o protesto como função notarial - poisl, carlos luiz

Upload: sergio-jacomino

Post on 03-Apr-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    1/23

    ...XVIII Encontro do s Ofic ia is de Registro de Imveis do Brasil

    ELVIHO SILVA FILHO

    Macei, 21 a 25 de outubro de 1991.

    Contribuio ao 12 Tema "Os Notrios e os Registradores".

    O PROTESTO COMO FUHO NOTARIAL

    Carlos Luiz Pois!

    Caixa Postal 390 - Cep 93301 - Novo Hamburgo RS

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    2/23

    .

    N D I C E

    Explicao . . . . . . . . . . . . . . 21 - Int roduo . . . . . 32 - o Pro tes to No Ato Regis tra! . . 63 - o Pro tes to Ato Nota r ia l 84 - o Pro tes tador no Brasi l - Impr io 115 - O Pro tes tador (E Alguns Regist ros) naRepblica . . . . . . . . 146 - Colocao Doutr inr ia 197 - Concluso . . . . . . . 22

    ~

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    3/23

    2

    EXPLICAO

    O presente t rabalho fo i escr i to para o CongresssoNotar ial Bras i le i ro que deveria te r s ido real izado emBlumenau em abr i l de 1990. O Plano Econmico instaurado em 15de maro daquele ano deixou todos mingua de recursosf inanceiros , prejudicando a real izao do Congresso. Podiversas outras c i rcunstncias supervenientes e le no foreal izado ainda.Tomando conhecimento agora do temrio do EncontroElvino Silva Fi lho dos Oficia is de Regis t ro de Imveis doBras i l , r eso lv i d-lo como contr ibuio para odesenvolvimento do 1!2 Tema, "Os Notrios e os Registradores".Ele cabe a i , porque nele so fe i tas algumacolocaes que dizem respei to a ambas as ca tegor ias . Contminclusive, rpidas pinceladas his tr icas que servem tantoregis t radores como a tabe l ies , ao menos como i lus t raoInteressar , part iculamente, queles reg is t radores que tambmso protestadores . Finalmente, a concluso do t rabalho, eespecificamente, a proposio f inal , podem a t v ir a sepensadas, discut idas e receber apoio do Congresso, com vis tasao aperfeioamento da l e i qu e vai organizar os servionota r ia is e r eg i s t r a i s , o que, sem dvida, de interessegeral .Por fim, par t ic ipar com es te t rabalho do congressoque leva o seu nome, fo i o j e i to que eu achei para pres taminha homenagem ao Elvino, a quem admiro demais por su

    vi tor iosa lu ta pela unio e valor izao prof iss ional de toduma c lasse , t a re fa to d i f c i l neste pais d i f c i l .

    Novo Hamburgo, 31 de agosto de 1991.

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    4/23

    3

    O PROTESTO COMO FUNO NOTARIAL

    1 - INTRODUOEfet ivar atos nota r ia is funo nota r ia l . Ora, oprotesto cambial um a to no ta r ia l . Logo, e f e t iva r o protestocambial fun9o no ta r ia l .O s ~ l o g i s m o encerra uma lgica i r refu tvel . Nentanto, tem oposi tores , so b alegao de no ser verdadeira apremissa de que o protesto a to notar ia l .Ocorre que, no Bras i l , diferentemente dos outrospases , a incumbncia de t i r a r o protesto cambial confer ida of i c i a i s pblicos di tos extra jud ic ia is que nem em todos oEstados conservaram a denominao de notr ios ou tabe l ies . uma at ividade espec ia l , separada das atr ibuies genricasdos tabe l ies de notas .Entende-se como "ext ra judic ia i s" aqueles of i c i a ipblicos que, embora vinculados ao Judic i r io e subordinadosadministrativamente, ao juiz de di r e i to da jus t ia comum, no

    realizam ta re fas jud ic ia is , n o so auxi l ia res do juizo, nadt m a ver com o processo jud ic ia l , n o tendo qualqueingerncia , por mnima qu e se ja , na t ramitao de qualqueao ou outra medida secundria que deva se r decidida ouordenada pelo ju iz .So duas as funes di tas extra jud ic ia is : a nota r iae a r eg i s t r a ! .Nem todos os reg is t ros pbl icos , porm, so dcompetncia dos assim chamados of i c i a i s pblicoextra jud ic ia is . Por exemplo, o reg is t ro do comrcio, o dpropriedade indust r ia l e in te lectual , o de aeronavesnavios, o de marcas de gado. As funes do reg is t radoextra jud ic ia l so apenas os reg is t ros : c i v i l das pessoanatura is , c i v i l das pessoas ju r d icas , de t i t u l e sdocumentos, de imveis. Qualquer aluso, pois , que se f i ze rreg is t ro ou a reg is t rador , se r re fe ren te a es tas quatroespcies . Essas duas funes, no ta r ia l e r eg i s t r a ! , es toembutidas dentro do jud ic i r io , embora o exerccio delas nadtenha a ver com e le , decorrendo dai um grave defe i to : e laesto misturadas com as funes auxi l ia res do ju iz . Emconseqncia, os agentes dessas funes nota r ia isr eg i s t r a i s tambm es to misturados, organicamente, com oagentes das funes jud ic ia is auxi l ia res .Por estarem todos metidos no mesmo saco, escr ivejud ic ia is , tabe l ies , reg is t radores , meirinhos, contadoresdis t r ibu idores , e toda a extensa faml ia dos chamadoservidores jud ic ia i s e extra jud ic ia is , tambm o exerccio dafunes acabou numa grande mistura : h escr ives jud ic ia iqu e tambm exercem funes nota r ia is ; h tabe l ies que tambmso reg is t radores ; h regis tradores que tambm so escr ivejud ic ia is .Emfunes fo it e r formao

    razo disso, a dis t ino entreperdendo a importncia. Como no eraju r d ica para exercer todas essasas diversanecessr iat ividade

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    5/23

    4ju r d icas , (e no h que confundir jur dico com jud ic ia l ) ,bastando os conhecimentos empricos adquiridos na prt icadessas at ividades, fo i se esmaecendo, com o tempo, acuriosidade c ien t f i ca voltada anlise das diferentesfunes.

    De outra par te , esse estudo cien t i f ico era a tdesencorajado, pois os agentes das funes tanto judiciaiscomo extrajudiciais foram assumindo a condio desubordinados, sujei tos no s administrativamente, mas tambme at , funcionalmente, autoridade jud ic ir ia . Foramperdendo seu poder decisr io , que emana do conhecimentocien t i f ico e tcnico, e foram se reduzindo condio defuncionrios es t r i to - senso , constrangidos es t re i teza denormas regulamentadoras que nunca podem prever todas asocorrncias possveis . mais cmodo r ea l i za r as t arefassegundo as ordens superiores, sem quest ion- las , porque i s toexime do peso da responsabil idade.Evidentemente, os t raos genricos acima no tm omesmo negror em todo este vasto pais . H uma grande variedadede nuances. H lugares em que a aludida mistura e suasconseqlincias sequer existem. E tambm em razo,principalmente, da ainda t mida doutrinao do ColgioNotarial e do Ins t i tu to do Registro Imobilirio, adespreocupao pelo conhecimento cient f ico tende a acabar.J exis te , s vezes s em estado embrionrio, mas exis te , umaconscincia de qu e se r tabel io ou regis trador exercer umafuno altamente tcnica , que exige bons conhecimentosjur dicos , universais e especiais , com capacitao para tomardecises caso a caso, insusceptiveis de serem embretadas em

    g e n e r ~ c a s ordens de s e r v i o ~ j exis te a conscincia do queso e para que servem as funes notar ia i s e regis t ra is , dopapel de relevo que desempenham na sociedade, suprindonecessidades do convvio humano.Em razo do qu e fo i exposto, com respeito misturadas funes d i t as extra jud ic ia is e jud ic ia is e dos seusagentes, uns real izando t arefas de outros , por obra dasorganiza9es jud ic i r ias const rudas nos Estados sem muitor igor c ~ e n t i f i c o , um desses atos jurd icos in tegrantes defunyo chamada ext ra jud ic ia l , o protesto cambial, ficou, por

