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OPINIÃO DEPUTADOS MUNICIPAIS 2014 AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 43 OPINIÃO 3.2. Opinião dos deputados municipais 1ª sessão 10-12-2013 “O ponto em que nos encontramos” Opinião de Helena Roseta , Presidente da AML publicada no DN em 10-12-2013 Queremos Saber O debate que hoje se inicia na Assembleia Municipal de Lisboa sobre a “Colina de Santana” procura dar corpo a um direito dos cidadãos, que é o de “ser esclarecidos objectivamente sobre actos do Estado e demais entidades públicas (…) acerca da gestão de assuntos públicos” (artigo 48º da Constituição). Poucos saberão onde fica a Colina de Santana, uma das sete colinas históricas de Lisboa, juntamente com o Castelo, São Vicente, São Roque, Santo André (contíguo à Graça), Santa Catarina e Chagas (actual Carmo). Situa-se entre a Avenida da Liberdade e a Av. Almirantes Reis, confinando a sul com o Martim Moniz, a norte com o Hospital da Estefânia e a nordeste com a Rua Conde Redondo. Aqui foi colocado, após o terramoto de 1755, o Hospital de S. José. Posteriormente aqui se instalaram vários hospitais, entre os quais Santa Marta, Santo António dos Capuchos, Miguel Bombarda (antigo Rilhafoles) e Desterro, estes dois últimos já desactivados. Com a previsão do novo Hospital de Todos os Santos, em Chelas, terá sido confiada pelo Governo à ESTAMO a missão de estudar a rentabilização dos terrenos e edifícios dos hospitais de S. José, Miguel Bombarda, Capuchos, Desterro e Santa Marta, bem como do convento de Santa Joana (actual 9ª Esquadra de Investigação Criminal - Trânsito da PSP). Esta tarefa deu origem a cinco pedidos de informação prévia (PIP) entregues na Câmara de Lisboa, apresentados por cinco ateliers distintos. O projecto urbano para a Colina de Santana procura dar coesão àqueles PIP e foi elaborado pela equipa da Arq. Inês Lobo. Os territórios confiados à ESTAMO representam uma área superior a 16 hectares (ou 16 estádios de futebol). Neles existem actualmente 162.700m2 edificados. A proposta implica a demolição de 88.450m2 e uma área de construção total de 269.700m2 (acima e abaixo do solo). O índice de utilização do solo passará dos actuais 0,99 para 1,65, privilegiando-se a função de habitação e as actividades económicas. O espaço para equipamentos públicos reduz-se a 26% no S. José, a 22% nos Capuchos e será residual nos restantes. A Colina de Santana será assim mais construída e mais privada.

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 43

OPINIÃO

3.2. Opinião dos deputados municipais

1ª sessão 10-12-2013 “O ponto em que nos encontramos”

Opinião de Helena Roseta , Presidente da AML publicada no DN

em 10-12-2013

Queremos Saber

O debate que hoje se inicia na Assembleia Municipal de Lisboa sobre a “Colina de Santana” procura dar corpo a um direito dos cidadãos, que é o de “ser esclarecidos objectivamente sobre actos do Estado e demais entidades públicas (…) acerca da gestão de assuntos públicos” (artigo 48º da Constituição).

Poucos saberão onde fica a Colina de Santana, uma das sete colinas históricas de Lisboa, juntamente com o Castelo, São Vicente, São Roque, Santo André (contíguo à Graça), Santa Catarina e Chagas (actual Carmo). Situa-se entre a Avenida da Liberdade e a Av. Almirantes Reis, confinando a sul com o Martim Moniz, a norte com o Hospital da Estefânia e a nordeste com a Rua Conde Redondo. Aqui foi colocado, após o terramoto de 1755, o Hospital de S. José. Posteriormente aqui se instalaram vários hospitais, entre os quais Santa Marta, Santo António dos Capuchos, Miguel Bombarda (antigo Rilhafoles) e Desterro, estes dois últimos já desactivados.

Com a previsão do novo Hospital de Todos os Santos, em Chelas, terá sido confiada pelo Governo à ESTAMO a missão de estudar a rentabilização dos terrenos e edifícios dos hospitais de S. José, Miguel Bombarda, Capuchos, Desterro e Santa Marta, bem como do convento de Santa Joana (actual 9ª Esquadra de Investigação Criminal - Trânsito da PSP).

Esta tarefa deu origem a cinco pedidos de informação prévia (PIP) entregues na Câmara de Lisboa, apresentados por cinco ateliers distintos. O projecto urbano para a Colina de Santana procura dar coesão àqueles PIP e foi elaborado pela equipa da Arq. Inês Lobo.

Os territórios confiados à ESTAMO representam uma área superior a 16 hectares (ou 16 estádios de futebol). Neles existem actualmente 162.700m2 edificados. A proposta implica a demolição de 88.450m2 e uma área de construção total de 269.700m2 (acima e abaixo do solo). O índice de utilização do solo passará dos actuais 0,99 para 1,65, privilegiando-se a função de habitação e as actividades económicas. O espaço para equipamentos públicos reduz-se a 26% no S. José, a 22% nos Capuchos e será residual nos restantes. A Colina de Santana será assim mais construída e mais privada.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

44 relatório do sítio | colina de santana | AML

Esta proposta implica uma profunda alteração dos usos e da paisagem urbana. É certo que a Assembleia Municipal, em matéria de gestão do território, só pode aprovar propostas que lhe sejam apresentadas pela Câmara, o que até à data não aconteceu. Mas cabe-lhe sempre “tomar posição perante quaisquer órgãos do Estado ou entidades públicas sobre assuntos de interesse para o município” (art 25º, nº 2, da Lei 75/2013, de 12 de Setembro), competência de que não abdicamos.

Foi por isso que tomámos a iniciativa deste debate, público e aberto a todos os cidadãos. Para saber o ponto em que nos encontramos e como se chegou até aqui, para conhecer e discutir opções e opiniões, o debate irá desenvolver-se até fevereiro, com várias sessões públicas e uma página on-line disponível para recolher contributos. No final haverá um relatório elaborado por deputados municipais que será apreciado e votado pelo órgão a que presido.

Não podemos avaliar esta proposta sem saber a que encomenda responde. Nem validar uma resposta para a cidade que ignore as perguntas que os cidadãos têm o direito de colocar. Este é pois o tempo de questionar, conhecer e debater o que está em cima da mesa. Queremos saber. Chegará o momento em que seremos chamados a deliberar. Não o faremos sem primeiro ouvir a voz dos cidadãos que representamos.

1ª sessão 10-12-2013 “O ponto em que nos encontramos”

Opinião de Victor Pereira Gonçalves, deputado municipal do PSD

publicada no Expresso em 19-1-2014

Uma regeneração da Colina de Santana

Nem sempre temos oportunidade de enfrentar um grande problema e transforma-lo numa solução que envolva milhares de atores e faça interessar várias entidades e instituições, para que em Lisboa se faça cidade.

