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ESCOLA DE RIZONTE BIODANZA SISTEMA ROLANDO TORO DE BELO HO INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION MONOG DANZA RAFIA PARA FACILITADOR DE BIO BELO HORIZONTE, BRASIL ‐ 2011 O que o Cérebro tem a dizer sobre a Biodanza: Um paralelo entre estudos de Neurociência e o Sistema Biodanza Júlio Santos Viotti Orientadora: Liliana Santos Viotti [email protected] 13/08/2011

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Page 1: O que o Cérebro tem a dizer sobre a Biodanza - AGB · e psicologia experimental, que lidam com a estrutura ou o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso ” (5). Portanto,

 

 

ESCOLA DE RIZONTE  BIODANZA SISTEMA ROLANDO TORO DE BELO HOINTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION 

MONOG DANZA  RAFIA PARA FACILITADOR DE BIOBELO HORIZONTE, BRASIL ‐ 2011 

O que o Cérebro tem a dizer sobre a Biodanza: 

Um paralelo entre estudos de Neurociência e o Sistema Biodanza  

 

 

Júlio Santos Viotti 

 

 

Orientadora: Liliana Santos Viotti 

 

 

[email protected] 

13/08/2011 

 

 

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  13/08/2011        Erro! Estilo não definido. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para Paula, Bruno, Liliana e Carlô. 

 

 

 

 

 

 

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  Resumo        Erro! Estilo não definido. 

 

 

 

 

“Há mais sabedoria no seu corpo do que nas suas mais profundas filosofias.”

Friedrich Nietzsche

Resumo  

 

Apesar  de  possuir  atualmente  fortes  bases  científicas,  a  Biodanza  –um  método  de 

desenvolvimento  pessoal  e  humano    pessoalque  combinação  de   música, movimento  e 

emoção  de  forma  a  promover  integração  fisiológica  e  psicológica–  foi  criada  de  forma 

bastante  intuitiva. Por esta  razão, novos achados científicos devem ser aliados ao Sistema 

Biodanza.  Esta  obra  pretende  delinear  correlações  entre  evidências  da  Neurociência  e 

mecanismos  e  efeitos  propostos  da  Biodanza.  Estudos  que  mostram  aprendizado  sem 

percepção  consciente,  mudanças  corporais  que  passam  despercebidas  e  efeitos  da 

autoestima  implícita  atestam  em  favor  dos  efeitos  da  Biodanza  poderem  ocorrer  sem  a 

consciência  imediata  do  participante,  como  é  frequentemente  relatado.  Experimentos 

mostram um papel central da amígdala –um componente do sistema límbico– na empatia, e 

enfatiza a  importância do olhar nos olhos, um elemento muito encorajado nas sessões de 

Biodanza. A importância da expressão também é realçada em achados que demonstram que 

emoções não expressas  são menos  sentidas e que posturas e movimentos  influenciam os 

sentimentos. A teoria do feedback‐facial e as teorias de cognição incorporada dão suporte a 

estas  ideias e ainda situam as experiências vividas e as memórias nos sistemas sensoriais e 

no  corpo,  e  não  em  símbolos  abstratos  dentro  da mente,  o  que  vai  de  acordo  com  as 

propostas da Biodanza de mudanças através da  corporeidade. O Princípio Biocêntrico e o 

Inconsciente  Vital  são  também  correlacionados  com  dados  mostrando  preferências 

corporais  a  estímulos  positivos,  independente  de  avaliação  consciente,  e  preferência  por 

ações cooperativas em crianças de 6 e 10 meses. 

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  Resumo        Erro! Estilo não definido. 

 

 

 

 

Palavras‐chave:  Biodanza,  neurociência,  inconsciente,  empatia,  feedback‐facial,  cognição 

incorporada, Princípio Biocêntrico 

 

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  Conteúdo        Erro! Estilo não definido. 

 

 

 

Conteúdo 

 

Objetivos .................................................................................................................................... 6 

Introdução .................................................................................................................................. 7 

Sobre a Biodanza.................................................................................................................... 7 

Sobre a Neurociência  .......................................................................................................... 11 

Sobre esta Monografia  ........................................................................................................ 11 

Capítulo 1  Evoluindo sem Perceber..................................................................................... 15 

1.1  Percepção Inconsciente do Mundo........................................................................... 16 

1.2  Aprendizagem Inconsciente e Biodanza.................................................................... 20 

 Capítulo 2  Empatia............................................................................................................... 24 

2.1  A Participação da Amígdala na Empatia .................................................................... 24 

2.2  A Hipótese do Feedback Facial  ................................................................................. 30 

 Capítulo 3  Potenciais Incorporados..................................................................................... 36 

3.1  Teorias da Cognição Incorporada e Biodanza ........................................................... 36 

3.2  Potenciais Corporais  e o Princípio Biocêntrico......................................................... 42 

Discussão Geral ........................................................................................................................ 46 

Índice ........................................................................................................................................ 47 

Bibliografia ................................................................................... Erro! Indicador não definido. 

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  Objetivos        Erro! Estilo não definido. 

 

 

 

Objetivos 

 

A sustentação científica que esclarece os mecanismos de ação ou os efeitos de determinado 

método  não  apenas  concede  maior  credibilidade  a  este  método,  mas  também  abre  o 

caminho  para  novas  descobertas  e  aperfeiçoamentos,  seja  no  campo  científico,  seja  no 

próprio método. Consequentemente, esta monografia almeja estabelecer correlações entre 

achados da Neurociência e o sistema Biodanza. Isto pode também ajudar a entender como 

são deflagrados alguns dos efeitos da Biodanza já evidenciados e talvez possa contribuir para 

a aceitação geral da Biodanza como um método  intervencional por organizações, sistemas 

de saúde e comunidade científica.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Introdução  

Sobre a Biodanza 

 

Um olhar simultaneamente científico e afetuoso  foi necessário para prever a enorme crise 

que  o mundo  estava  prestes  a  viver.  A  percepção  de  que  elementos  essenciais  para  a 

manutenção e preservação da  vida estavam  sendo gradualmente  substituídos por  valores 

antivida  levou o chileno Rolando Toro – antropólogo, psicólogo, poeta e pintor – a buscar 

um novo  jeito de  transformar a consciência. Tal mudança não deveria ser  feita através de 

discurso ou racionalismo reducionista, mas por outros caminhos: o corpo, o movimento, a 

música e a emoção.  

Nascida enquanto Rolando Toro ocupava a cadeira de antropologista médico na Pontifícia 

Universidade Católica do Chile, a Psicodanza –como a Biodanza  foi previamente chamada– 

foi  progressivamente  se  delinenando,  ganhando  uma  base  e  um  arcabouço  teórico  que 

desse sustentação aos exercícios que Toro testava para acordar potenciais adormecidos ou 

desviados..  Posteriormente,  de  modo  a  não  endossar  a  separação  entre  corpo  e  alma, 

implicada no uso da palavra “psico”, Rolando propôs o  termo “Biodanza”, que direciona o 

foco para o  lugar certo,  isto é, a vida  (em grego, bios). O  foco na vida  foi então alicerçado  

por um novo paradigma: o Princípio Biocêntrico. Rolando Toro afirma: “A Biodanza nasceu 

da minha  experiência  pessoal  e  logo  percebi  que  sua  estrutura  poderia  ser  baseada  nas 

ciências da vida, particularmente na Biologia. Muitas forças se manifestariam dentro de mim 

para me conduzir a idealizar esta conjunção de arte, ciência e amor. (1 pág. 9). 

A  definição  oficial  de  Biodanza  como  um  “sistema  de  integração  humana,  renovação  

orgânica, reeducação afetiva e reaprendizagem das funções originárias de vida” (1 pág. 33) 

está agora complementada, devido às descobertas científicas e à reavaliação metodológica 

do sistema, com o seguinte: Biodanza é um sistema que acelera processos  integrativos em 

diferentes níveis: celular, metabólico, neuroendócrino, imunológico e existencial. O método 

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é baseado em um ambiente enriquecido com música específica, movimentos  integrativos e 

contato, que deflagram vivências que estimulam a plasticidade neuronal. As vivências criam 

a possibilidade de gerar novas redes sinápticas que despertam potenciais adormecidos, que 

não  tinham  anteriormente  qualquer  forma  de  expressão.  Trata‐se  de  um  processo 

altamente integrativo com efeitos curativos e profiláticos (2).  

A metodologia da Biodanza utiliza música como elemento deflagrador da vivência. Todas as 

obras musicais são cuidadosamente selecionadas com base no estudo de ritmo, melodia e 

harmonia;  e  então  associadas  a  exercícios  específicos.  A  instrução  (Consigna)  dada  pelo 

facilitador  cria  a  atmosfera  e  o  ambiente  para  a  vivência,  conduzindo  a  movimentos 

restauradores  da  saúde  e  de  melhoria  de  humor.  Todos  estes  elementos  se  unem  em 

harmonia para compor a experiência plena que é a vivência. 

O conceito de vivencia vem do termo alemão Erlebnis, que pode ser traduzido literalmente 

por “experiência vivida” e foi investigado por Wilhelm Dilthey (3). Erlebnis pode ser definido 

como  “uma  experiência  pré‐reflexiva  e  imediata  de  algo,  uma  experiência  na  qual  há 

identidade  virtual  entre  a  pessoa  consciente  e  aquilo  do  qual  esta  está  consciente,  uma 

espécie  de  consciência  inconsciente”  (…) A  realidade  que  é  experimentada  vivencialmente 

está  presente  para  mim  pelo  fato  de  eu  estar  internamente  consciente  dela,  que  eu 

imediatamente processo como algo pertencente a mim de certa forma. (…) Erlebnis não pode 

ser definida ou entendida logicamente” (3 pág. 23; 55).  

Toro recria o conceito de vivência como “experiência vivida com grande intensidade por um 

indivíduo no momento presente, que envolve cenestesia e funções viscerais e emocionais” 

(1 pág. 30). 

Os  exercícios  propostos  pela  Biodanza  pretendem  induzir  vivencias  harmonizadorass, 

baseadas  no  desenvolvimento  do  potencial  de  saúde  existente  em  todos  os  seres  vivos. 

Assim  como  não  enfatiza  emoções  negativas,  o  método  terapêutico  não  envolve  nem 

resgate de memórias traumáticas e nem mudanças baseadas em sintomas. Inversamente, as 

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vivencias objetivam trazer mais luz e mais beleza para as qualidades da pessoa, enfatizando 

os potenciais de saúde supracitados.  

Toda sessão de Biodanza é realizada em um grupo que tem o importante papel de constituir 

um continente afetivo, que vem da noção de continente de Wilfred Bion (4). O resultado é 

um  ambiente  de  segurança  e  confiança,  onde  cada  participante  sabe  que  será 

carinhosamente encorajado e reconfortado com respeito e afeto.  

Uma das bases estruturais deste sistema é a profunda conexão com a vida, seja a conexão 

com a vida interior em cada um de nós,  a conexão com a vida no outro, ou a conexão com a 

vida no planeta. Quando um participante atinge uma  conexão  verdadeiramente profunda 

com a vida, um caminho para a sabedoria da natureza se abre. Trata‐se de uma sabedoria 

que foi perdida há muito tempo quando a humanidade se desconectou da natureza, criando 

a sociedade e a civilização.  Fabricantes de cultura, os humanos começaram a construir o seu 

mundo com base em conceitos, preconceitos, julgamentos e análises que criam expectativas 

de  determinado  comportamento  social.    A  cultura  nos  tornou  previsíveis,  controláveis  e 

funcionais, de um modo que nos desconectou desta teia de informações intrínsecas que é o 

inconsciente vital.  

O modelo teórico da Biodanza, além de ser um elegante modelo de trabalho para a prática 

de Biodanza, propõe uma nova visão sobre o ser humano e a vida: propõe uma  integração 

do ser humano, em todos os seus aspectos existenciais. Numa visão simplificada do modelo 

teórico  (Figura 1), há um eixo onde a existência pulsa entre consciência  intensificada de si 

mesmo  (identidade)  e  a  fusão  com  a  vida  (regressão)  e  outro  eixo  representando  a 

ontogenia  do  indivíduo,  com  cinco  linhas  diferentes  e  complementares  de  expressão  de 

potenciais:  vitalidade,  sexualidade,  criatividade,  afetividade  e  transcendência.  Ecofatores, 

elementos  do  ambiente,  atuam  no  organismo  e  facilitam  ou  reprimem  a  expressão  de 

potenciais.   Circulando o eixo está a representação dos quatro aspectos do  inconsciente: o 

inconsciente  pessoal,  proposto  por  Freud;  o  inconsciente  coletivo,  proposto  por  Jung;  o 

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inconsciente  vital  e  o  inconsciente  numinoso  propostos  por  Toro.  Na  base  estão  os 

potenciais genéticos, que são a fundação do desenvolvimento em cada ser vivo.  

