mestre insistiu que as ambições dele eram demasiadas e que se quisessem aprender tudo aquilo, uma vida só não bastaria. Ele respondeu que não tinha muito tempo, que tinha pressa e que queria aprender mesmo que fosse umas poucas técnicas. Mais uma vez o mestre o aconselhou a meditar no touro da loja de louça fazendo-o ver que podia se transformar nesse touro, e que acabaria por destruir ao mundo a seu redor como o touro destruiu a loja. Mais o jovem continuou a insistir mais e mais em aprender as técnicas que desejava. O mestre então lhe propôs uma última prova antes de ser admitido aos ensinamentos marciais do templo. A prova consistia em amassar uma folha de papel transformando-a em uma bola e depois alisá-la novamente e recomeçar outra vez, transformando-a novamente em bola e alisando e prosseguindo assim até que o papel se reduzisse a tiras; deveria então pegar outra folha e recomeçar. Esse exercício deveria ser feito diariamente por doze horas, durante três anos. Terminados os três anos o jovem retornou à presença do mestre e este indagou: -Praticou continuamente durante doze horas diárias como lhe foi recomendado? -Sim; respondeu o jovem. -Então pode ir embora - respondeu o mestre. - Seu aprendizado terminou.

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O jovem ficou muito aborrecido e decepcionado, pois tinha seguido à risca as instruções do mestre. À custa de muito sacrifício tinha praticado doze horas diárias e agora o mestre se recusava a lhe ensinar o que tanto queria. Sentiu-se enganado e culpou o mestre por ter lhe roubado três anos de sua vida. Voltou para casa e assim que chegou, seu irmão que estava no banho pediu-lhe que lhe esfregasse as costas. Começou a esfregar as costas do irmão, mas teve que parar, pois descobriu que por onde passava sua mão a carne se abria e jorrava sangue... Essa história que acabou de ler provavelmente é apócrifa mas pertence ao rol das inúmeras lendas chinesas sobre o Kung Fu e não deve ser interpretada literalmente.

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2 -O praticante de Kung Fu deve usar suas técnicas apenas para sua defesa pessoal. Uma pessoa que sabe Kung Fu tem superioridade física sobre as pessoas que não aprenderam técnicas de defesa pessoal, independente de sua estatura e peso. O que você pensaria se visse um adulto espancando uma criança? Nessa mesma proporção, um praticante de Kung Fu que use sua superioridade técnica para subjugar alguém que desconheça as técnicas de defesa pessoal, age como um adulto que espanca uma criança. Da mesma forma que é de se esperar que um adulto não abuse de sua estatura para infligir castigos físicos a uma criança, também é de se esperar que um praticante de Kung Fu não abuse de seus conhecimentos técnicos para espancar qualquer pessoa, seja adulta ou não, seja maior em estatura ou não. Aliás, o Código Penal Brasileiro condena qualquer pessoa que mate seu adversário usando golpes desferidos com as mãos nuas, mesmo que o adversário esteja armado. Os antigos afirmavam que o Kung Fu tinha por objetivo transmitir ensinamentos de autodisciplina e autoconhecimento, não devendo jamais ser usado contra outro ser vivo (seja homem ou animal).

O Rei Suan e o Mestre Po-Kung-Hi O Rei Suan da dinastia Chou era um guerreiro valente e muito

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poderoso. Certa vez ouviu falar do grande Mestre Po-Kung-Hi e de sua grande fama; decidiu-se a procurá-lo e medir suas forças com ele. Quando chegou diante de Po-Kung-Hi perguntou-lhe qual era sua especialidade, em que técnica era mais forte. Po-Kung-Hi respondeu: -Posso arrancar a perna do gafanhoto e impedir que a cigarra abra suas asas. Espantado, o Rei Suan lhe disse: -Sou capaz de atravessar o couro de um rinoceronte com um só golpe de meus punhos. Como é que você, capaz de feitos insignificantes é mais famoso do que eu?! Po-Kung-Hi respondeu: -Aprendi com Tze-Shang-Chi, que era tão forte que jamais houve outro lutador como ele, mas cujas proezas nunca foram vistas por alguém, pois não gostava de se exibir.

O Karate Do de Gichin Funakoshi Um dos melhores livros sobre Artes Marciais traduzido para línguas ocidentais é o "Karate-Do My Way of Life", de Gichin Funakoshi -o criador da palavra Karate. Nessa obra o autor relata que quando estava com oitenta anos foi surpreendido por um assaltante que tentou roubá-lo, em um dia de chuva em que carregava em sua mão esquerda um

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saco contendo uma lancheira vazia e alguns livros, e na mão direita um guarda-chuva. Tal fato ocorreu enquanto voltava para casa e caminhava entre as estações Otsuka e Hikawashita, em Tóquio. O marginal arrebatou-lhe o guarda-chuva das mãos e tentou golpeálo com a ponta. Funakoshi agachou-se e com a mão direita agarrou firmemente os testículos do adversário. O guarda-chuva caiu no chão na hora e o rapaz começou a gemer parecendo que ia morrer. Funakoshi termina esse relato dizendo: "... Eu tinha feito o que constantemente tinha dito a meus jovens discípulos para nunca fazerem... Não me senti muito orgulhoso de mim mesmo." Citado do "Karate-Do My Way ofLife", Kodansha International, First Paperback Edition, 1981 -Página 112 Essa pequena história mostra a grandeza de Funakoshi, que foi um grande artista marcial e que pregava a seus discípulos a segunda norma budista.

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3 -O praticante de Kung Fu deve respeito a todos os mestres de Kung Fu e a todos os discípulos que praticarem o Kung Fu há mais tempo que eles. A tradição do Kung Fu relata que as escolas marciais da velha China eram administradas dentro de um sistema quase familiar. O mestre era considerado como um pai e sua esposa como mãe. Os alunos mais antigos eram tidos como irmãos mais velhos e tratados com todo o respeito. As pessoas que iniciavam o treinamento juntas tratavam-se umas às outras como irmãs e irmãos. Os discípulos que entrassem depois delas eram tratados como irmãos mais novos e mereciam toda a atenção e prestimosidade. Dentro desse espírito de fraternidade os outros mestres eram também respeitados por seus conhecimentos e mesmo que dois mestres não se dessem entre si, seus discípulos os respeitariam igualmente e jamais fariam críticas ao outro mestre. Foi esse respeito mútuo que garantiu a sobrevivência do Kung Fu até nossos dias, e quando os mestres de Kung Fu deixarem de se respeitar dessa maneira, ou se permitirem criticar a outros mestres diante de seus alunos, estarão contribuindo para o desaparecimento do Kung Fu.

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A fofoca contra um mestre: O discípulo Li certa vez perguntou ao Mestre Shiu se tinha ouvido falar no Mestre Pu Hao, cuja técnica era inferior e de origens desconhecidas. Mestre Shiu respondeu que nunca havia ouvido falar em Mestre Pu Hao, mas que conhecia Mestre Hao, que era um mestre respeitável e que, embora seus conhecimentos técnicos não tivesse mais valor devido à sua avançada idade, contribuía muito para a preservação dos verdadeiros conhecimentos do Kung Fu.

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4 -O praticante de Kung Fu deve ser amigo de seus colegas e demonstrar em suas atitudes bondade e honestidade. Ser amigo de alguém, principalmente de um colega de treino, implica em interessar-se genuinamente pela outra pessoa. Quando somos amigos de alguém, nos interessamos por seu progresso, nos entristecemos quando percebemos que não consegue seus objetivos, nos sentimos felizes quando vemos o sucesso que consegue alcançar. É muito importante que o praticante de Kung Fu deixe de ser infantil em seu comportamento com relação aos colegas. O praticante infantil é aquele que perde um tempo precioso criticando colegas de treino. O praticante infantil adora corrigir os outros, sem dar a devida atenção à correção das próprias falhas. O praticante infantil quando se torna bom de luta, começa a esnobar os colegas de treino, não os cumprimenta mais, não responde a seus cumprimentos, toma atitudes orgulhosas com relação a todos. O praticante infantil não sabe substituir as fofocas que ouve pela realidade que vê. O praticante infantil não compreende que não é importante ser o melhor de sua escola.

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O praticante infantil não compreende que a verdadeira Arte Marcial não consiste em vencer aos outros e sim em VENCER A SI MESMO. Vencer a si mesmo implica em dominar os sentimentos de superioridade, os comportamentos egoístas e substituir o desejo de ser melhor que os outros pelo interesse sincero em ser bondoso, amigo e leal com os companheiros, não só de sua academia como das academias que ensinam estilos diferentes do seu. Esse tipo de batalha é a mais difícil de todas, mas a vitória final obtida com essa luta é a maior de todas.

A história de Li e Ping: Nos tempos antigos havia dois praticantes de Kung Fu chamados Li e Ping, que desde crianças haviam praticado juntos, tendo se tomado grandes amigos. Certo dia resolveram tatuar seus braços com a mesma tatuagem como símbolo da amizade que os unia, dessa forma se tomaram irmãos e se juraram fraternidade enquanto vivessem. Devido a razões de família, separaram-se e não mais se tornaram a ver. Com o tempo tomaram-se adultos e seguiram caminhos diferentes. Embora ambos continuassem a treinar o Kung Fu com regularidade e persistência, Li se tomou famoso comissário de polícia enquanto Ping tomou-se um jogador. Uma ocasião Li foi enviado a uma cidade distante para deter uma gangue de traficantes que mantinha um cassino ilegal.

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Li invadiu o cassino e enfrentou a todos os bandidos que lá estavam, tendo vencido brilhantemente graças a seu domínio do Kung Fu. Em seguida teve que enfrentar o chefe da gangue que se ocultara em uma sala especialmente reforçada. Com algum esforço Li conseguiu penetrar na sala e enfrentá-lo. Quando começou a lutar Li percebeu que se tratava de seu grande amigo Ping, mas como cada um lutava pelo que julgava ser seu dever brigaram durante horas. Finalmente Ping conseguiu vencer a Li e quando o seu amigo estava caído no chão ensanguentado, abraçou-o fortemente e chorou muito. Como todo praticante sério de Kung Fu conhece profundamente Acupuntura, Ping tratou de seu amigo até que se recuperasse plenamente. Quando Li já estava bom, Ping o acompanhou e se entregou à justiça.

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5 -O praticante de Kung Fu deve evitar demonstrar suas técnicas, mesmo que para isso tenha que recusar um desafio. Esta regra foi criada para impedir que as técnicas do Templo Shaolin fossem aprendidas por algum praticante de Kung Fu de outro estilo que as poderia usar com propósitos menos elevados. Como praticante de Kung Fu você se torna responsável pelo que sabe e não deve transmitir seus conhecimentos indiscriminadamente. Se você ensina o que sabe a alguém e esse alguém faz mau uso do que aprendeu, você é o responsável. Além do que, muitos praticantes de Kung Fu transmitem seus conhecimentos não com a intenção de ajudar seus discípulos, e sim com o desejo de se sentir importante, por orgulho das técnicas que aprendeu.

O monge do lago Ching-Hai: Antigamente vivia próximo ao lago Ching-Hai um jovem monge que possuía grande habilidade em Kung Fu. Sendo tão hábil na arte de lutar esse monge era mais ou menos convencido e orgulhoso. Seus colegas monges gostavam muito dele e por amizade o advertiam que deveria controlar seu temperamento e que essa sua habilidade pessoal não deveria tomar conta de sua mente, havendo coisas muito mais importantes na vida.

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Não sendo burro, o monge compreendeu que seus amigos tinham razão e dedicou-se a seus estudos, à leitura de livros de Filosofia e à prática da meditação. No outono do ano seguinte, realizou-se uma grande competição de Kung Fu em Sagan-Ushu e o monge obteve autorização para participar dela. Chegando ao local das competições enfrentou todas as classes de lutadores; desde outros monges muito habilidosos em Kung Fu, a guerreiros de terras distantes exímios praticantes de outras modalidades marciais. Devido a sua grande habilidade foi sagrado campeão e iniciou a viagem de regresso. Quando já caminhava há algum tempo, encontrou um lutador que o desafiou a lutar. Orgulhoso como estava por ter vencido a todos no campeonato, o jovem monge esqueceu-se da quinta regra e aceitou o desafio. Lutaram durante várias horas, até que o monge conseguiu vencer seu adversário mas, como havia anoitecido e estava cansado depois de tanta luta, decidiu dormir à margem do caminho. Com o raiar do Sol reiniciou sua caminhada de volta ao monastério. Em determinado momento foi reconhecido por outros viajantes que o convidaram a almoçar com eles. Quando terminou de almoçar um deles o convidou a lutar. Sem poder recusar teve que enfrentá-lo.

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A luta tomou-lhe apenas meia hora, mas atraiu espectadores e assim que terminou de lutar um deles o atacou de surpresa, fazendo com que tivesse que lutar de novo. Nem bem liquidou com seu novo oponente, se agachou para pegar sua bagagem, foi novamente desafiado e nesse momento se recordou da quinta regra e dos conselhos de seus colegas monges, percebendo que onde quer que fosse sempre haveria alguém que o desafiaria. À medida que lutava com o novo adversário, percebeu que este não era tão bom quanto os anteriores, o que lhe permitiu enfrentá-lo enquanto pensava em tudo que estava acontecendo., Foi então que os conhecimentos filosóficos que havia estudado e as meditações que havia feito vieram a sua mente. Chegou à conclusão que o EU INTERIOR era muito mais importante que o EU EXTERIOR. Compreendeu que as vitórias que tinha obtido agradavam apenas a seu EU EXTERIOR, a seu EGO, a seu orgulho infantil. Compreendeu que o Kung Fu era a arte de vencer aquele impulso infantil de demonstrar aos outros sua grande habilidade. Então passou a abrir a sua guarda, a não defender os golpes do adversário e a deixar-se vencer. Quando vencido foi ridicularizado e abandonado por todos, que passaram a seguir o novo campeão.

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Caído no chão e ensanguentado pelos golpes de seu adversário, que para ele teria sido tão fácil de vencer, o monge sorria feliz. Não queria mais ser um grande campeão de Kung Fu, pois sabia que o caminho de sua vida estava na meditação e no estudo. Com a derrota aprendeu que o Kung Fu era o TEMPO DE HABILIDADE para converter seu Eu em algo profundo e muito grande. Sua habilidade continuava a mesma, continuava apto a defender-se em alguma ocasião de perigo, mas agora poderia sentir satisfação com outras coisas além de sua capacidade de lutar. Apanhou suas coisas e voltou ao templo.

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6 -O praticante de Kung Fu jamais deve ser agressivo ou ter maneiras rudes. O verdadeiro mestre de Kung Fu deve se esforçar por ter um controle pleno sobre si mesmo, evitando os comentários desairosos sobre os outros mestres, evitando os desafios e os comportamentos rudes e mal educados. O mestre Chan do Estilo Shaolin Vivia em uma pequena aldeia chinesa o Mestre Chan, famoso por seus conhecimentos do estilo Shaolin, do estilo Tong Long, por sua habilidade nas técnicas dos Oito Deuses Bêbados e pelo domínio da Palma de Ferro e das dezoito armas chinesas. Em sua juventude havia sido um invejoso, sempre caluniando outros mestres que tinham conseguido mais fama que ele. Apesar de toda a sua habilidade no Kung Fu, sua maior arma ainda era a fofoca, a maledicência, o desprezo. Seus alunos, por confiarem nele, acreditavam que tudo que dizia era verdadeiro e passaram também a desprezar os outros mestres. Esses outros mestres sabiam do procedimento do mestre Chan, mas não lhe queriam mal, simplesmente tinham pena dele. Quando os discípulos desses mestres lhes perguntavam a respeito do Mestre Chan, estes lhes respondiam que se tratava de um mestre muito valente, pena que fosse tão infantil e não soubesse respeitar a seus colegas. Alguns mestres chegavam mesmo a recomendar sua escola a

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pessoas que moravam próximas à sua região, recomendação essa que Mestre Chan seria incapaz de fazer a respeito deles. A valentia de Mestre Chan era muito grande. Certa vez entrou sozinho na caverna de um grande urso negro que assustava a população da vila, enfrentando a fera e saindo de lá com ele morto. Certo dia estava andando pela rua quando um ancião se aproximou dele e lhe disse: -O senhor é um grande mestre e possui habilidades espantosas, mas por que, ao invés de perder tempo falando mal de outros mestres, o senhor não enfrenta os três monstros que estão assustando o povo? Mestre Chan estranhou a interpelação e perguntou quais eram os três monstros. O ancião explicou que havia um grande tigre rondando o povoado e que já havia comido três homens. Mestre Chan pegou suas armas e saiu em busca do tigre, matando-o a golpes de lança e punhal. Voltou ao povoado, procurou o ancião e lhe disse: -Já matei o tigre, qual é o próximo monstro? O ancião lhe contou que havia uma grande serpente que se ocultava no caminho da aldeia atacando os viajantes. Mestre Chan pegou sua corrente articulada e foi atrás da serpente, matando-a. Quando voltou à aldeia perguntou ao ancião qual era o terceiro

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monstro. O ancião respondeu: -Você é o terceiro monstro. Mestre Chan ficou furioso e ergueu seu poderoso punho para fulminar o pequeno ancião. Mas o ancião continuou a falar: -Você é um grande mestre, para você é muito fácil me tirar a vida, minha técnica não é suficiente para enfrentá-lo, mas mesmo que você me mate continuará sendo o terceiro monstro, pois sua língua é ferina e venenosa e o mal que ela faz apaga todo bem que sua arte consegue fazer. Mestre Chan abaixou seu punho e foi-se embora, passou toda a noite pensando, no dia seguinte juntou algumas roupas e caminhou até a montanha onde meditou durante três meses. Enquanto meditava na montanha reparou que o vento forte derrubava os troncos vigorosos mas só acariciava as folhagens flexíveis, enquanto a chuva matava a sede dos dois. Compreendeu que a chuva era mais sábia que o vento, e que todas as pessoas, boas ou más, com grandes ou com medíocres conhecimentos, continuavam a merecer a luz do Sol e a água da chuva. Retornou à aldeia e o povo de lá ficou surpreso quando viu que havia se modificado, suas maneiras eram as de um homem cortês e se comportava com amabilidade em relação a todos os outros mestres, mesmo com aqueles a que julgava ser superior.

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7 -O praticante de Kung Fu jamais deve ingerir bebidas alcoólicas em excesso. Devemos certo respeito ao nosso corpo e afinal de contas, o corpo é o instrumento de que nos utilizamos para a prática do Kung Fu. Os livros de Medicina informam que a ingestão de qualquer bebida alcoólica, mesmo em pequenas proporções, destrói os neurônios, descalcifica os ossos, lesa as fibras nervosas e os vasos cardíacos, irrita a mucosa gástrica, desarranja os rins, elimina a vitamina B, diminui o oxigênio do sangue, podendo, quando em grande dose, provocar a cirrose hepática. Mas a questão da ingestão de bebidas alcoólicas não é tão simples assim. Trata-se de uma doença e deve ser encarada como tal. Na continuidade de minhas pesquisas assisti algumas reuniões dos Alcoólicos Anônimos e ouvi depoimentos de rara intensidade emocional e rico conteúdo humano. Se você ouvisse falar de uma doença que estivesse atingindo nosso país e vitimando 4 milhões de pessoas, afetando-as a ponto de torná-las loucas durante algumas horas todos os dias, isso lhe causaria um certo espanto, não é? Pois fique sabendo que o alcoolismo é uma doença que provoca a loucura em determinados períodos e que as pessoas vítimas dessa doença prejudicam cerca de 20.000 pessoas no Brasil todos os dias, afetando a vida social e empresarial desta nação com custos incalculáveis.

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Segundo a A.A.A., a doença do alcoolismo ataca uma a cada treze pessoas que bebem e é a terceira doença do mundo em número de mortes. Somente na cidade do Rio de Janeiro uma estimativa situa a existência de trezentos mil alcoólatras. Sabendo-se que cada alcoólatra afeta e prejudica o comportamento de pelo menos cinco outras pessoas em média, temos um milhão e quinhentas mil pessoas prejudicadas diariamente só no Rio de Janeiro. O alcoolismo é uma doença progressiva e, como tal, é acionada pelo primeiro gole ingerido. Estive em reuniões da A.A.A. ministradas em diferentes locais, mas notei que estava sempre presente um pequeno outdoor eletrônico que piscava de forma intermitente e onde estava escrito: "Evite o primeiro gole." Outro cartaz que está sempre presente diz: "Um é muito e mil não é suficiente." Espantei-me da lucidez da sétima regra budista que diz que não se deve ingeri bebidas alcoólicas em excesso. Se você provar, já tomou o primeiro gole, não é? Diz também a A.A.A.: "Não adianta tentar convencer um alcoólatra a largar a bebida, até que ele mesmo reconheça a sua incapacidade perante o álcool." O alcoólatra começa bebendo socialmente, mais tarde passa a beber habitualmente e depois começa a perder o controle e a beber sob qualquer pretexto.

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Nenhum esportista que se preza ingere bebidas alcoólicas e isso inclui os praticantes de artes marciais, mesmo que os anúncios dos fabricantes de bebidas mostrem o contrário na televisão.

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8 -O praticante de Kung Fu deve conter seus impulsos sexuais. Quando analisamos esta norma temos que compreender que ela foi estabelecida para ser adotada pelos Artistas Marciais do Templo Shaolin, que eram Monges e portanto haviam feito votos de castidade. É interessante você saber que não são todos os budistas (monges ou não) que praticam a abstinência sexual. Alguns monges budistas são casados e têm filhos. No curso de formação de ascetas do Budismo Niskama Karma, podem participar pessoas de ambos os sexos e até mesmo pessoas casadas. Para informações sobre como obter essa formação clique neste link: http://perfeitaoportunidade.com.br/budismo-niskama-karma-2/ Em se tratando de pessoas comuns de nossos dias, seria exigir demais impor a total abstinência sexual, mesmo porque seria praticamente impossível cumprir essa regra vivendo dentro do mundo. No entanto, podemos observar que é comum a prática de abstinência sexual entre os esportistas profissionais, haja vista as famosas "concentrações" dos jogadores da Seleção Brasileira. A energia sexual quando contida por um ato da vontade pode ser sublimada em realizações físicas (e/ou intelectuais) de excepcional performance.

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Isso não significa que o praticante de Kung Fu não deva permitir a livre expressão de sua sexualidade, e sim que deve manter controle sobre ela. O que se recomenda é que se evitem os exageros que contribuem mais para tornar o homem escravo de seus instintos do que senhor de si mesmo. O relacionamento sexual deve ser encarado com normalidade, não se deve atribuir-lhe uma importância desproporcional e nem se deve permitir-lhe que ocupe nossa mente a todos os momentos. É fato notório que os grandes gênios de todas as épocas possuíam intensa sexualidade e muitos autores consideram a sublimação dessa sexualidade como um dos fatores que conduziram esses homens a suas grandes realizações.

O monge que carregou uma mulher: Conta-se que dois monges caminhavam às margens de um rio discutindo certos pontos da Filosofia Budista, quando deles se aproximou uma mulher e perguntou-lhes se não podiam carregá-la até a outra margem do rio, pois não desejava molhar suas vestes. Um dos monges, sem titubear, tomou a mulher em seus braços e a levou até a outra margem, depositando-a no chão, retomando à margem de onde partira e continuando a discussão filosófica no ponto em que havia sido interrompida, como se nada houvesse acontecido. Diante dessa atitude o outro monge ficou muito espantado e censurou o companheiro: -Você não sabe que somos proibidos de nos aproximarmos de uma mulher e que jamais podemos tocá-las ?!

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O outro respondeu: -Eu a carreguei para o outro lado mas a larguei lá, você continua carregando-a.

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9 – O praticante de Kung Fu não deve ensinar as suas técnicas a ninguém que não seja Budista. A transmissão completa dos ensinamentos de um estilo de Kung Fu é responsabilidade difícil que preocupa os mestres conscientes de seus deveres. Evidentemente que esta norma também deve ser interpretada, levando em conta o sistema de valores vigentes em nossos dias. Na antiguidade os mestres não se permitiam sequer fazer demonstrações públicas. Deixavam isso a cargo de seus discípulos. Fazer demonstrações em primeiro lugar era sinal de certo orgulho pessoal, indigno de um verdadeiro mestre. Em segundo lugar permitia que o público aprendesse movimentos mais adiantados que tinham que ser preservados. Alguns dos mestres mais qualificados do Kung Fu moderno ainda atendem a esse dever e raramente fazem demonstrações públicas. Embora não se exija que os discípulos sejam budistas, é de primordial importância que se verifique a lealdade e o caráter de um praticante antes que se lhes permita o aprendizado de técnicas mais avançadas. As pessoas mudam com o tempo e os brasileiros em geral são multo volúveis e emocionais, julgando seus mestres pela opinião dos outros mais que por sua própria.

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A violência é um fator marcante entre nosso povo, mormente se observarmos que temos entre nós um dos maiores índices de criminalidade registrado em todo o mundo. Se um professor não for suficientemente responsável na escolha de seus discípulos, acabará por disseminar sua arte entre pessoas menos qualificadas que perpetuarão a violência e a discórdia entre seus alunos. Recomenda-se especial cuidado com professores que falem mal de outros professores ou de outros estilos. Em geral trata-se de pessoas que tentam esconder nas críticas a própria incompetência. Essa recomendação é especialmente verdadeira no que se refere a fofoqueiros de origem chinesa. O fato de um praticante de Kung Fu ser chinês não o transforma em um mestre nem traz dignidade a quem não a possui (mesmo que se auto intitule mestre e alguns vão mais longe e se apresentam como grão mestre). Muitos estilos de Kung Fu desapareceram no passado devido a dificuldade de se selecionar discípulos criteriosos que os preservassem. Na intenção de preservar os conhecimentos milenares do Kung Fu sem permitir que um só elemento se tornasse depositário de toda a técnica, o Templo Shaolin nunca ensinava todo seu estilo a um só praticante, preferindo transmitir técnicas parciais a cada discípulo, dessa forma assegurando a unidade do Templo. O mundo se encontra num estado caótico em que imperam a guerra e a violência.

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Aqueles que moram nas grandes cidades não possuem mais a liberdade de se moverem em segurança pelas ruas, sem correrem o risco de um assalto ou de uma atitude mais violenta por parte das pessoas que lá convivem. O Kung Fu e as demais Artes Marciais são armas poderosas que não devem ser colocadas nas mãos de pessoas menos preparadas. Aquele que ensina apenas as técnicas físicas do Kung Fu isoladas do contexto filosófico e espiritual característico dessa arte está apenas demonstrando ser um medíocre que semeia a violência no mundo. Que mundo estamos construindo para nossos filhos se semeamos indiscriminadamente a violência? Ê necessário que aprendamos a combater a violência em sua origem dentro de nós, antes que ela se manifeste através de nossos atos. Para isso temos que compreender que o que nos torna violentos é o orgulho. Estamos semeando a violência quando nos orgulhamos do estilo de Kung Fu que praticamos, quando nos orgulhamos do nosso Mestre, quando nos orgulhamos de nossa técnica, quando nos orgulhamos de nossa força física, quando nos orgulhamos de nossa nacionalidade, etc. E por que isso? Porque quando achamos que aquilo que sabemos é melhor que aquilo que os outros sabem, estamos adotando um comportamento de superioridade que impõe um certo desprezo

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para com o conhecimento dos demais, e isso é sinal de uma grande inferioridade nossa. Temos que aprender a respeitar as demais pessoas, e isso inclui aprender a respeitar o estilo e os padrões de comportamento das demais pessoas. Esse aprendizado de convívio harmonioso e tolerante é a marca do praticante de Kung Fu amadurecido e idôneo. Quando permitimos que a semente do orgulho penetre em nosso coração, estamos abrigando o ódio e a discriminação dentro de nós. Nesse momento o Kung Fu que cultivamos cessa de ser uma expressão da arte e passa a ser uma expressão da violência. E seremos piores que aqueles de quem falamos mal, menores que aqueles que expressam modalidades de Kung Fu distintas da nossa. É muito fácil criticar, adotar um comportamento desdenhoso com relação a outros estilos e comportar-se de maneira orgulhosa diante dos praticantes de outras modalidades. Isso é tão fácil que qualquer idiota pode fazê-lo (e geralmente faz mesmo!). É de se esperar que um praticante de Kung Fu tenha mais dignidade e adote um comportamento menos infantil.

O discípulo Fanfarrão: Certa feita vários Mestres e seus discípulos fizeram uma demonstração de Kung Fu.

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Como é usual nessas ocasiões, os mestres se colocaram em fita indiana e ingressaram no pátio onde seria realizada a demonstração na ordem de sua antiguidade (Kung Fu = Tempo de Habilidade). Porém um discípulo fanfarrão e presunçoso adiantou-se e colocou-se ao lado de seu professor, ou seja, mais â frente que um mestre de outro estilo que possuía muito mais tempo de treino que ele. E passou a olhar o outro mestre com um ar de superioridade como se possuísse o mesmo nível que ele. O mestre o interpelou e lhe disse: -Cheguei onde cheguei porque venci meu orgulho, ao passo que seu orgulho venceu você.

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10 -O praticante de Kung Fu tem que se imunizar contra a cobiça, a agressividade e a fanfarronice. Todos os comentários feitos na interpretação da norma anterior são também válidos para a compreensão desta norma. Nada mais ridículo que um artista marcial que se preocupe com faixas, diplomas e carteirinhas de estudante. Quantos atletas de grande potencial encerram suas possibilidades por desistirem da oportunidade de estudar com um verdadeiro mestre, para se prenderem a outros "mestres" menos sérios apenas por serem chineses ou por venderem diplomas. Já dizia Bruce Lee que a faixa serve apenas para segurar as calças. Uma pessoa que se dedica às Artes Marciais deve possuir um desejo sincero de evoluir tanto como lutador quanto como pessoa. Antigo provérbio chinês diz que o maior guerreiro é aquele que vence a si mesmo: só conseguimos vencer a nós mesmos quando dominamos nossos impulsos de orgulho, de fanfarronice, de querer ser mais que os outros. A humildade é a marca do verdadeiro campeão. Um campeão muito papudo é logo esquecido e seus feitos diminuídos. Embora muito do desempenho técnico do Artista Marcial dependa de sua dedicação aos treinos, não devemos nos esquecer que o destaque na Arte Marcial em geral é reservado

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a pessoas cujas condições físicas hereditárias sejam superiores. Por si só isso deveria ser motivação suficiente para que o praticante dessas modalidades cultivasse a humildade, visto que ninguém é responsável por suas condições hereditárias. Nada mais honroso que ver o forte protegendo o fraco, o poderoso socorrendo o oprimido, o virtuoso amparando o débil. A preocupação do Artista Marcial não deve ser tornar-se mais forte que os demais nem vencê-los, e sim tornar-se mais forte diante de si mesmo e vencer-se a si, ao invés de tentar vencer os outros. Muitos já ouviram falar da pecadora que foi atirada aos pés de Jesus para que fosse apedrejada conforme ditava antiga lei mosaica. A resposta de Jesus foi: "-Aquele de vós que não pecou que atire a primeira pedra." Parafraseando a Jesus pergunto: - Quem possui suficiente domínio sobre si mesmo para que possa presumir ser melhor que os outros? As vitórias do mundo são sem valor, pois tudo fenece diante da morte; aquele que é forte hoje será fraco amanhã; se os fortes de hoje não ensinam com seus exemplos a proteção dos fracos, quem os protegerá amanhã quando se tornarem fracos eles mesmos?

O Kung Fu de Li-Ne-Jam: Na Província de Hopei viveu um camponês chamado Li-Ne-Jam que, apesar de ser pobre e humilde, era um profundo conhecedor do Kung Fu.

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Um dia foi assistir a demonstração de dois famosos heróis, os irmãos Tai-Ling-Pang e Tai-Lung-Pai, mas não se impressionou muito, pois percebeu que sua própria arte era superior. Ao invés de fanfarronear-se, guardou para si mesmo esses sentimentos e não falou a respeito nem se exibiu. Um dos irmãos percebeu que aquele camponês pobre e maltrapilho não se impressionara com a exibição e o seguiu. Quando Li-Nem-Jam estava novamente trabalhando no campo, aproximou-se por trás e o agarrou fortemente tentando demonstrar toda sua força. Li-Ne-Jam o atirou ao ar facilmente, arremessando-o longe. Surpreso com tamanha habilidade, o homem se ergueu e perguntou-lhe como o fizera. -Pura sorte, respondeu Li-Ne-Jam e continuou a trabalhar..." Excetuando-se os fráteres filiados à Fraternidade Kung Fu, esta é a primeira vez que o público brasileiro tem a oportunidade de conhecer as Dez Normas Budistas do Templo Shaolin. Você, leitor deste livro, é um privilegiado por ter tido essa oportunidade. A questão é: acabamos de estudá-las; o que faremos com esses conhecimentos? Como aplicaremos essas normas em nossa vida prática, em nosso dia-a-dia?

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Procure estabelecer um plano de trabalho visando a adaptação destas normas à sua própria realidade.

Repartindo o que Sei Quando do preparo de meu livro O ESPIRITO MARCIAL, um instrutor do estilo Wing Chun que vinha me auxiliando por alguns meses insistiu comigo para que incluísse minha filosofia pessoal como fechamento desta obra.

Não acredito nem nunca acreditei que alguém seja capaz de levar outra pessoa ao conhecimento da verdade.

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O máximo que os grandes avatares, os gurus e os mestres têm conseguido fazer é apontar o caminho por onde trilharam, sem que ninguém tenha, até onde eu saiba, conseguido percorrer o mesmo caminho através de outrem. Não acredito nessa história de mestres e discípulos. Não me vejo como mestre de nada sou daqueles que crêem que o mestre está dentro de cada um. Tenho tentado fazer ver isso às pessoas que me buscam em procura do conhecimento. Mas, toda vez que insisto em que a pessoa deva pensar por si mesma e preparar-se por seus próprios meios, movido por suas próprias experiências, as pessoas desanimam. Toda vez que digo que minha experiência serve apenas a mim e a ninguém mais, sou interpelado por alguém que não consegue dar o primeiro passo. Ao examinar o que sei, verifico que tudo que sei já existe no mundo, já foi dito por muitos e que não necessito emitir minhas próprias percepções, visto que são de domínio público e aqueles que comigo convivem sabem como penso. Assim sendo, as conjeturas de que trato a seguir descrevem mal e porcamente a filosofia de vida que adotei para mim mesmo e que representa o resumo de minhas pesquisas dentro da sabedoria do Kung Fu, e de meus autores prediletos (Boécio, Buda, Epicuro, Epiteto, Han Ryner, Marco Aurélio e Sêneca). Não sou o melhor nem o mais virtuoso dos homens, portanto esta não é a melhor nem a mais virtuosa filosofia de vida.

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Se decidir adotá-la, talvez você possa encarar a vida com o mesmo pragmatismo e objetividade com que a encaro; talvez não. O risco é todo seu. De qualquer modo, será sempre uma escolha sua e, como tal, sua responsabilidade exclusiva. Afinal, já dizia La Bruyère: "A vida é uma tragédia para os que sentem e uma comédia para os que pensam." Antes de examiná-la, procure se lembrar de que O QUE VOCÊ SABE NÃO TEM VALOR ALGUM, O VALOR ESTÁ NO QUE VOCÊ FAZ COM O QUE SABE. De que lhe aproveita saber discutir estas teorias se não for capaz de demonstrá-las em suas próprias atitudes e ações? O exemplo não é a melhor maneira de ensinar, É A ÚNICA MANEIRA!

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Uma Filosofia Pessoal Escolhi "Uma Filosofia Pessoal" como título, por várias razões. Primeira - Sendo UMA Filosofia Pessoal, significa que existem outras. Segunda - Sendo Uma FILOSOFIA Pessoal, significa que não se trata da verdade absoluta, visto que filosofia é a busca da verdade, não a verdade em si mesma. Terceira - Sendo Uma Filosofia PESSOAL, significa que dificilmente pode atender totalmente às necessidades de mais alguém. Isto claro, comecemos: Seja o que for que faço, faço-o porque é justo diante de meu entendimento e não porque há alguém que possa premiar-me ou castigar-me na proporção de minhas ações. Ao esforço para conformar os atos de minha vida ao meu pensamento, chamo de virtude. A única recompensa da virtude é a própria virtude. Se penso numa recompensa não sou virtuoso, pois a principal característica da virtude é o desapego. Creio firmemente que a virtude desapegada cria a felicidade. Aquele que tenta ser bom porque quer ganhar o céu, não é bom, é como a prostituta que se vende. Aquele que evita ser mau porque não quer ser condenado ao inferno, não deixa de ser mau, é um covarde que se comporta porque teme.

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É típico do fraco colocar a responsabilidade de sua própria felicidade sobre os ombros de alguma coisa externa a si mesmo. Os ombros favoritos são os de Deus. Convido o leitor a considerar atentamente este pensamento de Epicuro: "Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que è impossível em Deus. Se pode e não quer ê pervertido: o que, do mesmo modo, é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é bisonho e impotente: portanto nem sequer é Deus. Se pode e quer, o que é a única coisa compatível com Deus, de onde vêm então os males? Por que razão não os impede?!" De qualquer maneira não cabe aos homens julgar a Deus, pois sequer têm meios de provar sua existência e não se julga algo que não existe. Nem perco tempo portanto, e me atenho às coisas que me pertencem e as ações que posso fazer. Visto que é impossível ao homem conjeturar sobre a natureza de Deus, dedico minha atenção à natureza que é a expressão da inteligência responsável pelas coisas serem como são e não de outra forma. Percebo logo de início que meus poderes sobre ela são limitados e que se não a respeito, por ela mesmo pereço. Só culpa a natureza pelo que lhe acontece, aquele que baseia sua opinião num falso sistema de valores que o faz confundir o que lhe pertence com o que não lhe pertence.

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A morte nada significa, pois enquanto vivo ela não existe e quanto ela chega eu cesso de existir. Para mim, ser feliz é viver o aqui e agora, sem apegos e sem culpa. O que me permite ser feliz é minha capacidade de escolher. Han Ryner diz: "A felicidade é um estado de espírito em que me sinto perfeitamente livre de todas as servidões e em perfeito acordo comigo mesmo." Sêneca conta: "O homem feliz é aquele para quem não existe nem outro bem nem outro mal senão o bem e o mal da alma; que pratica a honestidade e se satisfaz com a virtude; que não se deixa exaltar nem abalar pelos acontecimentos fortuitos; que não conhece maior bem que o que ele próprio se pode proporcionar, para quem o verdadeiro prazer é o desprezo do prazer." Epicuro afirma: "Nunca é cedo nem tarde demais para cuidar de si mesmo; aquele que diz que ainda é cedo ou que é tarde demais para filosofar, está dizendo que ainda não é tempo ou que já não dá mais tempo de ser feliz. A felicidade consiste em se obter aquilo que se deseja e em evitar aquilo que não se deseja; as pessoas infelizes são aquelas que: ou não conseguem aquilo que desejam ou não conseguem evitar o que desejariam evitar. Conquiste a felicidade evitando considerar como suas as coisas que não dependem de você."

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O mundo tem apenas duas espécies de coisas: aquelas que dependem de mim e aquelas que não dependem. Depende de mim apenas meu pensamento e, através do pensamento, gero minhas opiniões, minhas atitudes, meus apegos e minhas ações. Não dependem de mim meu corpo, meus bens materiais, minha reputação e tudo que não seja gerado por meu pensamento. As coisas que dependem de mim, me pertencem, são livres, nada as impede. As coisas que não dependem de mim, não me pertencem e estão sujeitas às vicissitudes da vida. Se considero minhas as coisas que não me pertencem, sou um ladrão e necessariamente serei infeliz, sofrerei, ficarei perturbado, descontente com o mundo e com os homens. Se aprendo a considerar minhas apenas as coisas que são minhas, e a considerar do mundo o que pertence ao mundo, ninguém jamais será capaz de me aborrecer, não ficarei descontente com ninguém, não poderei culpar os outros por minha infelicidade, não farei coisas que sejam contra minha vontade, não terei nenhum inimigo, nem serei vítima de nenhum dano ou perda. Esforço-me para compreender estas coisas com perfeição pondo-as em prática diante dos fatos da vida, sem me deixar influenciar pelas aparências. Pergunto-me sempre: -Isto que está me acontecendo se relaciona com as coisas que dependem de mim ou com as coisas que não dependem de mim e, se a resposta determinar

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que as coisas que estão me acontecendo não são coisas que dependem de mim, aceito que nada me significam. Um antigo diálogo apócrifo que teria, segundo dizem, ocorrido entre Deus e Epiteto diz o seginte: "Teu corpo não passa de argila mas também te dei uma porção de mim mesmo: o poder de pensar e escolher, tomando decisões sobre as coisas dos sentidos. Se não negligenciares estes poderes e neles te aplicares, jamais te verás obstado ou embaraçado, jamais terás de que te lamentar, jamais terás que censurar ou lisonjear alguém. Contenta-te com estas coisas." Sêneca, em uma de suas cartas a Lucílio, conta que Demétrio Poliocerta destruiu a cidade de Estilbao, matou sua esposa e filhos e depois lhe perguntou se havia sofrido alguma perda. Estilbao respondeu: "Todos os meus bens estão comigo. Nada perdi do que era meu." Possuo as faculdades que me permitem compreender que sou parte de um todo e que compete a mim, como parte, ceder lugar ao todo. Cabe a mim ver que as coisas que me cercam são ou isentas de impedimento, pertencendo ao domínio de minha vontade, ou sujeitas ao impedimento e dependente da vontade do mundo. Não desperdiço energias me aborrecendo e me preocupando com as coisas que não dependem de mim; prefiro transferir minhas energias para evitar crer que dependem de mim as coisas que dependem do mundo. Meus desejos são os limites que estabeleço para mim mesmo.

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Quando desejo alguma coisa limito minha capacidade de ser feliz, a minha chance de conseguir o que desejo. Minhas aversões também são desejos e limitam minha capacidade de ser feliz, a minha chance de me livrar daquilo que não desejo. Tanto é infeliz aquele que não consegue ter o que deseja, quanto aquele que não consegue evitar aquilo a que tem aversão. É fácil ser feliz, basta que deseje apenas aquilo que dependa de mim e que tenha aversão apenas às coisas que dependa de mim evitar. Se faço com que aquilo que desejo dependa apenas de mim mesmo, vivo livre e feliz, nada lamentando do que me venha a ocorrer e contra nada me insurgindo. Se me deixo prender pelas coisas externas, que não dependem de mim, vejo-me forçosamente dependente e sujeito a impedimentos; tomo-me escravo daqueles que têm poder sobre o que desejo; serei necessariamente injusto por reclamar mais do que me pertence. Nada afeta o que me pertence. As únicas perturbações que podem me atingir são formadas pela minha opinião. Tudo quanto existe mudará dentro de um instante e não mais existirá. O UNIVERSO É MUTAÇÃO, A VIDA OPINIÃO. A ÚNICA VERDADE IMUTÁVEL É QUE TUDO MUDA. Por exemplo, se gosto de um vaso, procuro me lembrar que gosto de uma coisa que se quebra e quando se quebrar, não sofrerei.