Desde que se anunciou a desativação de algumas unidades hospitalares e a futura construção do Hospital de Todos os Santos na zona oriental de Lisboa, que se iniciou a discussão da chamada Colina de Santana, onde se encontravam essas unidades e ainda se concentram outras como o Hospital S. José e Hospital D. Estefânia, cujo destino a prazo será o mesmo.

Não vamos discutir aqui e agora das vantagens e ou inconvenientes da concentração de todas as valias hospitalares num único e grande hospital, pois é uma discussão acabada. Alguns já foram desativados e outros estão em vias de o ser, numa decisão tomada há vários governos. O que agora nos interessa é a Colina de Santana e a oportunidade que nos poderá oferecer a reutilização daqueles espaços para a revitalização de toda a colina.

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 45

A Colina de Santana é uma espécie de península que fica entre dois vales outrora linhas de água que são hoje a Avenida da Liberdade e Av. Almirante Reis, que se reuniam onde é o Rossio e desaguavam no Tejo, delimitada a Norte pela zona de planalto que constitui hoje as chamadas Avenidas Novas.

A Colina de Santana resistiu ao Terramoto de 1755, talvez por isso e ainda porque representava uma zona periférica na altura, não foi incluída no plano do Marquês de Pombal para a Baixa Pombalina. Também não fez parte do Plano de Ressano Garcia no final do século XIX que desenhou o traçado das atuais Avenidas Novas e expandiu a cidade para norte que até aí se desenvolvia especialmente ao longo das áreas ribeirinhas.

Por isso representa um traçado urbano irregular que foi sendo ocupado sem planos ao longo de vários séculos, por mosteiros e grandes casas senhoriais, devido à sua ótima localização cénica, em relação aos dois vales e ao rio Tejo.

Com a expulsão dos Jesuítas em 1760 e a extinção das ordens religiosas em 1834 esses mosteiros foram sendo reutilizados para fins hospitalares e militares. Logo a seguir ao terramoto com a total destruição do Real Hospital de Todos os Santos, foi em 1769 ocupado, como novo hospital de Lisboa, o Colégio de Santo-Antão o Novo, o que hoje é o Hospital de S. José.

A Colina de Santana representa uma importante fatia da cidade de Lisboa bastante esquecida, pelo que que hoje apresenta os piores índices urbanísticos de todo o concelho, mau grado a sua extraordinária localização. O edificado existente foi construído; 30% antes de 1919 e 36% entre 1919 e 1945, sendo residual a construção posterior a 1960. Edifícios em mau estado de conservação e muito mau estado representam respetivamente 29% e 2,5% do total. O numero de prédios vagos é o maior, em percentagem, no concelho de Lisboa, 24% do total de alojamentos.

Ainda existem neste território da cidade de Lisboa mais de 100 residências sem casas de banho e 25 destas encontram-se desprovidos de banho e retrete. É alarmante e cada vez maior o numero de habitações apenas com um ocupante, na generalidade idoso e sem qualquer tipo de apoio, sendo nesta área da cidade que se encontra em percentagem a população mais envelhecida e a menor proporção de jovens 24,4% e 10,8% respectivamente.

Se analisarmos muitos outros índices que identificam a qualidade de vida das populações encontraremos valores semelhantes em comparação com a média da cidade, que como todos sabemos, já apresenta valores muito abaixo dos das grandes cidades europeias. Falamos de apoios sociais para crianças e idosos, espaços desportivos, espaços culturais, serviços de transporte com uma rede de proximidade nomeadamente em relação ao interior da colina, estacionamento, apoios comerciais de proximidade, e espaços verdes e de recreio.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

46 relatório do sítio | colina de santana | AML

Com a desativação das unidades hospitalares e a sua futura reutilização em habitação, equipamentos e novos espaços verdes, abre-se uma janela de oportunidade para todo o território da colina que é de aproveitar . No total são 163.539 m2 de área solo que numa primeira fase irão ser alvo de intervenção imobiliária correspondentes aos loteamentos do Hospital de S. José, Hospital Miguel Bombarda, Hospital dos Capuchos, Hospital do Desterro e Hospital de Santa Marta, que segundo intenção da Estamo irão provocar a demolição de 88,450 m2 de área piso e a reabilitação de 74, 261m2 de área piso, bem como a construção nova de 205.000 m2 acima do solo e 59.128 abaixo do solo.

O valor envolvido em todas estas operações é superior a mil e trezentos milhões de euros com a criação durante cerca de dez anos de mais de mil postos de trabalho diretos e indiretos, muitos continuarão nas múltiplas atividades que se criarão desde o comércio à investigação.

Vamos apenas desenvolver um negócio imobiliário para as classe média alta, até à classe muito alta? Vamos apenas reabilitar um conjunto significativo de património de grande valor histórico e arquitectónico até agora escondido em enfermarias, blocos operatórios, laboratórios e salas de espera? Vamos encontrar espaços de entre aquele património, para criar um museu da medicina com todo o espólio guardado nestes vários hospitais ao longo de séculos?

Mesmo se apenas isto, o seu desenvolvimento já deixa muitas interrogações e obriga-nos a parar para refletir, nomeadamente quanto à aprovação dos PIPs (Pedido de Informação Prévia) já entrados na Câmara, relativos aos loteamentos acima referidos, pelo que se aconselha a serem imediatamente travados. Porque não pensar em toda a Colina de Santana, vê-la como um todo da Avenida da Liberdade à Rua da Palma - Av. Almirante Reis desde a Praça da Figueira até à Estefânia e Praça José Fontana? Porque não envolver neste grande desafio Administração Central, a Estamo, a Câmara Municipal de Lisboa e especialmente os proprietários e moradores da colina, numa parceria ativa em que todos beneficiarão?

A proposta que entendo mais abrangente, mais eficaz, mais célere, economicamente possível e devidamente controlada pelos órgãos autárquicos democraticamente eleitos é a que tomo a liberdade e a ousadia de propor:

1. Criação de um Gabinete exclusivamente dedicado à reabilitação da Colina de Santana à semelhança do que foi feito para o Chiado e Mouraria que teria capacidade e responsabilidade para agilizar todos os processos inerentes a essa reabilitação, negociar com as entidades publicas, privadas e proprietários formas de cooperação para todas as situações encontradas, de molde a estimular a sua comparticipação.

2. Toda a área abrangida pelo território denominado Colina de Santana seria dividido em três Unidades de Execução;

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

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o Unidade Oeste - abrangendo a área incluída no PUAZLE (Plano de Urbanização da Av. da Liberdade e Zonas Envolventes);

o Unidade Sul - integrando o território da Praça Martim Moniz ao Campo de Santana;

o Unidade Norte - do Campo de Santana à praça da Estefânia e Praça José Fontana.

3. O desafio para além de dar andamento aos novos loteamentos e ao aproveitamento do Património, seria integrar a solução para todo o edificado, para o espaço publico e para a criação nesta área da cidade de todos os meios e equipamentos que melhorem significativamente a vida de todos os que a habitam, jovens e idosos independentemente da sua classe social e económica, respondendo às carências graves que se verificam.

