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o Problema do Preterismo

________________

Amadeu L. Batista ________________

- Edição de Janeiro de 2021 –

_____________________________

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Colabore com este trabalho que visa reformar o verdadeiro ensinamento sobre a Escatologia (ou fim dos tempos), o qual foi tão suprimido nos últimos séculos. Acima de tudo pedimos que nos ajude com as suas orações, para que possamos continuar a ter vigor para continuar e resistir os desafios de cada dia. Se você pretende patrocinar esta revista, saiba, nós não prometemos as bênçãos de Deus para você, mas garantimos que você estará abençoando outros que precisam ter nossas literaturas gratuitamente.

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o Problema do Preterismo

Autor: Amadeu L. Batista

Revista Cristã Última Chamada - Edição de Janeiro de 2021 –

Capa: César Francisco Raymundo

(Imagem de Gordon Johnson por Pixabay.com) ________________

Revista Cristã Última Chamada publicada com a devida autorização e com todos os direitos reservados no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro sob nº 236.908. É proibida a distribuição deste material para fins comerciais. É permitida a reprodução desde que seja distribuído gratuitamente.

Editor César Francisco Raymundo E-mail: [email protected] Site: www.revistacrista.org Janeiro de 2021 Londrina - Paraná

Índice

Sobre o autor 07

O erro de Thomas Ice 08 A datação do Apocalipse 14 O Templo de Jerusalém 17 A incoerência do uso do método histórico-gramatical 24

Fontes 26 Obras importantes para pesquisa... 27

_____________________________

Sobre o autor _____________________________

Amadeu Leandro Batista é doutorando

em Escatologia pelo Seminário Teológico

Evangélico Bíblico (SETEB), mestre em

Teologia pela WR Educacional e

especialista em Teologia Bíblica do Antigo

e Novo Testamentos. É, ainda, licenciado

em Filosofia pela Universidade Federal do

Rio Grande do Norte (UFRN). Leciona na

rede estadual de ensino do Rio Grande do

Norte (SEEC-RN) e também na rede

privada: Hipócrates ZN. Foi professor de

Filosofia Cristã no Seminário Teológico

Evangélico de Natal (STEN-RN) e de Ética,

Teologia Bíblica e Apologética Cristã no

Seminário CEFORTE, Natal, RN. Escreve

artigos para os sites Revista cristã última

chamada e Raciocínio cristão, além de ser

autor das seguintes obras: Em defesa da

escatologia preterista, Milagres são

possíveis? Uma resposta aos céticos e

Pelágio: uma introdução ao pelagianismo

e ao semipelagianismo. Ministra palestras

nas áreas de Apologética e Teologia.

7

O erro de Thomas Ice

Muitos dispensacionalistas tecem críticas à hermenêutica

preterista de forma infundada, superficial ou mesmo por

desconhecerem o preterismo. De fato, pelos debates que já tive

com alguns dispensacionalistas, percebe-se claramente um

analfabetismo acerca da escola preterista. Nunca sequer leram um

livro de um destacado teólogo preterista. Não vão às fontes

preteristas, suas críticas se baseiam em argumentos de críticos do

preterismo.

Veremos aqui que o famoso dispensacionalista Thomas Ice

comete alguns erros ao tentar criticar o preterismo.

Antes de mais nada, convém ressaltar que a força do

dispensacionalismo não se dá por causa do rigor exegético desse

sistema, e, sim, da propaganda de seus divulgadores. Sabemos que

os dispensacionalistas são verdadeiros evangelizadores do

sistema, divulgando literatura e simpósios no mundo todo. E

como as pessoas são leigas em teologia, e de modo mais específico

na área de Escatologia, a mente delas se torna um solo fértil para

semear esse sistema.

8

Vou fazer algumas citações de Thomas Ice, e em seguida

farei a avaliação crítica.

Vamos adiante.

Segundo Thomas Ice: “Como sua visão do cristianismo

mudaria se você acreditasse que o Arrebatamento, a Tribulação,

o Anticristo, a marca da besta, a segunda vinda de Cristo e muitos

outros eventos supostamente futuros ocorreram no primeiro

século d.C.?”

Essas palavras de Ice dão a entender que os preteristas

negam o arrebatamento e a Segunda Vinda de Cristo. Ele parece

desconhecer que a maioria dos preteristas acreditam na segunda

vinda de Cristo, bem como que alguns acreditam no

arrebatamento.