    a s s ~ m dizer , como que sem pai nem me. Enjeitado.No ato regis t ra! , dizia-se , pois no in tegranenhum dos reg is t ros qu e formam o elenco dos reg is t rosext ra jud ic ia is . No ato notar ia l , f r isava-se , porque hmuito fo i t i r ado das atr ibuies dos tabe l ies e dado ou aregistradores ou a um t ipo especial de of ic ia i s pbl icos, osprotestadores (ou protes tantes?) , com a funo exclusiva decuidar do rfo.Agora vem de ser consagrada, na Consti tuioFederal , art .236, a tese defendida h dcadas pelasl ideranas dos servventurios di tos ex tra jud ic ia is e poroutros estudiosos do assunto: a desvinculao do s serviosnota r ia is e regis t ra is do Judic i r io . Is to h muito jdeveria te r ocorr ido, pois as at ividades nota r ia l eregis t ra! , alm de no terem qualquer caracter s t icajud ic ia l , so antes o oposto da at ividade jud ic ia l : suaf inal idade prevent iva, e no auxi l iadora, de l i t g ios aserem resolvidos pelo ju iz .Assim, as funes ext ra jud ic ia isfunes ext ra jud ic ia is , mas, simplesmente, ouou funo regis t ra! . Nada mais tm a ver com o

    no so maisfuno notar ia lJudicir io .

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    6/23

    5Quer dizer : nada mais tm a ver com o Judicir io emtese , mas no de fa to . n e c e s s a r ~ o qu e se organizemautonomamente, em l e i espec ia l , para que a tese de dire i tovenha a se efet ivar de fa to .Essa l e i , ora em gestao, vai ser uma l e iimportante. Deve ser uma le i muito boa, para qu e os serviosque e la organizar tambm possam se r muito bons. Ela no dever e f l e t i r impulsos de momento, incl inaes efmeras, opiniespassionais , s i tuaes pessoais , interesses individuais ou degrupos. Ms le i s trazem antes malef icios do que benefic ios .No duram. Deixam de ser acatadas . Perdem a autoridade. S ofocos de discrdia .Para que a le i se ja boa, deve ser bem pensada erepensada, tendo em conta a real idade soc ia l . No s areal idade dos grandes centros , mas tambm a real idade dosmais afastados r inces desta t e r r a gigantesca. Is to d i f i c i l , porque o Brasi l compe-se de uma inf inidade dereal idades. Deve t e r , sobretudo, uma boa es t ru tura t cn ica ,dispensados os f loreios sem servent ia . Deve se r exeqliivel,i s to , pr t ica .Essa l e i vai organizar os servios nota r ia is er eg i s t r a i s , dispondo sobre as a t r ibu ies , obrigaes edi re i tos dos agentes desses servios, tendo em conta, acimade tudo, o interesse pblico, i s to , daqueles a quem osservios se destinam. Deve se r tecnicamente perfe i ta nessesaspectos . Ela, por exemplo, es ta r errando de modo

    imperdovel, se c las s i f i ca r um ato nota r ia l como regis t ra! ,ou vice-versa . Essa dis t ino , ent re o nota r ia l e oregis t ra! , fundamental. Toda a le i ser edif icada sobrees te a l ice rce .Por i s to importante ac la ra r as dvidas. Est emdiscusso a que diz respe i to natureza ju r id ica do protestocambial . H aqueles que querem porque querem que e le se ja uma to regis t ra! . H os que dizem que o protesto cambial uma to nota r ia l por natureza.Este t rabalho pretende demonstrar que a premissa "oprotesto ato nota r ia l" , do si logismo que serviu deintroduo a es ta j longa introduo, verdadeira .

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    7/23

    6

    2 - O PROTESTO NO ATO REGISTRAL

    Sal ta evidncia que o protes to no a tor eg i s t r a ! , porque e le reg is t rado , e nenhum a to que regis trado a to r eg i s t r a ! . A ao de r eg i s t r a r consis te emreproduzir , t o t a l ou parcialmente, um a to formado. A formaodo a to precede seu r eg i s t r o . O reg is t ro reproduz mas noproduz o a to .Assim, em cinco l inhas , f ica demonstrado que oprotesto cambial no a to r eg i s t r a ! . Tudo o que segue podese r desprezado sem prejuzo ao entendimento de que o protes tono a to r eg i s t r a ! .O que se reg is t ra? - Documentos ou fa tos .O nico reg is t ro que reg is t ra fatos o reg is t ro

    c i v i l das pessoas natura is : r eg i s t r a o nascimento e o bi to.Regis t ra alm disso um a to solene , a celebrao do casamento,o que tambm um fa to .O reg is t rador no faz o casamento. Real iza os atospreparatr ios dele (que nem por isso so atos r eg i s t r a i s ) ,ass i s t e a celebrao e a r eg i s t r a . Mesmo que esse reg is t rotenha s ido quase que to ta lmente escr i to antes da celebrao,para comodidade de todos os par t ic ipantes e ass is ten tes dacerimnia, e le no exis te , no se perfecciona enquanto not i ve r sido ultimado o casamento. O casamento pode e x i s t i r semo seu r eg i s t r o , mas o reg is t ro n o exis te sem o casamentoprvio . Assim tambm com o nascimento e a morte. Esses fatossomente podem se r regis trados depois de terem ocorr ido , mesmoporque se no ocorreram no so fa tos .

    Todos os demais reg is t ros regis t ram exclusivamentedocumentos que consti tuem atos ju r d icos ou simplesdeclaraes de vontade ou descr ies de fa tos .O reg is t ro de t i t u l a s e documentos reg is t ra ocontrato de compra e venda com reserva de domnio re t ra tado

    num documento. O reg is t ro c i v i l das pessoas ju r d icasreg is t ra o es ta tu to ou o cont ra to cons t i tu t ivo de umasociedade re t ra tado num documento. O reg is t ro de imveisr eg i s t r a o contrato de compra e venda de um ter renoformalizado num documento, a esc r i tu r a pblica de compra evenda.Sem o documento no poss vel fazer o r eg i s t r o .Fica bem c la ro , assim, que s reg is t rve l aqui loque exis te , o fato ou o documento.O reg is t ro no cr ia o fato nem o a to , apenas a tes taa exis tnc ia de fatos j ocorr idos ou de atos jdocumentados. Mesmo se no reg is t rados , os fatos e os atosno deixam de e x i s t i r . Apenas algum ou alguns dos e f e i to s qu epossam produzir no mundo ju r d ico no so gerados enquanto

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    8/23

    7no forem r eg i s t r ados , o que um outro assunto .

    A pessoa natura l no deixa de se r pessoa ( su je i tocapaz de adqui r i r d i r e i to s e con t r a i r obrigaes) se acaso oseu nascimento no t i v e r s ido r eg i s t r ado . A f a l t a de reg is t rodo contrato de compra e venda no impl ica na i nexi s t nc ia davenda, se no r eg i s t r ado . O cont ra to soc ia l cr i a desde logo asoc iedade , que prevalece ent re os s6cios mesmo se no fo rlevado a r eg i s t ro .Em resumo, no pode se r r eg i s t r ado aqui lo que noexis te . Inc lus ive , logicamente, o protes to cambial .Para que o o f i c i a l possa r eg i s t r - lo , o protes tocambial deve t e r nascido, deve t e r s ido cr iado, gerado, ou,

    em suma, formalizado antes . O reg is t ro no cr i a o protes tocambial , mas apenas, por seu e f e i to declara t6r io (pois , nocaso, no te m e f e i to cons t i t u t i vo ) , tem a f ina l idade dapubl ic idade e da conservao. Mesmo no sendo r eg i s t r ado , oprotes to cambial devidamente formalizado exis te e produz oefe i to ju r d ico para o qual fo i cr i ado , o de comprovar a morapara todos os f ins de d i re i to .Preexis t indo ao seu r eg i s t r o , o protes to n o a tor eg i s t r a ! .Se fossem atos r eg i s t r a i s todos os atos qu e viessema se r r eg i s t r ados , tambm seriam atos r eg i s t r a i s a escr i tu rapbl ica no ta r i a l e todos os documentos pa r t i cu l a r e s . Absurdo.