A  Biodanza  vem  para  estimular  nossa  conexão  com  os  valores  básicos  e  naturais  da 

existência, vem para nos convidar a ousar viver nossas vidas com intensidade e plenitude.   

 

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Figura 1: Modelo teórico da Biodanza. V, S, C, A e T representam, 

respectivamente: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e  

transcendência. 

Sobre a Neurociência 

 

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Neurociência pode ser definida como “qualquer e todas as ciências, tais como neuroquímica 

e psicologia experimental, que  lidam com a estrutura ou o  funcionamento do cérebro e do 

sistema nervoso”  (5).   Portanto, Neurociência é um domínio  amplo e uma  ciência que  se 

comunica com outras disciplinas tais como  linguística, matemática, ciência da computação, 

engenharia, filosofia, química, física, psicologia e medicina.  

 Outras obras  relacionando Biodanza e Neurociência  já  foram publicadas e debatidas. Um 

exemplo  é  o  estudo  de  Gittith  Padilla,  que  discute  a  teoria  de  sistemas  adaptativos 

complexos e o  impacto de um ambiente enriquecido na neuroplasticidade, neurogênese e 

expressão de genes (6). 

Particularmente,  o  tema  referente  a  neurônios  espelho  é,  no  momento,  um  tema  da  

Neurociência que está  sendo amplamente discutido por  facilitadores de Biodanza  (por ex. 

(7)).  Sendo  um  tópico  já  dominante  na  comunidade  da  Biodanza,  este  trabalho  não  vai 

enfatizar  o  papel  dos  neurônios  espelho  objetivando  abrir  espaço  para  outras  reflexões. 

Mesmo  assim,  haverá  referências  a  neurônios  espelho  ao  longo  do  texto,  uma  vez  que 

participam de teorias aqui apresentadas.  

Sobre Esta Monografia  

Este trabalho relata dados empíricos e teóricos em diferentes campos do conhecimento que 

nos  ajudam  a  entender,  e  fornecem  evidências  adicionais  que  apoiam  alguns  dos 

mecanismos e dos   efeitos da Biodanza. Neuroimagem, psicologia,  farmacologia, genética, 

ciências cognitivas e outros campos geraram as evidências citadas nesta tese. As correlações 

aqui estabelecidas são sugestões de  teorias que poderiam, por extensão, explicar algumas 

das teorias propostas ou evidenciadas no sistema Biodanza.  

Isto não implica que trabalho empírico não deva ser realizado, como exemplificado na obra 

de Marcus Stück e Alejandra Villegas (8). Pelo contrário, uma vez que esta monografia não 

apresenta dados para tentar fornecer evidência anedótica como prova científica da eficácia 

da Biodanza, mas apenas mostra que é essencial reunir mais informação empírica, tais como 

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as que acabam de ser mencionadas, de modo a confirmar as associações sugeridas entre a 

Biodanza  e  as  teorias  apresentadas.    Portanto,  este  trabalho  não  pretende  apresentar 

respostas  inquestionáveis para  incertezas científicas no sistema Biodanza, mas tentar  jogar 

luz  sobre  certos  aspectos  do  sistema  Biodanza  que  ainda  poderiam  adquirir  uma  base 

científica mais forte.  

É  importante afirmar, então, que a escolha de  temas  tratados nesta pesquisa não  reflete 

uma  ordem  implícita  dos  tópicos mais  importantes  na  Biodanza  nem  as  questões mais 

relevantes em Neurociências. Os temas escolhidos apenas refletem um caminho natural que 

foi sendo revelado ao autor durante a pesquisa, onde um tema conduziu a outro. Portanto, 

apesar desta obra ser dividida em capítulos e subseções, ela pode ser entendida como um 

contínuo, visto que os assuntos aqui discutidos estão  interconectados e, em muitos casos, 

são  complementares e  interdependentes.   Assim  sendo, notações  referentes a uma parte 

específica podem  ser  reencontradas por  todo o  texto; e um  índice de algumas palavras e 

conceitos relevantes está disponível na página 48.  

A Biodanza, apesar de  ter bases  científicas  sólidas,  foi  criada de  forma bastante  intuitiva. 

Entretanto, não contar empiricamente com forte sustentação científica não descredencia o 

valor  da  idéia  ou  do método.  Um  bom  exemplo  disto  é  a  acupuntura,  uma  prática  de 

medicina alternativa que  foi por muito  tempo  ridicularizada por profissionais de medicina 

convencional.  Esta  prática  tem  sua  reputação  prejudicada  pela  falta  de  um mecanismo 

aceito cientificamente que descreva como o tratamento funciona e críticos argumentam que 

não há nenhuma eficácia além de efeitos placebo. Contudo, estudos  científicos agora  são 

capazes  de  explicar  certos mecanismos  e  efeitos  da  acupuntura  (veja  (9)  e  referências), 

recuperando  o  status  da  acupuntura  não  apenas  na  comunidade  científica, mas  também 

junto  ao  público  leigo,  visto  que  ganham mais  confiança  no método.    Em  particular,  um 

estudo neurocientífico explicou o neurotransmissor  específico que  atua na modulação da 

dor  através  da  acupuntura  (10).  Paralelamente  ao mostrar  a  importância  da  sustentação 

científica  para  a  aceitação  do método,  isto  também  demonstra  que  a  falta  de  evidência 

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  Introdução        Erro! Estilo não definido. 

 

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empírica não desqualifica  a  eficácia do método;  e  este  é o  caso da Biodanza, na qual os 

efeitos já vêm sendo observados nos últimos 40 anos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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  Capítulo1         Evoluindo sem Perceber        Erro! Estilo não definido. 

 

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Capítulo1        Evoluindo sem Perceber 

“Quando o  carvalho é derrubado toda a floresta ouve ecos, mas cem sementes são semeadas em silêncio por uma brisa 

despercebida."  Thomas Carlyle 

 

A história nos trouxe a noção de corpo e espírito como sendo duas entidades diferentes, da 

Teoria das Formas de Platão ao conceito cristão de corpo e alma e o dualismo de Descartes. 

Um hipótese básica na intervenção proposta pelo sistema Biodanza é que cérebro, mente e 

corpo não podem ser considerados separados (11).  

Um dos mecanismos de ação propostos pela Biodanza é, através de experiências corpóreas, 

a secreção de hormônios e neurotransmissores específicos, relacionados às emoções, para 

promover  a  expressão  de  potenciais  latentes.  Estes  hormônios  e  neurotransmissores  são 

parte  das  redes  que  envolvem  o  sistema  límbico  e  o  hipotálamo,  assim  como  o  sistema 

nervoso  autônomo,  de  modo  tal  que  os  efeitos  não  necessariamente  se  traduzem  em 

consciência  (12).  Isto  implica que muitos efeitos da Biodanza agem sobre o  inconsciente e 

podem acontecer sem o conhecimento do participante (11)(13). 

Embora a idéia de que muito da informação do ambiente e até mesmo uma grande parte da 

informação  sobre  o  auto‐conceito  permaneçam  cognitivamente  inacessível  (ou 

inconsciente),  já  é  amplamente  aceito  pela  comunidade  científica,  e  também  por  uma 

grande parte da população não‐científica, ainda persiste a crença popular que se baseia na 

idéia  de  que  as  decisões  têm  raízes  na  ponderação  consciente  da  informação  disponível 

sobre opções e, portanto, que nossas escolhas se baseiam exclusivamente em  informação 

conhecida. No entanto, estudos recentes mostram que muitos atributos tais como a tomada 

de decisão podem resultar de processos que podem ser  inconscientes ou, pelo menos, não 

tão racionais como esperado. Na tomada de decisões por exemplo, estes processos podem 

ser  interpretados  como  associações  mentais  automáticas  (14)  ou  heurística  de  decisão 

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  Capítulo1         Evoluindo sem Perceber        Erro! Estilo não definido. 

 

16 

 

 

rudimentar  como  a  que  as  crianças  usam  (15).  É  concebível  que  uma  grande  parte  dos 

acontecimentos relacionados com a mente, a alma e o corpo sejam invisíveis. 

É  importante  salientar que o  conceito de  inconsciente utilizado  aqui  se  correlaciona  com 

tudo  que  permanece  cognitivamente  inacessível  a  alguém,  sendo  uma  percepção 

inconsciente  do  mundo,  uma  aprendizagem  e  memória  inconsciente,  ou  influências 

inconscientes na tomada de decisões. 

 

1.1 Percepção Inconsciente do Mundo  

 

Uma quantidade considerável de estímulos que entram no nosso sistema nervoso atravessa 

a  consciência,  e  portanto,  é  cognitivamente  percebida  pelo  indivíduo.  Entretanto,  outra 

quantidade substancial é processada no cérebro sem a consciência do indivíduo, mantendo‐

se, então, inconsciente (por ex., (16)). Podemos comparar nossa percepção do mundo a uma  

ilha;  acima  da  superfície,  temos  a  clareza  da  nossa  consciência,  nós  podemos  obter  um 

vislumbre do horizonte, admirando  formas e  imagens; não obstante, há uma grande parte 

da ilha que é subaquática, fora do nosso alcance. Apesar disso, alguns mergulhos podem nos 

trazer alguma noção dessa realidade submersa. 

Um pequeno exemplo desta ausência de percepção pode ser visto no conteúdo da voz de 

uma pessoa, independente das palavras que estão sendo ditas. O som da voz parece ser um 

importante  meio  de  transmissão  de  informação  biológica  significativa.  Parece  levar 

informações  sobre  atributos  da  personalidade,  características  corporais  e  fase  do  ciclo 

menstrual (veja (17) e referências).  

A  atratividade  da  voz  feminina  aumenta  juntamente  com  o  risco  de  concepção  no  ciclo 

feminino  natural.  Em  mulheres  usando  contraceptivos  hormonais  nenhum  efeito  foi 

observado.  Além  de  oferecer  suporte  a  uma  importante  comunicação  não‐verbal, 

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17 

 

 

acontecendo  sem  consciência,  estes  resultados  apontam  para  uma  comunicação 

acontecendo através de mudanças nos níveis hormonais. As evidências  indicam alterações 

na  laringe  em  resposta  aos  esteróides  como  sendo  responsáveis  pela  diferença  na  

atratividade da voz (17). Também é razoável afirmar que quando a atratividade da voz muda 

a  reação  do  ouvinte  também  não  será  a  mesma.  Paralelamente  à  demonstração  de 

alterações no  som da  voz  às diferentes  reações devidas a esta  alteração, experiências de 

Pipitone (17) também mostram  fortes evidências de que essas alterações são atribuíveis aos 

níveis hormonais. Sabe‐se também que alterações nos níveis hormonais e modificações de 

comportamento inconscientes são efeitos provocados pelo sistema Biodanza (8). A conexão 

feita neste  trabalho, entre estas experiências e o  sistema de Biodanza, não  sugere que  a 

Biodanza  atua  exatamente  da  mesma  forma;  mas  exemplifica  uma  maneira  como  as 

alterações hormonais podem modificar o  comportamento  individual   e o  comportamento 

dos outros em relação a este indivíduo, que é um dos mecanismos de ação da Biodanza (11). 

Durante  os  anos  em  que  a  Biodanza  vem  sendo  praticada,  vários  relatórios  vinculam 

alterações  obvervadas  no  comportamento  a  alterações  hormonais. Mulheres  que  tinham 

ciclos menstruais irregulares começam a ter ciclos regulares, e mulheres que tinham entrado 

na menopausa começam novamente a menstruar. Essas alterações são geralmente seguidas 

de atitudes em relação à disponibilidade para relacionamentos, melhoria no humor geral e 

revitalização da libido e do desejo. 

Outra  conexão  notável  que  pode  ser  estabelecida  entre  efeitos  da  Biodanza  e 

comportamentos inconscientes envolve a identidade e autoestima. Um dos principais pilares 

do mecanismo terapêutico da Biodanza está nos seus efeitos sobre a identidade e, portanto, 

suas conseqüências na autoestima  (11)(18). Experiências  feitas com autoestima explícita e 

implícita podem ajudar a entender como o desenvolvimento da autoestima pode promover 

mudanças  comportamentais  inconscientes,  bem  como  melhorias  no  bem‐estar.  Estas 

melhorias  são  frequentemente  resultantes  do  amadurecimento  emocional  perante 

determinadas  situações,  tais  como  a  ansiedade  sentida  em  tarefas  onde  o  “self”  é 

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18 

 

 

relevante(19).  Autoestima  implícita  difere  da  autoestima  explícita  pelo  fato  de  que,  na 

primeira, há ausência de consciência das autoavaliações, enquanto na segunda,  indivíduos 

são  capazes  de  avaliá‐las.  A  autoestima  implícita  pode  ser  definida  como  associações 

avaliativas e cognitivas inacessíveis introspectivamente para o sujeito. 