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Quando inicio qualquer ação, examino a que natureza pertence. Se vou tomar um ônibus procuro me lembrar do que costuma acontecer num ônibus: algumas pessoas se acotovelam; outras falam e riem alto; umas correm na frente e tomam o lugar de outras; existem cobradores mal-educados; outros que roubam no troco; motoristas que arrancam antes que eu suba, ou antes que eu tenha tempo de descer completamente. Assim, pois, constato que, se minha intenção é tomar o ônibus, estou sujeito a todas essas coisas (não dependem de mim) e que, se eventualmente elas me acontecerem, isso não me impedirá de conservar-me em harmonia com as circunstâncias. Quando surge algum contratempo recordo imediatamente que foi minha intenção andar de ônibus conservando meu pensamento em harmonia, e que não o manterei em harmonia se me aborrecer com as coisas que acontecem. A realidade nunca chega a mim como ela é, antes passa pelos meus sentidos e o que vejo dela é a exata proporção do que meus sentidos me permitem ver. Mesmo o que meus sentidos percebem não chega até mim porque tem antes que passar pela interpretação de minha mente. Assim, sendo percebo que o que sei da realidade é minha interpretação da realidade. Não são pois os acontecimentos da vida que me perturbam, e sim as opiniões que formo a respeito desses acontecimentos. Se me torno infeliz, triste ou perturbado, não culpo a ninguém por isso, mas somente a mim mesmo e a minhas opiniões.

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Não me orgulho de qualidades que não me pertencem. Se me orgulho dizendo: "-Tenho um belo carro.", estou me orgulhando de algo que pertence apenas ao carro. O que é meu então? O saber apreciar a beleza que vejo, pois é o que depende de mim. Não desejo que as coisas aconteçam segundo minha vontade (afinal elas não dependem de mim); a não ser na exata proporção do que depender das coisas que dependem de mim. Como quero continuar a ser feliz, aprendo a aceitar as coisas como vierem. A doença é um impedimento para meu corpo (que não me pertence), mas não para minha opinião. Observando a vida percebo que as coisas se impedem umas as outras, mas não são empecilhos a mim. Em face de qualquer acontecimento pergunto-me quais as forças que possuo e que podem ser utilizadas eficientemente nessas circunstâncias. Quando me habituo a pensar e agir assim, as aparências das coisas perdem a capacidade de me conduzirem à infelicidade. O mundo me empresta certas coisas, mas como não fazem parte das coisas que me pertencem nunca serão realmente minhas. Nunca perco nada, apenas devolvo ao mundo.

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Meu filho morreu? Ele foi devolvido. Minha mulher me abandonou? Ela foi devolvida. Minha casa foi tomada? Bem, não é isso o mesmo que devolvido? "Mas quem a tomou não presta!", você me dirá; mas eu lhe digo: "a mim, que importa se as mãos pelas quais o mundo que me deu essas coisas, as retome?" Quando o mundo me dá alguma coisa eu a uso, mas como algo que não é meu, como fazem os hóspedes de uma estalagem. Se espero que minha mulher, meus filhos e meus amigos vivam para sempre, estou desejando que me pertençam coisas que não me pertencem. Quando encontro alguém chorando porque o filho mudou para longe ou morreu, cuido para que minha imaginação não faça com que eu perceba o fato erroneamente. Percebo imediatamente que não é o que ocorreu que entristece essa pessoa, porque o que a entristece é a opinião que ela formou a esse respeito. Percebo também que essa pessoa não dedicou parte de sua vida a criar uma filosofia pessoal que a sustentasse, e portanto não aprendeu a enfrentar essa situação.

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Assim sendo, procuro agir com caridade e concordar com ela e a consolar, mas mantendo-me atento para não permitir que a dor dela contamine a ideologia que me dará apoio em circunstâncias semelhantes. Quando algo de ruim me acontece, penso desta maneira: "Nenhuma das coisas que estão me acontecendo podem me afetar; talvez possam afetar este corpo, as posses materiais que o mundo me emprestou, minha reputação, a esposa que me foi dada, os filhos que me foram dados, mas nada me afeta a menos que eu o permita." Não tenho a presunção de ser respeitado pelos demais, pois isso não me pertence. Não espero receber consideração dos demais, pois isso não me pertence também. Sei que não é possível permanecer fiel aos meus princípios e ao mesmo tempo ter a pretensão de ser amado e estimado pelo mundo. Não me aborreço com as pessoas, porque se pretender que elas não me aborreçam estarei pretendendo que elas não cometam erros, pensem da forma certa e adotem as atitudes certas e nada disso me pertence. Se desejo que meus desejos não sejam desapontados, isso está em meu poder, pois basta que queira aquilo que possa ter. Só é senhor de si aquele que é capaz de dar ou tirar aquilo que é capaz de dar ou tirar. Aquele que procura a liberdade perfeita não deve desejar nem

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recusar nada que dependa dos outros ou perderá sua liberdade e se tornará um escravo. Todo aquele que jamais se envolve numa luta que não possa vencer, é invencível. Mesmo que alguém me injurie, me provoque ou me soque, jamais conseguirá me causar mal, porque o mal está na maneira com que considero estas coisas. Se alguém me provoca, sei que é minha opinião a respeito de mim mesmo que me provoca. Se alguém me ofende é a opinião que tenho a respeito de mim mesmo que me ofende. Não permito que as coisas que vêm de fora (e portanto não dependem de mim), me entristeçam ou me tomem infeliz. Mantendo-me dentro destes princípios, controlo a mim mesmo e me torno capaz de ser feliz. Ao adotar a busca da sabedoria como minha meta de vida, sempre soube que seria ridicularizado pelos que são incapazes de avaliar a profundidade desses conhecimentos. Mas a opinião dos outros não me pertence, portanto não me perturbo com esses preconceitos. Contento-me em buscar a sabedoria, não quero parecer sábio e nem ser tomado como sábio. Ninguém consegue me desconsiderar, pois não depende de mim as opiniões dos outros. Apenas eu posso me considerar e me honrar, pois apenas a minha opinião me pertence.

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Não há lugar em mim para a inveja e o ciúme, pois é tolice pretender ter as coisas que não me pertencem. Melhor que ser um general ou um presidente, é ser senhor de mim mesmo, e isso só é possível me desapegando de todas as coisas que não dependem de mim. Mesmo que queira ajudar a meu próximo, nada posso fazer para ajudá-lo, pois nada do que lhe possa dar pertence a mim ou a ele. Sabendo o que me pertence e o que pertence ao mundo noto que jamais poderei dar aos outros alguma coisa que eles já não possuam. Visto que depende de mim apenas minha opinião e visto que minhas atitudes e ações dependem de minha opinião, percebo que existem ações que dependem de mim e ações que não dependem de mim. Depende de mim portanto a decisão de conquistar bens materiais para mitigar as necessidades das pessoas que amo e de meu próximo. Mas o fato dessas ações dependerem de uma decisão minha não significa que tenha a obrigação de fazê-las, pois não pertencem nem às pessoas que amo nem ao meu próximo as ações que me pertencem (que eu posso fazer). Que procuram as pessoas que amo e meu próximo? Minhas posses? Meus esforços? Ou preferirão eles um amigo modesto, mas sincero?

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Se me respondem argumentando que só serei um bom pai e um bom cidadão se produzir riquezas para o engrandecimento de minha família e de meu país, lhes responderei que o engrandecimento das famílias e das pátrias se faz pela soma da integridade de seus membros, e que traz muito maior proveito à sociedade um só cidadão honrado mesmo que de posses modestas, que muitos cidadãos cheios de posse mas corruptos. Se de alguma forma eu ceder na aplicação destes princípios, estarei colocando nas mãos dos outros a minha felicidade. Compreendo que ao utilizar esta filosofia não me permito usar certos recursos que poderiam me trazer coisas que não me pertencem e, por agir assim, não serei avaliado pelos demais em pé de igualdade e portanto não merecerei as honras que são outorgadas pelo mundo. Não elogio a ninguém, não cortejo a ninguém, não lambo as pessoas que estão no poder; assim sendo, não mereço dessas pessoas a mesma consideração que dedicam aos que agem dessa maneira. Não pretendo, pois, conquistar as honras dos que agem dessa forma. Afinai, se as honrarias do mundo têm esse preço, serão elas honradas? Nunca serei justo se pretender ter as coisas pelas quais não paguei. Por quanto se vende um jornal?

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Se alguém, pagando alguns trocados, recebe um jornal e eu, nada pagando não recebo jornal algum, não posso considerar que esse alguém tenha levado alguma vantagem sobre mim. Da mesma forma que esse alguém tem o jornal, eu terei os trocados que não gastei. Da mesma forma, se não recebo honrarias do mundo é porque não paguei por ela o preço que vale em salamaleques, cortejos e elogios. Nada me sobrou em lugar dessa honra? É claro que sim: a liberdade de não cortejar aqueles a quem não desejo cortejar e a liberdade de não sofrer a insolência e a soberba daqueles que outorgam a honraria. Para que possa manter a coerência para com minha ideologia é preciso que aprenda a medir os outros da mesma forma que meço a mim mesmo. Quando morre o filho de alguém é comum que se diga: "Essas coisas acontecem." Mas, quando morre seu próprio filho essa mesma pessoa dirá: "Ai de mim, aconteceu-me uma desgraça!" Tenho que ser coerente e evitar agir dessa forma. Não é possível que eu tenha dois pesos e duas medidas. Da mesma forma que medir o meu próximo medirei a mim mesmo.

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Fica fácil distinguir entre as coisas que dependem de mim e as que não dependem de mim, basta perceber que as coisas que dependem de mim são todas ações interiores e as que não dependem de mim são todas ações exteriores. São ações interiores meus pensamentos, minhas opiniões, meus desejos, minhas inclinações e minhas aversões. São ações exteriores meu corpo, meus bens, minha reputação, as honras e dignidades que recebo do mundo, e todas as coisas que não são ações interiores. As ações interiores são livres em sua própria natureza, nada pode detê-las nem criar obstáculos a elas. As ações exteriores, por não dependerem de mim são, já por sua própria natureza, fracas e sujeitas a obstáculos e inconvenientes que podem impedi-las. Não tenho o direito de julgar o que ocorre com meu corpo e com minhas ações exteriores como fatos bons ou maus, porque não cabe a mim julgar o que ocorre às coisas que não me pertencem. Nada do que ocorre ao que me pertence pode ser bom ou mau. É simplesmente indiferente. As pessoas que julgam o que ocorre com as coisas que não lhes pertencem, vivem aflitas e perturbadas, enfrentam obstáculos e vivem a se queixar. Antes de iniciar qualquer ação, examinarei a ação que a precedeu e a que se seguirá, dessa forma o entusiasmo do começo não me abandonará quando os obstáculos aparecerem.

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Quem deseja se tornar um lutador tem que examinar atentamente as ações que precedem esse objetivo e as ações que o sucedem e, se ainda assim achar que o objetivo vale o esforço, lançar-se a ele sem esmorecer. Quem deseja se tornar um lutador tem que ingerir alimentos que não lhe agradam, tem que cortar as guloseimas e os refrigerantes, tem que treinar arduamente, faça frio ou calor, tem que se sujeitar às exigências de seu técnico, sejam elas agradáveis ou não. Quando lutar poderá quebrar as mãos ou as costelas, poderá beijar a poeira do chão, levará muitas pancadas e nem por isso terá vitória assegurada. Se assim mesmo ainda deseja se tornar um lutador, deve persistir nesse caminho. Mas se a pessoa tenta esse caminho sem considerar todas essas coisas, será como um garoto que não sabe o que quer e nunca chegará a ser nada, porque a nada terá se dedicado com todo o seu propósito. As pessoas devem considerar a consistência do assunto a que pretendem se dedicar e verificar se suas naturezas oferecem recursos para tanto. Quem quer ser um lutador tem que considerar a força de seus braços e de suas pernas, sua agilidade e outras condições físicas. Mesmo que você queira se dedicar à busca interior, ao autodomínio e à espiritualidade, terá que ficar atento e trabalhar, haverá de vencer certos apetites, abandonar a companhia de certas pessoas, não mais merecerá a

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consideração de uns e certamente ganhará o desprezo de outros. Se eu tiver que visitar alguém, previamente considerarei o que me pode acontecer; talvez essa pessoa não se encontre em casa, talvez não possa receber-me, talvez bata com a porta em minha cara, talvez finja não perceber minha presença e, se mesmo assim tiver o dever de visitá-la, aceitarei o que tiver que aceitar e não direi: "Não pensei que isso aconteceria comigo." Porque só um homem que não busca o autodomínio se queixa de coisas que não dependem dele. Todos os meus deveres se prendem à relação de determinação que se impõe sobre mim. É meu dever cuidar de meu pai e suportar suas advertências e reprimendas. Se alguém disser: "Mas ele é um mau pai!", responderei: - A natureza por acaso determina que todos os pais sejam obrigatoriamente bons? A natureza determina que haja um pai para que possa haver um filho, mas isso não implica que para que haja um filho o pai tenha que ser bom. Tenho que cumprir minha obrigação em relação ao meu pai e não me cabe a tarefa de julgar as ações dele e sim cumprir minhas responsabilidades em relação àquele que a natureza me determinou por pai.

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Mesmo que seja um mau pai, ele não poderá me ferir, pois serei ferido apenas segundo minha opinião; se eu não quiser, ninguém me ofenderá. Dessa forma atendo a minhas obrigações relativas aos vizinhos, ao meu próximo e a mim mesmo, tratando cada qual com o respeito que a ele se deve. Não perco tempo conjeturando sobre o futuro e tentando adivinhar quais os desígnios que o mundo me reserva nos dias por vir. Seja qual for o evento que me suceda, saberei como enfrentá-lo pois, se não for por uma coisa que dependa de mim, não será nem bom nem mau. Procuro, sim, evitar preconceitos, desejos ou aversões, pois essas coisas me impedirão de chegar à percepção de que todos os acontecimentos são indiferentes, pois está em meu poder fazer deles o uso certo, o que ninguém poderá impedir. Não deixarei a sorte decidir sobre aquilo que é meu dever. Minha reputação não me pertence, pois depende das opiniões de outras pessoas. Ninguém é senhor da própria reputação, e por melhor que seja um homem, sempre haverá alguém que não o respeita e não o ama. O próprio Cristo foi traído por dois de seus apóstolos; um em cada seis o traiu. Não devo pretender melhor sorte. Se alguém me diz que outrem fala mal de mim, dir-lhe-ei:

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"A pessoa que fala mal de mim não conhece todos os meus outros defeitos, senão não teria mencionado somente estes." Quando alguém me prejudica ou fala mal de mim, procuro me lembrar que o faz achando que está fazendo o que é certo. Não devo esperar que as pessoas façam o que me parece certo e sim que façam o que parece certo a elas. Se a pessoa que me julga baseia seu julgamento numa má interpretação a meu respeito, o prejudicado é ela, visto que está enganando a si mesma. Se alguém julga erroneamente um fato, não é o fato que se prejudica e sim a pessoa que a esse respeito engana a si mesma. Partindo desse princípio aprendo a suportar a fofoca, que é o esporte nacional do brasileiro. Todos os fatos têm dois ângulos, devendo ser manejado apenas por um desses ângulos. Se meu irmão age de forma injusta, não manejo a situação pelo ângulo da injustiça que foi cometida. Prefiro manejar a situação pelo ângulo que o torna meu irmão e, lembrando-me que foi criado junto comigo e dos bons momentos que passamos juntos, saberei suportar a injustiça. É, preciso que eu aprenda a ver as coisas como elas são, raciocinando através da noção do que depende de mim e do que não depende de mim. Se alguém se lava rapidamente, não devo julgar que se lava mal e sim que se lava em pouco tempo.

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Se alguém bebe grande quantidade de cerveja, não devo julgar que age mal e sim que tem a capacidade de beber em grande quantidade. Afinal de contas, não dependem de mim as ações das outras pessoas e também cabem a elas as opiniões que venham a formar a respeito de suas ações. Quando procedo dessa forma, baseio-me nos princípios que conheço plenamente e não nas aparências dos fatos que presencio. Quando assumo diante da vida um papel que esteja acima de minhas forças, não só desempenho indignamente esse papel como perco a oportunidade de fazer o que posso fazer com habilidade e mérito. A proporção dos bens materiais deve ser para cada um como a medida do sapato em relação ao pé. Você dificilmente se moveria livremente se seus sapatos fossem maiores que a necessidade de seus pés. Quando me contento com pouco, não me excedo, mas se passo desse ponto, sou arrastado cada vez mais por minhas ambições até um precipício. Da mesma forma que os adornos de um sapato podem ser tão sofisticados que se perca de vista a sua função de proteger o pé, não há limites para aquilo que excede as medidas. Quando pediam a Sócrates que indicasse um filósofo, ele, que era o maior filósofo da Grécia, indicava um outro, sem que por isso se sentisse diminuído. Se alguém disser que não sei nada não me perturbarei com isso, afinal de contas os carneiros não mostram aos pastores

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quanto capim comem, mas demonstram o que comeram através da lã que trazem sobre si. Não tenho que mostrar teorias às pessoas, prefiro demonstrar, através de meus atos e realizações, o que estes princípios têm feito por mim. Mesmo quando satisfaço às necessidades de meu corpo apenas através de uma única refeição por dia (O que faço a maioria das vezes), mantendo uma dieta útil e sadia, não me vanglorio disso. Mesmo quando controlo minha vontade de tomar cerveja e bebo apenas água, não digo aos outros que bebo apenas água. Ao invés de adotar um comportamento presunçoso diante dos pequenos atos de disciplina que imponho a mim mesmo, procuro me lembrar que os pobres e os miseráveis, diante de suas aflições são muito mais contidos, pacientes e econômicos do que eu. Se me exercito com proveito no cumprimento destas regras, é para meu proveito e crescimento pessoal e não para mostrar-me ou vangloriar-me diante dos outros. Considero as privações que imponho a mim mesmo como exercícios de autodisciplina e não como alarde diante do mundo. A palavra responsabilidade significa a habilidade de dar a resposta (resposta + habilidade). Não a resposta no sentido de responder a uma pergunta e sim a resposta no sentido de reação aos fatos da vida. A maioria das pessoas acredita que são prejudicadas ou

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 201

beneficiadas por causas externas, nunca por si mesmas. Aquele que procura o caminho da virtude e merece ser reconhecido como sábio, se caracteriza por esperar todo o benefício e todo o prejuízo de si mesmo. Não cabe a mim censurar ninguém, louvar ninguém, acusar ninguém, culpar ninguém e nem considerar-me como melhor que os outros, pensando que sei alguma coisa ou que sou alguma coisa. Quando alguma circunstância me impede ou me reprime, procuro em mim mesmo as razões. Se alguém me elogia, sei rir de mim mesmo por dentro e se sou censurado, não me defendo. Todos meus desejos se voltam para as coisas que dependem de mim e tenho aversão apenas às coisas que não dependem de mim. Minhas emoções se demonstram livremente e não me importo se me julguem tolo ou ignorante. Acima de tudo vigio a mim mesmo como a um inimigo, pois o maior mal que me sobrevém é aquele que é capaz de surgir de mim mesmo. Sei que o maior lutador é aquele que vence a si mesmo. Você só se torna senhor de si quando reconhece, através de suas ações, que as coisas que não dependem de você são indiferentes. Ao fazer isso você se torna livre; ninguém poderá forçá-lo a fazer o que não quer ou impedi-lo de fazer o que quer.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 202

Não terá, pois, motivos para se queixar de ninguém. Procure se lembrar que o oprimido que se queixa, tem a intenção de se tomar opressor. A prisão, a pobreza e todas as coisas exteriores, só conseguem diminuir a liberdade de seu corpo e de suas ações, não impedem portanto a sua vontade se você não adotar a loucura de pretender aquilo que não depende de você. Os tiranos só têm poder sobre aquilo que lhe é supérfluo. Se esta Filosofia lhe parecer satisfatória, aceite estas regras para si mesmo como modo de conduta e disciplina de vida, respeite-as como se fossem leis e não consinta em transgredi-las. Não se preocupe com o que dirão a seu respeito; afinal de contas, o que dizem faz parte das coisas que não dependem de você. Por quanto tempo ainda vai deixar para depois a aceitação da tarefa de cumprir estas regras e viver de acordo com a razão? Já conhece estes princípios, o que quer mais? Que outro mestre está esperando para responsabilizá-lo pela demora em trilhar o caminho do auto-aperfeiçoamento? Pare de adiar sua decisão a respeito destes princípios, pare de jogar para o futuro o início de seus esforços ou acabará por viver e morrer como um homem ignorante. Faça com que aquilo que sua razão aponta como sendo o melhor seja para si uma lei inviolável.

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Seja o que for que se apresente em seu caminho, lembre-se que agora é a hora da luta e que não pode adiar mais o combate contra si mesmo. Mesmo que seja derrotado num desses combates, só será um perdedor ou um vencedor dependendo do que aprendeu dessa derrota para usar em suas lutas futuras. Esta é a batalha de sua vida, melhorar-se em cada combate, não cedendo a nada senão à razão. Mesmo não sendo ainda senhor de si mesmo, procure viver como alguém que almeja tornar-se senhor de si mesmo. Os homens poderão lhe matar, é verdade, mas jamais poderão lhe ferir. Agora você não tem nada mais a temer, pois aprendeu uma FILOSOFIA PESSOAL e sabe que a única coisa que lhe pertence é a sua vontade que forma sua opinião e atitudes diante do mundo. Aprenda a caminhar para onde é o seu lugar e chegue lá com alegria, porque se você não aprender a fazer isso o destino o levará lá do mesmo jeito, mas lá você chegará como culpado e mesmo que não o queira.

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A Fraternidade Kung Fu A Fraternidade Kung Fu é uma instituição a serviço dos praticantes e simpatizantes da arte marcial Kung Fu, cujos objetivos, em seguida relacionados, visam o desenvolvimento integral do ser humano. Nossos associados formam uma sociedade fraternal composta pela associação de pessoas interessadas no estudo e preservação dos conhecimentos filosóficos e marciais do Kung Fu. Muito mais que uma arte marcial, um esporte ou uma técnica de defesa pessoal, o Kung Fu é uma maneira de viver e se fundamenta em métodos e técnicas capazes de influir positivamente na vida de seus praticantes, enriquecendo-lhes a existência e contribuindo para o sucesso em todos os campos do conhecimento humano.

As Vantagens de Sua Filiação Filiando-se à Fraternidade Kung Fu você tem a oportunidade de reorganizar a sua vida através de métodos e técnicas especiais que lhe proporcionarão os elementos necessários para conseguir o máximo de satisfação e realização pessoal em todas as áreas de sua existência. Você receberá uma orientação pessoal que lhe permitirá transformar todos os setores de sua vida em experiências de sucesso. Independente dos estudos que tenha feito e, até mesmo se não teve oportunidade de estudar, desde que saiba ler, você está em condições de obter todas as vantagens e privilégios de sua filiação individual e exclusiva.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 205

Filiando-se à Fraternidade Kung Fu você recebe apostilas (em formato e-book que você pode escolher imprimir e encadernar ou não, segundo sua vontade) que lhe transmitirão de forma gradual e sistemática, preciosos conhecimentos das técnicas físicas e mentais do Kung Fu. Objetivos 1 - O ensino de técnicas marciais do Kung Fu, seu estudo através de cursos especialmente preparados (cursos livres na modalidade ensino à distância), de aulas ao vivo e de revisões para aperfeiçoamento sistemático sob a tutela de professores credenciados por mim Marco Natali (que sou o criador e o mentor desta Fraternidade). 2 - A preservação dos conhecimentos ancestrais do Kung Fu, transmitidos de mestres a discípulos através de inúmeras gerações. 3 - O auto-aprimoramento moral do praticante de Kung Fu e das pessoas que, mesmo não sendo praticantes, interessam-se pelo aperfeiçoamento de si mesmas. 4 - O autoconhecimento, mediante o estudo e a aplicação de técnicas psicológicas que permitem uma maior integração da personalidade e consequente melhoria das relações interpessoais. 5 - A edificação de uma vida melhor, através da prática de métodos originais centralizados no desenvolvimento dos potenciais individuais existentes em todo ser humano. 6 - O estudo das leis universais, aplicando esses conhecimentos no desenvolvimento dos diversos setores da existência.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 206

Os estudos da Fraternidade Kung Fu são subdivididos em graus progressivos. O primeiro nível de ensinamentos compreende o grau de postulante. É o primeiro grau de Estudos Básicos. Este primeiro nível se desenvolve através de oitenta apostilas enviadas em vinte remessas que incluem, entre outros, os seguintes assuntos: Como obter flexibilidade através dos exercícios especiais do Kung Fu - Como construir seu próprio Moodjong - O primeiro movimento do estilo Wing Chun completo, incluindo aplicações -As 108 técnicas do Moodjong - O primeiro movimento completo do estilo Ch'An Tao Chuan - Como usar a Espada Shaolin num Tchia Dsu completo com mais de 100 movimentos - Como fazer você mesmo seu próprio Nunchaku - Os nomes chineses dos movimentos do Estilo Wing Chun - Os principais movimentos do Nunchaku - Como criar uma Associação de Kung Fu em sua própria cidade, etc. A história do Kung Fu - O templo Shaolin – Como usar o seu tempo para realizar coisas que deseja -Ensinamentos transcendentais do Budismo - Técnicas de Disciplina e Meditação do Kung Fu antigo Segredos de Auto-Aperfeiçoamento e desenvolvimento pessoal - Como planejar e modificar seus objetivos de vida - A Espiritualidade Kung Fu Como Meditar - Como estabelecer metas - Lendas e Apólogos dos antigos Mestres de Kung Fu - A evolução pessoal através do método de Autoverificação - As técnicas de Meditação favoritas dos chineses e tibetanos - As normas budistas dos antigos templos do Kung Fu - A Sabedoria Milenar e sua aplicação na vida diária - O Dharma, etc.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 207

Após concluir este nível, nossos filiados recebem informações a respeito dos outros níveis. Para obter maiores informações, você pode entrar em contato por e-mail e solicitá-las: [email protected]

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 208

Em busca do Sangha em Sorocaba: Busca do Budismo em Sorocaba Senti falta do Sangha (comunidade em sânscrito) e resolvi procurar alguma comunidade budista aqui em Sorocaba, fui ao irmão Google e digitei Budismo em Sorocaba:

Deparei-me com três citações iniciais as demais citações eram cópias dessas três ou citavam templos em outras cidades.

Meditação e Budismo em Sorocaba - Budismo Kadampa

budismokadampa.org.br/project/budismo-em-sorocaba/

Nessa semana começam novos horários de aulas de meditação em Sorocaba! Oportunidades para descobrirmos o verdadeiro sentido de nossa vida humana, ...

Budismo: a crença na lei de causa e efeito - RELIGIÕES ...

www.cruzeirodosul.inf.br/materia/430040/undefined

28/10/2012 - CADERNO DE DOMINGO - RELIGIÕES ORIENTAIS EM SOROCABA - Budismo: a crença na lei de causa e efeito - A religião tem origem na ...

SANTUARIO BUDISTA - Jardim Leocádia - Sorocaba - SP

www.guiamais.com.br/.../santuario+budista-igrejas+templos+e+instituico...

Veja o telefone e saiba como chegar em SANTUARIO BUDISTA especializado em Igrejas, Templos e Instituições Religiosas localizado no endereço R ...

A primeira citação anunciava uma palestra e um retiro

espiritual cujo tema era "Viver significativamente, morrer com alegria".

Considerando que "alegria" é um atributo da mente, ao contrário da "felicidade" que é um atributo do Ser, nesse primeiro instante pulei essa opção e fui para a próxima, pois morrer com alegria ou com tristeza dá no mesmo, pois ambas são faces opostas de uma mesma moeda e remetem à mente e não à transcendência.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 209

A mente é sinônima do pequeno eu (ou ego se preferir) e o Budismo visa transcendê-la em busca da iluminação.

A próxima trazia um artigo sobre Budismo com o subtítulo CADERNO DE DOMINGO – RELIGIÕES ORIENTAIS EM SOROCABA e citava apenas o Budismo Nitiren.

Como tive dois contatos insatisfatórios com essa comunidade resolvi pular essa opção.

Contatos com o Budismo Nitiren: Esclarecendo os contatos insatisfatórios: PRIMEIRO: Um aluno de um aluno meu, foi muito gentil e

entrou em contato comigo pelo Facebook e me convidou a levar-me a conhecer um mestre budista aqui em Sorocaba.

Compareci ao encontro e descobri que se tratava da seita Nitiren.

Fui apresentado ao "mestre budista" e era um senhor japonês que me informou que era o dirigente da organização em várias cidades, listou todas elas e os cargos importantes que exercia.

Eu lhe informei que pertencia à Ordem Budista Niskama Karma e ele me perguntou se conhecia o Buda Nitiren Daishonin e eu lhe disse que tinha assistido a um filme japonês sobre a vida dele.

Ele me perguntou se já havia lido a obra A REVOLUÇÃO HUMANA de Daisaku Ikeda.

Eu lhe disse que tinha lido apenas os primeiros cinco volumes.

Ele me informou que já haviam sido publicados catorze volumes.

Eu lhe disse que estava interessado em completar minha coleção e queria comprar os demais volumes, perguntei se tinham a venda ali.

Ele me disse que estava continuamente em São Paulo e que encomendaria e que quando chegassem ligaria para mim.

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Dei-lhe meu cartão e nunca mais soube dele, já fazem uns dois ou três anos, nunca me ligou para falar sobre os livros, nunca me procurou.

SEGUNDO: Depois desse primeiro contato com a seita

Nitiren compareci a um casamento budista em São Paulo, realizado por sacerdotes dessa seita.

Depois da entoação de muitos mantras o monge disse no microfone que ele era representante do Budismo Nitiren o Budismo criado pelo ÚNICO BUDA VERDADEIRO.

Posso estar errado e se estou me desculpe, mas isso me pareceu uma tentativa de desrespeito ao Buda Gautama criador do Budismo, e uma ofensa ao criador da seita dele o monge Nitiren Daishonin a quem admiro e respeito muito e que era, ele mesmo, seguidor do Buda Gautama. Eu disse tentativa porque sentir-se ofendido ou não é um assunto da mente e não do Ser. Ninguém consegue ofender a ninguém que não queria se sentir ofendido, apenas a mente decide se quer se sentir ofendida ou não. Ou seja eu não julguei a essas duas pessoas que citei, apenas descrevi as atitudes que presenciei, eles julgaram-se a si mesmos ao adotarem esses comportamentos. Para mim foram apenas contatos insatisfatórios.

Continuando em Busca do Sangha em Sorocaba: A terceira opção oferecida pelo Google era ainda pior,

com o título de Santuário Budista – considerando que não há santos no Budismo.

Mesmo assim liguei para eles e atendeu uma senhora, confirmou que era do tal "Santuário" e perguntou o que eu desejava.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 211

Mencionei que buscava uma prática ou convivência em grupo e ela me disse que lá não havia isso, só davam "passes".

Nunca ouvi falar sobre "passes" no Budismo, resolvi descartar essa hipótese.

A experiência do Sangha tibetano:

Retornei então à primeira opção, anotei o horário e o endereço e compareci alguns minutos antes do início para me inscrever.

Fui recebido por moças e senhoras muito solícitas que responderam minhas poucas perguntas paguei o que me cobraram e também comprei um livro cujo subtítulo dizia abordar as Quatro Nobres Verdades, um assunto que sempre me cativou por se tratar do primeiro grupo de ensinamentos do Buda.

Fui conduzido juntamente com outras pessoas que chegaram a uma sala agradável e a uma prática de meditação tendo por foco a respiração.

A palestra inicial ministrada por uma mocinha muito divertida (ria sempre) que declarou sua idade (29 anos), mas não se deu a conhecer (até este momento em que escrevo esse relato ainda não sei o nome dela) começou de maneira interessante.

Ela disse que nunca sabemos até chegar o momento da morte qual será a segunda causa da morte, mas que a primeira causa é o nascimento.

E isso é uma grande verdade que nossa mente prefere não cogitar.

E por que é verdade? Porque para que seja possível morrer é preciso primeiro

ter nascido, não é possível morrer sem nascer. Fiquei feliz com esse novo ângulo de uma velha verdade. Em seguida ela disse que acabava de chegar de um

curso sobre o tema da palestra (entendi que se tratava de um

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 212

curso a que ela tinha comparecido e que a conferencista falava inglês, não sei se entendi direito).

Não foi meu primeiro contato, mas foi pitoresco:

Não posso dizer a bem da verdade (Satya) que foi meu primeiro contato com o Budismo tibetano, pois já li alguns livros de autores de algumas dessas escolas, mas o que ouvi a seguir achei bastante pitoresco.

Nossa professora parecia maravilhada com a possibilidade de se cultivar a alegria diante da morte.

Considerando a Impermanência um dos princípios mais marcantes do Budismo é de se pressupor que tanto a vida quanto a morte sejam ciclos efêmeros por que passa o ser.

Se tudo é impermanente é óbvio que a vida um dia cessará e da mesma forma se tudo é impermanente a morte também um dia terá um fim.

O conceito da impermanência faz surgir também o conceito da reencarnação e da vida após a morte.

Mas esses dois conceitos embora presentes no Budismo não são tão relevantes se levarmos em conta que o Buda se dedicou aos assuntos desta vida e não da próxima.

Mas algumas das pessoas presentes pareceram muito interessadas nisso e fizeram algumas perguntas a respeito.

Percebi então que aquela escola de Budismo era salvacionista, pois mencionava uma espécie de céu que alcunhava de Terra Pura.

A palavra "pura" em sânscrito significa "terra". Para citar um exemplo, a Índia tem o nome de

"Hastinapura" em sânscrito, onde "Hastina" quer dizer "elefante" e "pura" quer dizer "terra", portanto "Hastinapura" significa "Terra do elefante".

Chamar algum lugar de Terra Pura é o mesmo que chamar esse lugar de Pura Pura ou Terra Terra, bem pitoresco.

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Conceitos sobre Mahayana e Hinayana

Isso nos remete aos conceitos pejorativos que separam as escolas budistas denominando as que adotam conceitos posteriores ao Buda de Mahayana e as que seguem os preceitos ensinados por Buda de Hinayana.

Como mencionei em resposta publicada em nossa Comunidade no Facebook, perguntar sobre o Mahayana e o Hinayana é perfeitamente válido, coerente e aceitável. O que não é aceitável é a utilização desses termos, pois são pejorativos e sectários.

E por que são pejorativos e sectários? Porque foram criados unilateralmente sem a participação

de todos os envolvidos. Isso fere o conceito de compaixão que nos foi ensinado

por Gautama. Esses termos não foram criados em um consenso entre

as escolas que "representariam" cada uma dessas facções. Esse termo foi criado pela facção que se auto intitulou

Mahayana no século dois da Era Cristã, e lançou sobre todas as demais escolas o epiteto pejorativo de Hinayana, sem que essas tenham participado da criação desses termos.

Os termos Mahayana e Hinayana foram originalmente mencionados nos Sutras Prajnaparamita e aparentemente a intenção da criação desses termos foi demonstrar ao mundo que as escolas Mahayana tinham ampliado os ensinamentos do Buda e que as demais escolas existentes, por não o terem feito eram menores que elas.

Tratando-se de um assunto filosófico, é discutível essa afirmação e o pressuposto lógico é ofensivo ao próprio conceito do Budismo.

Note que não fere os ensinamentos do Buda a possibilidade de uma ampliação da conceituação original visto que um dos princípios mais básicos do Budismo é a Lei da Impermanência. Ora sendo essa uma Lei Absoluta, nada é permanente e é

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 214

de se esperar que tudo passe por transformações, inclusive os ensinamentos do próprio Buda.

No entanto, por uma questão de respeito e até mesmo de consideração pelos conceitos originais ensinados pelo Buda, não podemos julgar e condenar as escolas que insistem em preservar os conceitos originais como principal linha de ensinamento. Chamar essas escolas de Caminho Vil ou Caminho Mesquinho (que seria a tradução de Hinayana, visto que "Yana" significa "caminho") é pejorativo e inadequado.

Defendo esse ponto de vista porque o Budismo Niskama Karma é da Escola Hinayana?

Não. No Budismo Niskama Karma adotamos o caminho do meio como recomendava Buda, portanto não podemos ser totalmente Hinayana nem totalmente Mahayana, nossa escola é Madhyamika, ou seja segue o "caminho do meio".

E o que isso significa? Significa que em primeiro lugar não aceitemos nenhum

desses termos por considera-los pejorativos e em segundo lugar buscamos a verdade.

Por buscarmos a verdade os ensinamentos mais importantes para nós são aqueles que foram transmitidos pelo próprio Buda, mas não estamos fechados a novos conhecimentos surgidos após a época do Buda, pois o conhecimento evolui, nada é imutável, tudo é impermanente.

Mas preferimos tomar decisões a esse respeito de uma forma mais adulta, sem julgar, condenar, ou discriminar quaisquer que sejam as escolas, mesmo admitindo que muitas delas adotem esses termos.

Acho lúcido não aceitar ensinamentos que contrariem aqueles transmitidos pelo Buda, mas não é útil o destrato de nenhuma escola, pois ninguém está obrigado a frequentá-las, quem quer que o faça o faz por escolha própria.

Afinal de contas depois de Buda surgiram muitos outros mestres que se destacaram por seus ensinamentos e conduziram muitos à verdade e à iluminação e independente

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de quais escolas eles pertenciam, merecem todo o nosso respeito.

Devido aos avanços e "ampliações" dos conceitos budistas originais hoje existem escolas budistas salvacionistas e até algumas que endeusam o Buda.

No Budismo Niskama Karma preferimos uma postura mais conservadora e consideramos algumas inovações (não todas) um desvirtuamento aos ensinamentos originais do Buda e não concordamos com essas escolas embora compreendamos que é parte da natureza humana esse tipo de percepção.

As denominações Mahayana e Hinayana são inadequadas porque SE esses termos foram criados para separar as escolas que defendiam os ensinamentos originais das que ensinam conhecimentos modernizados isso já de início não é correto.

E por que não é correto? Porque Buda nada deixou escrito e os mais antigos sutras

foram escritos muito depois de sua morte, portanto podemos mencionar a tentativa de se preservar os conceitos originais, mas não podemos afirmar, a bem da verdade, que esses conceitos tenham sido realmente preservados dada à possibilidade de que tenham sofrido distorções com o passar do tempo antes de terem sido transcritos.

Considere também que Buda era um príncipe, portanto um homem letrado que poderia ter deixado escrito tudo que quisesse, mas não o fez.

Por que não? A priori podemos conjeturar que não deixou nada escrito

porque sabia (não apenas acreditava) que tudo é impermanente.

Note que duas das maiores expressões de sabedoria que existiram na humanidade: Sócrates e Jesus também nada deixaram escrito.

Das dezoito escolas budistas classificadas como Hinayana na época em que esses termos foram criados acreditava-se que apenas uma subsistia até os dias de hoje –

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a escola Theravada - mas segundo esclarecimento do Dhammacariya Dhanapala (*) do Budismo Nalanda, isso também não é verdade pois o Theravada como conhecido hoje se desenvolveu no Sri Lanka bem distante do local onde essa disputa espúria ocorreu.

Segundo esse mesmo autor a intenção dessa classificação era má pois a palavra "Hina" significa "vil" e "mesquinho" (Embora posteriormente os praticantes das escolas Mahayana tentassem minimizar esse erro dando novo significado à palavra "Hina" como significando apenas "menor").

Entre os muitos problemas gerados por essa classificação um deles é que ela é inadequada também porque muito depois do segundo século surgiram outras escolas budistas que tinham por objetivo preservar os ensinamentos originais.

Ora, se as escolas que preservavam os ensinamentos originais eram denominadas Hinayana, como ficam então essas escolas que surgiram posteriormente (e portanto são escolas "modernas")?

Tornou-se inadequado utilizar o termo Mahayana como "Budismo Moderno" considerando-se o surgimento dessas novas escolas.

Em termos de origem é preciso considerar também que muitas das escolas chinesas consideradas Mahayana seguem o Dharmagupta (O Dharma Secreto, pois "gupta" em sânscrito significa "secreto") e a escola Dharmagupta era uma escola considerada Hinayana.

Alguns autores numa tentativa inútil de preservar esses termos passaram a utilizá-los como referência ao Budismo Meridional e Budismo Setentrional.

Mas tais denominações também não procedem, pois embora tenham existido muitas comunidades budistas ditas "Mahayana" na Indonésia, não conseguiram sobreviver por lá.

Outra tentativa inútil foi tentar alcunhar os praticantes de escolas Mahayana de "Bodhisatvayana", pois trilhavam o caminho dos Bodhisatvas e alcunhar os praticantes das escolas Hinayana de Shravakayana por acreditar que

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buscassem o ensinamento do Buda apenas para a auto iluminação.

Isso não tem fundamento, pois se o Buda após sua própria iluminação se dedicou a transmitir seus ensinamentos ao mundo ele não pode ser apenas considerado como Buda, pois ele foi por seus ensinamentos um grande Bodhisatva. +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

(*) Palavras do Dhammacariya Dhanapala: Ao contrario do que muitos pensam, o Mahayana não é uma escola, da forma como theravada, sarvastivada, mahasanghika, etc, o eram, mas sim um movimento filosófico com características específicas que as escolas que surgiram posteriormente (como o zen, terra pura, etc.) adotaram com maior ou menor grau e quantidade. Em minha opinião há três características fundamentais do Mahayana enquanto movimento: a predominância dos ensinamentos dos mestres em relação ao ensinamento direto do Buda, a exclusividade do ideal do Bodhisatva e o uso de escrituras claramente posteriores (pós-canônicas).

Como se vê esses termos carecem de consistência e não designam absolutamente nada exceto certa presunção espúria que não cabe a quem pratica o Budismo.

Continuação da palestra sobre a morte: Aparentemente incentivando pessoas que lhe perguntaram sobre a vida após a morte a palestrante citou um caso acontecido com um monge de sua tradição:

Esse monge estava muito entusiasmado com a proximidade de sua morte e "alegre" afirmava que naquele dia mesmo chegaria à Terra Pura.

Se fosse um asceta de nossa escola consideraríamos isso pitoresco.

Por quê? Porque no Niskama Karma se considerássemos o

Budismo como uma montanha, ao sopé da montanha estariam as Quatro Nobres Verdades por terem sido o primeiro ensinamento do Buda – portanto a base da montanha.