Mas suponhamos que se um preterista acredita que o

anticristo, a marca da besta ou a grande tribulação já aconteceram,

como isso mudaria a visão do cristianismo? Bem, é importante

ressaltar que qualquer mudança de um paradigma teológico vai

acarretar mudanças na visão do cristianismo. Se você é um pré-

milenista e se torna em um pós-milenista é claro que você vai ter

mudança de visão sobre o cristianismo. Mas e daí? Qual o

problema com isso? Contanto que essa mudança de visão não

modifique os pontos fundamentais da fé cristã, não há problemas.

Calvinismo e arminianismo possuem visões bem diferentes no

campo da soteriologia, e certamente que isso envolve mudança no

modo como eles enxergam o cristianismo, entretanto, ambos

creem nos pontos centrais da fé. A questão não é se a pessoa

9

mudou de visão, mas se essa mudança acarretou em abandonar a

fé cristã ortodoxa.

De fato, não é necessário fazer alarmes para evitar

mudanças teológicas. Se um preterista crê que Nero foi o

anticristo ou que a Grande Tribulação foi a guerra judaica dos

anos 66 a 70 d.C., não muda o núcleo da escatologia, pois ainda

continuarão acreditando que Cristo virá fisicamente, que haverá

arrebatamento e a ressurreição dos mortos seguidos pelos novos

Céus e Terra.

Outro equívoco que muitos dispensacionalistas cometem é

confundir vinda em juízo com segunda vinda de Cristo. O fato

dos preteristas acreditarem que Jesus veio em juízo no primeiro

século não significa que os preteristas acreditam em duas Segunda

Vindas. Erro semelhante muita gente comete contra o

dispensacionalismo quando alega que os dispensacionalistas

acreditam em duas “Segundas Vindas”: uma para arrebatar a

igreja, a outra para vir estabelecer seu reino. Mas os

duispensacionalistas cometem o mesmo erro que esse pessoal

quando acusam os preteristas de defenderem que a segunda vinda

de Cristo ocorreu em 70 d.C.

Em outro lugar, que trata da expressão de Mateus 24.34

“não passará esta geração”, Ice diz que os preteristas se

equivocam com o fato de que o Mateus 24 tem que ser para o

futuro: “Os preteristas ignoram o fato em Mateus 24 de que é

Israel quem o Senhor está resgatando. Mateus 22-23 fala do

julgamento de Israel, que ocorreu em 70 d.C., mas não se deve

10

ignorar a identidade da nação resgatada em 24:27-31. É Israel

salvo, então este é claramente um evento futuro. Esta é uma

interpretação literal e que não foi cumprida no primeiro século”.

Será que não foi cumprida no primeiro século o resgate de

Israel? Foi. Na verdade, Jesus não disse que toda a nação de Israel

seria salva, mas os eleitos: “E ele enviará os seus anjos com rijo

clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde

os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt

24.31). Como todo o contexto de Mateus 24 aponta para uma

tribulação sobre o povo judeu, visto que são mencionados vários

elementos culturais da palestina do primeiro século, como a

menção da Judeia e dos montes (v.16); menção de eirado, que são

casas com tetos planos, típicos das casas dos judeus do primeiro

século (v.17), o uso de capas, que os judeus usavam (v. 18), o

perigo da fuga no inverno, e sabemos que os invernos na palestina

são rigorosos (v. 20), e o perigo da fuga no sábado (v.20), pois a

única nação do mundo antigo que impedia, pelas leis rabínicas,

andar acima de um quilômetro no sábado era o povo judeu. Todo

a cultura e geografia de Mateus 24 tem em mente um povo e um

local específicos: Os judeus e a Palestina do primeiro século.

Além dos elementos culturais supracitados, acrescente a

isso o fato de que Jesus disse que todas aquelas coisas que Ele

descreveu ocorreriam na geração dEle (24.34).Na narrativa

paralela, Lucas mostra para quem seria aquela grande tribulação:

“Haverá grande aflição na terra e ira contra este povo” (Lc. 21.23).

Veja que Lucas falou que a Grande Tribulação não era para o

mundo todo, mas para um povo específico: este povo, ele não

11

disse todos os povos. E o contexto de Lucas deixa claro que se

trata de uma ira que iria se abater sobre o povo judeu, e tal

profecia se cumpriu nos anos 66 a 70 d.C.

