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Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VI Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo UMESP (Universidade Metodista de São Paulo), novembro de 2008

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O poder simbólico da notícia:

mídia, eleições e escândalo político

Carlos Figueiredo1

Resumo: Este artigo analisa a disputa, a produção e distribuição de capital simbólico pelos meios de comunicação de massa, durante um escândalo político ocorrido nas eleições municipais do Recife em 2004. A investigação pretende explicitar como os conteúdos veiculados pelos jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio a partir de prerrogativas garantem a estes veículos o exercício do poder simbólico sobre o campo político local, enfatizando como o modo de operação do capital simbólico junto ao público, é ditado, em grande parte por normas e práticas internas do campo jornalístico. Palavras-chave: Escândalo Político, Poder Simbólico, Jornalismo, Eleições, Campo Social

1. Introdução

Os meios de comunicação de massa assumiram uma importância central na

política moderna em países onde vigoram democracias representativas, e não há como

negar que o comportamento dos mass media pode ajudar a decidir eleições, influir em

decisões nos poderes legislativo e executivo, alterar o comportamento dos agentes do

campo político, mobilizar a população em torno de determinados temas etc. Pela

capacidade única de produzir e distribuir capital simbólico, as empresas de mídia se

transformaram em atores com interferência direta no processo político (LIMA, 2006,

p.59). Não faltam, exemplos na política brasileira dessa influência direta como na

famosa edição do debate entre candidatos a presidente em 1989, e no impeachment de

Fernando Collor em 1992, então chefe do executivo nacional.

A fonte de tamanha influencia é um recurso pelo qual os agentes do campo

político competem, e que os meios de comunicação de massa têm a capacidade de

distribuir: o capital simbólico. Assim, acreditamos que para entendermos a relação entre

os campos político e jornalístico é preciso compreender o conceito de poder simbólico,

ou seja, o uso de sistemas simbólicos (BOURDIEU, 2006, p.9) por indivíduos ou

grupos para alcançar seus objetivos e interesses, para intervir no fluxo dos

acontecimentos e em suas conseqüências (THOMPSON, 1998, p.21). Dessa forma, o

capital simbólico pode ser entendido como um dos recursos utilizados para atingir o

poder. O conceito de poder simbólico formulado por Bourdieu (2006) é apresentado de

forma negativa, tal como a formulação do conceito de ideologia apresentado por 1 Jornalista e Mestrando em Comunicação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco (PPPGCOM/ UFPE).

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Thompson (1995), ou seja, usado por grupos dominantes como uma forma de

subjugação de outros grupos. Defendemos aqui que o poder simbólico ou a ideologia é

um recurso que pode ser usado tanto para subjugação de grupos subalternos como para a

libertação desses mesmos grupos, portanto defendemos uma perspectiva neutra para o

conceito.

Existem fatos que são mais propícios para a compreensão de determinados

fenômenos. No nosso caso, o escândalo político é um acontecimento chave para

entendermos o funcionamento dos campos jornalístico e político e as relações de poder

entre esses dois microcosmos sociais. Para Thompson (2002: p.296), escândalos

políticos “são lutas pelo poder simbólico em que a reputação e confiança estão em jogo”

dentro do campo político. Já o poder simbólico do campo jornalístico sobre o campo

político nesses casos advém da visibilidade conferida pelos mass media aos agentes

desse campo, o que faz com que na contemporaneidade a mídia se transforme “na arena

decisiva em que as relações entre políticos e não-profissionais do campo político mais

amplo são criadas, sustentadas e, ocasionalmente, destruídas” (THOMPSON, 2002,

p.134). O escândalo estudado aqui aconteceu num período de eleições, o que direciona

os holofotes midiáticos para o campo político e aumenta os confrontos dentro desse

espaço social, além de permitir observar os resultados imediatos da cobertura dessa

categoria de acontecimentos.