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O corpo da montanha seria a Senda Reta dos Oito Caminhos e consequentemente a Meditação e o Dharma e no cume da montanha estaria o conceito do Anatman, que significaria a transcendência da dualidade.

A morte do corpo é denominada no Budismo de Mahanirvana, ou Mahasamadhi justamente porque a mente é transcendida e se alcança o Anatman com o consequente desaparecimento da individualidade.

Consideraríamos pitoresco (para dizer o mínimo) se um asceta de nossa escola ficasse "alegre" por alcançar um céu (Terra Pura) após a morte, pois a pretensão de tal coisa seria justamente a negação do Anatman e a continuação do eu pequeno, o que significaria um desperdício total da vida em busca de uma ilusão.

Continuo feliz. Uma hora e meia depois de iniciada a palestra a conferencista deu por encerrada a sessão e retirou-se para a recepção. Saímos todos da sala e coloquei meus sapatos. Tirando os fatos pitorescos da palestra eu continuava feliz pois continuava comigo tudo que me pertencia (Compreensão Correta) ou seja, meus pensamentos, minha vontade e o que eu pudesse fazer através de meu pensamento e minha vontade. Sendo essas as condições para ser feliz eu realmente estava feliz e ainda havia sido acrescido da consideração sobre a primeira causa da morte ser o nascimento. O conceito não era novo, mas havia sido dito de uma maneira nova e isso muito me agradou. Gosto de novas considerações a respeito de antigas verdades isso me ajuda a compreender as coisas e a ensinar melhor quando as transmito.

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A pergunta na hora da despedida Tentei abrir a porta, mas estava trancada. A palestrante abriu a porta para mim e me perguntou se gostei. Isso me surpreendeu, pois é uma pergunta à mente e não ao ser, em se tratando do Budismo era uma pergunta peculiar. O gostar ou não gostar é um assunto da mente e exige uma avaliação da mente, quando a mente cessa não há mais o gostar ou não gostar. Para mim isso é o Mahasamadhi ou a morte, com a benção da realização do Anatman e a conquista da cessação da dualidade que era o assunto da palestra. Com certeza eu havia gostado, pois continuava comigo tudo que já era meu ao chegar (condição única para a felicidade) e ainda havia aprendido uma nova maneira de me referir a uma verdade antiga. Retornei ao mundo da mente rapidinho e disse a ela que havia gostado, mais uma vez ela demonstrou alegria.

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VAJRAMUSHTI

A seguir se pode ver a capa da primeira edição e a capa que foi adotada para as edições posteriores deste livro que se encontra esgotado.

Como se pode ver meu nome está escrito errado em todas as edições.

A seguir você dispõe de uma recuperação através de imagens que me foi gentilmente oferecida pelo Daniel Alencar a quem agradeço publicamente e cujo nome incluo aqui nesta segunda edição deste livro lançada em 03 de Maio de 2016.

Este livro foi publicado originalmente em 1987, portanto há quase 30 anos.

Por enquanto fica aqui meu muito obrigado por recuperar essa obra que está extinta há muitos anos.

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Para saber mais sobre Budismo clique nestes links: Para pegar um livro Grátis: http://perfeitaoportunidade.com.br/squeeze-page-budismo/ Para saber sobre a Ordem Niskama Karma: http://perfeitaoportunidade.com.br/budismo-niskama-karma-quem-somos/ Para saber sobre o curso de formação de Ascetas Budistas (para ambos os sexos): http://perfeitaoportunidade.com.br/budismo-niskama-karma-2/ Para ter acesso à Comunidade de Budismo Niskama Karma no Facebook: http://perfeitaoportunidade.com.br/estamos-convidando-voce-a-participar-de-nossa-comunidade-no-face/

Para ler o relato de uma experiência espiritual real, clique neste link: http://perfeitaoportunidade.com.br/mensagem-do-chico-xavier/

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Buda “vivo” foi “mumificado” e descoberto dentro de estátua antiga.

PHOTO: M. Elsevier Stokmans

February 23, 2015

Quando você pensa como será seu lugar final de descanso, uma estátua mumificada em geral não vem à sua mente. Mas esse foi o caso para um mestre budista que foi imortalizado dentro de um ídolo religioso.

Pesquisadores do Meander Medical Center em Amersfoort, na Noruega descobriram os restos mumificados de um monge dentro de uma estátua chinesa do Buda. Os restos mortais que se presume serem do mestre budista Liuquan da Escola de Meditação Chinesa, foi a primeira múmia desse tipo a ser encontrada. Acredita-se que esses restos mortais datam de 1.100 anos Depois de Cristo.

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O corpo inteiro foi encontrado dentro da estatua, sentado na mesma posição que era mostrada pelo exterior da estatua de Buda.

Erik Brujin um expert em arte budista supervisionou uma Tomografia Computadorizada e uma Endoscopia completa da estátua.

Amostras foram extraídas das cavidades abdominal e torácica da múmia, revelando pedaços de papel contendo ideogramas chineses arcaicos.

Os pesquisadores acreditam que este “buda vivo” possa ser um exemplo de auto mumificação, o que implica em uma vida de extrema solenidade e austeridade. Após uma dieta restrita composta de água, sementes, nozes, raízes, cascas de árvore, e um chá especial durante dois mil dias, os monges eram selados em uma tumba de pedra.

Seguindo-se outros mil dias após a morte do monge, a tumba era aberta e o estado do cadáver checado. Os monges que tivessem êxito na mumificação seriam levados para os templos e venerados. Aqueles cujos cadáveres não alcançavam a mumificação seriam respeitados, mas permaneceriam em suas tumbas. No passado se acreditava que esse tipo de mumificação não precisava ser considerada uma forma de morte e que seria mais adequado considerar como um estado mais elevado, uma forma de iluminação.

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PHOTO: Jan van Esch / Meander Medical Center

A estatua que continha o corpo de Liuquan foi exibida originalmente no Netherland‟s Drents Museum, mas foi colocado em exibição no Hungarian Natural History Museum até maio de 2015.

Esta história foi compilada a partir de informações fornecidas pela CNET e teve uma tradução livre feita pelo Dr. Marco Natali.

Read more: http://www.cctv-america.com/2015/02/23/mummified-living-buddha-discovered-inside-ancient-statue#ixzz3SevUKTNz

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Bom, aqui termina minha parte neste livro a partir daqui você vai ler textos de autoria de outros autores que gentilmente colaboraram com o preparo desta obra. Mas antes de prosseguirmos eu gostaria que me desse a chance de falar sobre o meu trabalho e como eu ajudo as pessoas e talvez possa até ajudar você. Embora o Kung Fu tenha sido a paixão de minha juventude e o Budismo tenha sido o caminho filosófico que trilhei durante toda a minha vida, meu trabalho (que considero uma missão) consiste em ajudar as pessoas e faço isso sendo Coach. Para entender em que consiste ser Coach vou contar como fiz para ajudar uma pessoa que conheci na fila de um cartório:

O QUE É COACHING?

Eu estava em um cartório esperando para reconhecer a firma de um contrato e até mesmo o atendimento preferencial dos idosos estava com fila. Nessas ocasiões eu sempre levo um livro para ler e um rapaz da fila ao lado espichou um “zoião” para ver o título.

Quase sempre ultimamente eu costumo ler livros sobre Coaching, pois sempre estou polindo minhas ferramentas de trabalho para poder ajudar ainda mais meus clientes.

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Tratava-se do livro COACHING NA PRÁTICA que na realidade eu estava relendo.

O rapaz fez a costumeira “cara de joelho” que as pessoas fazem quando se deparam com a palavra “coaching” pela primeira vez.

Aproveitei para puxar prosa: - Sabe o que é coaching?

Ele foi sincero e respondeu: - Nunca ouvi falar.

Sempre achei que a curiosidade merece ser saciada e engatei uma explicação: - É uma tecnologia bastante nova aqui no Brasil e pouca gente conhece. Sou Coach. O que eu faço é ajudar as pessoas a realizarem coisas. Pego a pessoa identifico onde ela está hoje e aonde ela quer chegar e mostro a ela o que ela tem que fazer para chegar lá. Eu amo meu trabalho, pego você por exemplo, identifico com você o seu ponto A que é onde você está hoje, faço você ver o seu ponto B que é aonde você quer chegar, o que você quer para sua vida. E faço você planejar isso, é o que eu faço. Esse é meu trabalho. Tome um cartão meu. Quem sabe um dia você não vai querer saber mais, vai que um dia você quer planejar seu futuro, ter uma chance melhor para a tua vida. Entre em contato comigo. Até estou fazendo um esquema muito legal, a primeira sessão é experimental, se você não gostar não tem compromisso nenhum. Se você gostar já fica valendo para a primeira sessão. Mande um e-mail para mim ainda hoje que eu vejo um horário para você.

Nesse momento a fila dele andou, ele foi ao guichê e enquanto a moça o atendia, deu uma rápida olhada em meu cartão e o guardou no bolso.

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Ao sair ele deu um “tchau” e seguiu seu caminho, eu também acabei sendo atendido e voltei para casa.

Lá pelo meio da tarde o telefone tocou e era ele.

Contou que era o rapaz que estava no cartório a quem eu havia dado um cartão e que era formado em Educação Física, que o ramo era bom, mas que só encontrava vaga como instrutor de musculação e que o salário era baixo.

Ele disse também que era de São Paulo e trabalhava lá, mas que estava noivo de uma moça aqui de Sorocaba, que queria se casar, mas que, com o salário que recebia não tinha condições para isso, e perguntou se eu poderia ajudar.

Expliquei a ele que o segmento principal de meu trabalho consiste justamente em treinar pessoas de diferentes áreas: professores de educação física, fisioterapeutas, instrutores de artes marciais, conduzindo-os ao trabalho de Coach ou Personal Trainer que é bastante rendoso, perguntei se ele estava interessado.

Ele estava.

Verifiquei em minha agenda um dia e horário que estivesse dentro das possibilidades dele e agendamos a sessão inicial gratuita que costumo chamar de Consultoria Gratuita.

Mesmo ele morando e trabalhando em São Paulo, isso não era problema já que meu atendimento é online pelo Skype ou pelo Hangout do Google.

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Infelizmente eu estava com minha agenda lotada e só haveria uma vaga no horário que ele estava disponível dentro de duas semanas.

Mas o tempo não passa, quem passa é você e ele topou, agendou e quando a data chegou o atendi.

Ele gostou da sessão inicial e contratou meu acompanhamento como Coach para as oito ou dez sessões de meu programa de Coaching.

Foi muito interessante trabalhar com ele.

Ele realmente estava comprometido em se dedicar a sua carreira e já pela terceira sessão, aplicando as ações recorrentes que a nossa parceria revelou serem as mais adequadas ele já havia conseguido seus dois primeiros clientes e estava ganhando com eles um pouco mais do que ganhava com seu trabalho na academia.

Ele estava maravilhado, estava ganhando mais do que ganhava na academia e trabalhando bem menos horas.

Em torno da quinta sessão ele já tinha oito alunos e se demitiu de seu emprego na academia.

Nosso Coaching se encerrou não me lembro se foi na oitava ou na nona sessão porque ele já estava conseguindo tudo que queria.

Passado uns seis meses eu o encontrei com a noiva no Esplanada Shopping aqui em Sorocaba e ele me disse que estava com 15 a 18 clientes em média e que alguns o contratavam para cinco acompanhamentos semanais (com cerca de uma hora cada) a R$ 300,00 a hora!

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Ele usou uma expressão interessante: - Estou “lavando a égua”. E disse que já estavam com o casamento marcado.

Sempre fico feliz em poder ajudar.

Bom agora você já sabe qual é meu trabalho e se resolver fazer uma sessão experimental que chamo Consultoria Gratuita, basta me enviar um e-mail e lhe passo as instruções necessárias. Que tal mudar de vida, passar a ganhar mais e a ajudar mais as pessoas fazendo o que você gosta? Não acha interessante acordar na hora que quiser, não ter chefe e ganhar mais que no seu emprego atual? Para me enviar um e-mail basta clicar em qualquer lugar da imagem a seguir:

Ou se preferir copie e cole o e-mail:

[email protected]

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Textos de outros autores A seguir transcrevo, na íntegra, textos de outros autores que resolveram contribuir para esta obra. Esses textos não são de minha autoria e não precisam concordar com meu ponto de vista, expressam o ponto de vista de seus autores. Em um mundo em que haja respeito é preciso respeitar a opinião de todos. Concordar ou não com elas é questão de alvitre pessoal. Mas não se pode chegar à verdade sem primeiramente examinar as opiniões que a compõem. Antigo ditado afirma: “Examinai tudo e retende o que é bom.” Espero que os textos transcritos aqui contribuam para que você reflita e forme sua própria opinião. A meu ver não existem mestres, existem apenas os que aprendem. Nunca fui mestre de ninguém, cada qual é mestre de si mesmo. Seu único mestre é você mesmo. Marco Natali

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O Papel dos monges Zen na expulsão dos Samurais do Território Coreano

Fernando Sedano (Monge Ryûshin)

Era final do século XVI no Japão, o Shogun Hideyoshi Toyotomi chega ao poder, um de seus maiores sonhos era o de conquistar a península coreana e em 24 de Abril de 1592, com um exército de 158.700 Samurais, adentra a Coréia.

A resistência foi heroica, porém as forças militares coreanas não tinham o treinamento adequado e foram incapazes de rechaçarem ao exército japonês, equipado com armas de fogo (Até então desconhecidas dos coreanos), além de um treinamento acurado dos lendários Samurais.

Em duas semanas, Seul (A capital) se rendeu! Entretanto o rei Sonjo (1567-1608) e os príncipes reais, foram ao norte para pedir ajuda à China, e então

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souberam de uma luta interna por poder entre os generais japoneses. Entra aí em cena uma importante figura, o General Yi Su Shin. Este homem criou o Kobukson “barco tartaruga”, um pesadelo para os japoneses que se viram obrigados a lutar com coreanos e chineses aliados. Ao sul, a guerrilha coreana atacava sem dar trégua ao exército japonês. As vitórias em mar, do Almirante Yi Su Shin deixaram os japoneses sem provisões e sem possibilidades de receberem reforços de seu país, começaram então as negociações de paz entre os dois países. O exército japonês estava desorganizado e começava a retroceder, entretanto, aos pés da montanha, onde se localiza o antigo templo budista Beonmeosa, a população ainda penava nas mãos dos guerreiros japoneses. Beonmeosa, foi construído em meados de século sete da atual era. Para lá, no início, foram levados ensinamentos budistas, por monges indianos de Nalanda (A famosa Universidade budista). Não se sabe ao certo como e quando, mas o fato é que estes monges possuíam treinamento marcial, muito provavelmente proveniente de Shaolin, na China, visto a similitude de técnicas e o fato de que na segunda invasão japonesa, o rei Sonjo, pede para os chineses deixarem na Coréia os monges Shaolin Niu Shu Zheng e Hei Hu Li para ensinarem e reciclarem técnicas de luta aos monges coreanos.

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A população sobe as montanhas para clamar por auxílio, porém os monges responderam que somente praticavam o caminho da não violência, o caminho que conduz ao Nirvana, o caminho que conduz a verdadeira Paz, e que não se meteriam com a guerra. Contudo, o abade do Templo viu o horror da guerra e como a população estava desguarnecida e esquecida. Sendo assim, chamou algumas pessoas do vilarejo e começara a praticar a arte marcial budista. Sessenta monges logo desceram para expulsar, somente munidos de bastões de metal, os invasores, que eram cerca 1.200 samurais. Em uma segunda tentativa de invasão, os monges conjuntamente com a população, agora treinada, não permitiram que a invasão se concretizasse. Atualmente, no templo de Beonmeosa, os monges

ainda praticam o Seon Mudo (禪武道) A arte Zen de

parar com o conflito. O que podemos notar nesta passagem histórica, é que o budismo em si nunca foi a favor de guerras e violências, entretanto o budismo, principalmente após seu advento chinês, sempre esteve muito ligado a sua comunidade leiga, bem como sua manutenção nos quesitos Paz, desenvolvimento de Sabedoria, bem como funerais e acompanhamentos filosóficos. Mas se no budismo se cultiva Paz e Sabedoria, a não violência, então o que uma arte marcial e o envolvimento em guerras tem a ver com ele? Na verdade o Budismo, em sua origem na Índia, não tinha nada a ver com questões de guerras. O próprio Buddha fora um príncipe do reino Shakya, era um Ksátri (Pronuncia-se Xátria) e renunciou esta vida para atingir o Nirvana (Nir: Negação; Vana:

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Movimento como os de uma chama de vela acesa), ou seja a cessação dos ciclos de nascimento e morte, e no budismo da época de Buddha, e por longos séculos na Índia, o Bikshu (monge) não realizava nenhum labor, que não fosse o pedir comida à comunidade, realizar Bhavana (traduzido erroneamente ao Ocidente por meditação) e ensinar o Dharma (Ensinamentos de Buddha que conduzem a cessação do sofrimento). Todavia, o Budismo, ao entrar na China, choca-se com uma cultura de Labor, com um imenso país, um sofrido país, e lá o pedir provimentos à população não teve aceitação, então começaram a laborar a terra e cultivar cereais e legumes para seu sustento, além de fazerem pães e distribuírem a população menos favorecida (que era a maioria). Sendo assim, os monges começaram a desenvolver várias atividades que não eram permitidas na Índia, mas que agora, faziam parte desta adaptação a uma nova realidade. Conta-se e é aceito, como mencionado no livro Denkoroku que :”O Grande professor Bhodhidharma foi até a China ter com o Imperador Wu de Liang e tiveram o seguinte diálogo: O Imperador Wu de Liang perguntou ao Grande professor Bodhidharma: Qual o significado mais elevado das verdades sagradas? Bodhidharma respondeu: VAZIO!!! Não há sagrado, O imperador : Quem é você que está em minha frente? Bodhidharma: NÃO SEI! Subsequentemente Bodhidharma atravessou o rio Yang Tsé, foi ao Shaolin e praticou Zachan (Zazen, Siddhasana Dhyana, traduzido erroneamente ao

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ocidente, também por meditação), por nove anos em frente a uma parede. Com isso Bodhidharma funda o conceito de se agir da forma apropriada, sem dependência das escrituras, mas notemos, não é SEM as escrituras, precisamos delas para sabermos os discursos e ensinamentos, mas sim sem a DEPENDÊNCIA das escrituras, como se as palavras por si só realizassem algo! O Budismo em si não está ligado a dogmas, ou leis que se não forem obedecidas, o praticante irá ser considerado culpado, julgado e condenado. O Budismo está fundamentado na compaixão e no autoconhecimento e para isso procura deixar claro as Quatro Nobres Verdade que são:

verdade do sofrimento; verdade da origem do sofrimento; verdade da cessação do sofrimento; verdade do caminho que leva à cessação do sofri-

mento. Com estas verdades em mente, anela perscrutar a realidade última no aqui e agora, valendo-se para isso do Caminho de Oito Aspectos (Ashta Marga) que se constitui de:

1. Compreensão Correta (Samyag-drsti); 2. Pensamento Correto(Samyak-samkalpa); 3. Fala Correta (Samyag-vac); 4. Ação Correta (Samyak-karmanta); 5. Meio de Vida Correto (Samyag-ajiva); 6. Esforço Correto (Samyak-vyayama); 7. Atenção Correta (Samyak-smrti);

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8. Concentração Correta (Samyak-samadhi).

Assim sendo, o budismo, seus monges, procuram tomar a atitude mais apropriada, de acordo com a situação, e não de acordo com uma regra moral. Os monges coreanos entraram nessa batalha, não para afirmarem-se como homens, para confirmarem e reforçarem seus egos, mas sim com a possibilidade de defender a população e evitar o sofrimento das pessoas simples. Como artistas marciais, possuímos a herança destes monges coreanos, que agiram apropriadamente, não baseados em seus egos, nem baseados na “vontade de violência” muito comum em nosso meio marcial, no qual se “treinam” pessoas para as irrealidades competitivas, inflando seus egos, ou rebaixando aqueles que não podem, ou não querem competir. Além de ensinarem técnicas com o fito de matarem pessoas. Então é possível ver pessoas que entram em nossos Wu Kwan, Dojo, Dojang, procurando meios de se defenderem de uma “violência urbana”, mas querem aprender na verdade como serem mais violentos do que os “violentadores”, tornando-se assim, mais agressores que os que agridem. E existem muitos “mestres” que ensinam esta modalidade! Entretanto, conforme aprendi de meu Mestre Marco Natali: ”Violência somente gera, inflama, incita, mais violência, pratiquemos artes marciais com o coração compassivo”!

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O que rege nosso coração é o que rege nossa ação.

Existe exemplo no ocidente, para demonstrar quando Cristo fala :”...Pois onde estiver o teu tesouro, ali estará também o teu coração” Matheus 6:21. Se pensarmos e cultivarmos a violência, isso é o que nos cercará, se pensarmos e cultivarmos a compaixão... isso é o que nos cercará; e aí sim, como artistas marciais estaremos nos encaminhando para a construção real de um mundo Justo e perfeito! Que possamos honrar a herança coreana dos monges compassivos guerreiros.

Fernando Sedano (Monge Ryûshin)

Monge da escola Sotô Zen, Professor de Kung Fu estilo Chan Tao Chuan discípulo direto de Mestre Marco Natali, Criador e precursor da técnica energética Gita Prana, Historiador.

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As Artes-Marciais e o Budismo: Conflito de ideologias?

(André Otávio Assis Muniz/ Dharmananda Mahacarya, Arcebispo Presidente da Organização Religiosa Budista Tendai Hokke Ichijô Ryu do Brasil, praticante de artes

marciais há 30 anos)

I. Introdução

As artes-marciais têm uma longa tradição em países budistas.

É difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar nos famosos monges do Templo Shaolin, dos guerreiros budistas chineses da “revolta dos boxers”, dos monges guerreiros do Japão Feudal, do “samurai zen” Miyamoto Musashi etc.

Muitas vezes, a história de estilos marciais se confunde com a própria história budista de determinados países,

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com a história de templos, de monges e com lendas budistas.

Esse fato no mundo moderno causa certa perplexidade, tendo em vista que, de acordo com a visão que normalmente se tem no Ocidente sobre o Budismo, este seria uma religião radicalmente pacifista, que inibe qualquer atividade combativa, sendo mais adequada a hippies com flores nas mãos do que a rudes guerreiros e soldados. Alguns monges com formação não muito aprofundada tendem a reforçar esse estereotipo pacifista, causando mais confusão ainda naqueles que se deparam com as tradições guerreiras do Budismo.

Tendo como objetivo desfazer esse equívoco, vamos explorar a fonte mais autorizada e tradicional da doutrina budista, ou seja, seu cânone sagrado, em busca de orientação sobre a real posição budista sobre as artes-marciais. Também recorreremos à história budista e à análise textual.

II. O Cânone Budista

O Budismo é uma das religiões com o maior número de escrituras sagradas do mundo.

Enquanto os cristãos têm sua Bíblia, os muçulmanos têm o Alcorão, os Sikhs o seu Guru Granth Sahib etc., os budistas contam não com um só livro sagrado, mas com vastíssima coleção de escrituras que, no Budismo Mahayana, chega a 100 grossos volumes. Tradicionalmente se diz que o Buda pronunciou 84.000 ensinamentos. Para compreender como se formou esse cânone é necessário ter em mente que o Buda histórico pregou durante mais de 40 anos. Você se lembra das

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palavras exatas de alguém há dez anos? A história budista oficial diz que os discípulos se reuniram no ano de sua morte em Rajagrha para estabelecer duas divisões centrais do cânone, ou seja, "Sutta-Pitaka" (os discursos de Buda) e o "Vinaya-Pitaka" (as regras disciplinares da comunidade), que teriam sido recitados por dois importantes discípulos de Buda, Ananda e Upali.

O mais confiável é que o cânone só tenha sido estabelecido na época do rei Asoka (século II antes da Era Comum, portanto, mais de duzentos anos após a morte de Buda, se tomarmos como data de referência o ano 480 a.E.C como data de falecimento do Buda histórico) e que, durante séculos, tenha sido acrescido de mais e mais textos que refletiam as necessidades da comunidade budista da época e os ensinamentos baseados nas linhas gerais.

Isso quer dizer que a moralidade budista, embora siga grandes linhas gerais e princípios imutáveis, se adapta às necessidades e particularidades de épocas e situações diferentes.

Nas obras de sábios famosos como Chih-I (538-597 da E.C.), Chan-Jan (711-782 E.C.), Fa-tsang (643-712 E.C.) e Chih-chou (556-622 E.C.) tais reflexões já vêm à tona quando eles discutem a questão dos "Preceitos Perfeitos", "Preceitos Informes" e "Preceitos Perfeitos com a Unicidade". O básico dessas reflexões é que o fundamento da moralidade budista é a Consciência Iluminada. Os atos da consciência verdadeiramente iluminada estão de acordo com a "Natureza Original", ou seja, a capacidade de cada ser em revelar a Iluminação. O mestre Chan-Jan, ao falar da

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necessidade em se dar um conteúdo palpável para essa "moralidade informe", afirma que os preceitos do Mahayana Brahmajala-Sutra (Fan wang ching) podem ser considerados como a manifestação tangível desses "Preceitos Perfeitos". É claro que devem estar devidamente adaptados ao tempo e ao lugar onde se aplicam. É fundamental entender a razão de tais preceitos para que se observe seu "espírito" e não se deixe levar por um literalismo imobilizante.

Em outras palavras, aquilo que pode ser tomado como "moralidade universal" e como "fundamento essencial do Dharma" no conjunto completo das escrituras budistas, pode ser chamado de "Ensinamento Definitivo". Aquilo que é sujeito à contradição, que está em desacordo com o tempo e que contraria a lógica e o raciocínio, não podendo ser vivenciado de forma direta, mas sendo apenas "matéria de fé" (em palavras atribuídas ao Buda), é provisório, podendo ser considerado como "meio-hábil" e não como "Ensinamento Absoluto".

Assim como um teólogo cristão respeitável deve compreender todo um contexto para poder fazer "Teologia", interpretar textos, dar pareceres etc., também qualquer pessoa que se proponha a ensinar Budismo deve ter uma sólida formação para que não saia pelo mundo a desfiar um rosário de besteiras, tentando com isso, aparentar uma sabedoria que, de fato, está muito longe de ter.

Isso diz muito a respeito da posição do cânone sobre a utilização da violência de forma a não ferir a moralidade budista.

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A moralidade budista tem a ver com a CONSCIÊNCIA E A INTENÇÃO, e não é tão simples julgar como acreditam algumas pessoas.

Os atos de um artista marcial, um guerreiro etc., devem ser julgados de acordo com seu nível de consciência, sua intenção e com o Karma gerado a partir de suas ações.

Apesar da necessidade de interpretação e de profundo conhecimento necessário para a correta prática dos ensinamentos nele contidos, o cânone é o melhor e mais fiel guia de prática budista que pode existir.

III. As artes marciais no ambiente onde se desenvolveu o Budismo

A Índia Antiga era uma sociedade governada por guerreiros (kshatriya) e com uma longa tradição espiritual eminentemente guerreira. A Índia foi civilizada pelos aryas, uma civilização que partiu do Cáucaso e ocupou o Vale do Indo (e também diversas outras áreas da Europa) que substituiu uma cultura agrícola e pastoril por uma civilização guerreira, aristocrática e sacerdotal. A própria casta sacerdotal não se furtava de atividades guerreiras. Alguns estilos de combate indianos, inclusive, eram exclusivos dos brâmanes (sacerdotes).

O Buda histórico Siddharta era membro da casta dos guerreiros.

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III.a. A cultura da não agressão

A palavra “ahimsa” aparece no Rg-Veda, no Sama-Veda, na Isavasya Upanishad, no Yoga-Sutra de Patanjali, entre outros livros sagrados da Índia Antiga. Aliás, a ideia de amor pela vida é védica, é o “Viswaprema”. Buda não as inventou, só divulgou as ideias já presentes na literatura védica e na cultura indo-ariana.

A palavra “himsa” em sânscrito (a língua clássica da Índia Antiga) quer dizer ferimento, lesão, dano, mal, doer, malícia. Himsa é a malícia ou a personificação do desejo de causar dano. “Himsarata” é o prazer em causar dano ou em prejudicar. “Himsakarman” é ato hostil ou injurioso. Sendo assim, “ahimsa” é literalmente aquilo que não causa dano, mal, ou aquilo que não é feito com o desejo de causar dano, aquilo que não é feito maliciosamente. Violência, em sânscrito é “prabalah” ou “vegavam”. O sentido dessas palavras é a de exercer uma força contra aquilo que lhe causa obstáculo, ou seja, não tem uma conotação negativa. É o mesmo sentido de vento violento, choque violento ou violenta explosão, sem um conceito moral intrínseco.

Atacar com violência um malfeitor que lhe causa problemas ou está lhe atacando não porta o sentido de malícia, de desejo de causar dano, desejo de causar mal, mas pura e simplesmente de se preservar, preservar a terceiros ou preservar um bem que está sendo usurpado ou atacado.

A ideia de empregar a palavra “violência” como algo negativo é moderna. Tomou sentido mais definido

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depois de Nietzsche, G. Sorel e o sindicalismo revolucionário. A palavra também adquire contornos negativos com Montesquieu, no “Espírito das Leis”.

A maioria dos clássicos espirituais da Índia Antiga remetem a batalhas (Bhagavad-Gita, Ramayana, Mahabharata etc.) onde os deuses são apresentados portando armas, em posição de luta, usando carapaças, armaduras etc. Em uma rápida passada de olhos pelos avatares (manifestações) do deus Vishnu, por exemplo, podemos constatar que a maioria deles são manifestações guerreiras (Varaha, Narasimha, Rama, Parashurama, Krishna e o vindouro Kalki, ou seja, de dez avatares, seis são guerreiros).

É muito difícil acreditar que em uma sociedade com tal panorama cultural houvesse uma ideia como não-violência, ou seja, uma ideia de demonização de toda e qualquer ação violenta, de entreguismo, de rendição incondicional, de não uso da força, de não reação perante uma agressão ou coisa parecida. No Bhagavad-Gita, um dos clássicos indianos mais conhecidos no Ocidente, por exemplo, Krishna aconselha Arjuna nos seguintes termos:

“Considerando seu dever específico de kshatriya (guerreiro), você deve saber que não há melhor ocupação para você do que lutar conforme determina seu dharma; e assim não há necessidade de hesitação. Ó Partha, felizes são os kshatriyas a quem aparece esta oportunidade de lutar, abrindo-lhe a porta do paraíso. Se, contudo, você não executar seu dever e não lutar, então certamente incorrerá em falta por negligenciar seus deveres e

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perderá sua reputação.” (Bhagavad Gita, Capítulo 2, versos 31, 32 e 33)

III.b. O Buda Kshatriya

O Budismo nasce na Índia do século V a.E.C. e seu fundador, Siddharta Gautama, que é chamado de Buda (O Desperto) era um guerreiro, nascido na classe dos kshatriyas. É bem pouco crível que um guerreiro, nascido em meio de uma sociedade de guerreiros, educado desde a infância no manejo das armas, fosse um “entreguista” ou que advogasse a covardia e a não-reação diante de uma injusta agressão.

Essa formação guerreira com toda a certeza condicionou muitos dos ensinamentos budistas e, sem dúvida, também condicionou o príncipe Siddharta para que suportasse as dificuldades da vida de asceta.

Buda não condena as atividades guerreiras. Não condena o uso da força necessária. O que o Buda condena é a agressão injustificada, a covardia, o uso desnecessário da violência.

Veremos como isso se explicita no cânone.

IV. O que dizem os textos do cânone budista sobre as atividades marciais

Ao longo de todo o cânone, encontramos referências às atividades marciais, aos soldados e à guerra.

Buda usa uma terminologia militar em muitos momentos, mesmo quando está falando de realizações espirituais. Termos como “o vitorioso”, “o destruidor de

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inimigos”, “o subjugador” etc., aparecem com muita frequência nas escrituras sagradas budistas.

No Anguttara Nikaya (A.iii. 38.f ; iv 79f.), que é parte das escrituras sagradas do Budismo, podemos ver duas discussões entre Buda e o General Licchavi de Vesali, Siha, que era seu discípulo. Nos Jatakas (outra parte das escrituras sagradas do Budismo) também há referências ao discípulo de Buda, o General Siha. Nestes textos pode-se ler:

“O Buda ensina que o culpado merece castigo, e o digno de favor deve ser favorecido. Porém também ensina que não se deve fazer sofrer nenhum ser vivente, mas ter o coração cheio de compaixão e amor. Estes dois ensinamentos não são contraditórios, porque quem recebe castigo por seus crimes não sofre por maldade do juiz e sim em consequência de sua culpa. Suas más ações lhe acarretaram o mal que lhe inflige o executor da lei. Quando um magistrado castiga, deve estar livre de todo ódio; e o criminoso condenado à morte deve considerar que seu suplício é consequente do seu crime, e se compreende que o castigo purificará suas ações, alegrar-se-á da morte. O Buda ensina que é deplorável toda guerra entre os homens; porém não condena os que guerreiam por uma causa justa, depois de haver esgotado todos os meios de conservar a paz. O causador da guerra merece execração. O Buda ensina a completa renúncia ao ego, porém não ensina que as pessoas se entreguem às potestades sinistras. (...) Aquele que luta pelo interesse egoísta de celebridade, grandeza, poderio ou riqueza, não receberá

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recompensa; porém, o que combate pela justiça e a verdade, receberá o galardão, porque será vitorioso, mesmo que sofra alguma derrota transitória antes do triunfo final. (...) Luta, pois, denodadamente, ó Siha, e combate com marcial esforço nas batalhas; ser soldado deverás e o Buda te abençoará.”

Essas palavras combinam com a imagem de um Buda que prega a capitulação frente ao mal?

Em outra escritura sagrada do Budismo, o Sutra Mahayana do Grande Nirvana, podemos ler:

“Os defensores da correta Doutrina devem armar-se com facas, espadas e bastões. Mesmo que carreguem espadas e bastões, eu os consideraria homens que observam os preceitos."

Em várias outras passagens das escrituras budistas vemos o conselho dos diversos mestres de que o budista pode e DEVE se defender:

"Nos dias de antanho, o mundo era pacífico e a Doutrina Budista propagou-se por todas as nações. Naquela época, era adequado observar os preceitos sem o uso de bastões. Porém, esta época é perigosa e a Doutrina está obscurecida. Dessa forma, é apropriado carregar bastões e desconsiderar os preceitos (relativos a isso). Se tanto o passado como o presente fossem épocas pacíficas, seria adequado observar os preceitos sem o uso de bastões em ambas as épocas. Deve-se basear a escolha conforme as situações especiais de cada época e nunca aderir literalmente a uma ou outra opção."

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(Mestre Chang-an , 561-632 .E.C., em seu "Anotações sobre o Sutra do Nirvana")

Naquela época, século VI da Era Comum, ele aconselhava a usar bastões para a defesa. Hoje, com toda certeza, aconselharia pistolas, revólveres e outros instrumentos de acordo com cada época.

No Arya Bodhisattva gocara upayavishaya vikurvana nirdesha Sutra/ Sutra das Manifestações pelos Meios-Hábeis do Nobre Bodhisattva no Campo de Ação está escrito:

"Um rei (e consequentemente, qualquer pessoa), que é bem preparado para a batalha, tendo usado os meios-hábeis nesse caminho, mesmo que mate ou fira as tropas inimigas, tendo poucas faltas morais ou deméritos, certamente não terá como resultado um Karma ruim. Por qual razão isso é assim? Isso se deve ao fato de que tal ação está combinada com intenções de compaixão e de não abandono (de tal compaixão). Pelo fato de sacrificar a si mesmo e à sua fortuna para proteger seres vivos e pela segurança de sua família, mulher e filhos, há um imensurável mérito que aumenta poderosamente."

No Bodhisattvabhumi, do Grande Mestre Asanga:

"Matar com a intenção de evitar que o que é morto continue a produzir um Karma cada vez pior, com crimes cada vez maiores, longe de fazer com que o bodhisattva renasça no inferno, faz com que ele se torne sem culpa e produza um grande mérito."

Por outro lado, encontramos no Sutra Mahayana da Rede de Brahma:

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“Um discípulo de Buda não deve estocar armas tais como facas, bastões, arcos, flechas, lanças, machados ou quaisquer outras armas, nem deve fabricar redes, armadilhas ou quaisquer outros instrumentos utilizados para destruir a vida. Como discípulo de Buda, ele não deve vingar a morte de seus pais – e muito menos matar seres sencientes! Não deve estocar quaisquer armas ou instrumentos que possam ser usados para matar seres sencientes. Se ele deliberadamente faz isso, comete uma ofensa secundária.”

Há contradição aqui? Não. O Sutra Mahayana da Rede de Brahma diz que um discípulo de Buda não deve alimentar uma mente de agressão. Ele não deve ter a intenção de destruir a vida, tanto a de um ser humano quanto de qualquer outro ser. Deve ser vegetariano. Não deve ter armas para se sentir com o “poder” de destruir vidas. Mas o sutra não proíbe ter armas para se defender, não diz que um discípulo de Buda deve apanhar ou ser agredido sem reagir. Ele NUNCA deve ser o agressor. NUNCA deve cultivar uma mentalidade favorável a lesionar alguém, mas PODE E DEVE se defender, de acordo com todas as passagens que trouxemos aqui.

Para interpretar os sutras precisamos ter sempre em vista o objetivo com o qual determinado ensinamento foi escrito.

As armas são objetos inanimados. Como todas as outras coisas, possuem a sua natureza originalmente pura (svabhava), ou seja, são neutras, nem intrinsecamente boas nem intrinsecamente más.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 479

Sendo assim, o que determina tal ensino?

O próprio texto do sutra diz:

"Como discípulo de Buda, ele não deve vingar a morte de seus pais - e muito menos matar os seres sencientes! Não deve estocar quaisquer armas ou instrumentos que possam ser usados para matar seres sencientes."

O objetivo aqui é traçado com clareza: Estocar armas com o objetivo deliberado de matar.

Veja que uma simples faca de cozinha ou uma navalha utilizada por um monge para raspar a cabeça podem ser utilizadas como armas mortais nas mãos de alguém mal intencionado. Sendo assim, a quebra do preceito está diretamente ligada à intenção de alguém ao possuir armas. Possuir uma faca de cozinha, uma navalha de barba ou um caco de vidro com a INTENÇÃO de possuí-los para matar (por qualquer motivo que não seja a defesa), é quebra do preceito.

Sendo assim, por exemplo, um presidiário que esconde um garfo, um pedaço de louça, uma pedra ou qualquer outra coisa que possa ser utilizada para matar deliberadamente, está contra a moralidade de um bodhisattva.

No entanto, um bom homem ou uma boa mulher, sem más intenções, que possuir um revólver, um fuzil ou seja lá que arma for, com a intenção de proteger a própria vida ou a vida de outrem, não quebra o preceito. Em 975 (...), o mestre Ryogen escreveu:

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“O tempo do Falso Dharma chegou. Estes juncos que são os sravakas, estes bambus que são os pratyekabudas (seguidores do Hinayana), abundam como uma floresta. É difícil saber onde vai parar esta proliferação de vegetação rasteira. Matos não se deixam eliminar facilmente: e ainda mais [dificilmente] os dois Veículos (Sravaka e Pratyekabuddha). Se deixarmos os arcos em suas bainhas e negligenciarmos as flechas, não estaremos garantindo a duração do Verdadeiro Dharma. O sastra não ensina assim? Manjusri possui dois atributos simbólicos (samaya): a espada afiada e o pothi Bramânico (um livro em Sânscrito)...se nos juntarmos a essa espada, não seremos centenas de milhares de Manjusris vivos? Doravante os monges deverão começar a carregar arcos e flechas.” (Jie Daishi den, escrito por volta de 1469).

V. Os critérios para o uso da força

No Budismo, assim como em todo sistema com um código moral próprio, há uma hierarquia de valores. Quando dois deveres morais colidem, aqueles mais abrangentes, que resguardam bens maiores, devem se sobrepor aos que resguardam bens menores e menos abrangentes. Por exemplo, temos o dever de dizer a verdade. No entanto, se um malfeitor nos pergunta onde está escondida sua vítima, devemos dizer a verdade? Se falar a verdade resultará em morte ou ferimento injusto de alguém, temos a obrigação de nos calar e até de mentir.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 481

Temos o dever moral de não matar. Esse dever é o maior dos preceitos budistas. Não devemos matar nenhum ser. Nem uma formiga. No entanto, se um inocente tem sua vida ameaçada por um malfeitor, ou se esse malfeitor ameaça a vida de várias pessoas, o que fazer? Cruzar os braços e deixar que o malfeitor leve adiante um massacre?

Se você for atacado por um tigre faminto, e tiver chance de atirar nele para salvar sua vida, quebrou um preceito? Se você agredir a um ladrão que tenta lhe roubar, você quebrou um preceito? É claro que não.

Dentro desse espírito, budistas de todos os países e épocas advogaram uma conduta pacífica e baseada na moralidade, mas não foram contrários às artes marciais ou às atividades de conflito justo e necessário.

O artista marcial budista deve ser alguém que ama a paz e que nunca é o agressor. No entanto, em defesa de si próprio ou de outrem, deve saber utilizar a violência necessária para parar uma agressão.

No Mahavamsa, uma crônica mito-histórica do Sri Lanka, é contada a história do virtuoso rei budista Dutthagamani que, no segundo século antes da Era Comum, conquistou a antiga capital Anuradhapura do rei do Sul da Índia Elara. Dutthagamani, cujo nome significa “Gamani, o feroz”, usava uma lança onde estava incrustada uma relíquia de Buda e se guiava pelos preceitos budistas.

VI. A utopia da paz versus o aqui e agora

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Muita gente fala em paz, em pacifismo e em tranquilidade. As pessoas buscam “paz” sem que, no entanto, comprometam seus próprios pontos de vista e suas próprias condutas. Querem uma “paz” que venha de fora, que se imponha ao mundo como a onda de um maremoto. Dentro desse mesmo pensamento, criam fantasias sobre o papel da religião na criação dessa paz tão esperada.

Ao longo da história da humanidade, nunca houve um único período sem guerras, conflitos ou violência, independentemente da religião adotada.

Criar fantasias sobre uma suposta “paz budista” que seria forjada sob os influxos de um pacifismo alienado que não aceita a realidade da violência, é só mais uma forma de autoengano.

A violência existe, a guerra existe, independentemente de gostarmos ou não gostarmos delas. De uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, seremos confrontados com a violência, seja ela física, verbal ou psicológica.

O Budismo deve conduzir os seres a enxergarem a realidade como ela é e não a criarem ilusões e fantasias que os façam viver em um mundo paralelo.

As artes marciais são um excelente “remédio de realidade” que nos colocam em contato com nossas fraquezas, medos, limitações e nos desafiam à auto superação. Budistas buscam exatamente isso, a realidade como ela é.

