o que é a coisa ela mesma, na fenomenologia? (introdução à recordação amadora, anotações)

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  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

    Introduo

    O ttulo indica o que a seguinte coleo de reflexes, artigos e observaes gostaria deser, a saber, uma espcie de cadernos de anotaes. Daqueles que como estudantestrocamos, para ajuda mtua, recordando o que se ouve nas prelees, semin!rios eleituras, de autores, professores e especialistas abali"ados e que bem ou malconseguimos assimilar e anotar, dentro das nossas limitaes de estudantes amadores.#s anotaes aqui recebem ocasionalmente forma externa de ensaio, artigo, discurso,apostil$a e reflexes avulsas e ocasionais, feitas durante semin!rios e col%quios. &algumas foram publicadas j! $! muito tempo ou recentemente, em forma de artigos.'ejam quais forem a forma externa que as anotaes assumem, todas elas gostariam deser lidas como anotaes de estudante amador e amante na coisa, i. , na causa dafilosofia, na modalidade aqui denominada de modo bastante vago de fenomenologia.#notaes de um tal caderno s% as entende quem as rabiscou, e quem, ao l()las, tem omesmo tipo de complexo e paixo. *omplexo e paixo de busca da coisa ela mesma dafilosofia e do seu fascnio, sofridos pelo iniciante ou amador. De que complexo e de que

    paixo se trata, di" o sub)ttulo+Introduo recordao amadora.

    Recordao aqui no tem a ver com mem%rias do passado longnquo saudoso eoutraum!tico de antan$o, nem com dep%sito de lembranas, reminisc(ncias, portanto comarquivo de dados. #ntes, tem a ver com latim cor, -dis, com a re-cordao, portantocom retomada e volta ao cerne, corao, ao fundo oculto, donde nasce, cresce e seconsuma, o que sempre de novo aparece, dentro, diante e ao redor de n%s. -as ento oque , pois, cerne, corao, o fundo oculto, donde nasce, cresce e se consuma o estudode um amadorna fenomenologia /or ser ofundodo amador$! ali psicologicamentealgo como medo de pouco saber, uma espcie de complexo do aprendi" que no especialista, de ser apenas iniciante e diletante. -as, ao mesmo tempo, $! tambm alialgo como mpeto da inoc(ncia ing(nua de um grande desejo, vontade de adentrar, simde estar por dentro, em casa, naquilo que a alma do amador ama, a saber, naquilo que afenomenologia tem de mais pr%prio e fascinante, sem con$ecer bem a complexidade eexig(ncia de exatido objetiva e informativa que exigem o empen$o e o desempen$o detal empreendimento do saber. & a tudo isso, acrescente)se o receio de iludir)se a simesmo, contentando)se com o saber particular, subjetivo, trocando verdade, acuidade e

    claridade da teoria com paixo e sentimento. 0rata)se de um $umor angustiante quetoma conta de todo e qualquer estudante de filosofia que ama a filosofia, que se lana acata de informaes, cada ve" mais numerosas, asseguradas, que l$e parecem

    proporcionar o poder do saber dominante e ao mesmo tempo se sente inquieto, comoque tocado por outro $!lito de fascnio. 1ascnio e pra"er de concentrao no poucoessencial, de afundamento para a interioridade de uma intuio da verdade origin!ria.2ntuio que por um instante aparece como vislumbre de algo como viv(nciaaventureira e singularmente venturosa, sim altamente pessoal de uma dimensoinomin!vel. #s exposies que se seguem sofrem da ambig3idade desse $umorangustiante do amador, que sempre permanece iniciante, jamais iniciado. De estudanteinacabado, sempre temeroso de estar expondo a sua ignor4ncia. /or isso, no subttulo a

    palavra recordao indica essa perplexidade psicol%gica, mas ao mesmo tempoesperana de que, mesmo tambm nessa perplexidade, possa estar atuando, talve", por

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    menor que seja, um $!lito do pensamento da busca da verdade, o toque do vislumbre dosentido do ser, operante nas diversas problem!ticas tratadas nas reflexes, nodesengono e na impreciso, caractersticos de trabal$os de amador.

    O interesse5dos termosfenomenolgico e fenomenologia aqui na nossa exposio se

    refere 6 corrente filos%fica que $istoricamente teve incio com &dmund 7usserl sob adenominao de fenomenologia e se manifestou em diversas escolas e inmerosmovimentos de fenomenologia. 8a infind!vel srie de nomes de fil%sofos e pensadores,de tend(ncias filos%fico)fenomenol%gicas, o nosso inter)esse se limita mais a tr(s, asaber, &dmund 7usserl, -artin 7eidegger e 7einric$ 9ombac$, que usualmente soclassificados como pertencentes 6 escola fenomenol%gica de 1reiburg i. :r. 8o entanto,no se fala tanto sobre esses autores e seus pensamentos, mas as reflexes que seguemtratam diversos assuntos de cun$o filos%fico ou semi)filos%fico como que a partirdomdium em que se ac$a essa corrente fenomenol%gica friburguense, na medida em que,

    bem ou mal, foi assimilada e compreendia pelas reflexes. *om outras palavras, ospensamentos v!lidos que ocorrem nas nossas reflexes foram tirados desses autores,

    certamente quase sempre mal assimilados ou simplificados de modo diletante, oumesmo falsificados por causa da ignor4ncia ou pouco volume do pensar. /or isso,tambm o termo introduono se refere a uma exposio $istoriogr!fica acerca dessaescola de filosofia e de apresentao sucinta, na medida do possvel sistem!tica de suasteses, doutrinas e ensinamentos filos%ficos, para estudiosos de filosofia, ainda noiniciados nessa corrente filos%fica contempor4nea. # palavra introduo do subttulo

    praticamente no tem nada a ver com esse tipo de introduo. /ois nossas reflexes noconseguem reali"ar to difcil tarefa. /ara isso, falta)l$es tanto o volume decon$ecimentos como o domnio de complexos dados $istoriogr!ficos e filos%ficos,implicados por qualquer introduo desse tipo.

    #qui no subttulo, a palavra introduo indica to somente o inter)esse, nopropriamente de condu"ir os outros para dentro da fenomenologia, mas sim de aprpria reflexo, de alguma forma, ser uma tentativa. 0entativa de intuir, i. , de ir paradentro, mesmo que seja somente num vislumbre passageiro, do fundo incandescente dacoisa ela mesma da fenomenologia e ser atingido pela sua fasca, na cintilao do seuaparecer.

    /or isso, os pensamentos, informaes, refer(ncias que por acaso se encontrem nessaapostila)caderno de anotaes, se forem usadas, devem ser controladas em sua exatidoe validade, pois so na sua maioria ;c$utaes< e simplificaes de um amador. 'e,

    porm, $ouver nessas ;c$utaes< do amador e amante da causa da fenomenologia,

    alguns pensamentos v!lidos, podem ser quem sabe teis para os que sofrem das mesmasdificuldades e no entanto querem intuir, portanto ir para dentro daquilo que do fascnioda fenomenologia. 8essa perspectiva, as reflexes, nos seus dados informativos,limitam ao mnimo a exposio dos con$ecimentos e do saber usual acad(mico sobre afenomenologia, supondo)os como con$ecidos de alguma forma.

    I - COIS, F!"#$!"O, F!"O$!"O%O&I ! S!' %&OS

    O ttulo desse trabal$o soa ;O que a coisa ela mesma, na fenomenologia?

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    relaciona com o sloganur !ac"e !el#st$, coisa ela mesma, sob o qual afenomenologia ficou con$ecida enquanto movimento filos%fico. ? coisa ela mesmaconota retorno, volta. &, a todo o retorno, antecede um afastamento. 2sto do que nosafastamos e ao qual a fenomenologia nos convoca ao retorno, se c$ama a coisa elamesma.&, usualmente, 6 primeira vista, o movimento de retorno simplesmente uma

    re)vira)volta de 5@AB, de tal sorte que a direo do retorno dirigida para o ponto departida, donde se vin$a se afastando. -as o que , pois, a coisa ela mesma De quecoisa se trata, quando a coisa ela mesma o ponto de partida, do qual nos afastamos eao qual somos convocados a retornar &ssa pergunta, assim formulada, se aobservarmos bem, j! predeterminou o rumo de nossa investigao em refer(ncia aoslogan lder da fenomenologiaur !ac"e sel#st.&m que sentido 8o sentido de afenomenologia que convoca coisa ela mesmaj! ter sido posicionada propriamentecomo uma logia, como um saber que sabe o que o seu objeto, a coisa ela mesma, paranos convocar a um retorno a ela. -as assim impostada, a ton4ncia da convocao, cujac$amada expressa no sloganur !ac"e sel#st%soa um tanto desafinada. /ois, dito deoutro modo, assim, a fenomenologia um saber, e qui! uma ci(ncia, que deve possuir

    con$ecimento certo sobre a realidade que a coisa ela mesma. *omo seria sefenomenologiasignificasse ;simplesmente ;? coisa ela mesma

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    conotada pela palavra coisa. -as quando entram em cena termos do uso popular, agente fica um tanto ;perplexo

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    dentro da sua perspectiva, assim mais ou menos, na medida do uso, segundo o escritor,dentro da exist(ncia amadora japonesa de antigamente, de tal sorte que perguntadoacerca de todas essas coisas, o amador, pescador do fim de semana, no sabe respondercom exatido, o que, como, onde pescar. /ois na paisagem da exist(ncia amadora deantigamente, no pescar peixes, com an"ol, lin$a, vara de pescar e com c$apu de pal$a,

    todas essas coisas, recebem seu significado %bvio, cada coisa no seu lugar, nesse modode ser solto, meio espont4neo, mas muito bem adaptado 6 realidade. O que, porm, no$averia de acontecer, se mesmo na exist(ncia japonesa de antigamente, se tratasse deuma pesca profissional, embora por sua ve" o car!ter profissional de antigamentetivesse o seu modo de ser todo pr%prio artesanal, cun$ado pela exist(ncia japonesa deantigamente e bem diferente 6 da exist(ncia cun$ada pelo profissionalismo tcnicocientfico, insinuado pela est%ria de 0adao. #li!s, profissionalismo tcnico cientfico no

    permite ser solto e descuidado mesmo no amadorismo.

    #ssim, di"er, por exemplo, como na caracteri"ao da coisa acima, que ;coisa istoque est' ali diante de ns, dado de antemo como o#&eto, disposio da ao de

    3isuali4ao e de manipulao

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    classificaes, conforme o interesse, a determinao especfica de suas finalidades eprojees

    **+ O segundo exemplo um trec$o, citado por 1oucault e atribudo por ele a orge:orges, que fala de ;uma certa enciclopdia c$inesa

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    #ssim, a palavra coisa $abitada por uma c$usma de entes, a palavra coisase entoacada ve" e se repercute numa celeuma de significados.