É  hipotétizado  que,  no  cenário  das  interações  autorrelevantes,  a  autoestima  implícita 

influencia    o  comportamento  não‐verbal,  enquanto  a  autoestima  explícita  não  o  faz.  Por 

outro  lado,  autoestima  implícita  também  influencia  comportamentos  tais  como  self‐

handicapping,  que  podem  estar  sujeitos  a  controle  consciente  (19).  Comportamentos  de 

self‐handicapping  são  estratégias  para  externalizar motivos  de mau  desempenho  e  para  

internalizar  causas de bom desempenho  (20); é o método de  criação ou  reivindicação de 

obstáculos para desviar a culpa de si mesmo, evitando se tornar responsável pelo fracasso 

(21). O exemplo típico é o aluno que sai para beber na noite antes do exame e, em seguida, 

culpa a ressaca pelo fraco desempenho. Neste caso, o estudante poderia ter ficado em casa 

e estudado, mas caso ele falhasse no exame, ele não teria nenhuma desculpa para seu fraco 

desempenho,  a  não  ser  suas  próprias  habilidades. Dessa  forma,  self‐handicapping  parece 

proteger  a  autoestima,  uma  vez  que  a  culpa  é  dirigida  a  algo  diverso  de  si mesmo.  No 

entanto,  estas  estratégias  geralmente  acarretam  uma  restrição  no  desempenho  para  a 

preservação da autoestima e, então, impedem o pleno desenvolvimento das potencialidades 

do indivíduo. 

Os  estudos  com  autoestima  implícita  e  self‐handicapping  ilustram  um  cenário  muito 

interessante  que  está  de  acordo  com  os  mecanismos  propostos  pela  Biodanza.  O 

inconsciente  reforço da  identidade e,  consequentemente, da autoestima,  repercutem não 

apenas em aumento do contentamento de cada participante consigo mesmo, mas também 

em  desenvolvimento  de  potenciais  e  na  diminuição  de  comportamentos  autodestrutivos, 

que  são  esperados  na  Biodanza  (11)(13).  Evidências  também  suportam  o  fato  de  que  a 

autoestima implícita é, de fato, inconsciente e as tentativas de auferir a própria autoestima 

implícita  na  verdade  se  correlacionam  com  a  autoestima  explícita,  e  apenas 

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19 

 

 

insignificantemente com a autoestima  implícita  real  (22). É  igualmente  importante colocar 

que embora o comportamento de self‐handicapping esteja  ligado à autoestima  implícita, a 

autoestima  explícita  representa  uma  influência  ainda  maior  (19).  Isso  não  diminui  a 

importância da autoestima implícita, uma vez que desempenha um papel relevante; além do 

mais,  esta  estende  o  impacto  no  reforço  da  identidade  também  para  o  componente 

consciente. 

Também no tema da percepção inconsciente pode ser acrescentado o tema da percepção de 

emoção,  que  será  ainda mais  explorado  no Capítulo  sobre  Empatia  (pág.  23).  Expressões 

faciais  de  emoções  podem  ser  facilmente  reconhecidos  pela maioria  dos  seres  humanos; 

contudo, nem o reconhecimento das emoções expressas por outra pessoa, nem a contração 

dos músculos faciais realizada em resposta a essa percepção, necessariamente despertam a 

consciência. A obra de Dimberg et al (23) dá provas que demonstram o mencionado acima. 

Entre outros resultados, mostra que as primeiras respostas a estímulos emocionais podem 

surgir sem processos cognitivos conscientes. A exposição a estímulos positivos e negativos 

mascarados, e portanto  inconscientes, suscitou contrações musculares distintas, que foram 

evidenciadas  através  de  eletromiografia.  Estas  reações  foram  semelhantes  em  forma  e 

rapidez  a  reações  em  estudos  onde  os  participantes  foram  capazes  de  perceber 

conscientemente a apresentação de rostos felizes (positivos) e rostos com raiva  (negativos). 

Isto  sugere que,  independentemente da atenção ou consciência, a percepção dos estados 

emocionais produz um efeito no organismo. As evidências aqui apresentadas coincidem com 

o método da Biodanza, pelo qual os participantes são inspirados a não evitar olhar nos olhos 

do outro, como uma  forma de  se comunicar e de compreender o outro. Assim, é notável 

que, mesmo  que  essa  interação  permaneça  desconhecida  para  o  participante  e  ele  não 

perceba  conscientemente  a  emoção  sentida  pelo  outro,  significativos  aspectos  de 

comunicação emocional face‐a‐face estão ocorrendo em um nível inconsciente. Estes dados 

também  podem  ser  relacionados  às  experiências mostrando mimetismo  inconsciente  de 

expressões  faciais, postura e maneirismos de outros  (conhecido  como o efeito Camaleão) 

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20 

 

 

(24). Ademais, a empatia é ainda possível mesmo na falta de experiência visual consciente, 

tal como verificado em experiências com um indivíduo detentor de cegueira cortical (25) (ver 

pág. 24). Para obter mais informações sobre a relação entre a empatia e o inconsciente, veja 

Capítulo 2: Empatia. 

 

1.2 Aprendizagem Inconsciente e Biodanza 

 

Um  aspecto notável da Biodanza, que  é  a  sua  atuação  sobre o  inconsciente,  tem  grande 

sustentação  nas  recentes  descobertas  sobre  sistemas  de  aprendizagem  inconsciente  e 

memória não‐declarativa. Um  estudo  com pacientes que  sofrem de  amnésia  anterógrada 

mostra aprendizagem na ausência de memória  consciente  (ou declarativa). Pacientes  cuja 

lesão no hipocampo prejudicou completamente sua capacidade de adquirir novas memórias 

declarativas  tiveram uma  robusta melhora nos  resultados de uma  tarefa de aprendizagem 

discriminativa. Este aprendizagem de tarefas pode ser  independente do hipocampo e pode 

ter  o  apoio  dos  gânglios  basais.  É  importante  reiterar  que  a  aprendizagem  ocorreu  sem 

consciência e, portanto, os indivíduos não lembravam (conscientemente) do que consistia a 

tarefa (26). Esta tarefa consistia em diferenciar entre dois objetos, um dos quais era correto, 

enquanto o outro estava errado. Estes objetos foram apresentados em pares durante várias 

sessões. 

Antes das sessões foi perguntado aos pacientes se sabiam do que se tratava a tarefa. Como 

eram  incapazes de  formar novas memórias declarativas, eles  frequentemente  respondiam  

com suposições que não correspondiam à descrição real da tarefa. Mesmo assim, os sujeitos  

apresentaram  um  aumento  na  escolha  do  objeto  correto. Quando  questionados  sobre  o 

motivo de  ter escolhido os objetos  corretos, e não os errados, os pacientes  responderam 

que apenas tiveram a sensação de que era a escolha correta. 

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21 

 

 

Participantes  de  Biodanza  frequentemente  relatam  que  acabaram  de  perceber  que  as 

alterações  em  seus  hábitos  ou  comportamentos  haviam  ocorrido  algum  tempo  antes.  A 

observação  muitas  vezes  não  parte  da  pessoa  propriamente  dita,  mas  de  alguém  que 

participa da vida cotidiana do participante. Estudos mostrando a aprendizagem de hábitos 

sem consciência podem  fornecer dados  importantes para a compreensão dos mecanismos 

pelos  quais  alterações  comportamentais  surgem  inconscientemente  como  proposto  e 

evidenciado no método de Biodanza. 

A maioria da literatura atual sobre os seres humanos, macacos e roedores permite chegar à 

conclusão de que a capacidade de realizar tarefas que exigem memória declarativa depende 

do hipocampo e de estruturas  relacionadas, enquanto  tarefas que podem  ser executadas 

através de memória não‐declarativa dependem de outras áreas do cérebro  (27). Embora a 

localização  dos  diferentes  tipos  de memória  em  diferentes  áreas  do  cérebro  seja  ainda 

incerta, dados disponíveis apoiam o  fato de que algumas tarefas de memória que os seres 

humanos adquirem através de memorização, ou seja, memória declarativa, também podem 

ser não‐declarativamente adquiridas por animais experimentais  (28) e por  seres humanos 

com  lesões  no  hipocampo  (26).  Assim,  é  razoável  supor  que  seres  humanos  sem  lesões 

cerebrais também experienciem considerável aprendizagem  inconsciente  (não‐declarativa). 

A tendência do uso de memória declarativa pode parecer se sobrepor ao uso de memória 

não‐declarativa em seres humanos com hipocampo não danificado.  

Contudo,  também é possível  considerar que  as memórias não‐declarativas desempenham 

um papel que passa despercebido ao próprio ator ou aos observadores, e estão, portanto, 

tendo sua participação subestimada. 

A aprendizagem de hábito experimentada na Biodanza pode  ser, então,  independente do 

hipocampo, ou pelo menos, não  inteiramente dependente deste. Entretanto,   a  ignorância 

acerca de mudança no seu comportamento, observada em participantes de Biodanza, bem 

como a aprendizagem de hábito inconsciente parecem se dirigir a um ponto comum. Mesmo 

que os participantes estejam cientes e formem uma memória declarativa de sua sessão de 

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22 

 

 

Biodanza, a incorporação da prática e dos valores da Biodanza no comportamento rotineiro  

muitas vezes não é notada conscientemente por eles. 

A  experiência  de  Bayley  et  al  (26)  mostra  também  que  esta  memória  não‐declarativa, 

formada por aprendizagem de hábitos, é rigidamente organizada e mais acessível quando a 

tarefa é estruturada tal qual foi durante o treinamento. Embora os sujeitos continuem a dar 

respostas estatisticamente corretas quando os objetos foram reordenados em outros pares 

(ou seja, cada objeto correto foi emparelhado com um  incorreto, diferente da combinação  

anterior); quando a configuração experimental foi alterada, as respostas corretas não foram 

observadas.  A mudança  foi  a  seguinte:  os  participantes  foram  instruídos  a  classificar  os 

mesmos  objetos  anteriormente  utilizados  em  dois  grupos,  um  que  contém  os  objetos 

corretos  e  outro  contendo  os  errados.  Então,  os  sujeitos  não  lograram  êxito.  Isso  pode 

indicar  que  a  aprendizagem  inconsciente  que  acontece  na  sessão  de  Biodanza  só  seja  

manifestada durante as sessões semelhantes de Biodanza,  e não na vida cotidiana. Porém,  

não  é  isto  que  é  geralmente  observado.  Uma  conjectura  pode  ajudar  a  resolver  esta 

aparente contradição, que um cérebro sem danos seja capaz de vincular a aprendizagem de 

hábito com a flexibilidade de casos nos quais estas memórias são acessíveis. 

Esta hipótese  também encontra  sustentação em estudos que mostram que macacos  com 

lesões hipocampais tinham mais dificuldade em aprender a tarefa do que macacos normais, 

mesmo  que  ambos  os  grupos  pareçam  usar memória  não‐declarativa  (28).  Desta  forma, 

podemos formular a suposição de, nas sessões de Biodanza, os participantes são capazes de 

aprender  sem  consciência e  formar memórias não‐declarativas.  Esse  aprendizado poderia 

ser  mais  flexivelmente  usado  e  aplicado  no  dia‐a‐dia,  uma  vez  que  a  maioria  dos 

participantes da Biodanza não apresentam lesões hipocampais. 

Também  sobre  o  assunto  de  aprendizagem,  foi  apurado  que  um  polimorfismo  do  gene 

receptor  de  dopamina  D2  prejudica  a  capacidade  de  se  aprender  com  os  resultados 

negativos de uma ação. Neste caso, mesmo que o sujeito esteja ciente dos efeitos nocivos 

da  sua  ação,  ele  tem  dificuldades  em  aprender  com  as  consequências;  o  que  também  é 

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  Capítulo1         Evoluindo sem Perceber        Erro! Estilo não definido. 