Se quisermos a paz, devemos cultivá-la dentro de nossas próprias mentes. A paz não aceita enganações.

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A paz de espírito sabe que a violência existe e, portanto, está sempre preparada para lidar com ela sem se perder.

10 REGRAS DO BUDISMO ZEN PARA A PÁTRICA DAS ARTES MARCIAIS

1. Obedecer às ordens de seu instrutor, professor e mestre.

2. Aprender o significado mais profundo do Zen. 3. Ter humildade e paciência na vida. 4. Ser harmonioso e paciente com seus alunos e

discípulos. 5. Ser paciente e nunca exibir as artes marciais por

egoísmo. 6. Nunca ser aquele que inicia uma luta. Se for

forçado a lutar, você deve manter calma sua mente. 7. Nunca beber álcool e não comer carne nem da

terra, nem do mar, nem do ar.(*) 8. Nunca humilhar ninguém. 9. Não ensinar as técnicas das artes marciais para

quem não for membro da Ordem. 10. Nunca pense em ganhar ou perder, enquanto

estiver praticando alguma técnica.

(*) Vemos aqui regras que eram ensinadas no Oriente há mais de 5.000 anos. Naquela época, os mestres de artes marciais, assim como os monges, não aceitavam discípulos que fumassem, bebessem e comessem carne. Hoje, infelizmente, vemos o contrário: mestres que aceitam discípulos drogados, doentes e carniceiros.

oito REGRAS DE UM MESTRE

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[BUDISMO FILOSOFIA DOS PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS] Coach Marco Natali

O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 484

1. Devotar sua vida para ensinar, transmitir e transformar positivamente as pessoas.

2. Buscar o significado mais profundo do Zen com a própria devoção de sua vida.

3. Quando estiver trabalhando, simplesmente se concentre no trabalho que estiver realizando com completa devoção e dedicação.

4. Busque sempre ser UM consigo mesmo, e então, não terá inimigos.

5. Procure nunca entrar em conflito com os outros. Seja UM. Faça que dos seus lábios nunca saiam palavras rudes e grosseiras.(*)

6. Se não puder estar com o rosto alegre, esteja com o rosto em paz.

7. Seja sempre positivo e nunca remexa nas dificuldades e faltas dos outros. Mostre o caminho do autoconhecimento e da auto realização espiritual.

8. Só matar, quando não houver alternativa.

(*) O que vemos na maior parte das academias de artes marciais é um descaso muito grande. Professores e Mestres que ensinam seus alunos a lutar para serem melhores que os outros. Não há um preparo psicológico nem espiritual que antigamente era transmitido e que somente alguns centros sérios de artes marciais continuam a transmitir.

O MUNDO É FENOMÊNICO

1. O mundo em que estamos é fenomênico e temporário.

2. Toda ação, física ou metafísica, gera uma resposta ou reação.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 485

3. Grande ou pequena, a ação e a reação são fenômenos ilusórios.

4. Nada é permanente, a não ser a mudança que é constante.

5. Na meditação, olhe para o nada e você encontrará o verdadeiro sentido da paz.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 486

KUNG FU, Além das artes Marciais. BUDISMO, filosofia a vivenciar

Eu iniciei a prática de artes marciais na adolescência, mas tornei-me budista já na idade adulta.

Pratiquei alguns estilos de artes marciais anteriormente até que iniciei o Kung Fu, o que definitivamente deu novo norte à minha vida.

O Kung Fu me levou, e após anos de prática continua levando, a novos caminhos como a acupuntura, os trabalhos energéticos (qi gong) e ao Budismo.

Se você chegou a este capítulo, que escrevo com muito prazer para somar mais algumas páginas a mais esta simbólica publicação do mentor e amigo Marco Natali, significa que você já leu bastante material nos capítulos anteriores e provavelmente já percebeu o que eu percebi há algum tempo atrás: você não precisa ser

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 487

budista para praticar artes marciais; porém, para um estudo mais profundo delas – sobretudo do kung fu, deve estudar o Budismo.

E por que?

Ora, kung fu não se resume a técnicas de combate e a formas.

Seu complemento não é simplesmente posições belas e movimentos perfeitamente coreografados ou a melhor maneira de usar seus punhos e pernas em combate da maneira mais rápida e eficiente.

Claro que é ótimo você ser capaz de se defender ou defender outras pessoas; ser capaz de resolver um conflito físico, subjugando as ações de um oponente de maneira rápida e sem sofrer danos, não importando o tamanho ou força desse oponente.

Mas veja como é bom elevar seu nível intelectual estudando e entendo outros aspectos culturais; perceba a melhora em sua qualidade de vida tendo um corpo apto às diversas tarefas diárias, melhoria em seu condicionamento físico, flexibilidade, equilíbrio físico e mental e sua concentração.

O desenvolvimento do Kung Fu, com suas influências taoístas e/ou budistas, está fundido ao desenvolvimento do Budismo na sociedade e no interior do praticante – seja como a filosofia originalmente sistematizada por Siddartha Gautama ou mesmo pelo Budismo religioso posteriormente inserido na sociedade.

Pense na quantidade de pessoas que estão aprendendo técnicas de luta diariamente; e imagine isso

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 488

ocorrendo sem os conceitos de preservação da sociedade, sem os fundamentos de se utilizar as artes de luta para impedir as lutas.

Em que mundo viveríamos?

Uma vez um amigo me mandou uma mensagem perguntando para que servia o kung fu e minha resposta eu compartilho com você:

“Kung Fu é para os amantes das artes marciais, da mesma maneira que Kung Fu também é para quem sente medo e insegurança e quer ajuda para isso superar A prática tráz confiança e melhora a auto-estima, encorajando-o a enfrentar os desafios morais e físicos. O kung fu é para a dona de casa e para o atleta, para a criança agitada e para o deficiente, pois é superação. Serve o kung fu para quem quer fortalecer o corpo, tonificar músculos e emagrecer, bem como para quem busca mais concentração ou interiorização mental – disciplina e respeito. O treino de kung fu é para quem dispõe de poucas horas na semana e para quem se dedica diariamente. Kung fu é para as mulheres

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 489

determinadas, que sabem o que querem e o que buscar; kung fu é para as garotas em formação física e mental, que ainda estão tentando encontrar a si mesmas, em meio a diversas mudanças internas e externas, estímulos do mundo e alterações hormonais. Kung fu é para homens grandes e fortes; para rapazes franzinos que se sentem acuados; para acalmar o shen dos jovens impetuosos e valentões. Kung fu é para defesa pessoal, preservação da vida, da sociedade; É para proteger a família, amigos e desconhecidos em apuros. Com kung fu defendemos nossa integridade física e, com kung fu, aprendemos que não precisamos das artes marciais para resolver todos os nossos problemas. Kung fu é a dualidade yin-yang. Kung fu é para todas as pessoas”.

Meu irmão, o kung fu e a filosofia budista me ensinaram a ver as coisas da seguinte maneira: eu sou um cara que ensina o que aprendeu e que continua aprendendo.

Simplesmente isso.

Alguns alunos me chamam de professor, outros me chamam por Marco.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 490

A grande importância real é que consigamos nos comunicar e nos relacionar com respeito mútuo.

Nossas práticas incluem treinamento de condicionamento físico, técnicas de combate, estudo filosófico e meditação.

Eu convido você a buscar mais informações sobre budismo recebendo um e-book gratuito através do endereço: http://perfeitaoportunidade.com.br/squeeze-page-budismo/

Se quiser aprofundar-se mais, redirecionando sua vida e com a oportunidade de ajudar outros a fazê-lo, acesse as informações sobre a formação de ascetas budistas da ordem Niskama Karma: http://perfeitaoportunidade.com.br/budismo-niskama-karma/

Em Cotia – SP, você pode participar de minhas aulas de Kung Fu Wing Chun, Tai Chi Chuan e Chi Kung.

Meus contatos são:

Claro: 11-98752-7118

Vivo (escola): 11-99554-1254

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 491

Emails:

[email protected] – Informações, cursos e palestras sobre budismo.

[email protected] – Escola de artes marciais e consultório de acupuntura

Demais endereços de interesse:

https://web.facebook.com/cemmtc/

https://web.facebook.com/SanghavirtualNK/

https://web.facebook.com/groups/345936602225222/?fref=ts

Por fim, deixo contigo duas frases que eu gosto de dizer a meus alunos:

“Você se tornará um lutador tão bom, que nunca precisará lutar”

“Quanto sua prática tem de arte e quanto sua prática tem de marcial?”

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 492

Capítulo à parte

Nelson Herbst

Fui convidado pelo meu grande amigo Marco Natali para escrever este capítulo.

Estou lisonjeado e, de todas as formas, muito orgulhoso pela oportunidade.

Já que este capítulo é meu e eu posso escrever o que quiser, vou aproveitar para fazer algumas reflexões e dedicar aos leitores mais jovens, aqueles que estão na faixa etária entre os cinco e os oitenta anos.

Tenho pesquisado muito sobre uma ciência nova, conhecida como gerontologia, que não é a mesma coisa que geriatria, entenderam?

A geriatria é um campo da medicina que estuda e trata dos fenômenos do envelhecimento do ponto de vista das doenças que são características dos idosos, e a gerontologia estuda os fenômenos que ocorrem durante o processo de envelhecimento, mas dirigidos aos seus aspectos biológicos, clínicos, econômicos e sociais, do tipo comportamental.

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[BUDISMO FILOSOFIA DOS PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS] Coach Marco Natali

O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 493

Mas por que estou falando de ciência e medicina num livro cujo gancho principal é o Budismo?

A resposta é simples: os muito jovens acham que os mais velhos são muito velhos, e, de acordo com os conceitos da neurociência, é bobagem acreditar que envelhecemos.

Podemos, sim, nos transmutar fisicamente, mas nossa mente parece ficar cada dia mais afiada.

Principalmente para aqueles que treinam mais e mais os neurônios e suas funções e possibilidades de expansão e adaptação.

Quero garantir, sem medo de errar, que se o corpo naturalmente parece envelhecer, desde o momento em que nascemos, nos dias de hoje ninguém mais se sente velho como antigamente parecia ser comum.

Mas, curiosamente, as crianças também já não têm mais o mesmo comportamento, os adolescentes não se manifestam a respeito, e os adultos ficam espalhados no meio dessa confusão toda, quando o assunto é maturidade.

Parece loucura, mas se alguém por aí estiver por dentro de tudo o que está acontecendo com as pessoas, pode me ensinar que eu estou louco para aprender.

Uau, quantas mudanças!

Do monumento ao comportamento, nada é mais igual como era antes.

Até mesmo as estátuas e as obras de arte, esculturas e telas, são apreciadas de outra forma.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 494

E aliás, apreciadas em vários sentidos.

Algumas obras valiam alguns trocados quando os artistas estavam vivos, e hoje valem milhões de dólares, preferencialmente quando os seus autores estão mortos.

Será possível uma tela valer duzentos milhões de dólares, e nem poder ser exposta em galerias populares, ou até mesmo em museus nacionais ou estrangeiros, porque os atuais proprietários tratam de guardar estes pequenos tesouros em cofres de suas residentes particulares.

O que será que isto quer dizer?

Mercado ou arte?

Se um quadro tem o mesmo valor que a construção de oitocentos, talvez mil hospitais de grande porte, ou a construção de quase cinco mil escolas ou talvez cinquenta mil creches infantis, a ordem de valores sobre coisas e pessoas está de cabeça para baixo.

E daí fica difícil olhar para o outro, para as coisas, para frente ou para o que já passou, e formar algum juízo.

Se tirarmos uma foto do planeta hoje, os cenários que vamos enxergar é desolador, mas num descuido e acho que pode piorar um bocadinho mais ainda.

Não faz muito tempo que a gente só sabia das coisas que estavam acontecendo bem debaixo dos nossos narizes.

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[BUDISMO FILOSOFIA DOS PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS] Coach Marco Natali

O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 495

Nem as coisas que aconteciam nas cidades vizinhas, estados ou países vizinhos chegavam aos nossos ouvidos.

No estrangeiro, como diziam, só os que moram por lá é que sabem de suas novas e velhas.

Parecia até coisa de outro mundo as estórias dos americanos, dos alemães e italianos, dos russos, japoneses e coreanos, e dos chineses, então, que moravam do outro lado do planeta?

Literalmente, a gente chegava a pensar que eles ficavam de cabeça para baixo.

Hoje somos uma comunidade única, uma comunidade internacional, e tudo o que acontece com os estrangeiros nos toca, nos afeta, nos emociona, mexendo muito com os nossos corações e mentes.

Todos ficam felizes com histórias de sucesso, de crescimento, de prosperidade e com final feliz, e desejamos mesmo que tudo dê certo com todo mundo.

Mas enquanto alguns estão sempre se esforçando para construir um mundo novo e repleto de alegrias, outros insistem em destruir o que já existe, por razões que jamais vamos compreender.

Numa rápida visita a muitos lugares, podemos ver multidões se deslocando de um canto para outro diante da impossibilidade de permanecer em suas terras nativas, em busca de um pedaço pequeno de terra para acomodar suas famílias, formar uma nova comunidade solidária, porque sabem que são indesejados em qualquer outro lugar.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 496

Precisam se salvar, e salvar suas famílias, da fome, da miséria, da indignação, da morte precoce.

Guerras explícitas e ocultas se instalaram em todos os continentes em nome de um excesso de riqueza que não consegue ser gasta em muitas gerações.

Uma acumulação imbecil de patrimônio vazio, que não serve a ninguém.

Devastação do ambiente, da natureza, do único planeta que nos foi dado a cuidar.

Ainda que nem todos possam falar a mesma língua, os desejos e as necessidades básicas são exatamente iguais para todos.

Precisamos pedir socorro e já não temos mais confiança nos nossos salvadores e líderes.

A nossa casa terrena está sob séria ameaça e mesmo assim não sabemos como dar os próximos passos para cuidar melhor do nosso cantinho de mundo.

O século que passou, século XX, foi extraordinário em termos de conquistas.

Apesar de duas guerras mundiais e de uma grande mudança na geopolítica mundial, fizemos importantes avanços no campo das artes, da música, da medicina, das ciências, dos esportes, nas tecnologias de informação, e nas comunicações.

Estas conquistas puderam eliminar muitas barreiras que limitavam as nossas pretensões e amarravam nossos sonhos.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 497

Temos que refletir seriamente sobre isso, porque saímos de uma época em que tudo era difícil, demorado, caro e incerto.

No século passado aprendemos a voar com asas artificiais, conquistamos o espaço, e o homem para chegar à lua criou máquinas e processos que serviram para ajudar nas pesquisas para eliminar doenças, falar à distância e imediatamente, dominar as tábuas de cálculos e transformar eventos naturais em fontes de energia para muitos.

Uau! Quanta coisa boa aconteceu.

Entramos no século XXI com a corda toda, e parecia haver um grande domínio do homem sobre todas as coisas.

A população mundial chegou a sete bilhões de pessoas.

Crescemos sem medo, sem temor, mas sem um mínimo de percepção que poderíamos enfrentar o desafio de oferecer comida, água e abrigo para toda essa gente.

A insegurança alimentar, no seu sentido mais amplo, ou seja, se haverá comida, água, agasalho, abrigo, transporte, acesso ao trabalho, ao laser e outras possibilidades sociais para todos, impõe aos homens e mulheres de todas as partes do mundo uma tremenda sensação de inconformismo, que gera descontentamento e violência, alimentando um círculo vicioso capaz de nos levar de volta aos tempos medievais com relação ao nosso comportamento.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 498

Parece que as sondas espaciais destacadas para pesquisas espaciais descobriram grandes fontes de água em Marte.

Mas será que precisamos viajar para tão longe em busca de água?

Não seria melhor cuidar mais dos nossos mananciais destruídos com as nossas próprias mãos?

Os principais e mais importantes rios em todos os cantos, no mundo inteiro, estão contaminados de alguma forma, ou esgotados em seus volumes, as nossas florestas estão cedendo espaços para a abertura de novas fronteiras agrícolas que precisam produzir cada vez mais, mesmo à custa de técnicas transgênicas, e já nos acostumamos a assumir perdas de espécies de animais e vegetais característicos de flora e fauna específicas de tantas regiões, e que estão interligadas no começo, meio ou fim de qualquer sistema.

Que progresso é esse? Aonde queremos chegar?

Mas, daí, vocês todos que estão pensando agora, refletindo sobre o que têm a ver com esta espada sobre as nossas cabeças, devo dizer que se dependerem dos outros, ninguém será salvo ou poupado de severas punições, mais rapidamente que imaginamos.

Claro que não podemos salvar o planeta sem antes limpar o quintal de nossa casa, recolher o lixo que produzimos, consertar o que quebramos, replantar o que consumimos e deixar de desperdiçar qualquer recurso que possa ser aproveitado por alguém.

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[BUDISMO FILOSOFIA DOS PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS] Coach Marco Natali

O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 499

A vida é maravilhosa, e viver com plenitude é mais um presente de Deus que é entregue a cada um de nós ao nascermos.

Para preservar ou consertar o universo, precisamos cuidar dos nossos microuniversos, aqueles pequenos mundos que estão ao nosso alcance, ao alcance das nossas mãos e das nossas ações, porque se de alguma maneira não pudermos fazer pessoalmente, poderemos certamente orientar para que outros façam de uma boa maneira, que garanta que dê certo.

Nos pequenos universos não pode existir omissão permitida, já que estamos falando de um espaço que é nosso e as responsabilidades na execução das tarefas necessárias não se podem partilhar.

Então, ou fazemos a nossa parte, ou o grande universo perde a forma e diminui no conteúdo.

Parece incrível, mas no começo do século passado, nossos principais problemas podiam estar centrados nos fenômenos da carência ou ausência, objetivamente baseada nas dificuldades de acesso a quase tudo.

Seriam tempos mais difíceis?

Atualmente, nossos principais problemas estão baseados nos fenômenos da abundância, considerando apenas que temos uma evidente injustiça na distribuição dos recursos.

Isto faz com que as atuais gerações não sejam capazes de imaginar como era o mundo de seus avós, e até mesmo de seus pais.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 500

As mudanças foram impressionantes.

É claro que é difícil imaginar como podia ser o mundo do passado, mas será que alguém é capaz de imaginar como será o mundo do futuro?

Nas décadas passadas, do século passado, havia uma relação interessante entre o cronológico relativo.

Na década de 40 os homens viviam, em média, até os 40 anos.

Na década de 50, os homens viviam, em média, até os 50 anos, na década de 60, até os 60 anos.

Com algumas mudanças, este início de século assiste ao homem moderno vivendo até os 80 anos, com expectativas de chegar até os 90, e se eliminarmos as grandes taxas de mortalidade infantil e violências, poderão ter novas gerações que viverão mais de 100 anos, com qualidade e lucidez.

Já pensaram?

Imaginem agora as mudanças que precisarão ser promovidas nas questões de sustentabilidade e financiamento dos sistemas previdenciários.

É claro que todo mundo quer viver mais tempo e cada vez melhor, e é justamente por isso que temos que continuar melhorando nossos padrões de conhecimento, investindo cada vez mais em pesquisas e desenvolvimento de ideias.

Por incrível que pareça, as grandes mudanças aconteceram como que de repente, um pouco de cada vez, é verdade, mas não de uma vez por todas, e por isso mesmo eu acho que precisamos aprender que as

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 501

mudanças sempre nos vão carregar, de um jeito ou de outro, e se estivermos preparados para tirar o melhor proveito destes fenômenos, vamos lucrar muito mais.

Primeiramente, é preciso reconhecer que temos uma nova dimensão nas comunicações, e nesta era da cibernética os conteúdos já não estão mais aprisionados nas escolas, ou com os professores, que detinham exclusivamente as informações.

Agora, o grande conteúdo está no ciberespaço, na rede, e este fato promoveu positivamente a relação ensino-aprendizagem.

A comunicação passou a ser interpessoal, e desta maneira os novos alunos podem interagir simultaneamente com milhões de outros alunos a nível interplanetário.

É incrível, mas faz todo o sentido imaginar que a universalização do ensino e do aprendizado finalmente quebrou qualquer espécie de fronteira, o que nos permite avançar aprendendo e melhorando o nosso desempenho em todas as áreas do conhecimento.

As ferramentas que dispomos atualmente, oferecidas no mercado a preços populares, mudaram nossas possibilidades, e permite a todos uma nova forma de interação, ampliando a extensão das relações que queremos ou não estabelecer no mundo real.

Extraordinariamente, este fenômeno que tanto esperamos e de que tanto falavam, é a nova noção de tempo e espaço.

Agora o mundo está totalmente conectado.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 502

Mas o que podemos esperar daqui por diante?

Assim como estamos participando de uma nova aldeia global, e com tantas mudanças ainda em curso, logo estaremos mudando a nossa própria expectativa de vida pessoal, repensando o conceito de estado, de ordem jurídica, religião e família.

Com uma nova cultura universal, não precisaremos mais refletir sobre leis, senão sobre o que é certo ou errado para todos.

Será a volta do conceito de direito natural, um resgate fundamental que vai eliminar interpretações duvidosas ou tendenciosas, incompatíveis com a natureza divina e do justo.

E por falar em divino, talvez as discussões e guerras em nome da religião ou das religiões estarão com os dias contados, porque cada um poderá fazer sua própria experiência do sagrado para proteger seus espíritos.

Parece ser uma forma definitiva de conter os excessos e garantir a solidariedade comum, filhos todos de um único Deus, e com a garantia de acesso ao mundo da eternidade.

E como será mesmo a nossa família, considerando que já não há mais a formação tradicional de pai, mãe e filhos, substituída pelo conceito de pessoas especiais, que fizeram uma opção de gênero e sexo, para se juntarem no bem viver, praticando o amor e a fraternidade, com respeito e tolerância em todos os tempos de alegrias e tristezas, e onde, no novo conceito de lar, tornar possível a experiência de trocar a energia

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 503

física, emocional e intelectual como base de uma nova sociedade.

Neste mundo novo, e neste complexo fascinante de experiências humanas, sobrará o novo homem e a nova mulher, e nos restará fazer a parte mais importante, cobrando de cada um e de todos o que já não é mais um sonho, ou um desejo, ou uma aspiração.

No novo mundo, as tarefas e os papeis terão que ser realizadas por todos, com esforços e iniciativas de todos, ainda que com resultados distintos, mas com o comprometimento de honrar a herança que o novo mundo vai nos entregar.

E como será a sociedade do futuro?

Seremos nós mesmos daqui por diante.

Nelson Herbst – Maio de 2016

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A CRIANÇA O SANTO E O ASSASSINO

Francisco José D‟Urbano

Em um bote em alto mar estão uma criança, um homem santo e um assassino terrível.

O bote afunda.

A pergunta é - Qual deles não morre afogado?

Alguns dirão que é a criança, pois merece viver.

Ainda é muito jovem.

Tem muito que ver e aprender.

Outros dizem que é o homem santo, pois como é santo tem muito de bom a fazer pelo mundo.

Há ainda aqueles que dizem que o assassino é que irá viver, pois pode se arrepender, mudar de vida, ou até mesmo por sem impiedoso é que irá sobreviver.

As pessoas dão as mais variadas interpretações o porquê um ou outro não morrerá.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 505

Tudo baseado em ser bom ou ser mau, merecedor ou não.

Mas a resposta certa é – Não morre afogado aquele que souber nadar. Não tem a ver com ser bom ou mau.

As coisas na vida acontecem com quem é bom e com quem é mau.

A maioria das pessoas acredita que se forem boas, nada lhes acontecerá.

E quando acontece, ficam se perguntando – Por que isso aconteceu comigo? Sou correto, sou honesto, sou bom.

A verdade é que sempre acontecerão coisas ruins para pessoas boas e vice-versa.

O fato de sermos bons não nos livra de todo o mal.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 506

Então não devemos ser bons?

Não devemos ser corretos?

Claro que sim.

Pelo fato de que é o certo e não por esperar algum tipo de recompensa.

Fazer o que é certo pelo simples fato de ser o certo.

Ter consciência real.

A lei dos iguais funciona.

Bondade atrai bondade.

Gentileza atrai gentileza.

Ódio atrai ódio.

Rancor atrai rancor.

Apenas é preciso ter ciência de que não estamos livres de que coisas inusitadas e ruins nos atinjam

Ao praticar atos de bondade, benevolência e caridade estaremos gerando uma energia positiva que irá gerar outras energias positivas, mas não estamos livres de que coisas ruins aconteçam para nós.

Sifu D´Urbano

União Nacional de Kung Fu

Rua Bom Jesus de Pirapora – nº 2.074 – Vila Rami Jundiaí – SP – Cep: 13.206-480

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[BUDISMO FILOSOFIA DOS PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS] Coach Marco Natali

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Budismo e artes marciais

Robson Antônio Lopes Pires

Primeiro vou fazer uma explanação sobre o budismo e artes marciais, na pretensão de elucidar alguns pontos aos leigos.

Budismo é uma forma de alcançar a iluminação através da meditação, iniciada no século VI A.C. com Sidarta Gautama (o Buda).

Filho de um poderoso rei, Sidarta resolveu sair pelo mundo à procura de algo que satisfizesse sua curiosidade a respeito da vida e da morte.

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Para saber mais leia o livro: “A luz da Ásia” Autor: Edwin Arnold.

Artes marciais

Vamos à explicação de arte marcial:

Arte: Expressar um sentimento ou uma emoção através de algo concreto.

Marcial: Palavra que vem do grego, derivada de marte, o deus da guerra na mitologia grega.

Traduzindo: Arte marcial, seu modo de expressar uma forma de guerrilhar, ou seja, o mestre mostra o caminho e você vai trilha-lo à sua maneira.

Para escrever sobre Budismo eu tenho que me reportar às práticas que tive com arte marcial durante meus anos de treino (que ainda estão em andamento) comecei treinando Karatê com professor Ozilton, hoje morando nos EUA.

Depois veio o Judô e a Capoeira com o grão mestre Dunga e novamente Karatê no exército, pois servi num pelotão de operações especiais (Pelopes).

No 12º regimento de infantaria de Belo Horizonte. Mudei para São Paulo em meados dos anos 70 e comecei a praticar Kung-Fu com o mestre Chen e Tai-Chi-Chuan com o mestre Hu, que na época já eram bem idosos.

Logo Após conheci o mestre Natali que abrira uma academia perto de minha casa na vila Mariana.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 514

Fiz minha inscrição e logo nos tornamos amigos pela afinidade que sempre tivemos com livros, músicas dentre outras artes em comum.

Nessa época eu já tinha devorado muitos livros entre os de minha geração que eram: Lobsang Rampa; Carlos Castanheda; Krishnamurthi; Richard Bach; Kalil Gibram Kalil; Herman Hesse; Miyamoto Musashi (O livro dos cinco anéis); Robert M Pirsig (Zen e a arte de manutenção de motocicletas); Sun Tzu (A arte da guerra); Lao Tsé; Chuang Tzu; Bruce Lee (Tao of Jeet Kune Do); e muitos outros em espanhol.

Muita literatura indiana, chinesa, japonesa (Hai Kai) que gosto muito e um poeta chinês chamado Mêncio que muito admiro.

O mestre Natali começou me introduzindo de vez na filosofia budista e a relação do que ele falava e o que eu havia lido era estreita.

Tornei-me um praticante do budismo Ch‟an.

Nessa época eu era supervisor de contabilidade em uma instituição bancária.

Depois de alguns anos resolvi ir embora de São Paulo.

Dei minha mobília para a Sra. que era faxineira do banco e me fui.

Mochila, violão, mulher e uma filha linda que hoje é dançarina de danças indianas.

Fui encontrar um amigo de infância, o rio de minha vida (O Velho Chico) e escrever um livro.

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Entre os afazeres que arrumei, tais como: Ensinar as pessoas do lugar sobre saúde, respiração e até ensinava-as a escreverem seus nomes.

Entre uma pescaria e outra, todos os dias meditação Ch‟an e treinos de Kung-Fu.

Algumas coisas foram se elucidando em minha mente e outras foram ficando confusas como é natural, mas não me preocupavam, simplesmente deixava-me ir...

O rio, as garças, o azul do céu, o verde emoldurando e fui descobrindo uma relação muito grande entre as diferentes formas de vida.

Em 81, fui convidado pelo mestre Natali para ajuda-lo em um curso que ele iria ministrar em Belo Horizonte, onde fiz uma demonstração de Kung-Fu entre as quais Liang Thie Gun (Nunchaku) e bastões, armas que sempre dominei bem.

As pessoas ficaram impressionadas, naquela época achavam que aquilo era só em filmes de Bruce Lee. Bom, fiquei em Belo Horizonte e comecei a dar aulas e fazer outras coisas para sobreviver.

Fui fazendo amizades com pessoas que tinham forte ligação com o oriente, mestres em acupuntura e discípulos do grande mestre Tokuda San, entre eles Augusto Vianna, José Gil, Aníbal e outros que hoje são monges.

Toda essa caminhada junto com o Ch‟an e os ensinamentos do mestre Natali.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 516

Nos últimos vinte anos vivi numa mata nos arredores de Belo Horizonte.

O que tenho a dizer sobre budismo e a arte marcial está escrito ai acima, às vezes claro, outras nas entrelinhas.

Aparentemente nada mudou, mas no interior meu ser se torna cada vez mais cristalino e como um rio vou seguindo, às vezes corredeiras fortes, outras, remansos onde meu ser clareia.

Sento-me para meditar, apenas sento e espero a harmonia do universo.

Tenho outras formas de meditar fazendo Qi Gong, Tai Chi Chuan ou treinando no mudjong e tento o infinito do “aqui agora”.

(Em outra ocasião falarei sobre Tamô, monge que foi o vigésimo oitavo patriarca do budismo e foi uma grande influência na cultura chinesa e em todo o oriente) Agradeço ao universo ter colocado bons mestres em meu caminho e rendo uma homenagem especial ao mestre Marco Natali por sua paciência comigo e sua preciosa amizade. Robson Antônio Lopes Pires:

Escritor, compositor, artista plástico, escultor, tecelão, a aulas particulares de Kung Fu, Tai Chi e Qi Gong em BH e em Resende Costa. Fone 31 992676690.

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Estamos nos distanciando de nossa essência.

Braulio Estevam

Para mim hoje com a modernidade e tecnologia nos aproximamos mais do conhecimento, o que é sem duvida muito bom para estudar ver, comparar e até aprender , mas tambem nos distanciamos de nossa essência.

Nossa essencia é nossa verdadeira raiz hoje temos Jiu Jitsu, Muai Thay, MMA que dizem ser a mistura das artes marciais, sera?

O que vejo são tres e quando existe a quarta seria a que a pessoa ja praticava geralmente Karate, Kung Fu, Judo onde deveria fazer sem sombra de duvida grande diferença, mas ao começar os treinos para ingressar para a nova modalidade de luta MMA pelo sonho de ser campeão do UFC claro que pela maioria, por todo dinheiro que envolve a midia e tudo mais acabava por muitas vezes esquecendo de sua arte primaria.

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Se o MMA teve essência seria o vale tudo e até ai respeitava a ingenua ideia de por a prova sua modalidade de luta.

Sim ate certo ponto foi muito bom e cheguei a acreditar que os lutadores treinariam suas modalidades mais a fundo para realmente coloca-la em teste, mas aí me veio uma pergunta: Por que entram tão poucos praticantes de kung fu?

E aí sim ao olhar para sua pratica hoje vi que o verdadeiro kung fu foi ofuscado com muitas mentiras e fantasias hoje todos são mestres mas poucos souberam o que é ser aluno e discípulo e muitos mestres orgulhosos demais pára passar o que deveriam.

Aí meu amigo vamos chegar onde quero.

O Kung Fu ensinado e praticado foi por muito tempo somente para se ganhar dinheiro e não para ser praticado pois não era interesse de alguns mestres ensinar o segredo sua essencia, e não porque não sabiam mas por não haver organização e serem orgulhosos demais.

Mas eles não contavam com a nossa paixão e muitos abriram seu coração e começaram a passar a essencia de sua arte assencia de busca do seu caminho na arte , essencia de treinar ate que passe a acreditar em sua arte.

Hoje dou aula para a segunda geração mas descobri porque consigo manter isto porqe aprendi a essência.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 520

Claro que não sou pretensioso em achar que é a única maneira de ensinar, porque com ele aprendemos sobre a maneira de respirar e a parábola da xicara vazia para que receba o cha verdadeiro.

Acredito que essa seja a melhor experiência, mas esse conhecimento não está apenas em meu Kung Fu, mas em todas as chamadas de artes marciais antigas ou tradicionais que ainda estão vivas até hoje.

Essas artes marcias corretas continuam ensinando a melhor das essencias que é a formação do carater de seu aluno, a disciplina, o respeito, o saber usar a sua arte marcial para a vida.

Hoje treino não para lutar mas para não ter que lutar.

Obrigado mestres Marco Natali , Dani chao hu , Francisco Durbano, Li wing kay e todos que me ensinaram a arte do caminho.

Manter a verdadeira essencia de sua arte isto sim é a verdadeira sabedoria

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I Ai Do e o Budismo

Velzi Moreschi

Dedico as próximas linhas ao I Ai Do “A Arte de enfrentar o desconhecido através de uma Espada Samurai” e ao Budismo porquê o Budismo é essencial à realização do I Ai Do, e o I Ai Do por sua vez, foi o meio pelo qual aprendi a usar os ensinamentos do Budismo em termos práticos. Lembrando que o os Ismos são vias para, mas não é o “O”, assim sendo, teríamos, no Budismo a via para o Buda. Seria ingênuo pensar que o Budismo é o caminho para o Buda se ao estudarmos a trajetória do seu Mestre - Buda Guathama – observamos que Ele foi movido por

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 522

seu Grande Coração de Compaixão para encontrar o meio de acabar com todo o sofrimento humano, que nessa busca ele acabou por se Iluminar e em seu estado de Iluminação encontrou sua resposta, a saída à libertação a qual denominou de O Caminho do Meio. Tudo isso tem um significado muito profundo porém como o proposito dessas linhas é registrar e partilhar a praticidade do Budismo enquanto ação à Auto - Realização do Samurai através da Nobre Arte Samurai - I Ai Do - posso adiantar que foi nesta Arte Marcial Japonesa que encontrei o meio para serenar minha mente, saber quem sou, o que realmente é importante para mim, acalmar as paixões e neste estado de serenidade interior poder através de minha espada, manifestar neste mundo a Verdadeira Essência Samurai. À resposta no sentido literal para a pergunta que não quer calar “O que é um Samurai?” É Servir! Samurai traduzido literalmente significa Servir - pode ser um homem ou uma mulher, que através da sua Espada – Katana – Serve “alguém”. Trazendo o Samurai para os dias de hoje, o I Ai Do, passou a ser uma via de Iluminação para quem dele se utilize com esse propósito. Eu pessoalmente sou mulher e assumi incondicionalmente o Caminho da Espada Samurai em 1988, lembrando que o Caminho da Espada é duplo, A Espada e o Pincel, me dedico aos dois com a mesma sinceridade, sinceridade esta que rendeu a pauta Pincel Afiado na Revista Made in Japan – fevereiro de 2008 – na Sessão Japão no Brasil. A Auto-Realização através de uma Espada Samurai, isso tudo, tudo isso, é muito lindo, a Espada Realizada

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 523

tem Shibumi que em japonês quer dizer a Essência da Beleza – “Uma Espécie Rara de Perfeição”. É comum me perguntarem como se reconhece, como se sabe quando alguém é um Samurai, eu poderia definir em três palavras que representam três Virtudes fundamentais ao caráter Samurai.

Honra

Bondade

Sabedoria

Assim como valores e sentimentos nobres existentes intrinsicamente à sua Natureza que com o passar do tempo, através dos desafios e embates da vida, se manifestam através da ação correta, independe da idade e são reconhecidos como Espirito Samurai. Um Homem ou uma Mulher com esse Espirito, nos dias de hoje, mais cedo ou mais tarde, não importa em que ponto geográfico do planeta tenham nascido, nem a qual família pertençam, em algum momento de suas vidas encontrarão suas Espadas, o Caminho se abrirá e nesse momento se iniciarão suas jornadas pessoais em direção ao Infinito. No meu Caso, um Gentil Samurai veio até mim para estudar Espada Chinesa com o intuito de compreender a mãe de sua Espada Samurai, o Katana para poder escrever um livro sobre a Espada Samurai com mais embasamento. Sim, eu disse estudar Espada Chinesa comigo porquê na época, eu seguia com sinceridade e dedicação o Caminho da Espada Historiadora da China, empunhada pelos Heróis da China, (até esta data, detenho vários Títulos, entre eles, o de Deca pentacampeã

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Internacional 2014 – A Espada Flamejante – A Espada Invencível). Pois então, foi exatamente neste momento histórico que eu tive a Honra de iniciar minha Jornada na nobre Arte da Via dos Deuses, O Shinto Ryu I Ai Do com esse Grande Mestre “O Samurai Solitário”. Depois de ter sido aceita, iniciei minha disciplina no Shinto Ryu I Ai Do e a cada encontro cumpríamos com os protocolos que se iniciava no vestiário, em silencio

adentrávamos no Dojo (道場, Dōjō, o local onde se

treinam artes marciais japonesas, termo emprestado do Zen Budismo, que significa lugar de iluminação) sentávamo-nos em Seiza, maneira de se manter sentado para serenar o espirito e controlar a respiração, uma pratica Zen usada por monges budistas em suas meditações) até o Sensei, Professor, que comandaria o treino entrar e dar início a pratica de I Ai Do. A pratica de I Ai Do tem muitos protocolos cerimoniosos, o início era marcado pela voz gutural do Sensei, era o momento do cumprimento, seguido da Invocação do Kami (Deus da Espada), depois em sequência progressiva, vinha a prática do Zazen, dos katas e por fim o fechamento do I Ai com a despedida do Kami. Todos os momentos do I Ai sempre eram marcados pela voz gutural do Sensei ... antes de darmos início aos Katas passávamos pela pratica de Zazen, o momento da meditação, onde através de uma ação pratica do Budismo, dia-após-dia, ficávamos mais longe do passado e mais próximo do futuro. Através do Zazen, o Budismo em termos práticos, aumentávamos nossa percepção sensorial dos cinco sentidos, ficávamos mais conscientes das raízes de

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 525

nossos desejos não necessários, ficávamos frente-a-frente com nossos demônios interiores, entenda medos, aflições, sentimentos hostis, aprendíamos a lidar com os conflitos internos até que por fim alcançássemos, ou aspirávamos alcançar, o Estado Zen, a meta das Praticas Budistas. O iniciante no I Ai Do dedica-se muito ao Zazen, um momento no Caminho do I Ai Do que pode durar meses antes de ser iniciado nos Katas, o que por si só, já se torna uma evidencia natural entre aspirantes e Samurais. Logico que toda essa explanação é uma mera sinopse da Realidade Samurai, suas disciplinas (Shugyo) e sua conduta Moral e Ética, o Bushido (O Caminho da Honra). Tudo tem um significado muito Profundo, e eu, pessoalmente, vejo no Zazen, a pratica diária do Samurai, como a pratica fundamental, na sua Auto-Realização dentro do I Ai Do, o fator de diferenciação.

Velzi Moreschi iniciou sua pratica de Shinto Ryu I Ai Do em 1989 assumiu incondicionalmente o Caminho da Espada. Em 2010 criou

o Rin Play - Samurai Space - fundamentado no Go Rin no Sho Livro de Estratégias para vencer sempre, escrito por

Miyamoto Musashi maior Samurai de todos os Tempos criador do Niten Ryu. Rinplay.com é primeiro Dojo Virtual simulador se

situações reais através da palavra poética, Batalha dos Juízos travada entre Samurais e Guerreiros de Elite.

http://velzimoreschi.blogspot.com.br/

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UM BUDISMO PRÁTICO Antônio Lima de Freitas

Comecei a treinar arte marcial aos 13 anos, por

influência direta dos filmes de Bruce Lee e da Fraternidade Kung Fu, organizada pelo Mestre Marco Natali, sempre enfatizando a busca além do aspecto físico.

São quase 25 anos de prática e ainda me vejo como um aprendiz, porque acho eu quando você fecha a mente para o aprendizado a sua mente fica pequena.

A arte marcial vai muito mais além do saber lutar, ser lutador.

Para mim, praticar a arte marcial sempre foi a busca de um prazer, me sinto feliz e realizado em ensinar o que aprendi, tanto é que fiz isso por vários anos totalmente de graça.

As vezes as coisas se tornam difíceis, nós somos humanos, as emoções fluem e flutuam, nos sentimos fracos, perdemos a motivação, mas a

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 528

persistência e a disciplina é comum aos artistas marciais e é grande segredo do artista marcial.

Apesar de meus muitos anos de estudo das Arte Marciais, reconheço como sei pouco realmente, comparando-me com os verdadeiros Mestres.

Somente me expondo constantemente diante de alguém melhor do que eu é que consegui progredir.

É motivo de inspiração saber que até os mestres têm mestres, e que todos somos aprendizes.

A INTENÇÃO GERA FORÇA, A AÇÃO GERA ENERGIA

Foi com prazer e satisfação que recebi o convite do Mestre Marco Natali a fazer parte de uma obra de sua autoria, obra essa que tem como tema a filosofia Budista dentro da Arte Marcial.

Tenho formação prática no Sistema Wing Chun Kung Fu e minha vida sempre foi pautada pela filosofia prática que é o Budismo.

Em 1987, me inscrevi na Fraternidade Kung Fu, sob o Nº 219, na qual um dos estudos se fundamentava na Filosofia do Kung Fu, que tinha como coordenador o famoso Mestre Marco Natali.

Esses ensinamentos práticos me foram de enorme importância e me possibilitaram, anos depois, treinamento no Rio de Janeiro e participação, de forma bastante práticas, nas aulas de filosofia Atmavidya Marga (Autoconhecimento), da Fraternidade Atmavidya, em Niterói-Icaraí-RJ, no Center IV.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 529

Trata-se de uma filosofia prática voltada para o autoconhecimento e que pode ser implementada na vida diária.

Para mim era um momento mágico, pois estava convivendo com alguém que conhecia somente em livros.

Eu um cearense do interior do Ceará, em 1989, imaginem, nada conhecia do mundo, e tudo era novidade.

Tinha, na época, 18 anos de idade, saído do interior do Ceará, de Limoeiro do Norte, focado somente em aprender Arte Marcial, com o Mestre Marco Natali, tão conhecido nesta época, um coach por natureza.

A filosofia budista esteve presente na minha vida de forma muito prática.

Nas aulas de filosofia era enfatizado um conhecimento que poucos tinham esta habilidade, de transformar um conhecimento abstrato em algo prático, e todos os alunos tinham acesso gratuito, isso, naquela época, e que poucos têm hoje em dia.