    ** Coisa e coisalidade, uma estrana im.lic/ncia entre coisa e omem

    #ssim, se os escutarmos bem, coisa e todos os termos similares acima mencionadosinsinuam nuances de diferena. Desse modo, distinguimos coisa e coisa, ou mel$or,coisa e sua coisalidade. 0entemos, pois, enumerar as coisas que j! se desfilaram, p. ex.,na est%ria da pesca, diante de nossos ol$os, nas diferenas de sua coisalidade. *oisasnaturais+ peixe, min$oca, o $omem pescador, o bambu, o rio, o barranco, vento, o cuaberto, as !rvores 6 margem do rio, o sol causticante, etc. etc.C coisas que eram naturaismas entraram na perspectiva do uso+ bambuvara de pescaC pedrabanco para sesentarC !rvore e sua sombraproteo contra o raio do solC min$ocaiscaCsolsecador da camisa mol$adaC o $omempescadorfornecedor e fornecimento de

    peixe para a co"in$a da mul$er, na preparao do jantar etc.C coisas feitas pelo $omem+an"ol, vara de pesca, c$apu, vestimentas para a pesca, %culos escuros etc.C e so

    tambm coisas, p. ex., os pensamentos que ocorrem dentro da cabea do pescadorC seussentimentos, viv(ncias, os nmeros, atravs dos quais conta quantos peixes pescou,quantas min$ocas ainda restam como iscasC a bele"a da paisagem buc%licaC a c$ateaodiante do pedantismo tcnico do vendedor de an"ol, lin$a e varaC o sistema sofisticadoda pesca e a indstria dos instrumentos de pesca e seus acess%riosC a civili"aotecnol%gica que domina o apo e a sua cultura antiga, que aos poucos desaparece etc.Ca morte dos peixes que pesca, a qual o pescador associa 6 sua pr%pria morte vindouraC aconcepo budista da vida e da morte, da nature"a, da civili"ao etc. que de algumaforma move o pescador, quando se deprime ao comparar o apo de $oje, ao de ontemCessa pr%pria comparao que ele fa" de $oje com ontem, o tempo, ontem, $oje e futuroetc., etc. &m todas essas coisas, e suas coisalidades, no nosso uso da palavra coisa,coisa, geralmente indica objeto. /odemos talve", ;grosso modo< e 6 primeira vista,di"er que coisa, como o#&eto, est! referida aopro&eto da produo do "omem7. Objeto a coisa produ"ida pela ao da indstria $umana. #o passo que coisa se usa de

    prefer(ncia para indicar mais um fato da nature4a 3irgem, ainda intacta da indstria$umana. /ortanto coisa da e produ"ida pela nature"a. & quando queremos indicarindistintamente tudo que e pode ser, seja no sentido do o#&etocomo tambm no dacoisa, seja se produto do $omem, seja se produto da nature"a, usamos o termointeiramente geral algo.# coisa)objeto e a coisa)coisa, a saber, o fato natural, e a coisa)algo, o que 7! algo anterior 6 coisa)objeto Tproduto do $omemP e 6 coisa)coisa, aofato natural Tproduto da nature"aP #lgo comum a todas as coisas@& onde se locali"am

    todas aquelas coisas que acima enumeramos que no se encaixam com taman$afacilidade, nem 6 classe das coisas da nature"a, nem 6 das coisas da cultura ou feitaspelo $omem -as sejam como forem, todas essas coisas, e suas coisalidades, se ac$amnuma ordenao classificat%ria da mais geral para a especfica, e desta para a individual+

    p. ex. peixe, lambari, este lambari etc. O nosso interesse a seguir seria o de observar queaqui se d! uma pequena distino, a saber+ usualmente n%s pensamos que esses termos

    V # partir dali, agora, num sentido muito mais lato e formal, o#&etoconstitui o momentocorrelati3odosu&eitono todo do esquemasu&eito-o#&eto, do modo de ser, cujo sentidose assinala comosu#&eti3idadeou, o que no fundo o mesmo, o#&eti3idade.@ &m alemo existem v!rios termos referidos ao que denominamos em portugu(s de

    coisa, de resem latim, referidos 6 realidade e suas reali"aes+ por exemplo, et8asTalgoP, das !eiendeTo enteP, das !einTo 'erP,der 9egenstandTobjetoP, das O#&e*tTobjetoP, e principalmente das 2ingTcoisaP e die !ac"e TcoisaP.

    V

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    indicam coisa no sentido desse ente ou daqueleente. & a coisalidade de cada coisacomo que indica a classificao especfica e geral que subsume sob sua classificao ascoisas individuais. 'em dvida, os termos mencionados o fa"em, mas ao mesmo tempo,obliquamente nos remetem ao modo de ser da :classe; da coisa a que pertencem osentes, esses ou aqueles entes. 2sto significa que se d! aqui uma espcie de coisalidade

    das coisalidades das coisas. #ssim, com ;algo< posso predicar tudo, at mesmo o nada.&sse tipo de ;classificao< contm sob a extenso do seu modo de refer(ncia como;ser-algo< todas as ;coisas

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    o#&eto e coisa, em alemo, entre et8as, O#&e*t, 9egenstand, 2ing e !ac"e, $! umaespcie de ;escalao< de adensamento ;qualificativo< na determinao diferencial dos$ori"ontes. & isto de tal modo que, na medida desse adensamento $ori"ontal, aidentificao ou a coincid(ncia entre $ori"onte e os seus entes se intensifica. #ssim, nocaso da ;coisa ela mesma

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    possvel aqui suspeitar que toda e qualquer presena totali"ante como $ori"onte, mundo,abrang(ncia, imensido, profundidade, e mesmo classe, setor etc. so projees a modode temati"ao dosu&eito operati3oque no retrair)se constitui a estruturao da unidadeda ;realidade< que vem ao nosso encontro como ;objeto

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    em disjuno ativa e passiva. Ssualmente, quando falamos de ao e atuao,representamos algum ou algo causando uma fora sobre um algum ou um algo. #ssimquem causa uma ao e a pr%pria fora atuante so ativasC quem ou o que recebe,

    padece ou sofre a ao passivo. Juando quem age To ativoP atua sobre si mesmo TopassivoP, se d! o reflexivo+ o agente ao mesmo tempo o paciente, mas, aqui, o agente

    enquantoativo e o paciente enquantopassivo no coincidem. #qui o ser da iteraoentre ativo e passivo e reflexivo de tal feitio que sempre unidirecional, uma lin$areta a modo de flec$a. O modo de ser da ao do verbo medial no pode ser captado,redu"indo)o 6 unidirecionalidade de flec$a na iterao ativo)passivo)reflexivo, mascaptando)o, vendo)o a ele mesmo, de imediato. O que ali aparece de imediato o queest! dito na expresso+ fenFmeno, i. , o em se mostrando a ele mesmo, o a#erto.Outrosmodos de di"er esse imediato so+ em 3indo ao dia, lu4, em colocando-se s claras,em aparecendo ou aparente, em se a#rindo, mostrando-se. O abuso do gerndio, naforma em @...Ando, aqui, de prop%sito. 0enta insistir na considerao de que necess!rio captar esse modo de ser da ao medial sui generis nele mesmo. &sse captarimediato de ser da ao medial seria muito simples, por ser imediato e, imediato por ser

    simples. '% que o imediato e o simples no pode ser percebidos no seu ser, a no ser quea percepo, ou mel$or, a recepo seja imediata e simples, a saber, pele a pele, de todoem todo, cada ve" de uma ve". O modo medial de ser ao pede a captao imediata darealidade, antes da sua diviso e classificao emsu&eito,o#&eto, ato, em ati3o,passi3oe reflexi3o,de tal sorte que a ao ou ato GanteriorH ao sujeito e objeto, a din4mica dotodo, em sendo$. #demais, aqui, o que nos pode dificultar a perceber de que se trata, aconotao que todas essas expresses tra"em consigo de visuali"ao5E. #parecer,mostrar)se 6 lu", vir 6 claridade do dia, no entanto, no tem primariamente muito a vercom visuali"ao. #perceber o manifesto, o mostrado, a recepo do que em semostrando a ele mesmo, anterior a toda e qualquer visuali"ao. Nisuali"ao amaneira projetiva da objetivao interpelativa, pela qual colocamos o fenFmeno dentrode uma determinada perspectiva do inter)esse do ponto de vista.

    7oje, sujeitos e agentes operativos do modo de ser da objetivao interpelativa, nopercebemos que o que nos vem ao encontro como objeto, coisa Gem siH, GrealH, nocoincide com o que se mostra, ele mesmo, mas algo como espectro do projeto dointer)esse de pontos de vista. &sse modo de ser c$amado objetivao interpelativa umadas modalidades da objetivao. #qui, para percebermos de que se trata, quandofalamos do fenFmeno como o que se mostra, a ele mesmo, anteriormente a toda equalquer visuali"ao da objetivao interpelativa, $odierna, reflitamos um texto acercado que seja objetivao.

    ** !1curso+ O23eti4ao

    55# grande dificuldade de ver o imediato concreto dop"a0nest"ai dofenmeno que essa imediaono significa facilidade, imediatismo isento de empen$o e desempen$o de preparao, busca demorada

    para a disponibilidade ao rigor e preciso de percepo 6 evidencia.5> O verboserque soa to neutro, sem atuao, indique talve" esse modo todo pr%prioda vig(ncia origin!ria da autopresena pr)predicativa ou pr)cientfica.

    5E Distinguimos 3isualisare 3er. Nisuali"ar conota em vista de um pontopredeterminado como meta, objetivo, como a prioriprefixado, a partir e dentro doprojeto prvio, em cuja predeterminao so captadas todas as coisas.

    55

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    O que o#&eti3ao, o#&eti3ar # esse respeito responde 7eidegger numa carta de55.AE.5URI, endereada aos participantes de um di!logo teol%gico sobre O pro#lema deum pensar e falar no o#&eti3antes na teologia, "o&eB+ Objetivar

    ; fa"er algo objeto, pF)lo como objeto e somente assim o representar. & o que significa objeto8a 2dade -dia obiectum significava o que lanado e mantido de encontro, em face doaperceber, da imaginao, do julgar, desejar e mirar. &m contraste com isso, subiectumsignificava o $ipoQemenon, o prejacente a partir de si Tno o que levado de encontro atravsde um representarP, o presente, p. ex. as coisas 5L. # significao das palavras subiectum eobiectum em comparao com a nossa usual $oje, justamente a inversa+ subiectum o para siTobjetivamenteP existente, obiectum, o apenas TsubjetivamenteP representado

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    na est!tua de m!rmore, isto a manifestao, o aparecer, a mira, a maravil$a, otranslu"ir, que est! insinuado, quando 7eidegger formula o aparecer do #polo, ofenFmeno #polo, di"endo+ como ele se mostra na sua #ele4a e nela aparece como amira de 2eus-as em que sentido insinuado M que a palavra alem para expressar a

    bele"a !c"Gn"eit.!c"Gn"eitvem do verbosc"einen.!c"einensignifica parecer. -as

    essa acepo j! algo derivado5@

    .Originalmente significa lu4ir, esplender, #ril"ar./orisso, p"a0nest"ai dito como tra"er ao dia, vir 6 lu", colocar)se 6s claras. Da arefer(ncia do fenFmeno 6 claridade, 6 lu". '% que essa refer(ncia 6 lu" e 6 claridadedeve ser captada de modo todo prprioe no a grosso modo ou ao modo de ;de)mostrao berrante

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    latim atravs do verbo latino e3ideri. Do qual deriva a palavra evidentia, a evid(ncia. OfenFmeno o que se evidencia, a partir de si, a ele mesmo.