 

23 

 

 

muito  interessante,  uma  vez  que  este  polimorfismo  também  foi  relacionado  a 

comportamentos  compulsivos e viciantes  (ver  (29) e  referências). Ao  considerar o  fato de 

que  a  Biodanza  propõe  a  aprendizagem  através  de  experiências  positivas,  com  foco  no 

potencial de saúde  (11), pode‐se perceber, para pessoas com este tipo de polimorfismo, a 

importância de aprender com os resultados positivos. A Biodanza é um sistema no qual todo 

o seu método está sustentado em potenciais de saúde e em aspectos positivos, ao invés de 

patologia  e  doença.  Enquanto  a  maioria  dos  processos  terapêuticos  se  concentram  no 

diagnóstico e na cura de  traumas e aspectos negativos dos pacientes, Toro propõe a cura 

através da iluminação de elementos saudáveis, qualidades e potenciais existentes. Por essa 

razão, todos a apredizagem e desenvolvimento pessoal (consciente ou inconsciente)  que se 

realiza em Biodanza ocorre através de reforço positivo,  e não através do “aprender com os 

erros". A expressão de todos estes elementos positivos, centrados na saúde e no continente 

afetivo  do  grupo,  torna  possível  aos  participantes  jogar  luz  na  sombra  dos  aspectos 

negativos, mesmo sem se centrar na cura destes. 

 

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  Capítulo 2       Empatia        Erro! Estilo não definido. 

 

24 

 

 

Capítulo 2       Empatia 

"Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face. E quando estiveres perto, arrancar‐te‐ei os olhos e colocá‐los‐ei no lugar dos meus; E arrancarei meus olhos para colocá‐los no lugar dos teus; Então ver‐te‐ei com os teus olhos e tu ver‐me‐ás com os meus."  

J. L. Moreno 

Empatia é entendida como "a capacidade de entender e partilhar os sentimentos do outro" 

(30). O sistema Biodanza apoia uma reavaliação dos mecanismos não‐verbais para alcançar 

uma maior compreensão de nós mesmos e dos outros. Esse entendimento é vinculado a um 

aumento  do  interesse  em  nossas  próprias  emoções.  Um  contato mais  profundo  com  os 

sentimentos  permite  aos  participantes  atingir  uma maior  sensibilidade  e,  portanto,  uma 

melhor  compreensão  e  compartilhamento  dos  sentimentos  dos  outros.  Além  disso,  esta 

relação  funciona em ambas as direções, visto que o contato com os sentimentos do outro 

também  permite  um  contato mais  profundo  com  os  próprios  sentimentos  e  uma maior 

compreensão de si mesmo. A Biodanza propõe o desenvolvimento de uma comunicação não 

apenas efetiva, mas também afetiva, onde a comunicação não‐verbal não é subestimada e é 

fortemente levada em conta quando se trata de compreender completamente a menssagem 

(11)(31), sendo a empatia uma condição sine qua non para a consciência ética (32). Rolando 

Toro considera a empatia como a base principal de todo relacionamento afetivo. Como um 

dos objetivos principais em Biodanza é o desenvolvimento de amor verdadeiro e universal, a 

empatia é a pedra angular para essa conquista. 

 

2.1 A Participação da Amígdala na Empatia  

 

Com uma participação vital na memória e nas reações emocionais, a amígdala, localizada no 

lobo  temporal do cérebro humano, certamente desempenha um papel no processamento 

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emocional durante as sessões de Biodanza, uma vez que tem fortes ligações recíprocas com 

o    hipotálamo  e  regiões  envolvidas  no  controle  autônomo  no  tronco  cerebral  (12).  A 

literatura  sobre o Sistema Biodanza  já  reconhece a amígdala como uma estrutura vital no 

despertar  dos  efeitos  propostos  nas  sessões,  como  reações  de  luta  ou  fuga  (33)  e  em 

Transcendência (34), por exemplo. O que ainda precisa ser esclarecido é a sua participação 

na empatia. 

A  visão  participa  fortemente  na  empatia,  pois  pode  ser  através  da  visão  do  outro  –

geralmente  do  rosto–  que  se  percebe  os  seus  sentimentos.  No  entanto,  a  presença  da 

percepção visual consciente não é  indispensável para a percepção das emoções através da 

visão. O  trabalho de Pegna et al.(25) mostra o caso de um paciente com cegueira cortical 

que,  quando  apresentado  a  imagens  de  rostos  emocionalmente  expressivos,  conseguiu  

diferenciar  significativamente  as  emoções,  mesmo  sendo  totalmente  desprovido  de 

qualquer  percepção  visual.  O  paciente  conseguiu  distinguir  pares  de  rostos  retratando 

felicidade versus raiva, felicidade versus tristeza e felicidade versus preocupação a um nível 

significativamente superior ao acaso. Por outro  lado, o paciente não conseguiu estabelecer 

uma diferença significativa entre as imagens de rostos variando conforme gênero, ou entre 

rostos normais (e emocionalmente neutros) versus  imagens de rostos embaralhados, entre 

animais  ameaçadores  versus  não  ameaçadores,  entre  cenas  agradáveis  versus 

desagradáveis,    entre  quadrados  versus  círculos.  Dessa  forma,  os  experimentos  indicam 

apenas a percepção de rostos emocionados, mas não a sensibilidade aos outros estímulos 

testados,  indicando a   possibilidade de empatia através de estímulos visuais  inconscientes, 

enquanto que esta possibilidade não parece provável para os outros estímulos. 

O  artigo  de  Pegna  também  aponta  a  participação  da  amígdala  direita  nesta  percepção 

emocional, onde ativação seletiva da amígdala direita é demonstrada através da ressonância 

magnética  funcional  (fMRI). Este  resultado corrobora estudos de  imageamento mostrando 

ativação da  amígdala direita, em  cérebro  sem danos, de  indivíduos expostos  à percepção 

inconsciente de rostos emocionados (35)(36). Também  implica que a amígdala participa no 

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  Capítulo 2       Empatia        Erro! Estilo não definido. 

 

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processamento do significado emocional do  rosto como um  todo, e que não é só o medo 

que  tem  relevância, mesmo que o medo promova uma ativação mais  forte do que outros 

estímulos.  Isso  pode  ocorrer  porque  trata‐se  da  emoção  mais  primitiva,  necessária  à 

sobrevivência ao enfrentar o perigo. 

Outra evidência  ligando a amígdala ao reconhecimento de sentimentos vem da deficiência 

na  capacidade de  reconhecer o medo em expressões  faciais  após dano na  amígdala  (37). 

Experiências com um paciente com danos bilaterais na amígdala mostram que, embora esta 

deficiência  no  reconhecimento  do  medo  seja  observada,  outras  emoções  tais  como 

felicidade,  surpresa,  raiva,  desgosto  e  tristeza  são  facilmente  reconhecíveis.  Esta 

investigação chegou à interessante conclusão de que o paciente não podia usar pistas visuais 

da região dos olhos para reconhecer a emoção do rosto. Em adição, contrariamente ao que 

se pensava, esta deficiência não era devido à incapacidade de processar a informação visual 

da região ocular do rosto, mas à incapacidade para dirigir o olhar para os olhos. Além disso, 

quando instruído a olhar para os olhos, o paciente perdeu completamente sua deficiência no 

reconhecimento de medo, mostrando que esta capacidade havia sido perdida devido à falta 

de  uma  fixação  espontânea  sobre  a  região  dos  olhos.  No  entanto,  esta melhoria  durou 

apenas enquanto a instrução permaneceu explícita. Mesmo que outros pacientes com danos 

na  amígdala  também  mostrem  reconhecimento  deficiente  de  tristeza  e  raiva,  isso  é 

explicável  pelo  fato  de  que  o  reconhecimento  destas  emoções  também  requer  o  uso 

substancial  da  região  ocular.  No  primeiro  caso,  o  paciente  pode  ter  usado  informações 

compensatórias de outras regiões faciais para ser capaz de identificar a emoção expressa. 

 Os resultados aqui descritos ilustram não só um importante papel da amígdala na empatia, 

mas  também a  importância de se olhar –espontaneamente ou não– nos olhos. Vários dos 

exercícios da Biodanza envolvem contato com os olhos e o sistema reconhece isso como um 

contato  necessário  para  entrar  em  conexão  com  o  outro,  e  as  experiências  descritas 

demonstram  esta  importância  uma  vez  que  esta  ligação  se  torna  necessária  para  que  o 

resgate da empatia, possibilitando a compreensão dos sentimentos do outro.  

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27 

 

 

Outras  experiências  demonstraram  uma  atividade  amigdalar  maior  quando  se  observa 

rostos   emocionalmente expressivos e um aumento ainda maior durante a  imitação dessas 

caras. O mesmo padrão de  aumento é observado na  insula e nas  áreas  fronto‐temporais 

relevantes para a representação da ação (38). A insula, portanto, parece apresentar a forma 

através  da  qual  o  circuito  de  representação  de  ação  modula  as  áreas  límbicas.  Estes 

resultados destacam o  fato de que a  representação da ação pode  ser um passo  cognitivo 

para a empatia, uma vez que um aumento na atividade durante a imitação pode ser um sinal 

de modulação da rede de representação de ação na atividade do sistema límbico. Na rede de 

representação de  ação estão presentes os neurônios espelho, que  são um  tema  atual na 

Biodanza (e.g.(7)). Neurônios espelho são células que foram descobertas quando um macaco 

executou  uma  ação  ou  viu  outro  fazê‐la,  de  tal  forma  que  esses  neurônios  podem 

estabelecer correspondências entre o que é observado e o que é  sentido ou  feito  (39). O 

neurocientista V. S. Ramachandran descreve‐os como "neurônios da empatia" e argumenta 

que poderiam ajudar a dissolver a barreira "eu versus o outro", ajudando a entender a ética 

em  termos    racionais  (40).  Neurônios  espelho,  portanto,  podem  contribuir 

significativamente para a compreensão da empatia e apresentar uma base biológica para a 

partilha dos sentimentos que se sente em muitos dos exercícios da Biodanza. Eles também 

podem contribuir para os conceitos de afetividade e transcendência, bem como o Princípio 

de Biocêntrico, onde a distância entre eu e o outro é dissipada. 

Experiências na obra supramencionada (35) também adicionam informações valiosas a este 

tópico. As  infromações  coletadas  neste  trabalho  colocam  em  evidência  uma  lateralização 

dos efeitos mascarados. Estímulos que são mascarados e, portanto, inconscientes, provocam 

uma  ativação  significativa  da  amígdala  direita,  enquanto  estímulos  não‐mascarados 

(conscientes)  reforçam  a  atividade  da  amígdala  esquerda.  Estes  resultados  também 

contribuem para a idéia de uma segregação de processamento consciente e inconsciente no 

cérebro. Quando comparado com o  trabalho  realizado com  representação de ação  (38), o 

conjunto destas informações apontam para a idéia de que a ressonância empática induzida 

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28 

 

 

por imitação não requer a presença de conteúdo representacional explícito e que a empatia 

pode ser gerada por uma forma de "espelhamento" via mecanismo experiencial.   Ademais, 

experiências  com  lesões  reversíveis  em  músculos  faciais  mostraram  uma  atenuação  na 

atividade da amígdala esquerda durante a  imitação de  faces com  raiva  (41). Mais  sobre o 

assunto será discutido na próxima seção: A Hipótese do Feedback Facial. 

A pesquisa  feita  com hormônio e neuropeptídio ocitocina  (conhecido por muitos  como o 

"hormônio  do  amor")  também  adiciona  dados  para  a  compreensão  da  ligação  amígdala‐

empatia  (42).  A  esta  altura  torna‐se  necessário  explicar  uma  distinção  proposta  entre 

empatia  cognitiva  e  empatia  emocional.  Enquanto  a  primeira  está  relacionada  com  o 

reconhecimento de estados dos outros, a segunda  está associada com o compartilhamento 

de experiências de estados emocionais percebidas em outros. Neste estudo,  gêmeos que 

tiveram  danos  bilaterais  seletivos  na  amígdala,    devido  a  uma  doença  genética,  foram 

capazes  de  identificar  as  emoções  por  estratégias  cognitivas  em  imagens  apresentando 

aspectos faciais, linguagem corporal e contexto social. Contrariamente a essa capacidade de 

empatia  cognitiva,  eles  apresentaram  severa  deficiência  em  empatia  emocional, 

demonstrando que  a  amígdala  funcional  é necessária para  responder  com  conseqüências 

emocionais ao  reconhecimento dos sentimentos. No entanto, os gêmeos tinham diferentes 

níveis de empatia emocional entre si, o que os autores correlacionam a um possível efeito de 

fatores epigenéticos diferencialmente influenciando as funções emocionais. Esta afirmação é 

bastante  interessante,  visto  que  a    epigenética  é  um  tópico  em  voga  nas  discussões  de 

Biodanza. 

Mecanismos epigenéticos regulam a expressão genética sem alterar a seqüência de DNA e 

esta  regulação  pode  alterar  durante  a  ontogenia.  Eles  agem,  portanto,  na  ênfase  ou  na  

supressão  da  expressão  do  gene,  o  que  poderia  ser  correlacionado  com  a  expressão  de 

potenciais  genéticos  em  Biodanza  e  a maneira  pela  qual  os  ecofatores  podem  agir.  Um 

exemplo é a regulação epigenética que ocorre em casos de abuso infantil (43). Se a Biodanza 

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  Capítulo 2       Empatia        Erro! Estilo não definido. 