Como o Mestre mesmo falava, este conhecimento não é passado em aulas de Artes Marciais, pelo fato de muitas das vezes o professor não saber, ou porque não foi transmitido por seu Mestre; sendo que outras vezes, até o professor sabe, porém, não compartilha, por achar que é perda de tempo, já que se trata de um conhecimento que não rende dinheiro.

Lembro muito bem que o ensinamento das 04 Nobres Verdades Budistas eram um dos pilares:

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 530

01 – Tudo é DOR 02 – A Dor surge do Apego 03 – Cessando o Apego, sessa a dor e 04 – Para cessar a dor tem que seguir a Senda

Reta dos Oito caminhos.

As aulas de filosofia do mestre Natali eram particularmente imperdíveis.

Além dos ensinamentos espirituais, podíamos nos esforçar para melhorar o mundo com ações através da senda reta dos Oito Caminhos do Budismo:

1- Compreensão correta; 2- Aspiração correta; 3- Palavra correta; 4- Ação correta; 5- Meio de subsistência (alimentação) correta; 6- Esforço correto; 7- Consciência correta; 8- Meditação correta.

Dono de um vasto conhecimento, Natali orientou-nos a buscar um mundo melhor através da mudança pessoal, que só seria possível, através de um autoconhecimento.

Ao saber nos identificar com o nosso próprio eu, seria possível identificar o que mudar no nosso comportamento, para que pudéssemos gerar um ambiente mais harmonioso com os familiares.

As aulas de Filosofia começavam com uma citação fantástica, sempre recitada antes:

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“Um dia, que será noite em meus olhos, deixarei pratos cheios e móveis abarrotados, cofres e enfeites, para a travessia da grande sombra. Entretanto, não viajarei de todo nas trevas, porque as migalhas de amor que tiver distribuído estarão multiplicadas em minhas mãos, como bênçãos de luz”.

Somente muitos anos depois descobri que se tratava de uma mensagem psicografada por Francisco Xavier, da Mestra Espiritual Mei mei.

Após isso, sentávamos em roda e ouvíamos, atentos, as palavras do mestre.

Sem dúvida tínhamos uma família na Fraternidade.

Todo início de semana (segunda feira) o Mestre Natali reunia a turma completa de alunos na sala de treinamento prático da Fraternidade Atmavidya.

Poucos se interessavam por este conhecimento, mas eu vinha do Rio de Janeiro, tendo de atravessar a cidade, já que morava no Bairro do Andaraí, em torno de uns 40 km, para assistir a aula e, assim, já ficava para os treinos práticos.

Antes de todo treino prático começávamos com um lema, também de autoria do Mestre Marco Natali.

LEMA DO INÍCIO DAS AULAS DA FRATERNIDADE ATMAVIDYA – 1989

Há dentro de mim Universo, De quatro partes formado Corpo, Criança, Mente e Verso, Meu ser espiritual retomado. Minha vida é disciplina,

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 532

Meu coração Solidariedade. A ação correta é divina, Pois vivo em Fraternidade. Marco Natali

Nesta época, o Mestre ainda ministrava algumas aulas práticas para poucos selecionados.

Juntávamos um grupo de cinco, no máximo, e tínhamos aulas a portas fechadas.

Para mim, não tinha preço, era a realização de um sonho a muito projetado na mente.

A prática num primeiro momento não é de fácil compreensão, afeta grandemente o ego, o ego aumenta.

Você se acha superior, mas com o tempo e a experiência, a gente percebe que existe uma busca não física e um equilíbrio constante entre corpo e mente.

Ser um bom artista marcial é, antes de tudo, ser um bom ser humano.

Um bom lutador nem sempre é um bom artista marcial.

Ele precisa saber a respeito dos aspectos da vida, porque o objetivo do ser humano é ser feliz.

Estar em harmonia consigo mesmo.

E quando ele se encontra em harmonia, ele pode transmitir isso às outras pessoas.

A autoconfiança se torna primordial para a busca desta harmonia e esse sentimento afeta a linguagem corporal.

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Auto Confiança não significa ego inflado.

Se você se sente como um artista marcial, você esta pleno.

CAMINHANDO...

Escrevi algo que está em evidência e que há muito tempo desafia o ser humano, que é a busca da sua autoestima, autocontrole, e poucos entendem que é igual a si mesmo, é algo inato.

O ser já vem com esta capacidade de modificar a si mesmo independente dos acontecimentos que ocorram.

Sempre foi uma busca constante e muitos livros já foram escritos sobre isso.

A disciplina esteve e sempre estará presente.

Muitos acontecimentos da vida ocorrem por uma sistemática no nosso pensamento.

Sempre dizia, quando tinha 16 a 17 anos, que me formaria em Arte Marcial, onde quer que fosse; e chegava a mostrar, para alguns amigos, a foto do Mestre Natali, onde tinha a convicção de que seria com essa pessoa.

Muitos dos meus amigos nesta época achavam que eu era um pouco fantasioso, pois um cearense, do Interior, sair de sua terra para desbravar algo que poucos ainda sabiam ou tinham conhecimento, era quase loucura, isso em 1987.

Então, depois de muito ler sobre os livros que nos fazem pensar, e sermos direcionados em busca do palpável, cheguei à conclusão que tudo o que já obtive

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de concreto já passou pelos meus pensamentos (abstratamente).

Lembro muito bem quando obtive o curso da Fraternidade Kung Fu (1984) e comecei a trabalhar os ensinamentos de que lá estavam, tempos depois no Rio de Janeiro, pude observar de que tudo o que tinha escrito, tinha conseguido.

A hoje tão falada e disseminada PNL já era linha de estudo do Mestre Natali na antiga Fraternidade Kung Fu.

E pude ter este ensinamento de forma bem concreta nas aulas de filosofia que o Mestre Natali tinha com a turma toda da Fraternidade Atmavidya Marga (Filosofia do Autoconhecimento), que tínhamos todas as segundas feiras.

Voltando para casa em 1997, vi e senti que nada adiantaria ter tanto conhecimento em Arte Marcial e entre outras áreas relacionadas.

Apesar de ter conseguido realizar um sonho de adolescente, já não era mais um adolescente.

E já tinha outros objetivos, e as prioridades seriam outras, pois a realidade é algo que nos faz pensar.

Busquei outro foco, que era voltar a estudar.

Já fazia 10 longos anos que tinha concluído o ensino médio e tive que mudar completamente meus pensamentos, visando algo em que já estivesse dentro daquilo que estava há (há muito tempo a fazer, é isso???) muito a fazer, que era relacionado ao movimento.

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Busquei estudar para tentar uma vaga no curso de Educação Física, passando no Vestibular da UERN, em 1999 (6º Lugar).

Já tinha projetado mentalmente o que eu buscaria com este curso.

Não perderia nenhuma disciplina e depois do curso teria tudo aquilo pelo qual não tive no Rio de Janeiro, durante meus oito anos.

É muito prático, pois tudo aquilo que a gente pensa com emoção, mais cedo ou mais tarde sempre acontece.

Posso até ser interpretado erradamente, mas o que posso dizer é que tive pessoas que me ajudaram no caminho.

Tanto no Rio de Janeiro, quanto aqui novamente no Ceará; e tenho certeza de que não foi só obra do Divino, me colocar na hora certa com as pessoas certas e fazendo sempre o que é certo, o que me fez obter o que tenho.

Não há dúvidas de que tudo concorre para que dê certo.

Cada ser humano tem uma história em particular que deveria ser escrita, algo bem pessoal, sem necessariamente ser publicada.

Esta história só pôde ser escrita e editada pelo fato de que os atores que dela fizeram parte me foram superimportantes neste caminho; com toda certeza, posso afirmar hoje de que não gostaria que tivesse sido diferente do que foi.

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Sinto que tive a oportunidade certa, com as pessoas certas e fiz de tudo para ser certo neste caminho.

Retornando no tempo através dos meus pensamentos vejo que tudo foi muito grandioso apesar de algumas vicissitudes, empreendi de forma bastante prática minha vida naquele momento, sem ter a mínima noção do que era gestão pessoal ou PNL, que hoje é tão comentado.

Finalizo caminhando, atestando que esta jornada é maravilhosa.

A vida é uma grande benção e apesar de ser pequena no tempo não é insignificante.

Devemos ser gratos pela nossa família, que a tudo suporta para nos ver felizes.

Existe alguém que nunca devemos esquecer e que o convívio deve ser sempre sincero e franco, pois esta pessoa está perto e dentro de nós, esta fagulha Divina com quem devemos nos comunicar, diariamente e constantemente, que somos nós mesmos.

Sou Antônio Lima de Freitas

Profissional de Educação Física CREF 3097-G/CE Especialista em Fisiologia do Exercício e prescrição

de atividade Pós Graduado em Saúde Mental e Atenção

Psicossocial Empresário: sócio Proprietário do Espaço Viva

Wellness (visa saúde e qualidade de vida), Rua: Clemilde Osterne 861 Centro em Limoeiro do Norte-Ce.

88 3423-1232

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https://www.instagram.com/espacovivawellness/

E-mail: [email protected]

Formado em Kung Fu Wing Chun na Linhagem do Mestre Lee Tat Yan (Hong Kong) pelo Sifu Monnerat – Rio de Janeiro 1989 a 1996.

Aluno direto do Mestre Marco Natali em Niterói na Fraternidade Atmavidya que ensinava o Vajramushti – Arte Marcial dos Monges Budistas chegando ao 5º Nível de 6º níveis. De 1989 a 1993

Frater (Fraternidade Kung Fu) Nº 219 – 27 de Agosto de 1987.

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A VISÃO MARCIAL DE MAURO FLORES

Mauro Rodrigo Flores

Dedicatória

Graças ao amigo, profissional da saúde e treinador Sedinei Lopes Copati, eu pude ao longo dos anos de prática em artes marciais, especialmente o Wing Tsun Kung Fu, assimilar conhecimentos sobre fisiologia do exercício, e com as técnicas de luta desenvolver algumas mudanças nos métodos de treinamento e aplicações segundo a lógica da biomecânica humana.

Através destas experiências pessoais venho compartilhar as minhas impressões adquiridas, sempre respeitando as opiniões de outros autores, pois este texto não é perfeito, apenas Deus é.

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Às Vezes Precisamos Lutar (Daniel Pesina)

No começo a humanidade necessitou caçar e lutar para sobreviver, utilizando de inteligência, agilidade, destreza, velocidade e força, habilidades que foram desenvolvidas pelas atividades físicas, mantendo os seres humanos em harmonia com a natureza lhes propiciando saúde.

Com o avanço da sociedade e das tecnologias de produção de alimentos, viu-se a humanidade sem a necessidade de caçar ou lutar com animais para seu consumo, mas tal fato não resultou em uma perfeita harmonia, pois a ociosidade da sociedade moderna trouxe malefícios mentais e corporais, sejam por tédio ou sedentarismo, enfraquecendo aquilo que criador projetou para a natureza humana.

A busca pelas atividades físicas e práticas de simulação de lutas, seja como forma de entretenimento ou para a defesa pessoal perante ameaças de agressão física de outros seres humanos ou de animais selvagens provém uma ligação com a essência natural original, revigora a autoestima, além de aumentar a capacidade de raciocínio, fortalece a mente, corpo e espírito ao mesmo tempo em que revela a fragilidade do ser humano perante o universo.

Muito Além das Lutas, Jamais Aquém!

Dentro das artes marciais há varias outras subdisciplinas elas são artísticas, medicinais, filosóficas e entre tais estão às lutas, que são sua a essência, pois sua origem veio da necessidade dos indivíduos em sobreviver às adversidades.

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Entre os dos métodos de treinamento das artes marciais destacam-se:

Artístico: São técnicas ou combinações que apresentam estética visual impactante.

Defesa Pessoal: Suas técnicas procuram manter a segurança nos pontos vitais de quem aplica, utilizando-se do suficiente para conter uma agressão a si ou a outra pessoa, não há protetores e nem regras.

Esportivo: Suas técnicas se baseiam em regras e na utilização de protetores, visa competições e títulos como medalhas e troféus.

Militarizado: Suas técnicas são simplistas ensinadas de forma autoritária para grandes grupos, agrega rituais moralistas como cumprimentar o chão ou recitar juramentos.

Pode-se também mesclar os métodos de treinamento para se adequar às necessidades do público específico, se ministrando aulas a um grupo de crianças o método militarizado ensina disciplina e respeito, podendo-se combinar com o artístico, se for ensinar a jovens que desejam participar de eventos e ganhar títulos, então se treinaria o método esportivo, que pode ser combinado com o método artístico, e àqueles que buscam por poder marcial para situações de luta real dever-se-ia praticar o método de defesa pessoal. Vale lembrar que o excesso estético do modo artístico, ou eventual exposição dos pontos vitais na execução de técnicas do modo esportivo não combinam com a ideia de defesa pessoal, mas claro que a criatividade ou a ganância dos instrutores podem criar outras incríveis combinações ou desastres.

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Atributos do Lutador

• Inteligência – Ação mental que dá a capacidade de utilizar melhor todos os outros atributos. Desenvolve-se através da leitura e reflexão, pois dessa forma aumenta a capacidade de interpretação e imaginação do indivíduo possibilitando melhores estratégias de combate ou de como evitá-lo.

• Força - Capacidade diferencial entre a mínima e a máxima contração muscular. Desenvolve-se com treino de força com pesos ou até mesmo sem, pois pode ser através de treinamento isométrico, isotônico concêntrico ou excêntrico.

• Velocidade – Capacidade de mover o corpo no espaço em menor tempo. Desenvolve-se durante os treinamentos em corridas curtas e rápidas, pois dessa forma se evolui a coordenação motora além de desenvolver a fibras musculares longas.

• Agilidade – Capacidade de executar movimentos corporais complexos no espaço. Desenvolve-se através de alongamentos e treinamento de movimentos artísticos, diminui-se o problema dos ligamentos (tendões) curtos que travam ou impossibilitam certas técnicas, além de facilitar algumas esquivas para evitar golpes de impacto e também possibilitar escapar de algumas torsões e imobilizações.

• Destreza – Capacidade de acerto em correta distância na execução de golpes. Desenvolve-se treinando as simulações de lutas sempre com a distância correta de encaixe de movimentos ofensivos e defensivos, pois possibilita tanto acertar o alvo com mais potência como também atenuar o dano recebido

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ao corpo enrijecendo a musculatura por frações de segundos antes de ser golpeado.

• Resistência – Capacidade de manter-se em um mesmo nível de combate por prolongado tempo. Desenvolve-se em corridas de média e baixa intensidade de longa duração, pois promove o aumento da capacidade do organismo em absorver oxigênio para produzir energia.

• Potência – Capacidade de combinar velocidade, agilidade e destreza e força no momento correto ao golpear. Desenvolve-se praticando movimentos curtos de com explosão muscular, através do controle diferencial em manter a musculatura relaxada e torná-la rígida no momento exato do impacto.

Técnicas e Treinamentos

Tecnicas são movimentos biomecânicos pré-definidos pelos respectivos estilos de artes marciais, seus treinamentos devem ser inicialmente executados de formas simples e lenta, sendo que gradativamente após o decorrer de tempo de habilidade poderão evoluir ao nível em que se compare às águas de um rio, fluente e adaptável.

Iniciar um treinamento de trocas de golpes em velocidade reduzida mantem a segurança contra lesões, pois assim se assimila melhor a forma e o tempo dos encontros de golpes com defesas. Ao se treinar sem a distância correta de contato a mente assimilará isso e ao confrontar situação real não conseguirá defender ou causar dano ao oponente, apenas estará bloqueando e socando o ar. O treinamento realizado na distância correta proporciona a habilidade de minimizar e

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maximizar danos causados pelos golpes, pois se desenvolve a sensibilidade para controlar a contração muscular (força) sobre áreas impactadas no momento exato.

Se o treinamento de simulação de lutas for diferente daquilo que será confrontado na vida real, mude o treinamento.

Uma técnica superior pode ser complexa, mas nunca complicada, pode ser de um árduo e complexo treinamento, mas na hora de aplicar precisa ser simples e direta, pois senão nunca será possível sua execução, por exemplo, quando necessitar alterar a direção dos movimentos várias vezes na mesma aplicação significa que está tentando aplicar uma técnica complicada e esta jamais funcionará em uma situação real, as técnicas que são úteis em uma luta são as de simples aplicação, pois seguem um caminho reto.

Treinar técnicas complicadas por seu apelo estético, mesmo que milhares de vezes, o fará perder tempo e provavelmente lutas.

Assim como existe o mal há o bem, vivemos num mundo de dualidade, assim como existe uma técnica melhor, segura e com poucos pontos fracos sempre haverá outra técnica similar, menos segura e com mais riscos, sendo que a estética não é medida de comparação quanto à eficiência.

O diferencial na qualidade do artista marcial está nas suas escolhas, ele não se deve levar pela vaidade na escolha das técnicas para aprender, mas sim deve optar pela segurança, simplicidade e eficiência.

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Cada técnica para ser aplicada exige que haja atributos suficientes, quão melhor for maior será o nível dos atributos necessários para sua execução. Um lutador com deficiências e desequilíbrios entre seus atributos será incapaz de dominar técnicas superiores.

Não se deve deixar o orgulho iludir com a ideia de que se é bom o suficiente, pois comparando analogicamente os níveis marciais são como salas e portas que levam a outras salas de níveis superiores onde estão as melhores técnicas, sendo que somente através da dedicação e perseverança no treinamento é que se forjarão as chaves para as portas da evolução.

O treinamento de artes marciais fortalece fisicamente os indivíduos, mas não transforma covardes em valentes, mas pode trazer autoconfiança aos praticantes propiciando o desenvolvimento da inteligência que relaciona a mente com o corpo e o espaço físico ao seu redor, dão autoconhecimento das próprias limitações que também são análogas as do oponente e dão a noção das suas possibilidades técnicas assim como as de seu adversário.

Treinar uma sequência de golpes permite respiração entre uma e outra técnica para ir renovando suas energias, mas em contrapartida apresenta maior tempo de intervalos entre golpes, podendo ser bloqueada ou até interceptada durante sua execução por contragolpes.

Treinar uma combinação se diferencia de uma sequência por não permitir intervalos entre os golpes, todos devem ser executados em um único suspiro, então não dispõe de renovação energética, se aplica de

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forma progressiva e cumulativa sobre o oponente e com o mínimo de tempo entre os golpes, dificultando muito a interrupção da sua aplicação por contragolpes e até mesmo o bloqueio dos golpes que compõem a combinação.

Um lutador que alcançou elevado nível marcial será sim muito superior quando comparado a pessoas comuns e sem treinamento, errado seria comparar esse mesmo lutador contra máquinas, pois não se deve tentar ser mais rápido que uma bala, mas sim mais rápido que a mão que empunha a arma de onde sai à bala.

A obsessão por técnicas específicas pode literalmente destruir o praticante, causando irreversíveis lesões nas articulações, mas esse desejo de dominar todos os aspectos tanto em agilidade e força se dá pelo fato de acreditar que dominar técnicas avançadas trará uma habilidade superior com grandes vantagens em combates, mas para isso ser possível é necessário estar em equilíbrio de atributos físicos para executar certas técnicas, sendo que haverá sempre um caminho a escolher, por exemplo, para alcançar níveis superiores em técnicas de maior agilidade deverá haver um sacrifício por parte das técnicas que necessitam de emprego de força, pois não se pode ter um corpo muito pesado para dominar uma agilidade superior, é uma comparação quantitativa de qualidades inversas, quanto mais se avançar de um lado menos poderá avançar noutro. Há limites a observar, pois sendo parte da natureza também está à humanidade submetida às suas leis como a física, negligenciar isso é ir de encontro à própria destruição.

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A superioridade está na velocidade, agilidade e destreza, ser muito grande com desequilíbrio da constituição da massa corporal e excesso de peso pode proporcionar grande força de contração muscular, mas em compensação torna o guerreiro um grande alvo lento, que se cansa rapidamente.

Aquele que se acovarda ao reconhecer a fragilidade humana é um fraco de espírito, pois se supera a fragilidade física pela força de vontade.

Visão e Estratégia

Bruce Lee disse: Nunca tire os olhos do seu oponente.

Explicando a citação acima como sendo fundamental para todas as formas de lutas isso significa que em distância curta e média do opoente não se deve olhar em seus olhos, pois a visão periférica não conseguirá captar os movimentos das pernas durante chutes rápidos, o aconselhável é manter o foco da visão em um ponto imaginário uns trinta centímetros a frente do meio do peito do oponente, pois assim se consegue um bom foco visual da movimentação das mãos e eficiente visão periférica dos chutes, mas quando estiver em distância longa, maior que a de um chute com avanço, pode-se então fazer a leitura facial do oponente em busca de compreender sua situação emocional e energética para adaptar o planejamento de combate. Quando se percebe que o adversário está a curta ou média distância lhe olhando diretamente nos olhos, deve-se aproveitar da temporária falta de visão periférica dele para golpear com joelhadas ou chutes rápidos com o mínimo de movimento nos ombros para não ser percebido sem denunciar a intenção de atacar

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erroneamente focando com os olhos o local onde se quer golpear.

Não há caos que uma mente focada e que sabe o que está fazendo não possa subjugar, durante lutas ou agressões haverá muitos movimentos que poderão parecer estranhos e que podem confundir a mente, mas basicamente eles se dividem em três tipos:

*Golpes de longo alcance com avanço são os de maior potência e necessitam de mais energia devido à dificuldade de aplicação, mas são muito úteis se utilizados como chute barreira ou interceptações quando o adversário tenta atacar com socos rápidos de médio alcance, pois o pé sempre chega antes que o punho.

*Golpes de médio alcance sem avanço saem de uma base estática, apresentam mais facilidade de aplicação apesar de menor impacto, mas podem ser utilizadas várias vezes, pois tem menor tempo de recuperação após cada ataque. Servem para inibir que o adversário aplique alguma técnica de curto alcance ou imobilização, basta lhe socar o nariz.

*Golpes de curto alcance ou imobilizações são técnicas que para serem aplicadas necessitam dos lutadores muito próximos, servem muito bem quando utilizados após o adversário realizar algum ataque de longo alcance durante os momentos que fica vulnerável antes de reestabelecer sua guarda e segurança.

Defesa Pessoal

Em um confronto real deve-se analisar o grau de ameaça antes de agir para não causar consequências

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físicas maiores do que as necessárias a se defender, não apenas contra o agressor, mas também contra si mesmo. Há grande risco para o comportamento instintivo ser exagerado quando as emoções forem afetadas, a atitude é errada quando diante de uma agressão física desarmada se aplicar técnicas que ao invés de amenizar a violência a agrave. Um exemplo disso é quando um agente de segurança soca a face de alguém, provavelmente haverá um corte nos punhos provocados pelos impactos nos dentes que também vão sangrar pelas gengivas e consequentemente haverá o risco de contaminação, o que seria evitado se a atitude técnica de reação fosse diferente, como uma eficiente esquiva seguida de imobilização, mas se fosse necessário golpear o agressor, que então se fizesse com a palma ou faca da mão em áreas que não causem sangramento, como garganta e ouvidos, mas causem uma paralisação momentânea para depois se aplicar uma imobilização de forma a cessar a violência sem maiores lesões.

A questão é que quando for necessário utilizar técnicas de movimentos corporais para a defesa pessoal é porque não há mais a opção de simplesmente cruzar os braços sem ser ou deixar alguém ser agredido fisicamente, sendo tal concepção de que o melhor a fazer é não fazer nada é totalmente insensata e deveras perigosa, se alguém defende tal ideia por acreditar não haver meios para conter uma agressão iminente a si ou a outrem é porque não sabe se defender em lutas reais ou está sendo negligente.

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O Artista Marcial

Aquele que busca conhecimento marcial e evolução desenvolvendo seu próprio estilo.

Deve-se lembrar de que quando se revela qual estilo está praticando ou praticou inevitavelmente se agrega a um estereótipo, que infelizmente é pré-concebido com ideias surgidas no senso comum, são generalistas e quase sempre focam nas coisas ruins, pois sempre haverá defeitos nos estilos dos outros vistos pelos olhos daqueles que não gostam deste ou daquele estilo.

Os praticantes de artes marciais podem optar por não envolver sua imagem em estereótipos, seja por motivos profissionais ou pessoais, basta aprender a guardar segredo, pois além de facilitar a vida o segredo sobre as diversas artes marciais praticadas simplifica muitas conversas sobre o assunto, não expõe a sua intimidade com estranhos ou inimigos mascarados de amigos, além de não se desperdiçar tempo precioso discutindo coisas inúteis como sobre qual arte marcial é melhor ou pior.

No caminho do artista marcial haverá vários estilos a se estudar buscando entre eles as técnicas que melhor lhe servem, para sua realidade mental e corporal, mas também se deve lembrar que seria ingenuidade acreditar que apenas treinando técnicas de lutas traria a si todos os atributos necessários para que elas possam ser aplicadas com máxima eficiência, pois nos dias atuais não carregamos galões de água montanha acima como faziam os monges para se exercitar, a atual realidade da nossa sociedade nos obriga a buscar

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formas alternativas às naturais para o condicionamento físico.

A atual tecnologia fornece academias de ginástica e musculação para adquirir condicionamento físico para as mais diversas atividades, entre elas as artes marciais, pois toda técnica marcial X para funcionar precisa de força Y, senão seria apenas uma demonstração barata que não pode ser aplicada.

O oitavo atributo do guerreiro

São as emoções que têm o controle das funções fisiológicas como a liberação de adrenalina, então o verdadeiro mestre jamais às despreza, ao contrário ele às domina, usando-as para alcançar seu potencial máximo em combate.

Um controlado nível de adrenalina que não paralise a musculatura dá em conjunto com profunda respiração um aumento da percepção visual, pois turbina a mente que fazendo expandir a área focal visual com superior velocidade e nitidez, vê-se com o cérebro, o que possibilita melhor aplicação de interceptações e contragolpes, sendo que são essas as técnicas superiores que geralmente decidem um combate.

Alguém que não sabe controlar suas emoções, como o ódio e o medo, jamais será poderoso. Enfrente com mais vontade seus desafios, para então poder adquirir experiência e ter o controle em meio ao stress emocional, aprenda a se queixar menos e a não desperdiçar as oportunidades que a vida lhe traz, pois são as dificuldades que possibilitam a evolução tanto na derrota como na glória da vitória, mantenha-se positivo sempre, essa é a mais poderosa emoção.

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Mauro Rodrigo

http://masterartesmarciais.blogspot.com.br/ [email protected]

Mauro Rodrigo Flores

Nascimento 15/08/1980

Chapecó - SC

A propósito eu me chamo Mauro Rodrigo Flores, nasci em 15/08/1980 em Chapecó - SC onde moro atualmente, tenho bacharel em ciências contábeis e conheci as

artes marciais através do Wing Chun (Graças a Deus e ao senhor), pois foi através de Marcelo Winckler aluno de Carlos de Mammam aluno de Francisco D'Urbano

aluno de Marco Natali.

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Budismo Sifu Sandro Barbosa

Budismo é uma filosofia de vida baseada integralmente nos profundos ensinamentos do Buda para todos os seres, que revela a verdadeira face da vida e do universo. Quando pregava, o Buda não pretendia converter as pessoas, mas iluminá-las. É uma filosofia de sabedoria, onde conhecimento e inteligência predominam. O Budismo trouxe paz interior, felicidade e harmonia a milhões de pessoas durante sua longa história de mais de 2.500 anos. O Budismo é uma filosofia prática, devotada a condicionar a mente inserida em seu cotidiano, de maneira a leva-la à paz, serenidade, alegria, sabedoria e liberdade perfeitas. Por ser uma maneira de viver que extrai os mais altos benefícios da vida, é freqüentemente chamado de “Budismo Shaolin”.

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O Shaolin Kung Fu é descrito como um braço do Budismo Ch´an e o Budismo Terra Pura. Ch´an (zen) e o Kung Fu são a única e a mesma coisa. O fundador do Budismo, Sidarta Gautama – Sharvatasida Gotami – foi um nobre príncipe guerreiro do clã Shakia, da casta dos Kshastryas. Ele recebeu os ensinamentos das escrituras dos melhores Brâmanes do reino e foi treinado como soldado nas artes marciais pelo guerreiro Shantideva. Desenvolveu-se em lutas de agarramento, lutas de punho, esgrima, lança, equitação, domar elefante de guerra, arqueria e em 24 diferentes tipos de artes de combate. Mas o destino do rapaz era espiritual. Seu pai o Rei Sudhodana prevendo a inclinação do príncipe ao caminho do Dharma, criou um mundo maravilhoso para seu filho, com todas as regalias e prazeres. Isso não iludiu Sidharta, que no primeiro contato com o sofrimento do mundo decidiu ser um monge, abandonando as riquezas do palácio, família e vida mundana. A via do Shaolin Kung Fu é a mesma que de Sidharta. Através do desenvolvimento marcial, adquirir uma mente clara e nobre, e um corpo saudável e forte, preparando-nos para o caminho da meditação. Os praticantes do Shaolin procuram atingir o “Ch´an de Kung Fu”, ou seja, aprender as técnicas marciais sem fins egoístas. O objetivo dos budistas é a tranqüilidade psicológica. O objetivo do praticante de Shaolin é desenvolver a profunda calma mental usando o Kung fu como veículo.

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Conceitos Budistas básicos As três marcas Buddha caracterizou todos os fenômenos condicionados (sânsc. samskrita dharma, páli sankhate dhamma), ou seja, todas as coisas da existência cíclica (sânsc. e páli samsara), com três marcas ou selos (sânsc. trilakshana, páli tilakkhana): impermanência, sofrimento e não-eu. 1. Impermanência (sânsc. anitya, páli aniccha)

2. Sofrimento ou insatisfação (sânsc. duhkha, páli dukkha)

3. Não-eu, não-ego, vazio, vacuidade ou insubstancialidade (sânsc. anatman, páli anatta) As Quatro Nobres Verdades

1. A nobre verdade do sofrimento (sânsc. duhkha, páli dukkha)

2. A nobre verdade da causa (sânsc. e páli samudaya)

3. A nobre verdade da cessação (sânsc. nirodha, páli nirodho)

4. A nobre verdade do caminho (sânsc. marga, páli magga) A Nobre Senda Óctupla

1. Visão correta

2. Intenção correta

3. Fala correta

4. Ação correta

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5. Meio de vida correto

6. Esforço correto

7. Atenção correta

8. Concentração correta Três treinamentos (sânsc. Trini-shikshani) 1. Sabedoria (ou discernimento, insight, visão clara, sânsc. prajna, adhiprajna, páli panna, páli adhipanna) 2. Ética (ou disciplina, moralidade, sânsc. shila, adhishila, páli sila, adhisila) 3. Concentração (ou meditação, sânsc. e páli samadhi, adhisamadhi) Cinco Preceitos (sânsc. pancha-shila, páli pancha-sila) 1. Não matar;

2. Não roubar;

3. Não cometer adultério;

4. Não mentir ou falar de maneira imprópria;

5. Não usar substâncias que perturbem a mente (álcool, cigarro, drogas e semelhantes). A Roda da Vida

preta);

Na parte de cima, estão os três reinos superiores:

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demônios covardes, titãs, sânsc. asura);

A história foi madrasta com a relação profunda entre o Kung Fu e o Budismo Chan (ramo do Budismo chinês que deu origem ao Zen japonês). A doutrina foi o alicerce sobre o qual se ergueu a arte marcial chinesa, a liga que transformou as técnicas de guerra e a tradição filosófica, moral e médica do Taoismo e do Confucionismo em uma arte unificada voltado ao autoaperfeiçoamento e ao serviço dos seres vivos. Mas os séculos de perseguições políticas e mudanças culturais transformaram o Kung Fu em duas atividades que guardam semelhança apenas externa com esta tradição: o wushu olímpico, desenvolvimento artístico-esportivo das técnicas de luta, e a exploração da tradição Shaolin como performance. Há alguns anos, um monge decidiu dedicar sua vida a sistematizar e a divulgar parte desse conhecimento “perdido”. Mestre Shi Dejian é o décimo oitavo sucessor da tradição Shaolin Chanwuyi, que reúne o Budismo Chan, a Medicina Tradicional Chinesa (Yi) e o aprendizado marcial (Wu). O Chanwuyi é um ramo do Chan que floresceu na Yonghuatang, escola do Mosteiro Shaolin fundada pelo Mestre Wuyan Zhengdao na Dinastia Ming (1368 a 1644). A Yonghuatang pertence ao ramo do Sul do Templo Shaolin e o Chanwuyi só existe nela.

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O Wu praticado pelo ramo Sul é diferente do Kung Fu de outras escolas e ramos do Templo porque enfatiza o treinamento da mente. Nele, a respiração centrada no Dantien é o primeiro passo para a prática Chan, bem como para a melhoria da saúde física e psíquica. Por séculos os princípios do Chanwuyi permanecem desconhecidos para muitos, sendo transmitidos como um saber esotérico a um círculo muito restrito, como forma de escapar à perseguição política. A Dejian foi dada a responsabilidade de preservar a tradição e administrar o Templo Shaolin em 1996; diferenças internas motivadas em parte pelo interesse de explorar comercialmente a cultura shaolin, no entanto, fizeram com que ele decidisse construir um monastério a cerca de quatro quilômetros do templo, nas montanhas de Sanhuangzhai. “É lamentável que haja tantos mal entendidos sobre o que é a cultura shaolin. O nome “Shaolin” foi abusado de muitas formas para fins comerciais e sua essência original foi distorcida”, lamenta o mestre. Para o Chanwuyi, o Wu, a arte marcial, é meditação em movimento; praticar Wu é a porta para entender o Chan, o caminho para buscar a virtude, o autoconhecimento e a iluminação. Mas, para alcançar o mais alto nível na arte marcial Shaolin, o discípulo tem, necessariamente, de ter um bom conhecimento filosófico e científico do Chan. O princípio básico do Chanwuyi é melhorar a saúde física e psicológica através do Chan e de Wu. Em níveis elevados da prática, o discípulo alcança um entendimento tão profundo dos meridianos, do funcionamento dos órgãos internos e da circulação do

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sangue e do Chi que se torna um especialista em Medicina Chinesa. O Chanwuyi é uma cultura unificada; é um conceito, e não a combinação de três conceitos diferentes. A Origem do Kung Fu Apesar de contraditório, o Kung Fu, como forma de ação baseada em ataque, tem suas origens religiosas no Budismo, o qual prega a tolerância, a paciência e a não violência. O Budismo, criado na Índia por Sakyamuni (Siddhartha Gautama, o Buda), proclamava o ascetismo e a renúncia do mundo. Suas quatro verdades sagradas expunham a crença de que a vida é dor, analisando suas causas e provendo métodos de eliminá-las. Em 525, atravessou a fronteira chinesa vindo da Índia o 28º patriarca do Budismo chamado Bodhisatwa Avalokistevara Bodhidharma (mais conhecido no Japão por Daruma Taishi), o fundador da facção “Chan”. Esse monge constatou a diversificação dos dogmas do budismo chinês e ingressou num templo da província de Honan, vulgarmente conhecido como “Templo Shaolin”. É dito que Bodhidharma sentou de frente para a parede de uma caverna por nove anos, desconhecendo até os ninhos de passarinho que se formavam em seus ombros. Sua sombra, segundo dizem, se gravou na parede da pedra. Talvez seja exagero, mas sua persistência deu estímulo ao crescimento e desenvolvimento das artes marciais shaolins.

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Bodhidharma recodificou o sistema ginástico denominado “Kung Fu” e filosoficamente comparou-o aos movimentos dos animais. Na mesma época, revolucionou o pensamento búdico universal, redescobrindo a meditação como caminho para o autoconhecimento. Por ser indiano, denominou essa prática pelo nome que era para ele mais justificado (Dhiyana). No entanto, para o sistema vocálico dos chineses, que usam ideogramas, essa palavra tornou-se impronunciável. Com o passar do tempo adaptaram-na para a terminologia chinesa “Ch‟Anna” de onde veio o nome hoje conhecido por “Chan” ou “Ch‟an”. A “Chan” transformou o obscuro e elaborado Budismo Indiano em uma forma de budismo adaptada à tradicional psicologia chinesa. Tolerou quase todas as formas de comportamento, exceto matar, roubar, saquear e o sexo. Como resultado, o Templo Shaolin recebeu numerosos monges que não eram aceitos por outras escolas budistas, como aqueles que bebiam ou que comiam carne. Foi essa tolerância não usual que ofereceu uma importante base para a existência e desenvolvimento das artes marciais shaolins. Diferente dos outros monastérios, os habitantes do Templo Shaolin davam pouca atenção à vida ascética e tampouco estudavam as escrituras budistas. Sua rotina diária consistia em sentar de pernas cruzadas em frente à parede, de maneira a acabar com todos os pensamentos que os pudessem distrair, como fora pregado por Bodhidharma.

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Longos períodos sentados causam obviamente grande desconforto e é necessário que se levante para restaurar a circulação. Assim, as dezoito rotinas do Shaolin foram inventadas. Pelos modernos padrões físicos, essas rotinas nada mais são do que exercícios de aquecimento, mas naquele tempo elas serviam como parte de um regular desenvolvimento do regime Shaolin. Assim surgiu o Kung Fu, inicialmente como uma série de exercícios para melhorar a saúde e posteriormente, como técnica de defesa pessoal. A similaridade do Budismo com o Kung Fu. O Kung Fu real é um estado de espírito, um pensamento, uma cultura popular, uma filosofia prática, um modo de viver. Transformar seu conteúdo em palavras, é o mesmo que descrever a lua para um cego. O Kung Fu que pode ser explicado não é o Kung Fu verdadeiro. É como a definição do Tao, irrotulável. Se quiséssemos reduzir o Kung Fu ao seu menor denominador comum, ele se pareceria como que o povo pensa que ele é – um método de defesa pessoal. E, muito embora o combate pessoal seja uma parte significaste da técnica, o Kung Fu se expandiu destes estreitos limites há milhares de anos. O principal responsável por tal transformação foi sem sombra de dúvida o Budismo. Foram os ocidentais que desvirtuaram a palavra Kung Fu classificando-a simplesmente como arte marcial,

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apenas um esporte, ou uma forma mortal de habilidade de luta. Nada poderia estar mais longe da verdade.... Kung Fu em chinês, no seu sentido original, é a habilidade, a perfeição de uma ou várias artes. Literalmente falando, homem suado, trabalho duro. Segundo os ensinamentos de Confúcio, um verdadeiro mestre de Kung Fu deve ser versado em filosofia, conhecedor da medicina interna, ter disciplina, boa conduta, harmonizar-se com o meio em que vive e finalmente ser capaz de defender a si mesmo e aos outros contra alguma espécie de ataque físico. Além disso, o Kung Fu ajuda a manter um corpo saudável, previne e cura doenças, fortalece a vontade, aumenta a concentração, controla a mente, acalma o espírito. Considerar Kung Fu apenas um meio de defesa pessoal é torná-lo falsa luz. Contudo, o Kung Fu é chamado de Wushu pelos chineses por mais de 5.000 anos. „Não podemos nos afastar de Kung Fu, do que podemos nos afastar não é Kung Fu.” Para aprender a ser bom se deve partir da autorreflexão. No Chawuyi, a sabedoria é uma ferramenta para compreender e estar aberto à sabedoria dos outros e também à de nosso “eu profundo”. Na visão der Dejian um indivíduo possui não só um eu subjetivo, que tende á autocomplacência, e um eu objetivo, propenso a ser influenciado pelos desejos, mas também, e mais importante, um eu real. É a este último que devemos nos voltar.

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Aqui a regra é a mesma de parte das doutrinas filosóficas e religiosas ocidentais: conhece-te a ti mesmo. Essa proposta moral é absolutamente anticonvencional. O Chan, em sua essência, não se atém a regras impostas e socialmente compartilhadas. Sua ética é individual e se exerce de maneira assimétrica: não está preocupada com quem é o outro ou com o que ele nos dará em troca. Orientações para a prática do Chanwuyi Praticar é como comer; nós precisamos fazer isso todos os dias. Enquanto é muito difícil se aprimorar, é muito fácil perder os ganhos. Assim a persistência é um must na prática do Shaolin Wushu e deve ser exercitada diariamente.

mente quando estiver praticando. haolin Wushu pode ser

praticado ao caminhar, em pé, sentado ou deitado. Desta maneira, não importa quem pratica, deve-se manter a postura o mais natural e relaxada possível. Apenas uma postura natural e confortável pode facilitar a circulação do Qi.

ste sua mente. Ajustar a mente significa controlar seus pensamentos. Quando pensamentos ansiosos se intrometerem na mente durante a pratica deixe-os ir naturalmente. Apenas observe eles se dissiparem

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naturalmente ou então se concentre em seu Dantien ou outra parte do corpo.

respiração. Há duas maneiras de ajustar a respiração, a “passiva” e a “ativa”. Respiração passiva “é respirar naturalmente e devagar e observar cada respiração. Concentre-se no Dantien quando inspirar e no nariz quando expirar. Os chineses antigos a chamam de “fogo brando”. Este tipo de respiração relaxa todo o corpo e, em seguida, o cérebro. Na respiração “ativa”, chamada de “fogo feroz” pelos antigos, é preciso expandir o abdômen e curvar a parte inferior das costas na inspiração e ao expirar contrair levemente a região do períneo e o abdômen mantendo a boca fechada Isso ajuda a aumentar a velocidade e a força da circulação do Qi interno. As duas respirações se complementam: o fogo suave ajuda a acalmar e induz o estado de mente vazia; o “fogo feroz” treina o Dantien e o preenche com Qi. AS DEZ REGRAS BUDISTAS PARA O PRATICANTE DE KUNG FU. A expressão kung fu pode ser traduzida literalmente por maestria, ou habilidade conseguida atraves de trabalho... Muito já sabemos sobre os fundamentos dessa maravilhosa vertente de artes marciais, sabemos que ela vem direto dos Templos ShaoLin E tambem sabemos que eram ensinados os diversos estilos de kung fu para o melhoramento da saude do praticante.