A importância do escândalo para as empresas jornalísticas é fruto do fato de um

acontecimento desta natureza atender às exigências de dois pólos do campo jornalístico

(BOURDIEU, 1997a, p.105 – 106): o ideológico, cuja preocupação seria em afirmar a

auto-imagem dos jornalistas como guardiões da democracia, e o econômico, que tem

como objetivo garantir a sobrevivência econômica da empresa jornalística. O escândalo

político garante credibilidade ao órgão de imprensa, pois este estaria cumprindo seu

papel de vigia das instituições democráticas, e por outro, potencializa o caráter de

mercadoria da notícia uma vez que é uma notícia que os jornalistas acreditam que tenha

apelo junto ao público por envolver pessoas importantes, transgressões a regras e alta

dose de conflito.

Investigaremos os mecanismos que possibilitam ao campo jornalístico exercer

um poder simbólico, influenciando o funcionamento de outros campos, no caso

estudado o político e distribuindo capital simbólico através do material noticioso

publicado. Também é importante entender que essa distribuição, no caso estudado,

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acontece de acordo com o noticiário e com os acontecimentos que vão se impondo aos

jornalistas, e mesmo que os jornalistas tenham grande capacidade de mobiliar capital

simbólico através de determinados enquadramentos, a recepção não é passiva e pode

refutar determinados “ângulos” noticiosos.

Para ilustrar este estudo, tomaremos como campo empírico, as notícias

veiculadas pelos jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio acerca do Caso

Maria do Socorro, um escândalo político ocorrido durante as eleições municipais de

2004 em Recife. O fato envolveu a disputa por uma testemunha no horário eleitoral

gratuito entre os candidatos do João Paulo e Carlos Eduardo Cadoca, do PT e do PMDB

respectivamente. A artesã Maria do Socorro depois de prestar depoimento acerca de

uma obra da administração petista no guia eleitoral do PMDB, e em seguida desmentir

seu testemunho no guia adversário, alegou ter sido espancada por homens

desconhecidos, e teve seu advogado perseguido e espionado por policiais da Casa

Militar de Pernambuco, instância subordinada diretamente ao governador Jarbas

Vasconcelos (PMDB), configurando um possível uso da máquina administrativa para

favorecer de modo ilícito seu partido naquele pleito.

2. O Escândalo

O caso Maria do Socorro, na verdade, é parte de uma grande polêmica

envolvendo a comunidade de Brasília Teimosa que começou com uma promessa do

então recém-eleito presidente da República, Luís Inácio da Silva, em 2003. Lula

prometeu construir, em parceria com a prefeitura do Recife, um complexo habitacional

para os moradores das palafitas do local, que viviam em condições precárias, e a

urbanização da área. A obra começou com a retirada das palafitas e a urbanização da

orla de Brasília Teimosa, enquanto os moradores retirados do local recebiam um auxílio

– moradia até a construção de novas moradias pela prefeitura. A obra passou a ser uma

das vitrines da administração do prefeito João Paulo (PT), candidato à reeleição em

2004.

A polêmica começou quando o guia eleitoral do candidato Carlos Eduardo

Cadoca (PMDB) da coligação União por Pernambuco, veiculado no dia 20 de agosto de

2004, exibiu depoimentos da artesã Maria do Socorro, uma das pessoas removidas das

palafitas, criticando a obra da administração petista. Entre as reclamações estavam a

demora para a entrega das casas aos antigos moradores das palafitas e o fato de a

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prefeitura priorizar a urbanização da orla, para exibir as imagens da obra no guia

eleitoral do PT, em detrimento da acomodação das pessoas removidas. A denúncia feita

pela artesã colocava em xeque, a grande obra do prefeito João Paulo como evidenciava

o título da matéria publicada pelo Diário em 21 de agosto de 2004: “João Paulo na

berlinda” (LOPES, 21/08/2004).

Nessa primeira fase da cobertura das eleições, os jornais pesquisados tendem a

dar ênfase aos ataques feitos pelos demais candidatos ao prefeito-candidato João Paulo

que sofria com o desgaste na sua imagem. Durante esse primeiro momento, o conteúdo

noticioso estava voltado para as ações dos candidatos. Não há um fato forte, segundo os

padrões de produção do jornalismo, o suficiente que permita aos jornais pesquisados

impor de maneira incisiva determinado assunto à agenda pública, e como todos os

candidatos, no momento criticavam João Paulo, os holofotes se voltaram para esse fato.