    Depois dessa descrio do que seja fenFmeno, aparecimento, perguntemos+ o quesignifica objeto e objetivao em refer(ncia ao fenFmeno

    *** Fen0meno e o23eto

    #cima, 6 mo do texto de 7eidegger, ao falarmos da objetivao e do objeto,distinguimos suas diferentes significaes e percebemos diferentes nveis de colocaoda questo. #qui em >.E, aprofundemos a nossa compreenso do que seja coisa ecoisalidade, retomando diferenas de significao sugeridas pelas diferentes palavrastomadas da lngua alem em refer(ncia 6 coisa. &, nessa retomada da nossa busca pelacompreenso do que seja coisa, tentemos responder 6 pergunta acima colocada+ o que

    significa o#&eto e o#&eti3ao em referDncia ao fenmeno. #ntes, porm, observemos ecomentemos no texto acima citado de 7eidegger alguns pontos de import4ncia para o

    prosseguimento da nossa reflexo.9epetindo+ ;Ha Idade dia, afirma ele, em contraste com isso, su#iectum significa3ao "ipo*e0menon, o pre&acente a partir de si no o que le3ado de encontro atra3s deum representarJ, o presente, p. ex. as coisas

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    do que sejasu#iectum. !u#iectumna 2dade -dia su#st(ncia. !u#iectumna 2dade-oderna su&eito.O que significa tudo isso 0udo isso, de que se trata

    &m ve" de tentar logo responder a essa pergunta, diferenciemos mais ainda a colocao,observando o que di" 7eidegger a maisacerca dessa questo da objetivao e do objeto

    na experi(ncia cotidiana. 9epitamos na ntegra o que ele di"+;# experi(ncia cotidiana das coisas no sentido lato no nem objetivante nem uma contra)

    postati"ao>5. Juando p. ex. estamos sentados no jardim e nos rego"ijamos diante das rosasfloridas, no fa"emos da rosa um objeto nem sequer um contra)posto, i. , um algotematicamente representado. Juando, pois, na fala silente estou devotado ao rubro esplendor darosa e sigo no pensar ao ser rubro da rosa, esse ser rubro no nem objeto, nem coisa, nem umcontra)posto como rosa a florir. # rosa est! no jardim, balana talve" ao sabor do vento. O serrubro da rosa, porm, no est! nem no jardim, nem pode balanar ao sabor do vento.&ntrementes, eu o penso e dele falo, nisso que eu o nomeio. #ssim, se d! um pensar e falar, quede nen$um modo objetiva nem contra)pe

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    postati4aoTNergegenst]ndlic$ungP.*omo entender em concreto a descrio+;Luando p. ex. estamos sentados no &ardim e nos rego4i&amos diante das rosas floridas,no fa4emos da rosa um o#&eto, nem sequer um contra-posto, i. , um algotematicamente representado. Luando, pois, na fala silente estou de3otado ao ru#roesplendor da rosa e sigo no pensar ao ser ru#ro da rosa, esse ser ru#ro no nem

    o#&eto, nem coisa, nem um contra-posto como rosa a florir. 6 rosa est' no &ardim,#alana tal3e4 ao sa#or do 3ento. O ser ru#ro da rosa, porm, no est' nem no &ardim,nem pode #alanar ao sa#or do 3ento. Cntrementes, eu o penso e dele falo, nisso que euo nomeio. 6ssim, se d' um pensar e falar, que de nen"um modo o#&eti3a nem contra-

    p>e;. #qui a ;rosa a florir sem porque>no O#&e*t, nem 9egenstand, mas que tipode coisa Ou aqui no se pode mais falar de tipo, mas apenas de coisa ela mesma-as em que sentido

    *5* O que signi6ica o23eto e o23eti4ao em re6er7ncia ao 6en0meno?

    Depois dessas anotaes interrogativas do excurso, 6 mo do acima citado texto de

    7eidegger sobre a o#&eti3ao, observamos a diferena de impostao na compreensoda realidade entre a 2dade -dia e 2dade -oderna. # diferena provin$a da reali"aoda realidade, a partir, dentro e atravs da pr)compreenso do que seja o ente na suatotalidade, ou mel$or, o ente no seu ser, fundamentada na categoria de fundo c$amado

    su#st(nciaToriginariamente, i. , em grego, $[poQemenonP na 2dade -dia e a suasubstituio, ou mel$or, transmutao dessa categoria de fundo)su#st(nciaemsu&eitoda su#&eti3idade, cuja objetividade produ" o o#&eto.&ssa nova reali"ao da realidade,essa nova pr)compreenso do ente na sua totalidade, abriu a possibilidade da exig(nciade colocar a pergunta acerca da coisa e sua coisalidade, portanto, da questo da coisa elamesma dentro de uma nova perspectiva, na qual a coisa na sua coisalidade entendidadentro da objetivao e sua objetividade, como coisa, i. , causa da produo da

    ;realidade

  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    9epetindo resumidamente o que dissemos da coisa como do objeto, temos+ 5. o#iectumesu#iectumda2dade -diaC >. a transformao do conceitosu#iectum, enquanto

    su#st(ncia, parasu&eitoC E. O#&e*tC e I. 9egenstandcomo contra)posto de tiposdiferentes tematicamente, do representar, em alemo, do +orstellenC L. coisas, cujo serno nem a modo de O#&e*tnem a de 9egenstand, mas do aparecer, do se mostrar, do

    fenFmeno. 'e, agora, ligarmos os itens acima resumidos do que foi rapidamente ditoacerca da objetivao e suas implicaes, de repente, ou aos poucos, surge umasuspeita+ quando a esse conjunto de anotaes demos o ttuloN coisa ela mesma,

    fenomenologia? -encionamos a palavra coisa, cujos termos afins so o#&eto, ente, algo,em alemo, O#&e*t, 9eegenstand, 2ing, !ac"e, das !eiende, et8as, no est!vamos aadentrar as implicaes complexas de uma questo filos%fica, cuja busca o inter)esse ea paixo do modo de ser e pensar denominado fenomenol%gico 'urge assim a perguntaO que a fenomenologia.

    5* Fenomenologia, logos e -logia, suas tradues

    5** O que quer di9er logos?

    O ttulo1enomenologia se compe de duas palavrasfenmeno e logia. &sta vem dapalavra grega lgos. -encionemos brevemente o que e como se deve entender porlogia, da palavrafenomenologia, segundo o que 7eidegger expe.9esumamos assim o V. : TO conceito de =ogosP do !er e )empo, p. E>)EI+

    ** O que quer di9er logos?

    O conceito de logos mltiplo, no qual as diversas significaes parecem tender paradiversas direes sem congru(ncia, enquanto no conseguirmos captar de modo pr%prio

    o seu sentido fundamental, uno no seu contedo prim!rio, origin!rio grego. M usualdi"er que logossignifica fala. &ssa traduo somente v!lida na medida em que, nessatraduo literal, a nossa compreenso atual consiga ouvir e entoar a ton4ncia disso quelogosele mesmo como fala propriamente quer di"er. #s mltiplas e arbitr!rias tradues

    provenientes de uma interpretao das filosofias posteriores entul$am e encobrem osentido pr%prio do que seja a fala, que nos gregos est! 6 lu" do dia, simples eclaramente. &ssas tradues defasadas e impr%prias seriam p.ex., ra"o, ju"o, conceito,definio, fundamento, relao. 0radu")se logos tambm como sentena, enunciao,discurso. -as se entendermos todos esses termos como&u04o, e o&u04o como ligaoTentre ' e / ou ' e OP ou tomada de posioTo recon$ecer e o rejeitar da ligaoP, tudoisso dentro da assim c$amada ;teoria do ju"o< na teoria de con$ecimento, falseamos o

    sentido pr%prio e fundamental da palavra logos.

    #ssim, segundo 7eidegger, lgoscomo fala di" antes de tudo del>un, fa"er patente, istodo qual na fala ;vem 6 falaE *f.2e interpretationecap. 5)RCet. . I eCt". Hic. .

    5V

  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    fa4er patente no sentido do deixar 3er manifestante. O pedido euc"J p. ex. fa4 tam#mpatente, mas num outro modo;.

    8a sua reali"ao concreta esse deixar ver acontece como sonori"ao em palavras.#ssim, logos ;p"on metp$antasie

  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    genuinamente apenas acess03el atra3s dela e para ela, p. ex. o 3er s cores, assim ocol"er sempre 3erdadeiro. Isto quer di4erU 3er desco#re sempre cores, ou3ir desco#re

    sempre tons. Ho mais puro e no mais origin'rio sentido; 3erdadeiro; V i. , apenas emdesco#rindo, assim que &amais pode enco#rir, o puro noDin, o col"er singelamentemirante das ton(ncias do ser, as mais simples do ente como tal. Csse noDin &amais pode

    ser enco#rir, &amais ser falso, pode ali's permanecer um no-col"er, agnoDin, um nosuficiente para um singelo, apropriado acesso;. # import4ncia desse texto destacadopara a nossa compreenso da fenomenologia que nesse texto breve est! dito o que ecomo devemos entender aquilo que constitui a ess(ncia da mostrao, o ser da presenacorpo a corpo da coisa ela mesma, da evid(ncia do ser que recebeu o nome de ;

  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    agora pergunta+ O que deixar 3er de si mesmo o que se mostra assim como ele semostra, a partir dele mesmo

    # pergunta tem por objeto ;deixar ver T6 estrutura formal da pergunta pelo serP, numa busca temoso que buscamos. O que buscamos o ser, ou mel$or, o sentido do ser. 8o encontramoso sentido do ser como isso ou aquilo, no como algo, como ente, como objeto, como ocontra)posto, seja ele de que feitio for, no como coisa)2ing, coisa)!ac"e. 0udo issoque nomeamos como termos indicativos afins ao ente, que aparecem como coisas de

    infinitas variaes, nuances e diferenciaes, so como que lugares, situaes, a partir edentro das quais a busca procura o seu buscado, o 'er, submetendo o respectivo ente sob

    >I #notao a.5+ #qui com a expresso sentido do ser, no estamos falando da significao do ser,conceito do ser, adequao do nosso sa#er ao o#&eto, representao dentro de ns, a sa#er, na nossamente, do o#&eto, diante, ao redor, fora de ns. O serentendido como verbo, dinamicamente, sugere deimediato e originariamente 3iger, 3i3er, animar-se, perfa4er-se, surgir-crescer-consumar-se, li#erar-se,desprender-se, soltar-se nasci3a,espont(nea e li3remente no que o seu prprio. & isto apesar de nonosso cotidiano, domine o uso do verbo ser, na significao de estar ali como algo ocorrente diante demim 6 mo, ali parado, est!tico, 6 disposio do uso, ou como objeto)bloco permanente em si, do qualten$o da min$a parte subjetiva impresses, sensaes, representaes etc. # din4mica da espontaneidade

    da liberdade do pr%prio de si mesmo, portanto, oser expressa tambm por apresena, o 3ir fala, o 3ir lu4, o manifestar-se. 0rata)se, pois de um movimento, no qual $! e do qual vem uma conduo, umductus, um fio condutor, qual subtil trao do sabor e gosto, da graa e bele"a, portanto do fascnio dacoisa ela mesma, ou mel$or, da causada propriedade de ser.&sse ductusque nos toca, vindo de e nosindu"indo para a din4mica doser, se c$amasentido do ser.T#notao tirada do Xloss!rio dos sermes de&cQ$artP.#notao a.>+ 'entido do ser no id(ntico com significao da palavra ser. 'entido,

    propriamente, nada tem a ver com signo ou significao, embora ten$a muito a ver com aceno. 'entido,usualmente indica os L sentidos que por sua ve", de modo no muito claro, se referem ambiguamente aosensorial, ao sensual, ao sensvel, 6 sensibilidade esttica. -as, sentido di" tudo isso, porque em todasessas refer(ncias, est! presente o sentir. & o sentir est! tambm no sentimento. -as, ento, o que osentir 8o sentir, $! recepo. 8a recepo, se afetado previamente, por um a priori, para que se receba.-as, aqui no se d!, no $! o qu(, que afeta. # anterioridade do prvio, do a priori na recepo, no anterioridade factual, Fntica, de um algo que ocorre antes, em si e ento afeta, mas sim atin(ncia ao toque

    de um aceno que deixa ser sempre de novo, cada ve" diferente e nova a possibilidade do eclodirsilencioso da estruturao do mundo Tcf. #rtigo+ 'cintillaP

    >A

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    o interrogat%rio acerca do seu ser. &ssa situao da busca se perfa" numa estruturaode colocao bipolar, na qual num dos polos se ac$a o interrogante com o seuinterrogat%rio e no outro o interrogado como ente)objeto, contraposto ao queminterroga. 'urge assim uma interao, um interc4mbio de dois tipos de ente,denominados usualmente como sujeito e objeto>L. &sta estruturao pode se dar em

    diferentes complexidades de interao, e em interpretaes diferenciadas, mas como tal,por assim di"er, estatui o modo de agir e ser do que denominamos con$ecimento, cujaestruturao est! baseada na definio tradicional da verdade como adequao da coisae do intelecto,>Rcuja esquemati"ao se fixa como relao ' O, refletido na fala l%gicacomo ')/, i. , con$ecimento como ju"o. &ssa fixao algo como reduo da questodo sentido do ser 6 estrutura da teoria do con$ecimento, insuficiente para levar 6consumao a busca, na sua radicalidade. #ssim, substitui)se por doutrina e teoriadogmati"ada do con$ecimento, a questo do sentido do ser que se perfa" como busca dosentido do ser na situao do ente submetido ao interrogat%rio acerca do seu ser, a partire dentro do qual pode emergir o vir 6 fala do ser no seu sentido, no como ente, comoalgo, no como algo)sujeito, nem como algo)objeto, nem como algo comum de dois,

    mas como pregn4ncia de uma presena toda pr%pria como ente)no)ser e ser)no)ente.