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E assim sendo foram impostas dez regras que regiam os treinamentos dos monges ShaoLin. Obedecendo uma transcrição feita pelo Si Dai Kung Marco Natali, apresentaremos essas dez regras que funcionam até hoje como base para a criação de normas em scolas de Kung fu, como é feito dentro de nossa escola Dragão Guerreiro: 1 - O praticante de Kung Fu deve treinar sem interrupção. Praticar a todas as horas do dia é um velho conhecimento, sempre presente na vida dos grandes ases do Kung Fu ou de qualquer outro esporte. Conta-se que Bruce Lee durante suas aulas escolares colocava as mãos sob a carteira e pressionava com força para treinar os músculos do antebraço. Quando assistia televisão à noite Bruce aproveitava os intervalos comerciais para treinar os braços com halteres. Linda Lee conta que quando ele tomava banho de chuveiro ficava na posição Kin Nheung Mah do estilo Wing Chun para treinar as pernas e os joelhos. São muito conhecidas as artimanhas utilizadas por esportistas famosos para incluir técnicas de treinamento nos momentos mais comuns de seu dia-a-dia. O famoso homem forte Charles Atlas, costumava carregar tampinhas de garrafa e pregos em seus bolsos para amassar e entortar entre os dedos enquanto viajava de ônibus. Muitos jogadores de beisebol costumam levar uma bolinha de borracha em seus carros e se dedicam a apertá-las com as mãos enquanto esperam os semáforos abrirem, dessa forma exercitando os músculos do braço. O atleta Francisco José D'Urbano, campeão brasileiro de Kung Fu em sua categoria,

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costuma praticar flexões de calejamento entre uma e outra aula ministrada na União Nacional de Kung Fu. A superação é a marca do campeão, se você faz apenas o que o instrutor manda, você jamais será nada além de um medíocre lutador. "Certo jovem chinês, desejoso de aprender as técnicas do Kung Fu Shaolin, submeteu-se aos testes de admissão do templo e em seguida foi encaminhado à presença do mestre. Diante do mestre pôs-se a descrever sua ansiedade em tomar-se um lutador poderoso, seus desejos com relação à Arte Marcial, sua admiração pela arte de chutar, socar, saltar, lutar, etc. Quando terminou de falar o mestre permaneceu algum tempo em silêncio e depois lhe explicou que o valor no Kung Fu não está na força e no poder e sim no conhecimento. O garoto continuou a insistir em sua admiração pelas técnicas de luta. O mestre lhe contou a respeito de um touro que entrou em uma loja de louça e pisoteou os vasos e as cerâmicas finas, reduzindo tudo a cacos. O menino continuou a elogiar as técnicas que havia presenciado e os lutadores que havia conhecido. O mestre insistiu que as ambições dele eram demasiadas e que se quisessem aprender tudo aquilo, uma vida só não bastaria. Ele respondeu que não tinha muito tempo, que tinha pressa e que queria aprender mesmo que fosse umas poucas técnicas. Mais uma vez o mestre o aconselhou a meditar no touro da loja de louça fazendo-o ver que podia se transformar nesse touro, e que acabaria por destruir ao mundo a seu redor como o touro destruiu a loja. Mais o jovem continuou a insistir mais e mais em aprender as técnicas que desejava. O mestre então lhe propôs uma última prova antes de ser admitido aos ensinamentos marciais do templo. A prova consistia em

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amassar uma folha de papel transformando-a em uma bola e depois alisá-la novamente e recomeçar outra vez, transformando-a novamente em bola e alisando e prosseguindo assim até que o papel se reduzisse a tiras; deveria então pegar outra folha e recomeçar. Esse exercício deveria ser feito diariamente por doze horas, durante três anos. Terminados os três anos o jovem retornou à presença do mestre e este indagou: - Praticou continuamente durante doze horas diárias como lhe foi recomendado? - Sim; respondeu o jovem. - Então pode ir embora - respondeu o mestre. - Seu aprendizado terminou. O jovem ficou muito aborrecido e decepcionado, pois tinha seguido à risca as instruções do mestre. À custa de muito sacrifício tinha praticado doze horas diárias e agora o mestre se recusava a lhe ensinar o que tanto queria. Sentiu-se enganado e culpou o mestre por ter lhe roubado três anos de sua vida. Voltou para casa e assim que chegou, seu irmão que estava no banho pediu-lhe que lhe esfregasse as costas. Começou a esfregar as costas do irmão mas teve que parar, pois descobriu que por onde passava sua mão a carne se abria e jorrava sangue..." 2 - O praticante de Kung Fu deve usar suas técnicas apenas para defesa pessoal. Uma pessoa que sabe Kung Fu tem superioridade física sobre as pessoas que não aprenderam técnicas de defesa pessoal, independente de sua estatura e peso. O que você pensaria se visse um adulto espancando uma criança? Nessa mesma proporção, um praticante de Kung Fu que use sua superioridade técnica para subjugar alguém que desconheça as técnicas de defesa pessoal, age como um adulto que espanca uma criança. Da

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mesma forma que é de se esperar que um adulto não abuse de sua estatura para infligir castigos físicos a uma criança, também é de se esperar que um praticante de Kung Fu não abuse de seus conhecimentos técnicos para espancar qualquer pessoa, seja adulta ou não, seja maior em estatura ou não. Aliás, o Código Penal Brasileiro condena qualquer pessoa que mate seu adversário usando golpes desferidos com as mãos nuas, mesmo que o adversário esteja armado. Os antigos afirmavam que o Kung Fu tinha por objetivo transmitir ensinamentos de autodisciplina e autoconhecimento, não devendo jamais ser usado contra outro ser vivo (seja homem ou animal). "O Rei Suan da dinastia Chou era um guerreiro valente e muito poderoso. Certa vez ouviu falar do grande Mestre Po-Kung-Hi e de sua grande fama; decidiu-se a procurá-lo e medir suas forças com ele. Quando chegou diante de Po-Kung-Hi perguntou-lhe qual era sua especialidade, em que técnica era mais forte. Po-Kung-Hi respondeu: - Posso arrancar a perna do gafanhoto e impedir que a cigarra abra suas asas. Espantado, o Rei Suan lhe disse: - Sou capaz de atravessar o couro de um rinoceronte com um só golpe de meus punhos. Como é que você, capaz de feitos insignificantes é mais famoso do que eu?! Po-Kung-Hi respondeu: - Aprendi de Tze-Shang-Chi, que era tão forte que jamais houve outro lutador como ele, mas cujas proezas nunca foram vistas por alguém, pois não gostava de se exibir." Um dos melhores livros sobre Artes Marciais traduzido para línguas ocidentais é o "Karate-Do My Way of Life", de Gichin Funakoshi - o criador da palavra Karate. Nessa obra o autor relata que quando estava com oitenta anos foi surpreendido por um assaltante que tentou roubá-lo,

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em um dia de chuva em que carregava em sua mão esquerda um saco contendo uma lancheira vazia e alguns livros, e na mão direita um guarda-chuva. Tal fato ocorreu enquanto voltava para casa e caminhava entre as estações Otsuka e Hikawashita, em Tóquio. O marginal arrebatou-lhe o guarda-chuva das mãos e tentou golpeálo com a ponta. Funakoshi agachou-se e com a mão direita agarrou firmemente os testículos do adversário. O guarda-chuva caiu no chão na hora e o rapaz começou a gemer parecendo que ia morrer. Funakoshi termina esse relato dizendo: "... Eu tinha feito o que constantemente tinha dito a meus jovens discípulos para nunca fazerem... Não me senti muito orgulhoso de mim mesmo." Citado do "Karate-Do My Way ofLife", Kodansha International, First Paperback Edition, 1981 - Página 112. Essa pequena história mostra a grandeza de Funakoshi, que foi um grande artista marcial e que pregava a seus discípulos a segunda norma budista. 3 - O praticante de Kung Fu deve respeito a todos os mestres de Kung Fu e outras artes marciais e a todos os discípulos que praticarem há mais tempo que eles. A tradição do Kung Fu relata que as escolas marciais da velha China eram administradas dentro de um sistema quase familiar. O mestre era considerado como um pai e sua esposa como mãe. Os alunos mais antigos eram tidos como irmãos mais velhos e tratados com todo o respeito. As pessoas que iniciavam o treinamento juntas tratavam-se umas às outras como irmãs. Os discípulos que entrassem depois delas eram tratados como irmãos mais novos e mereciam toda a atenção e prestimosidade. Dentro desse espírito de

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fraternidade os outros mestres eram também respeitados por seus conhecimentos e mesmo que dois mestres não se dessem entre si, seus discípulos os respeitariam igualmente e jamais fariam críticas ao outro mestre. Foi esse respeito mútuo que garantiu a sobrevivência do Kung Fu até nossos dias, e quando os mestres de Kung Fu deixarem de se respeitar dessa maneira, ou se permitirem criticar a outros mestres diante de seus alunos, estarão contribuindo para o desaparecimento do Kung Fu. "O discípulo Li certa vez perguntou ao Mestre Shiu se tinha ouvido falar no Mestre Pu Hao, cuja técnica era inferior e de origens desconhecidas. Mestre Shiu respondeu que nunca havia ouvido falar em Mestre Pu Hao, mas que conhecia Mestre Hao, que era um mestre respeitável e que, embora possuísse poucos conhecimentos técnicos, contribuía muito para a preservação dos verdadeiros conhecimentos do Kung Fu." 4 - O praticante de Kung Fu deve ser amigo de seus colegas e demonstrar em suas atitudes bondade, respeito e honestidade. Ser amigo de alguém, principalmente de um colega de treinos, implica em interessar-se genuinamente pela outra pessoa. Quando somos amigos de alguém, nos interessamos por seu progresso, nos entristecemos quando percebemos que não consegue seus objetivos, nos sentimos felizes quando vemos o sucesso que consegue alcançar. É muito importante que o praticante de Kung Fu deixe de ser infantil em seu comportamento com relação aos colegas. O praticante infantil é aquele que perde um tempo precioso criticando colegas de treino. O praticante infantil adora corrigir os outros, sem dar a

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devida atenção à correção das próprias falhas. O praticante infantil quando se torna bom de luta, começa a esnobar os colegas de treino, não os cumprimenta mais, não responde a seus cumprimentos, toma atitudes orgulhosas com relação a todos. O praticante infantil não sabe substituir as fofocas que ouve pela realidade que vê. O praticante infantil não compreende que não é importante ser o melhor de sua escola. O praticante infantil não compreende que a verdadeira Arte Marcial não consiste em vencer aos outros e sim em VENCER A SI MESMO. Vencer a si mesmo implica em dominar os sentimentos de superioridade, os comportamentos egoístas e substituir o desejo de ser melhor que os outros pelo interesse sincero em ser bondoso, amigo e leal com os companheiros, não só de sua academia como das academias que ensinam estilos diferentes do seu. Esse tipo de batalha é a mais difícil de todas, mas a vitória final obtida com essa luta é a maior de todas. "Nos tempos antigos havia dois praticantes de Kung Fu chamados Li e Ping, que desde crianças haviam praticado juntos, tendo se tomado grandes amigos. Certo dia resolveram tatuar seus braços com a mesma tatuagem como símbolo da amizade que os unia, dessa forma se tomaram irmãos e se juraram fraternidade enquanto vivessem. Devido a razões de família, separaram-se e não mais se tornaram a ver. Com o tempo tomaram-se adultos e seguiram caminhos diferentes. Embora ambos continuassem a treinar o Kung Fu com regularidade e persistência, Li se tomou famoso comissário de polícia enquanto Ping tomou-se um jogador. Uma ocasião Li foi enviado a uma cidade distante para deter uma gangue de traficantes que mantinha um cassino ilegal. Li invadiu

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o cassino e enfrentou a todos os bandidos que lá estavam, tendo vencido brilhantemente graças a seu domínio do Kung Fu. Em seguida teve que enfrentar o chefe da gangue que se ocultara em uma sala especialmente reforçada. Com algum esforço Li conseguiu penetrar na sala e enfrentá-lo. Quando começou a lutar Li percebeu que se tratava de seu grande amigo Ping, mas como cada um lutava pelo que julgava ser seu dever brigaram durante horas. Finalmente Ping conseguiu vencer a Li e quando o seu amigo estava caído no chão ensanguentado, abraçou-o fortemente e chorou muito. Como todo praticante de Kung Fu conhece profundamente Acupuntura, Ping tratou de seu amigo até que se recuperasse plenamente. Quando Li já estava bom, Ping o acompanhou e se entregou à justiça. 5 - O praticante de Kung Fu deve evitar demonstrar suas técnicas, mesmo que para isso tenha que recusar um desafio. Esta regra foi criada para impedir que as técnicas do Templo Shaolin fossem aprendidas por algum praticante de Kung Fu de outro estilo que as poderia usar com propósitos menos elevados. Como praticante de Kung Fu você se torna responsável pelo que sabe e não deve transmitir seus conhecimentos indiscriminadamente. Se você ensina o que sabe a alguém e esse alguém faz mau uso do que aprendeu, você é o responsável. Além do que, muitos praticantes de Kung Fu transmitem seus conhecimentos não com a intenção de ajudar seus discípulos, e sim com o desejo de se sentir importante, por orgulho das técnicas que aprendeu. "Antigamente vivia próximo ao lago Ching-Hai um jovem monge que possuía grande habilidade em

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Kung Fu. Sendo tão hábil na arte de lutar esse monge era mais ou menos convencido e orgulhoso. Seus colegas monges gostavam muito dele e por amizade o advertiam que deveria controlar seu temperamento e que essa sua habilidade pessoal não deveria tomar conta de sua mente, havendo coisas muito mais importantes na vida. Não sendo burro, o monge compreendeu que seus amigos tinham razão e dedicou-se a seus estudos, à leitura de livros de Filosofia e à prática da meditação. No outono do ano seguinte, realizou-se uma grande competição de Kung Fu em Sagan-Ushu e o monge obteve autorização para par¬ticipar dela. Chegando ao local das competições enfrentou todas as classes de lutadores; desde outros monges muito habilidosos em Kung Fu, a guerreiros de terras distantes exímios praticantes de outras modalidades marciais. Devido a sua grande habilidade foi sagrado campeão e iniciou a viagem de regresso. Quando já caminhava há algum tempo, encontrou um lutador que o desafiou a lutar. Orgulhoso como estava por ter vencido a todos no campeonato, o jovem monge esqueceu-se da quinta regra e aceitou o desafio. Lutaram durante várias horas, até que o monge conseguiu vencer seu adversário mas, como havia anoitecido e estava cansado depois de tanta luta, decidiu dormir à margem do caminho. Com o raiar do Sol reiniciou sua caminhada de volta ao monastério. Em determinado momento foi reconhecido por outros viajantes que o convidaram a almoçar com eles. Quando terminou de almoçar um deles o convidou a lutar. Sem poder recusar teve que enfrentá-lo. A luta tomou-lhe apenas meia hora, mas atraiu espectadores e assim que terminou de lutar um deles o atacou de

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surpresa, fazendo com que tivesse que lutar de novo. Nem bem liquidou com seu novo oponente, se agachou para pegar sua bagagem, foi novamente desafiado e nesse momento se recordou da quinta regra e dos conselhos de seus colegas monges, percebendo que onde quer que fosse sempre haveria alguém que o desafiaria. À medida que lutava com o novo adversário, percebeu que este não era tão bom quanto os anteriores, o que lhe permitiu enfrentá-lo enquanto pensava em tudo que estava acontecendo., Foi então que os conhecimentos filosóficos que havia estudado e as meditações que havia feito vieram a sua mente. Chegou à conclusão que o EU INTERIOR era muito mais importante que o EU EXTERIOR. Compreendeu que as vitórias que tinha obtido agradavam apenas a seu EU EXTERIOR, a seu EGO, a seu orgulho infantil. Compreendeu que o Kung Fu era a arte de vencer aquele impulso infantil de demonstrar aos outros sua grande habilidade. Então passou a abrir a sua guarda, a não defender os golpes do adversário e a deixar-se vencer. Quando vencido foi ridicularizado e abandonado por todos, que passaram a seguir o novo campeão. Caído no chão e ensanguentado pelos golpes de seu adversário, que para ele teria sido tão fácil de vencer, o monge sorria feliz. Não queria mais ser um grande campeão de Kung Fu, pois sabia que o caminho de sua vida estava na meditação e no estudo. Com a derrota aprendeu que o Kung Fu era o TEMPO DE HABILIDADE para converter seu Eu em algo profundo e muito grande. Sua habilidade continuava a mesma, continuava apto a defender-se em alguma ocasião de perigo, mas agora poderia sentir satisfação com outras

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coisas além de sua capacidade de lutar. Apanhou suas coisas e voltou ao templo." 6 - O praticante de Kung Fu jamais deve ser agressivo ou ter maneiras rudes. O verdadeiro mestre de Kung Fu deve se esforçar por ter um controle pleno sobre si mesmo, evitando os comentários desairosos sobre os outros mestres, evitando os desafios e os comportamentos rudes e maleducados. "Vivia em uma pequena aldeia chinesa o Mestre Chan, famoso por seus conhecimentos do estilo Shaolin, do estilo Tong Long, por sua habilidade nas técnicas dos Oito Deuses Bêbados e pelo domínio da Palma de Ferro e das dezoito armas chinesas. Em sua juventude havia sido um invejoso, sempre caluniando outros mestres que tinham conseguido mais fama que ele. Apesar de toda a sua habilidade no Kung Fu, sua maior arma ainda era a fofoca, a maledicência, o desprezo. Seus alunos, por confiarem nele, acreditavam que tudo que dizia era verdadeiro e passaram também a desprezar os outros mestres. Esses outros mestres sabiam do procedimento do mestre Chan, mas não lhe queriam mal, simplesmente tinham pena dele. Quando os discípulos desses mestres lhes perguntavam a respeito do Mestre Chan, estes lhes respondiam que se tratava de um mestre muito valente, pena que fosse tão infantil e não soubesse respeitar a seus colegas. Alguns mestres chegavam mesmo a recomendar sua escola a pessoas que moravam próximas à sua região, recomendação essa que Mestre Chan seria incapaz de fazer a respeito deles. A valentia de Mestre Chan era muito grande. Certa vez entrou sozinho na caverna de um grande urso negro que assustava a população da vila, enfrentando a

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fera e saindo de lá com ele morto. Certo dia estava andando pela rua quando um ancião se aproximou dele e lhe disse: - O senhor é um grande mestre e possui habilidades espantosas, mas por que, ao invés de perder tempo falando mal de outros mestres, o senhor não enfrenta os três monstros que estão assustando o povo? Mestre Chan estranhou a interpelação e perguntou quais eram os três monstros. O ancião explicou que havia um grande tigre rondando o povoado e que já havia comido três homens. Mestre Chan pegou suas armas e saiu em busca do tigre, matando-o a golpes de lança e punhal. Voltou ao povoado, procurou o ancião e lhe disse: - Já matei o tigre, qual é o próximo monstro? O ancião lhe contou que havia uma grande serpente que se ocultava no caminho da aldeia atacando os viajantes. Mestre Chan pegou sua corrente articulada e foi atrás da serpente, matando-a. Quando voltou à aldeia perguntou ao ancião qual era o terceiro monstro. O ancião respondeu: - Você é o terceiro monstro. Mestre Chan ficou furioso e ergueu seu poderoso punho para fulminar o pequeno ancião. Mas o ancião continuou a falar: - Você é um grande mestre, para você é muito fácil me tirar a vida, minha técnica não é suficiente para enfrentá-lo, mas mesmo que você me mate continuará sendo o terceiro monstro, pois sua língua é ferina e venenosa e o mal que ela faz apaga todo bem que sua arte consegue fazer. Mestre Chan abaixou seu punho e foi-se embora, passou toda a noite pensando, no dia seguinte juntou algumas roupas e caminhou até a montanha onde meditou durante três meses. Enquanto meditava na montanha reparou que quando o vento forte derrubava os troncos vigorosos e acariciava as folhagens flexíveis, a chuva matava a

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sede dos dois. Compreendeu que a chuva era mais sábia que o vento, e que todas as pessoas, boas ou más, com grandes ou com medíocres conhecimentos, continuavam a merecer a luz do Sol e a água da chuva. Retornou à aldeia e o povo de lá ficou surpreso quando viu que havia se modificado, suas maneiras eram as de um homem cortês e se comportava com amabilidade em relação a todos os outros mestres, mesmo com aqueles a que julgava ser superior." 7 - O praticante de Kung Fu jamais deve comer carne ou provar bebidas alcoólicas. Esta norma se divide em duas partes, a primeira refere-se ao não comer carne, a segunda ao não provar bebidas alcoólicas; trataremos cada uma dessas partes de cada vez. Mesmo apesar de certas pessoas, por não serem budistas não julgarem que seja errado comer carne, existem outras razões para não comê-la. Devemos um certo respeito ao nosso corpo e afinal de contas, o corpo é o instrumento de que nos utilizamos para a prática do Kung Fu. Existem muitas razões para não se comer carne e podemos situá-las em dois contextos diferentes: o contexto espiritual e o contexto fisiológico. Se você teve oportunidade de ver a série Kung Fu na televisão deve ter reparado que Kwai Chang Caine, o personagem principal, não comia carne. Nenhum monge budista come carne, visto que um dos preceitos do Budismo ensina a não fazer mal a ser algum. Esse é um contexto espiritual envolvendo o ato de não comer carne, que é adotado por centenas de escolas filosóficas do mundo todo desde a mais remota antiguidade. Se você não come carne está na companhia de Alex Carrel, Are Werland, Bergson,

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Bernard Shaw, Brandt, Buda, Cervantes, Darwin, De Rose, Descartes, Diógenes, Éder Jofre, Einstein, Epicuro, Epiteto, Gandhi, Jean Rostand, Jesus, Kant, Krishnamurti, Lao Tse, Leonardo da Vinci, Maeterlinck, Olegário Candeias, Ovídio, Pitágoras, Platão, Plutarco, Rousseau, Ruskin, Russell, Ryner, Santaiana, São Clemente de Alexandria, São Francisco de Assis, São João Crisóstomo, Schoppenhauer, Schweitzer, Sócrates, Spencer, Spinoza, Tertuliano, Thoreau, Tolstoi, Voltaire, Weiss, William James, Zamenhoff, e milhares de outros grandes homens. Portanto, seja esperto, não coma carne. Veja bem que se você não tem bom senso, não o forço a nada, se decidir continuar a comer carne ou se decidir deixar de comê-la o critério é seu, mas como verificará neste capítulo, existem excelentes razões para deixar de comer carne. As obras fundamentais das culturas mais espiritualizadas do mundo condenam o consumo da carne. Citando o Mahabharata: "Pode haver alguém mais cruel e egoísta do que aquele que aumenta a carne de seu corpo comendo a carne de inocentes animais? Aqueles que desejam possuir boa memória, beleza, vida longa com saúde perfeita, força física, moral e espiritual, devem abster-se de alimentos animais. Virtude das mais sublimes consiste em não matar animais. Quando se pode obter facilmente tão copiosa quantidade de alimentos daquilo que cresce espontaneamente na terra, cometerás tão grande ato de crueldade como matar animais para encher teu estômago e experimentar um pequeno prazer do paladar? Compara o homem que come com o animal que é comido. Um goza o prazer de comer que dura alguns momentos e o outro é desprovido de todos os prazeres da vida."

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Citando os Vedas: "Não mateis nenhuma criatura viva, seja por alimento, seja por prazer. Não se mate nenhum animal para teu prazer, vê a harmonia na Natureza e empresta tua mão auxiliadora a todas as criaturas vivas. Todos aqueles que permitam a matança de animais, assim como os que os matam, cortam, preparam, vendam suas carnes ou as cozinhem, sirvam ou comam, serão por igual considerados assassinos." Citando a Bíblia: "Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão sementes, as quais se acham sobre a face da Terra, e todas as árvores em que há fruto que dê sementes; servos-ão para alimento." Gên.,1:29. Citando as palavras de Gandhi: "Deveríamos comer não a fim de agradar ao paladar, mas sim para manter o corpo em bom funcionamento. Qualquer quantidade de experiências é demasiado pequena e nenhum sacrifício é demasiado grande para alcançara sintonia com a Natureza. Há uma grande verdade na afirmação de que o homem se transforma naquilo que come. Quanto mais grosseira fora alimentação, mais grosseiro será o corpo. O gosto se adquire, não nasce conosco. Nenhuma das delícias culinárias do mundo chega ao deleite que o apetite proporciona. Um homem faminto comerá um pão seco com o maior prazer, ao passo que quem não tem apetite recusa o melhor dos doces. Os alimentos devem ser ingeridos como um dever, como um remédio, a fim de sustentarmos o corpo e não exclusivamente para satisfazer o paladar. Acho que ninguém, pelo que sei, tem comido tanta fruta quanto eu. Vivi seis anos exclusivamente de frutas, frescas e secas, e sempre tive uma provisão bem abundante de frutas como parte da minha dieta habitual. Para conservar a saúde as frutas e os legumes frescos têm que constituir a parte

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principal da nossa dieta. Muitas vezes me regalei comendo folhas de nabo, de cenoura, de rabanete e de amendoim. A fruta fresca é boa para comer, mas basta uma pequena quantidade para regular o organismo. Trata-se de um artigo caro e sua utilização excessiva, pelos que têm mais recursos, priva os pobres e os enfermos de um alimento de que necessitam mais do que os abastados." Citando outros pensadores: “Os vegetais constituem alimentação suficiente para o estômago e no entanto o recheamos com vidas valiosas" - Sêneca. "A Gula tem causado mais mortes do que a espada." - Salomão. "Zaratustra, o sábio profeta, só comia frutas." - Plínio. “Os antigos egípcios preferiam morrer a profanar o ventre comendo carne.” - Orígenes. “Os poucos filósofos vegetarianos fizeram mais pelo bem da humanidade do que todos os demais filósofos modernos.” - Nietzsche. “Os mesmos animais que você não atreveria a beijar quando vivos, por nojo, servem quando mortos, para que encha sua pança.” - Paul Richard. “Pitágoras sentia tal compaixão pelos animais que quando via um pescador puxando uma rede comprava todos seus peixes para lançá-los novamente à água, aproveitando para discursar às pessoas que se encontrassem na praia sobre a monstruosa atividade de matar animais e comê-los.” - Porfírio. "A carne dos animais não nos foi dada como alimento, por isso quando os matamos tornamo-nos réus de crime de morte e expomo-nos a morrer do mesmo modo, pois deixamos de ser humanos." - Triptolemo. "Entre os que se alimentam apenas de frutas, dificilmente se encontram ladrões, assassinos, ditadores e aduladores, ao contrário do que acontece entre os que comem carne." - Diógenes. "Nem um só

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dos argumentos usados contra o vegetarianismo resiste a um exame honrado e sincero." - Alexis Carrel. "Reconhecer a verdade da doutrina de Jesus e não proceder de acordo com ela, continuando a matar e a devorar animais, é uma covardia e hipocrisia farisaicas." - Carlos Brandt. "É da alimentação cárnea que derivam todos os demais vícios." - Santo Agostinho “Um dos maiores prazeres de Leonardo da Vinci consistia em ir à feira comprar patos e outras aves para restituí-las à liberdade.” - Giovanni Bollraffio. “É incrível que não se encontre entre nós nenhum pregador que faça ouvir um protesto contra o vergonhoso hábito de se alimentar de carne.‟‟ - Voltaire. Agora que você teve a oportunidade de apreciar o parecer de algumas das mentes mais lúcidas da história da humanidade, vou citar trechos da obra "Porque o Hindu é Vegetariano", de autoria de Swami Abhedananda: "Porque se come carne? Por necessidade de nutrição? Não; bastam-nos os vegetais, cereais, legumes, etc. Por conveniência de saúde? Não também; em média os vegetarianos são mais sadios que a maioria dos comedores de carne. Porque então se come carne?! Pelo hábito, transmitido de geração em geração, por ignorância, por falso comodismo, por displicência moral. Nos primórdios da humanidade a agricultura era desconhecida e os povos nutriam-se de frutas, nozes e demais produtos vegetais que encontravam em abundância. Quando houve escassez de frutas e nozes os homens passaram a comer de tudo que deparavam ao redor. O problema da subsistência premente antepunha-se ao da alimentação normal. Nada sabendo do cultivo da terra e não dispondo mais de produtos vegetais em quantidade suficiente as tribos selvagens passaram a comer animais (aves, répteis e

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insetos). Algumas pessoas acreditam que quem não come carne fica fraco e indisposto para o trabalho, faltando-lhes coragem e energia. Ê mais um engano. Já ouviram falar dos "Sikhs", soldados indianos vegetarianos, que são os combatentes mais fortes e bravos do exército inglês? O regime vegetariano proporciona grande resistência física e orgânica, além de moderação no temperamento. Geralmente se confunde temperamento agitado e violento com coragem e força. Muita gente acredita que um tigre ou um lobo sejam mais fortes que um cavalo, um búfalo ou um elefante. Um tigre pode matar um cavalo, um búfalo ou um elefante, sem todavia possuir a força muscular e a resistência física que caracterizam os animais herbívoros e que lhes possibilita carregar pesadas cargas por longas distâncias. Um tigre pode matar até um elefante, mas não consegue erguer troncos que pesam centenas de quilos. Ferocidade é uma coisa e força muscular é coisa bem diferente. Devemos saber distinguir uma da outra. A fonte da força está no reino vegetal; não na carne. Se comer carne é condição para adquirir força, por que os que a comem preferem carne dos animais herbívoros ao invés da dos carnívoros? Entre os animais ocorre que os carnívoros são mais irrequietos que os herbívoros. O mesmo ocorre entre os homens: os comedores de carne são mais nervosos, têm menos domínio próprio do que os vegetarianos. A natureza calma, equilibrada e de autocontrole é sinal de progresso espiritual, o que vem provar que o alimento animal não é adequado ao desenvolvimento superior. Aí está por que os comedores de carne acham tanta dificuldade em concentrar a mente: para eles é praticamente impossível meditarem na natureza

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espiritual e divina do homem. Por isso os indianos que conhecem os segredos da Espiritualidade opõem-se absolutamente ao regime cárneo. Toda vez que matamos qualquer animal para nossa alimentação ou por prazer, somos egoístas. É por causa de um egoísmo extremo que não reconhecemos os direitos dos animais. Esta forma de egoísmo é a raiz de todos os pensamentos e ações perversas. O que nos faz egoístas e nos favorece o apego ao eu inferior é o mal; o que nos liberta para o altruísmo é o bem. O que nos fecha em nós próprios impedindo-nos de sentir a unidade do espírito é a ignorância humana; o que abre nossa vida espiritual e permite-nos contemplar a Divindade dentro das formas animais é a Sabedoria Divina." “Certa feita o Papa sentiu compaixão pelo rigor das regras da Ordem dos Trapistas que proíbe que os monges dessa irmandande se alimentem com carne. Enviou então um emissário com o objetivo de autorizar o Geral da ordem a revogar essa regra e a permitir o consumo de carne uma vez por semana. Em resposta o Geral da Ordem dos Trapistas enviou ao Papa uma delegação de gordos frades que agradeceram a boa intenção do Papa, mas rogaram que não introduzisse nenhuma alteração em suas regras. Todos da comitiva estavam muito bem nutridos e o mais novo deles tinha 83 anos..." Três diferenças fundamentais separam o homem da abjeta confraria dos carnívoros, dos necrófagos e dos carniceiros. A primeira delas é a conformação da arcada dentária dos carnívoros e do homem. Os dentes dos carnívoros apresentam-se pontiagudos, alongados e com separação distinta entre si. É óbvia a finalidade desse tipo de dentição: apresar, rasgar e despedaçar a carne. Não se incluem entre as

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finalidades dos dentes dos carnívoros o ato de triturar a carne. Isso ocorre porque muito pouco da atividade digestiva do carnívoro acontece na boca do animal. A maior parte desse processo ocorre ao longo do estômago e do tubo digestivo. É que outra das diferenças fundamentais que separam o homem do carnívoro consiste no tamanho da abertura da boca e da garganta, que é bem diferente entre eles. Repare por exemplo no cão; o tamanho de sua boca é imensamente maior que a boca do homem, desde que se tome por proporção relativa o tamanho de seus corpos. E o pescoço? Você já reparou na proporção do pescoço de um cão? Parte da razão desse tamanho desproporcional (em relação ao resto do corpo), está no fato que o cão possui uma grande abertura na garganta (goela), que lhe permite engolir grandes pedaços de carne sem triturá-los. Já o homem, que tem a seu dispor uma abertura proporcionalmente menor, se vê obrigado ao consumo sistemático de pequenos bocados de alimentos. Daí a conformação de seus dentes ser mais apropriada à intensa mastigação e trituração dos alimentos, dando início a uma importante parte do processo digestivo quando o alimento ainda está em sua boca. Os carnívoros, tais como o cão, não necessitam mastigar o alimento, apenas cortá-lo e engoli-lo em grandes pedaços, quase que imediatamente. Os caninos dos carnívoros são alongados, fortes e pontiagudos; são usados para prender e despedaçara carne. O exame da constituição dentária do homem moderno revela que ele possui todas as indicações de um animal estritamente herbívoro. O estômago dos animais carnívoros possui dez vezes mais ácido clorídrico, usado na digestão de

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tecidos cárneos e ossos, que o do homem. A terceira e mais importante diferença fundamental entre o homem e os carnívoros está no formato e proporção do tubo digestivo. É sabido que a carne se putrefaz com facilidade, vai daí a necessidade de expeli-la com rapidez antes que as impurezas que se originam no processo de seu apodrecimento envenenem o organismo do carnívoro. Os animais carnívoros têm os intestinos relativamente curtos, para que a carne ingerida não permaneça dentro deles muito tempo. Ao passo que o homem possui intestinos finos e alongados, as divisões do intestino grosso do homem, em cólon ascendente, transversal e descendente, curva sigmóide e reto, encontram-se apenas em alguns primatas. Além do mais, a disposição interna do tubo digestivo forma no homem como que pequenas bolsas, onde o alimento fica retido por mais tempo do que seria saudável se fosse carne. Em poucas palavras: carnívoro ingere a carne e pouco tempo depois a excreta, livrando-se em tempo das substâncias nocivas geradas por seu apodrecimento. Ao passo que o homem, considerando-se entre outros fatores o tamanho de seus intestinos, demoraria muito mais para excretar os resíduos da carne, permitindo dessa forma que elementos perniciosos fossem absorvidos. Outra diferença que distingue os animais carnívoros dos animais vegetarianos é o mecanismo de transpiração. Os carnívoros permanecem em suas cavernas durante o dia e saem para caçar ao anoitecer, não possuindo glândulas sudoríparas em sua pele (transpiram através da língua), ao passo que os animais herbívoros, como o homem, o cavalo, a vaca, a zebra, o antílope, etc., permanecem sob o sol para colher seus alimentos e

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portanto suam através da pele. Outro detalhe interessante é que os herbívoros sorvem a água que bebem sugando-a com a boca, ao passo que os carnívoros a ingerem com a língua. A aqueles que se espantam com a importância que dei à permanência da carne no organismo humano, aconselho a seguinte experiência: Ingira uma colher de caroços de mamão e verifique em suas fezes o tempo que demoram para serem excretados. Não me espantaria se alguns de vocês verificassem surpresos que os caroços só começariam a aparecer nas fezes cinco, dez ou mesmo quinze dias depois de ingeridos. Agora experimentem deixar um pedaço de carne sobre uma mesa durante cinco, dez ou quinze dias e vejam o que acontece (é bom lembrar que a temperatura do corpo é bastante superior à temperatura ambiente, de modo que o apodrecimento é ainda mais rápido). Acho que as conclusões a que chegou são bastante óbvias - deixo ao bom senso a decisão a tomar. Lembre-se: "Não tomar uma decisão também é tomar uma decisão." O Dr. Mac Callum, eminente patologista, especialista em pesquisas sobre toxinas produzidas pela putrefação intestinal, declarou o seguinte: "A função do colón é transportar e descarregar os resíduos inócuos de uma alimentação imputrescível. Restos pútridos de carne transformam o colón numa larga porta por onde um exército de substâncias tóxicas penetra na corrente sanguínea, tornando-se causa de degeneração e moléstia em todos os órgãos do corpo, causando, entre outras, arteriosclerose, cirrose hepática, algumas formas de nefrites, anginas do peito e demência senil. Causam perda de eficiência ao fígado e ás glândulas de secreção interna, ocasionando acúmulo de venenos no

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sangue, endurecimento das artérias, mudanças degenerativas nos nervos, nos músculos, no coração e outros órgãos, além de menor resistência vital e senilidade prematura." A área de terra utilizada para produzir colheitas para o consumo humano, alimenta proporcionalmente catorze vezes mais pessoas do que quando é utilizada para produzir alimento para animais que, por sua vez, serão abatidos e utilizados como alimento. O animal que se alimenta com as plantas produzidas num acre de terra, até chegar na idade de abate, terá consumido 800 mil calorias produzidas por essas plantas e seu cadáver irá fornecer apenas 200 mil calorias. Tais fatos demonstram que, em termos de produção alimentar é um imenso desperdício econômico e social investir-se na produção da carne ao invés de fazê-lo em plantas comestíveis. Quanto ao teor protéico, sabe-se que o cadáver do animal nos devolve apenas uma pequena parcela das proteínas que ingere, na forma de carne. Veja as tabelas abaixo: Quantidade de proteína consumida na alimentação dos animais, comparada com a quantidade que eles devolvem como alimentação humana em leite e carne, bovina e suína. PROTEÍNA CONSUMIDA PELOS ANIMAIS 100% PROTEÍNA DEVOLVIDA NA FORMA DE LEITE 23% PROTEÍNA DEVOLVIDA PELA CARNE DE PORCO 12% PROTEÍNA DEVOLVIDA NA CARNE BOVINA 10% Calorias (combustível alimentar) consumidas na alimentação dos animais, comparadas com as calorias que eles devolvem como alimentação humana em leite, ovos e carne. CALORIAS CONSUMIDAS PELOS ANIMAIS 100% CALORIAS DEVOLVIDAS NA FORMA DE LEITE 15% CALORIAS DEVOLVIDAS EM OVOS 7% CALORIAS DEVOLVIDAS EM CARNE 4%

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Podemos concluir facilmente que comer carne é um absurdo fisiológico; produzir carne para o consumo é economicamente e socialmente inviável, constituindo-se em fator agravante da fome mundial, pois utiliza área útil ao plantio, reduzindo em 14 vezes o potencial dessa área no que tange às possibilidades alimentares que ofereceria caso fosse utilizada para plantas comestíveis. Jean Mayer, nutricionista de Harvard, calcula que reduzindo-se em 10% a produção de carne, se produziria cereal suficiente para alimentar 60 milhões de pessoas. É alarmante saber que 80 a 90 por cento de todo cereal produzido é usado para alimentar animais de corte. Os cientistas afirmam que é o consumo de carne a maior causa da fome em nosso planeta. A carne é o alimento mais antieconômico que o homem consome, visto que o custo de meio quilo de proteína da carne é VINTE VEZES mais alto do que o da proteína vegetal igualmente (ou mais) nutritiva. Sem falar que (segundo as tabelas que acabou de ver) das proteínas e calorias com que são alimentados os animais de corte, apenas 10% são recuperadas no consumo da carne. Um acre de terra usado para criação de gado fornece apenas 450 gramas de proteína, ao passo que essa mesma área usada para a plantação de soja produz 7.700 gramas! Isto significa que, enquanto milhões de pessoas do mundo estão morrendo de fome, os carnívoros estão estragando vasta quantidade de terras, água e cereais para produzir a carne que consomem. Muitos cientistas dizem que a solução para a crise de alimento no mundo é gradualmente substituir a dieta carnívora pela dieta vegetariana. Diz Pinkus: "Se fôssemos vegetarianos eliminaríamos a fome do mundo. As crianças nasceriam e cresceriam bem

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nutridas e viveriam uma vida mais saudável e mais feliz. Os animais seriam livres para viver naturalmente como crianças selvagens e não forçados a reproduzir artificialmente, para serem engordados com o alimento que pessoas famintas deveriam estar comendo e serem em seguida mortos para agradar o paladar dos carnívoros responsáveis por esse estado de coisas." Compare as seguintes informações: CARNÍVOROS SERES HUMANOS 1) Com garras Sem garras 2) Sem poros na pele; transpiram pela língua para resfriar o corpo Transpiram através de milhões de poros na pele 3) Dentes caninos frontais afiados para dilacerar a carne Ausência de dentes caninos frontais afiados 4) Glândulas salivares pequenas na boca (não necessárias para pré-digerir frutas e cereais) Glândulas salivares bem desenvolvidas, necessárias à pré-digestão de cereais e frutas 5) Saliva ácida; nenhuma ptialina para pré-digerir cereais Saliva alcalina com muita ptialina para pré-digerir cereais 6) Ausência de molares para triturar os alimentos Molares para triturar os alimentos 7) Ácido clorídrico no estômago para digerir músculos animais, ossos duros, etc. Ácido estomacal vinte vezes mais fraco do que o dos carnívoros 8) Comprimento dos intestinos de apenas três vezes o tamanho do corpo, a fim de eliminar rapidamente a carne em estado de putrefação Comprimento dos intestinos de doze vezes o tamanho do corpo, pois as frutas, cereais, legumes, etc. não apodrecem tão rapidamente e, portanto, podem ser eliminados do corpo mais lentamente Quando você come carne se torna responsável pela fome no mundo, pela morte de milhares de crianças desnutridas e pelo desespero de mães que não têm culpa pelo apetite

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voraz e necrófago que o domina! Pense a respeito, aja com a dignidade de um ser humano. Como você pode se permitir ter uma mãe e um pai, ou mesmo ser uma mãe ou um pai para uma criança se você assassina a mãe e o filho de outras pessoas apenas para satisfazer seu paladar hediondo? Não seja covarde, enfrente e domine seu apetite! Com a palavra o Dr. Owen Parrett: "Nos últimos cinquenta anos escolhi uma dieta que não inclui carne (nenhum tipo de carne, nem mesmo de peixe ou galinha). Amo a vida e desejo viver tanto quanto possível. Os dias que correm são agitados e significativos e desejo saber o que está para acontecer. Já passei da idade bíblica dos setenta e sou grato a Deus pelo fato de ainda considerar os dias por demais curtos para tudo que desejo fazer. Ainda mantenho como médico uma satisfatória clientela e gosto de me entregar a outras atividades, mesmo que durante os poucos minutos que me sobram livres todos os dias. A maioria de meus pacientes com a minha idade está aposentada, porém não tenho intenção de aposentar-me tão cedo. Depois de estudar cientificamente e observar a doença e suas causas durante muitos anos, cheguei à convicção de que se eu tivesse comido carne durante minha vida, estaria agora muito decrépito para poder exercer a prática da Medicina. Um médico deve estar em condição de pensar claramente e ter reserva de resistência e energia nervosa. O finado Dr. Alexis Carrel, ganhador do Prêmio Nobel em 1912, reconheceu que a eficiência das células em prover nutrição e eliminar resíduos era o que determinava o envelhecimento dos tecidos. Ele prolongou a vida de um pedaço de coração de galinha banhando-o em um líquido nutriente que também eliminava o resíduo. Tanto

