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A princípio, queremos agradecer ao Pai Celestial por poder comemorar mais um ano de aniversário de efetivo trabalho da Revista Arte Real. Ao

completarmos, este mês, seis anos de profícuo trabalho em prol da cultura maçônica, resta-nos, apenas, agradecer, em especial, a você que, acreditando na seriedade de nosso trabalho, tem nos prestigiado, razão de nossa existência!

Ao adentrarmos mais um novo ano, passando incólumes pelas profecias do final dos tempos, percebemos, dentro da numerologia, que mesmo que se inicia e traz a expectativa da renovação, do renascimento, da transformação. O número treze, para o povo americano, é tido como abominável e fatídico, assim como o número dois o era pelo antigo povo romano, sendo, em nossas instruções, seus predicados interpretados de forma tão errônea e pejorativa, lamentavelmente.

O treze traz todos esses ingredientes, sugerindo uma transformação nos mais variados aspectos. No estudo dos Arcanos do Tarô, é representado pela figura da morte, ceifando vidas, por isso tão mal interpretado pelos profanos, quando, em verdade, expressa o renascimento, ou a morte como transformação, a exemplo do processo iniciático, morrendo o profano para que nasça o iniciado.

Tal número, também, revela que tal transformação se dá internamente, em cada um de nós. Com isso, obriga-nos a buscar o renascer, metamorfoseando-nos e mudando o mundo ao nosso redor.

O estudo da numerologia, no seu aspecto iniciático, ainda que ensinado de forma superficial em nossos rituais, ou seja, insinuado, como é próprio da pedagogia maçônica, traduz-se em um assunto muitíssimo importante e valioso, revelando-se como uma

imprescindível “Chave dos Conhecimentos Iniciáticos” para o postulante à Iniciação Maçônica. Lamentavelmente, tal estudo foi, por demais, profanado por numerólogos mercenários, levando muitos à desconfiança, ao descrédito e até ao descaso. Carente de verdadeiros Mestres, a maioria das Lojas não desperta o interesse de seus membros para esse e tantos outros estudos inerentes às nossas instruções.

O mundo respira novos ares. A ciência e a religião, ao longo dos tempos inimigas, ora, caminham de mãos dadas; a modernidade finca suas bases no aprendizado da tradição; os opostos são, apenas, extremos de uma mesma essência. Esses são os influxos de uma Nova Era, de um novo mundo. Diante desses fatos, nenhuma instituição ou pessoa deverá se posicionar com base no ostracismo, na inércia, em conceitos imutáveis. Tudo que está manifestado encontra-se em constante evolução e transformação. Nada está parado, portanto cabe-nos uma oportuna e necessária reflexão, em especial, sobre os destinos de nossa augusta e sacrossanta Ordem.

As matérias que ilustram esta edição vêm corroborar com este Editorial, convidando nossos diletos leitores à reflexão. Já que estamos no final de mais um recesso maçônico e início de mais uma jornada de atividades em nossas Lojas, caberia, de parte de cada um de nós, dedicarmos um momento de ponderação para avaliarmos se é esse o modelo de Maçonaria ideal, ou mais viável, para atender as necessidades de nosso país. Peço a todos que reavaliem tal situação, discutam, levem para suas Lojas esse tema e exijam, de forma racional, livre de emoções, exigindo que a nossa Ordem caminhe com passos pautados na lucidez e de forma evolutiva, continuando a ser digna do respeito e da admiração de todos, conquistas de valorosos Irmãos através de séculos, perpetuando, de forma honrosa, nossa história. \

Revista Maçônica Virtual Arte Real nº 68 - Ano VII - Fev-Mar/13 - Pg 02

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Um novo ano começa, e a esperança de um novo tempo invade nossos corações e mentes! A entrada do Ano Novo nos remete à reflexão, à reavaliação de nossas metas,

sempre, na expectativa de progredirmos e de evoluirmos, pois ambas as correntes devem caminhar juntas.