Aqui a imprensa foi agendada pelos guias eleitorais dos candidatos, e o postulante

petista ficou prejudicado na distribuição do capital simbólico.

Três dias depois, acontece uma reviravolta no caso: a mesma Maria do Socorro

volta a aparecer no horário eleitoral gratuito, mas desta vez no do PT. Mostrando

arrependimento, a artesã confessou que havia prestado o depoimento anterior em troca

de dinheiro e ajuda jurídica para os seus dois filhos que estavam presos. Além disso,

Maria do Socorro dos Santos acusou a esposa do candidato Cadoca, Berenice Andrade

Lima de ter sido a responsável pelo seu aliciamento. Os dois jornais publicaram matéria

sobre a denúncia. O Diário de Pernambuco ressaltou o conflito entre os dois adversários

no texto intitulado “João Paulo contra-ataca”, publicado no dia 24 de agosto de 2004.

No mesmo dia, o concorrente Jornal do Commercio publica matéria sobre o mesmo fato

de título “Frente acusa guia de Cadoca de aliciar ex-moradora de palafita”.

O prefeito do Recife e candidato à reeleição, João Paulo, reuniu ontem à noite o Conselho Político da Frente de Esquerda para apresentar o que, na sua avaliação, se tratava de algo “muito grave”: uma fita de vídeo com um depoimento de uma ex-moradora de uma palafita de Brasília Teimosa – Socorro dos Santos. Em 17 minutos, ela disse ter recebido promessa de ajuda financeira e jurídica para os dois filhos presos caso falasse contra o projeto da prefeitura para Brasília Teimosa no guia de TV do prefeiturável peemedebista Carlos Eduardo Cadoca da última sexta-feira. (JORNAL DO COMMERCIO, 24/10/2004). Na berlinda desde a semana passada, o PT resolveu sair da defensiva, ontem à noite, e utilizar todo o tempo disponível do guia eleitoral para mostrar sua versão sobre "A verdade de Brasília Teimosa". O tema foi explorado pela coligação do prefeiturável Carlos Eduardo Cadoca (PMDB), na última sexta-feira, mas a peça publicitária petista mostrou o inverso, com um novo

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depoimento de Socorro dos Santos, moradora da localidade. Ela foi protagonista do vídeo cadoquista, no qual apareceu chorando e criticando a forma como as famílias de lá foram retiradas das palafitas da orla. Socorro desmentiu seu próprio depoimento, pediu desculpas e disse ter consentido em gravar para o guia do peemedebista sob a promessa de que receberia ajuda financeira e jurídica para livrar dois de seus filhos que estão presos. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 24/10/2004)

Nessa segunda fase da campanha, os candidatos continuam a ditar o ritmo

através do guia eleitoral, contudo o Partido dos Trabalhadores joga uma dúvida sobre a

licitude do primeiro depoimento de Maria do Socorro, e aos olhos da imprensa equilibra

o jogo. Começa aqui uma disputa entre os dois candidatos pela “verdade da obra de

Brasília Teimosa”. Os meios de comunicação, nessas duas primeiras fases, detêm o

poder de tornar os fatos públicos, mas o faz sem grandes questionamentos, apenas

alimentando a polêmica e reproduzindo depoimentos.

O caso ganha um novo componente depois que a artesã, considerada o pivô da

disputa dos dois principais candidatos à prefeitura do Recife, alega ter sido seqüestrada

e espancada por três homens desconhecidos no dia 02 de setembro de 2004. Maria do

Socorro dos Santos passou a viver escondida sob a proteção do Movimento Nacional

dos Direitos Humanos. O caso repercute em matérias como “Dona Socorro denuncia

seqüestro e agressão”, publicada pelo Jornal do Commercio, e “Socorro das Palafitas se

queixa de Agressão” veiculada pelo Diário de Pernambuco, ambas no dia seguinte ao

fato. Como o último depoimento foi dado no guia eleitoral petista, a suspeita recairia

sobre o candidato do PMDB, Cadoca. Questionado pelo caso na matéria “Cadoca evita

entrar em polêmica”, o candidato, percebendo que o caso poderia atrapalhar sua imagem

durante o pleito, diz que não conhece os fatos e que por isso não poderia comentá-los.