4. Em posse de todo o levantamento, que em grande parte está feito pela Câmara, seriam definidos, prédio a prédio as suas possibilidades de manutenção, de reabilitação e até de emparcelamento, quando economicamente e urbanisticamente possível. Em posse de todos os dados criar com apoio do Estado, entidades bancárias e Câmara linhas de apoio financeiro para a reabilitação do edificado e do espaço publico.

5. Fazer acompanhar todo este processo em permanência pelo Executivo e pela Assembleia Municipal através das suas comissões permanentes especializadas, com a obrigatoriedade de apresentação de relatórios de progresso trimestralmente.

Em conclusão, um PROGRAMA DE REGENERAÇÃO E SALVAGUARDA DA COLINA DE SANTANA

2ª sessão 28-1-2014

“Impacto das propostas no acesso da População a cuidados de Saúde”

Intervenção de Miguel Santos, deputado municipal do PAN

em 28-1-2014

Exmo. Sr. Presidente da Mesa, Exma. Sra. Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Srs. Deputados Municipais presentes como assistentes ou como relatores, convidados integrantes do painel ou da plateia e cidadãos interessados na Colina de Santana, que assistem a este debate presencialmente ou pela internet.

Estamos a debater nesta sessão o “Impacto das propostas no acesso da População a cuidados de Saúde”. Aquilo que a Organização Mundial de Saúde define como “Saúde” no preâmbulo da sua Constituição e que, “A saúde e um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”. Assim sendo, como e possível sugerir-se sem ser por um descarado sentido de humor negro, que fechar os hospitais já referenciados da Colina de Santana e feito como forma de melhorar os cuidados de Saúde das populações?

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

48 relatório do sítio | colina de santana | AML

Reconhecemos a necessidade de racionalizar custos e recursos num sistema que possui recursos monetários finitos. A seu tempo constataremos que os recursos que os seres humanos dispõem são na realidade quase infinitos desde, que renunciem ao espartilho monetário a que prestam hoje vassalagem e que esta ligado a maquina de destruidora do nosso habitat planetário.

Assim, e reconhecendo que ainda estamos longe do nosso desiderato ideal, a nossa proposta é:

1 - Que todos os recursos financeiros que venham a ser libertados pela alienação ou arrendamento, que deve ser apenas parcial, do património hoje propriedade de todos nos e que esta neste momento confiado à Estamo, só possa reverter para o buraco negro das contas publicas após a satisfação das necessidades de bem estar físico, mental e social das populações ate agora servidas por esses equipamentos sociais. Pela minha parte irei contactar os diferentes grupos municipais no sentido de que isto possa ser subscrito por todos e que possa existir uma Acção junto da Assembleia Municipal no sentido de sensibilizar o executivo da Republica e a Assembleia da Republica.

2 - Tendo em consideração a idade media elevada da população desta colina, no estado de depressão económica em que se encontra esta faixa etária após sucessivos cortes e a necessidade de apoio económico a filhos e netos, torna-se claro que o recurso a táxis e a Carris numa colina onde não existe acesso ao metropolitano e considerando os preços que hoje atingem estes transportes, e um crime social obrigar estes cidadãos a deslocarem-se nestas condições para Santa Maria ou Todos os Santos.

3 - Considerando que hoje em dia, 43% da população utiliza as (TNC) terapêuticas não-convencionais, também conhecidas como medicinas tradicionais e hoje regulamentadas pelo DL 71/2013, parece-nos absurdo considerar a problemática hoje discutida sem as considerar como pane desta problemática. Alias, na própria zona de que hoje tratamos, no Campo dos Mártires da Pátria e na rua 0. Estefânia, temos dois exemplos de duas escolas representantes dos caminhos convencionais e não convencionais, a Faculdade de Ciências Medicas e a Escola de Medicina Tradicional Chinesa. Considerando que noutros países como os Estados Unidos e a China, começa a existir uma abordagem conjunta para bem do doente, que este assunto carece de estudo e investigação, propomos assim as seguintes medidas, a desenvolver com os meios previstos no considerando: • A manutenção de um Hospital que mantenha uma urgência de referencia completa, para toda a população da Colina e de Lisboa em geral, que faca jus ao novo designativo de Colina do Conhecimento, e promova o estudo de eficácia terapêutica das TNCs e respectivos custos, tendo em vista a um prazo de cinco anos, a integração no SNS das que provarem ter eficácia e custos compatíveis com uma nova abordagem conjunta, identificando em documentos de indicação terapêutica, quais as que possuem vantagens comparativas e em que situações. • A passagem dos serviços de consulta externa dos fregueses da Colina, para os Centros de Saúde já existentes na mesma, e que poderiam integra-los após a sua renovação.

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

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• Aproveitamento parcial das antigas enfermarias do Hospital a remodelar para integrarem a ultra deficitária rede de cuidados Continuados da cidade de Lisboa. • Criação de uma comissão de avaliação conjunta que promova a avaliação atrás referida, bem como do encaminhamento dos doentes atendidos na urgência para os cuidados externos nas consultas externas dos centros de saúde, ou para as TNC’s no próprio Hospital. Este processo devera garantir a escolha livre e o consentimento dos doentes.

Com estes passos estou confiante que poderemos entrar numa nova era em que as escolhas dos cidadãos são integralmente respeitantes, bem como a lógica do bem comum, mesmo que detrimento de interesses particulares. 28-01-2014

2ª sessão 28-1-2014

“Impacto das propostas no acesso da População a cuidados de Saúde”

Opinião de João Ferreira, vereador do PCP na Câmara Municipal de

Lisboa no DN em 30-01-2014

Colina deve manter unidades de saúde

A mobilização de largos sectores da opinião pública forçou um recuo de António Costa, antes das eleições autárquicas, na viabilização de projectos imobiliários polémicos, que mudariam por completo a face da Colina de Santana. Mas os projectos não caíram, pelo que a ameaça persiste. Entretanto, é importante que o debate público sobre o futuro da Colina prossiga com ampla participação. Este não deve ser aprisionado nos estreitos limites dos projectos imobiliários conhecidos, como alguns pretendem. Pelo contrário, deve partir da firme recusa da ideia de que a única alternativa a deixar degradar mais o que existe é abrir caminho ao negócio privado, à apropriação e rentabilização privadas do que é de todos.

O processo descaracterizador em curso, de afastamento das camadas populares de zonas históricas e centrais da cidade, promovendo a sua elitização crescente, deverá ser travado e invertido o quanto antes. Não está em causa a necessidade de uma intervenção nesta zona da cidade. Uma intervenção que, norteada por uma lógica qualificadora do espaço público, do património, das infraestruturas e equipamentos, contribua para melhorar as condições de vivência urbana e para prover equipamentos aprazíveis e necessários às comunidades residentes e ao desenvolvimento da cidade.