    # fenomenologia, como deixar 3er de si mesmo o que se mostra assim como ele semostra, a partir dele mesmo a tentativa de fa"er retornar a busca da verdade enquantoquesto do sentido do ser, libertando)a desse aprisionamento impr%prio da sua ess(nciadentro da camisa de fora da teoria do con$ecimento, a convocando 6 volta para a coisaela mesma, i. , 6 causa ela mesma da sua din4mica, evocada na pr%pria expresso

    fenomenologia , i., deixar 3er de si mesmo o que se mostra assim como ele se mostra,a partir dele mesmoU o del>un.

    II - F!"O$!"O%O&I

    *omo manifestao filos%fico)cultural, fenomenologia uma das correntes, escolas emovimentos filos%ficos do fim do sculo >V. O iniciador, fundador da fenomenologia &dmund 7usserl. -as quem trouxe 6 lu" a ess(ncia da fenomenologia como repetioe retomada da questo do sentido do ser -artin 7eidegger. 1alando da fenomenologia,na considerao, intitulada O meu camin"o na fenomenologia, escrita por ocasio do@AB anivers!rio de 7ermann 8ieme[er, em 5R de #bril de 5URE, respondendo a

    pergunta, feita por ele mesmo acerca da fenomenologia, di" 7eidegger+ ;C "o&e? Otempo da filosofia fenomenolgica parece que se foi. Cla &' 3ale como algo passado,assinalado apenas ainda "istoricamente ao lado de outras correntes da filosofia. !que a fenomenologia no que o seu, o mais prprio, no nen"uma corrente. Cla de

    tempos a tempos possi#ilidade mutante e somente assim permanente do pensar, decorresponder demanda do que digno de ser pensado. !e a fenomenologia assimexperienciada e conser3ada, ela pode ento como t0tulo desaparecer, a fa3or da coisado pensar, cu&a clareira permanece um mistrio@. 1enomenologia, no que $! nela demais pr%prio, a causa, o 4mago, o corao, a saber, o mistrio, i. , o que $! de maisntimo e pr%ximo ao pensar. *omo tal, ela cada ve" atin(ncia ntima 6 aberta daecloso do mundo, de tal modo que o seu surgir, crescer e se consumar se perfa" cada

    >L Nariante+ coisas da nature"a e coisas da cultura.>R6daequatio rei et intellectus.

    >V 0irar dados da enciclopdia =ogos....>@ 7&2D&XX&9, -artin./ara a coisa do pensar. 03bingen+ &ditora -ax 8ieme[er,5URU, p. UA.

    >5

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    ve" como $istoriar)se na in)sist(ncia na factualidade do tempo de sua situao $ist%rica,de tempos a tempos. O lugar, a situao $ist%rica onde se d! o surgir iniciante daquesto c$amada fenomenologia pode ser expresso, formulado em termos de alguns

    problemas filos%ficos, ocorrentes no fim do sculo , como p.ex. problema dopsicologismoC da possibilidade do con$ecimento verdadeiroC o problema do realismo e

    idealismo ou do objetivismo e subjetivismo na teoria do con$ecimentoC problema dadiferena existente entre ci(ncias naturais e $umanasC o naturalismo e o $istoricismoC a7ist%ria como 9esc"ic"teeYistorieetc. 0odos esses problemas, no entanto possuem nofundo uma implicao profunda com a mesma questo+ o que afinal a verdade & averdade definida nessa implicao, tradicionalmente, como adaequatio rei etintellectus, da qual numa simplificao formal muito grande, surge o esquema do ' O,e na sua projeo no nvel l%gico como esquema do ju"o ') /. & dentro desse esquemase discute ento o problema do realismo e do idealismo na teoria do con$ecimento, namanualstica da filosofia.

    # seguir na nossa breve exposio simplificada do que seja fenomenologia, num modo

    mais tem!tico e explcito do que j! ocorreu acima, tomemos no incio como fiocondutor o problema do realismo e idealismo na corrente da teoria do con$ecimento,mas que p. ex., no incio da pesquisa fenomenol%gica de 7usserl, tomou a forma doconfronto com o assim c$amado psicologismo. O que estava em questo nesse inicialconfronto da fenomenologia com o psicologismo

    0rata)se de uma questo todo especial, surgida bem nos incios da fenomenologia.Juesto essa que, longe de estar resolvida, $oje at caiu no esquecimento como questoe aparece nas diversas disputas acad(micas, como nas existentes entre as correntesfilos%ficas de orientao fenomenol%gica tradicional e assim c$amada filosofia analticada linguagem.

    8o confronto da fenomenologia iniciante com o psicologismo, estava em jogo a questoda fundamentao das ci(ncias modernas e do papel exercido pela psicologia nos inciosda fenomenologia nesse problema da fundamentao, e ao mesmo tempo, trata)se daquesto implcita nessa fundamentao das ci(ncias, a saber, a questo da ess(ncia ouser das ci(ncias.

    #s ci(ncias modernas, na sua acribia crtica, sempre de novo examinam e reexaminamsua pr%pria fundamentao. O interesse e a preocupao para a necessidade defundamentar e revisar as ci(ncias a partir dos seus posicionamentos b!sicos comearama se avivar intensamente no incio do sculo , mobili"ados pelo progresso da

    psicologia experimental. & na perspectiva desse interesse da refundao das ci(ncias, onome /sicologia no somente indicava essa inquietao pela busca da limpide" dacientificidade do ser cientfico, mas tambm uma autointerpretao da psicologia delamesma como a ci(ncia primeira e ltima, i. , como ci(ncia b!sica, a meta)ci(ncia, quefundamenta todas as outras ci(ncias, quer naturais, quer $umanas, no seu ser cientfico.&ssa autointerpretao da psicologia de si mesma como ci(ncia fundamental de todas asci(ncias formou uma filosofia que recebeu na poca o nome de psicologismo, que em

    breve comeou a se des)almar, des)animando a alma para ser o bios da biologia, e des)vitali"ar o bios para ser energia da ci(ncia fsico)matem!tica, recebendo sucessivamenteo nome de biologismo e naturalismo ou fisicismo. /ortanto, repetindo, o psicologismo uma corrente filos%fica que coloca a psicologia moderna experimental como ci(ncia

    b!sica que fundamenta todas as outras ci(ncias.

    >>

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    1enomenologia surge, de incio, como confronto com o psicologismo.

    * O .ro2lema do .sicologismo

    De uma forma bastante simplificada e talve" at ing(nua, podemos caracteri"ar o

    problema do psicologismo mais ou menos da seguinte maneira+ as ci(ncias, sejam elasnaturais ou $umanas, so conjuntos sistem!ticos de con$ecimentos. &nquantocon$ecimentos so atos de inteleco, juntamente ao lado dos atos de volio e desentimento. &sses atos, na poca tambm c$amados de viv(ncias, so fenFmenos

    psquicos, fenFmenos inerentes e provenientes da psique $umana. 0oda ci(ncia tem oseu objeto pr%prio e o ato da inteleco que constitui oTsP con$ecimentoTsP desse mesmoobjeto. &mbora as ci(ncias sejam diferentes entre si no seu objeto, elas todas t(m emcomum serem sistemati"ao de con$ecimentos, de produtos dos atos de inteleco.'em refer(ncia 6 inteleco, ao ato do intelecto, que num sentido mais vago e geraltambm pode se c$amar de atos psquicos do sujeito)$omem ou de atos da consci(ncia,no $averia nen$uma ci(ncia. /.ex. um objeto enquanto coisa, ali simplesmente dada,

    que exista em si, sem nen$uma refer(ncia ao sujeito $umano ou 6 consci(ncia $umana,no teria nen$um sentido, pois algo em si, sem nen$uma refer(ncia ao $omem j! umarefer(ncia. Ora, entre as ci(ncias, existe uma que tem por objeto os atos psquicos emgeral e em particular+ a psicologia. /ortanto, a psicologia tem por objeto os atos

    psquicos, i. , o elemento constitutivo do con$ecimento, do saber $umano, portanto dasci(ncias. #ssim, a psicologia, como ci(ncias dos ;fenFmenos psquicos< a ci(ncia

    primeira e b!sica que fundamenta todas as ci(ncias.

    8o ano 5UAA saiu publicado o 2 volume das In3estiga>es lgicasde &dmund 7usserl,fundador da fenomenologia. O livro causou um grande impacto no mundo acad(mico dapoca. /ois, ali, 7usserl se confronta de um modo contundente com a tese do

    psicologismo. -ostra que p. ex. objetos)ideais como as estruturas matem!ticas, l%gicasetc. no podem ser redu"idos na sua objetividade a atos psquicos da inteleco, os quaist(m propriedade de serem atos passageiros, mut!veis, sujeitos 6 evoluo

    psicossom!tica do ser $umano. 'e for assim que estruturas l%gico)matem!ticas como p.ex. >`>WI possam ser redu"idas em ltima an!lise ao ato psquico da sua inteleco,

    poderia no futuro acontecer que, elas, pela mudana p. ex. do crebro $umano pelaevoluo, no mais fossem verdadeiras. # tese de que as estruturas l%gico)matem!ticasque regem os atos do pensar so na realidade momentos do pr%prio ato, e que por issomesmo esto sujeitas 6s mutaes biol%gicas constitui a posio fundamental dafilosofia que agora no mais se c$ama psicologismo, mas sim biologismo. & dando maisum passo adiante, a tese de que as mesmas estruturas ideais esto sujeitas 6s leis de

    transmutaes fsicas puramente corporais materiais recebeu a qualificao de seremnaturalistas, da o naturalismo ou de serem fisicistas, da o fisicismo. #ssim,

    psicologismo, biologismo, naturalismo e fisicismo indicam uma mesma e nicatend(ncia, na qual se processa a reduo de diferentes dimenses da realidade 6sestruturas psquicas, destas 6s psicossom!ticas, depois destas 6s biol%gicas, e por fim 6sfsico)energticas da fsica nuclear.