O candidato da União pela Mudança, Carlos Eduardo Cadoca (PMDB), não quis polemizar ao falar sobre a agressão sofrida pela artesã Socorro dos Santos, moradora de Brasília Teimosa que foi pivô do até agora mais tenso momento envolvendo os prefeituráveis do Recife. Cadoca limitou-se a dizer que sabia pouco sobre o caso. (DIÀRIO DE PERNAMBUCO, 02/09/2004)

Contudo, é no dia 17 de setembro, com a publicação na grande imprensa de uma

perseguição ao advogado que acompanhava o caso de espancamento de Maria do

Socorro, Dominici Mororó, feita por policiais da Casa Militar do Governo Estadual,

politicamente alinhado à candidatura de Carlos Eduardo Cadoca, que se configura o

escândalo político. A possível participação de indivíduos ocupando cargos eletivos

importantes em determinados acontecimentos potencializa a publicação de uma notícia,

e o fato de o incidente ser uma suspeita de abuso de poder agrega ainda mais valor ao

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acontecimento. Os jornais passam a assumir uma posição mais questionadora, pois os

jornalistas não são apenas um grupo que relata fatos, mas agentes dentro de um campo

social que possui seus próprios valores, e entre eles estão os relativos à democracia que

Gans (1979: p.43) engloba dentro de uma categoria chamada “democracia altruísta”,

que concebe a democracia como um modo de governar cujo fim é atender ao bem

público, sendo a primazia de interesses individuais considerada um desvio. Agentes que

sustentem interesses pessoais dentro do campo político para obter poder político ou

econômico poderão sofrer ataques do campo jornalístico.

Os dois jornais pesquisados veicularam o acontecimento. O Diário de

Pernambuco publicou o fato na matéria “PMs detidos ao seguir advogado de Socorro”

(LOPES E NUNES, 2004), mas sem o privilégio de figurar na primeira capa. Contudo,

o Jornal do Commercio ofereceu uma cobertura mais ampla, colocando o fato como

manchete no dia de sua publicação. A matéria “Policiais da Casa Militar do Estado

flagrados em espionagem” frisa, logo na abertura, as atribuições dos policiais detidos

durante a perseguição, deixando explícita a causa que levaria o caso a se transformar

num escândalo: a ligação dos policiais com o governador do Estado.

Três policiais da Casa Militar de Pernambuco, instituição responsável, entre outras atribuições, pela segurança do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), foram flagrados ontem em perseguição e espionagem ao advogado Dominici Mororó, que há duas semanas acompanha o caso do suposto espancamento da ex-moradora de palafitas de Brasília Teimosa Maria do Socorro dos Santos.. (ANDRADE, 2004).

Os indícios poderiam levar a opinião pública a crer que houve uso da máquina

administrativa para fazer espionagem visando favorecer o candidato apoiado pelo

Governo do Estado. As declarações do Governador Jarbas Vasconcelos e do candidato

Cadoca negando qualquer conhecimento sobre o caso não bastaram para que este fosse

esquecido pela Imprensa, causando um estrago considerável na candidatura do

peemedebista, quando restavam apenas 17 dias para a realização das eleições

municipais.

O capital simbólico de Cadoca iria minguar daqui por diante: todos os

questionamentos sobre o caso eram dirigidos ao peemedebista, enquanto João Paulo,

seu adversário, seguia numa ascensão tranqüila que o levou a uma vitória consagradora,

ainda no primeiro turno. A linha de pensamento defendida aqui é que a distribuição do

capital simbólico sofreu modificações durante a campanha em função do

acontecimento, e fez com que a cobertura dos meios de comunicação de massa

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favorecesse João Paulo, não em função, da inclinação política dos jornais pesquisados,

mas em razão das lutas pelo poder simbólico dentro do campo jornalístico, na busca de

credibilidade, e pelos ideais partilhados pelos participantes do campo.