Os serviços públicos fazem falta à cidade. Fazem falta especialmente nesta zona da cidade. Eles são elementos imprescindíveis à qualidade de vida e ao bem-estar. Atraem emprego qualificado. A desqualificação e o encerramento progressivos de serviços públicos a que vimos assistindo, particularmente no caso dos serviços públicos de saúde, empobrecem e desqualificam a cidade. Lisboa não deve por isso prescindir das unidades de saúde hoje existentes na Colma de Santana. Embora possa, em determinadas condições, admitir uma reorientação do perfil de algumas delas, tendo em conta necessidades específicas da população mais idosa - ao nível, por exemplo, dos cuidados continuados de saúde.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

50 relatório do sítio | colina de santana | AML

2ª sessão 28-01-2014

“Impacto das propostas no acesso da População a cuidados de Saúde”

Opinião de João Gonçalves Pereira, vereador do CDS-PP na CML, no DN

em 03-02-2014

A Colina da oportunidade?

O projecto da Colina de Santana representa uma enorme oportunidade para a Cidade. Representa também a primeira grande oportunidade para conhecermos a visão que a Câmara, e o seu Presidente, tenham de uma Cidade pensada para as pessoas.

Uma breve análise diz-nos que a população residente (13 446) apresentou, em 2011, uma quebra de 11% face a 2001 (15 109) e que a faixa etária entre os 0 e os 14 anos (1452) representa menos de 50% da população com mais de 65 anos (3286), sabendo-se que esta tendência para o envelhecimento da população se agravará.

No entanto, o Projecto para a Colina de Santana propõe a construção de 663 fogos nos grandes polos. Que percentagem será disponibilizada para residências assistidas, para equipamentos para idosos, para os estudantes universitários da Lisboa Capital Erasmus ou até para habitação social?

Do lado da saúde e dos equipamentos sociais, onde actualmente existem 5 hospitais, 2 unidades de cuidados primários (Coração de Jesus e Penha de França), 1 unidade residencial para idosos, 6 Centros de Dia, 5 Creches, são propostas 2 novas unidades de cuidados primários, 1 unidade de cuidados continuados, 1 unidade residencial para idosos, 2 Centros de dia e 2 Creches. Parece-nos pouco, e esperávamos ver mais ambição e realismo por parte da Câmara Municipal.

Não basta continuar a fazer hotéis e ciclovias. É preciso pensar nos idosos de Lisboa, população que necessita urgentemente de respostas residenciais, de cuidados continuados e paliativos, de ruas seguras e iluminadas, de reabilitação das suas ruas, dos seus prédios e das suas casas. É necessária uma correcta reflexão sobre o modelo de Cidade que pretendemos.

A Colina de Santana tem de representar uma oportunidade para todos os Lisboetas: para os mais idosos, para os mais novos, para os estudantes e para os comerciantes. Apenas deste modo será uma oportunidade ganha.

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 51

3ª sessão 04-02-2014

“Impacto urbanístico, social e habitacional das propostas”

Opinião de Margarida Saavedra, arquitecta e deputada municipal, no

DN em 06-02-2014

O chão que pisamos

Lisboa, como se sabe, está numa plataforma de riscos naturais. A Colina de Santana situa-se numa área onde se assinalam zonas "de elevada e muito elevada susceptibilidade de ocorrência de movimentos de massa (...) com maior concentração no seu troço Sul", como refere o Plano Director Municipal da cidade.

O passeio pela base da colina, que vai da Calçada do Garcia à Rua do Arco da Graça, subindo a Calçada de Santana e ruas paralelas, faz soar o alarme: sinais de deformação da construção por afundamento de fundações vêem-se em edifícios sucessivos.

Imaginemos um roupeiro a que caiu um pé: tende a descair para esse lado. O mesmo se passa com edifícios cujas fundações estão a ceder: inclinam-se para a parte fraca da estrutura, provocando deformidades que se identificam em fendas verticais, fracturas de cantarias, deformações nas janelas e portas, "barrigas" nas fachadas...

Mesmo em prédios onde são evidentes obras recentes, os sinais de assentamento estão lá. Não em um, nem em dois, mas em muitos, a avisar-nos, a pedir socorro enquanto é tempo.

O município, seja ele qual for e onde quer que se situe, deverá ser sempre o garante da legalidade e da segurança. Todos os que tiveram o privilégio de ser eleitos têm a obrigação de cumprir a lei, base e sustentação do poder que lhes foi consignado. É também ao município que cabe a obrigação de gerir e colmatar factores de risco que ameacem o território, garantindo a salvaguarda de pessoas e bens.

Não me ocorre que a Câmara Municipal de Lisboa não tenha um plano de salvaguarda para a Colina de Santana. Nem que não haja um estudo a priori do impacto que as obras anunciadas vão ter na encosta antes da aprovação dos projectos e da consequente atribuição de direitos ao promotor. Mas não os encontrei em nenhum dos elementos que consultei, nem deles ouvi falar. E, sem os dados todos, não é possível tomar uma decisão consciente.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

52 relatório do sítio | colina de santana | AML

3ª sessão 04-02-2014

“Impacto urbanístico, social e habitacional das propostas”

Opinião de Fernando Seara, Vereador do PSD na CML, no DN

em 08-02-2014

Pelo debate

Os tempos que vivemos são bem estranhos. Mesmo muito estranhos. Assemelham-se à Idade Média. São, mesmo, tempos quase feudais. As corporações, nas suas múltiplas vertentes e vestes, afirmam-se nos seus propósitos e nas suas considerações. Que, em certos casos, são convicções. Como se estes tempos não fossem aqueles em que a única certeza é não ter certeza alguma. Lutam entre si mas unem-se, apesar das suas contradições internas e, por vezes insanáveis, em determinados temas. Principalmente naqueles que chegam, e logo, condicionam a agenda mediática.

Agora é o momento, em Lisboa, da Colina de Santana.

Encontramos diferentes visões e diferentes pontos de vista. Somos confrontados, e bem, com a vulnerabilidade sísmica da zona. Alguns ignoram, decerto por conveniência, o recente debate acerca da revisão do PDM de Lisboa. Onde se envolveram e, em determinados casos, opinaram com fervor e ardor. E de repente alguns que há bem poucos meses opinavam, em sede de silenciosa campanha eleitoral, que Lisboa estava "pensada" para os próximos anos, dizem-nos, qual velhos senhores feudais, que há "inversão completa do planeamento", que falta à câmara "uma visão de conjunto" e que a câmara deve "intervir mais" na Colina de Santana".

Julgava eu que um dos temas "referendados" na última campanha eleitoral tinha sido uma "visão estratégica" para aquela Colina. Descortino, agora, e bem - mesmo muito bem -, que o instante atual é o tempo para a discussão global e sistémica da Colina de Santana.

Pela minha parte continuo a ter boa e permanente nota do que as partes proclamam. Em voz baixa ou em voz bem alta. Mesmo que me surpreenda com aqueles que me diziam, em plena campanha eleitoral, que a questão estava bem, muito bem, estudada. Coisas dos tempos. Dos "costumes", diria . Mas felicitemo-nos pelo debate. Já que, afinal, e como eu dizia - e escrevia - há poucos meses, estava por fazer!