 

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atua  por  mecanismos  epigenéticos,  esta  poderia  hipoteticamente  reverter  a  repressão 

acarretada pelo abuso. 

As  conclusões  de  Hurlemann  et  al.  (42)  também  sugerem  que  os  níveis  de  empatia 

emocional da mulher são mais elevados do que os do homem, e este último pode ter seu  

nível aumentado ao patamar feminino através da administração de ocitocina. Isso pode ser 

uma consequência da  liberação de ocitocina endógena mais alta em mulheres do que em  

homens. Trata‐se de  fato curioso, considerarando que Biodanza  trabalha com aspectos do 

feminino e propõe uma percepção mais  feminina da vida para alcançar  interações  sociais 

mais fortes e uma conexão mais profunda com os outros, no qual partilhar os sentimentos 

do outro parece crucial. 

Adicionalmente, o mesmo estudo  também  indica dificuldade na aprendizagem  através de 

reforço  social  em  indivíduos  sem  uma  amígdala  funcional,  e  que  a  ocitocina melhora  a 

aprendizagem  socialmente  reforçada  em  homens  normais,  modulando  direta  ou 

indiretamente a  função amidalar. Reforço social é "o  fortalecimento da  resposta com uma 

recompensa social como um aceno de aprovação, o amor ou atenção de um pai " (44). Pode‐

se, portanto, aprender que uma ação específica ou comportamento teve um bom resultado, 

que se torna aparente na felicidade expressa no rosto de alguém, ou que uma determinada 

conduta não deve ser repetida uma vez que não  foi uma boa  idéia, conforme expresso no 

rosto com raiva do pai. O reforço utilizado na experiência foi um rosto sorridente (positivo) 

ou com raiva (negativo). Além disso, o experimento destaca a importância do reforço social 

na  aprendizagem.  Como  a  Biodanza  é  sempre  praticada  em  grupos  e  envolve  interações 

sociais,  a  realização  de  um  desafio  ou  uma  autêntica  expressão  da  identidade  é 

constantemente  confortada  por meio  de  gestos  e  olhares.  Estes  atos  dão  apoio  para  a 

autoexpressão dos participantes, uma vez que também são formas de reforço social. 

 

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30 

 

 

2.2  A Hipótese do  Feedback Facial  

 

Como  mostrado  anteriormente,  além  de  produzir  uma  comunicação  efetiva  com  o 

sentimento  do  outro  (por  ex.  (25),(37)),  a  empatia  também  permite  compartilhar  este 

sentimento  (por ex.  (42)) e  induzir mimetismo da expressão  facial observada  (por ex. 23)). 

Sabe‐se  também  que  pessoas  empáticas  apresentam  expressivo mimetismo  inconsciente 

para expressões faciais e posturas dos outros (o efeito Camaleão), enquanto indivíduos não‐

empáticos  não  (24).  Estes  resultados  podem  levar  ao  questionamento:  as  emoções 

promovem  as  respostas  corporais  ou  são  as  contrações  musculares  que  causam  o 

surgimento das emoções? Embora a segunda  ideia possa soar estranha à primeira vista,  já 

faz  tempo que  se  supõe que a atividade muscular  facial modula as  respostas afetivas das 

pessoas: a hipótese de feedback facial (por ex. (45)). Nesse sentido, o sistema Biodanza tem 

em seu núcleo conceitual a expressão como forma de se chegar às emoções, e incentiva os 

participantes a expressarem suas emoções para melhorar a conexão entre o pensar, sentir e 

agir (46).  

Por conseguinte, evidências em favor da hipótese do feedback facial apoiam o conceito da 

Biodanza  de  intensificação  de  emoções  através  de  sua  expressão.  Uma  afirmativa  que 

poderia ser feita a respeito da vinculação entre Biodanza e feedback facial é que a expressão 

intensifica a emoção e, portanto, é uma condição essencial para uma vida plena. Embora o 

feedback  facial não esteja necessariamente  vinculado  à empatia  ‐como expressões  faciais 

podem surgir da observação de um acontecimento engraçado, por exemplo‐, será  tratado 

neste  capítulo  pois  pode  ser  o  resultado  da  imitação  de  um  rosto  emocionalmente 

expressivo. Aliás, esta seção não tenta alegar que as emoções se originam de contração do 

músculo  facial, mas mostra dados  recentes,  sugerindo que a modulação de emoção pode 

acontecer através de sua expressão. 

Obras  previamente  abordadas  mostraram  evidências  de  que  reações  musculares  faciais 

inconscientes  ocorrem  quando  se  observa  expressões  faciais  (23),  no  entanto,  não 

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31 

 

 

esclareceram em que medida as reações faciais originam da imitação de comportamento ou 

de  leituras  do  estado  emocional.  De  qualquer  forma,  o  acoplamento  da  reação  com  a 

observação das emoções pode estar relacionado à alegação de que atividade muscular facial 

contribui para  a ocorrência da experiência emocional. Aumento na  atividade da amígdala 

também  foi  notado  durante  a  imitação,  comparativamente  à  mera  observação  de 

expressões faciais emocionais dos outros (38). Como a amígdala faz parte do sistema límbico 

e é uma estrutura crítica para comportamentos emocionais  (12), é possível supor que sua 

ativação  intensificada  possa  levar  a  um  estado  emocional  aumentado,  ligando‐se,  então, 

ação  (através  da  imitação)  e  sentimento. Os  autores  sugerem  que  o  aumento  observado 

reflete  a  influência  da  representação  de  ação  na  atividade  do  sistema  límbico. 

Notavelmente, dificuldade na  imitação de expressões faciais emocionais está relacionada a 

problemas graves no comportamento social, como o autismo  (47). Na Biodanza, é possível 

perceber ressonâncias expressivas, em danças e rodas, em pessoas que fazem contato com 

os olhos e são capazes de transformar‐se com base na percepção da expressão do outro. 

Experiências  com  temas  julgando  o  conteúdo  emocional  de  palavras  concretas  (como 

"sorriso",  "lesma"  e  "torturador")  e  palavras  abstratas  (tais  como  "feliz",  "enjoado"  e 

"furioso") mostram  atividade  eletromiográfica,  revelando  a  contração de músculos  faciais 

(48).  Por  outro  lado,  quando  os  participantes  foram  instruídos  a  julgar  um  aspecto  não‐

emocional  da  palavra,  ou  seja,  se  a  palavra  está  escrita  em  letras maiúsculas  ou  não,  a 

contração dos músculos não foi comprovada.  Isso não só apoia a teoria do feedback facial, 

mas  também aponta para uma exigência de  foco emocional, a  fim de  sentir a emoção no 

processamento da palavra.   A Biodanza  lida com a expressão de emoções e sentimentos, e 

cria um ambiente onde os participantes podem se sentir seguros e dar foco às  emoções. Os 

resultados mostrados aqui apontam para a  idéia de que foco emocional no processamento 

de  texto aumenta a emoção sentida, o que está em  ressonância com os princípios usados 

em  Biodanza,  tanto  na  parte  verbal  da  sessão  e,  por  extensão,  na  vivência,  através  das 

instruções poéticas e direcionadas para a emoção (31). 

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32 

 

 

Pode ser especulado que o feedback facial possa acontecer através da informação vinda de 

músculos  e  pele  conectados  a  regiões  límbicas,  tais  como  a  amígdala  (como  abordado 

anteriormente), que  se  conectam mutuamente  com  as  regiões do hipotálamo  e o  tronco 

cerebral de controle autonômico (12). Esta hipótese foi testada usando uma lesão reversível 

para  induzir denervação do músculo  corrugator  supercilii  (41), que participa na expressão 

facial  de  raiva  (como  visto  em  (23))  e  tristeza.  Foi  avaliada  em  seguida  a modulação  da  

resposta  aferente  proposta  na  amígdala  e  seu  acoplamento  com  circuitos  neurais, 

participando de manifestações autônomas de estados afetivos. Os resultados obtidos com a 

imitação intencional de expressões faciais de raiva exibiram uma diminuição na resposta da 

amígdala  esquerda  e  tronco  cerebral  autonômos  em  indivíduos  com  paralisia  muscular 

facial.  Além  disso,  a  atenuação  da  atividade  amigdalar  variou  significativamente  com  a 

intensidade da contração ondular do supercílio nas pessoas sem lesão. Postas em conjunto, 

essas  informações sugerem uma  ligação  funcional entre o  feedback dos músculos durante 

imitação  e  modulação  da  atividade  neural  em  redes  emocionais.  A  constatação  de 

significativas ativações na  Insula durante a  imitação de expressões de  raiva e  tristeza, e a 

ausência  de  efeito  significativo  da  paralisia  na  ativação  insular,  apoiam  a  ideia  que  os 

neurônios  que  seriam  responsáveis  pelo movimento  estavam modulando  a  resposta  da 

amígdala (como sugerido anteriormente em (38)) juntamente com o feedback periférico do 

rosto.  Durante  a  imitação  de  tristeza,  a  paralisia  não  foi  associada  com  a  atividade  da 

amígdala, provavelmente porque a contração do supercílio é significativamente mais  fraca 

durante a manifestação de  tristeza em comparação com expressões de  raiva. No entanto, 

uma correlação foi evidenciada na ativação do córtex orbitofrontal, que é fortemente ligado 

à  amígdala  e  está  associado  com  a  representação  do  valor  emocional  de  estímulos 

somatossensórios.  Isto sugere que a  imitação de tristeza também encadeou modulação na 

atividade do sistema límbico. A diminuição da atividade da amígdala esquerda foi associada 

à  atenuação  no  engate  funcional  entre  a  amígdala  e  a  ponte,  mostrando  uma  ligação 

importante entre a regulação autônoma e cérebro límbico. Isto é especialmente importante 

tendo  em  conta  que  a  ponte  está  envolvida  na  regulação  homeostática  (49)  e  que  a 

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  Capítulo 2       Empatia        Erro! Estilo não definido. 

 

33 

 

 

Biodanza  apoia  o  reforço  da  vitalidade  através  da  ativação  dos  centros  de  homeostase 

(11)(50).  Na  verdade,  o  papel  da  homeostase  é  central  na  Biodanza,  uma  vez  que  é 

responsável pela resiliência do organismo. A Biodanza propõe a ativação simpática seguida 

de ativação do sistema nervoso parassimpático como uma forma de estimular as respostas 

do corpo e permitir uma  intensificação e concentração da presença na sessão. Portanto, a 

correlação aqui apresentada entre centros autônomos, amígdala e expressão salienta uma 

real influência dos exercícios de Biodanza nas emoções, no sistema nervoso autônomo e na 

homeostase. Os autores discutem que embora as emoções “sentidas” não foram avaliadas 

diretamente  na  experiência,  a  entrada  de  informação  da  atividade muscular  facial  pode 

afetar  e  reforçar  as  emoções  sentidas  em  resposta  à  expressão  facial  de  alguém,  pela 

modulação na atividade do cérebro límbico. 

Abordagens  sobre  as  emoções  sentidas  também  foram  feitas.  Experiências  inibindo  ou 

facilitando a atividade muscular normalmente associada ao sorriso avaliaram a influência da 

contração muscular na resposta emocional (51). Os participantes foram solicitados a  segurar 

uma  caneta  na  boca  em  duas maneiras  diferentes,  uma  que  facilita  e  outra  que  inibe  a 

contração do músculo necessário para  formar um sorriso  (Figura 2), ao mesmo  tempo em 

que assistiam a desenhos animados. Sob condições facilitatórias, os participantes relataram 

resposta  emocional  mais  forte  do  que  a  daqueles  em  condições  inibitórias.  Diferentes 

condições não pareciam afetar a graça dos desenhos animados, mas a resposta emocional 

em  relação  a  estes  se  alterou, mostrando  que  a  predisposição  para  formar  um  sorriso 

intensificou o estado emocional das pessoas envolvidas (mesmo que eles não tivessem idéia 

da intenção real da experiência). É importante destacar que a emoção não foi evocada pelas 

condições facilitatórias ou inibitórias, mas foi intensificada ou amortecida por elas.  

 

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  Capítulo 2       Empatia        Erro! Estilo não definido. 

 

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Figura 2: Exemplo de condição  inibitória  (esquerda) e  facilitatória  (direita) para a contração dos 

músculos usados no sorriso.  Adaptado de (51). 