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    9/23

    8

    3 - O PROTESTO ATO NOTARIAL

    Se o protes to no ato r eg i s t r a ! , o que ento?Ato jud ic ia l , a to adminis t rat ivo, a to nota r ia l ou a topar t icu la r qu e prescinde de qualquer in terveno, dire ta ouind i r e ta , de rgo pblico?A ltima hiptese es t desde logo afas tada . Nosis tema ju r id ico bras i l e i ro o protes to cambial ato formal esolene, com presuno l ega l de verdadeiro, exigindo,por tanto, a presena de rgo of ic ia l dotado de f pbl ica .No a to jud ic ia l porque na sua formao nointervm o ju iz . O ju iz pode v ir a se r chamado para solveralguma reclamao e dec id i r , no caso, se o protes to deve ouno se r t i r ado . Cessa a , no procedimento previs to no ar t igo884 do Cdigo de Processo Civ i l , a sua in terveno, que n opode se estender maneira ou forma de efe t ivar - se o

    ~ r ~ t e s t ~ . Assim, mesmo nesse caso, de r e c l a m a ~ o provida peloJU1Z, nao perde o protesto o seu car te r ext raJudic ia l .A t i r ada do protes to no at ividade que integra aadministrao pblica comum. Nada tem a ver com e la por suascarac te r s t icas e por envolver unicamente in te ressesprivados. Pode a t , hipoteticamente, v ir a se r formalizadopor algum integrante dos quadros do funcional ismo pblicomediante designao espec ia l , na f a l t a ou no impedimento dequem deva faz- lo funcionalmente. Ser uma exceo que, noentanto , no t e r o condo de a l t e r a r a natureza do a to .S igni f icar , simplesmente, que o funcionr io t er s ido dotadode f pbl ica espec ia l para com e la r eves t i r aquele a toisolado.Assim, por eliminao, poderamos conclu i r desdelogo que o protesto cambial a to nota r ia l , j que no a tor eg i s t r a ! , nem jud ic ia l , nem adminis t rat ivo, nem a to privadodes t i tu ido de f pbl ica.Mas por que a to notar ia l? - O que o carac te r izacomo ato nota r ia l a f pbl ica nota r ia l nele impressa.A f pbl ica nota r ia l d i s t in t a da f pbl ica emgera l de que so dotados os funcionrios da administrao, osfuncionr ios jud ic ia is e , tambm, os reg is t radores .A f pbl ica a essncia da funo nota r ia l e poi s so e la se dis t ingue da f pbl ica em gera l . O tabel io te mpor razo de se r , por obje t ivo , por misso funcional,imprimir f pbl ica nas declaraes de vontade e de fa tos , oque as torna i r re fu tve is para todos os f ins de d i re i to .Reputa-se verdadeiro tudo o que o t abe l io declara noinstrumento pbl ico nota r ia l regularmente formado. Somenteuma sentena jud ic ia l exarada em ao prpr ia , especialmenteins taurada para t an to , que a decrete como fa lsa , pode opor-sea uma declarao cont ida em instrumento pbl ico no ta r ia l .

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    10/23

    9Por i s to que exigida, via de regra , a escr i tu rapblica - ato nota r ia l por excelncia - para a transmisso dedi re i tos rea is em imveis, transmisso essa que no seefe t iva pela simples t rad io . S a escr i tu ra pbl ica dcer teza da regularidade da transmisso e por isso confere adesejada tranqUil idade e segurana s negociaesimobi l i r ias . Ela, por exemplo, por s i s , sem necessidade decomprovao adicional , d plena cer teza, com presun9o l ega lde verdade: da data do negcio, do lugar , da ident1dade daspar tes , da capacidade das par tes , da legit imidade da eventual

    representao de alguma par te , da exis tnc ia lega l da parteque pessoa ju r d ica e da identidade e legit imidade de seurepresentante, do objeto, da t i tu lar idade e disponibi l idadedo objeto, das condies ajus tadas pelas par tes quanto aopreo, modo de pagamento, transmisso de di re i tos rea is epessoais sobre o objeto e outras condies, da voluntariedadedo consentimento, do cumprimento das obrigaes f i sca i s .Enfim, todas e cada uma das declaraes do tabel ioconstantes da escr i tu ra pbl ica reputam-se verdadeiras . E soverdadeiras enquanto alguma sentena jud ic ia l no as declararfa lsas .O que se disse a respe i to da escr i tu ra pblica extensvel a todo e qualquer outro a to notar ia l . Pode-seassim muito bem ava l ia r o poder da f pbl ica nota r ia l evalor izar devidamente os cuidados que devem cercar o usodesse poder.

    dotadospblicapblicosMas os demais rgos pblicos no so tambm e lesde f pblica? - So, mas s o notr io tem a fcomo essncia de sua funo. Os demais rgostm-na como a tr ibu to secundrio e no essenc ia l .O regis trador tem por misso r eg i s t r a r .Secundariamente a essa sua funo pr inc ipa l e le dotado def pblica para com ela reves t i r , no as declaraes devontade cont idas no documento que r eg i s t r a , mas apenas oreg is t ro desse documento e as cpias desse reg is t ro .Presume-se, devido a essa f pblica r eg i s t r a ! , qu e oreg is t ro es t conforme com o documento e que a cpia conferecom o reg is t ro , mas essa presuno de verdade no se estendeao contedo do documento, que , necessariamente, ante r ior aoreg is t ro , ante r ior interveno do regis trador .O funcionrio pblico em gera l exis te para cumprir

    determinadas t arefas dentro da administrao pbl ica.Secundariamente sua funo principal , e le te m f pblicabas tante para r eves t i r de cer teza lega l as suas declaraesde que t a i s e t a i s atos ou fa tos foram prat icados ouocorreram dentro da esfera de suas atr ibuies funcionais .Essa dis t ino en t re a f pbl ica nota r ia l e a fpblica em gera l es tende-se aos atos nota r ia is eno-notar ia is . Aqueles so como qu e a corpor i f icao do que ot abe l io percebe com os seus sent idos , in terpre ta e amolda l e i ou aos principias do di r e i to , revestindo essaformalizao, mediante sua f pbl ica plena, com uma couraade autent icidade inques t ionvel . So atos de cr iao. Osdemais atos dotados de f pblica so como que fotograf ias deatos exis ten tes . A f pblica no vai alm da fotograf ia :garante qu e e la r e t r a ta fielmente o a to , mas no garante aautent icidade do a to .O por tador de um t i t u lo de crd i to , ao apresent- loao of ic ia l de pro tes tos , manifes ta , s com esse gesto ousecundando-o com um pedido expresso, a sua vontade de que o

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    11/23

    10t i t u lo se ja protes tado. Essa sua vontade, depois de cumpridasas solenidades l ega i s , ser formalizada no instrumento deprotesto porque o of i c i a l assim a entendeu e in te rpre tou . Aof irmar o documento de sua l avra , o o f i c i a l lhe repassa a fpbl ica de que , funcionalmente, portador , e assim cr i a uma to jur id ico completo, com plena ef icc ia para fazer ose f e i to s que dele se espera no mundo ju r id ico .A f pbl ica impressa ao documento a nota r ia l ,porque receber , i n t e rp re t a r e formalizar declaraes devontade, criando atos jur dicos autnt icos e plenamenteef icazes , funo t ipicamente nota r ia l e exclusivamentenota r ia l . O protes to cambial assim cr iado , por tanto, atono ta r ia l . Sendo o protes to a to no ta r ia l , quem o efe t iva t abe l io . Tratando-se de of i c i a l que no te m o protes to comofuno exclusiva ou pr inc ipa l , como o caso dos escr ivesjud ic ia is e reg is t radores que tambm t m a atr ibuio depro tes ta r , e s t e le tambm dotado de f pbl ica nota r ia l , quet ransmite ao instrumento de protes to quando o cr ia . Ento,nesse momento, atua como t abe l io .