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 53

3ª sessão 04-02-2014

“Impacto urbanístico, social e habitacional das propostas”

Opinião de Vasco Morgado, Presidente da Junta de Freguesia de Santo

António, no DN em 10-02-2014

Evolução inevitável

É sabido por todos que os atuais hospitais nasceram de antigos conventos, que têm vindo a adaptar-se ao longo dos séculos até aos nossos dias, sendo que agora, mais do que nunca, as necessidades do ser humano em virtude do avanço da medicina tornam praticamente inevitáveis novas adaptações dos espaços há muito sobrecarregados.

Senão vejamos, uma pessoa, e é de pessoas que falamos aqui, que tenha de ser observada numa consulta de cardiologia e neurocirurgia terá de passar por dois diferentes hospitais. Por muito perto que sejam, esta solução nunca dará a comodidade ou a eficiência desejáveis. Estamos aqui a falar do Hospital de Santa Marta e de São José, onde o martírio das colinas mostra o quão difícil pode tornar-se uma pequena deslocação.

Todos os relatórios internacionais e nacionais mostram a necessidade da construção de um novo hospital, que concentre todas as valências num único espaço. Este deverá ser construído de raiz para o efeito, desde as primeiras linhas do projeto, para que seja de facto pensado e estruturado como hospital, e não mais uma adaptação feita para atamancar mais um pouco os serviços de saúde portugueses.

Surge assim o tão falado Hospital de Todos os Santos, pensado para a zona oriental de Lisboa há mais de 40 anos e por isso já fazendo lembrar mais uma barragem do Alqueva, que com pequenos e tímidos passos avança e recua, mesmo após a ordem de compra de terrenos à Camara Municipal de Lisboa pela anterior ministra da Saúde Ana Jorge, pelo valor de 12 milhões de euros. Sendo certo que que nada do que aqui falamos será realidade amanhã ou depois, a defesa de um projecto hospitalar para Lisboa, de Todos os Santos ou de outro qualquer, não invalida uma primeira certeza, que é fundamentalmente o não encerramento de qualquer unidade hospitalar de Lisboa, sem a existência de outra que a substitua.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

54 relatório do sítio | colina de santana | AML

3ª sessão 04-02-2014

“Impacto urbanístico, social e habitacional das propostas”

Intervenção de Modesto Navarro, deputado municipal do PCP

Intervenção de Modesto Navarro, deputado municipal do PCP, apresentada durante o período dedicado às intervenções do público da 3ª sessão do debate Temático sobre a Colina de Santana, em 4 de Fevereiro de 2014.

A comunicação apresenta-se em PDF anexado na secção final deste relatório

3ª sessão 04-02-2014

“Impacto urbanístico, social e habitacional das propostas”

Intervenção de Margarida Saavedra, deputada municipal do PSD

Intervenção de Margarida Saavedra, deputada municipal do PSD, apresentada durante o período dedicado às intervenções do público da 3ª sessão do debate Temático sobre a Colina de Santana, em 4 de Fevereiro de 2014.

A comunicação apresenta-se em PDF anexado na secção final deste relatório

3ª sessão 04-02-2014

“Impacto urbanístico, social e habitacional das propostas”

Opinião de Miguel Santos, deputado municipal do PAN, no DN

Em 11-02-2014

Sete aspectos fundamentais neste debate

A importância histórica e científica da Colina de Santana é conhecida e incontestável. A situação criada pela intervenção em debate constitui desafios vários ao nível das políticas sociais e do acesso universal a cuidados de saúde, da salvaguarda patrimonial do conjunto e das novas valências de fruição do espaço com todas as implicações técnicas inerentes. O PAN entende que este processo só pode ter seguimento quando alguns aspectos do futuro projecto estiverem salvaguardados:

1.º Manter num dos hospitais da Colina um serviço de urgências de 1.ª linha a par com Santa Maria e o futuro Hospital de Todos os Santos.

2.º Com parte dos fundos associados ao empreendimento imobiliário, promover a renovação dos centros de saúde da zona, onde sejam incluídas Consultas Externas para os moradores da Colina.

3.º Que do Caderno de Encargos associado ao projecto de execução, constem alternativas de acessibilidade à Colina que prevejam interfaces com o metropolitano e que brevemente apresentaremos.

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 55

4.º Que numa das unidades hospitalares existentes, e após adaptações necessárias, sejam acrescentados os serviços de cuidados continuados, bem como de cuidados paliativos, com número de camas significativo.

5.º Que nessa mesma unidade hospitalar, se preveja acrescentar os serviços de Terapias não Convencionais (TNC), com o objectivo de proporcionar à população este serviço já previsto na lei.

6.º Que na intervenção urbana resultante sejam preservados todos os elementos patrimoniais relevantes, para além do contemplado nas propostas, e sejam criados novos layouts de edificado em coerência com as pré-existências.

7.º Que não se branqueie completamente a história hospitalar e da saúde da cidade e mesmo do país, prevendo-se um espaço de musealização de todo o espólio hospitalar móvel cientifico.

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Intervenção de Miguel Tiago, deputado municipal do PSD

Intervenção de Miguel Tiago, Deputado Municipal pelo PCP, apresentada durante o período dedicado às intervenções do público da 4ª sessão do debate Temático sobre a Colina de Santana, em 11 de Fevereiro de 2014.

A comunicação apresenta-se em PDF anexado na secção final deste relatório

4ª sessão “Impacto das propostas na memória e identidade

histórica da Colina de Santana”

Opinião de Cláudia Madeira, deputada municipal do PEV, no DN

em 13-02-2014

O futuro da Colina de Santana passa pela saúde!

Muito se tem falado na Colina de Santana e é positivo que esta discussão se aprofunde e seja cada vez mais participada. Para tal, é importante esclarecer que a única alternativa não é a que foi mandada para cima da mesa e que resulta de mais uma negociata entre o Governo e a Estamo, com o aval da autarquia, que tentou evitar e esvaziar a discussão pública.

A Colina de Santana precisa de ser regenerada e reabilitada? Obviamente.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

56 relatório do sítio | colina de santana | AML

Mas sempre no sentido de ser criada uma oportunidade para resolver os problemas existentes, mantendo serviços de saúde para as populações, com base numa estratégia de saúde para a cidade, e valorizando o seu rico património, identidade e memória.

E isso não passa pelos projectos apresentados que visam destruir quase dois séculos e meio de prática de medicina para construir hotéis, condomínios e áreas comerciais, nem pela forma como foi conduzido este processo.

A verdade é que o executivo municipal apenas deu, aparentemente, um passo atrás, devido à mobilização e contestação da população. Também é preciso dizer que isto só sucedeu porque estávamos em período pré-eleitoral. Caso contrário, o mais certo seria os projectos já estarem viabilizados e em curso. Como pode António Costa querer repovoar e valorizar a cidade, se há serviços fundamentais a encerrar que tornam Lisboa mais vazia e pobre?