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sucesso alcançou ele que o pedaço de coração de galinha foi mantido vivo desde 1913 a 1947. Depois de 34 anos foi atirado em uma fossa, onde morreu. O Dr. Carrel provou que a duração da vida depende em grande parte da eliminação de resíduos e da nutrição das células. Se pudéssemos regularmente eliminar todos os resíduos de nosso corpo e propiciar-lhe nutrição adequada, poderíamos facilmente desfrutar de vida longa. Se o líquido que banha nossas células estiver carregado com resíduos a vida será encurtada. A Bíblia revela que dez gerações antes do Dilúvio o homem vivia em média 912 anos. Após o Dilúvio o homem começou a comer carne, o que encurtou a vida das dez gerações seguintes para uma média de 317 anos. Há alguns anos, o Dr. Irving Fisher, professor da Universidade de Yale, provou que quando atletas VEGETARIANOS principiantes competiam com os melhores atletas dessa Universidade, esses novatos possuíam mais que o dobro da resistência dos atletas que comiam carne. Johnny Weismuller, o Tarzan dos filmes e campeão mundial de natação havia, enquanto vegetariano, batido 56 recordes mundiais, depois disso passou a se alimentar de carne devido à insistência de seu treinador que julgava a dieta vegetariana insuficiente em proteínas. Enquanto carnívoro, apesar de seus grandes esforços e de sua participação em inúmeras competições, não conseguiu quebrar mais nenhum recorde durante um período de cinco anos. Como os anos haviam se passado e não mais havia conseguido nenhum outro destaque na prática desse esporte, todos julgavam que já havia dado tudo que tinha para dar. Foi então que Weismuller trocou de treinador e voltou a uma dieta vegetariana, que depois

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de algumas semanas o levou a bater mais seis recordes mundiais. Por que isso? A carne contém resíduos que o animal deveria ter eliminado. Uma pessoa que come carne carrega-se com resíduos da carne - quando esses resíduos atingem as células do corpo provocam fadiga e envelhecimento. Entre os produtos residuais do corpo destacam-se a uréia e o ácido úrico. O bife contém cerca de dois gramas de ácido úrico em cada quilo. Quando a carne é cozida os resíduos se apresentam como um extrato solúvel em forma de caldo de carne que muito se assemelha à urina quando analisado. Essa presença do ácido úrico explica o rápido aumento de energias que a carne parece dar, exatamente como no caso do café. O ácido úrico muito se assemelha â cafeína em seus efeitos sobre o corpo. A carne sólida leva várias horas para ser digerida e durante esse tempo o estimulante desaparece manifestando-se então uma diminuição de energia. Outro perigo a que se expõem aqueles que comem carne é a doença no gado. A esposa de um capataz de um grande rancho contou-me que uma das novilhas contraiu pneumonia, o que fez com que fosse conduzida rapidamente a um matadouro e retalhada para venda. O Dr. John Harvey Kellog disse, ao tomar parte de um jantar vegetariano: "É confortador fazermos uma refeição e não termos de nos preocupar com o que possa ter causado a morte do nosso alimento." Um amigo me contou que sua esposa compareceu a um banquete e pediu um prato vegetariano; a seu lado estava um homem que também pediu um prato vegetariano. Este lhe perguntou: - Desculpe-me, mas a senhora é vegetariana? - Sim - respondeu ela - e o senhor? - Não - retrucou o homem - sou fiscal de

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alimentos. Ninguém melhor que os fiscais conhece o número das doenças entre animais sacrificados para a alimentação. Quando eu era estudante de Medicina os professores nos davam provetas para serem usadas no cultivo de bactérias que provocam doenças humanas como a febre tifóide e a peste bubônica. Mandavam-nos preparar caldo de carne, colocar um pouco em cada proveta e contaminá-lo com essas perigosas bactérias. O caldo de carne era perfeito para esses germes e eles se multiplicavam aos milhares. Li em meu compêndio de Pediatria, de autoria do renomado Dr. Emmet Holt, que se dois cães forem presos com correias e alimentados um a água e o outro a caldo de carne, o cão que se alimentou com água viveria mais tempo que o outro. Isso porque o caldo de carne não contém qualquer propriedade nutritiva se dele for extraída a gordura, contendo porém resíduos urinários que rapidamente envenenam o cão. A carne é o mais putrefaciente de todos os alimentos, quando se deteriora nos intestinos pode tornar a pessoa mais seriamente doente do que qualquer outra espécie de alimento. Este fato permite compreender por que os membros de algumas tribos africanas raramente são atacados de apendicite ou câncer, pois raramente comem carne até se transferirem para as cidades onde essas doenças se tomam comuns entre eles. Quanto ao consumo da carne de aves, preste muita atenção a estes fatos: Foi descoberto que o câncer nas aves domésticas apresenta várias formas. Além da forma usual em que os tumores cancerosos são encontrados, há uma forma transmissora em que a ave pode viver de maneira natural, sem o menor sinal de câncer, embora seja capaz de infectar outras aves. Esta forma de

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câncer é tão difícil de descobrir que a única maneira pela qual os pesquisadores podem finalmente determinar se uma ave contraiu a doença é incubar um ovo da ave suspeita durante quatorze dias. Depois dessas duas semanas a casca é esterilizada, o ovo é cuidadosamente quebrado, sendo removido o embrião. Do embrião é retirado o fígado, sendo injetada uma pequena porção do mesmo em outra ave. Caso se forme um tumor canceroso no local da inoculação sabe-se, então, e somente então, que a ave que pôs o ovo está com a doença. Praticamente não existe a mínima possibilidade de que um Fiscal de Alimentos isole todas as aves enfermas e muito menor probabilidade de que o consumidor esteja apto a fazê-lo quando escolher frangos para si mesmo e sua família. Tão generalizada está a doença entre as aves abatidas para consumo que o Dr. Eugene Oakberg escreveu em um jornal: "As conclusões a que chegamos deve considerar a possibilidade de que todas as aves domésticas apresentam lesões microscópicas básicas do linfoma." Isto está em conformidade com a declaração de Ellen G. White: "As pessoas estão continuamente comendo carne que está cheia de germes da tuberculose e do câncer. A tuberculose, o câncer e outras doenças fatais são assim transmitidas." O Dr. Newburg, da Universidade de Michigan, técnico de nutrição das forças armadas, durante a última guerra criticava muito a dieta cámea dos soldados americanos. As autópsias efetuadas nos corpos dos soldados coreanos mortos em batalha não apresentavam endurecimento das artérias. As razões: a dieta coreana fundamentava-se em vegetais e cereais. Uma preocupação médica muito comum é como as pessoas poderão absorver proteína

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suficiente se não comerem carne. O Prof. Rose da Universidade de Illinois, considerado uma grande autoridade mundial no campo da proteína, diz que: "Menos de vinte e cinco gramas por dia é tudo que a pessoa necessita." Se um homem não comer carne, nem ovos, nem leite, ainda assim absorverá a média de 83 gramas de proteína por dia. O Dr. Register e o Dr. Hardinge, ambos atuantes no campo da nutrição humana, afirmam que o consumo de frutas variadas fornece proteína suficiente para satisfazer as necessidades do corpo. A evidência prova que a carne é um fator desnecessário no programa de alimentação e pode introduzir no corpo substâncias capazes de aumentar as doenças crônicas, as infecções e as moléstias degenerativas. Durante a Primeira Grande Guerra, em 1918, a Dinamarca ficou bloqueada por mar e por terra, passando por grande falta de alimentos. Criar gado para o abate seria estúpido, pois representaria uma perda de 90 por cento do alimento ministrado para sua engorda. O Dr. Hindehede, notável autoridade em nutrição foi chamado urgentemente pelo Rei da Dinamarca para achar uma solução para o caso. A nação foi colocada em um regime sem carne durante um ano. Muitos médicos julgaram que tal medida seria calamitosa, mas os efeitos provaram ser altamente benéficos, propiciando um recorde mundial no índice de mortalidade baixa, diminuindo as taxas anuais de falecimentos em 34 por cento, além de uma acentuada diminuição no índice de doenças. O retorno à alimentação cárnea no ano seguinte elevou o índice de mortalidade ao nível anterior à guerra. Minha mesa é abastecida com uma variedade de alimentos deliciosos e a falta de carne jamais me preocupa. Depois de

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estudar as doenças em animais no laboratório, o efeito de uma dieta com carne em meus pacientes durante muitos anos, seria realmente difícil eu passara comer carne novamente. Estou plenamente de acordo com o notável nutricionista da John Hopkins University, Dr. McCollum, que expressou sua opinião de que qualquer pessoa que decida eliminara carne de sua dieta sentir-se-á muito melhor. Um dos fráteres da Fraternidade Kung Fu me enviou uma fotocópia de um artigo de jornal com o seguinte texto, que transcrevo a seguir: "O País da Longevidade Quatro Mil Chineses com Mais de Cem Anos O número de chineses com mais de 100 anos é de 3.765, dos quais 75 por cento são mulheres, informa o diário de expressão inglesa "China Daily". A região com maior número de centenários é Xinjiang, no noroeste do país, onde a percentagem dos favorecidos pelo Deus da longevidade é de 65 por cada milhão de pessoas, acrescenta o jornal. A notícia indica que nessa região os centenários tendem a ser vegetarianos, cultivando a sua própria verdura e tendo começado a trabalhar desde muito jovens. Os centenários entrevistados consideram que o trabalho diário é uma das chaves para preservar a saúde. A China, sociedade basicamente rural e industrialmente pouco avançada, tem cerca de 1.050 bilhões de habitantes e um dos maiores índices de longevidade." Quanto à segunda parte da sétima regra budista, os livros de Medicina informam que a ingestão de qualquer bebida alcoólica, mesmo em pequenas proporções, destrói os neurônios, descalcifica os ossos, lesa as fibras nervosas e os vasos cardíacos, irrita a mucosa gástrica, desarranja os rins, elimina a vitamina B, diminui o oxigênio do sangue, podendo, quando em grande dose, provocar a cirrose

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hepática. Mas a questão da ingestão de bebidas alcoólicas não é tão simples assim. Trata-se de uma doença e deve ser encarada como tal. Na continuidade de minhas pesquisas assisti algumas reuniões dos Alcoólicos Anônimos e ouvi depoimentos de rara intensidade emocional e rico conteúdo humano. Se você ouvisse falar de uma doença que estivesse atingindo nosso país e vitimando 4 milhões de pessoas, afetando-as a ponto de torná-las loucas durante algumas horas todos os dias, isso lhe causaria um certo espanto, não é? Pois fique sabendo que o alcoolismo é uma doença que provoca a loucura em determinados períodos e que as pessoas vítimas dessa doença prejudicam cerca de 20.000 pessoas no Brasil todos os dias, afetando a vida social e empresarial desta nação com custos incalculáveis. Segundo a A.A.A., a doença do alcoolismo ataca uma a cada treze pessoas que bebem e é a terceira doença do mundo em número de mortes. Somente na cidade do Rio de Janeiro uma estimativa situa a existência de trezentos mil alcoólatras. Sabendo-se que cada alcoólatra afeta e prejudica o comportamento de pelo menos cinco outras pessoas em média, temos um milhão e quinhentas mil pessoas prejudicadas diariamente só no Rio de Janeiro. O alcoolismo é uma doença progressiva e, como tal, é acionada pelo primeiro gole ingerido. Estive em reuniões da A.A.A. ministradas em diferentes locais, mas notei que estava sempre presente um pequeno outdoor eletrônico que piscava de forma intermitente e onde estava escrito: "Evite o primeiro gole." Outro cartaz que está sempre presente diz: "Um é muito e mil não é suficiente." Espantei-me da lucidez da sétima regra budista que diz que não se deve PROVAR

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bebidas alcoólicas. Se você provar, já tomou o primeiro gole, não é? Diz também a A.A.A.: "Não adianta tentar convencer um alcoólatra a largar a bebida, até que ele mesmo reconheça a sua incapacidade perante o álcool." O alcoólatra começa bebendo socialmente, mais tarde passa a beber habitualmente e depois começa a perder o controle e a beber sob qualquer pretexto. Nenhum esportista que se preza ingere bebidas alcoólicas e isso inclui os praticantes de artes marciais, mesmo que os anúncios dos fabricantes de bebidas mostrem o contrário na televisão. Não provar, evitar radicalmente o primeiro gole é a melhor atitude em relação ao álcool. 8 - O praticante de Kung Fu deve conter seus impulsos sexuais. Quando analisamos esta norma temos que compreender que ela foi estabelecida para ser adotada pelos Artistas Marciais do Templo Shaolin, que eram Monges e portanto haviam feito votos de castidade. Em se tratando de pessoas comuns de nossos dias, seria exigir demais impor a total abstinência sexual, mesmo porque seria praticamente impossível cumprir essa regra vivendo dentro do mundo. No entanto, podemos observar que é comum a prática de abstinência sexual entre os esportistas profissionais, haja vista as famosas "concentrações" dos jogadores da Seleção Brasileira. A energia sexual quando contida por um ato da vontade pode ser sublimada em realizações físicas (e/ou intelectuais) de excepcional performance. Isso não significa que o praticante de Kung Fu não deva permitir uma livre expressão de sua sexualidade, e sim que deve manter um controle sobre ela. O que se recomenda é que se

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evitem os exageros que contribuem mais para tornar o homem escravo de seus instintos do que senhor de si mesmo. O relacionamento sexual deve ser encarado com normalidade, não se deve atribuir-lhe uma importância desproporcional e nem se deve permitir-lhe que ocupe nossa mente a todos os momentos. É fato notório que os grandes gênios de todas as épocas possuíam intensa sexualidade e muitos autores consideram a sublimação dessa sexualidade como um dos fatores que conduziram esses homens a suas grandes realizações. "Conta-se que dois monges caminhavam às margens de um rio discutindo certos pontos da Filosofia Budista, quando deles se aproximou uma mulher e perguntou-lhes se não podiam carregá-la até a outra margem do rio, pois não desejava molhar suas vestes. Um dos monges, sem titubear, tomou a mulher em seus braços e a levou até a outra margem, depositando-a no chão, retomando à margem de onde partira e continuando a discussão filosófica no ponto em que havia sido interrompida, como se nada houvesse acontecido. Diante dessa atitude o outro monge ficou muito espantado e censurou o companheiro: - Você não sabe que somos proibidos de nos aproximarmos de uma mulher e que jamais podemos tocá-las ?! O outro respondeu: - Eu a carreguei para o outro lado mas a larguei lá, você continua carregando-a." 9 – O praticante de Kung Fu não deve ensinar as suas técnicas a ninguém que não seja Budista. A transmissão completa dos ensinamentos de um estilo de Kung Fu é responsabilidade difícil que preocupa os mestres conscientes de seus deveres. Evidentemente que esta norma também deve ser interpretada, levando

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em conta o sistema de valores vigentes em nossos dias. Na antiguidade os mestres não se permitiam sequer fazer demonstrações públicas. Deixavam isso a cargo de seus discípulos. Fazer demonstrações em primeiro lugar era sinal de certo orgulho pessoal, indigno de um verdadeiro mestre. Em segundo lugar permitia que o público aprendesse movimentos mais adiantados que tinham que ser preservados. Alguns dos mestres mais qualificados do Kung Fu moderno ainda atendem a esse dever e raramente fazem demonstrações públicas. Embora não se exija que os discípulos sejam budistas, é de primordial importância que se verifique a lealdade e o caráter de um praticante antes que se lhes permita o aprendizado de técnicas mais avançadas. As pessoas mudam com o tempo e os brasileiros em geral são multo volúveis e emocionais, julgando seus mestres pela opinião dos outros mais que por sua própria. A violência é um fator marcante entre nosso povo, mormente se observarmos que temos entre nós um dos maiores índices de criminalidade registrado em todo o mundo. Se um professor não for suficientemente responsável na escolha de seus discípulos, acabará por disseminar sua arte entre pessoas menos qualificadas que perpetuarão a violência e a discórdia entre seus alunos. Recomenda-se especial cuidado com professores que falem mal de outros professores ou de outros estilos. Em geral trata-se de pessoas que tentam esconder nas críticas a própria incompetência. Essa recomendação é especialmente verdadeira no que se refere a fofoqueiros de origem chinesa. O fato de um praticante de Kung Fu ser chinês não o transforma em um mestre nem traz dignidade a quem não a possui (mesmo que se auto-intitule mestre). Muitos estilos de

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Kung Fu desapareceram no passado devido a dificuldade de se selecionar discípulos criteriosos que os preservassem. Na intenção de preservar os conhecimentos milenares do Kung Fu sem permitir que um só elemento se tornasse depositário de toda a técnica, o Templo Shaolin nunca ensinava todo seu estilo a um só praticante, preferindo transmitir técnicas parciais a cada discípulo, dessa forma assegurando a unidade do Templo. O mundo se encontra num estado caótico em que imperam a guerra e a violência. Aqueles que moram nas grandes cidades não possuem mais a liberdade de se moverem em segurança pelas ruas, sem correrem o risco de um assalto ou de uma atitude mais violenta por parte das pessoas que lá convivem. O Kung Fu e as demais Artes Marciais são armas poderosas que não devem ser colocadas nas mãos de pessoas menos preparadas. Aquele que ensina apenas as técnicas físicas do Kung Fu isoladas do contexto filosófico e espiritual característico dessa arte, está apenas demonstrando ser um medíocre que semeia a violência no mundo. Que mundo estamos construindo para nossos filhos se semeamos indiscriminadamente a violência? Ê necessário que aprendamos a combater a violência em sua origem dentro de nós, antes que ela se manifeste através de nossos atos. Para isso temos que compreender que o que nos torna violentos é o orgulho. Estamos semeando a violência quando nos orgulhamos do estilo de Kung Fu que praticamos, quando nos orgulhamos do nosso Mestre, quando nos orgulhamos de nossa técnica, quando nos orgulhamos de nossa força física, quando nos orgulhamos de nossa nacionalidade, etc. E por que isso? Porque quando achamos que aquilo que sabemos é melhor que aquilo

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que os outros sabem, estamos adotando um comportamento de superioridade que impõe um certo desprezo para com o conhecimento dos demais, e isso é sinal de uma grande inferioridade nossa. Temos que aprender a respeitar as demais pessoas, e isso inclui aprender a respeitar o estilo e os padrões de comportamento das demais pessoas. Esse aprendizado de convívio harmonioso e tolerante é a marca do praticante de Kung Fu amadurecido e idôneo. Quando permitimos que a semente do orgulho penetre em nosso coração, estamos abrigando o ódio e a discriminação dentro de nós. Nesse momento o Kung Fu que cultivamos cessa de ser uma expressão da arte e passa a ser uma expressão da violência. E seremos piores que aqueles de quem falamos mal, menores que aqueles que expressam modalidades de Kung Fu distintas da nossa. É muito fácil criticar, adotar um comportamento desdenhoso com relação a outros estilos e comportar-se de maneira orgulhosa diante dos praticantes de outras modalidades. Isso é tão fácil que qualquer idiota pode fazê-lo (e geralmente faz mesmo!). É de se esperar que um praticante de Kung Fu tenha mais dignidade e adote um comportamento menos infantil. "Certa feita vários Mestres e seus discípulos fizeram uma demonstração de Kung Fu. Como é usual nessas ocasiões, os mestres se colocaram em fita indiana e ingressaram no pátio onde seria realizada a demonstração na ordem de sua antiguidade (Kung Fu = Tempo de Habilidade). Porém um discípulo fanfarrão e presunçoso adiantou-se e colocouse ao lado de seu professor, ou seja, mais â frente que um mestre de outro estilo que possuía muito mais tempo de treino que ele. E passou a olhar o outro mestre com um ar de

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superioridade como se possuísse o mesmo nível que ele. O mestre o interpelou e lhe disse: - Cheguei onde cheguei porque venci meu orgulho, ao passo que seu orgulho venceu você." 10 - O praticante de Kung Fu tem que se imunizar contra a cobiça, a agressividade e a fanfarronice. Todos os comentários feitos na interpretação da norma anterior são também válidos para a compreensão desta norma. Nada mais ridículo que um artista marcial que se preocupe com faixas, diplomas e carteirinhas de estudante. Quantos atletas de grande potencial encerram suas possibilidades por desistirem da oportunidade de estudar com um verdadeiro mestre, para se prenderem a outros "mestres" menos sérios apenas por serem chineses ou por venderem diplomas. Já dizia Bruce Lee que a faixa serve apenas para segurar as calças. Uma pessoa que se dedica às Artes Marciais deve possuir um desejo sincero de evoluir tanto como lutador quanto como pessoa. Antigo provérbio chinês diz que o maior guerreiro é aquele que vence a si mesmo: só conseguimos vencer a nós mesmos quando dominamos nossos impulsos de orgulho, de fanfarronice, de querer ser mais que os outros. A humildade é a marca do verdadeiro campeão. Um campeão muito papudo é logo esquecido e seus feitos diminuídos. Embora muito do desempenho técnico do Artista Marcial dependa de sua dedicação aos treinos, não devemos nos esquecer que o destaque na Arte Marcial em geral é reservado a pessoas cujas condições físicas hereditárias sejam superiores. Por si só isso deveria ser motivação suficiente para que o praticante dessas modalidades cultivasse a humildade,

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visto que ninguém é responsável por suas condições hereditárias. Nada mais honroso que ver o forte protegendo o fraco, o poderoso socorrendo o oprimido, o virtuoso amparando o débil. A preocupação do Artista Marcial não deve ser tornar-se mais forte que os demais nem vencê-los, e sim tornar-se mais forte diante de si mesmo e vencer-se a si, ao invés de tentar vencer os outros. Muitos já ouviram falar da pecadora que foi atirada aos pés de Jesus para que fosse apedrejada conforme ditava antiga lei mosaica. A resposta de Jesus foi: "- Aquele de vós que não pecou que atire a primeira pedra." Parafraseando a Jesus pergunto: Quem possui suficiente domínio sobre si mesmo para que possa presumir ser melhor que os outros? As vitórias do mundo são sem valor, pois tudo fenece diante da morte; aquele que é forte hoje será fraco amanhã; se os fortes de hoje não ensinam com seus exemplos a proteção dos fracos, quem os protegerá amanhã quando se tornarem fracos eles mesmos? "Na Província de Hopei viveu um camponês chamado Li-Ne-Jam que, apesar de ser pobre e humilde, era um profundo conhecedor do Kung Fu. Um dia foi assistir a demonstração de dois famosos heróis, os irmãos Tai-Ling-Pang e Tai-Lung-Pai, mas não se impressionou muito, pois percebeu que sua própria arte era superior. Ao invés de fanfarronear-se, guardou para si mesmo esses sentimentos e não falou a respeito nem se exibiu. Um dos irmãos percebeu que aquele camponês pobre e maltrapilho não se impressionara com a exibição e o seguiu. Quando Li-Nem-Jam estava novamente trabalhando no campo, aproximou-se por trás e o agarrou fortemente tentando demonstrar toda sua força. Li-Ne-Jam o atirou ao ar facilmente, arremessando-o longe. Surpreso com

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tamanha habilidade, o homem se ergueu e perguntou-lhe como o fizera. - Pura sorte, respondeu Li-Ne-Jam e continuou a trabalhar..." Como aplicaremos essas normas em nossa vida prática, em nosso dia-a-dia? Procure estabelecer um plano de trabalho visando a adaptação destas normas à sua própria realidade. Em 39 anos de prática de kung fu, tives meus altos e meus baixos, afastei–me por um tempo do budismo , e o reencontrei ...ou melhor , o budismo me reencontrou ...e posso assegurar que não há como separar o budismo do kung fu, pois há uma interdependência filosófica, ligada também á saúde física, mental e espiritual. Não pensemos em termos religiosos, como os ocidentais tendem a classificar tudo, pensemos antes em um conjunto de práticas disciplinares, um todo, cheio de partes...as partes não podem existir, nem coexistir isoladas, pois perderiam a essência primordial do todo....e nós, enquanto praticantes de kung fu, somos parte desse imenso todo.

Contribuição : Sifu Sandro Barbosa

nome : sandro lamim barbosa filiação : basílio da silva barbosa e iricê lamim barbosa nascimento : 20 / 01 / 1970 idade : 46 anos rua francisco frias rabelo , 65 bairro : marechal castelo branco cidade : itaperuna estado : rio de janeiro cep : 28300-000 histórico : iniciei no kung fu , em 1977 , no estilo shaolin do norte , na associação de shaolin do norte , no bairro de laranjeiras , rio de janeiro , sob a tutela do sifu alex takahashi kyama .em 1979 , comecei a treinar viet vo dao , com mestre anselmo . em 1982 , fui para são paulo , onde conheci a antiga unk , e lá iniciei meus treinos em wing chun kuen e chan tao chuan , com sifu marco natali , com quem treinei até 1986 . voltando para o rio de janeiro , prossegui meus treinos

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de kung fu com dr . wu chao hsiang , treinando os estilos baguazhang e hsing i , na sua escola , que se situava na rua 7 de setembro , centro do rio de janeiro . estilos nos quais me formei . em 1990 , por conta do trabalho , pude viajar para vários países , estive então na venezuela e treinei os estilos fun chuan e wu lien liban qwan , com sifu su yu - chang . estilos que também completei , por volta de 1993 , reiniciei meus teinos no wing chun . como sifu marco natali havia se aposentado , continuei meus treinos de wing chun , na família moy yat , com sifu eduardo , e depois com sifu alex , que infelizmente pararam de lecionar . treinei posteriormente , informalmente na família moy ka , com sifu monnerat , e depois treinei na família ma xung yi , famíla na qual fiquei até 2015 , e da qual saí devido ao sigung da família ter ido para outra família . hoje leciono kung fu na minha escola , mo kwoon tao zhi kuo ( escola do perfeito equilíbrio ) - centro integrado de kung fu ( c.i.k.f ) ,situada na rua francisco frias rabelo , 65 no bairro marechal castelo branco, cidade de itaperuna , rio de janeiro. estilos de kung fu lecionados na minha escola: - wing chun kuen - chan tao chuan - baguazhang - hsing i - fung chuan - wu lien li ban qwan defesa pessoal lecionada na minha escola : - chin na contatos : ( 22 ) 988524702 - oi ( 22 ) 98888976 - vivo ( 22 ) 981663993 - tim e-mails : [email protected] [email protected] [email protected] face: sandro barbosa

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A paciência como caminho Por Robson Belli

Robson Belli, Marco Natali e alunos do Robson em

curso realizado em Londrina

Todos sabemos que nas artes marciais as coisas não acontecem da noite para o dia, e existem diversos estágios clássicos no desenvolvimento de um praticante de artes marciais, e a falta de paciência e compreensão do praticante acaba sendo um dos principais empecilhos no desenvolvimento das pessoas em nossos dias.

Vivemos dias que cada vez mais as coisas acontecem de forma rápida, porem a formação e não estou me referindo a tornar-se professor, e sim a qualificação a nível qualitativo do praticante como artista marcial em si, tem se tornado cada vez mais difícil,

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afinal as pessoas não tem mais tempo para treinar por 10 ou 20 anos para se tornar faixa preta, sendo que em outros lugares ele levaria 2 ou 3 anos se não menos.

Esta impaciência tem dificultado o caminho de muitos praticantes, bem como o imediatismo dos dias atuais, estão em direção diferente aos ensinamentos do verdadeiro kung fu, mesmo porque, de fato não importa o tempo em que a pessoa chega a faixa preta, o que mais importa e a sua consciência de seu desenvolvimento para portar um grau considerado relevante para toda a sociedade.

Ser um mau faixa preta, o tornará uma chacota entre outros praticantes, uma vergonha para a arte marcial em questão e escola, bem como ao seu mestre, portanto devemos nos voltar a meditação dos nossos objetivos, buscando passar isso adiante a fim de que isso possa contagiar a mente de todos os praticantes, regras, normas, taxas, e todas estas outras coisas são meios muito comuns que visam regular os praticantes, porém, algo melhor seria investirmos em consciência e bom senso.

Limitação do desejo através da consciência do que é certo e das consequências futuras de nossa impaciência, limitação de nossas ações baseados na compreensão global de que nada em nossas vidas está separado, e desenvolver a paciência dessa forma é uma forma de compreender que devemos nos manter disciplinados, pois, a disciplina ela não é conquistada senão a cada dia, alinhados com os ensinamentos antigos, olhando para o futuro, pois, sabemos que a sabedoria vem da experiência, e experiência não pode ser transmitida senão através de histórias, porem a

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verdadeira sabedoria vem da vivencia, e esta demanda tempo.

A sabedoria dos antigos mestres não lhes foi ensinada senão pelo tempo, pois o objetivo final é a grande recompensa, porem o trilhar é tão importante quanto o objetivo, pois é neste trilhar, que chegaremos ao objetivo, e somente por ele obteremos o prêmio final, e este prêmio pode vir a ser reduzido se sua jornada também for curta.

Ser aluno e difícil, eu sei, mas pense em como é ser professor, mestre? Imagine por favor, um agricultor, que antes de ver a planta brotar, tem de preparar a terra, arando-a, preparando o caminho, o meio, então ele fertiliza a terra, e espera a época certa então planta, coloca a semente, aguarda a chuva ou pior tem de ele mesmo criar a agua que abastecera a plantação, e então, ele espera novamente que as sementes respondam e venham a brotar, mas, ainda não acabou o trabalho, surgem apenas os primeiros resultados, mas o trabalho está longe do fim, ele não pode colher imediatamente, ele tem de cuidar das plantas contra pragas, doenças e outras coisas até que por fim chegue o tempo da colheita, mas quanto tempo este agricultor levou esperando, fazendo coisas para que no final fica-se tudo bem? Agora imagine se em vez de um agricultor estivéssemos falando de um mestre de artes marciais, quanto tempo ele levou preparando o caminho que agora você está trilhando, ele preparou tudo antes de você vir, a academia, as técnicas, uniformes, então quando você começa a desenvolver-se, você de forma impaciente e arrogante, acha que sabe mais do que ele e vai embora, troca de academia, porque na outra você

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se formaria mais rápido, ou por que recebeu uma proposta melhor do outro mestre, mensalidade mais baixa, etc...

A falta de ética hoje infelizmente se torna mais e mais comum, a decadência moral tanto dos alunos quanto dos mestres de nossa era é comum de nossos tempos, afinal somos seres humanos, e contamináveis com ideias que muitas vezes não são ditas, mas estão diretamente inseridas em nossa sociedade, meio, mas uma boa sugestão se faz em buscar os conselhos dos antigos, buscar o resgate de valores a algum tempo esquecidos.

A paciência tanto dos professores quanto dos alunos deve ser reforçada, a correta compreensão de que ela e um dos pilares fundamentais para nosso correto desenvolvimento em qualquer coisa nas nossas vidas, mesmo no campo técnico, não é uma técnica que você aprendeu hoje que funcionará amanhã, se faz necessário treino, simulações, aplicações, dezenas, centenas de vezes, as vezes até mesmo milhares de repetições, para então dominar a técnica e isso demanda tempo, tempo de pratica, tempo para digerir a informação.

Apressar-se no desenvolvimento de algo e tornar aquela coisa de certa forma mais fraca em algum aspecto, como artistas marciais, devemos compreender o poder da paciência, e seu correto uso aplicado tanto a alunos como com relação a mestres, você alguma vez refletiu pelo menos durante alguns minutos em que mais paciência contribuiria em seu desenvolvimento como artista marcial ou mesmo ser humano.

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As pessoas comumente dizem que não tiram tempo para meditar, apesar de muitos dizerem que gostariam muito de fazê-lo, pois bem, se você for uma pessoa normal, responda para mim quanto tempo você passa pensando em problemas, ou em coisas negativas, então que tal, usar este tempo para meditar (pensar) a fim de se tornar alguém melhor, observando a questão como um todo e não somente seu lado amargo, busque pensar em formas de solucionar problemas, através da observação da questão como um todo distante, o que você diria a alguém que lhe conta-se esse problema?

Tirar um tempo para meditar sempre se mostra algo fantástico, fazer alguns exercícios respiratórios, esvaziar-se da carga emocional, libertar-se do ego por alguns instantes as vezes lhe permite ver mais longe e com maior clareza, e com isso lhe mostra que bons resultados podem se esperar de certas atitudes suas.

Busque sempre o caminho livre de atalhos, pois a experiência acaba por muitas vezes sendo mais gratificante que o próprio resultado em si, os tijolos de nossas estruturas mentais são nossas experiências, e são elas que constroem fundações solidas ou fracas, que no futuro podem vir a condenar toda a obra, mesmo que seja boa.

Aos alunos recomendo pensar que se o seu mestre não lhe transmite mais conhecimento talvez ele esteja esperando ver você desenvolve-o antes de te dar mais coisas para pensar, talvez ele veja que você precisa de algo, mas talvez ele mesmo esteja ainda procurando para lhe dar, antes de progredir com seu treinamento, pode também ser um teste.

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Aos professores e mestres recomendo que não deixem o aluno apenas pensando ou supondo coisas, sejam claros, quando sentir que seu aluno aprendeu muitas coisas, mas, precisa se aperfeiçoar nelas, deixe claro isso a ele, e você verá ele se esforçar como louco para se desenvolver, pois todo ser humano tem sede de conhecimento.

Com relação a si mesmo, que tal tirar alguns momentos do dia para uma meditação, contemplação, nada acaba por ser mais gratificante do que se descobrir bem apenas consigo mesmo, cuidamos muito de nossa aparência ou mesmo de nossa imagem frente as pessoas, mas que tal cuidarmos um pouco de nos por dentro.

E acredite, você precisara de paciência para isso, pois o ser humano é deveras resistente a mudanças dentro de si, todos nos vemos como pessoas abertas, conscientes, mas alguma vez você se deu o direito de duvidar de si mesmo, de se questionar.

O desenvolvimento da paciência é algo fantástico, pois veremos o mundo de forma mais lenta porem com mais detalhes, poderemos apreciar melhor, mesmo a comida, ao mastigar mais vezes.

Então imagine-se desenvolvendo a paciência no tratamento com relação as próprias expectativas, tenha calma, a vida sim parece curta, quando não aprendemos apreciar os momentos adequadamente.

Outra questão de impaciência, muito bem tratada na pratica do Taichichuan, porem um pouco ausente na pratica de outras artes marciais pelo que posso perceber e a ausência de uma filosofia que nos coloca

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exatamente onde estamos, nos concentrando exatamente no que estamos fazendo, vivendo o momento integralmente, a cada respiração, buscando aperfeiçoar mesmo que sejam nossos menores movimentos.

Esse foco, essa concentração, esta dedicação ao momento e o compromisso de não fugir do agora, esta atitude de tratar o agora da melhor forma possível, não pode senão ser uma forma de expressão da paciência, e isso torna mesmo a fato de estar movendo os membros e respirando uma experiência primorosa, quase espiritual.

As artes japonesas como a arte do chá, ikebana, origami entre muitas outras, dão foco extremo a isso, e realmente pude ter experiências muito interessantes neste campo, atingindo níveis de concentração raramente experimentados por mim em situações cotidianas, onde vivemos no piloto automático, e queremos de fato ver o tempo passar cada vez mais rápido.

O que estou de fato tentando lhe convencer neste texto, e em buscar aprimorar-se no uso da paciência, como um todo, e lhe mostrando as possibilidades que podem ser alcançadas a nível de melhoria de vida, dentro e fora do tatame, pois nosso tempo dentro do tatame é relativamente curto comparado ao tempo que somos “pessoas normais”.

E você trazer isso de dentro do tatame para fora pode ajudar você a se tornar melhor em praticamente tudo que decidir fazer, desacelere seu ritmo, concentre-se mais, vivencie melhor suas experiências, de forma

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mais agradável, e você verá que o tempo passara de forma diferente, e você se lamentara pela sua velocidade.

Liberte-se da ansiedade, procure pensar observando o longo prazo, sei que este é outro obstáculo não só para nossos tempos modernos, mas, para nossa cultura, porém, tudo que vale a pena, de fato leva um tempo, pense nisso.

Saber esperar, saber agir, estando presente, você saberá os momentos de agir e entendera os momentos de esperar, acima de tudo aproveite.

Robson Belli Iga-Ueno, Mie, Japao 28 de abril de 2016 17:50

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Fundamentos da Filosofia das Artes Marciais

Por Grão Mestre Dr. Leandro da Costa

Silêncio

Deve-se aprender a ouvir e aquietar a mente pois, muitos artistas marciais, treinam em euforia e se tornam indisciplinados na, pratica de treinar a arte marcial, pois as artes marciais principalmente asiáticas como, Karate, Kung Fu e Kickboxing Japonês, precisam de muita concentração para que, os praticantes tenham, um entendimento realista e espiritual do que estão treinando, o silêncio faz parte do primeiro degrau do domínio espiritual do verdadeiro artista marcial.

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Relaxamento

O praticante marcial deve saber relaxar o corpo e a mente, deve o mesmo sentir a sua força vital fluir normalmente pelo seu corpo em um processo natual, de bem estar físico e mente, pois no momento do relaxamento o corpo e a mente se ligam com o espírito e os três em um só formam a força que o artista marcial necessita para crecer em seus rigorosos treinamentos.

Aprenda a relaxar sua mente e será um verdadeiro artista marcial.

Estabilidade

A estabilidade do nosso ser é fundamental para, o artista marcial pois, temos que preservar a base do nosso eixo central do corpo para, nos desenvolvermos como mestres e praticantes, nas artes marciais existem muitos confrontos internos e externos, devemos buscar a nossa estabilidade para, que possamos nos realizar por completo como artista marcial.

Leveza

O corpo físico e mental deve estar leve, relaxado e suave, devemos buscar nossa energia interior para nos sentirmos fortes e firmes, todos nós temos a nossa própria força interior, a desenvolvemos para a plenitude de nossos movimentos marciais em total dinâmica. Busque sua leveza marcial.

Concentração e Meditação

Muitos mestres de artes marciais chegam neste titulo sem , conseguir atingir este estagio de concentração pois, muitos

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vêem as artes marciais somente como luta e não como filosofia de vida, muitos desistem de continuar por se decepcionar consigo mesmo, pois a virtude maior do artista marcial é atingir o próprio equilíbrio de concentração e poder meditar para o seu autocontrole emocional, podendo transmitir serenidade e estabilidade a seus discípulos a, partir da pratica correta das artes marciais.

Contatos com o, Grão Mestre Dr. Leandro da Costa, praticante e estudante de artes marciais, karate, kung fu e kickboxing desde 1984, Faixa Preta 9º Dan de Kickboxing Japonês Seishingodokan, Faixa Preta 7º Dan de Karate de Combate Bukeikoryu, Faixa Preta 6º Dan Karate Shotokan, Faixa Preta 5º Dan em Defesa Pessoal (SAS), Primeiro Mestre de Kickboxing Formado no Rio Grande do Sul, Grão Mestre Doutor em Artes Marciais e Doutor em Ética, Mestre em Filosofia Asiática, Filósofo Terapeuta, Registrado na Associação Latinoamericana de Terapeutas reg. ALATE ter 0366, Profissional de Educação Física reg. CREF 004025/Rs, Faixa Preta Internacional Registrado e Diplomado no Japão pela SKIF, FJMK e IKO, Estudante de Kung Fu, Discípulo de Filosofia do DR. Marco Natali, Presidente da Associação Garra de Tigre de Artes Marciais - AGTAM, Instituto Brasileiro de Estudos Marciais – IBEM, Confederação Brasileira de Kickboxing e Full Contact do Brasil – CNKFB, End: Rua General Osório, 904 centro Pelotas-Rs CEP: 96020-000, tel 53-9988-0938 – email,

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Tigre Branco Kung Fu

Wagner Ballak

Ni Hao Ma? Como vai você? Meu nome é Wagner Ballak. Sou um amante das Artes Marciais. Em especial, do Kung-Fu Chinês.

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Hoje, vou contar a minha história como praticante “ad infinitum” de um dos estilos de luta mais cativantes que já existiu. O melhor presente de aniversário da minha vida Quando eu era criança, até os 12 anos, eu era bem magrinho e levava a pior na rua. E decidi acabar com essa condição, pedindo para meus honrados pais me matricularem em uma escola de Kung-Fu. E fomos meu irmão, um amigo chamado Ricardo e eu. E isso ocorreu no dia 30 de agosto de 1989, quando eu estava fazendo aniversário de 12 para 13 anos. Esse foi o melhor presente que já ganhei na vida. Eu iniciei meus estudos nesta antiga arte em 1989, na Associação Long-Teh (Dragão Aplicado) de Kung-Fu, do ilustre e honrado Mestre Tsao A Po (nativo de Taiwan), no município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo. O estilo chinês que Mestre Tsao trouxe chama-se Nam Pai Shao Lin (Estilo Shao Lin do Sul). Nesta época, eu pude contar com a orientação pedagógica de 7 professores faixas-pretas, formados da primeira geração. Mestre Tsao, desde 1984, em Ubatuba, quando chegou de Taiwan, desenvolveu o Wu Shu (Arte Marcial em Chinês), além da ampla e vasta cultura chinesa: culinária, terapia e massagem, Kung-Fu, Chi Kung e Tai Ji Quan (Tai Chi). Além disso, Mestre Tsao veio ao Brasil também como missionário de uma doutrina chinesa conhecida como Tao (O Caminho).

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Assim, permanece até hoje, como grande nome do desenvolvimento da cultura no Vale do Paraíba e Litoral Norte. Só por curiosidade, Mestre Tsao também é empresário da área hoteleira e sua pousada chama-se “Pousada Taiwan” em Ubatuba, onde a Associação Long-Teh ainda permanece viçosa como o bambu, funcionando no piso superior. Atmosfera daquele tempo: os treinamentos

Treinávamos em um verdadeiro templo chinês (onde era a residência do Mestre Tsao. Ele desenvolvia, com sua família, atividades terapêuticas como massagens e Artes Marciais). Havia um aroma de incenso inacreditavelmente sedutor, mandamentos que permeavam nossa conduta enquanto eternos pratoicantes de artes marciais. eternos praticantes marciais.

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Havia a estante de armas, as flâmulas, os símbolos, o altar para as cerimônias no fim de cada treino, tambor e címbalos para a Dança do Leão (Wu Shi). Não posso deixar de mencionar o imponente quadro do General Kwan Kung (ou Guan Yu – 160 e 219 a.C – e seus irmãos de guerra: Liu Bei e Zhang Fei. Os grandes guerreiros chineses, idolatrados pelos praticantes de Kung-Fu, indispensáveis em qualquer estabelecimento que projeta cultura chinesa). O fundador do estilo “Tamo” (Buda) estava no centro do altar, entre incensários e decoração típica chinesa. O exótico e sinistro “Chi Kung” Chi Kung Chi Kung significa “trabalho de energia” ou “força vital”.

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Os asiáticos focam a energia contida no corpo e conseguem direcioná-la para áreas específicas. Com treino e ciência, é possível entender a prática velada aos curiosos e iniciantes. Mas, obrigatória aos iniciados. No meu início, senti um frio na espinha. Afinal, eu ficava impressionado demais com meus professores arremessando sacos de pedras britadas, preso por uma corda à viga do teto, e parando o saco com a cabeça. E vi que era isso que queria fazer também.

