o que são os conselhos dos direitos

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O que so os conselhos dos direitos da criana e do adolescente e quais as suas atribuies

O que so os conselhos dos direitosda criana e do adolescente e quaisas suas atribuies

Os Conselhos dos Direitos da Criana e do Adolescente, incorporados estrutura do Estado pelo Estatuto da Criana e do Adolescente (BRASIL, 1990), so rgos pblicos diferenciados pela sua natureza colegiada entre o governo e a comunidade. Os conselhos so rgos compostos paritariamente por organizaes governamentais e no governamentais, que possuem o papel de controlar as aes da poltica de atendimento em todos os nveis. Suas decises tm carter deliberativoA constituio jurdica dos conselhos dos direitos est no Livro II Parte Especial, na seo intitulada Da Poltica de Atendimento , na qual o ECA estabelece as disposies gerais, as diretrizes e as linhas de ao da poltica de atendimento aos direitos da criana e do adolescente. Embora o ECA tenha determinado a existncia dos conselhos dos direitos em nveis federal, estadual e municipal, esta Lei Federal estabelece apenas princpios gerais para a sua criao e funcionamento, delegando a sua criao, de fato, s leis especficas das trs esferas de governo.A criao dos conselhos obedeceu lgica do princpio federativo que regeu a elaborao da Constituio Federal de 1988: a descentralizaopoltico-administrativa do governo federal para os municpios (municipalizao), assunto que discutiremos mais adiante, e a participao popular na formulao das polticas e no controle das aes em todos os nveis (BRASIL, 1988, art. 204).O princpio da participao concretiza uma viso de Estado ampliado, composto pela sociedade poltica (os governantes) e pela sociedade civil organizada.Com base nesse princpio, os governantes passam a compartilhar com a comunidade uma tarefa que antes era exclusivamente deles: a deciso sobre as polticas para infncia e adolescncia e o seu financiamento.O princpio da paridade visa estabelecer uma composio igualitria entre governo e sociedade civil, estabelecendo que ambos possuem poderes iguais nos processos decisrios de formulao da poltica de promoo, proteo, defesa e atendimento dos direitos da criana e do adolescente.Por fim, o princpio do controle social assegura a participao da sociedade no controle das aes dos governos e do aparelho de Estado, visando garantir o cumprimento das leis e a transparncia dos atos administrativos (particularmente dos gastos oramentrios). Desse modo, a sociedade e, em particular, as organizaes voltadas aos interesses das crianas e dos adolescentes assumem o papel de agentes fiscalizadores do cumprimento dos direitos assegurados nas leis e nas polticas para a infncia e a adolescncia.A inobservncia de qualquer um dos princpios descritos participao, paridade e controle gera a impossibilidade de ao do conselho, o desconforto dos seus membros pelo sentimento de inoperncia e o descrdito do rgo.

No seu municpio o conselho dos direitos opera segundo os princpios de participao, paridade e controle?

Que tipo de dificuldade tem enfrentado para atuar segundo esses princpios?Para pensar!!!O papel dos conselhos dos direitos vem sendo ampliado para alm daquele estabelecido pelo ECA. As leis de criao e seus regimentos internos terminaram por delegar-lhes outras atribuies, que podem ser assim resumidas:acompanhar e participar do processo de elaborao da legislao municipal, estadual e nacional relacionada infncia e adolescncia;