    # reao de 7usserl ao psicologismo no 2 volume das in3estiga>es lgicasfoi saudadacom simpatia e entusiasmo pelos que na questo da verdade pertenciam ao realismo nateoria do con$ecimento>U.O 2 volume dasIn3estiga>es lgicasparecia ter retomado a

    >U O problema do psicologismo e a reao da fenomenologia iniciante esto dentro da perspectiva dateoria do con$ecimento, proveniente dentro da definio tradicional da verdade como 3eritas est

    >E

  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    posio do realismo atravs da doutrina da intencionalidade. &m distinguindoclaramente o con$ecimento, entendido enquanto o contedo objetivo e o con$ecimentoenquanto o ato do con$ecer e resgatando o aspecto objetivo da refer(ncia docon$ecimento 6 realidade, existente em si, independente do ato de con$ecer, afenomenologia dasIn3estiga>es lgicas, ao mesmo tempo que combatia o relativismo

    do psicologismo, mostrando)l$e a impossibilidade de identificar o contedo objetivosimplesmente com o ato fuga" e passageiro do ato de con$ecer, parecia ter re)introdu"ido o conceito da intencionalidade da escol!stica medieval no mundoacad(mico)filos%fico, dominado pela teoria do con$ecimento de cun$o subjetivo)idealista. &ssa recepo da fenomenologia, feita a modo do realismo, fomentou a buscacada ve" mais diferenciada na descoberta de diferentes tipos ou classes de objetos.*omeou)se assim a distinguir objetos)coisas, objetos)valores, objetos)ideais, objetos)etiol%gicos, estticos etc. e tudo isso em acentuando a ;ocorr(ncia< de todos esses tiposde objetos como ;realidades< em si, cada qual a seu modo, entendendo)se a palavrarealidade num sentido bem lato, no restrito ao modo de ser em si das coisas fsico)corporais. #bre)se assim a possibilidade de uma fenomenologia ;realista

  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    &ntrementes, na autocompreenso da fenomenologia comeou)se a perceber que essamaneira de entender a intencionalidade no correspondia 6 grande descoberta de7usserl, a qual c$amou de intencionalidade.*om a descoberta da intencionalidade, nosentido todo pr%prio de 7usserl, a fenomenologia rompe com a camisa de fora em queela foi colocada na autointerpretao inicial, como sendo uma nova teoria de

    con$ecimento. *om a descoberta da intencionalidade, 7usserl inaugura uma abordagemdo con$ecimento, no mais a partir da teoria do con$ecimento, inteiramente dentro dabitola da definio tradicional da verdade como adaequatio rei et intellectus, mas apartir e dentro da questo do sentido do ser, a partir da ;ontologia< toda pr%pria e novana indagao mais vasta e mais radical do ser do pr%prio ato, no mais entendidousualmente como referido ao sujeito, 6 consci(ncia, ao intelecto, mas como o modo deser sui generis+ como intencionalidade.

    * intencionalidade

    M sempre difcil entender e di"er adequadamente o que a fenomenologia convencionou

    c$amar de intecionalidade, livre inteiramente da tend(ncia realista da teoria docon$ecimentoE5. 8a tentativa de compreender a intencionalidade fenomenol%gica damel$or forma possvel, mais condi"ente com ela, voltemos 6 obra de 1ran" :rentano,intitulada/sicologia so# o ponto de 3ista emp0rico$, donde 7usserl intuiu a ideia daintencionalidade.

    8a p. 55L da acima mencionada obra di" :rentano+ ;0odo o fenFmeno psquico contmalgo como objeto em si, embora no cada um de igual modo. 8a representao algo representado, no ju"o algo recon$ecido ou rejeitado, no amor, amado, no %dio,

    anteriormente 6 consci(ncia 8o assim que tudo de alguma forma est! referido 6

    consci(ncia &sse processo de ;desmateriali"ao< da ;coisa $ipostati"ada< como essebloco)coisa, libera o aparecimento do conjunto como totalidade, dentro e a partir daqual isto ou aquilo tem o seu sentido. #ssim, no lado da ;realidade< em si, abre)se todauma paisagem de infindas regies, sub)regies, setores, !reas de conjunto de ;coisas O ttulo original em alemo soa/sMc"ologie 3om empiris"cen !tandpun*t, foieditado em > volumes, na cidade de Niena, em 5@VI. # traduo do !tanpun*tporpontode 3istano exata. /ois !tandno significa 3ista. !tandvem do verboste"enquesignifica estar de p, erguer-see permanecer de p,permanecer,ficar.0alve" possamostradu"ir !tandpor ;est4ncia

  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    odiado, na cobia, cobiadoR)V+ *$uang)0"u e 7ui)0"u atravessavam o rio 7ao. Disse *$uang+ ;Neja, como os peixes pulam ecorrem to alegremente. 2sto a sua felicidadeKR

  • 7/23/2019 O que a coisa ela mesma, na Fenomenologia? (Introduo recordao amadora, anotaes)

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    -as, ento, como entender a frase de :rentano, onde 7usserl intuiu a ess(ncia daintencionalidade Devemos entend()la como acenando para 3i3Dncia. #ntes de

    percebermos a colocao de :rentano como indicativo da 3i3Dncia, uma r!pidaobservao sobre o ttulo do livro de :rentano, onde 7usserl leu a GdefinioH do queseja propriamente intencionalidade. O ttulo do livro de :rentano soa /sicologia do

    ponto de 3ista emp0rico.O ttulo pode nos enganar se entendermos a palavra Gemp0ricoHna acepo usual $odierna do modo de ser experimentaldas ci(ncias positivas do estilodas ci(ncias naturais, fsico)matem!ticas. O emprico assim compreendido o oposto doespeculati3o, do no-real, dofantasiado, apenas ;fenomenal

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    seu estado material. #o passo que o emp0rico na fenomenologia significa s% esimplesmente o captar, ou mel$or, o col"er simples e imediato, sem mais nem menosque est! expresso noslogan+ coisa ela mesmaZ. 2sto significa que, se acaso $ouver,aqui, apenas dado como suposto, esse processo de elaborao do materialindeterminado, vago e informe para a gradual coisificao at o processo se consumar

    numa $ipostati"ao, a modo de coisa ali presente em si, o captar simples e imediatoacol$e cada etapa, cada ligao das etapas, cada crescimento das etapas, cada ve" denovo, cada ve" simples e imediatamente, sem mais sem menos, assim como tudo issoaparece sempre novo e de novo na sua totalidade. 0rata)se da claridade e distino dotornar)se da e)videnciao, algo como o contnuo e renovado abrir)se da claridade, i. ,da clarificaoEV, um surgir incessante, o vir 6 fala, o vir 6 lu". &ssa claridade din4micada e)videnciao, da presenciao oponto de 3ista emp0rico.#qui o ponto de vistano um ponto fixo, a partir do qual se encaixem todas as coisas na perspectiva dessevisual pressuposto, mas sim como que ponto nevr!lgico, ponto de toque, o fundo dosalto, dentro e a partir do qual continuamente brota o vigor elementar do e-3ideri, aclareira, o ol"o da lu4que, enquanto condio da possibilidade, e enquanto espao de

    jogo impregna todos os entes, i. , cada ente, cada em sendo, cada ve" na sua totalidadedin4micaE@. 0odo o segredo da compreenso adequada do que seja a intencionalidadefenomenol%gica est! em compreender com preciso essa e3idenciao, i. , comoo

    puro ato c$amado captar simples e imediato. *omo j! foi mencionado, para issodevemos fa"er o processo de entender o modo de ser do con$ecimento como 3i3Dncia.

    *omo, porm nos recondu"ir 6 viv(ncia, a partir da representao que fa"emos daintencionalidade como relacionamento do sujeito sobre o objeto, atravs do atoc$amado intencionalidade

    9epetindo, di" :rentano+ ;)odo o fenmeno ps0quico contm algo como o#&eto em si ,

    em#ora no cada um de igual modo. Ha representao algo representado , no &u04oalgo recon"ecido ou re&eitado, no amor, amado, no dio, odiado, na co#ia,co#iado@

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    existente em si, ali presente na sua ocorr(ncia, pronto para ser representado, julgado,amado, odiado, cobiado. O objeto, a coisa em si por assim di"er, enfocada v!riasve"es, de modos diferentes pelos atos subjetivos, i. , do sujeito, denominadosrepresentar, julgar, amar, odiar, cobiar. 8a colocao de :rentano, o estado da coisano mais assim. *ada ;fenmeno ps0quico< cada ve", por assim di"er um todo

    c$amado representao, ju"o, amor, %dio, cobia que cada ve" contm o seu objeto quetem cada ve" o modo de ser que ele, o fenFmeno psquico tem. M como o fundo, o$ori"onte, o 4mbito aberto, que se estrutura como uma paisagem, no qual esto contidasas coisas, ordenadas como mundo. #s coisas da paisagem assim abertas em leques comomundo so impregnadas, so coloridas, segundo o mati", segundo o modo de ser decada uma dessas aberturas. *$amemos esse 4mbito aberto como mundo, a modo de uma

    paisagem, de intencionalidade.& ouamos dentro dessa compreenso o que :rentanodi"+ ;cadafenmeno ps0quico contm algo como o#&eto em si

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    satisfa"em a busca, mas que a a#rem e a mantDm como questo , portanto como buscaque se adentra cada ve" mais cordial, generosa e crtica EUna jovialidade atFnita do no

    sa#erque se adensa como o tinir do sil(ncio de ausculta como a espera do inesperado...De repente, talve", possamos vislumbrar num in)stante o que significa+ captar simples,e-3ideri, ver simples da coisa ela mesma, a imediao do sem mais nem menos. #

    concentrao, a densidade da ausculta que integra essa abertura da espera do inesperado um dos elementos que constitui o significado da palavra logiaTP, que expressao car!ter cientfico da psicologia. PgosT)logiaP vem do verbo , que significausualmente falar, discursar, mas tambm no seu significado GradicalH arcaico, ajuntar,col$er, recol$er. 9e)col$er)nos na atFnita ausculta de um jovial no)saber, na totaldisposio da ausculta do inesperado, seja talve" o significado, o mais interessante do;saber< que recebe o nome de psicologia. 'e tivermos como pano de fundo talcompreenso da psicologia so# o ponto de 3ista emp0rico, podemos talve" mel$orcompreender o que 7usserl di"ia, em criticando a empiria dos fil%sofos ingleses T=ocQe,7umeP, a saber, que o emprico e o experimental dos antigos positivistas ingleses aindasofria de fixao e da bitola do dogmatismo filos%fico, no superadoC e que somentecom a fenomenologia se alcanou a compreenso legtima e aut(ntica do que seriarealmente o emprico e o experimental.

    5* :eduo

    9epetindo, o nosso objetivo entender de que se trata quando falamos defenomenologia.8a tentativa acima, ensaiamos di"er de que se trata na fenomenologia,em GdefinindoH em que consiste a ess(ncia da intencionalidade. & dissemos que aqui setrata de um captar simples a coisa ela mesma de modo imediato na e3idDncia. &advertimos que no nada simples 3er de que se trata ,quando falamos de captar

    simples e imediato, i. , na e3idDncia. /ara vermos cada ve" mel$or e com maiorpreciso em que consiste esse captar simples e imediato na e3idDncia, examinemos aintencionalidadeenquanto reduo, ideao e constituio.