Apesar do aparente recuo e do debate que tem sido feito no seio da Assembleia Municipal de Lisboa, que é fundamental, e onde tem sido notória a contestação por parte de profissionais de saúde e da população em geral, a ameaça de destruição desta Colina não desapareceu.

É, pois, imprescindível continuar a defender a saúde na Colina de Santana e as populações.

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de Ricardo Robles, deputado municipal do BE, no DN

em 14-02-2014

A colina dos interesses

No início do verão de 2013 o executivo da Câmara Municipal de Lisboa (CML) estava numa corrida contra o tempo.

Objectivo: aprovar os pedidos de informação prévia referente aos loteamentos dos hospitais São José, Santa Marta, Capuchos e Miguel Bombarda. Não havia tempo a perder. Os 16 ha da intervenção, 700 fogos e 90 mil m2 de construção nova não podiam esperar. A Estamo tinha adquirido estes hospitais por 111 milhões de euros e queria agora, com o apadrinhamento da CML, multiplicar este valor numa operação urbanística especulativa.

O Bloco de Esquerda opôs-se a este processo desde a primeira hora. Definimos como prioridade defender a colina de Santana dos apetites imobiliários. Muitas vozes se juntaram em protesto contra esta intenção da CML e milhares de assinaturas foram recolhidas em poucos dias para parar o que parecia imparável. Perante o avolumar das críticas e na proximidade de eleições autárquicas António Costa e Manuel Salgado optaram por suspender a decisão.

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 57

Avançar com um loteamento que implica o encerramento de hospitais para os quais não existe, nem existirá nos próximos anos, alternativa, é um erro. Insistir na construção nova numa zona da cidade onde mais de 50% do edificado precisa de obras urgentes de reabilitação, é um erro. Alienar património cultural e arquitectónico único para usufruto privado, é um erro.

A colina de Santana, e todo este património, merece uma discussão aberta e participada. Impõe-se um levantamento arquitectónico rigoroso e um estudo detalhado sobre as necessidades e respostas hospitalares em Lisboa.

O Bloco apresentou várias propostas para esta zona. A criação de um Museu Nacional da História da Medicina e um polo de animação artística e cultural a partir da arte outsider foi uma delas. Outra a instalação de unidades de saúde na área dos cuidados primários e continuados.

Substituir a especulação imobiliária por reabilitação e equipamentos que sirvam a população é o mote para reiniciar este processo.

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de Rui Paulo Figueiredo , Líder do PS na Assembleia Municipal,

no DN em 18-02-2014

Colina de Santana: Regeneração urgente!

Se a necessidade de um novo hospital em Marvila (que permitirá requalificar e servir melhor a zona oriental da cidade) é inequívoca, já o modelo de intervenção na Colina de Santana, a desactivação total das unidades de saúde e os projectos apresentados são temas discutíveis.

Daí que a Assembleia Municipal se tenha assumido como Casa da Cidadania através de um debate enriquecedor e participado. Com consequências. Desde logo, a suspensão dos pedidos de informação prévia. Em seguida, defendo eu, com a reformulação do conceito de intervenção, do instrumento de planeamento utilizado e dos projectos apresentados.

Estamos perante uma oportunidade de regeneração urbana. Naturalmente, com mais e melhor habitação, comércio e unidades hoteleiras. Mas não só. E não em excesso. Porque uma cidade se faz de uma adequada mistura de funções.

Daí que esta componente deva ser minorada e articulada com a manutenção de uma unidade de saúde de proximidade e a instalação de uma unidade de cuidados continuados e outra de saúde familiar. Igualmente com actividades ligadas à economia do conhecimento e da saúde, ao turismo cultural, bem como com a criação de um núcleo museológico.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

58 relatório do sítio | colina de santana | AML

Esta regeneração passa pela criação de um instrumento de planeamento urbanístico que assegure uma estratégia de desenvolvimento harmonioso. Em razão da necessidade de conjugar todas as valências, estimular uma verdadeira reabilitação urbana, fomentar uma parceria entre Estado e Autarquia e promover o funcionamento em rede com a Universidade e o tecido associativo e empresarial poderemos vir a ter um Programa de Acção Territorial ou a definição de uma Área de Reabilitação Urbana.

Por último, é imperioso vincular todas as entidades potencialmente envolvidas, elaborando um cronograma de trabalhos. E, para a sua implementação, poderá ser conveniente a criação de um gabinete semelhante ao que existe na Mouraria.

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de Carlos Silva Santos, Deputado municipal do PCP, no DN

em 19-02-2014

Os hospitais da Colina de Santana resistem

Trata-se de uma tramóia financeira que levou à venda à Estamo, empresa de capitais públicos, dos hospitais com o objectivo de promover projectos de exploração imobiliária de luxo com argumentos de evidência não demonstrada de que estes hospitais estavam velhos e tinham uma manutenção custosa. Nada mais errado. O conjunto dos hospitais civis constitui uma referência médica qualificada com um passado histórico relevante do ponto de vista científico técnico e assistencial com uma abrangência regional própria de um hospital central de fim de linha. Confirma-se que não é por razões de política de saúde que se pretende liquidar a generalidade dos hospitais da cidade de Lisboa, como a maternidade Alfredo da Costa, o Curry Cabral, o Pulido Valente, D. Estefânia, Instituto Gama Pinto e como já tinham sido encerrados abandonados e degradados os hospitais do Desterro e de Arroios.

A hipótese de os substituir pelo projectado hospital de Lisboa oriental ou de Todos os Santos é uma enorme falácia. Na verdade o futuro novo hospital não passará de uma média unidade que nunca poderá substituir a oferta de cuidados existentes. O número de camas será diminuto e servirá essencialmente a população da zona oriental da cidade e zonas contíguas.

Lisboa tem uma memória histórica viva dos hospitais e da sua medicina. A melhor maneira de a manter e renovar quer na perspectiva do património construído quer das memórias médicas e assistenciais é manter os hospitais em funcionamento reforçando os investimentos e contrariando a tendência liquidacionista em curso. A Estamo e a câmara já estão fazendo mal aos hospitais e à saúde dos Lisboetas ao alimentar este projecto de crime de lesa saúde pública.

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 59

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de Victor Pereira Gonçalves, deputado municipal do PSD, no DN

em 20-02-2014

Colina de Santana: a oportunidade

Com a decisão, em 2005, no Governo de António Guterres do Ministro Correia de Campos de constituir uma comissão para "o reordenamento das capacidades hospitalares da cidade de Lisboa", foi iniciada a polémica. Desde logo com a possibilidade de serem desactivados os hospitais da zona e a construção de um novo e grande hospital na zona oriental. A discussão sobre os benefícios e as desvantagens da concentração em Chelas de todas as valências hospitalares foi enorme, nomeadamente ao nível da classe médica,

O governo entregou à Estamo a propriedade dos edifícios dos vários hospitais: S. José, Miguel Bombarda, Desterro, Capuchos, e Santa Marta. E logo apresentou em sede municipal os respectivos loteamentos através de PIPs, já com a mudança de usos garantida com a aprovação do PDM em 2012.