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    12/23

    11

    4 - O PROTESTADOR NO BRASIL-IMPRIO

    O protesto cambial , sendo ato notar ia l , in tegra afuno notar ia l .O agente da funo notar ia l , no Bras i l , otabelio, tambm denominado notr io e t abe l io de notas.Cumpre ass ina la r qu e s em Portugal e no Bras i l exis te essadenominao " tabe l io" , herdada do di r e i to romano. Outrospases com sistema jur dico calcado no romano, n o aconservaram. Na Amrica hispnica o tabelio "escribano",sendo tambm empregado o termo "notar ia" , como sinnimo. NaEuropa no so usadas as palavras " tabel io" e "escribano",mas, unicamente, o termo "notrio" t a l como pronunciado ougrafado nas l nguas locais : notar ia , notaio , nota i re , Notar,notary.Em todos os pases que tm o ins t i tu to do protes tocambial, a funo de pro tes ta r compete, logicamente, por se r

    o protes to um ato notar ia l , ao notr io exclusivamente, comoser especi f icado mais adiante . O Bras i l a exceo.No consegui prec isar a data em que fo i lanada ara iz dessa exceo. O cer to que, a t algum tempo depois daindependncia, o protes to cambial tambm seguia a lgicauniversal , sendo de competncia exclusiva do t abe l io denotas, t a l como era - e ainda - em Portugal , cujo sistemajur dico, codif icado nas Ordenaes do Reino, e t ransplantadopa:a c pelo colonizador, prevaleceu n tegro no Brasi l naspr1meiras dcadas de nao autnoma.Em alguma ocasio, provavelmente pouco antes de1850, ocorreu o primeiro deslocamento de competncia para al avra tura do pro tes to , do t abe l io para out ro of ica l pblico

    No caso, o escr ivo das causas comerciais da segundains tnc ia .A segunda ins tncia era cons t i tu da pelos t r ibunaisda re lao, supondo-se que aquela separao tenha ocorridoento somente na cap i t a l do Imprio, a cidade do Rio deJaneiro . Ser ia assim endereada queles escrives areferncia do Cdigo Comercial de 1850 (Lei n2 566, de25-6-1850) ao dispor sobre a competncia para protes tar :"Art. 405. Os protestos das l e t r a s de cAmbio devese r fe i tos perante o escrivo pr iva t ivo dos protes tosonde o houver, e no o havendo, perante qualquer tabel iodo lugar , ou escrivo com f' pbl ica na fa l ta ouimpedimento do tabe l io ."

    Subtrada dos tabe l ies de notas da capi ta l doImprio a a t r ibu io de pro tes ta r , n o poder ia e la t e r sidoconferida a reg is t rador porque ainda no havia sido criado oof ic io pr iva t ivo de qualquer reg is t ro pblico. Como oof ic ios no ta r ia is eram colocados na categor ia dos ofic iosjud ic ia is , a a t r ibu io t e r i a de se r dada a um escrivo

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    13/23

    12jud ic ia l . Exis t ia ento apenas o reg is t ro de hipotecascriado pela l e i n2 317, de 21 de outubro de 1843, l e i essque fo i ampliada e es tendida s t ranscr ies de imveis mat a rde , pela l e i nQ 1237, de 24 de setembro de 1864. Poresses reg is t ros ficaram a cargo dos tabe l ies , tendo sidcriados os primeiros of ic ios privat ivos de reg is t ro nolt imos anos do Brasi l - imprio .

    O Regulamento 737, contemporneo do CdigComercial, pois de 25 de novembro de 1850, secunda-o, adi spor , no ar t igo 375, que so competentes para tomarprotes to , pela ordem:12, o escr ivo privat ivo dos protestos;2, qualquer t abe l io do lugar , onde no houver oes t ive r impedido o escrivo dos protes tos ;32, qualquer escrivo do c ve l , onde n o houver oes t ive r impedido o t abe l io .J a norma do mesmo Regulamento 737 sobreoportunidade da apresentao para protes to , omite refernciao escrivo pr iva t ivo dos protes tos e qualquer outrescrivo, aludindo apenas ao t abe l io :"Art. 381. A l e t ra que t i ve r de se r protes tada pof a l t a de ace i te ou pagamento, deve s e r levada ao tabel ino aesmo d ia em que t i ve r de se r paga ou ace i ta , antes dso l posto."Entende-se , assim, que a competncia genrica parpro tes ta r e ra do t abe l io . Haviam apenas duas excees: 12,

    cidade do Rio de Janei ro , em que ex i s t i a um escrivprivat ivo dos protes tos , e , 2Q, a f a l t a ou impedimento dt abe l io .LUIZ FRANCISCO DE MIRANDA, ex- tabe l i o do IpCear, na pgina 24 de seu "Guia Theorica e Pra t ica doEscr ives , Tabel l ies e Officiaes do Regist ro"(Livraria dA.A. da Cruz Coutinho, Edi tor , Rio, 1880), nos d a seguintnot ic ia : "0 Decreto do 12 de maio de 1855, a r t . 59, passouservio dos protes tos para os escr ives do comrcio dprimeira ins tnc ia , mas o de n2 1639, de 22 de setembrdo mesmo ano, devolveu-o aos escr ives de apelaesagravos do Tribunal do Comrcio."Por l t imo, o de n2 5557, de 20 de fevei ro de 1874

    dispe que, quando fossem-se extinguindo es tes escr ive(que atualmente passaram a se rv i r nas Relaes) , ou nolugares onde no os houver, fossem escr ives dProtes tos : 12 os escr ives comrciais de primeirins tnc ia ; 22 os tabe l ies , e escrives de paz doDis t r i to s , onde no houverem escr ives do coarc io; 32 oescr ives do c ive l em f a l t a ou iapedimento dos mais."A mistura de funes e de of ic ios , bem como o mod

    como eram cr i ados e providos, devia es t a r preocupandser iamente na l t ima dcada do Imprio, porque Sua Magestadeo Imperador, pelo Decreto nR 9420, de 28 de ab r i l de 1885baixou um regulamento que consol ida a l eg i s l ao re la t iva aoempregos e of ic ios da ju s t i a , para "e l iminar algumadisposies antinmicas, obsoletas ou inconvenientes aservio pbl ico" .Referido regulamento todo um cdigo, dividido emt t u lo s , subdivididos alguns em sees e cap tu los , num t o t ade 34 0 ar t igos , dispondo sobre os of ic ios , os serventurios

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    14/23

    13os empregos de jus t ia , sucessores , escreventes juramentadosconcurso e provimento, exames de suf ic incia e provas dhabi l i tao , documentos para concorrer , subs t i tu iesnomeaes e demisses, juramento e exercc io , f ianapermuta, opo e dis t r ibu io , penas disc ip l inaresdisposies gera is . Leva anotada, quando no inova, em quastodos os ar t igos a origem da disposio consolidada.val iosa fonte para o estudo dos servios judicir ios a tadvento da repbl ica .No a r t . 12 o regulamento lembra a le i de 11 doutubro de 1827, segundo a qual nenhum of ic io de jus t iase ja qual fo r a sua natureza e denominao, ser conferidot t u lo de propriedade, e qu e seu provimento ser dado pomeio de concurso, como servent ia vi t a l c i a , a quem o exercepessoalmente.A seguir , no a r t . 22, ar ro la os ofic ios vi ta l c iopela denominao do s t i t u l a res , em nmero de 17, sendo, 12,tabel io de notas , 22, o tabe l io do pblico jud ic ia l , oescrivo do c ve l e crime, de 3Q a 7Q, outros escrivejud ic ia is , 82, o escrivo do comrcio, l lQ, o of ic ia l dreg is t ro gera l das hipotecas, terminando no 17Q, o par t idor .Quanto atr ibuio de pro tes ta r , dispe , no a r t38 , que, nos lugares onde no houver "escrivo especial" , scompetentes para tomar os protes tos de l e t r a s , 12, otabelies de notas das vi las e cidades, 22, os escrives dcomrcio, e, 32, os escr ives do c ve l . Infere-se , pelaluso a "v i las e cidades" , que no sendo todas elas sede dcomarca, cumpria c la rear que a competncia n o era dotabelies da sede da comarca, mas dos tabe l ies do lugar emqu e a l e t ra deveria ser ace i ta ou paga.Combinando-se e analisando os ar t igos 40, 41 e 42,regulamento d a entender, qu e os escrives das causacomerciais de segunda ins tncia eram, antes , os "escriveespeciais" para tomar os protes tos . Por efei to dRegulamento, a competncia, ao menos no Rio de Janeiropassou para os escr ives do comrcio de primeira ins tnc iaao es ta tu i r qu e os mesmos serviro como tabe l ies dprotes tos de l e t r a s e t t u los . de notar a express"serviro como tabe l ies de protes tos" : os escr ivejud ic ia is re fe r idos passaram a acumular ~ a m b m a funo dt abe l io especia l izado, com a at iv idade res t r i t a pr t ica dato nota r ia l de t i r a r protes tos de l e t r a s .Por seu in te resse , faz-se aqui referncia l ige i r adisposies que dizem respei to ao reg is t ro geral dahipotecas, a cargo de, 12 , serventurios especiais , criadoprivativamente (n a cor te e nas capi ta i s das provncias) , ou22, tabe l ies da cidade ou vi la pr inc ipa l de cada comarc(ar t .49) . Havendo mais de um tabe l io , a designao parareg is t ro geral era fe i ta pelo presidente dprovincia,"precedendo informao do juiz de Direi to" ( a r t51) , fr i sando o a r t . 57 que a designao devia recai r somentnos tabe l ies .