Em meio à troca de presentes, aos abraços e às rabanadas, ficaram, para trás, as comemorações natalinas. O comércio, nessa época, registra recordes de vendas. Falando em consumo excessivo de final de ano, ficamos a pensar onde está a razão do Natal? Comemoramos o nascimento do Mestre Jesus com mesa farta, presentes e roupas novas, em um voraz consumismo, enquanto seu real significado é o renascimento interno, através dos excelsos ensinamentos pregados por esse Avatara, que se doou em sacrifício - não nos cansamos de repetir, em “Sacro-Ofício” - para que a humanidade pudesse ascender em estado de consciência, e não em “status” social, material, etc.

Pobre e cega humanidade, que se aferra à própria vaidade e ao falso brilho do que é efêmero!

Permitimo-nos aproveitar a virada do ano e, tão logo, o carnaval, já que, no Brasil, a praxe é iniciar ano, somente, após esse período, para sugerirmos aos que nos prestigiam, lendo nossas despretensiosas linhas, uma profunda reflexão dos reais valores da vida e um começo de ano sem os grilhões da materialidade, ou, pelo menos, predispondo-nos a retirá-los.

Já que as catastróficas previsões do “fim do mundo” foram descartadas, retomemos a vida, seguindo “para a frente e para o alto”, como nos ensina a “Oração do Combatente da Montanha”. Denodadamente, ostentemos nosso avental e coloquemos em prática o que repetimos a cada Sessão: “tornar feliz a humanidade”. Para tanto, precisamos nos modificar, rever nossas metas e nossos questionamentos, a cada dia, verificar se estamos, de fato, fazendo parte da solução ou do problema.

Toda transformação no mundo começa dentro de nós. Não podemos esperar resultados diferentes agindo da mesma maneira, como quando criamos o problema. Portanto, aproveitemos esse início de ano, esse recesso maçônico, para refletirmos, antes de tentarmos responder á pergunta que tanto escutamos, a ponto de nos parecer tão simples, sendo, por demais, profunda: “o que vindes fazer aqui?”

Está na hora de reorganizarmos nossas gavetas, de desvencilharmo-nos do inútil, de liberarmo-nos da energia estagnada e de iniciarmos uma nova etapa. É fundamental revermos nossos conceitos, ouvirmos, no silêncio de nossas consciências, conselhos de nosso Deus Interior.

O mundo está em constante e acelerada mudança. Os influxos de uma Nova Era já se fazem notórios no mundo, nas crianças de hoje (índigo e cristal). A tecnologia avassaladora, nas mais diversas áreas, exige de tudo e de todos um constante “upgrade”, à guisa de perdermos o trem da história.

O Que Viemos Fazer Aqui?Francisco Feitosa

“Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado.”(Albert Einstein.)

Revista Maçônica Virtual Arte Real nº 68 - Ano VII - Fev-Mar/13 - Pg 03

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Em termos de Maçonaria, é bastante oportuno ponderarmos e debatermos sobre alguns aspectos, como: a imutabilidade dos landmarques; o modelo atual da Maçonaria Brasileira, pulverizada em mãos de uma centena de Grão-Mestres, portanto, desunida e, consequentemente, sem força para defender os interesses do povo brasileiro; a análise dos verdadeiros conceitos de regularidade e reconhecimento, ditados por uma potência estrangeira, que não conhece nossos interesses e não se preocupa com eles, pois, sendo a 3ª maior Maçonaria do mundo, já passou da hora de nos impormos e de não agirmos como um povo colonizado; o resgate do cunho iniciático de nossa Ordem, deixando de ser um “clube de serviços”, em que muitos pseudoiniciados a estão transformando.

Sim, meus Irmãos, o momento é oportuno para revermos “o que viemos fazer aqui”. Em nossos Templos, a ritualística está em terceiro plano, por descaso e/ou por falta de conhecimento e consciência de sua aplicação. Sessões vazias de conteúdo, instruções mal-lidas e sequer comentadas, demonstram certo declínio cultural: cegos guiando cegos. O anúncio do que colheu o Tronco de Solidariedade, em certos casos, chega a ser uma vergonha, levando-nos a pensar quem é que está mais necessitado, os que estão doando ou quem irá receber. A pressa para o término das Sessões faz o ágape passar a ser a parte mais importante do dia de reuniões, voltando aos tempos das tavernas, o que, hoje, costumamos chamar de “loja etílica”. Essa não tem hora de fechar seus trabalhos, e seus frequentadores trabalham nos graus (etílicos) mais elevados!