 

Adicionalmente, participantes  julgando o valor emocional de palavras  tinham sua exatidão   

prejudicada quando músculos específicos da emoção estavam inibidos (também por segurar 

uma caneta na boca), enquanto que a precisão de julgar o valor emocional de palavras como 

"raiva"  não  foi  diminuída  quando  os músculos  usados  não  foram  inibidos  por  segurar  a  

caneta (48). Relacionando estes resultados à Biodanza, é possível ver uma correspondência  

entre  expressão  e  sentimento,  uma  vez  que  os  participantes  não  puderam  responder 

corretamente devido à incapacidade de sentir a emoção relacionada. A Biodanza  incentiva a 

a expressão e espera aumentar as emoções  sentidas. Também  foi apresentada a  idéia de 

que a falta de expressão pode levar a equívocos, neste caso, a decisão errada sobre o valor 

emocional de palavras. Isso tem um relevante significado uma vez que mostra a importância 

que  exercícios  de  Biodanza  na  expressão  de  emoção  têm  para  habilidade  de  fazer 

julgamentos e  tomar decisões na  vida  cotidiana, dado que  a  falta de expressão pode  ser 

enganosa. 

A soma dos resultados aqui ilustrados aponta para uma facilitação do surgimento da emoção 

através da expressão (principalmente a expressão facial),  e que deriva de conexões entre o 

tronco cerebral e o sistema límbico, neste caso a amígdala. Estas descobertas sintonizam‐se 

e   continuam a apoiar o esforço da Biodanza para permitir uma adequada homeostase do 

organismo  e  o  desenvolvimento  das  potencialidades  humanas,  criando  um  ambiente 

enriquecido onde é possível expressar as emoções.  Em adição, forte correlações podem ser 

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  Capítulo 2       Empatia        Erro! Estilo não definido. 

 

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estabelecidas  com  teorias  de  cognição  personificada,  que  vão  ser  elucidadas  no  próximo 

capítulo: Potenciais Incorporados. 

 

 

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  Capítulo 3       Potenciais Incorporados        Erro! Estilo não definido. 

 

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Capítulo 3       Potenciais Incorporados 

"O homem pode incorporar a verdade mas ele não pode conhecê‐la”. William Butler Yeats 

 

Corpo  e Mente, Matéria  e  Espírito,  Corpo  e  Alma  são  termos  que  são  frequentemente 

usados como partes opostas  referindo‐se à nossa existência  física e à entidade  incorpórea 

que a controla. Este dualismo tem  influenciado em grande medida a maneira de pensar ao 

longo da história humana. Posteriormente, a ciência  foi gradualmente colocando a   mente 

no  cérebro. Mesmo  assim,  o  cérebro  e  o  corpo  continuaram  sendo  normalmente  vistos 

como  entidades  bastante  distintas,  uma  exercendo  total  controle  sobre  o  outro,  numa 

relação  completamente  unilateral.  Em  se  tratando  de  teorias  cognitivas  ou modelos  de 

processamento  de  informações, muitos  foram  inspirados  pela  idéia  da  "mente  como  um 

computador".  Em  muitos  modelos  cognitivos  clássicos,  a  informação  é  recebida  pelos 

sistemas sensoriais e armazenada na memória como uma representação abstrata. 

O  Sistema Biodanza baseia‐se na noção de que nosso  cérebro e  corpo não  funcionam de 

uma forma apenas, e que, portanto, o corpo influencia o cérebro e vice‐versa. Com efeito, o 

cérebro deve não ser pensado como algo separado do corpo  (11). Na Biodanza, propõe‐se 

que movimentos e contato  físico  influenciem nossa psique e nossa  saúde, permitindo‐nos 

reformular experiências e expressar potenciais, tudo ocorrendo com a modulação de nossas 

emoções. As teorias previamente referidas de cognição não parecem apoiar qualquer uma 

dessas idéias sugeridas pelo sistema Biodanza.  

No  entanto,  algumas  teorias  recentes  propõem  que  informações  adquiridas  são 

armazenadas  em  um  símbolo  motor‐sensorial  relevante,  e  que  a  recuperação  desta 

informação envolve uma  reexperimentação parcial de  contato  com essa  informação, para 

reativar partes dos estados motor‐sensoriais   que haviam ocorrido durante a experiência. 

Estas  são  as  teorias  de  Cognição  Incorporada  (ver  (48)  e  referências)  e  se  correlacionam 

fortemente com a idéia de feedback facial discutida anteriormente (ver pág. 28). 

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  Capítulo 3       Potenciais Incorporados        Erro! Estilo não definido. 

 

37 

 

 

 

3.1 Teorias de Cognição Incorporada e Biodanza   

 

Algumas  descobertas  recentes  sustentam  a  idéia  da  cognição  incorporada  e  corroboram 

ainda mais algumas das propostas da Biodanza. Em um estudo  foi  testada a  influência da 

entrada proprioceptiva nas  respostas emocionais  (52).   Os  resultados  fornecem evidência 

que a postura de uma pessoa pode influenciar seus sentimentos. Os participantes  adotaram 

uma de duas posturas diferentes e, em seguida,  foram  informados do seu sucesso em um 

teste concluído anteriormente.   Aqueles que receberam a boa notícia em posição ereta se 

sentiram mais  orgulhosos  do  que  aqueles  que  a  receberam  com  o  corpo  curvado.    Estes 

resultados ampliam o apoio à noção de feedback facial, mostrando que esse feedback não 

está  limitado  a  expressões  faciais  (por  ex.,  (51)),  mas  também  se  aplica  a  posturas  e 

movimentos com o corpo todo, neste caso, a postura. Experimentos adicionais dos mesmos 

autores  também  revelam  a  influência  de  fatores  proprioceptivos,  tais  como  aqueles 

provenientes  de  um  sorriso  ou  uma  carranca,  sobre  o  esforço  mental  e  julgamentos, 

demonstrando, em seguida,  diferenças também em aspectos não‐emocionais (52). Também 

foi  investigado  que  sentimentos  podem  ser  influenciados  mesmo  sem  interpretação 

cognitiva,  reforçando  a  idéia  de  que  não  é  preciso  compreender  o  significado  da  reação 

corporal para  sentir a  reação afetiva.   A  soma desses  resultados mostra que a adoção de 

posturas  específicas  de  emoção  ou  gestos  suscita  as  emoções  associadas  a  estes. 

Paralelamente ao suporte da Biodanza à adopção de posturas corporais refletindo potenciais 

de  saúde  e  integridade,  o  sistema  também  possui  em  sua  metodologia  posturas 

denominadas  Posições  Geratrizes.  Estas  são  posturas  de  emoção  específicas  ‐ou 

arquetípicas‐ com um profundo significado psicológico e são realizadas com a finalidade de 

desenvolver  a  conexão  do  participante  com  essa  emoção  ou  arquétipo  (53).  Estas  são 

posições  generalizadas  culturalmente,  que  podem  ser  encontradas  em  muitos  registros 

históricos de diferentes eras e  lugares. É possível acreditar que estas posições  são, então, 

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38 

 

 

posturas que podem evocar o sentimento  relacionado,  tais como aqueles evidenciados na 

experiência acima  referida, que descreveriam  informações empíricas  interessantes que  se 

encaixam,  e  confirmam  ainda mais um efeito observável na Biodanza. Além das Posições 

Geratrizes, muitos outros exercícios estão  relacionados  com movimentos ou posições   de  

emoção específica, tais como a alegria, a coragem, a ternura, a força para alcançar os sonhos 

e trilhar novos caminhos. Adicionalmente, as informações fornecidas exemplificam a relação 

recíproca entre a expressão  corporal e a emoção,  relação que é apoiada pelas  teorias de 

cognição incorporada. 

Vários  outros  estudos  verificam  as  teorias  propostas  pela  cognição  incorporada  e  uma 

relação entre as emoções e movimentos ou posições. Em um experiência, os participantes  

foram  instruídos a acenar em sinal de acordo ou abanar a cabeça em desacordo ao  testar 

alegadamente diferentes fones de ouvido. Durante esse teste falso, uma caneta foi colocada 

sobre  a mesa. Mais  tarde,  um  pesquisador  veio  e  pediu  ao  participante  que  escolhesse, 

como presente, uma caneta que já estava sobre a mesa ou outra caneta. Verificou‐se que os 

participantes  que  balançaram  suas  cabeças  em  desacordo  preferiram  a  caneta  diferente, 

enquanto os participantes que estavam acenando positivamente preferiram a caneta sobre 

a mesa (54). Isso significa que o ato de discordar superou a avaliação dos fones de ouvido e 

também  foi  inconscientemente aplicado no ambiente, nesse caso, a caneta.  Isto dá provas 

suplementares  sobre  a  ligação  entre  a  emoção  e  movimento,  salientando  também  a 

influência  sobre  o  julgamento.  No  início  do  avanço  da  Biodanza  no  Brasil,  havia  muita 

discussão acerca de forma e conteúdo,  isto é, os movimentos provocam as emoções ou as 

emoções  provocam  movimentos?  Muitos  declararam  que,  o  corpo  só  responde  a  uma 

emoção  sentida  e  as  emoções  não  são  produzidas  ou moduladas  por  ações  corporais  e, 

portanto,  exercícios  da  Biodanza  não  conseguem  deflagrar  emoções.  Os  experimentos 

apresentados argumentam a favor da ideia oposta, que a forma influencia o conteúdo. 

O que as teorias de cognição incorporada prevêm é que, quando nós pensamos ou falamos, 

ocorre uma reativação parcial nos sistemas sensoriais, motores e afetivos, de tal forma que  

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39 

 

 

lembrar  algo  (ou  usar  o  conhecimento  anterior)  é  reviver  isto  parcialmente.  Quando 

aplicado à emoção, isso significaria que para sentir uma emoção, reconhecer uma emoção e 

lembrar‐se de uma memória emocional, tudo coincidiria em processos mentais em grande 

medida.  Para  entender melhor  essa  sobreposição  de  processos mentais,  um  exemplo  é 

mostrado  na  Figura  3:  a  experiência  de  um  estímulo  emocional,  como  observar  alguém 

tocando  um  solo  de  Primavera  de  Vivaldi  em  um  violino,  levaria  à  resposta  de  várias 

populações de neurônios. A percepção  incluiria ver, ouvir e talvez sentir a excitação, entre 

outras  respostas. Os sistemas sensoriais, motores e afetivos  têm populações de neurônios 

que estão muito  interligadas e a experiência multimodal da música é possibilitada pela sua 

ativação.  Depois,  a  lembrança  da  Primavera  de  Vivaldi  irá  reativar  parcialmente  as 

populações de neurônios que  foram ativadas durante a experiência. Esta  reativação pode 

acontecer em uma cascata na qual a interligação entre as populações pode levar à ativação 

sequencial  dos  outros  sistemas  depois  que  um  deles  foi  ativado.  O  sujeito  pode,  por 

exemplo,  lembrar  a música  e  essa  recordação  auditiva  conduzir  à  lembrança  da  pessoa 

tocando violino e à comoção. Uma vez que há uma reexperiementação nos sistemas motor‐

sensoriais implicados, embora incompleta, ocorre uma recriação como se o sujeito estivesse 

lá naquele momento ou nesse exato estado emocional (ver (55) e referências), como Proust 

e Madeleine em "Em Busca do Tempo Perdido". Desta forma, ouvir uma composição musical 

na Biodanza pode remeter  o participante a um momento vivido anos antes, em uma sessão 

de Biodanza ou fora dela. 

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Figura 3: (Esquerda) populações de neurônios ativados no momento da percepção do violinista tocando a 

música.  (Direita)  Populações  de  neurônios  reativados  no  momento  da  recordação,  onde  o  sistema 

auditivo leva à ativação do sistema visual e afetivo. Adaptado de (55). 

 

Em  paralelo  ao  apoio  da  idéia  de  "incorporação"  proposta  pelas  teorias  de  cognição 

incorporada e pelo  sistema Biodanza,  a  recriação descrita  também dá  sustentação  a uma 

parte  relevante  da  sessão  de  Biodanza  na  qual  sentimentos  experimentados  nas  sessões 

anteriores  são  compartilhados  verbalmente.  Como  previsto  por  Rolando  Toro  e,  agora 

demonstrado  pelas  teorias  citadas,  a  recordação  e  a  expressão  verbal  da  sessão  anterior 

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41 

 

 

conduz  os  participantes  a  uma  reexperiementação  das  emoções  que  foram  sentidas, 

potencializando seus efeitos (56) (57).  

O  fato de que perceber e  sentir uma emoção usa os mesmos  sistemas pode  também nos 

ajudar a compreender os mecanismos da empatia. Pode‐se afirmar que, compartilhar     os 

sentimentos do outro  (ou  seja, a empatia emocional) é uma  recriação corporal do estado 

percebido. Aliás, muitas conclusões  relatadas no Capítulo sobre Empatia atestam  tal  idéia, 

particularmente  a  obra  de  Carr  et  al  (38)    mostrando  áreas  similares  do  cérebro 

respondendo  à  observação  e  à  imitação  de  rostos  emocionalmente  expressivos.  Estas 

descobertas são claramente suportadas pelos neurônios espelho (ver página 26), que podem 

desempenhar papel na evocação desta simulação. 