Embora Jesus advertiu sobre a grande tribulação que se

abateria sobre o povo judeu, ele também prometeu um livramento

para os judeus remanescentes, os fieis eleitos, mencionados no

verso 31. Os judeus fieis escaparam da grande tribulação que se

abateu sobre o povo judeu nos anos 66 a 70 d.C.? Sim, há

evidências históricas poderosas de que os judeus-cristãos fieis a

Jesus escaparam dessas catástrofes. Isso é confirmado por

Eusébio de Cesareia: “Ora, os membros da Igreja de Jerusalém,

através de uma profecia proveniente de uma revelação feita aos

fiéis mais ilustres da cidade, receberam a ordem de deixar a cidade

antes da guerra e transferir-se para uma cidade da Pereia, chamada

Pela. Para lá fugiram de Jerusalém os fieis de Cristo, de sorte que

os santos varões abandonaram totalmente a régia capital dos

judeus e toda a terra da Judeia”1. O erudito Adolf Pohl disse:

“temos informações que confirmam (a sobrevivência dos cristãos

da Guerra Judaica)... Quando os romanos tomaram cidade, no

ano 70, e venderam os sobreviventes (judeus) como escravos, não

havia cristãos entre eles. Enquanto no fim todos os grupos judeus

1 CESAREIA, Eusebio. História eclesiástica. São Paulo: Paulus, 2000. -(Patrística; 15), p. 118.

12

tinham se deixado arrastar para o desvario messiânico da guerra,

os cristãos se conservaram de longe”2.

Devemos ter em mente que a reunião dos eleitos no verso

31 é uma reunião para salvar esses crentes judeus da tribulação,

conforme deixa claro o contexto de Mateus 24. Foi por isso que

Jesus disse que um judeu-cristão perseverasse até o fim seria salvo

(24.13), não salvo no sentido espiritual, pois já eram salvos; mas

salvo dos horrores da Tribulação.

Assim, ice se equivoca quando alega que não houveram

judeus fieis salvos no primeiro século. Tal alegação de Ice está

contra os fatos históricos.

2 POHL, Adolf. Evangelho de Marcos – Comentário Esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 2ª ed. 2018, p. 367.

13

A datação do Apocalipse

Ice tenta desacreditar o preterismo recorrendo à pseudo

datação do apocalipse para a época domiciana (década de 90 d.C.).

Em suas palavras: “Os preteristas acreditam que são levados a um

cumprimento do Apocalipse em 70 d.C. porque, como o Discurso

do Monte das Oliveiras, eles acreditam que ele diz que deveria ser

cumprido “em breve”. Assim, eles dizem que termos como

próximo e às portas ensinam que o Apocalipse teve que ser

cumprido poucos anos após a sua escrita. Mesmo que

praticamente todo mundo ao longo da história da igreja tenha

mantido uma data de 95 dC para a escrita de

Apocalipse,[3] preteristas dizem que o livro foi escrito em 65

dC.”.

Em primeiro lugar, a questão da data do Apocalipse não

era unânime na história da igreja. O livro de Apocalipse já foi

datado da época do reinado do imperador Claudio (41-54 d.C.)

até Trajano (98-117).3

3 Cf. MOUNCE, Robert H. The Book of Revelation. Revised Edition. Grand Rapids, Michigan / Cambridge, U.K. :Willian B. Eerdmans Publishing Company, 1998, p. 15.

14

O pai da igreja Epifânio de Salamina colocou a data do

Apocalipse para antes de Nero, na época do imperador Cláudio,

portanto, na década de 50.