Já não temos mais tanta influência no meio político. As ações sociais das Lojas estão cada vez mais escassas. Lamentamos dizer, mas estão transformando nossa Instituição em um “corpo sem alma”. Diversas Lojas encerraram suas atividades na primeira quinzena de dezembro e estarão voltando, tão somente, após o carnaval. Estão brincando de fazer Maçonaria! Voltamos a perguntar: o que viemos fazer aqui?

Algumas “potências” (as aspas mais do que traduzem a triste realidade) expõem nossa Ordem ao mundo profano,

disputando o poder do malhete na justiça comum. E, a cada disputa, a parte derrotada se transforma em mais uma “potência maçônica”. Grão-Mestres se perpetuando no poder, formando verdadeiras dinastias, utilizando-se da influência do cargo para atender a interesses pessoais.

Será que conseguiremos, assim, tornar feliz a humanidade? Ou será que, antes, não deveremos vencer nossas paixões e submeter nossas vontades? É notório tais pseudoiniciados aporem junto aos nomes,, inúmeros títulos: 33º, 96º, MKT, e tantas outras siglas, que, confessamos, não as saberíamos descrever, esquecendo-se de colocar em prática, no teatro de suas vidas, tão somente o conteúdo do Grau de Aprendiz. A esses, recomendamos a leitura diária de uma passagem do livro bíblico Eclesiastes: “Vanitas vanitatum et omnia vanitas”..

Quem nos conhece pessoalmente, sabe que somos, no mínimo, um entusiasta e nosso supracitado relato, embora seja a mais dura realidade, jamais, demonstra, de nossa parte, a menor forma de desânimo, muito pelo contrário, percebemos, com isso, que nossas responsabilidades como Editor desta respeitável Revista, em muito, aumentam, pois nos estimulam a continuar elucidando nossos leitores quanto à necessidade de revermos nossa conduta diante desses inúmeros problemas, que dilaceram nossa sacrossanta Instituição.

Aproveitemos, portanto, esse recesso para refletirmos e, também, iniciarmos, em nós, a mudança que gostaríamos de ver no mundo e em nossa Ordem, em particular. Aproveitemos, ainda que tardios, os influxos do Natal, na acepção da palavra, como renascimento, sendo, em nosso caso, o renascimento do Mestre, de nosso Mestre Interior, e façamos essa tão esperada e necessária transformação interna, pois é enorme a responsabilidade que nos cai aos ombros. Após tal mudança de postura, possivelmente, vislumbraremos a resposta para a pergunta que serve como título desta matéria: o que viemos fazer aqui?

Achou o tema oportuno? Leia-o em sua Loja! \

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Os Landmarques na Berlinda“Seria entender mal a filosofia, dizer que aquele que possui o verdadeiro desejo de aprender não se detém na variedade externa das coisas passageiras, das quais só pode ter noção vaga e precária,

mas vai além e busca penetrar a ciência de cada coisa com afã e diligência, que nada pode conter ou ultrapassar até que haja chegado a conhecer o que é, e lhe haja aderido por afinidade de alma e que se

lhe una em toda a realidade, num conúbio cotidiano, que faça surgir a inteligência e a verdade...”

(Sócrates, in “A República”.)

Aqueles Maçons que estão voltados não só para os Trabalhos em Loja, mas também para o que se passa no mundo, devem ter notado que, aqui

e ali, levantam-se vozes, buscando forçar as cúpulas maçônicas a se reunirem e fazerem alguma coisa no sentido de colocar nossa Ordem na estrada, que se abre diante de todos nós com a chegada do novo século.