É  importante  relacionar  aprendizagem  com essa  ressonância emocional entre  as pessoas. 

Especialmente a aprendizagem observacional obtém uma nova perspectiva quando vista à 

luz  desses  estudos. O  que  é  sugerido  é  que  a  observação  dos  resultado  (ou  o  resultado 

emocional) do comportamento específico do outro, desencadeia uma recriação corporal da 

experiência  da  pessoa  observada  (ver  (55)  e  referências).  Como  a  Biodanza  é  sempre 

praticada  em  grupos  e  a  comunicação  visual  afetiva  é  encorajada,  experienciar  os 

sentimentos  do  outro  e  aprender  com  eles  pode  desempenhar  um  papel  importante  no 

desenvolvimento pessoal. Isto é particularmente importante quando se considera o fato de 

que cada pessoa no grupo tem movimentos, performances e habilidades distintas. A maioria 

dos exercícios em uma sessão permitem que um participante compartilhe seu exercício com 

muitos outros participantes e uma diversidade de encontros é encorajada, o que aumenta as 

possibilidades de se aprender com os outros e revela a importância de abraçar a diversidade, 

um conceito central no Princípio Biocêntrico.   

Embora  tenha  sido  sugerido  que  a  recriação  emocional  também  acontece  através  de 

instruções verbais   –uma vez que há ativação da amígdala  (58) tal como na observação de 

um  rosto emocionado  (38)– ainda não está definido  se esta  recriação é  tão  forte  como a 

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derivada  da  observação.  Então,  o  que  parece  estar  claro  é  que  toda  aprendizagem 

experiemental, observacional e instruída compartilham semelhanças significativas. 

 

3.2  Potenciais Corporais e Princípio Biocêntrico 

 

A  Biodanza  defende  a  idéia  de  que  cada  ser  vivo  nasce  com  inúmeros  potenciais,  e  que 

alguns  deles  começam  a  ser  expressos  e  alguns  não,  dependendo  do  ambiente.  Os 

determinantes  que  influenciam  se  os  potenciais  serão  ou  não  expressos  são  chamados 

ecofatores, que são características como aquelas que criam um ambiente enriquecido (11). 

Também prevê que cada ser vivo tem em seus potenciais o conhecimento  inconsciente de 

preservação e manutenção da vida. Isso significa que há uma força inconsciente em cada ser, 

orientando‐o  para  a  preservação  da  vida.  No  entanto,  alguns  dos  constrangimentos 

contemporâneos impostos pela sociedade e a desconexão humana com a natureza impedem 

sua expressão, tornando‐se algo confuso para muitas pessoas diferenciar o certo do errado. 

Isso  não  implica  em  dualismo  romântico  entre  estes  dois  conceitos,  mas  o  Princípio 

Biocêntrico define o terreno para evitar um relativismo completo. De acordo com o Princípio 

Biocêntrico, ações podem ser consideradas boas quando contribuem para a manutenção da 

vida, em qualquer aspecto (59).  

Das numerosas implicações que o Princípio Biocêntrico acareta, duas serão salientadas aqui. 

A primeira é que as pessoas inconscientemente podem trazer em si mesmas o que é bom e 

tentar evitar o que não é, mesmo se o contato com esses estímulos nunca tenha ocorrido 

antes. A segunda é que, uma vez que as  restrições da sociedade não  tenham  tido    tempo 

para  atuar  na  primeira  infância,  é  de  se  esperar  que  as  crianças  neste  estágio  possam  

decidir a  favor de ações positivas,  tais como a cooperação. Provas serão apresentadas em 

favor destas duas alegações.  

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  Capítulo 3       Potenciais Incorporados        Erro! Estilo não definido. 

 

43 

 

 

Em um experimento particular, participantes  tinham que avaliar  imagens como "positivas" 

ou  "negativas",  que  ganharam  tal  status  ao  serem  previamente  avaliadas  por  outros 

participantes como boa ou ruim, respectivamente (60). Tratava‐se de fotos de arte abstrata 

que foram distorcidas e reconfiguradas para serem irreconhecíveis. Deste jeito, os estímulos 

foram  completamente  novos  para  os  participantes  da  experiência.  Alguns  participantes 

foram  instruídos a puxar uma alavanca para perto de  si  tão  rapidamente quanto possível, 

sempre que uma  imagem aparecesse na  tela  (condição de aprozimação), enquanto outros 

deviam  empurrar  a  alavanca  para  longe  deles  (condição  de  evasão).  Os  resultados 

mostraram que os participantes na condição de aproximação responderam mais rápido aos 

estímulos  positivos,  enquanto  aqueles  na  condição  de  evasão  responderam  mais 

rapidamente  a  estímulos  negativos.  Estes  dados  indicam  que  os  participantes  estavam 

inconscientemente relutantes em fazer um movimento de aproximação ao se defrontar com 

uma imagem negativa, mesmo que  não tivessem nenhum objetivo consciente para avaliar a 

imagem,  que  era  completamente  nova  para  eles.  Por  outro  lado,  fotos  de  romances 

positivos  foram mais  facilmente aproximadas e mais  relutantemente evitadas.  Isso mostra 

que, de modo corporal, as pessoas tendem a involuntariamente aproximar‐se do que é bom 

e a repelir o que é ruim. O conceito de Inconsciente Vital refere‐se à predisposição dos seres 

vivos  de  gerarem mais  vida,  estando  intimamente  associado  aos  fenômenos  abordados 

acima  (59). Estes  resultados  também  conectam a  tendência para o bem  com uma  reação 

corporal, dando sustentação adicional à idéia de cognição incorporada. 

Além do mais, a realização deste tipo de julgamento não requer o desenvolvimento de uma 

mente  complexa.  Crianças  pré‐verbais  mostram  predileção  por  personagens  que  são 

colaboradores  em  comparação  com  dificultadores  (61).  Crianças  de  seis  e  dez  meses 

assistiram a uma cena onde um alpinista  foi ajudado ou  impedido por outro personagem. 

Todos esses personagens  foram representados por  figuras geométricas coloridas; e após a 

observação os bebês foram encorajados a pegar um dos dois personagens, o colaborador ou 

o dificultador. Os infantes significativamente escolheram o colaborador, demonstrando que 

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  Capítulo 3       Potenciais Incorporados        Erro! Estilo não definido. 

 

44 

 

 

foram capazes de distinguir entre as ações dos dois personagens e preferiram o cooperador. 

Experimentos  adicionais  também  mostraram  que  eles  preferem  o  colaborador  a    um 

indivíduo  neutro  (que  não  participa  de  uma  interação  social)  e  preferem  um  indivíduo 

neutro do que  indivíduo dificultador. Testes  também  foram  feitos para demonstrar que a 

preferência é devido à interação social e não devido às preferências de percepção gerais, tais 

como  movimento  ascendente  em  comparação  com  o  movimento  descendente.  Isto 

demonstra  que  bebês  em  um  estágio  inicial  de  desenvolvimento  cognitivo  e  encefálico 

foram capazes de distinguir e preferem ações para a manutenção da vida,  tais como uma 

ação  cooperativa.  Os  autores  concordam  com  a  idéia  de  que  o  julgamento  sobre  atos 

cooperativos  é  um  passo  para  uma  concepção  do  que  é  certo  ou  errado,  e  que  essas 

distinções  parecem  ser  essenciais  e  intrínsecas  para  os  seres  vivos,  como  no  trecho:  “A 

capacidade  de  julgar  diferencialmente  aqueles  que  realizam  atos  sociais  positivos  e 

negativos pode formar ainda uma base essencial para qualquer sistema que eventualmente 

irá conter conceitos mais abstratos de certo e errado. (…) Nossas descobertas indicam que os 

seres humanos se envolvem no desenvolvimento da avaliação social muito antes do que se 

pensava anteriormente, e sustentam a visão de que a capacidade de avaliar indivíduos com 

base nas suas  interações sociais é universal e  inata"(pág. 559, ref (61)). Embora os autores 

afirmem que a capacidade de avaliar  indivíduos não é aprendida, parece possível que seja 

desaprendida,  uma  vez  que  é  comum  ver  tantos  enganos  que  podem  ocorrer  nas   

interações sociais, por exemplo, devido a pressões da sociedade. Também é notável que os 

bebês tomem suas decisões sem ter qualquer envolvimento anterior com os personagens e 

sem  terem  sentido  qualquer  consequência  das  ações  dos  personagens.  A  criança  é, 

portanto, um observador  livre e  independente, decidindo  sobre o  valor de um ato  social. 

Isso significa que o desenvolvimento da avaliação social ocorre bastante cedo na ontogênese 

e provavelmente também cedo filogeneticamente. 

Um experimento que dá uma noção de que a capacidade de diferenciar entre o bem e o mal 

não está  limitada aos seres humanos é um estudo  feito com macacos  rhesus. Os macacos 

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          Erro! Estilo não definido. 

 

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tinham  que mover  uma  alavanca  para  receber  alimentos, mas  o movimento  da  alavanca 

também poderia causar um choque elétrico em um macaco companheiro na gaiola próxima 

(62). A maioria deles preferiam passar  fome do que ser  responsável por um eletrochoque 

em um semelhante. Esse comportamento "altruísta"  indica que perceber a  importância de 

cuidar dos outros não é um atributo exclusivamente humano, e que um cérebro complexo, 

como um possuído pelo Homo sapiens não é requerido para se comportar de forma ética. 

É  possível  imaginar  é que  esta  forma  de  comportamento  possa  estar  espalhada  entre  os 

seres vivos, manifestando‐se de muitas maneiras diferentes,  traduzindo essa  tendência de 

cooperação entre as formas de vida em uma maneira de preservar a própria vida, tal como 

sugerido no Princípio Biocêntrico.  

 

 

 

 

 

 

Discussão Geral 

    

A  neurociência  tem  gerado muitas  evidências  nos  últimos  anos  e  é  um  campo  que  está 

crescendo continuamente. Por conseguinte, é enorme a quantitade de paralelos que podem 

ser  estabelecidos  entre  este  domínio  e  o  sistema  Biodanza.  Neste  trabalho,  algumas 

conexões foram propostas a fim de permitir uma maior reflexão sobre algumas questões. 

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  Discussão Geral        Erro! Estilo não definido. 

 

46 

 

 

Algumas declarações gerais podem ser destiladas a partir das  informações apresentadas. A 

primeira  é  que  uma  grande  quantidade  de  informações  que  acontece  no  ambiente  pode 

passar  despercebida,  mantendo‐se,  então,  inconsciente,  e  ainda,  mesmo  assim,  pode 

promover  alterações  (que  incluem  a  aprendizagem)  em  um  indivíduo  que  está  envolvido 

neste  ambiente.  Dessa  forma,  nem  um  mecanismo  de  Biodanza  nem  seus  efeitos  são 

necessários para acionar a consciência de um participante para as consequências a ocorrer.   

A empatia, uma  faculdade que pode entrar em ação  com ou  sem  consciência,  tem  fortes 

ligações com o sistema límbico e envolve a observação de determinadas regiões faciais, que 

são geralmente um objeto do olhar em  sessões de Biodanza,  visando a  compreensão e a  

conexão  com  o  outro. A  empatia  também  é  reforçada  pela  possibilidade  de  expressão  e 

reação aos sentimentos percebidos, da mesma forma como emoção também é influenciada, 

apontando para a eficácia do despertar de emoção nos exercícios de Biodanza. Sentimentos 

também foram vivenviados quando foram adotadas posturas específicas de emoção, como 

proposto nas Posições Geratrizes de exercícios na Biodanza. A impossibilidade de expressão 

originou  deficiência  em  julgamentos  emocionais,  o  que  aponta  para  o  significado  e  a 

importância  da expressão, que é um dos principais pilares do sistema Biodanza. 

A  hipótese  do  feedback  facial  e  as  teorias  de  cognição  incorporada  dão  sustentação  à  

proposição  da  Biodanza  de  que  experiências  vivenciadas  permanecem  incorporadas  e  à  

premissa de que uma mudança no  corpo  conduz  a uma mudança no  indivíduo  como um 

todo.  A conexão de memórias, processos e emoções com o corpo, proposta nas teorias de 

cognição incorporada, vai ao encontro da idéia da Biodanza de mudar o corpo para mudar a 

vida. É evidente que Biodanza não  transforma o que acontece na vida, mas permite uma 

reflexão diferente sobre momentos vividos e reações diferentes para o que ainda está por 

vir.  