    Reduo ao de redu"ir. 9edu"ir pode significar restringir, diminuir, mas tambmrecondu4ir. M o que mostra o latim reducere. 8a fenomenologia reduosignificarecondu"ir, propriamente, recondu"ir 6 coisa ela mesma. 2sso significa que n%s estamosafastados, longe da coisa ela mesmaK O que isso, do qual estamos longe, para o qualdevemos ou queremos ser recondu"idos # coisa ela mesmaK O que nafenomenologia coisa ela mesma &m ve" de reduo, usamos tambm expresses como

    pr entre parDnteses, suspender a crena na exist(ncia, 3oltar e permanecer na atitudedo espectador sem pressuposi>es.

    #lguns autores explicam o que a reduo fenomenol%gica, referindo)se 6s expressesacima mencionadas, como sendo ;ao de neutrali"ar o posicionamento da realidadecomo existindo em e por si, fora do sujeito con$ecedor, i. , pFr entre par(nteseC no ternen$uma pressuposio prvia, apenas ver a coisa ela mesma. 7oje teramos a tentaode di"er+ transformar a realidade real em realidade virtual. /ercebe)se imediatamenteque essa explicao expe o que seja fenomenologia, j! partindo da posio de que nafenomenologia trata)se da teoria de con"ecimento e de suas problem!ticas,

    EU *rtico, )a, crise, vem do verbo grego que significa distinguir, separar,

    separar cortando, escol$er, decidir etc. 2ndica todo um modo de ser da exist(ncia$umana que denominamos de luta do empen"o para tornar-se claro e preciso naresponsa#ilidade de existir.

    EA

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    principalmente do problema do realismoe do idealismo.#ssim, j! representamos p. ex.o ato de ver uma floresta de quaresmeiras floridas, pondoincont!veis pressuposies,quais como ;ver um ato psico)fsico

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    C-3ideri um ato$umano. O ato de captarsimples e imediato o quesomos./or isso osimples fato de sermos atode captar simples e imediato e saber de que se trata nocaptar simples e imediato o mesmo. '% que tudo isso, por ser absolutamente simples,deixa de ser simples para n%s agora, pois representamoso :simples fato de ser ato eo

    ser do ato< como ocorr(ncia de coisa,c$amadofato, que implica numa coisac$amada

    $omem, que por sua ve" fa" uma coisac$amada ver, e nesse ver capta uma coisaque sec$ama captar simples e imediato, o e-3ideri. *omo, porm, essesimples fato de ser ato,representado como todo um entrelaamento de diferentes coisas, est! sendo captado poroutro3er anterior, que por sua 3e4 o capta simples e imediatamente, pensamos que

    podemos somente ver esse ltimo captar, porque o representamos como uma coisa;diante< de n%s.6ssim, pensamos que o ato de 3er, com todas as suas implic(ncias,tanto do lado do su&eito do ato noesisJ como do lado do o#&eto do ato noemaJ,

    somente perce#ido porque colocado como o#&eto. /ortanto, oato como tal, no seuser simplesmente ato de captar simples e imediato, se retrai, num processo dereduplicao dentro do esquema :su&eito-o#&eto; numa srie infinita de reduplica>escada 3e4 que o tentamos captar. 'urge, pois, uma questo. 8o possvel captar o

    pr%prio captar diretamente 6 e-3idDncia, no poss03el 3D-la diretamente, simples eimediatamente? 9epitamos a pergunta+6 e-3idencia, no poss03el 3D-la diretamente,

    simples e imediatamente?/ercebemos o que dissemosK Dissemos+ v()laK N()la no poss03el, pois, poderda e-3idDncia no precisar colocar)se diante de si como objeto,mas ela e3idDncia a partir de si e em si e por e para si./ortanto aqui na e)vid(ncia, nocaptar direto, simples e imediato. 0rata)se da autopresena a si mesma daautopresena, da tautologia da coisa ela mesma, da !el#stgege#en"eit,I> como di"7usserl. O ser do ato, ou mel$or, quando oYomem est' no modo de ser do 3er#oBelemesmo. *om outras palavras, o 7omem noseu ser, origin!ria e propriamente, atoCimpropriamentesu#st(nciana acepo de coisa)bloco)em si. M o que a fenomenologiaquer di"er, quando define o 7omem como2a-sein, i. , ser)aberto, Offen-sein. &sseser-a#erto, porm, no deve ser entendido como ser o 7omem uma su#st(ncia que tem aa#ertura, mas sim como+ em sendo est(ncia da a#ertura, i. , existDncia , ou com maior

    preciso sistDncia do exBB. /ortanto em sendo no ex, o $omem .Dito com outraspalavras, a ess(ncia do 7omem est! no seu ser)abertura ou ser)na aberturaIL. #ssim,apenas em sendo captar simples e imediato, se captar simples e imediatoE e-3idDncia.

    su#&eti3amente.8o se trata portanto de ver um fato. 0rata)se dafacticidade do 3er, ouacordar, despertar, iluminar-se, se transmutar para dentro de a#ertura de uma no3aclareira, surgimento de um no3o "ori4onte.-as falar aqui de "ori4onteno conveniente, pois "ori4onte um termo que no fundo indica o transcendental.8o setrata de um ato de 3er de um su&eito, maso prprio 3er ele mesmo existDncia "umana,

    possi#ilidade da existDncia.I> !el#stgege#en"eitse compe de duas palavras+ !el#stW !elf, a coisa ela mesma, e9ege#en"eitW dadidade W a ao de se dar a si mesmo. &m ve" de e)vid(ncia ou!el#stgege#en"eitg, di"emos na fenomenologia de prefer(ncia+fenmeno, o 3ir fala,3ir lu4 ele mesmo.IE /or isso, na fenomenologia, o ser ou o ente deve ser captado no gerundivo, a saber,ente\em sendo. #ssim o 'er deve ser entendido como ato puro, no isto ou aquiloinfinito, supra dimensional, absoluto, mas o ;que< TsicKP de modo mais pr%prio nadada coisa em si, mas tudoda pot(ncia ou possibilidade de doao de si.II #qui no se deve entender o exa partir dosistir, mas osistira partir do ex.

    IL M que abertura aqui no um espao aberto, escancarado, mas sim din4mica dosurgimento de est4ncia do mundo T

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    Cssa a#ertura primordial, esse apriori da fenomenologia se c$ama das Offene, o#berto, a *lareira. /erceber que em toda parte, a cada momento, a cada passo somoscada ve" am#iDncia, mdium-a#ertura, liberdade da incandesc(ncia da evid(ncia sec"ama reduo na fenomenologia. 0oda questo ver tudo isso. #ssim, parafraseando ottulo do livro de :rentano ;/s[c$ologie vom empirisc$en 'tandpunQt< poderamos

    di"er+ reduo fenomenol%gica intencionalidade a partir e fundada na est4ncia, nomdium da claridade ou clareira.

    #pesar de ser c$ato, vamos insistir um tanto mais em precisar esse captar simples eimediato, o e)videri, o Da)seinque para a fenomenologia o ser do Yomem, a suaess(ncia. #s palavras usadas para caracteri"!)lo so todas inadequadas porque semprede novo nos evocam representaes ;substancialistas

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    8* Ideao

    # sintonia do sentido do ser, cada ve" no seu todo, em mil e mil estruturaes, naimplicao e explicao de entrelaamento de paisagens, regies, sub)regies, !reas ecampos e setores dos entes o que experimentamos como Nida, 'er, 9ealidade. & o

    7omem no seu ser pr%prio a limpide" da de)ciso da recepo e ausculta cada ve"mais fiel e precisa das possibilidades do nascimento, crescimento e consumao dasestruturaes doTsP mundoTsP. #ssim estar ;nessa< o ser do Yomem. /or isso, aess(ncia do 7omem, que antes foi definida como ato, intencionalidade, como captar

    simples e imediato ou como 2a-sein, i. , existDncia, tam#m denominada ser-no-mundo pela fenomenologia.

    'e, agora, GsentirmosH atentamente essa recepo do sentido do ser, percebemos que $!ali dois momentos que v(m 6 lu" como duas tend(ncias de um e mesmo movimento.Sma tend(ncia a que acima c$amamos de reduoe sua limpide". &ssa tend(ncia seadentra cada ve" mais na ausculta da profundidade e da criatividade do abismo

    inesgot!vel e insond!vel das possibilidades do vir 6 fala do sentido do ser comomundoTsP. & o fa" na contnua vigil4ncia crtica, na liquidificao de todo e qualquerpreconceito, prejulgamento e dogmatismo que possa instar e estagnar o movimento daestruturao doTsP mundoTsP. -antm)se assim sempre de novo na limpide", naclaridade do aberto Tdas OffeneP do abismo)nada da plenitude do sentido do ser que seoculta como profundidade insond!velI@ de ser. # outra tend(ncia o crescentedesvelamento, o vir 6 lu" das possibilidades do sentido do ser, cada ve" comonascimento, crescimento e consumao doTsP mundoTsP. #qui, comea a se dar, nadin4mica da !el#stgege#eneit, a abertura de diferentes paisagens, regies, !reas, campose setores do sentido do ser que cada ve" se estrutura como totalidade da possibilidadedos entes, ou na linguagem fenomenol%gica como ser do ente na totalidade. 2sto

    significa que, no desvelamento que vem das profunde"as do abismo da possibilidade dosentido do ser emergem cada ve" de novo e novos, toques do fundo do abismo)nada,lanando, rasgando $ori"ontes de um determinado sentido possvel do ser, como quevislumbres genticos de um mundo em surgimento. &sse toque e lance de iluminao,esse vislumbre se di" em grego ou . M a partir e dentro desse vislumbre quese constelam mundos, cada qual na sua identidade e diferena, na sua estruturaoordenada, concreta e viva como que na flu(ncia da pot(ncia do sentido abissal do ser.-anter)se na nitide", clare"a do vislumbre do iluminar)se do $ori"onte da constituiodo mundo se c$ama ento na fenomenologia de ideaoB=.

    IV &ssa recepo no deve ser identificada com intuioou com algo comosentimentode e3idDncia, ou com o que os alemes gostam de expressar com6"a-erle#nis, i. ,viv(ncia do a$aK 0rata)se de acribia e limpide" da crtica, no sentido de continuamenteliquidificar os pr)conceitos e pr)jui"os que se estabelecem como sendo o indicativo darealidade, e manter continuamente no pique da limpide" a reduo, i. , a disposio deapenas ser o captar simples e imediato.I@ Juando esse abismo)nada da plenitude da possibilidade insond!vel do sentido do serno mais captado na pure"a reducional, pode se $ipostati"ar como o significado l%gicodo conceito do ser, o mais geral, o mais %bvio, o mais abstrato dos conceitos que di" omesmo que nada va"io nadificante.IU M a ideao que constitui a condio da possibilidade de classificaes das ci(ncias

    positivas a partir do vislumbre com)creto do seupositum.OTsP vislumbreTsP concretoTsPe novoTsP da paisagem ou regio dospositaserve de fundamento, donde as ci(nciaspositivas $aurem seus conceitos fundamentais. &sses vislumbres so iluminaes que

    EI

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    ;* Constituio

    *onstituio um momento da intencionalidade ou do captar simples e imediato. 8ela;temati"amos< o momento de consumao, acabamento ou remate de todo o processodo vir 6 lu" dos entes enquanto concrees do sentido do ser como mundos. 8essa

    estruturao concreta, i. , concrescida do mundo como cada ve" ente na sua totalidade,o ente vem 6 fala, toma corpo como isto e aquilo, mas no mais isolado, atomi"ado,separado um ao lado do outro como blocos substanciais, mas sim como consumao dafinitude de cada mundo como possibilidade que veio a si na sua facticidade.