Jack Van Deventer se expressou bem quando disse:

“Bahnsen e Gentry citam evidência externa para uma data mais

antiga: ‘Clemente de Alexandria… afirma que toda revelação

cessou sob o reinado de Nero. O Cânon Muratoriano (aprox. 170

d.C.) tinha João completando o Apocalipse antes de Paulo ter

escrito às sete igrejas diferentes (Paulo morreu antes de 67 ou 68

d.C.)… Epifânio (315-403 d.C.) afirma duas vezes que Apocalipse

foi escrito sob o reinado de ‘Cláudio [Nero] César.4

Em segundo lugar, sobre as expressões “em breve” e

“próximos” de Apocalipse ”..1.1,3 é inconcebível que possam

significar iminência, esses termos significam um evento que não irá

demorar para acontecer. Os termos gregos em breve (en tachei) e

próximo (engys) denotam proximidade temporal. Podemos

claramente ver isso porque a palavra próximo aparece em outras

partes do Novo Testamento com o sentido de eventos que estão

à beira de acontecer. Por exemplo, no evangelho de Mateus 24.32,

Jesus fala que quando as folhas da figueira brotam e os seus ramos

se renovam é porque o verão estava próximo. Em Mateus 26.18,

Jesus manda os seus discípulos dizerem a um homem que iria

celebrar a páscoa na casa dele, porque o tempo dele estava próximo.

4 DEVENTER, Jack Van. A Datação do Apocalipse, p. 3. Artigo disponível em: http://www.monergismo.com/textos/preterismo/datacao-apocalipse_deventer.pdf Acessado em: 13/01/2017.

15

Ora, Jesus não celebrou a páscoa centenas ou milhares de anos

após ele ter dito “o meu tempo está próximo”.

O termo próximo significa não pode significar

acontecimentos iminentes. João poderia muito bem ter dito “as

coisas que acontecerão” ou então “as coisas que devem

acontecer”. Mas quando pelo fato dele ter frisado o delimitador

temporal “em breve”, isso implica que urgentemente algo estava

para acontecer. Como disse B.W. Johnson, que era simpatizante

da hermenêutica historicista: “Ele [João] viu delineando em sua

visão eventos que, naquele tempo, estavam no futuro, mas que

‘em breve’ se tornariam história”.5

5 JOHNSON, B.W. Em: MARK, Walter. Enciclopédia de fatos da Bíblia: 1.000.000 de palavras * 100.000 fatos a Bíblia. São Paulo: Hagnos, 2014, p. 878.

16

O Templo de Jerusalém

Outra evidência que aponta para o fato que Apocalipse foi

escrito na década de 60 é a presença do Templo de Jerusalém em

Apocalipse. Vejamos a passagem bíblica que fala desse

Templo ierosolimita:

“E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara; e chegou o

anjo, e disse: Levanta-te, e mede o templo de Deus, e o altar, e

os que nele adoram.

E deixa o átrio que está fora do templo, e não o meças; porque

foi dado às nações, e pisarão a cidade santa por quarenta e dois

meses” (Apocalipse 11. 1,2, ênfases minhas).

A questão chave a ser considerada é a seguinte: a que

Templo João se refere? Algumas pistas nos apontam onde

devemos chegar. Em primeiro lugar, ele nos dá o lugar geográfico

do Templo: Jerusalém. Pelo menos é o que podemos deduzir da

expressão “cidade santa”. De acordo com as Escrituras, essa

expressão é uma referência à Jerusalém. O profeta Isaías disse:

“Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das

tuas roupas formosas, ó Jerusalém, cidade santa

Isaías 52.1, ênfases minhas. Cf. Dn. 9.24; Mt. 4.5, 27.53) . O

versículo 8 de Apocalipse 11 deixa claro que a Cidade Santa é

17

Jerusalém: “E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande

cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o

nosso Senhor também foi crucificado” (Apocalipse 11.8). A

Cidade onde Jesus foi crucificado foi Jerusalém, portanto, é ao

Templo de Jerusalém que João se refere.

Para reforçar o argumento de que o Templo a que João se

refere é o templo de Herodes, vamos pegar Apocalipse 11.2 e

comparar com Lucas 21.24:

Lucas 21.24 Apocalipse 11.2

E cairão ao fio da espada, e para

todas as nações serão levados

cativos; e Jerusalém será pisada

pelos gentios, até que os tempos

dos gentios se completem.

E deixa o átrio que está fora do

templo, e não o meças; porque

foi dado às nações, e pisarão a

cidade santa por quarenta e dois

meses.

O paralelo entre ambas as passagens não é mera

coincidência. João está falando a mesma coisa que Jesus falou

acerca da destruição de Jerusalém e da queda do Templo de

Herodes (que se trata do Templo do 1º século, cf. Lucas 21.6).

Ambos os textos falam que a Cidade Santa será pisada pelos

gentios. É difícil não ver em Apocalipse um paralelo forte com o

discurso de Jesus acerca da destruição do Templo de Jerusalém.