3. O Poder Simbólico Midiático

Para entendermos as disputas por poder simbólico, no caso estudado é preciso

explicações sobre o conceito de campo, aplicado ao jornalismo. Um campo é um espaço

estruturado, em que há dominantes e dominados; e relações de desigualdade, que se

exercem no interior desse espaço, que é também um campo de lutas para transformar ou

conservar esse campo de forças. (BOURDIEU, 1997, p.57). Nas disputas dentro de um

campo o que conta são os pesos relativos de seus diversos agentes. Por conta disso, os

jornais concorrentes lutam por credibilidade e audiência de acordo com sua

independência econômica e política.

Ou seja, os jornais lutarão durante o desenrolar do escândalo, dentro de suas

limitações, pela melhor cobertura do fato. O que aconteceu foi que os dois jornais foram

obrigados a oferecer ao público uma cobertura acerca do fato, devido aos ditames da

concorrência. No dia 17 de setembro quando os dois jornais pesquisados noticiaram o

fato, o Diário de Pernambuco deu uma cobertura mais tímida, sem dar o privilégio ao

fato de figurar na capa, enquanto o Jornal do Commercio estampou o fato na primeira

página da edição daquele dia. A concorrência entre os dois jornais pesquisados impôs ao

Diário, nos dias seguintes uma cobertura mais ostensiva do acontecimento, embora a

cobertura do Jornal do Commercio continuasse a privilegiar o Caso Maria do Socorro

com mais intensidade.

A força dos meios de comunicação de massa como explicamos antes advém da

circulação, difusão e produção de formas simbólicas para uma audiência numericamente

indefinida dispersa no tempo e no espaço. Contudo, a difusão dessas formas simbólicas

se transforma em poder simbólico de diferentes formas. No escândalo político estudado,

nos concentramos em três formas de concretização desse poder, cujo objetivo é lucro

financeiro e credibilidade para as empresas jornalísticas. No caso do campo político, a

disputa por capital simbólico é um meio de alcançar o poder de governar.

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3.1 O Poder da Legitimidade Social

Grande parte do poder simbólico do jornalismo advém da crença no jornalista

como guardião da democracia, um rival do poder; que nos termos de Bourdieu poderia

ser descrita como a illusio do campo, uma fantasia subjetiva assentada numa crença

partilhada, à qual os de um campo aderem em busca de distinção, de honra, de um

sentido para seus atos, de uma razão para existir, em outras palavras a illusio dá

sustentação aos atos dos agentes de determinado campo (BOURDIEU, 1996, p.106).

Além da posição de guardião da democracia podemos citar a função de difusor

do discurso de informação (CHARAUDEAU, 2006, p.12). Os meios de comunicação de

massa se legitimaram como instância legítima na produção e difusão desse tipo de

discurso que sempre assumiu um lugar central na organização social, nas mais diversas

organizações societárias: “o discurso de informação é uma atividade de linguagem que

permite que se estabeleça nas sociedades o vínculo social sem o qual não haveria

reconhecimento identitário” (Ibid, p.12). O fato de o campo jornalístico ser o

responsável pela difusão da informação é uma forma de legitimar sua importância

social, tornando os agentes do campo benfeitores perante a audiência, um grupo que tira

a recepção da ignorância para apresentar o mundo diante de seus olhos. A informação é

um saber, e os jornalistas os transmissores desse conhecimento (Ibid, p.33).

Um importante exemplo da força dessa crença é a matéria publicada pelo Jornal

do Commercio, “Cadoca engrossa o coro do nada sei”, publicada no dia posterior à

prisão dos policiais da casa militar. Aqui o jornal se coloca como defensor do cidadão

cobrando uma posição dos envolvidos. A matéria é uma continuação da retranca “Jarbas

afirma que não sabia de espionagem”, em que o governador do estado negou conhecer a

operação da qual participavam os policiais subordinados a ele.