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    15/23

    14

    5 - O PROTESTADOR (E ALGUNS REGISTROS) NA REPBLICANos a lbores da r epb l i ca fo i cr i ado o pr imeiroof i c i o p r iv a t i v o de pro tes tos no Br as i l , va le d i ze r , com aincumbncia n ica de t i r a r p r o t e s to s . Essa cr i ao deu-se pora to do Chefe do Governo Prov i s r io , o Decreto nQ 135, de 10de j ane i ro de 1890:"Art igo nico . Fica cr i ado o l ugar de o f i c i a lpr i va t i vo dos pro tes tos de l e t r a s na Capi t a l Federa l , aoqual devero os esc r ives do comrcio, que exercema tua lmente essas funes , en t rega r os r espec t ivos l i v r osp or i n v e n t r io . "Seguiu-se a c r iao - j na v ~ g e n c i a da pr imeirac o n s t i t u i o republ icana, que defe r iu a competncia parat an to aos Estados , - -de of i c i o pr iva t ivo de pro tes tos nac a p i t a l do Estado de So Paulo , cujo t i t u l a r fo i denominado,muito apropriadamente, de " tabe l io de pro tes tos de l e t r a s et i t u l a s " . O a to correspondente , decreto nQ 199, de 6 de junhode 1891, t r ansc r i t o a segu i r com os seus "cons ideranda",que comportam d iver sas in te rp re taes :"O Governador do Estado , atendendo ao querepresentaram os qua t ro Tabe l ies de Rotas e os trisesc r ives do j ud i c i a l da comarca da Capi ta l , e v i s t adas informaes pres t adas pe los competentes Ju izes deDire i to da l a . e 2a . vara ;Considerando que, em v i r tude do desenvolvimento dapopulao e do comrcio da Capi ta l , no podem os

    re spec t ivos t abe l i es e esc r ives do j ud i c i a l acumular,aque les , o se rv io dos pro tes tos de l e t r a s e t t u l o s e ,e s t e s , o do ramo cr ime;Considerando que esses dois se rv ios reun idos podemd ar s u f i c i en t e rendimento para a cngrua e sustentao deum se rven tu r io ,Decre ta :Ar t igo 12 - Ficam desanexados desde j dos of c i osde 12, 22, 32 e 4R Tabe l ies de Rotas da comarca daC a p i t a l o se rv io de pro tes tos de l e t r a s e t t u l o s e dosde lR , 22 e 32 esc r ives do j ud i c i a l da mesma comarca oramo c r imina l .Art igo 22t abe l i o p r i va t i voanexo de esc r ivoCa p i t a l .Art igo 32con t r r i o . "

    Fica c r iado um of c i o v i t a l c i o dede pro tes tos de l e t r a s e t t u l o s com oespec ia l do crime na comarca des taFicam revogadas as disposies em

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    16/23

    15

    No muito tempo depois promulgada, em So Paulo , aLei nQ 94-A, de 17 de setembro de 1892, que, com o f i to depr ordem na mistura de a t r ibuies , ent re outrasprovidncias t i r ou a escr ivania cr iminal do t abe l io deprotes tos . A l e i d uma c la r a imagem da confuso entoexis ten te no i n t e r io r do Estado de S o Paulo ent reescr ivanias jud ic ia is e of i c ios no- judic ia i s e suasa t r ibu ies . Essa confuso prevalece , em par te , a t hoje .Vale a pena dar a conhecer aqui todo o t eo r do ar t igo 12 dere fe r ida l e i es tadual , que estabelece as servent i asvi ta l c ia s dos of i c ios de jus t ia do Estado e d outrasprovidncias :"Art . 12 Ficam es tabelecidas asv i t a l c i a s dos of ic ios de ju s t i a seguintes :12 Na comarca da cap i ta l :

    servent i as

    Cinco t abe l i e s de notas , um tabel io de protes tosde l e t r as e t t u lo s .Cinco escr ivesrfos e ausentesprovedor ia .do c ve l e comrcio e quatro

    - todos com os anexos do crime eUm escrivo dos fe i tos da Fazenda do Estado.

    deda

    Um escr ivo do j u r i e execues cr iminais , doisescr ives de apelaes .Um of i c i a l do reg is t ro ger a l das hipotecas .Um depos i t r io pbl ico .Dois par t idores , um com o anexo de dis t r ibu idor eout ro com o de contador .22 Nas comarcas de Campinas e Santos:Quatro t abe l ies de notas , com os anexos do c ve l ecomrcio, dos rfos e ausentes , da provedoria e do crime.Um o f i c i a l do reg is t ro ger a l das hipotecas, com osanexos dos protes tos de l e t r as e t t u lo s e de escr ivo doj u r i e execues cr iminais .Dois par t idores , um com o anexo de d i s t r i bu ido r eout ro com o de contador .32 Has outras comarcas:Dois t abe l ies de notas , com os anexos do c ve l e docomrcio, dos rfos e ausentes , da provedoria e do crime.Um o f i c i a l do reg is t ro ger a l das hipotecas , com osanexos dos protes tos de l e t r as e t tu los e de escr ivo doj u r i e execues cr iminais .Dois par t idores , um com o anexo de dis t r ibu idor eout ro com o de contador ."A mesma l e i , no a r t . 22, mantm "em seus lugares" osserventur ios v i t a l i c io s , com a exceo do seu pargrafonico: "llo cons t i tu i servent i a v i t a l c i a de of i c i a l doreg is t ro ger a l das hipotecas a inves t idura em que, pordesignao do Governo, se acham os t abe l ies das comarcasonde no exis te especia l e pr iva t iva cr iao daquelecargo."A l e i cambial , Decreto nQ 2.044, de 31 de dezembrode 1908, que a t hoje regula o protes to , revolucionou od i re i to pos i t ivo bra s i l e i r o na poca. Revogou todo o t i t u loXVI do Cdigo Comercial de 1850, nesse tempo j considerado

    como "decrpi to" .Imperava,chamados of i c ios como se viu , a confuso de a t r ibuies nosjud ic ia i s , incluidos nesta expresso os