João não está aqui falando de um futuro Templo judaico, como

pensam os futuristas, em nenhum momento João dá a entender

isso.

18

Ora, se as evidências textuais levam ao Templo de Herodes

em Jerusalém, então essa profecia deve ter sido proferida antes de

70 d.C. Pois o Templo que ficava localizado em Jerusalém era o

Templo judeu. João está falando do Templo judeu como se ele

ainda estivesse de pé. De fato, em nenhum lugar do Apocalipse é

dito que o Templo judaico já estava derrubado. Se o templo judeu

já estivesse arruinado na época em que João escreveu o

Apocalipse, seria muito estranho ele não ter feito alguma menção

a tal evento tão significativo para João, que era um judeu e sabia

do poder simbólico que o Templo tinha.

Além disso, esse Templo não é simbólico, pois João falou

que esse santuário externo seria dado aos gentios para ser pisado

por eles. Isso é uma clara referência ao exército gentio romano,

que pisou a cidade santa e o templo em 70 d.C. Não faria sentido

um exército gentio pisar aos pés um monumento simbólico, e sim

um monumento literal e físico.

Em outro lugar, Ice continua:

“Colocar a maioria das profecias no passado muda muito a

visão geral do plano de Deus para a história. Muitos preteristas

acreditam que estamos além do milênio e atualmente residimos

nos novos céus e nova terra. Os tradicionalistas, por outro lado,

acreditam que os novos céus e a nova terra se referem ao estado

eterno.

Se estivéssemos nos novos céus e nova terra, as epístolas do

Novo Testamento não se aplicariam diretamente aos crentes

atualmente porque foram escritas para instruir os Cristãos a

19

viver entre as duas vindas de Cristo. Como os preteristas

costumam empregar uma hermenêutica alegórica e não literal,

alguns não acreditam em uma interpretação literal do livro de

Gênesis ou no criacionismo da Terra jovem e em um dilúvio

global”.

Colocar boa parte das profecias no passado não muda o plano

de Deus para história, muda os planos da escatologia futurista de

querer colocar eventos para o futuro. Dizer que a maior parte do

Sermão do Monte ou todo ele, ou, então, que a maior parte do

livro do Apocalipse foi para o passado, não muda os pontos

centrais da escatologia, como o arrebatamento da igreja (I Ts 4.16-

17), a ressurreição física (I Co 15), a segunda vinda de Jesus (At

1.11; I Co 15; I Ts 4) ou o estado eterno (Ap 21-22). Os planos

centrais de Deus para a escatologia continuam de pé, o que muda

são os detalhes e a ordem desses planos.

Sobre a questão de alguns preteristas (a minoria) defendem

que estamos numa era pós-milênio e que já estamos vivenciando

os Novos Céus e a nova Terra, não refuta o preterismo em si, e

sim a sua versão degenerada do Preterismo Completo. Mas aqui a

maioria esmagadora dos preteristas ortodoxos (preteristas

parciais) discordam dessa leitura do preterismo completo.

Ainda segundo Ice: “Como os preteristas costumam

empregar uma hermenêutica alegórica e não literal, alguns não

acreditam em uma interpretação literal do livro de Gênesis ou no

criacionismo da Terra jovem e em um dilúvio global”.

20

Essa concepção de que os preteristas costumam usar uma

hermenêutica alegórica é uma caricatura. De fato, os preteristas

parciais se apegam ao sentido literal e histórico do sermão de

Mateus 24. Por exemplo, nós pegamos à expressão “esta geração”

como sendo uma expressão literal, significando exatamente o que

ela quer dizer: a geração de Jesus. Os futuristas que costumam

espiritualizar essa expressão para ela significar aquilo que ela não

significa, isto é, uma geração de milhares de anos depois da de

Jesus. Jesus literalmemte disse esta geração, usando um pronome

de proximidade, se Ele tivesse em mente uma geração milhares de

anos depois teria usado o pronome aquela, dizendo: aquela geração.

Ademais, os futuristas também não levam ao pé da letra as

expressões joaninas “próximo” e “em breve”, de Apocalipse. Os

preteristas acreditam que os eventos narrados por Jesus em

Mateus 24 se tratam literalmente de acontecimentos que ocorram

num local literal (Israel), num tempo literal (geração de Jesus).