deliberar sobre a poltica dos direitos da criana e do adolescente, incluindo o estabelecimento de prioridades, a aprovao de planos especficos e a influncia no reordenamento institucional necessrio consecuo dessa poltica;incidir sobre o financiamento das polticas sociais pblicas, visando garantir o princpio da prioridade absoluta para crianas e adolescentes, incluindo a defesa dos seus interesses na elaborao e na aprovao do oramento pblico, bem como na gesto dos fundos dos direitos da criana e do adolescente;registrar os programas governamentais e no governamentais da poltica de promoo, proteo, defesa e atendimento aos direitos da criana;acompanhar e avaliar as aes governamentais e no governamentais destinadas ao atendimento dos direitos da criana e do adolescente, cobrando mudanas que deixaram de ser executadas;promover, de forma contnua, atividades de divulgao do ECA;mobilizar a opinio pblica para a indispensvel participao dos diversos segmentos da sociedade (BRASIL, 1990, inciso VI, art. 88).Alm das atribuies descritas, outro papel foi atribudo aos conselhos dos direitos, em funo da sua prtica cotidiana: o de coordenar o processo de escolha dos conselheiros tutelares e apoiar o funcionamento dos conselhos. Embora se constitua um importante papel, tem sido usualmente mal interpretado, uma vez que sugere a subordinao do conselho tutelar ao conselho dos direitos. Muito esforo tem sido feito para assegurar que os conselhos dos direitos e tutelares sejam rgos distintos e autnomos entre si e em relao a outros rgos do Estado brasileiro, sejam eles do Legislativo, do Executivo ou do Judicirio.Em relao ao carter normativo do Poder Executivo, a definio das competncias so supostamente concorrentes e as decises dos conselhos deliberativos devem ser acatadas pelas autoridades mximas do Executivo.Contudo, a questo acerca da existncia ou no de uma hierarquia superior das deliberaes dos conselhos dos direitos sobre os atos normativos do chefe do Executivo tema algumas vezes debatido, particularmente mediante um conflito constituinte. O que parece certo, firmado na jurisprudncia, que a deciso dos conselhos dos direitos da criana e do adolescente possui natureza vinculativa, ou seja, a sua deciso em relao aos direitos de crianas e adolescentes deve ser adotada por todos os outros segmentos (governo, outros conselhos e sociedade civil).Compreender o papel dos conselhos municipais dos direitos na formulao e no controle da poltica de promoo e defesa dos direitos da criana e do adolescente significa compreender a relao que eles estabelecem com os conselhos congneres. Desse modo, a definio das competncias entre os trs nveis de conselhos similar quela estabelecida em relao s trs unidades federadas: cada nvel de conselho formula e controla as polticas no seu mbito da esfera federadaAssim, o conselho nacional formula as diretrizes para a poltica nacional de atendimento aos direitos da criana e do adolescente e controla as aes em seu mbito da esfera federal; O conselho estadual formula as diretrizes para a poltica estadual em carter suplementar ao federal e o conselho municipal formula, suplementar e concorrentemente, as diretrizes para a poltica municipal. Embora a autonomia poltico-administrativa do municpio tenha sido ampliada pela Constituio Federal de 1988, ainda existe uma hierarquia descendente de competncias entre os nveis federal, estadual e municipal que limita a autonomia real dos municpios.Como se estruturam os conselhos dosdireitos da criana e do adolescenteA organizao interna dos conselhos est estabelecida no regimentointerno, no qual se regulam todos os procedimentos que devem ser observadospelos membros do colegiado e demais participantes que atuamno rgo como funcionrios pblicos. Esses procedimentos referem-se,por exemplo, periodicidade das reunies, s formas de deliberao, composio das comisses, organizao das pautas e s formas departicipao popular.O regimento estabelece como o conselho vai se organizar para executar a sua misso. Outros itens que podem constar do regimento interno so:assembleias gerais (convocao, funcionamento);assembleias extraordinrias (convocao, funcionamento);presidncia (presidente e vice) forma de escolha, funes e rodzio nas funes;organizao da pauta;qurum mnimo para deliberaes;qurum qualificado alterao do regimento interno, utilizao dos Fundos dos Direitos da Criana e do Adolescente;afastamento e substituio de conselheiros(as);criao e organizao das comisses (permanentes, temporrias);participao de conselheiros(as) titulares e suplentes;formato das votaes;publicao das deliberaes e decises;formas de participao popular.O trabalho dos conselheiros costuma se estruturar em comisses temticas paritrias (CONANDA, 2007). As divises temticas das comisses se baseiam nas atribuies do conselho, previstas na lei municipal de sua criao, e no seu regimento interno. Esses documentos informam quantas comisses o conselho possui, em quantas um conselheiro pode atuar, o nmero de membros de cada comisso e o mandato dos conselheiros nas comisses.As comisses podem ser permanentes ou provisrias, dependendo da demanda do conselho. As comisses intersetoriais podem tambm ser criadas dentre os diversos conselhos que englobam as reas da poltica social para crianas e adolescentes, com o objetivo de elaborar, acompanhar e avaliar as polticas. As comisses permanentes tm o seu funcionamento continuado sobre temticas especficas, que necessitam de ateno constante. Podemos citar, como exemplo, as seguintes comisses:Comisso de Poltica de Atendimento dos Direitos responsvel pelo monitoramento da execuo da poltica da criana e do adolescente no municpio.Comisso de Oramento e Fundo responsvel pelo monitoramento e proposio sobre os recursos do oramento criana/adolescente e do Fundo.Comisso de Garantia de Direitos e Apoio aos Conselhos responsvel pelo processo de criao dos conselhos tutelares.Comisso de Registro, Inscrio e Reavaliao responsvel pelo registro de programas governamentais e no governamentais de atendimento.Comisso de Comunicao e Divulgao responsvel pela divulgao dos trabalhos dos conselhos dos direitos e tutelares.Um aspecto que d suporte para a boa estruturao e desempenho das atribuies dos conselhos o de possuir uma secretaria-executiva tcnica e politicamente competente. Os conselhos dos direitos so rgos colegiados formados por pessoas com muitas outras atribuies em suas instituies, com tempo limitado para o exerccio do papel de conselheiro.Por essa razo, precisam do apoio de uma secretaria-executiva, constituda de uma boa equipe para auxiliar nos trabalhos, chamada, por alguns, de equipe tcnica.Como exemplo do trabalho tcnico necessrio para assessorar as tarefas especficas de conselheiros(as), podemos citar: preparao das pautas e organizao das reunies; elaborao das atas e das resolues; Comunicao entre os conselheiros; manuteno do registro atualizado de entidades de atendimento; realizao de estudos que sirvam de subsdio para as deliberaes do conselho; assessoria na deliberao das polticas e no seu monitoramento e avaliao; e assessoria na elaborao do oramento para a criana e gesto dos fundos. Em muitos conselhos, as pessoas que executam o trabalho tcnico exercem, tambm, o papel de assessoria jurdica e parlamentar.Como planejar as aes doconselho dos direitosPara que os conselhos dos direitos possam assumir suas atribuies de elaborar, monitorar e avaliar as polticas pblicas, influenciar na elaborao do oramento pblico, gerir o fundo dos direitos da criana e do adolescente, registrar as entidades, coordenar o processo de escolha dos conselheiros tutelares e realizar aes de educao em direitos humanos da criana e do adolescente, fundamental que os conselheiros saibam elaborar um plano de ao para estruturar o trabalho a ser desenvolvido.A construo de um plano de implementao de uma poltica um processo pragmtico, que, como um empreendimento social, visa solucionar problemas e atender ao interesse de pblicos diversos (ABEGO,2007). Por causa da variedade de assuntos e pessoas que mobiliza e das decises que exige, seu sucesso est diretamente relacionado ao envolvimento dos potenciais parceiros e beneficirios no processo de planejamento, implantao, acompanhamento e avaliao.Como pr-requisitos para elaborao, um plano de ao participativo deve ter como base filosfica a construo de consensos e a prtica do dilogo; alm disso, precisa incorporar os atores envolvidos com o problema em foco. Frequentemente, possvel que determinados objetivos, metas ou aes propostas atinjam interesses distintos e at concorrentes.No entanto, nenhum dos potenciais parceiros deve ser descartado; todos precisam ser colocados em situao adequada para que possam expressar suas opinies com autenticidade e segurana. Quanto mais pessoas com objetivos comuns e opinies divergentes compuserem a criao de um plano, maior riqueza ir apresentar no que diz respeito realidade de um determinado local.