Foi aqui que surgiu a Colina de Santana, esquecida pelo Marquês de Pombal, por Ressano Garcia, pela Câmara de Lisboa, pelos governos ao longo de séculos. É a zona mais carenciada do concelho em todos os índices que definem a qualidade de vida. Que fazer?

Vamo-nos concentrar nos novos loteamentos e nas novas habitações, serviços, comércio, novos habitantes (mais 5700), no património que se for recuperar? Criar guetos de ricos em condomínios mais ou menos fechados e deixar todo o restante espaço como sempre esteve, ao abandono?

Primeiro só desactivar quando houver resposta alternativa e competente, e depois considerar esta a oportunidade para todos olharmos para esta bela colina de Lisboa com tantos problemas e tudo fazer para os minimizar.

O Governo, a Câmara, apelando a meios, medidas legislativas próprias e fundos europeus, a Estamo, os proprietários dos edifícios degradados, os seus habitantes, estão todos obrigados a definir estratégias e encontrar soluções para fazer cidade e dar nova vida à COLINA de SANTANA.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

60 relatório do sítio | colina de santana | AML

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de António Arruda , deputado municipal do MPT, no DN

em 22-02-2014

Pela recuperação e contra a especulação

O Partido da Terra-MPT defende que a intervenção na Colina de Santana deve preservar a memória colectiva de Lisboa, incidir na recuperação de edifícios de valor cultural e histórico existentes e não traduzir-se em mera especulação imobiliária, com a construção de hotéis e condomínios fechados.

O fecho das unidades hospitalares implicará o desaparecimento de serviços de proximidade, tais como urgências, que servem uma população envelhecida, com graves carências económicas, e que terá grandes dificuldades em aceder ao novo Hospital de Todos os Santos (a construir em Chelas).

O MPT não aceita o fecho destas unidades hospitalares depois de muitas delas terem tido obras de beneficiação, envolvendo o gasto de avultadas verbas, nem entende a ânsia em fechar hospitais com o argumento de que não têm condições por serem edifícios antigos quando verificamos que, por exemplo em Londres ou Paris, apesar de se terem construído novas unidades, os velhos hospitais situados no centro destas urbes continuam a funcionar normalmente. Só a especulação imobiliária, como já referimos, pode explicar esta febre em fechar e demolir, parcialmente, este património.

O MPT propõe a manutenção do Hospital de S. José com a valência de urgência (serviço de banco) e do Hospital de Santa Marta (uma referência na área da cardiologia), a reconversão do Hospital do Desterro em unidade de cuidados continuados e a transformação do Hospital Miguel Bombarda em Museu da Medicina Psiquiátrica.

Saudamos os debates promovidos pela Assembleia Municipal de Lisboa, que já tiveram como efeito os pedidos de informação prévia aos projectos de construção, e esperamos que o relatório final sirva para modificar este Projecto!

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 61

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de Maria Aldim , deputada municipal do CDS/PP, no DN

em 24-02-2014

Colina de Santana, que futuro?

A discussão pública do projecto para a Colina de Santana tem-se centrado essencialmente na problemática do encerramento dos Hospitais de S. José, Santa Marta e Capuchos e do deslocamento de serviços aquando a construção no novo Hospital de Todos os Santos, mas será que essa é a verdadeira questão?

Actualmente, a Colina de Santana é uma zona de Lisboa habitada na sua maioria por população envelhecida, rodeados de habitações degradadas, abandonadas e com fracas acessibilidades. A saída dos Hospitais é, sem dúvida, um problema para a população residente, mas os problemas actuais, como a desertificação e degradação que a Colina enfrenta também não devem ser descurados.

O projecto propõe em substituição dos Hospitais, a criação de duas novas unidades de cuidados primários, uma unidade de cuidados continuados, uma unidade residencial para idosos e dois centros de dia o que nos parece bastante redutor se aos já habitantes somarmos aqueles que se prevê trazer à colina com os 663 fogos projectados. A solução passa não só por reforçar todas estas unidades já propostas como construir em maior número e de forma descentralizada para garantir e melhorar o acesso à saúde aos que ali habitam.

Acreditamos que é preciso ir mais além do que optar pela construção desenfreada, para se planear um processo integrado de requalificação urbana pensado para médio-longo prazo. Há que atrair mais Famílias, mais jovens, mais habitantes, dinamizar o Comércio, o Turismo e deixar de olhar para a Colina como Lisboa envelhecida e esquecida. Como pretende este executivo da CML garantir estes pressupostos? Esta é a verdadeira questão que se coloca.

Apesar dos cinco debates promovidos pela Assembleia Municipal se encontrem praticamente concluídos, as dúvidas quanto ao impacto que este projecto trará não só aos habitantes da colina mas a todos os lisboetas permanecem.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

62 relatório do sítio | colina de santana | AML

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de José Moreno, deputado Municipal do PNPN, no DN

em 25-02-2014

Tornar a colina apropriável pelos lisboetas

Não estando ainda terminado o debate sobre este tema - longe disso -, não me atrevo a apresentar uma opinião definitiva. É que o debate lançado pela Assembleia Municipal de Lisboa traduziu-se na abertura de uma autêntica caixa de Pandora, que levou, desde já, a Câmara Municipal de Lisboa a suspender os processos de PIP - Pedidos de Informação Prévia. E foi uma decisão oportuna e sensata, perante as criticas e, sobretudo, as ideias que têm sido apresentadas para uma intervenção que me atrevo a classificar como o maior projeto de reconversão urbana na cidade de Lisboa, após a construção da "cidade imaginada" e construída na zona oriental, para acolher a Expo"98 e que deu origem à freguesia a que hoje presido - a freguesia do Parque das Nações.

De qualquer modo, julgo que nesta fase do debate se poderá, desde já, concluir que todos os intervenientes reconhecem a necessidade de uma intervenção de enorme envergadura que devolva à cidade uma zona cada dia mais degradada e desapropriada pelos munícipes e visitantes, apesar de fazer parte do seu centro histórico.

Têm sido apresentadas ideias de elevada valia, a cuja ponderação os autarcas da cidade e os responsáveis da Estamo - empresa de capitais exclusivamente públicos, logo Estado -, proprietária dos edifícios, deverão ser sensíveis.

Embora reconhecendo elevado mérito ao trabalho que sustenta a proposta da Estamo, entendo que, no interesse da cidade - que o mesmo é dizer o interesse público -, essa ponderação deverá ser efetuada. Não poderá deixar de o ser.

Direi, em síntese que, além de se abrirem a novas soluções arquitetónicas e sem perder de vista a necessidade e urgência de construir o Hospital de Todos os Santos, deverão, igualmente, ser permeáveis a conciliar a construção de um espaço museológico, preferencialmente no Hospital Bombarda, bem como à permanência de uma unidade hospitalar. Para além, obviamente, de se avançar com projetos na área da hotelaria, revolucionando, ao mesmo tempo, as acessibilidades, por forma a tornar a Colina de Santana apropriável pelos lisboetas e por todos os que visitam a nossa cidade.