O  inconsciente vital e o Princípio de Biocêntrico encontram suporte em experimentos que 

mostram uma tendência corporal  inconsciente de aproximar‐se de estímulos positivos e de 

evitar  estímulos  negativos.  Pesquisas  também  apoiam  a  idéia  de  que  os  seres  humanos, 

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  Discussão Geral        Erro! Estilo não definido. 

 

47 

 

 

como outros seres vivos, têm uma predisposição para ações que preservam a vida, tais como 

ações cooperativas.  

Os paralelos aqui estabelecidos abrem novas possibilidades para outras pesquisas empíricas 

serem feitas sobre a Biodanza, de modo a verificar as correlações sugeridas. Seria também 

interessante se, uma vez empiricamente comprovados, os efeitos da Biodanza  inspirassem 

experiências  e  teorias  da  neurociência,  levando  a  uma  compreensão mais  completa  do 

cérebro e o corpo. 

 

 

 

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  Índice        Erro! Estilo não definido. 

 

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Índice 

 

Amígdala, 24, 25, 28, 29, 31—33, 35, 41 

Autoestima, 17, 18 

    Autoestima explícita, 17, 18, 19 

    Autoestima implícita, 17, 18 

Cognição Incorporada, 4, 37, 38, 40, 43, 46 

Dopamina, 23 

Efeito Camaleão, 20, 30 

Epigenética, 29 

Empatia, 18, 39, Consulte Capítulo 2  

    Empatia Cognitiva, 28, 29 

    Empatia emocional, 28, 29, 41 

Feedback facial, 4, 28, 30, 31, 32, 37, 46 

Hipocampo,  20, 21 

Hipotálamo, 15, 25, 32 

Homeostase, 33, 35 

Hormônios, 15, 28 

Identidade, 8, 9, 17, 19, 30 

Insula, 27, 33 

Memória 

    Memória declarativa, 21, 22 

    Memória não‐declarativa, 20, 21, 22, 23 

Neurônios espelho, 12, 27, 41 

Neurotransmissores, 14, 15 

Ocitocina, 28, 29, 30 

Ponte, 33 

Posições Geratrizes, 37, 38, 46 

Princípio Biocêntrico, 4, 7, 41. 42, 45 

Reforço social, 29, 30 

Tronco cerebral, 25, 32 

Vivência, 8, 32 

 

Bibliografia 

1. Toro, Rolando. Biodanza. São Paulo, Brasil: Olavobrás, 2002. 

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  Bibliografia        Erro! Estilo não definido. 

 

49 

 

 

2. Adaptado e traduzido do discurso de  Rolando Toro. São Paulo: Didática formação em Biodanza, 

2009. 

3. Dilthey, Wilhelm e Betanzos, Ramon J. Introduction to the human sciences: an attempt to lay a foundation for the study of society and history. Detroit, USA : Wayne State University Press, 1988, 1988. 

4. Bion, Wilfred R. Learning from Experience. London, England : Karnak Books, 1984. 

5.  Definição  de  neurociência,  Dicionários  de  Oxford.  2011  [Online].  [Citado:  08  03,  2011.] 

http://oxforddictionaries.com/definition/Neuroscience. 

6. Sánchez, Gittith A. Neurosciencias y Biodanza: El proceso de integración genético‐ambiental. Una abordaje de la Teoría de Sistemas Complejos Adaptativos.International Biocentric Foundation, 2006. 

7. Biodanza and the Mirror neurons. Risoli, Annalisa. Lignano Sabbiadoro, Italy : International Biocentric Foundation, 2008. Presentation at the 8th Biodanza® World Congress. 

8. Stück, Marcus e Villegas, Alejandra. Dance Towards Health? Empirical research of Biodanza. Uckerland, Germany : Schibri‐Verlag, 2008. 

9. Acupuncture for mice. Cressey, Daniel. Nature, 2010, Vol. 465. (538) 

10. Adenosine A1 receptors mediate local anti‐nociceptive effects of acupuncture. Goldman, Nanna, et al. Nature Neuroscience, 2010, Vol. 13. (883‐888) 

11. Definições e Modelo Teórico em Biodanza. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

12. Emotion Circuits in the Brain. LeDoux, Joseph E. Annual Review of Neuroscience, 2000, Vol. 23. (155–184) 

13. Mecanismos de Ação de Biodanza. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

14. Automatic Mental Associations Predict Future Choices of Undecided Decision‐Makers. Silvia Galdi, Luciano Arcuri, Bertram Gawronski. Science, 2008, Vol. 321. (1100‐1102) 

15. Predicting Elections: Child’s Play! John Antonakis, Olaf Dalgas. Science, 2009, Vol. 323. (1183) 

16. Unconscious Processes as Explanations of Behavior in Cognitive, Personality and Social Psychology. Lewicki, Pawel e Hill, Thomas. Pers Soc Psychol Bull, 1987, Vol. 13. (355‐362) 

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  Bibliografia        Erro! Estilo não definido. 

 

50 

 

 

17. Women's voice attractiveness varies across the menstrual cycle. Pipitone, R. Nathan e Jr, Gordon G. Gallup. Evolution and Human Behavior, 2008, Vol. 29. (268‐274) 

18. Identidade e Integração. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

19. Unconscious Unease and Self‐Handcapping: Behavioral Consequences of Individual Differences in Implicit and Explicit Self‐Esteem. Spalding, Leah R. e Hardin, Curtis D. Psychological Science, 1999, Vol. 10. (535‐539) 

20. Control of Attributions about the Self Through Self‐handicapping Strategies: The Appeal of Alcohol and the Role of Underachievement. Jones, Edward E. e Berglas, Steven. Personality and Social Psychology Bulletin, 1978, Vol. 4. (200‐206) 

21. An impression management interpretation of the self‐handicapping strategy. Kolditza, Thomas A. e Arkin, Robert M. Journal of Personality and Social Psychology, 1982, Vol. 43. (492‐502) 

22. Is Implicit Self‐Esteem Really Unconscious?: Implicit Self‐Esteem Eludes Conscious Reflection. Gailliot, Matthew T. e Schmeichel, Brandon J. Journal of Articles in Support of the Null Hypothesis, 2006, Vol. 3. (73‐83) 

23. Unconscious Facial Reactions to Emotional Facial Expressions. Dimberg, Ulf, Thunberg, Monika e Elmehed, Kurt. Psychological Science, 2000, Vol. 11. (86‐89) 

24. The Chameleon Effect: The Perception‐Behavior Link and Social Interaction. Chartrand, T. L. e Bargh, J. A. Journal of Personality and Social Psychology, 1999, Vol. 76. (893–910) 

25. Discriminating emotional faces without primary visual cortices involves the the right amygdala. Pegna, Alan J, et al. Nature Neuroscience, 2005, Vol. 8. (24‐25) 

26. Robust habit learning in the absence of awareness and independent of the medial temporal lobe. Bayley, Peter J., Frascino, Jennifer C., Squire, Larry R. Nature, 2005, Vol. 436. (550‐553) 

27. Memory systems of the brain: a brief history and current perspective. Squire, L. R. Neurobiol. Learn. Mem., 2004, Vol. 82. (171‐177) 

28. A reexamination of the concurrent discrimination learning task: the importance of anterior inferotemporal cortex, area TE. Buffalo, E. A., et al. Behav. Neurosci., 1998, Vol. 112. (3‐14) 

29. Genetically Determined Differences In Learning From Errors. Klein, Tilmann A., et al. Science, 2007, Vol. 318. (1642‐1645) 

30.  Definição  de  empatia  de  Dicionários  de  Oxford.  2011  [Online].  [Citado:  07  09,  2011.] 

http://oxforddictionaries.com/definition/Empathy. 

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  Bibliografia        Erro! Estilo não definido. 

 

51 

 

 

31. Metodologia II‐ A Sessão de Biodana. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

32. Afetividade. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

33. Aspectos Psicológicos de Biodanza. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

34. Transcendência. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

35. Conscious and Unconscious emotional learning in the human amygdala. Morris, J. S., A.Ohman e Dolan, R. J. Nature, 1998, Vol. 393. (467‐470) 

36. A subcortical pathway to the right amygdala mediating unseen fear. Morris, J. S., A.Ohman e Dolan, R. J. Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 1999, Vol. 96. (1680–1685) 

37. A mechanism for impaired fear recognition after amygdala damage. Adolphs, Ralph, et al. Nature, 2005, Vol. 433. (68‐72) 

38. Neural mechanisms of empathy in humans: A relay from neural systems for imitation to limbic areas. Carr, Laurie, et al. Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 2003, Vol. 100. (5497–5502) 

39. A unifying view of the basis of social cognition. Gallese, Vittorio, Keysers, Christian e Rizzolatti, Giacomo. Trends in Cognitive Sciences, 2004, Vol. 8. (396‐403) 

40. Ramachandran, V. S. Mirror Neurons and the Brain in the Vat. Edge. [Online] 2006. http://edge.org/conversation/mirror‐neurons‐and‐the‐brain‐in‐the‐vat. 

41. The Link between Facial Feedback and Neural Activity within Central Circuitries of Emotion—New Insights from Botulinum Toxin‐‐Induced Denervation of Frown Muscles. Hennenlotter, Andreas, et al. Cerebral Cortex, 2009, Vol. 19. (537‐542) 

42. Oxytocin Enhances Amygdala‐Dependent, Socially Reinforced Learning and Emotional Empathy in Humans. Hurlemann, Rene, et al. Journal of Neuroscience, 2010, Vol. 30. (4999–5007) 

43. Epigenetic regulation of the glucocorticoid receptor in human brain associates with childhood abuse. McGowan, Patrick O, et al. Nature Neuroscience, 2009, Vol. 12. (342‐348) 

44. Social Reinforcement‐ definiton. Mondofacto. [Online] 12 de Dec de 1998. [Citado em: 23 de Jul de 2011.] http://www.mondofacto.com/facts/dictionary?social+reinforcement. 

Page 52: O que o Cérebro tem a dizer sobre a Biodanza - AGB · e psicologia experimental, que lidam com a estrutura ou o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso ” (5). Portanto,

  Bibliografia        Erro! Estilo não definido. 

 

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45. Nonverbal Behavior and the Theory of Emotion: The Facial Feedback Hypothesis. Buck, Ross. Journal of Personality and Social Psychology, 1980, Vol. 38. (811–824) 

46. Movimento Humano. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

47. When the social mirror breaks: deficits in automatic, but not voluntary, mimicry of emotional facial expressions in autism. McIntosh, Daniel N., et al. Developmental Science, 2006, Vol. 9. (295‐302) 

48. Embodiment of Emotion Concepts. Niedenthal, Paula M., et al. Journal of Personality and Social Psychology, 2009, Vol. 96. (1120–1136) 

49. Neuroanatomical basis for first‐ and second‐order representations of bodily states. Critchley, H. D., Mathias, C. J. e Dolan, R. J. Nature Neuroscience, 2001, Vol. 4. (207‐212) 

50. Aspectos Fisiológicos de Biodanza. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

51. Inhibiting and Facilitating Conditions of the Human Smile: A Nonobtrusive Test of the Facial Feedback Hypothesis. Strack, Fritz, Martin, Leonard L. e Stepper, Sabine. Journal of Personality and Social Psychology, 1988, Vol. 54. (768‐777) 

52. Proprioceptive Determinants of Emotional and Nonemotional Feelings. Stepper, Sabine e Strack, Fritz. Journal of Personality and Social Psychology, 1993, Vol. 64. (211‐220) 

53. Elenco Oficial de Exercícios, Músicas e Consígnas. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

54. The Role of Overt Head Movement in the Formation of Affect. Tom, Gail, et al. Basic and Applied Social Psychology, 1991, Vol. 12. (281‐289) 

55. Embodying Emotion. Niedenthal, Paula. Science, 2007, Vol. 316. (1002‐1005) 

56. A Vivência. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

57. Metodologia V. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

58. Activation of the left amygdala to a cognitive representation of fear. Phelps, Elizabeth A., et al. Nature Neurosciences, 2001, Vol. 4. (437‐441) 

59. Inconsciente Vital e Princípio Biocêntrico. Toro, Rolando. Apostilas de Orientação para Formação de Facilitadores em Biodanza. 

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60. The Automatic Evaluation of Novel Stimuli. Duckworth, Kimberly L., et al. Psychological Science, 2002, Vol. 13. (513‐519) 

61. Social evaluation by preverbal infants. Hamlin, J. Kiley, Wynn, Karen e Bloom, Paul. Nature, 2007, Vol. Vol 450. (557‐559) 

62. "Altruistic" Behavior in Rhesus Monkeys. Masserman, Jules H., Wechkin, Stanley e Terris, William. The American Journal of Psychiatry, 1964, Vol. 121. (584‐585)