A efetividade da construo de um plano depende, tambm, da competncia tcnica de quem coordena o trabalho, da escolha dos mtodos e tcnicas participativas e da garantia do dilogo na tomada de decises.Para que as decises sejam coletivas, preciso que todos os participantes criem um conhecimento comum sobre o problema e as possveis solues, integrando, inclusive, o saber de especialistas.No caso de haver conflitos de interesses, necessria uma soluo participativa e no uma negao das dificuldades. Para garantir a participao, preciso que todos os envolvidos se tornem participantes-ativos (obviamente, cada um colaborando com sua parte especfica na construo do todo).Algumas dificuldades costumam surgir na construo de um plano de ao participativo, tais como o eficientismo dos tcnicos, o predomnio da cultura organizacional formal, a tendncia manipulao da comunidade, o apego ao pequeno poder, a subestimao dos leigos e, sobretudo, dos pobres (KLIKSBERG, 1999). Conhecer esses obstculos importante para que sejam reforadas aes que privilegiam o dilogo e a construo de consensos.Um conselho que planeja, implementa o que foi proposto e monitorao desenvolvimento das aes planejadas tem muito mais chances deser pr-ativo e assumir o papel de lder do processo de formulaodas polticas de atendimento aos direitos da criana e do adolescenteno municpio e no estado.No planejar as aes a serem desenvolvidas significa deixar que oprocesso de formulao de polticas continue a ser realizado da formatradicional, ou seja, as polticas so traadas apenas pelo(a) prefeito(a)ou governador(a) e, geralmente, com aes que respondem apenas sdemandas imediatas. A ausncia de planejamento implica, na maioriadas vezes, que o tempo dos conselheiros seja consumido pelas emergnciase pelos problemas cotidianos de violaes dos direitos das crianase dos adolescentes.Tendo em vista a relevncia desse instrumento, como os conselheirospodem realizar um plano de ao? Existem vrios mtodos que podemser utilizados, dependendo dos recursos humanos, materiais e financeirosdisponveis no municpio ou no estado.Para elaborar um plano de ao, o conselho deve responder s seguintesperguntas:O que fazer?Como fazer?A quem dirigir a ao?Quando fazer e at quando?Quem responsvel por cada uma das aes?

Pela Ateno de todos!Muito Obrigado!