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    17/23

    16t abe l iona tos e os r eg i s t ro s , pois no havia s ido inventadaainda a designao de "ext ra judic ia i s " para esses of i c ios .JOS FREDERICO MARQUES {"A Reforma do Poder J ud i c i r i o" , n!282 a 86, pgs . 151 a 156) a t r ibu i a Joo Mendes Jn io r acr ia9o da expresso "foro ex t r a j ud i c i a l " para faze r a

    d i s t ~ n o do foro j ud i c i a l nas suas au las de pr t i ca forense .O mesmo processual i s t a , no parece r em que anal isou oan tep ro je to de l e i no ta r i a l , em 17 de setembro de 1985sa l i en t a que d i t a expresso , foro ex t r a jud ic i a l , umac r iao a r b i t r r i a , des t i t u da de lgica e sem nenhum l a s t r oj u r d i co , no passando de "expresso ce reb r ina de f iguraj u r d i ca que no e x i s t e . . . Ras ca tegor ia s das c inc iasj u r d i ca s , o nico foro que se c o n h e c e ' o j u d i c i a l Razoalguma, por tan to , se pode apontar para i n c l u i r o notar iadonas l e i s de organizao j ud i c i r i a , nem no Dire i toProcessual ."Exis t iam, portanto , por ocasio do advento da LeCambial, em 1908, como of i c i os pbl icos no- jud ic ia i svinculados ao j ud i c i r io , alm dos t abe l i es :na c a p i t a l fede ra l e nas cap i t a i s de algunses tados , o r eg i s t ro de h ipo tecas , cr iado pela l e i nQ 317, de21 de outubro de 1843, que compreendia tambm o r eg i s t ro det r anscr i es de imveis i n s t i t u do pela l e i n2 1237, de 24 desetembro de 1864, que ampliou a l e i nQ 317;na c a p i t a l fede ra l e em alguns estados , o reg is t rode t t u l o s e documentos, cr iado pela l e i n2 973, de 2 dej ane i ro de 1903;na c a p i t a lpro tes tos de l e t r a s , et abe l i o de pro tes tos de

    f edera l , o of c io pr iva t ivona cap i t a l de So Paulo, o of ic iol e t r a s e t t u l o s .dosde

    O r eg i s t ro de t t u lo s e documentos, tambmdenominado Regist ro Especia l para d i s t i ngu i - lo do Regist roGeral , que compreendia o r eg i s t ro de hipotecas e det r anscr i o de imveis, "apud" JOS TAVARES BASTOS, "in""Reper tr io do Regist ro Especia l de T tu los e das Leis aomesmo r e ferentes na Repbl ica" , H.Garnier , 1908, fo i c r iado :no Estado da Bahia pela l e i estadual nQ 487, de 29de ju lho de 1903, na comarca da cap i t a l e "em todas as outrasque o Governador do Estado ju lgar necessr io" , a cargo de umo f i c i a l pr iva t ivo e v i t a l c io de l iv r e nomeao do Governador;no Estado do Rio de Janeiro pe la l e i estadual n2638, de 26 de agos to de 1904, nas sedes dos municpios , sendode l i v r e escolha do Governador as pr imeiras nomeaes dosrespect ivos o f i c i a i s , ou, no havendo nomeao, anexadas asfunes a qualquer um dos of i c i os de t abe l i es ;no Estado de Minas Gerais pela l e i estadual n2375, de 19 de setembro de 1903, f icando a cargo do o f i c i a l doRegist ro Geral nas comarcas em que es te of ic io fo r providopr ivat ivamente , e nas demais comarcas a cargo do escr ivo doj ud i c i a l e notas da sede, a cujo of c io no e s t i v e r anexo or eg i s t ro ger a l de hipotecas;de 18 dee na denomeaocomarcas,

    no Estado de So Paulo pela l e i estadual nQ 938agos to de 1904, sendo exercido na comarca da c a p i t aSantos por um serventur io pr iva t ivo , de l iv r edo governo no pr imeiro provimento, e , nas demaispelo o f i c i a l do r eg i s t ro de hipotecas;no Estado do Paran , pela l e i estadual nQ 668, de4 de a b r i l de 1906, na c a p i t a l unicamente, f icando"adjudicado ao mesmo o serv io do r eg i s t ro gera l de hipotecas

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    18/23

    17e t r anscr i o de imveis a t agora a cargo do 12 t abe l iona to" .Esse r eg i s t ro de t i t u l e s e documentos compreendiatambm o r eg i s t ro das soc iedades c iv i s , que havia s ido cr iadopelo decre to n2 173, de 10 de setembro de 1893. Este l t imodecre to , ao c r i a r o r eg i s t ro de associaes , a t r ibu i r a -o aoo f i c i a l do r eg i s t ro de h ipo tecas .Quanto a t r ibuio de pro te s t a r , fo i e la sedeslocando dos t abe l i es para outros o f i c i a i s , notadamente,como se viu, para os esc r ives do comrcio.Cumpre no ta r que, para o processo comerc ia l , haviaprocedimento d is t in to do processo c i v i l , sendo de competnciados estados federados a edio das l e i s de proces so , a t aun i f i cao operada em 1939, durante o Estado-Novo, comca rac t e r s t i ca s un i t r i a s que importaram, prat icamente , naabol io da federao.Alguns es tados , contudo, no seguiram desde logo atendncia do deslocamento do pro tes to para outros of c i os queno os no ta r i a i s . Exemplo d i sso Minas Gera i s , segundo JOSA.SARAIVA ("A Cambial", vo l . I I , 1947, Ed.Jos Konfino, pg.152): "Pelo a r t . 212, VII , da l e i mineira ne 18, de 28 denovembro de 1891, compete ao t abe l i o t i r a r ins t rumentosdoa protes tos das l e t r a s de cmbio e das notaspromiss r i as . Essas disposies foram reproduzidas pelosa r t s . 230, IX, e 232, I I , da l e i mineira nR 375, de 19 desetembro de 1903."

    De qualquer modo, imperava a confuso de a t r ibu iescometidas aos diversos of i c ios , t an to j ud i c i a i s como noj ud i c i a i s , e que var i ava de Estado para Estado , pois amatr ia passa ra a se r de competncia es tadua l , como a inda o presentemente . Por i s so a nova l e i cambial teve a cau te la ded e f e r i r a tomada do protes to ao "o f i c i a l competente" ( a r t .28) do luga r indicado na l e t r a para o ace i t e ou o pagamento.A l eg i s lao es tadua l , e no mais a l e i fede ra l (como orevogado a r t . 405 do Cdigo Comerc ia l ) , passa ra a determinarqua l dos o f i c i a i s pbl icos em cada luga r e ra o competentepara pro te s t a r .No obs tan te , a r e f e r i da l e i cambial deixou c laroque a tomada do pro tes to funo n o t a r i a l , pois oins t rumento deve con te r o s ina l pbl ico do o f i c i a l ( a r t . 29,

    VII) . Somente o t abe l i o te m s ina l pb l i co . Nem or eg i s t r ador , nem o e s c r ~ v a o ou qualquer ou t ro of ic ia lj ud i c i a l , o tem. Assim, a t por fora da l e i , ainda em v igor ,quem t i r a o protes to es t prat icando um a to n o t a r i a l , noimportando a denominao que a esse o f i c i a l se ja dada pelal eg i s lao es tadua l , se a de r eg i s t r ador ou de escr ivoj ud i c i a l ou ou t ra qua lquer .No impor ta , tambm, que a r e f e r i da obr igator iedadede f i rmar com o s ina l pbl ico tenha cado em desuso , pelofato de no o terem os pro tes t adores que no so t abe l i e s .Subs i s t e o v a lo r da disposio l ega l , que no te m apenass ign i f icado h i s t r i co : embora a obr igator iedade do uso dos i n a l pbl ico no protes to tenha decado pe la impossib i l idadede sua ap l i cao , por serem des t i tu dos de s i n a l pbl ico ospro tes tadores em g e r a l (ningum obrigado ao impossvel ) , anorma f igu ra na l e i v igen te que regula o procedimento.Atualmente , a mistura de funes exercidas pelosse rven tur ios ex t r a jud ic i a i s pe r s i s t e , genericamente, em

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    19/23

    18todas as unidades da federao. Somente em algumas cap i t a i ses to separadas segundo um cr i t r io t cn ico -c i en t i f i co . Soas l e i s loca is de organizao j ud i c i r i a que determinam asa t r ibuies de cada ca tegor ia de of i c i a l pbl ico.