    1acticidade diferente dafactualidade.8esta, cada ente ali est! como fato, como istoeou aquilo em si, qual bloco)coisa, sem desvelar nem ocultar a propriedade da sua

    possibilidade como uma bem determinada deciso do surgimento, crescimento econsumao de um determinado ;possvel

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    sua in)sist(ncia, o em)sendo prvio, o ser)$omem+ a intencionalidade, i. , o captarsimples e imediato.

    # intencionalidade com os seus tr(s momentos fundamentais reduo-ideao-constituio como a tentamos esboar de modo muito imperfeito sou eu, cada 3e4,

    enquanto existDncia. &sse ;sou eu, cada 3e4< no significa a egoidade do su&eito-eu-indi30duona sua autoafirmao aqui, agora, mas sim o modo de ser prprio do Yomem ,que a fenomenologia caracteri"a como2a-sein.0rata)se, pois, do ser, da ess(ncia do7omem, que a existencialidade. 8o entanto, a expresso ;modo de ser pr%prio do7omem< na fenomenologia sempre ambgua. /ode indicar o modo de ser diferencialdo Yomemem comparao com o modo de ser dos entes no)$umanos, como p. ex. deanimal, de planta, de coisas inanimadas. /ode tambm significar ;condio da

    possibilidade< para que o sentido do ser ven$a 6 lu" enquanto identidade diferenciada ediferencial no modo de ser do 7omem e dos entes no)$umanos. O 7omem enquantoexist(ncia seria ento a clareira do sentido do ser, na qual e atravs da qual, emerge oabismo do sentido do ser e se estrutura cada ve" todo um mundo de possibilidade, no

    tempo e no espao, mundo da constituio $ist%rico)epocal da $umanidade e das suasvicissitudes. 2sto significa que tudo que sabemos, podemos, queremos, sentimos efa"emos, tudo que no sabemos, no podemos, no queremos, no sentimos e nofa"emosC tudo que construmos e destrumos, tudo que no construmos e pretendemosconstruir como projeto e prolongamento de n%s mesmos, est! como que por um t(nuefio referido a e sob a responsabilidade da limpide" e atin(ncia do nosso captar simples eimediato, do nosso e-3ideri ao toque do sentido do ser, como ser-no-mundo.

    &sse modo de ser do 7omem como clareira do sentido do ser, como ;condio dapossibilidade< doTsP mundoTsP, portanto a intencionalidade ou o captar simples eimediato, com tudo que ele implica como acima mencionamos, o :sa#er;

    fundamental para todos os outros sa#eres, quer pertenam eles 6 dimenso pr)cientfica, pr)predicativa ou mesmo tambm 6 pr)fenomenol%gica. Sm tal saberrecebeu na fenomenologia o nome de ontologia^K fundamental, por ser ele ainvestigao do ente no seu ser que se adentra mais e mais na recepo e sondagem dostoques do sentido do ser que vem do abismo da possibilidade da Nida. *omo tal essesaber fundamental, i. , do fundo que oferece 6s ci(ncias a adequao do seu positum,dando)l$es as possibilidades da formao dos seus conceitos fundamentais e da suareviso.

    7oje, a psicologia se refere a todo um imenso e complexo sistema do saber denominadociDncias modernas, que se dividem em ciDncias naturais e ciDncias "umanas. #

    psicologia pertence ora 6s ci(ncias naturais, ora 6s ci(ncias $umanas. Onde busca ela ara"o da sua cientificidade, a ra"o da l%gica do seu saber, a sua fundamentao

    8o incio da fenomenologia, a palavrapsicologiaevocava a questo do psicologismo. #psicologia experimental e o naturalismo, dali decorrente, na sua autointerpretaobuscava tornar)se a ci(ncia fundamental, a ci(ncia primeira, a meta)ci(ncia de todas asoutras ci(ncias. & $oje, como a psicologia se interpreta a si mesma na sua

    LA Ontologia se compe das palavras , ), i. , em sendoe TlogiaP, i. ,discurso, ci(ncia, mas tambm, col$eita, ajuntamento, recol$imento. Ontologia no temaqui a acepo usual tradicional da ci(ncia do ente, concebido como algo que existe em

    si como ocorrente simplesmente, contraposta 6 antropologia filos%fica, dentro doesquema da teoria do con$ecimento ' O.

    ER

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    cientificidade O que outrora constitua demanda da psicologia na sua forma dopsicologismo parece ter passado de um lado 6 cientificidade positivista do positivismol%gico, como meta)ci(ncia a modo das ci(ncias naturais fsico)matem!ticas, e por outrolado 6 fenomenologia, na busca do sentido do ser, como ontologia fundamental. 7!$oje, no confronto antagFnico entre a fenomenologia e o positivismo l%gico, alguma

    afinidade de questo, algum relacionamento da paixo pela verdade, como no incio$ist%rico da fenomenologia no confronto com o psicologismo entre psicologia efenomenologia

    III - "O!S F!"O$!"O%&ICS

    # exposio de at agora, sucinta e desengonada, acerca de que se trata quandofalamos de fenomenologia deixa muito a desejar, e por isso necessita de mel$orias,correes e complementao. Dito em termos acad(micos carece de temati"ao, de;pontuaesun.

    * Intencionalidade como a a2erta?

    #qui a a#erta seria a traduo da expresso alem, em uso na fenomenologia, dasOffene.# aberta abertura, fenda, nesga do cu que as nuvens, abrindo)se, deixam verem dias c$uvosos T#urlioP. 2as Offeneno propriamente uma fenda, no bem

    abertura, pois o substantivo neutro do adjetivo offen, o a#erto.0rata)se de adjetivosubstantivado. 8ele, o substantivo no di" pr%pria e primeiramente que aqui ocorre umalgo, que possui a qualidade de ser a#erto, mas que a din4mica do abrir)se se tornouconsumada, a ponto de aparecer como in e per)sistente em si mesmo. O a#erto indica,

    pois, uma qualidade, digamos, um quilate do ser TverboP, subsistente, assentado na suaidentidade como em si, por si, a partir de si+ o del>un, o evidente, o pr)sente como

    presena. 0orna)se claro que no adequado tradu"ir das Offenepor a a#erta./ois, aaberta como fenda nas nuvens que encobrem o aparecer do cu conota que $! algo ali,atr!s do qual se oculta uma outra realidade, que por um instante aparece, atravs dafenda como nesga do cu. 8o entanto, se observarmos mais atentamente o que seja afenda, na e atravs da qual se mostra o cu aberto, percebemos que o cu aberto, jamais uma nesga, ou mel$or, o mostrar)se do cu jamais parcial na sua e)vid(ncia, mas,

    por menor que seja a possibilidade de aparecer, por infinitesimal que seja a fenda, o

    EV

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    translu"ir do cu aberto sempre e em cada fenda cabal e ab)soluto. # aberta, a fenda fenda somente porque deixa ser esse modo da mostrao. *om outras palavras, naabertura de uma fenda o espao aberto, o $ori"onte, o abrir)se e o que se abre coincidemcomo das Offene^.

    _sualmentequando falamos na fenomenologia de intencionalidade, no orientamos anossa fala na direo da a#erta, nem do a#erto, mas sim na direo do objeto, nacompreenso usual e banali"ada do texto de :rentano acima mencionado, lendo)o+;cada ato psquico tende em direo ao seu objeto

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    todas as representaes, fantasias, estados do $umor do eu)sujeito, tudo que me imanente, portanto, todas essas GcoisasH fora e dentro do sujeito e o pr%prio sujeito, noso na GrealidadeH fora do sujeito)eu enquanto objetos do meu con$ecer 2sto quer di"erque tudo quanto assim vem de encontro a mim, inclusive eu mesmo, no fundo produtoda objetivao. & o sujeito)eu ele mesmo, enquanto sujeito, no nen$uma coisa,

    objetada, contra)posta como coisa ou objeto, mas o que 2sto significa por sua ve" queo sujeito e o objeto assim contrapostos no esquema ' O so objetos de objetivaoreali"ada por quem &sse quem o ato, que no deve ser representado como uma aoou atuao de uma coisa c$amada eu-su&eito, mas como din(mica do processo a qual:rentano c$ama de fenmeno ps0quico, e 7usserl, de 3i3Dncia TCrle#nisP, a qual,segundo 7usserl, formulada em termos de um Descartes se c$ama cogitatio, oucogitans sum ou mais explicitamente ego cogito cogitatum.

    *aptar essa din(mica do processo, essa estruturao atuante, a viv(ncia, o fenFmenopsquico nele mesmo, e no o enquadrar na bitola da compreenso usual do esquemaest!tico ' O, causa sempre grande dificuldade. # tentativa de 7usserl, ao des)cobrir

    no fenmeno ps0quico de :rentano a intencionalidadeno sentido fenomenol%gico, exatamente uma tentativa contr!ria 6 nossa, a saber, de recondu"ir o esquemafossili"ado ')O 6 din4mica doCrle#nis, do cogitans-sum.

    8o quadro da compreenso usual est!tica do ')O, embora diferentes no seu ser, tantosujeito como objeto, so coisas, o#&etos, ocorrentes em si, independentes no seu existirum do outro, ligados por atode con$ecer, cujo sujeito e agente a coisa-su&eito, e cujoser no tem o modo de ser da coisa em si Tsubst4nciaP, mas da GcoisaH no outroTacidenteP. #ssim colocados o 'ujeito e o Objeto, na sua ligao no ato de con$ecimentoverdadeiro, portanto esse ato duplicado em polo)objeto e em polo)sujeito no outracoisa do que a reproduo do que est! formulado na definio tradicional da verdade

    como adaequatio rei et intellectus.

    &ssa f%rmula latina da verdade medieval e est! formulada de tal modo que oculta duasdefinies+ adequatio rei ad Intellectum di3inum Tadequao da coisa ao intelectodivinoP e adaequatio intellectus "umaniJ ad rem Tadequao do intelecto $umano 6coisaP. 8o fundo dessa dupla formulao acoplada est! a doutrina da criao+ as coisasdo universo, as criaturas, no seu ser, so feitas na adequao com o intelecto divino, queas concebeu e as trouxe 6 exist(nciaC por isso, o intelecto $umano, ao abrir)se 6s obrasdo intelecto divino, 6s criaturas, na medida em que capta a sua ess(ncia, iluminado, e

    pode se adentrar na viagem do retorno 6 fonte de todas as coisas, num intinerariummentis in 2eum Tviagem da mente para dentro de DeusP.