Temos acompanhado, de perto, o que desejam os Irmãos inovadores, bem como a reação daqueles que não estão de acordo com tais ideias. Um dos pontos que mais têm interessado aos Irmãos desejosos de algumas mudanças é a discussão sobre os Landmarques. Essa discussão vem se processando há já algum tempo. Em 1981, o Irmão Vanildo de Senna apresentou uma tese para o Primeiro Congresso Maçônico Internacional de História e Geografia, realizado no Rio de Janeiro, de 19 a 21 de março, sob os auspícios da Academia Maçônica de Letras.

A muito bem elaborada tese do Irmão Vanildo de Senna tinha o título de “Landmarques (Tese-Antítese-Síntese)”. Anteriormente, em 1978, o Irmão Rosemiro Pereira Leal, na excelente obra “Pesquisa em Maçonaria”, faz minucioso estudo de cada Landmarque de Mackey, contudo sem opinar sobre a validade ou não de nenhum deles. Em 1995, José Castellani e Raimundo Rodrigues, em obra a quatro mãos, ao lado de outros estudos, procuraram mostrar, histórica e filosoficamente, quais os verdadeiros Landmarques.

Em 1999, Luís Miranda McNally escreve “Landmarks: ultrapassando essa fronteira” - obra magnífica sobre vários aspectos - estejamos ou não de acordo com seu conteúdo. Poderíamos citar outros autores e outras obras que tratam do assunto, mas preferimos ficar, apenas, com as supracitadas.

É evidente que não damos ouvidos a Irmãos que desejam a abolição dos Landmarques, esquecendo-se de que ninguém os obrigou a entrar na Maçonaria e, o que é pior, não se lembrando de que juraram

obedecer às leis e aos regulamentos da Ordem. A esses, não damos a menor importância, uma vez que falam pelos cotovelos e estão, apenas, querendo aparecer.

É mister que o movimento tome corpo através de artigos e de obras de escritores de mérito, a fim de que as “cúpulas” dirigentes se apercebam de que a coisa é séria; reúnam-se e cheguem a uma conclusão, qualquer que seja. O certo é que existem pormenores, que devem ser considerados. Vanildo de Senna, na obra citada, traz o seguinte parágrafo: “Na verdade, como assinala Robert Macoy, não é tão importante assim para o estudioso maçônico saber quantos são os Landmarques, mas qual é a sua natureza, que evidência possuem sobre sua antiguidade e sua genuinidade e que prejuízos haverá em aboli-los, extirpá-los ou suprimi-los.

Isso significa que o bom senso deve imperar. Qualquer instituição precisa de ordenamentos para que possa funcionar. Não se pode ser a favor daqueles que, a qualquer custo, desejam abolir os Landmarques, pura e simplesmente.

Já Nicola Aslan dizia que os Landmarques começam a provocar discórdias, e reconhece que o problema é de difícil solução. Há quem diga que só o Brasil e uns poucos países da América do Sul adotam os Landmarques de Mackey. É preciso que se evitem afirmativas desse tipo, que servem, apenas, para revelar o pouco conhecimento que têm das “coisas” da Maçonaria, aqueles que as proferem.

O Já citado Irmão Nicola Aslan escreve que o Irmão Silas Shepherd afirma que, nos Estados Unidos, nove Grandes Lojas reconheceram como Landmarques oficiais os vinte e cinco da enumeração de Mackey, enquanto sete outras adotaram compilações por elas mesmas redigidas.

Castellani, no livro já referido, escreve o seguinte: “Em 1858, segundo consta, ele (Mackey) estabeleceu uma classificação com vinte e cinco

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Landmarques, altamente discutível, até hoje, porque muitos deles são simples regras administrativas, situáveis no tempo, não espontâneas e nem universalmente aceitas. Para se ter uma ideia, da meia centena de Grandes Lojas dos Estados Unidos da América, pátria de Mackey, apenas, nove aceitam, integralmente, sua classificação; sete adotaram compilações próprias; seis sustentam que os Landmarques estão incluídos nas Antigas Obrigações do Livro da Constituição; as demais sustentam que deve ser evitada qualquer tentativa de enumerar, definir e declarar quais são ou não Landmarques, conforme o precedente da Grande Loja inglesa que deixou livre a questão’.