Os treinos de “Chi Kung” eram fechados e ninguém podia assistir. Eram treinos que aconteciam no templo (centro de Ubatuba) às terças, quintas e sábados. Eram chocantes ao simples olhar. Os treinamentos eram voltados à respiração e à autoflagelação do corpo com acessórios ou mãos nuas.

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Consistiam em golpear o próprio corpo com sacos de pedra ou areia, bastões, sustentar o corpo sobre estruturas com pontas de madeira, exercícios isométricos até que o corpo tremesse e treino de resistência absurdo. Batíamos, com energia e vigor, os punhos em variações como garra, faca da mão, punho cerrado e costas das mãos em um saco feito de tecido como “jeans” sobre uma mesa de madeira. Fazíamos flexões em caixas com areia grossa da praia até que as mãos adquirissem calos enormes (traumatismos). Batíamos as cabeças na parede em uma movimentação cadenciada e controlada. Corríamos do centro ao cais do porto, 5km de esforço para ir, e 5km para voltar. Corríamos e treinávamos no Morro do Matarazzo (na barra da praia de Iperoig em Ubatuba, no centro). Uma loucura. Tínhamos apenas os domingos de folga! Como resultado, o corpo se transformava em uma arma que pudesse resistir a qualquer tipo de ataque. Em apresentações, o que chamava a atenção era a resistência surpreendente dos Professores aos “castigos”, como sustentar pessoas sobre cabos de enxada pelo pescoço, entortar lanças de ferro no pescoço e sustentar um carro sobre o abdômen. Além disso, havia o “homem de pedra”: geralmente havia 3 faixas-pretas. Entre cada um deles uma pesada pedra. O Mestre as quebrava com uma marreta até o último homem. Impressionante era o Mestre cortar uma cenoura sobre o corpo de um faixa-preta com um machado afiado, sem danificá-lo.

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Isso era apenas uma parte do show. Lutas combinadas, quebramento, destreza com armas e acrobacias faziam a “festa”, com bastante gelo seco e canções chinesas. Somente os monitores (segunda fase / primeiro grau, equivalente a uma quarta faixa de graduação em outra Arte Marcial), geralmente após dois anos de treino, poderiam iniciar treinamento em Chi Kung. Instrutores e Professores eram obrigados. Após o treino, que levava 3 horas, havia um exercício chamado “Wai Tan Kung” que era uma rotina de 12 exercícios que precediam o “Tai Ji Quan”. Tudo isso formou um estilo sólido, inenarrável e perplexamente mágico, com seus segredos que faziam a pele arrepiar. Espiritualidade e vida social Em cada início de ano, participávamos de cerimônias como o “Ano Novo Chinês”, cerimônias de chá e frutas. E também, a “Cerimônia do Tao”, conhecida como “Curso de Volta ao Céu”. As cerimônias eram todas em Chinês, sendo traduzidas por uma das filhas do Mestre Tsao, para o entendimento geral. Sobre o idioma Chinês, os professores aprendiam e repassavam aos alunos o máximo que pudessem sobre cultura e disciplina da arte.

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Imagens acima: receitas que o Mestre Tsao e sua família passavam aos alunos graduados, após a Cerimônia do Tao. Frequentemente em viagens para a residência de Mestre Tsao e família em São José dos Campos, almoçávamos com sua família (as delícias chinesas até hoje são apreciadas e lembradas onde quer que eu vá) e praticávamos o verdadeiro Kung-Fu, participávamos de apresentações memoráveis e inesquecíveis. Muitas apresentações em várias cidades onde estivemos eram permeadas com muito gelo seco e músicas chinesas que ainda ecoam em minha mente. Além do aroma da culinária chinesa, carinhosamente oferecida por Shi Fu Tsao e pela Sra. Lai (esposa do Mestre) que era tão marcante e inebriante, ajudávamos a família com afazeres, além dos treinos inesquecíveis. Nunca mais as memórias desses anos maravilhosos poderão se dissipar. Por isso, tal sensação ainda é cultivada. É por isso que treino com amor de um guerreiro, sedento por conhecimento, sabendo que, a cada dia, nada sabemos, podendo aprender muito mais, com humildade de quem valoriza o ensinamento do Kung-Fu. Aprendemos o verdadeiro valor da disciplina física, mental e espiritual. Posso dizer que foram uns dos melhores anos de minha vida.

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Até hoje, ao lembrar desse tempo, lágrimas escorrem dos meus olhos, mas, são lágrimas de saudades de um tempo lindo. Não são de tristeza. Torneios e eventos

Participei de vários torneios, entre 1990 a 1993. Em 1993, fui campeão do “2º Torneio Aberto de Artes Marciais”, com três lutas (ver o vídeo abaixo). Fui campeão de rotinas (katis) em eventos como o “TAF”, entre outros. Em São José dos Campos e em Monteiro Lobato (cidades do Vale do Paraíba), realizamos muitas apresentações. Porém, tudo era bastante regional, sem patrocínio. Tudo foi realizado com dedicação esmerada de meus professores e Mestre.

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Exames de faixa O que vou relatar aqui não é um conto qualquer. Trata-se do rigor que muitas academias, hoje, evitam para não perder alunos. O exame dava arrepios. Os alunos dependendo do grau, acumulavam rotinas: 15 exercícios (dos inícios dos treinos), 15 bases tradicionais (a essência do Kung-Fu), Katis (cada grau exigia o Kati ou Katis daquela fase), flexões de braço até aguentar, abdominais até aguentar, sustentação abdominal (isometria) armas brancas, chutes, idioma chinês e combate com graduado. Porém, o exame para instrutor ou faixa-preta não era algo agradável nem de se ver. Meu último exame ocorreu em 1993, o mês era dezembro, às 3 da manhã. Não me lembro do dia da semana. Apenas sei que saí com meu irmão da academia e fomos direto para a escola (eu estava no segundo ano do colegial). E a diferença: eram 6 Katis avançados (sem parar), 5 armas: Dai Dao (facão flexível), Shuāng jié gùn (nunchaku), Gun (bastão), Mao (lança) e o San Cha Ji (tridente). flexões de braço até aguentar, abdominais até aguentar, rolamento, saltos, sustentação abdominal (isometria), chutes, idioma chinês e combate com Lao Shi. A última rotina: ficar na posição “ma-bu” (base do cavaleiro) até não aguentar mais. As pernas tremiam demais. Eu suportei ficar 30 minutos. Meu irmão suportou uma hora seguida. 4 horas de exame. Hoje, nota-se que em qualquer momento de dificuldade,

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muitos desistem de seu caminho e não conseguem chegar à faixa-preta deste estilo. Muitos acreditam que não é possível implementar novamente este método, pois, não teria alunos para treiná-lo.

Porém, o Kung-Fu real é assim mesmo. Com rigor sobre-humano. Os finalmentes: a hora da mudança Em 1994, após o fechamento da academia para reformas (onde o Mestre Tsao transformaria mais tarde o antigo templo em pousada), mudamos para um local extremamente rústico, onde uma galeria comercial acabara de ser locada para os treinamentos, com chão de paralelepípedo.

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Foi um dos momentos de mudança intensa e memorável. Depois, mudamos para um galpão que era uma madeireira. Logo, houve mais mudanças e em 1994, finalmente, treinávamos em uma famosa escola particular, conhecida como Taba. Em 1995, eu deixei Ubatuba para iniciar minha vida profissional em São Paulo. Permaneci até a terceira fase / terceiro grau (Instrutor, faltando uma faixa para a preta, equivalente à faixa-marrom). Agradecimentos especiais aos meus professores que tiveram muita influência no meu desenvolvimento marcial:

Kung-Fu: Mestre Tsao a Po, Milton, Marildo, Fernando Uta, Gilmar Matsuoka, Davi, Mauro, Tsao Shu Ju (fila de Mestre Tsao), Tsao Kuo Long (filho de Mestre Tsao), Emerson e Adão Coelho.

Kickboxing / Boxe / Muay Thai e Contact Combat / Bushi-Jutsu: Mestre Durval Netto e Mestre Drago.

Tae Kwon Do: Prof. Luiz (Kickers, SP).

Hap Ki Do / Hae Dong Kum Do: Mestre Reinaldo Leonardi e Prof. Paulo Roberto. Sem limites Porém, em 1995, mudei-me com meu irmão para São Paulo, onde trabalhávamos em uma empresa de Comércio Exterior coreana.

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Continuei meus estudos marciais e pratiquei um dos estilos coreanos clássicos em 1996: o Tae Kwon Do, na Kickers Tae Kwon Do Club (ver sequência do exame de faixa, abaixo), no bairro do Campo Belo, zona sul de São Paulo. Porém, sempre praticando o Kung-Fu em horários de folga. Adquiri o grau amarelo e continuei até meados de 1997.

Em meados de 1998, voltamos para Ubatuba. Reiniciei os treinamentos em Kung-Fu de forma mais concatenada com outros tipos de treinamentos como musculação e exercícios isométricos / calistênicos. Em 2004, voltei para a cidade de São Paulo e trabalhei com meu tio em uma empresa da área de publicidade. Em 2005, comecei a trabalhar em uma multinacional americana (Amway do Brasil) como Web Designer. E iniciei meus treinamentos em Boxe na Companhia Athlética. Juntamente com esse treinamento, continuei a esmerar-me na musculação. Em 2006, de volta à Ubatuba.

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Iniciei os treinamentos em Kickboxing, pela AKO (Associação de Kickboxing Octagon) de Mestre Durval Netto. Formei-me faixa-preta 1º DAN em Kickboxing em 2011, com uma rica trajetória. Em 2009, Lao Shi Marildo, seu filho Lao Shi Maico Ramos e eu (fotos abaixo), montamos uma grade de aulas na extinta FAM (Federação de Artes Marciais) em Ubatuba e fizemos acontecer, sem perdermos o brilho.

Em 2010, recebi o 1º DAN da faixa-preta em Bushi-Jutsu (Armas Brancas Japonesas), das mãos do Shidoshi Durval Moassab, 5º grau da faixa-preta. Em 2011, gerenciei, como professor de Kickboxing, um polo de bairro da Associação de Kickboxing Octagon (hoje Octagon Esportes de Combate) em Ubatuba. Em 2012, recebi o 2º grau da faixa-preta em Kickboxing pela Octagon Esportes de Combate. Em 2013, meus amigos de longa data, o super talentoso artista marcial, multifacetado e holístico Grão-Mestre Durval Netto (10º DAN) e o grande Mestre Dalmir Drago (8º DAN)

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criaram um estilo de combate que pudesse igualar um novato em Artes Marciais com alguém experiente utilizando acessórios (as 3 armas: Faca Commando, Tonfa e o Bastão Retrátil), apenas conhecendo técnicas funcionais de combate real. Essa técnica é conhecida como Contact Combat (Arte Militar de Combate). E recebi o 3º grau da faixa-preta. Em 2013, recebi a homologação internacional da ISKA (International Sport Kickboxing Association), diretamente da Flórida (EUA), pelas mãos do Presidente da ISKA, o Sr. Cory Schafer e o Presidente da ISKA América do Sul, Grão-Mestre Carlos Silva, o 2º grau da faixa-preta em Kickboxing, quando a Octagon se tornou Representante Oficial para o Estado de São Paulo.

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Em 2014, um de meus professores mais expressivos daquele tempo de ouro, um de meus ídolos marciais, Lao Shi Milton Francisco, procurou-me para reativar o que estava na penumbra. Em pouco tempo iniciei estudos mais aprofundados com treinos focados em Nam Pai (o estilo Shao Lin do sul da China). No fim do ano, recebi minha tão sonhada faixa-preta 1º TUAN das suas mãos. Um excelente professor que influenciou até hoje meu estilo de luta, pela riqueza de expressão técnica e sentimento marcial, além de plasticidade formidável. Em 2014, recebi do Presidente da ISKA América do Sul, Grão-Mestre Carlos Silva, a homologação de meu diploma de faixa-preta em Kung-Fu na Confederação Brasileira de Kickboxing Tradicional (CBKBT), registro CBKBT-3130-USA/BRAZIL e registro pela ISKA sob registro nº 3130. Em 2015, recebi o 3º DAN em Full Contact, pela Octagon / Federação Paulista de Full Contact, homologada pela CBAMEC (Comitê Brasileiro de Artes Marciais e Esportes de Combate).

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Um novo caminho, mas, sem perder a essência A partir do ano 2000, o Kung-Fu em Ubatuba havia sofrido várias e sérias cisões. Em função das particularidades de cada um (que não serão divulgadas por aqui), houve a necessidade de criar novos caminhos, e cada um evoluiu como pôde. Cada um seguiu seu caminho. Assim como ocorreu no passado distante, peritos de estilos diversos, ao se formarem, saíam em busca de seu aprimoramento e difundiam estilos próprios. É difícil hoje, saber a quantidade exata de estilos de Kung-Fu ao redor do mundo. E no fim dessa jornada de 26 anos (em agosto, serão 27 anos de dedicação), olhando com respeito e apreço para o passado, honrando meus Professores e Mestres, apresento uma proposta um pouco diferente, sem perder a essência do que eu vivi. O tempo passou, estudei, desenvolvi-me como profissional da Administração, como docente universitário, consultor e palestrante ao longo desses anos. Porém, nunca deixei de treinar, de me aperfeiçoar, de cuidar de minhas raízes e de minha saúde. E jamais esqueci o que aprendi. Mas, nunca pude limitar-me a um único conhecimento ou a uma fonte. Assim, mesmo que eu tenha provado de muitas fontes, meu coração me levou ao início da minha jornada. Agora como um iniciado nos segredos das Artes Marciais. Porém, coloco-me sempre como um iniciante nos aprendizados eternos e faço disso o meu caminho: aprender sempre com humildade.

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Como tudo precisa ser adaptado para novas realidades, com toda a minha experiência de um amante das Artes Marciais, decidi seguir com um de meus sonhos: divulgar a arte e a cultura chinesa em um sistema reavaliado, onde este seguirá com elementos clássicos e tradicionais. Não estou modificando o estilo Nam Pai. Estou tornando-o acessível por outros modos, para públicos diferentes, atendendo necessidades específicas. Uma das premissas é o formato itinerante, não engessado dentro de academia. Esse método ensina técnicas tradicionais que apresentam todos os elementos de um tempo dourado, que transformou vidas com a riqueza, complexidade e beleza da arte / cultura chinesa. Uma forma de pensar Não sou lutador e fujo do estereótipo. Prefiro ser chamado de docente, amante de Artes Marciais pela cultura, pelo ensinamento, pela disciplina, transformando vidas pelo exemplo. Optei por conhecer a arte através de treinamento extenuante e direcionamento diferenciado. Estudei e continuo em constante aperfeiçoamento. Já lutei, já competi. Foram fases passadas que não satisfizeram meu ego. Tenho interesse pelo ensinamento e cognição. Atenção à técnica, ao desenho do movimento, da plástica, da beleza e da mágica que fazem do estilo algo único e exótico.

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O que é Kung-Fu Bai Hu O formato tradicional da Bai Hu (Tigre Branco), mantém o rigor da base do estilo Nam Pai (estilo Shao Lin do Sul, com predominância de uso dos punhos).

Bai Hu, obrigatoriamente possui todos os elementos tradicionais do estilo Nam Pai em essência. O sistema “Bai Hu (Tigre Branco)” oferece um treinamento diferenciado, onde o professor vai até o grupo de alunos, seja em empresas ou de modo particular. É itinerante e oferece benefícios incríveis como cultura, técnica marcial desenvolvida para defesa pessoal eficiente e bem-estar através de um treinamento onde é possível perder até 600 calorias em 1 hora e meia de sessão, sem prejudicar a integridade física do praticante, oferecendo o

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melhor do Kung-Fu Tradicional. Público-alvo e tipos de treinamentos

Crianças: 4 aos 17 anos: abordagem sistêmica (cognição pedagógica) / método lúdico.

Jovens e adultos: aplicação do “Sistema de Ciclo” (módulos) ou método normal.

Melhor idade: Tai Ji Quan (Tai Chi Chuan), Wai Tan Kung e Ginástica Terapêutica (alongamento e condicionamento físico).

Defesa Pessoal Feminina: processo de “EMPOWERMENT FEMININO“.

O que oferece como conteúdo?

brancas (Katis), 15 bases, 15 exercícios (iniciais);

asteiras, tesouras e golpes com joelhos que variam de grau de dificuldade: básicos, intermediários e avançados (dependendo do treinamento);

om finalizações;

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Contatos: www.ballakconsultoria.com.br Tel.: (11) 9 9957-6164 (vivo) / (12) 9 9127-9211 (claro) / (12) 3832-2098 (fixo) E-mail: [email protected] www.tigrebrancokungfu.com.br Tel.: (11) 9 9957-6164 (vivo) / (12) 9 9127-9211 (claro) / (12) 3832-2098 (fixo) E-mail: [email protected]

[email protected], sites: WWW.cnkfb.com.br – WWW.karatebrasil.comunidades.net - WWW.garradetigreacademia.com.br

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O caminho do Kung Fu não se limita a violência

Leandro Vargas

Faz um bom tempo que iniciei minha pratica no Kung Fu.

Lembro que quando comecei a treinar ainda passava desenho animado nas manhãs da TV Globo (viram como realmente faz tempo? rs).

Lembro também que alguns dias antes de eu me inscrever na academia entrei em um sebo e lá adquiri um livro chamado O Kung Fu de Bruce Lee – Seu Treinamento e seus Métodos de um autor chamado Marco Natali.

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Li o livro e nunca mais parei de procurar obras do mesmo autor.

Posso dizer que com o tempo pude garimpar todos os livros de artes marciais escrito pelo Dr. Marco Natali e que tais livros (assim como os estudos da Fraternidade Kung Fu da qual me tornei fráter) me auxiliaram e me auxiliam até hoje e não apenas na área marcial.

Diante disso, tente imaginar minha alegria quando recebi do Mestre Natali o convite para contribuir com um capítulo de seu novo livro.

Então, é com muita satisfação que agora tento devolver um pouquinho dos benefícios que pude adquirir através de todos esses anos de estudos junto as obras do Sr. Marco Natali.

Bem, sem mais delongas, deixe-me falar um pouco sobre o Meu Caminho no Kung Fu:

Certa vez me perguntaram o motivo de eu praticar Kung Fu a tanto tempo e o que isso me acrescentou na vida. Na hora eu apenas sorri e respondi que no presente momento praticar Kung Fu estava me ajudando a manter minha saúde e a pagar minhas contas, afinal vivo de dar aulas de Kung Fu. Mais tarde quando parei pra pensar mais profundamente pude perceber que a pratica do Kung Fu simplesmente me deu tudo o que tenho e me ajudou a forjar aquilo que sou. Não sou e nem jamais fui um alienado fissurado por violência, mas o Kung Fu sempre me atraiu.

Inicialmente sim, o que me atraia era a 'beleza da violência' que aprendi a gostar através do filmes.

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Posteriormente meus interesses dentro da Arte foram tomando formas menos infantis.

Comecei a amadurecer intelectualmente e através dos ensinamentos do Kung Fu tive contato com a filosofia oriental e suas ramificações.

Tais filosofias foram fundamentais em minha juventude e me auxiliam até hoje. Lembro que comecei a garimpar todos os tipos de livros sobre artes marciais e filosofia oriental que pude encontrar na livrarias, bancas e sebos.

Treinava e lia constantemente (alias, como faço até hoje) sempre procurando me aperfeiçoar, ser melhor hoje do que fui ontem.

Através da leitura desses livros (em especial os livros do Mestre Marco Natali, que considero um dos meus grandes Mestres apesar de nunca tê-lo conhecido pessoalmente) pude perceber que posso ajudar mais o mundo se eu me esforçar para melhorar um pouquinho a mim mesmo todos os dias.

Somos parte de uma sociedade que esta constantemente influenciando e sendo influenciada , desta forma se nos esforçarmos para que nossa influencia seja a mais positiva e produtiva possível estaremos auxiliando na disseminação do bem, ajudando assim o mundo em que vivemos. Lembro no entanto que uma das coisas que mais escuto quando o assunto é Arte Marciail é aquela velha frase:-"Arte Marcial é bom para o corpo e para a mente.."

Interessante como escuto MUITO falar isso mas vejo BEM POUCO NA PRÁTICA.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 642

"Bom para a Mente" ao meu ver é quando aprendemos algo que alivia nossas tensões, nos ensina a manter o foco, nos educa para sermos mais equilibrados e objetivos.

Enfim, ter uma 'mente boa' para mim é ter maior autodomínio.

E sejamos sinceros, o que mais se vê no mundo marcial atualmente é (infelizmente) gente desiquilibrada, egocêntrica e muitas vezes mal educada.

O que contradiz completamente o quesito de 'mente saudável'.

Muitas pessoas tem dificuldade para lidar com meu jeito de ensinar/treinar/viver o Kung Fu, pois meu foco nesta Arte Marcial é ter maior equilíbrio.

De uma forma geral não encaro atualmente o Kung Fu como um mero esporte, um hobby ou um sistema unicamente feito pra lutar.

O encaro como uma forma agradável e interessante de melhorar a mim mesmo.

Sim as técnicas do Kung Fu foram criadas para a guerra, porém sua filosofia foi criada para a paz.

É o exemplo definitivo de Yin Yang, por isso dou muito valor a cultura e educação das pessoas.

Por isso COBRO um mínimo de educação e cultura daqueles que me procuram para treinar (da mesma forma que também, na medida do possível, procuro fornecer meios de aprimorar a cultura e educação dos mesmos).

Tenho uma meta a cumprir: Pretendo mostrar para as pessoas que Artes Marciais (Kung Fu no caso) não são meramente um amontoado de socos e chutes, mas sim uma poderosa ferramenta de autotransformação se

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 643

soubermos dar o devido valor a elas.

Agora porém preciso dar um ALERTA :

Como praticante de Kung Fu eu estou constantemente buscando me aprimorar física e mentalmente, treinando, estudando, questionando e testando todo conhecimento que a duras penas consigo garimpar, acredito que buscar o 'Caminho da Iluminação' ou seja, o Caminho que nos leva a ser melhores hoje do que fomos ontem e amanhã melhores do que somos hoje é uma tarefa de interesse (e ao alcance) de todos.

Porém (e sempre existe um porém), até o dito Caminho da Iluminação apresenta alguns problemas; problemas estes que não estão necessariamente no Caminho, mas naquele que o trilha. Algum tempo atrás ,conversando com um conhecido ele me falou que não desejava nada, que não precisava mais do que a roupa do corpo, que para ele tanto fazia ter ou não dinheiro pois a felicidade é um estado de espírito. Depois me pediu grana emprestada pra comprar um lanche. Ok. Como já dito anteriormente eu sou um Artista Marcial, treino Kung Fu e sigo a filosofia marcial em minha vida.

Tal filosofia me ensinou a não ser dominado por apegos triviais e que buscar o aprimoramento físico/mental/espiritual deve ser o principal foco de minhas ações. Beleza.

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 644

Eu sigo isso.

E seguindo essa filosofia por um tempo você realmente evolui em muitos aspectos, e o principal deles é o fato de você não viver como um alienado sem rumo ou foco achando que assim esta no CAMINHO DA ILUMINAÇÃO. Veja bem, vivemos em um mundo com sua regrinhas estabelecidas, com seus conceitos formados.

Quando evoluimos percebemos que muitos desses conceitos são tolos e contraditorios, porém saber isso não muda a regra do jogo.

Você ainda precisa de comida, roupas, casa, etc. Você precisa ser um exemplo vivo do quanto a busca pela 'evolução' pode fazer bem, para assim despertar naqueles que vivem ao seu redor o interesse na propria busca pela evolução espiritual/mental.

Se você resolver ser um peso morto na sociedade , contente em ficar atirado no seu cantinho dependendo da ajuda alheia, que raio de evolução espiritual é essa que você acha que alcançou??? Evoluir é perceber, abrir os olhos, encontrar caminhos, melhorar a si mesmo e consequentemente com isso melhorar o mundo ao seu redor. Tenha metas, objetivos (positivos!!), trabalhe para alcança-los. Não seja um tolo alienado .

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O que você sabe não tem valor algum o valor está no que faz com o que sabe. Página 645

O sábio em qualquer caminho encontra sabedoria, o tolo, no melhor caminho ainda só faz tolices.

Bem, aqui termino minha participação nesta obra.

Agradeço de coração ao Mestre Marco Natali pelo convite.

Foi uma honra e um sonho realizado.

Paz e Sucesso a todos.

Leandro Vargas

Instrutor Líder da Equipe Dragon de Kung Fu, autor do livro O Caminho do Kung Fu, discípulo do Mestre Li Hon Shui no estilo Tai Chi Louva a Deus e representante autorizado da Associação Brasileira Wong Shun Leung de Kung Fu Wing Chun.

Para informações sobre treinos de Kung Fu em Caçapava do Sul acesse: equipe-

dragon.webnode.com

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Coach Marco Natali Budismo a Filosofia dos praticantes de Artes Marciais

O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que você faz com o que sabe. Marco Natali Página 646

A essência do budismo ainda viva no Wing chun fat cheong e seus significados. Peterson Menezes

A criação das artes marciais 武功, teve o propósito de

expressar a defesa da espécie humana, ironicamente sua maior ameaça era contra a própria natureza destrutiva do homem.

Portanto as artes marciais eram um meio de defender seu grupo/ individuo, contra ataques de outros.

Falando de artes marciais do oriente, o templo de Shao Lin {Siu Lam no dialeto Cantonês} teve papel importantíssimo em seu desenvolvimento e seu significado.

Assim como o Taoísmo antigo e Budismo e confucionismo!

O templo de shao lin com a chegada do lendário monge Dat Mo {Bodhidharma Sardili da índia} houve uma mudança de paradigma, nasceu o ´´Budismo Chan´´, mãe do posterior ´´Zen´´ , {vertente japonesa mais

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conhecido no ocidente} como este tendo como Berço o templo de Shao Lin.

Para entendermos por que esse templo, tanto do norte da china quanto do sul, foi tão importante para o ´´kung fu´´ , devemos antes entender qual era o objetivo deste tipo de budismo desenvolvido em Shao Lin.

Diferente no método mas igual no objetivo de qualquer doutrina budista, Chan de Shao Lin preconizava a ´´iluminação´´ ! qual o significado de tal objetivo?

Diferente do que parece para nós ocidentais, a tal iluminação não era ´´ver luzes´´ sair do corpo ou coisas místicas no sentido demonstrativo.

Significa algo muito simples na verdade!

Plena atenção, estar aqui e agora, presente a cada momento!”

Parece muito simples! Uma criança consegue fazer isso muito bem, concordam?

De certa forma readquirimos a simplicidade infantil ou espontaneidade como chamamos no Wing chun de tang

son 單純 {simplicidade} portanto nos tornando

satisfeitos e plenamente felizes com o que vivenciamos aqui e agora.

Essa sabedoria vem de nosso intimo ser ,e sempre esteve lá, só que nossas delusões {emoções negativas}, apego ódio e ignorância no sentido de não conhecer essa sabedoria inata, não nos deixavam perceber! {mente dualista, que nomeia e rotula os objetos de nossa percepção como, ´´bons ou mais e indiferentes´´}

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Quando alguém atinge estado ou algum nível de plena atenção {há 10 níveis de iluminação no budismo Vajrayana, as 10 faces extras do Buda Avalokiteshvara de 1000 mãos, representam isso} esta consegue realizar de forma cada vez mais perfeita seja o que quer que esteja fazendo, com perfeição!

Não é a toa que sempre grande obras de arte, estiveram ligadas a experiências religiosas, não importando a religião, pois o que vale é o encontrar interior desse caminho!

Obras de arte como de grandes santos cristãos ou templos budistas extremamente ornamentados de detalhes inacreditáveis, sempre estiveram ligados a essa experiências religiosa da visão da mente de clara luz ou iluminada! Ou seja, de uma integração com o divino.

O homem antigo utilizava símbolos para sintetizar a experiência interior!

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O atual utiliza conceitos, extremamente decompostos de forma cartesiana, para serem compreendidos pela mente discursiva que nomeia os objetos e sentidos, experiência de cada um do mundo!

Símbolos contém insight mais profundo pois são como metáforas..podendo ser aplicados multidimensionalmente a qualquer situação de natureza semelhante, são o contato direto com o conhecimento interior, sem palavras intermediarias da mente dual e discursiva.

Já conceitos no sentido cartesiano, nos separam da experiência interior, pois são analisados, categorizados, nomeados pela nossa mente discursiva nosso ego unilateral!

Claro que devemos utilizar da lógica, porem esta sempre em equilíbrio com nossa intuição,

Qual a diferença de meras alucinações e uma vaga intuição? Como diferenciar estes dois?

Somente a união do método e sabedoria podem responder essa pergunta!

Mudrá budista de meditação, simbolizando a união do método e sabedoria, assim como o ´´arder do fogo interior´´

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Portanto esses símbolos são como setas que indicam um caminho, como metáforas, aplicáveis a diversas situações de natureza .

Quando os monges receberam as artes marciais da China e Índia, inicialmente foi contraditório, pois as regras monásticas do budismo não permitiam matar nem fazer qualquer mal a qualquer ser vivo! A idéia original, de acordo com a lenda, foi que Bodidharma ensinou os monges com a intenção de preservar a saúde, como um tipo de ´´Yoga´´, {na verdade o chi kung ou treino da energia já existia muito antes de Bodidharma, assim como kung fu }

Os monges buscavam a iluminação por meio de meditações, recitação de textos sagrados conhecidos como ´´Sutras´´{textos} contemplação do significado destes, e , vivencia no dia a dia desses conceitos de forma a aplicar eles espontaneamente na vida de forma direta e realizada!

Queriam que essa mente de compaixão {Bodithicha em Sânscrito } se tornasse sua natureza espontânea.

As artes marciais tiveram um papel essencial nesse processo! Pois deram uma nova dimensão a seu propósito da plena atenção ou iluminação:

O que serviria para propósito básico para defender sua vida e de seus companheiros em suas peregrinações contra ladrões e injustiças contra indefesos, serviu posteriormente para treinar a plena atenção, pois, para ter treinar mesmo que de forma simulada com companheiros ou mesmo quando em situações de vida ou morte, se percebeu que a mente se tornava

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extremamente clara, estando plenamente presente para agir de forma rápida e eficaz!

e alem disso, um combate, sendo simulado ou não, exterioriza nossa emoções mais profundas, e com estas a tona, podemos aprender a trabalhar elas de forma positiva!

Quem já esteve em situação de vida ou morte ou de grande perigo sabe que um segundo parece uma eternidade, vemos tudo acontecer em câmera lenta, te tivermos a presença de espírito, tomamos a decisão certa para manter integridade nossa e de outros que estejamos protegendo! {portanto um treino simulado nos ensina justamente isso, calma no meio da ação!, yin dentro do yang}

Vejam que fantástico!

O que inicialmente poderia ter objetivo egoísta se tornou meditação em movimento!

Portanto as artes marciais atingiram outro patamar, justamente por terem adentrado no templo Shao Lin e treinadas e desenvolvidas ainda mais por monges que, por votos monásticos. Não poderiam casar, adquirir bens, fama ou poder, seu objetivo era apenas conseguir clara luz mental, e ir galgando níveis da iluminação {bodhichita em sânscrito }

Ao contrario, em geral, as pessoas mundanas da época, em geral não conseguiram tal nível em artes marciais pois, suas mentes estavam por demasia ocupadas com objetivos mundanos mesquinhos e sem significado espiritual!

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Não é raro ouvir lendas de guerreiros da antiguidade que podiam voar, ou emanavam energia com as mãos e derrotavam adversários a distancia!

Lendas como o do general Kwan Koon e de seu poder guerreiro imbatível!

Quem assistiu o filme ´´Heroi´´ de Jet li´´ viu que sua historia retrata uma lenda de mais de 2000 anos atraz

Em que guerreiros como ´´wu meng´´ ou ´´fan tien´´ enfrentavam exercito de centenas sozinhos!

Nível altíssimo onde era atingido com muito treino mas acima de tudo, controle mental...pena atenção e integração com o ´´inimigo´´ sentindo seus movimentos!

Isso era o que os monges guerreiros de shao lin perceberam e realizaram!

O wing chun surgiu em época turbulenta, de acordo com tradição oral de varias famílias desse estilo {não todas} este foi criado ainda dentro de Shao lin do sul {siu lan} como arma militar letal para rápido treinamento de tropas secretas, para combater a dinastia cruel conhecida como Ching em meados de 1600.

Os Ching conseguirm infiltrar espiões e invadir e destruir o templo de shao lin do sul, matar muitos monges e noviços

Diz a lenda que 5 abades da hierarquia superior de shao

lin {Ng Jô五祖ou os cinco ancestrais} escaparam e mais

de 60 discípulos!

Se diz que Wing Chun foi concebido a partir desses 5 estilos, sincretizando só o que havia de mais direto e que

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levasse menos tempo para se atingir nível letal no kung fu contra os ching

Mesmo com esse objetivo revolucionário, houve o cuidado de se armazenar o conteúdo do Budismo Chan e suas metáforas da realidade! Assim como o trabalho da

energia interna conhecida no ocidente como ´´chi kung氣

功 {hei kong em Cantones}

I wing chun foi composto de forma direta, exemplo:

Em vez de utilizar bases como ´´cavalo´´ e arco e flecha {bases de sustentação para kung fu, típicas em outros estilos floreado e acrobáticos}, o Wing Chun utilizou bases de movimentação com referencia na base ´´yi ji kin yeng mah´´ {postura do caractere 2 de segurar a energia} essa base não era na verdade dentro dos estilos de kung fu anteriores, base de luta e sim, base de armazenamento e absorção de energia do solo, exemplo: no estilo hung gar ou garra de tigre se utiliza essa base em partes das formas para se trabalhar respiração, sons e energia!

Prova esta que o wing chun, por se utilizar de postura de sustentação como essa base yi ji kin yeung mah {também conhecida e interpretada erroneamente como base do caractere 2 de segurar o carneiro, devido o som yeng de energia e yeng de carneiro serem homônimos } por outro lado há linhagens que interpretam a base do carneiro, por sua posição de se firmar no chão antes de desferir sua cabeçada!

Pelo que recebi essa base que anteriormente a criação do Wing chun ser para treino de energia , agora servir como base para movimentação em combate!

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Outra prova irrefutável de que o budismo Chan esta vivo dentro do Wing Chun, são os nomes das formas.

Estes podem ter três significados:

1- Marcial ou mecânico para aplicação marcial.

2-Filosófico, detendo significado para entendimento da realidade e realização da plena atenção, objetivo ultimo do Cham.

3-O trabalho da energia interna ou do chi kung{hei kong}

Exemplo:

1º forma do Wing Chun:

Siu nin tao.. sendo siu=小pequeno, nin=念

contemplação, tao=頭 cabeça {nesse caso significa

iniciar!}

Siu nin é a nossa pequena contemplação, nossa noção auto-centrada que somos o eixo do mundo em que vivenciamos..ou seja..nosso ego!

Você pode pegar os ideogramas siu nin e levar para qualquer monge do budismo Chan ou zen{vertente japonesa do chan Chinês!} que essa pessoa certamente lhe traduzirá como ´´ego´´ sendo outro termo

interessante que prova isso ´´Tai Nin´´大念 sendo, 大tai=

grande, 念 nin=contemplação, esse termo significa

universo, ou seja...a grande contemplação o todo!

Há em outras vertentes que não Yip man Wing chun, formas que se chamam tai nin tao, significando que após termos entendido as ferramentas do siu nin tao e

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seu significado filosófico que não somo o centro do universo, devemos nos integrar com este!

A forma de família Fat cheong de Wing chun, ainda preserva toda cultura relativa a cada nível, cada movimento tem sua relevância nas três esferas, marcial, filosófica e energética!

Assim quando fazemos o ´´hói mah´´開馬 ou abertura e

encaixe da base ´´yi ji kim yeung mah´´ isso alem de significar nos prender com a alavanca corporal no solo e sentir a base baixa conectada ao tan tiem {ponto a baixo do umbigo visualizado como centro de equilíbrio!} filosoficamente significa que devemos nos´´unir´´ com a terra/universo!

Yi Ji Kin Yeung Mah e Sao Kune.

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Entregando nossa massa ao solo! Agora somo unos ao universo! O opoente não esta enfrentando nosso eu/ego/siu nin e sim o universo/tai nin!

Essa relevância aos dias de hoje e sua aplicabilidade, ainda é válida mas de forma diferente!

Não serve para campeonatos, pois, estes reforçam a noção do ego/vaidade, que é justamente o objetivo de reprovação da essência marcial Cham de Shao Lin! E mais, sendo um estilo letal {na pratica os alvos serias pontos vitais, pescoço, olhos, virilha, medula espinhal, e pontos de acupuntura estrategicamente escolhidos , e todo conhecido como Din mak!} sendo que não se aprovam esses meios em campeonatos.

Para quem gosta de treinar mais ´´pesado´´ com contato como estilos de competição, utilizando desse conceito do chan..poderia por exemplo praticar com colegas..e não por competição, não por vitória..apenas por treinar e se desenvolver!

Portanto hoje é relevante de forma diferente, pois..se o leitor não trabalha para o FBI ou algum tipo de trabalho de natureza militar, onde as vezes se exige uso da violência em demanda de parar a violência..o que mais uma arte marcial pode oferecer?

Esta tem que ter a filosofia inata ao seu próprio sistema {ouço muito outros estilos dizerem que ensinam ´´filosofia´´ aconselhando os alunos a , não beberem não roubarem não fumarem...etc..porem isso não tem nada de sistema filosófica inato ao sistema marcial! Isso é conduta...que poderia bem ter sido ensinado pela

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família...pois isso são regras para bem viver em sociedade e manter a saúde! Não sistema filosófico!

Tornando um estilo que apenas treinar para objetivos como campeonatos, vazio por incentivar o ego e vaidade!

Alguns chegam a afirmar que traz ´´auto confiança``, vencer um campeonato,se analisamos de acordo com o que expliquei do Cham!{zen} traz é senso inflado do ego! Vaidade...e mais! Que trouxesse ´´auto confiança´´ . temos que ver que são poucos que são os ´´campeões´´ a maioria perde as luta. Estes ficariam frustrados e raivosos! Isso traria é frustração!

Um sistema marcial completo deveria formar ´´vencedores´´ da vida, não de lutas...lutas são só um aspecto praticamente fora da realidade de hoje! {você só se envolve em uma se estiver na hora errada no local errado,ou for de má índole, ou não medir possíveis conseqüências como, vingança, processo criminal ou a própria morte por meios covardes como uso de armas por parte do agredido!}

Se diz no Budismo que ´´temos que ser completos mesmo que sozinhos´´ ou ´´estar satisfeitos com o que quer que a vida nos apresente, sem nos apegar {já que perderemos Tudo invariavelmente} pois tudo depende das ações que plantamos!´´

Claro que temos que melhorar..a vida significa isso! Para o Cham,.. o importante

É a vida ser significativa!

Não uma busca egoísta de posses e prazeres!

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Se integrar com todos os seres ajudando sempre que possível!

Não se tornar individualista, pois isso é ilusão...tudo que somos, sabemos e temos, foi nos dado direta ou indiretamente por outros! Portanto devemos agradecer a bondade de todos! De nosso presente e passado!

Esse é o ideal budista {vejam que quando cito Budismo, não cito religião ou dogma fixo, o chan tem como característica ser livre, e aplicável como filosofia e meio de vida a qualquer um em qualquer condição, sem altera suas crenças!}

A terceira esfera é a da saúde.

Um sistema marcial completo tem que ter exercícios que seja tradicionais de seu sistema

Não é o caso do que vemos hoje nas academias no ocidente!

Abdominais, flexões, barras etc..são meios baseados no jeito ocidental de fazer exercícios!

Contrariando a teoria chinesa se Chi {energia}

O chinês também fazia exercícios! Mas de forma diferente!

Utilizava em geral, para comparação. Algo parecido com Tai chi chuan,

Meios de exercícios frequentemente lentos e com respiração e visualização!

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Chamados de hei gong {ou o termo mandarim... chi kung!}

Sendo um tipo de isometria controlada..trabalhando todas articulações, tendões, sistema respiratório e cardio-vascular, glandular e nervoso {tudo isso hoje já provado cientificamente..}

Não acho saudável treinar por exemplo, luta de box , os danos podem ser fatais, vão de descolamento de retina {cegueira} a coagulo no cérebro! e danos no sistema nervoso.

Não desmerecendo nossos ´´herois´´ do Box, e outros estilos que o brasileiro se destaca tanto!

Estou falando de saúde agora!

Certamente é mais saudável treinar, sob esse ponto de vista, natação por exemplo!

Tai chi, ou algo que não danifique a estrutura!

O Wing chun Fat Cheong, ainda tem o treino da energia interna e tendões, articulações etc...tradicional chinês!

Assim como Tai Chi Chuan, Bagua Zhang e outros estilos de treino da energia interna!

Preservando o corpo, pois, para nossa jornada no mar do Samsara! {ciclo de nascimento e morte} vida precisamos dele como um barco!

Saúde é essencial para vida e bem estar, sem esta, não adianta atingir metas, adquirir bens, etc!

Portanto um sistema marcial tem que ter essas três coisas:

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Saúde proveniente do treino da energia interna!

Conhecimento filosófico inerente a seu próprio sistema, níveis, significados aplicável a vida para harmonizar nossa vontade com a realidade ,portanto reduzir nossa percepção do sofrimento!

E parte marcial ainda viva, sendo que tem que servir para situação real! Um estilo tem que ser letal em sua aplicação {claro não para o treino do mesmo!}

Esse é um pequeno exemplo da profundidade do estilo Wing Chun em especial a família Fat Cheong!

Hoje me infelicita muito ver que as ditas ´´artes marciais´´ praticamente perderam a essência, o campeonato é uma prova disso! pois esta apenas serve na pratica para envaidecer e dar uma sensação falsa de ´´auto confiança.

Nada mais distante do propósito original que era a plena atenção, iluminação, eliminação do ego no sentido de egoísmo, e integração com toda natureza! {isso não significa que não possamos fazer um concurso amistoso, com amigos, onde o objetivo não seja ganhar e sim desenvolver...}

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Portal na entrada do centro de cultura oriental, o portal simboliza a entrada em uma nova vida, com novo

significado, 武門, onde o aludo deve deixar velhos

hábitos para aprender um novo caminho.

Contatos com o autor:

https://www.facebook.com/peterson.menezes?pnref=friends.search

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Este é para os loucos e desajustados, os rebeldes, os desordeiros, para os peixes fora d‟água, para aqueles que vêm as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras e não nutrem o menor respeito pelo Status Quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou difamá-los. A única coisa que você não pode fazer é ignorá-los porque eles transformam as coisas. Eles impulsionam a raça humana para frente. Enquanto alguns podem vê-los como loucos nós vemos o gênio porque as pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo, são aquelas que o fazem. Steven Paul Jobs (Steve Jobs)

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