Sendo assim, por literalizarmos demais tais versículos de Mateus

24 que somos preteristas.

Sobre a questão de algumas pessoas não acreditarem mais

na literalidade da narrativa do livro de Gênesis, ou na Teoria da

Terra Jovem, não é por causa do preterismo, e sim por causa do

método histórico-crítico (liberal) que muitas vezes acompanham

alguns preteristas (assim como outras escolas de interpretação).

Existem muitos preteristas católicos liberais, fazendo uma mistura

de preterismo com liberalismo teológico. Essa mesma verdade se

aplica para quem nega a realidade de anjos e demônios.

21

Entretanto, a culpa não é do sistema preterista, mas do método

histórico-crítico.

Sobre o caso de alguns preteristas negarem a Teoria da

Terra Jovem, não é culpa do preterismo, visto que o

dispensacionalista Normam Geisler era adepto da teoria da terra

antiga e rejeitava à Teoria da Terra Jovem.

Os erros de Thomas ice não terminam aqui, veja o que ele

diz: “De acordo com a visão preterista, no entanto, a destruição

de Roma por Israel em 70 d.C. aniquilou o futuro de Israel. Israel

não tem futuro nacional”.

É declaradamente falso alegar que os preteristas não creem

em um futuro glorioso para Israel. Na verdade, é o contrário: a

maioria dos preteristas atuais são pós-milenistas, e acreditam que

Deus irá trazer uma grande colheita de salvação para o povo

judeu, conforme registrado em Romanos 11.

Em outro lugar Ice conclui dizendo que “Nos últimos 150

anos, o movimento de estudo da Bíblia na América ensinou que

as Escrituras revelam um futuro para Israel nacional. Ele ensinou

o Pré-milenismo (que Cristo retornará antes do seu reino literal

de 1.000 anos na Terra começar) e um arrebatamento Pré-

tribulacional (os Cristãos serão removidos da Terra antes da

Grande Tribulação). Nos últimos 25 anos, no entanto, tem havido

um declínio constante do estudo e ensino sistemático da Bíblia

dentro do evangelicalismo. Hoje, o evangelicalismo se afastou da

crença de que podemos entender o que a Bíblia diz se a

interpretarmos literalmente”.

22

Ice não percebe que ele está dizendo que as crenças

dispensacionalistas como o pré-tribulacionismo ou um futuro

para Israel vem sendo ensinado nos últimos 150 anos. Mas Ice

deve ter em mente que a história da hermeêutica não começou a

150 anos atrás, vários séculos já haviam se passado em que a igreja

não endossava o ensino dispensacionalista conforme ele é

defendido hoje (passou por algumas revisões, dispensacionalismo

clássico, revisado e, agora, veio a variante progressiva). Será que

os cristãos dos séculos anteriores foram incapazes para

enxergarem aquilo que só os dispensacionalistas exergam? Os

dispensacionalistas têm a mania de literalizar os textos bíblicos,

mas nem sempre é assim.

23

A incoerência do uso do método

histórico-gramatical

Os dispensacionalistas se consideram os genuínos arautos

do método histórico-gramatical (lietral). Entretanto, fazem uso

dele quando convém ao sistema. Por exemplo, alguns

dispensacionalistas quando veem o rei Davi sendo citado em

algum profeta do Antigo Testamento não interpretam Davi como

sendo o Davi literal, mas como sendo o Messias Jesus. Mas se as

palavras devem ser tomadas em seu sentido literal, por que que

Davi não é literalmente o rei Davi?

Outrossim, o pecado hermenêutico dos

dispensacionalistas é querer usar o método histórico-gramatical

pelo método em si, como se ele em si fosse absoluto. Na verdade,

antes de se aplicar o método literal na interpretação dos textos

bíblicos deve-se primeiro perguntar: qual o gênero literário dessa

perícope ou desse livro? É o apego cego ao método literal que

leva muitos dispensacionalistas a interpretarem o livro do

Apocalipse, um livro de teor altamente simbólico, de forma

equivocada. O gênero literário tem precedência sobre a

interpretação literal do texto. Não é que os preteristas alegorizam

as passagens, como pensam muitos dispensacionalistas acerca do

24

preterismo, e sim que eles respeitam o gênero literário do texto

para interpretar o texto conforme ele deve ser interpretado.