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 63

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de Miguel Graça, deputado Municipal Independente, no DN

em 27-02-2014

Para que serve debater Lisboa?

Após realizados quatro debates e auscultados 18 oradores convidados, após as intervenções dos especialistas e de um vasto público presente nas sessões, o que concluir?

Discutiu-se o passado, presente e futuro da Colina de Santana, mas acima de tudo debateu-se Lisboa, como há muito tempo não se fazia. Muitos e pertinentes foram os temas abordados e muitas poderiam ser as questões que escolheríamos para falar neste artigo, porém elegeremos apenas uma: a forma como foi conduzido todo o processo. Antes de mais, esta é uma história invertida ou de "pernas para o ar". Em primeiro lugar seriam apresentados os quatro pedidos de informação prévia (para a reconversão dos Hospitais de São José, Santa Marta, Capuchos e Miguel Bombarda); seguidamente a ESTAMO contrataria uma equipa para produzir o "Projecto Urbano da Colina de Santana"; depois o Departamento de Planeamento e Reabilitação Urbana da Câmara Municipal de Lisboa elaboraria um "Documento Estratégico de Intervenção"; e por fim a questão seria colocada em amplo debate público por iniciativa da Assembleia Municipal de Lisboa.

O normal era ter sido precisamente ao contrário. Porém, a forma participada como está a ser feito este debate permitiu colocar o tabuleiro de jogo de novo na posição em que deveria estar. Os pedidos de informação prévia foram suspensos, a proposta urbanística para a Colina de Santana está sob escrutínio público, a Câmara Municipal apresentou uma visão estratégica para esta zona da cidade e o debate público permitiu esclarecer e receber contributos da parte dos munícipes.

Debater Lisboa é assim um imperativo. Debater não só a Colina de Santana, mas toda a cidade. E ao promover este debate a Assembleia Municipal provou que é a Casa da Cidadania que pretende ser. O último debate sobre a Colina de Santana será no próximo dia 11 de Março, às 18h00, no Fórum Lisboa. No final desta sessão será produzido um relatório do qual emanarão as recomendações da Assembleia Municipal, que acreditamos que serão claras, unas, o menos partidariamente espartilhadas possíveis, e a bem da cidade e da Colina de Santana. Demonstrando que vale a pena Debater Lisboa.

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2014 [RELATÓRIO DO SÍTIO]

64 relatório do sítio | colina de santana | AML

4ª sessão 11-02-2014

“Impacto das propostas na memória e identidade histórica da Colina de

Santana”

Opinião de Manuel Salgado, Vereador do Urbanismo da CML, no DN

em 28-02-2014

O debate sobre a Colina de Santana

O debate sobre a Colina de Santana na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) terminou. É altura de balanço.

Antes, o enquadramento: O Ministério da Saúde anunciou em 2006 a construção do Hospital de Todos-os-Santos. Consequentemente, o Município vendeu ao Estado um terreno em Marvila - a AML autorizou a transacção por unanimidade, sabendo que isso implicaria desactivar hospitais e a transferência das suas valências - para o novo equipamento. O Governo definiu como objectivo rentabilizar os imóveis e terrenos desactivados.

A Estamo, empresa pública de promoção do património imobiliário do Estado, adquiriu os antigos hospitais e submeteu ao Município pedidos de informação prévia para saber das condicionantes urbanísticas e viabilidade da sua reconversão.

Estabeleceram-se, entretanto, princípios a adoptar nas intervenções de reconversão que foram integrados no Plano Director Municipal no qual as instalações dos atuais hospitais estão classificadas como Áreas Centrais e Residenciais. Nelas é permitida habitação, comércio, serviços e turismo, respeitando património arquitectónico e arqueológico.

Como a sua desactivação terá forte impacte no centro da cidade, solicitou-se à Estamo um Estudo para toda a Colina que aprofundasse o conhecimento do património arquitectónico, estabelecesse uma rede de percursos pedonais, definisse a edificabilidade possível, áreas a ceder ao município e propusesse medidas para melhor eficiência energética.

Em paralelo, cabe ao Município definir o uso para os 36 500m de espaços já construídos que lhe vão ser cedidos para a instalação de equipamentos de proximidade e apoio à cidade.

Foi elaborado o Programa Estratégico da Colina de Santana. Que aponta linhas de actuação destinadas a suprir carências existentes, compensar a saída dos hospitais na economia local e potenciar a oportunidade de uma operação que poderá ter grande efeito no centro de Lisboa.

Mas que conclusão a retirar então do debate?

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OPINIÃO

DEPUTADOS

MUNICIPAIS 2014

AML debater lisboa | colina de santana | relatório do sítio 65

Que a integração dos hospitais da Colina de Santana no futuro hospital de Todos-os-Santos é dado adquirido!

Que acautelar os equipamentos de saúde de proximidade no centro da cidade é imperioso!

Que uma Unidade de Cuidados Continuados de Saúde na Colina de Santana, onde a percentagem de idosos é elevada, tem toda a justificação!

Que os registos, ceras, monografias e equipamentos devem ser preservados. Num museu? Mas quem o deverá gerir? Ministério da Saúde? Faculdade de Ciências Médicas?

O património arquitectónico é um valor incontornável da Colina. Nunca uma zona da cidade foi tão escrutinada e estudada. Dezenas de edifícios foram inventariados. O cuidado da equipa de arquitectos na valorização do património é notável. Mas o mais relevante nesta intervenção são as pessoas e a nova vida que se pode dinamizar na Colina.

Há, porém, questões suscitadas no debate que não podem ser adiadas. É preciso um compromisso para erradicar bolsas de pobreza e reabilitar alguns dos bairros mais degradados da cidade. É crucial densificar a rede de equipamentos de proximidade. É preciso garantir que a saída dos funcionários e dos utilizadores dos hospitais é compensada com actividades que sustentem a economia local. Com a ligação desta zona da cidade à saúde através do desenvolvimento do cluster da biotecnologia com as universidades como motor.

A questão agora é - como prosseguir, como executar o P.D.M., tirando partido para a cidade desta oportunidade única:

Uma entidade pública, dona de um património, com um grande potencial de transformação; duas universidades, motores de conhecimento e inovação; um poderoso centro de investigação na área das ciências médicas; uma localização privilegiada que torna a colina apetecível como área residencial e campo ideal para inovações na mobilidade e sustentabilidade ambiental e energética; um património histórico e arquitectónico por descobrir que constitui atracção turística.

A Colina não necessita de mais um plano mas sim de um programa de regeneração e salvaguarda. De um compromisso entre os vários atores. De um calendário de acções e de um programa de investimento.

A legislação urbanística já prevê os instrumentos adequados para esta programação. É por este caminho que se deve avançar. Para os elaborar é necessário reunir competências técnicas e, para o gerir, constituir um gabinete local à imagem do GABIP da Mouraria, que tem dado bons resultados.