    /ara n%s, $oje, o fundo dessa definio duplicada se retrai, por ser ele de origemteol%gica, e nos resta apenas a compreenso da definio enquanto adaequatio rei etintellectus "umani, na qual intellectussignificasu&eito e reso#&eto, mas agora de novoduplamente, num sentido bem diferente ao da definio medieval, a saber+ adaequatiointellectus ad rem Tconformidade do sujeito ao objetoP e adequatio rei ad intellectumTconformidade do objeto ao sujeitoP. Daqui, na manualstica de certos sistemas deensino da filosofia, surge o esquema ' O do assim c$amado realismo TobjetivismoP eidealismo TsubjetivismoP. *aricaturando numa simplificao m!xima+ no realismo o quese d! de antemo so coisas em si diante e ao redor de mimC eu)sujeito com os seus atos,

    p. ex. no ato do con$ecer, qual c$apa fotogr!fica que reprodu" em imagens,representaes e ideias a realidade de l! fora, dos entes do mundo circundante, pr)

    jacente. *ritrio da verdade e da sua certe"a objetividade. 8o GidealismoH ou

    EU

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    subjetivismo, se d! o contr!rio+ acerca do que e como seja a realidade fora de mim, ouse realmente $! uma realidade em si, a mim transcendente, no posso ter nen$umacerte"aC pois o que se d! de imediato e primariamente o eu)sujeito e seus pro)dutosimanentes. & se, mesmo que, como di" o realismo, $aja a realidade em si, dele posso ternotcia atravs do eu)sujeito e das suas faculdades de captao, a saber, dos sentidos e

    do entendimento e da ra"o, imanentes em mim. &ssa descrio do realismo e doidealismo, na teoria do con$ecimento em certos manuais de filosofia, sem dvida, umacaricatura. 8en$uma teoria de con$ecimento que leva a srio a sua busca ensina taldoutrina. 8o entanto, esse modo da compreenso Ging(nuaH da adaequatio rei etintellectus, pode infestar a nossa mente, na vida e no uso e mesmo nas ci(ncias, quandoqueremos sem pensar muito explicar a realidade, em n%s e GforaH de n%s. # esse modo deentender, tanto do realismo como do idealismo, tanto do objetivismo como dosubjetivismo, 7usserl caracteri"a como impostao natural, virado 6s coisas, alienadado problema da possibilidade do con$ecimentoL>. #qui, tanto o realismo como oGidealismoH operam na ingenuidade de um GrealismoH deficiente, que no despertou paraa questo da possibilidade do con$ecimento. *om outras palavras, na impostao do

    con$ecer est! fixa, presa na obviedade dogmati"ada e opaca da condio dapossibilidade do con$ecimento. &ntende a possibilidade do con$ecimento dentro daestrutura est!tica ')O, sem jamais sequer desconfiar que aqui $! um problema de fundo,a partir e dentro do qual se d! tanto o sujeito como o objeto e sua inter)relao comoadequao, problema de fundo que coloca em questo, em busca osentido do ser dosujeito e osentido do serdo objeto, na sua diferena ontol%gica. /ortanto, alienado dacompreenso do que seja oserdo con$ecimento.

    # questo do sentido do ser do con$ecimento, num certo nvel bem iniciante dacompreenso do que seja intencionalidade, aparece como contenso do e tenso aoo#&eto. #ssim, di" :rentano, como j! foi mencionado antes+ ;0odo o fenFmeno psquico

    contm algo como o#&eto em si, embora no cada um de igual modo. 8a representaoalgo representado, no ju"o algo recon$ecido ou rejeitado, no amor, amado, no %dio,odiado, na cobia, cobiado

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    etc., se estrutura como uni)verso, mundo, regio etc., todo pr%prio, o qual poderamosc$amar de mundo da subjetividade, ao lado do mundo da objetividade, perfa"endo agrande diviso dos entes em mundo do ente $umano e mundo do ente)no $umano, a

    partir da qual diviso, podem surgir binFmios como 7omem e -undo, *ultura e8ature"a, 7ist%ria e 8ature"a etc., diviso que aparece p. ex. na classificao das

    ci(ncias enquanto ci(ncias $umanas e ci(ncias naturaisLE

    .

    #qui, surge um problema. *omo captar o sujeito e seus atos enquanto su&eitoe noenquanto o#&eto O conjunto dos contedos referidos ao sujeito)$omem e seus atosenquanto GobjetoH da contenso e tenso do ato de con$ecer o $omem e o seu mundo sotambm noema #li tambm surge um ponto x assint%tico, que une a srie de dadosacerca do sujeito e seus atos numa unidade 7! aqui uma diferena na objetividade, naobjetivao, diferena que surge na medida em que de um lado temos o sujeito)$omeme seus atos por objeto, portanto como objetos imanentes, e o objeto)no)$umano e suascaractersticas por objeto, portanto objetos transcendentes # essa altura da reflexo til observar que aqui, os termos ;sujeito< e ;seus atos

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    o ponto de vista de v!rios atos. 8esse sentido no intencionalidade a modo dorealismo. 0rata)se de perceber que os atos no so pontos de vista, mas uma totalidadeem si, digamos, completa, onde tem o seu prprio o#&eto e o prprio su&eito adequadosao ato correspondente.#ssim, o mundo da representao uma totalidade, toda pr%pria,com o seu sujeito, seu ato e seu objeto. O mesmo se diga do mundo do ju"o, do amor,

    do %dio, da cobia etc. *ada qual totalmente diferente, pr%prio, com sua l%gica pr%pria.M, mais ou menos, como jogos e lutas de competies esportivas. ogo de futebol, dexadre", de vFlei, de judF, de capoeira, de briga na rua, de peteca, cada qual possui sual%gica, sua lei, normas e dicas, cada qual todo ele completo como jogo, luta,competio, um bem diferente do outro. M de import4ncia para a compreensofenomenol%gica da intencionalidade, captar com preciso essa situao, e no declinar

    para uma compreenso que permanece fixa ainda no realismo emprico deficiente,acima mencionado. /ois pode)se ter a impresso de que tal concepo do con$ecimento,redu" tudo ao relativismo e ao subjetivismo do ponto de vista. 8o $averia mais umobjeto em si, real, mas apenas produto do ato do sujeito 0udo no se dissolveria nofluxo contnuo e cada ve" variante dos atos, em impresses e viv(ncias fugidias, sem

    nada de firme, constante, de certo e verdadeiro Sm fluir ca%tico de impresses,apercepes, representaes, sem nen$uma orientao de constituio, carente de toda equalquer centrali"ao unificativa, nem no polo do sujeito, nem no polo do objeto Ou

    projees do sujeito)eu em mil e mil variantes de mundos de objetos, como que a criarcontinuamente e arbitrariamente realidades virtuais # intencionalidade, assimdescoberta nos textos de :rentano, no entanto, apresenta uma constituio interna bemordenada, abrindo)se de um lado, enquanto totalidade pr%pria e bem estruturada de entescomo mundo TnoemaP, e de outro lado, de modo correlato, pulsando no eclodir, crescere consumar)se da estruturao do mundo, como o fluir da din4mica na conduo do seumodo de ser TnoesisP. Denominemos o todo dessa estruturao do mundo no fluir dadin4mica na conduo do seu modo de ser deser-no-mundo.'% que esse ser)no)mundono deve ser representado como se o sujeito)$omem estivesse no meio do mundo comoum ente cercado de outros entes, como algo dentro do espao aberto, onde tambmesto colocados outros entes. #qui,ser-no-mundonos deve acenar para a din4mica deestruturao cujo movimento espiral. 2maginemos uma imensa superfcie lisa de umalagoa, vista de cima, de um $elic%ptero, numa viso panor4mica. #o ol$armos commuita ateno esse superfcie, percebemos um pequeno ponto preto no meio dela,

    parado, im%vel. 8a medida em que baixamos a altura e nos aproximamos da superfcie,percebemos que aquele pequeno ponto um crculo, formado pela !gua em movimentoconc(ntrico. *omo a nossa viso por assim di"er de fora, panor4mica da superfcie, deincio vemos o grande crculo, e dentro dele outros crculos conc(ntricos, e bem nomeio

    um pontin$o. -as ao c$egarmos bem perto da superfcie, de repente percebemos que setrata de um redemoin$o que estava surgindo. O que parecia um crculo com seuscrculos conc(ntricos dentro dele, se nos apresenta como vigorosa din4mica do afundarespiral, criando cada ve" crculos em diferentes nveis de profundidade, na tenso econtenso do movimento centrpeto e centrfugo simultaneamente ocorrente. O que delonge parecia o ponto do meio, na realidade era o Gponto de fugaH do movimentocentrpeto, o ponto ;ol$o)do)furaco< e o que parecia o grande crculo que cotin$aoutros crculos conc(ntricos e o ponto do meio no eram outra coisa do que a borda, amais estendida do movimento centrfugo desse movimento espiral, em expanso. 8aexpressoser-no-mundoa palavra noTser)emP deve ser entendida como a din4mica doadentrar)se a modo de ;ol$o de furaco< do movimento centrpeto, e mundocomo cada

    ve" crculos conc(ntricos constitudos como extenses abertas em diferentes nveis deprofundidade pelo movimento centrfugo, na sua expanso. #qui importante ver que o

    I>

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    movimento centrpeto e centrfugo so simult4neos, so momentos do mesmomovimento, numa troca de mtua estruturao. # direo centrpeta o polo)sujeito e adireo centrfugo o polo)objeto. Juando esquecemos ou no percebemos que se tratade um movimento espiral, a din4mica do surgir, crescer e consumar)se do mundo daintencionalidade fixa e expressa numa flec$a reta em cuja ponta est! o objeto e no

    extremo oposto est! o sujeito. Juando nos ac$egamos mais ao pr%prio da din4micaintencional, viramos a lin$a reta num crculo e quando n%s mesmos cairmos dentro domovimento do redemoin$o da intencionalidade, da lin$a reta parcial Tflec$aP e docrculo, cuja lin$a circular uma reta infinita, sofremos uma torso LI, em cuja viragemcomeamos a perceber que a vig(ncia de fundo da intencionalidade a aberta. Juando,assim,somos n%s mesmos a a#erta, o nosso ser enquanto $umano coincide comsermundoe recebe ento o qualificativo doser-no-mundo. *omo aqui 7omem e -undocoincidem, no podemos mais usar os termos subjetivismo, nem objetivismo, paracaracteri"ar esse ;comrcio< de interc4mbio ;entre< 7omem e -undoLL. /ara indicarque aqui na fenomenologia, quando se fala da intencionalidade, se transcende tanto osubjetivismo como o objetivismo do realismo deficiente acima mencionado, usamos a

    expressosu#&eti3idade transcendental ou !u#&etidade e O#&eti3idade transcendentalou O#&etidade. #qui, porm, nesse ponto pode ocorrer um risco de cairmos naarmadil$a de uma impreciso.

    &m que sentido impreciso De no empreender a acima mencionada torso dacompreenso usual da intencionalidade como lin$a)flec$a e como crculos conc(ntricos

    para a din4mica do movimento espiralLR.

    # impreciso na compreenso do que seja propriamente a subjetividade transcendentalse d! da seguinte maneira.

    #cima foi dito, ao interpretarmos o texto de :rentano, que o fenmeno psquico oupara 7usserl, o atoou intencionalidade uma totalidade em si, digamos, completa,onde tem o seu prprio o#&eto e o prprio su&eito adequados ao ato correspondente./ortanto, que se trata de mundo. 'urge a pergunta+ como se relaciona um mundo com ooutro 'o totalidades estanques entre si ou $! uma comunicao entre as totalidades#lgo, pois que abrange todas as totalidades, unindo)as sob algo comum a todas #lgoque transcende a todos os mundos, portanto, num mundo GtranscendentalHLV 8essa

    pergunta surge o termo ;algo< como um termo de perplexidade a nomear p. ex. omundo. 8essa perplexidade percebemos como difcil captar o pr%prio do que nafenomenologia se denominou ato, fenmeno, 3i3Dncia, intencionalidade, mundo, ser-no-mundo, a a#erta, nele mesmo, prescindindo totalmente dos termos cujosentido do

    ser era dominante no esquema ')O na acepo do realismo deficiente. -as aquipodemos perceber, como um assunto que parecia tratar)se de problema da possibilidadedo con$ecimento verdadeiro, implicava no seu bojo, como uma questo anterior, aquesto pelo sentido do ser.

    8* Intencionalidade como questo do sentido do ser

    LI

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    &m que sentido, com a transcendentalidade da subjetividade e da objetividade, surge aquesto do sentido do ser #o compreendermos a intencionalidade como subjetivismo eobjetivismo empricos, ao enfocarmos a nossa ateno sobre o sujeito ou sobre objeto esobre o ato, podemos