o processo mítico divinizatório das divindades afro brasileiras

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O processo mítico divinizatório das divindades afro brasileiras "Antigamente, os orixás eram homens. Homens que se tornaram orixás por causa de seus poderes. Homens que se tornaram orixás por causa de sua sabedoria. Eles eram respeitados por causa de sua força, Eles eram venerados por causa de suas virtudes. Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram. Foi assim que estes homens tornaram-se orixás. Os homens eram numerosos sobre a Terra. Antigamente, como hoje, muitos deles não eram valentes nem sábios. A memória destes não se perpetuou, eles foram completamente esquecidos; Não se tornaram orixás. Em cada vila, um culto se estabeleceu sobre a lembrança de um ancestral de prestígio “E lendas foram transmitidas de geração em geração para render-lhes homenagem”. Lendas Africanas dos Orixás, Pierre Verger Antes de discorrer sobre tal assunto, é importante salientar a pluralidade de cultos em território africano, acarretando uma infinita gama de gênesis para esse povo. A teoria aqui apresentada leva em consideração os povos yorubás, região hoje conhecida como Nigéria, sendo os seres divinizados pertencentes a este povo, os Orixás, dentro da ótica candomblecista afro brasileira. O que temos hoje enquanto alicerce para iniciarmos este processo, seriam os itons (histórias sagradas) onde nos é apresentado através da oralidade, às personalidades míticas envolvidas. Dentro do conceito de culto candomblecista, as divindades são divididas em duas categorias: os Funfun e os Irumolé (Orixás e Eborás). Os Orixás Funfun (donos do Branco) são as divindades primordiais da criação, responsáveis pela organização, manutenção e propiciação da vida no Ayê (terra). Dentre estas divindades, encontramos Oxalá, Obatalá, Oduduá, Orumilá dentre outros, sendo estes, aspectos de uma única divindade central: Olodumare. Após estes, em escala hierárquica, encontramos os Irumolés, seres criados pelos Orixás, que viveram no Ayê e por conta de suas façanhas, são lembrados até hoje como seres míticos divizados.

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Orixá

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Page 1: O Processo Mítico Divinizatório Das Divindades Afro Brasileiras

O processo mítico divinizatório das divindades afro brasileiras

"Antigamente, os orixás eram homens. Homens que se tornaram orixás por causa de seus poderes.

Homens que se tornaram orixás por causa de sua sabedoria. Eles eram respeitados por causa de sua força,

Eles eram venerados por causa de suas virtudes. Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram.

Foi assim que estes homens tornaram-se orixás. Os homens eram numerosos sobre a Terra.

Antigamente, como hoje, muitos deles não eram valentes nem sábios. A memória destes não se perpetuou, eles foram completamente esquecidos;

Não se tornaram orixás. Em cada vila, um culto se estabeleceu sobre a lembrança de um ancestral de prestígio

“E lendas foram transmitidas de geração em geração para render-lhes homenagem”.

Lendas Africanas dos Orixás,Pierre Verger

Antes de discorrer sobre tal assunto, é importante salientar a pluralidade de cultos em território africano, acarretando uma infinita gama de gênesis para esse povo. A teoria aqui apresentada leva em consideração os povos yorubás, região hoje conhecida como Nigéria, sendo os seres divinizados pertencentes a este povo, os Orixás, dentro da ótica candomblecista afro brasileira.O que temos hoje enquanto alicerce para iniciarmos este processo, seriam os itons (histórias sagradas) onde nos é apresentado através da oralidade, às personalidades míticas envolvidas.Dentro do conceito de culto candomblecista, as divindades são divididas em duas categorias: os Funfun e os Irumolé (Orixás e Eborás).Os Orixás Funfun (donos do Branco) são as divindades primordiais da criação, responsáveis pela organização, manutenção e propiciação da vida no Ayê (terra). Dentre estas divindades, encontramos Oxalá, Obatalá, Oduduá, Orumilá dentre outros, sendo estes, aspectos de uma única divindade central: Olodumare.Após estes, em escala hierárquica, encontramos os Irumolés, seres criados pelos Orixás, que viveram no Ayê e por conta de suas façanhas, são lembrados até hoje como seres míticos divizados.