    Em poucos es tados os serv idores j ud i c i a i s es to emca tegor ias completamente separadas dos extra jud ic ia is . Emmuitos estados , dos mais importantes , essa separao aindano se operou, corno nos de S o Paulo, Minas Gerais e Rio deJane i ro , em que t abe l ies ou r eg i s t r adores tambm podem se resc r ives jud ic ia i s .Excede ao objet ivo deste t rabalho espec i f icar as i tuao imperante , nesse aspecto, em cada urna das unidadesda federao. Apenas para exempl i f i car , diz-se que, no RioGrande do Sul , os of ic ia i s pbl icos ext ra judic ia i s noexercem qualquer funo jud ic ia l , podendo t e r as seguin tesdesignaes: t abe l io , que exerce a funo no ta r i a l (exceto at i r ada do protes to cambial ) , com exclus ividade;of i c i a l do r eg i s t ro de imveis , com funesexclus ivas ;

    reg is t ropessoast t u lo s ,o f i c i a l do r eg i s t ro es pec i a l , com asde t t u lo s e documentos e do reg is t roj u r d i ca s , na cap i ta l , e mais as de

    em muitos municpios do in te r io r ;funes doc i v i l dasprotes ta r

    o f i c i a l do r eg i s t ro c i v i l das pessoas natura i s ,com funes exclus ivas ;o f i c i a l de protes tos de t t u lo s , com funesexclus ivas , e que exis tem apenas na cap i ta l do es tado, emnmero de t r s ;r eg i s t ropessoasr eg i s t ro

    o f i c i a l dos reg is t ros pub l icas , com funesc i v i l das pessoas natura i s , do reg is t ro c iv i lj u r d i ca s , do reg is t ro de t t u l o s e documentos,de imveis, e de protes tos de t t u lo s ;dodasdo

    escr ivo d i s t r i t a l , com o reg is t ro c iv i l daspessoas natura i s e com funo no ta r i a l , exceto as de l avrarou aprovar tes tamentos e as de t i r a r protes tos cambiais ; ot e r r i t r io de competncia do escr ivo d i s t r i t a l o dis t r i tor u r a l , muito embora hajam escr ives d i s t r i t a i s que funcionemem cidades-sede de municpios , por terem s ido os seusd i s t r i t o s engolfados pe la expanso urbana.

    Alm dis so , h aglut inao de of c ios em muitasc idades , como, por exemplo, o r eg i s t ro especia l e protes to det t u lo s anexados ao 12 t abe l ionato . , porm, de sa l i en ta rque, no Estado do Rio Grande do Sul , nenhum of i c i a lextra jud ic ia l , se ja qual fo r a sua des ignao, exercequalquer funo jud ic ia l , e que nenhum t abe l io exerce afuno de o f i c i a l do r eg i s t ro de imveis .O Cdigo de Organizao Judic i r ia riograndense de1957 (Lei n2 3.119, 14-2-57) designava os protes tadores como"of ic ia is do reg is t ro de protes tos de t t u lo s" ( a r t . 140),porm esse er ro de c la s s i f i c - lo s como r eg i s t r adores no fo icont inuado nos cdigos subseqentes.Essa expresso equivocada, "o f ic ia i s do r eg i s t ro deprotes tos" , pe r s i s te , contudo, em vr ios es tados e em suasl e i s de organizao jud ic i r ia .

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    20/23

    19

    6 - COLOCAO DOUTRINARIA extremamente pobre a moderna l i t e r a tu ra bras i le i rade di r e i to notar ia l , o qu e se jus t i f i ca por razes expostaj na introduo deste t rabalho. A obra mais densa aparecidnos ltimos anos o "Direito Notarial -Teo r i a e Tcnica"de CLAUDIO MARTINS, Impressora Universi tr ia da UFCForta leza , 1974, que aborda o protesto cambial como a tonota r ia l (p g 207 e segs) . Tambm FREDERICO MARQUES, no jaludido parecer sobre o anteprojeto de l e i nota r ia l d o seuval ioso referendo incluso da t i rada do protes to cambial noelenco das atr ibuies notar ia i s .Alm de escassos estudos sobre temas nota r ia ii solados , o que mais exis te so coletneas de frmulasDestas, somente as mais ant igas compreendem frmulas dinstrumentos de protes to , como, por exemplo, o "NovssimManual do s Tabelies" de ODILON NAVARRO (O.TeixeiraCia.Edi tores , S.Paulo, 1918, pg. 287), e o "ConsultoEuremtico" de ANTONIO AUGUSTO BOTELHO (S,Paulo, 1900impresso na Typographia a vapor da Empreza Lit terar iaTypographica, Porto, pg 107). O primeiro, de ODILON NAVARROinsere a sua frmula de protesto entre os atos secundrios dtabe l io .As coletneas mais recentes de frmulas de atonota r ia is omitem-se quanto ao protesto cambial. Is toexpl icvel : modernamente, a tomada do protes to conferidaum t ipo especia l de of ic ia l pblico, n o integrando aatr ibuies comuns dos tabe l ies .Diante da importncia e freqncia do protes tocambial no Bras i l , extrapolando de seus efe i tos ju r d icopara se e r ig i r em fa tor de cobrana de t i t u l a s , forampublicados diversos trabalhos nas duas lt imas dcadasobje t ivando adequar essa extrapolao aos principias do

    di r e i to . Nenhum deles se aprofunda na anl ise da naturezju r d ica do protesto cambial e a maioria sequer abordaassunto. PEDRO VIEIRA MOTA, nas duas primeiras edies de se"Sustao do Protes to Cambial" (Ed.Revista dos Tribunais1971)) diz que o p ro t e s t o " ' reg is t ro pblico" em razo dseu efe i to publ ic s t ico , mas corr ige-se na t e rce i r a edioa i o c las s i f i ca , com c la reza indubi tvel , como ato notar ia l .EDISON JOSU CAMPOS DE OLIVEIRA t r aa uma "pequenhis tr ia do protes to" , no item 2 de "Protesto de Ti tu lasseu Cancelamento" (Ed.Revista dos Tribunais , 4a .ed . , 1976)e , como n o poderia deixar de ser diante dos dadohis tr icos , aprecia o protesto como um ato notar ia l . Mesmento j os of ic ia is pbl icos com a incumbncia de pro tes taeram designados, na capi ta l de So Paulo, como "tabel ies dpro tes tos" , e assim tambm no re fe r ido t rabalho.MAURO GRIMBERG, ("Protesto Cambial",1983, pg 15 ) v o protes to como "um.notar ia l / regis t ra!" . Seria tambm regis t ra! ,