Quando um dispensacionalista interpreta a Besta que sobre do

Mar em Apocalipse de forma não literal ele não considera que está

fazendo uma exegese alegórica do texto, e, sim, que está

interpretando o texto conforme o seu gênero e contexto.

Por fim, quando analisamos as críticas sobre o preterismo

vindas de escolas futuristas, especialmente dos

dispensacuionalistas, percebemos que elas não resistem à uma

análise sólida e séria. O preterismo é a melhor escola de

interpretação das profecias bíblicas por estar pautada em rigor

exegético, histórico e teológico.

Soli Deo glória.

25

Fontes

As citações de Thomas Ice foram extraídas do artigo O Problema

do Preterismo, publicado na página

https://paleoortodoxo.wordpress.com/2020/04/10/o-problema-do-

preterismo/ acessado em 19/12/2020.

JOHNSON, B.W. Em: MARK, Walter. Enciclopédia de fatos da Bíblia:

1.000.000 de palavras * 100.000 fatos a Bíblia. São Paulo: Hagnos, 2014.

Cf. MOUNCE, Robert H. The Book of Revelation. Revised Edition. Grand Rapids, Michigan / Cambridge, U.K. :Willian B. Eerdmans Publishing Company, 1998. DEVENTER, Jack Van. A Datação do Apocalipse, p. 3. Artigo disponível em: http://www.monergismo.com/textos/preterismo/datacao-apocalipse_deventer.pdf Acessado em: 13/01/2017. CESAREIA, Eusebio. História eclesiástica. São Paulo: Paulus, 2000. -(Patrística; 15).

POHL, Adolf. Evangelho de Marcos – Comentário Esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 2ª ed. 2018.

26

Obras importantes

para pesquisa

Imagine um guia simples, prático e objetivo sobre o qual um leigo possa ser iniciado no Preterismo? Esta é a proposta do e-book "Guia para iniciantes do Preterismo" escrito por Gary DeMar. Neste e-book, o leitor encontrará um texto altamente elucidativo, notas explicativas, ilustrações e um entendimento geral sobre o que é a profecia bíblica e o Apocalipse. Também possui uma lista de grandes obras para consulta para aprofundamento no Preterismo. Este e-book é altamente recomendado e é leitura obrigatória para aqueles que desejam iniciar seus conhecimentos para entender o Preterismo.

Link: www.revistacrista.org/literatura_guia_para-iniciantes_do_preterismo.html

27

.A maioria de todo o discurso atual sobre o fim do mundo e a vinda de Cristo é retirado de Mateus capítulo 24. É neste capítulo que Cristo falou dos oito sinais de sua "vinda", tais como guerras, rumores de guerras, fomes, pestes, terremotos, evangelho sendo pregado em todas as nações e o amor se esfriando. O problema é que nem sempre os cristãos acreditaram que Mateus 24 seja uma referência ao fim do mundo e a vinda de Cristo. Pelo contrário, Mateus 24 fala não sobre o fim do mundo físico, mas sobre o fim da era judaica e a destruição do templo e Jerusalém e sobre a vinda de Jesus em julgamento contra Israel, eventos estes que ocorreram no ano 70 d.C. quando muitos discípulos ainda estavam vivos. Nesse e-book o leitor terá um estudo detalhado e um comentário versículo por versículo sobre o que Jesus de fato ensinou em Mateus 24.

Link: www.revistacrista.org/literatura_Revista023.html

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É com satisfação que apresentamos o primeiro e mais completo Comentário Preterista sobre o Apocalipse nunca antes publicado no Brasil. Nunca antes na história do país tivemos um comentário completo sobre o Apocalipse do ponto de vista preterista. Nele são comentados todos os 404 versículos do Apocalipse. Este comentário é composto de Introdução, Evidências Internas e Externas sobre a data do Apocalipse, além de que é comentado minuciosa, exegética, histórica e gramaticalmente cada capítulo do Apocalipse. São mais de 500 páginas com conteúdo espiritualmente enriquecedor. É um fato inédito que pela primeira vez vamos ter uma literatura que combata o que erronemanente tem sido ensinado sobre o Apocalipse nos últimos dois séculos. Sem ficção, sem fantasia e com muita base firmada em Cristo é que preparamos essa obra.

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Volume_Unico.html

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