É de ver-se que Albert Pike, Grão-Mestre Provincial da Grande Loja nos Estados Unidos, não aceitando, a grosso modo, os Landmarques de Mackey, partindo, segundo ele, do princípio de que os Antigos Princípios Fundamentais da Maçonaria Operativa eram poucos e bastante simples, estabeleceu como Landmarques, apenas, os cinco seguintes: A necessidade de os Maçons se distribuírem em Loja; O governo de cada Loja por um Venerável e dois Vigilantes; A crença no Grande Arquiteto do Universo e numa vida futura; O trabalho secreto das Lojas; Proibição da divulgação da Maçonaria, ou seja, o sigilo maçônico.

Sem desejarmos emitir qualquer comentário, somente, fazer notar que Pike não menciona a exigência de que, apenas, os homens podem ser iniciados. Em nossa opinião, os itens apontados por Pike preenchem todas as exigências para os legítimos limites.

J.G. Findel estabelece, em nove artigos, a seguinte relação do que ele julga sejam verdadeiros Landmarques: A obrigação de cada Maçom professar a religião universal, em que estão concordes todos os homens de bem; A inexistência, na Ordem de diferenças de nascimento, raça, cor, nacionalidade, credo religioso e político; Tornando-se membro da Fraternidade Universal, o Iniciado tem o pleno direito de visitar outras Lojas; É necessário, para que alguém possa ser Iniciado, ser homem livre e de bons costumes, ter liberdade espiritual, cultura geral e ser maior de idade; A igualdade dos Maçons em Loja; A obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre Maçons, no seio da Ordem, não as levando para fora; A necessidade de manter a concórdia, o amor fraternal e a tolerância, e a proibição de levar para a Fraternidade questões sobre assuntos de política e de

religião; O sigilo sobre os assuntos ritualísticos e todos os conhecimentos hauridos por ocasião da Iniciação; O direito de cada Maçom colaborar no estabelecimento da legislação maçônica, o direito de voto e o de ser representado no Alto Corpo.

Findel não inventou nada; baseou-se na Constituição de Anderson para fazer sua compilação. Como se vê, são legítimos Landmarques, entre os nove itens aí apontados, apenas, os sublinhados. Os outros não passam de prescrições regulamentares.

Jean Pierre Berthelon, que foi Grande Oficial da Grande Loja Nacional Francesa, no livro “Miscellanées Traditionelles et Maçonniques”, estabeleceu, em seis, a seguinte classificação: O governo da Confraria por um Grão-Mestre eleito; O direito de voto, de recurso e de visita de seus membros; A soberania da jurisdição territorial; O recrutamento masculino; A crença na existência de Deus; O livro da Lei Sagrada sobre o altar.

Da compilação de Berthelon só se pode considerar como Landmarques os acima sublinhados.

Não nos esqueçamos de que uma norma maçônica, para poder ser considerada como verdadeiro Landmarque, tem que ser muito antiga, espontânea e universalmente aceita. Por aí se vê que, se um pseudolimite está em uma compilação e não se encontra em outras, é porque perdeu o caráter de universalidade.

Roscoe Pound sugeriu uma relação de oito pontos: A crença em Deus, o Grande Arquiteto do Universo; A crença na imortalidade da alma; O Livro da Lei Sagrada, como parte integrante dos utensílios da Loja; A Lenda do terceiro Grau Maçônico; O sigilo maçônico; O Simbolismo da arte da construção; A necessidade de o Maçom ser homem livre e de idade viril; O governo da Loja por um Venerável e dois Vigilantes.

Nessa relação, os itens acima sublinhados, podem-se apontar como verdadeiros Landmarques.