    Ed.Saraivaato a i s talm d

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    21/23

    20no ta r ia l , em razo da publ ic idade . evidente o equvoco, qures ide na confuso f e i t a pelo autor ent re a formalizao dprotes to - ato nota r ia l - e o seu reg is t ro - ato r eg i s t r a ! -que so, no entanto, a tos d is t in to s e inconfundveis , emborprat icados sucessivamente pela mesma pessoa.J nossos comercial i s tas c lss icos no se atm a uman l i se mais aprofundada da natureza ju r d ica do protes tcambial . CARVALHO DE MENDONA (Tratado de Direi to ComerciaBras i le i ro" , Fre i tas Bastos, 1947, vol V, pg 389) remete-noa JOS A.SARAIVA, o grande j u r i s t a mineiro autor da LeCambial de 1908, ainda hoje vigente . WALDEMAR FERREIRemudece. PONTES DE MIRANDA ( " T r ~ t a d o de Direi to Privado"ed.Revis ta dos Tribunais , 1984, tomo XXXV, pg. 64 e 69) deixc la ro que tem o protesto como a to nota r ia l . Sendo a to de fpbl ica , somente pode ser atacado "nos casos em que o se r iqualquer outro a to nota r ia l" .JOS A.SARAIVA em extenso rodap nas pgs. 152 a 15de "A Cambial", vol . I I , (Jos Konfino, 1947, ed . rev is taatual izada e ampliada por OSNY DUARTE PEREIRA) arrola opases em que competente para pro tes ta r o notr io, depoide af i rmar: "As l eg i s l aes es t range i ras , em r egra , docompetncia ao notr io, quer pr iva t iva , quer cumulativamentcoa outro serventurio de j u s t i a . " que as legis laeloca is prevm, s vezes, qu e atue em lugar do notr io , na suausncia ou impedimento, o meirinho, o juiz de paz,escrivo j ud ic i a l . Segundo a exaust iva pesquisa de SARAIVA, competncia do notr io nos pases seguintes:Espanha, Chile , Colmbia, Per, Honduras, MaltaFrana, I t l i a , Japo, Blgica, Ingla te r ra , Estados UnidosHolanda, Portugal , Austr ia , Hungria, Bulgria , SuaRomnia, Dinamarca, Noruega, Sucia, Alemanha, Grcia , Hai t iLuxemburgo, Mnaco, Turquia, Mxico, Argentina, UruguaiParaguai, Bolvia , El Salvador, Guatemala, S o Domingos.Seriam excees, o Egito, Venezuela, Equador. Cabum breve comentrio a respe i to : o Egito no te m notar iadonem do t ipo la t ino nem do t ipo anglo-saxo, depreendendo-sque o protes to , se que l exis te , deve se r a tadminist ra t ivo; na Venezuela impera uma si tuao semelhantebras i l e i r a , com mistura de funes jud ic ia is cono- judic ia i s , sendo que o seu notariado vem sofrendo grandinf luncia do sistema norte-americano, a ponto de iperdendo, gradualmente, as carac te r s t icas do notar iadla t ino ; quanto ao Equador, a si tuao deve te r se modificadnas l t imas dcadas, pois seu notariado, do t ipo la t ino , svem aperfeioando marcadamente.O ro l do abal isado ju r i s ta inc lu i a Rssia , BosniaHerzegovina, Srvia , es tados que, desde ento, perderamautonomia e que, diante do regime comunista a que foramsubmetidos, provavelmente no t m mais o ins t i tu to dprotesto cambial .Na relao n o f igura o Canad, o qu e pode secomplementado: a competncia para protes ta r tambm dnotr io, que do t ipo l a t ino na provnc ia de Qubec, paraqual fo i t ransplantado o sistema ju r d ico f rancs ; nas demaiprovncias exis te o "notary publ ic" , do t ipo anglo-saxocomo tambm nos Estados Unidos, exceto o estado da Louisianaonde se faz presen te , a t hoje , a inf luncia f rancesa . de esc la recer que, no sistema anglo-saxo,imprpria a designao de notr ios para os agentes da funo

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    22/23

    21pois no redigem cont ra tos , no tm l iv ro de notas. Soautent icadores de documentos par t iculares qu e tambm tomamdeclaraes juramentadas (como a do representante l ega l deempresa comercial asseverando es ta sua qualidade, dada ainexis tncia do reg is t ro do comrcio). Tm nomeaotemporria, com base na ser iedade, dispensados formao econhecimentos jur dicos .Esses "notar ies publ ic" , alm dos estados americanose das provncias canadenses refer idos , tambm existem naGr-Bretanha ( Inglaterra , Esccia, Pais de Gales, I r landa doNorte), na Repblica da I r landa, nos paises escandinavos(Sucia, Noruega, Dinamarca e I s lndia ) , e , provavelmente, emoutros paises do "common law", com variadas carac te r s t i cas .RAYMOND C.ROTHMAN, que reuniu os "notar ies public"norte-americanos numa associao nacional , inclue o protestocambial no seu glossr io de termos notar ia i s : "Rota deProtesto . Uma nota dada em razo de um t t u lo negocivel t e rsido desonrado." ("Notary Publ ic , Pract ices & Glossary",editado por National Notary Associat ion, Woodland Hil ls ,California , 1978).Os no ta r i a l i s t as estrangeiros , como no poderiadeixar de ser , perfi lam o protesto cambial entre os atosnotar ia i s , sem nenhuma discrepncia. Assim, RUFINO LARRAUD("Curso de Derecho Notar ia l" , Depalma, Buenos Aires, 1966, pg432), CARLOS EMERITO GONZALEZ, ("Derecho Notar ia l" , S .a .Ed.eImpresora, Buenos Aires, 1971, pg 322), BERNARDO PEREZFERNANDO DE CASTILHOS ("Derecho Notar ia l" , ed.Porra, Mxico,1983, pg 327).O protes to cambial c lass i f icado como ata no tar ia l .CARLOS EMERITO GONZALEZ s is tematiza todos os instrumentospblicos e coloca o protesto na classe dos instrumentospblicos nota r ia is secundrios (por se r lavrado fora do l ivrode notas) , do t ipo "a ta" , ao lado de outras atas nota r ia is ,como as de notoriedade e de aprovao do testamento cerrado.(Op.c i t . ) .Via de regra , o instrumento de protes to , fora doBras i l , no reg is t rado . O instrumento, em geral , extradologo que expedida a not i f icao ao devedor do t t u l o ,apensado a es te e entregue, sem deixar cpia. Compete aoportador dar cincia do protesto aos demais in te rvenientes ,os sucessivos endossadores. Essa obrigao tambm es tprevis ta na l eg is lao bras i l e i r a , a r t . 30 da Lei Cambial(Decreto nQ 2.044, de 31 de dezembro de 1908).

  • 7/29/2019 O protesto como funo notarial - POISL, Carlos Luiz.

    23/23

    22

    7 - CONCLUSO

    Tendo em conta todo o expos to , de conc lu i r ,induvidosamente , que o pro tes to a to no ta r i a l . Por i s so ,in tegra a funo no ta r i a l .Porm, antes de t i r a r i l aes apressadas dessacons ta t ao , impresc indve l que se a tente s i tuaopecul i a r do protes to no Br as i l .Assumiu e l e , ent re ns, uma impor tnciaext raord inr i a . Evidentemente , no re s ide nos efe i tosju r d icos do protes to o seu desmesurado crescimento, po is , nasua quase t o t a l i dade , os pro tes tos so f acul t a t ivos . que oi n s t i t u to se cons t i t u i u em cadastro pelo qual se aval i a oconcei to c r ed i t c io das empresas e tambm dos indiv duos.Mais do que i s to e por cauAa d i s to , passou a se r um g i l eeconom1co meio de cobrana de t t u l o s . Chegou a to a l to graude re levncia es t e aspecto , que a a t iv idade econmica do pa isj no pode presc indi r dos a ludidos e fe i to s co l a t e r a i s queemergiram do i n s t i t u to do protes to . At mesmo as osci laesdo volume de t t u l o s levados a pro tes to so t i da s comotermmetro indicador do estado de sade da economia.Essas ca r ac te r s t i c a s t m de se r encaradas q u a n ~ oforem reorganizados os se rv ios no t a r i a i s - dentro dos qua1sa tomada do protes to se insere . No importa per qu i r i r dascausas que levaram separao do serv io de pro tes tos dosdemais serv ios no ta r i a i s . O fato que, pela importnciar e f e r ida , j u s t i f i c a - s e , presentemente, a especia l izao naa t iv idade .Ser ia t emerr io pre tender-se r e inc lu i r ,simplesmente , na competncia genr ica dos t abe l ies , a depro te s t a r . Sem sequer a lud i r a l e ses a d i r e i to s sedimentadosh dcadas , impor ta r i a t a l re torno no esboroamento de todauma enorme es t ru tu ra vol tada prestao desse se rv i9o ,rea l izado agora com e f i c i nc i a . No se vis lumbra prove1toalgum para os usur ios do serv io a vol ta dele s origens . E o i n t e r e s s e pbl ico que deve preva lece r .Por ou t ro l ado , quando se t r a t a r da reorganizao donotar iado e dos r eg i s t ro s , t e r de se r considerada ,necessar iamente , a incompat ibi l idade c r iada por mandamentocons t i tuc ional en t re a execuo dos se rv ios jud ic ia i s e ados a t aqui t i dos como ex t r a jud ic i a i s . Os primei ros soindelegveis , enquanto es t e s l t imos, os notar ia i s er e g i s t r a i s , devem se r defe r idos a prof i s s ionai s noin tegrados em qualquer s e t o r do funcionalismo pbl ico , emboradotados de f pb l ica .Ser , se m dvida , t a r e f a de l i cada regu la r o modo deoperar a separao, tendo em conta a s i tuao antes desc r i t a ,de haver t abe l i es e r eg i s t r adores que tambm so esc r ivesj ud i c i a i s , e v ice -ve rsa , bem como escr ives jud ic ia i s coma t r ibuio pro tes tadora . Ter de se r gradual essa separao ,