Vejamos agora os vinte cinco itens apontados por Albert Galletin Mackey: Os modos de reconhecimento; A divisão da Maçonaria Simbólica em três Graus; A lenda do Terceiro Grau; O Governo da Fraternidade por funcionário que a presida, denominado Grão-Mestre, eleito pelo corpo da Ordem; A prerrogativa do Grão-Mestre para presidir as Assembleias da Fraternidade; A prerrogativa do Grão-Mestre para dispensar prazos para a concessão de

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Graus; A prerrogativa do Grão-Mestre para conceder dispensas, a fim de abrir e manter Lojas; A prerrogativa do Grão-Mestre para Iniciar Maçons com dispensa de cerimônia; A necessidade de os Maçons congregarem-se em Loja; O Governo da Fraternidade, quando a Loja está reunida, por um Venerável Mestre e dois Vigilantes; A necessidade de que cada Loja, quando reunida, esteja, decididamente, guardada; O direito de cada Maçom de ser representado em todas as reuniões da Fraternidade e de instruir os seus representantes; O direito de cada Maçom de apelar das decisões de seus Irmãos em Loja aberta à Grande Loja ou Assembleia Geral dos Maçons; O direito de cada Maçom visitar e sentar-se em toda Loja regular; Nenhum visitante, desconhecido dos Irmãos presentes, ou de alguns deles, como Maçom, pode entrar em Loja, sem sofrer antes um exame de conformidade com os usos antigos; Nenhuma Loja poderá interferir nos assuntos de outra Loja; Cada Maçom está sujeito às Leis e Regulamentos da Jurisdição Maçônica onde atua; Que os Candidatos tenham estas qualificações: serem homens, não mutilados, de nascimento livre e de idade madura; A crença na existência de Deus, como Grande Arquiteto do Universo; Subsidiária a essa crença em Deus, a crença numa vida futura; Um “Livro da Lei” como parte indispensável no ornamento da Loja; Igualdade entre os Maçons; O segredo dentro da Instituição; A função de uma ciência especulativa sobre uma arte operativa e o uso simbólico e explicação dos termos da arte, com a finalidade do ensino moral e religioso; Que os “limites” sejam inalterados.

Castellani e alguns outros estudiosos consideram, da relação de Mackey, como verdadeiros Landmarques, somente, os acima sublinhados.

Mackey, citado por Castellani, diz, na obra “Masonic Jurisprudence”: “Há diversidade de opiniões entre os tratadistas a respeito da natureza das Antigas Marcas da Maçonaria, porém o melhor método será limitá-las aos antigos e universais costumes da Ordem, que acabaram por concretizar-se em regras de ação, ou que articularam em leis, por alguma autoridade competente, e o seria em tempo tão remoto que não deixou sinal na História”.

E José Castellani comenta com muita justeza: “Apesar disso, Mackey se contradiz, ao estabelecer a sua classificação, pois acaba criando limites, que não são imemoriais e que foram introduzidos, praticamente, no momento de sua catalogação, não sendo tão remotos, a ponto de não deixar sinal na História” (e se não há sinal na História, como ele os achou?).

Mestre Varoli, em um de seus livros, adverte: “o respeito aos lindeiros é rigoroso, pois eles são imutáveis e não podem ser alterados, a não ser por consenso unânime e universal”.

De nossa parte, pensamos que alguma coisa deve ser mudada; entretanto, enquanto não houver mudança por consenso unânime das cúpulas maçônicas, conforme diz Varoli, seremos obediente aos limites adotados por nossa Grande Loja, uma vez que isso prometemos, de joelhos, perante os homens e perante Deus.

Nota do Editor: diante da pulverização da Maçonaria Brasileira em mais de uma centena de “potências maçônicas”, torna-se uma utopia se encontrar um consenso! Ainda, assim, é imprescindível que acreditemos! \

Revista Maçônica Virtual Arte Real nº 68 - Ano VII - Fev-Mar/13 - Pg 07

Arte Real é uma Revista Maçônica, de publicação bimestral, nas versões virtual e, a partir de julho de 2012, na versão impressa, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro 005-JV na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica. Apresenta-se como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída (versão

virtual), gratuitamente, via Internet, hoje, para 24.000 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, no exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores.Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M\I\ - 33º.Revisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M\I\- 33º.Contatos: MSN - [email protected] / E-mail – [email protected] Skype – francisco.feitosa.da.fonseca / (35) 3331-1288 / 8806-7175

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