A reação do candidato Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) ao ser abordado sobre o flagrante dos PMs engrossou o coro do “nada sei”, que soou durante todo o dia, no Palácio das Princesas e na aliança governista. Na chegada à casa de recepções Blue Angel, ontem à noite, para o lançamento de seu programa de Governo, e depois de ter escalado o coordenador-geral da campanha, Chico de Assis, para falar sobre o ocorrido, Cadoca resumiu em “não há fatos novos”, em relação ao que foi dito por Chico. Tudo que o coordenador de campanha do peemedebista disse foi: “O fato está sob investigação, não tenho detalhes sobre essa história e estamos tão surpresos quanto qualquer outra pessoa”. (JORNAL DO COMMERCIO, 17/09/2004)

O poder simbólico advindo do mito de guardião da democracia pode minar a

autonomia do campo político que não pode simplesmente ignorar a cobrança dos

jornalistas que inquirem com a legitimidade da crença socialmente aceita de defensores

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da cidadania. O poder derivado dessa mitologia jornalística é tão forte que é capaz de

abalar a autonomia do campo político, uma vez que o público precisa ser informado e a

imprensa é responsável por isso.

3.2 O Poder de Tornar Público

Bourdieu (1997: 29) observa que os meios de comunicação de massa se

tornaram árbitros do “acesso à existência política e social”. No mundo contemporâneo,

alguma personalidade ou evento passa a existir socialmente quando se transforma em

notícia veiculada pela mídia. Michael Schudson (2003: 29) considera esse poder o mais

perceptível entre todos os outros alegados nos mais diversos estudos sobre o tema. Os

valores e procedimentos internos compartilhados pelos agentes do campo são a chave

para compreender a produção e seleção de notícias (TRAQUINA, 2005), e, portanto do

que ganhará existência pública. Essa é a razão pela qual Bourdieu (1997: 25) afirma que

“os jornalistas têm ‘óculos’ especiais a partir dos quais vêem certas coisas e não outras;

e vêem de certa maneira as coisas que vêem. Eles operam uma seleção e uma

construção do que é selecionado”.

Escândalos políticos são casos que envolvem infração, conflito, pessoas

notáveis, enfim uma série de fatores que fazem com que o fato seja escolhido para

figurar numa edição do jornal em detrimento de outros. É possível dizer, de acordo com

as teorias do jornalismo, que os Escândalos Políticos são acontecimentos que têm

maiores chances de entrar no noticiário por obedecerem à critérios de seleção que

pressupõem as expectativas do público e servem para tornar fácil a escolha do que vai

ser publicado, os critérios de noticiabilidade que são:

critérios de seleção dos elementos dignos de serem incluídos no produto final, desde o material disponível até a redação. Em segundo lugar, funcionam como linhas-guias para a apresentação do material, sugerindo o que deve ser realçado, o que deve ser omitido, o que deve ser prioritário na preparação de notícias a apresentar ao público. (WOLF, 2002, p198)

O que aconteceu no caso das eleições de 2004 foi que a força do escândalo

enquanto fato jornalístico fez com que os jornais pernambucanos impusessem uma

agenda política baseada no caso Maria do Socorro. De acordo com a hipótese da

agenda-setting, a mídia possui o poder de orientar a agenda pública ao salientar

determinados assuntos durante um determinado espaço de tempo.

(MCCOMBS,SHAW,1990, p.75). Durante a eleição de 2004, a mídia orientou a

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discussão pública para o escândalo, eclipsando os demais acontecimentos da campanha

eleitoral de 2004 como as propostas e as biografias dos candidatos.

As propostas dos candidatos para melhoria na capital pernambucana foram

deixadas em segundo plano dentro do noticiário. Os candidatos não envolvidos no

confronto, que já tinham sua visibilidade prejudicada por ocuparem posição inferior nas

pesquisas de intenção de voto, foram relegados praticamente ao limbo no noticiário

político dos dois jornais pesquisados. O candidato Joaquim Francisco (PTB), por

exemplo, resolveu acompanhar a agenda midiática para conseguir uma maior inserção

no noticiário. Na matéria “Joaquim afirma que caso é grave e pede apuração”, publicada

no dia 17 de setembro de 2004, o candidato não se furta de falar do assunto, pedindo

investigação sobre o caso, além de alegar não ser comum o envolvimento da Casa

Militar, responsável pela segurança do governador se envolver em investigações.

Joaquim define o caso como grave. (JORNAL DO COMMERCIO, 17/09/2004)

Já o candidato do Partido Popular Socialista (PPS), Raul Jungmann, explicitou

seu desconforto com a polarização entre os candidatos envolvidos no escândalo, no caso

Cadoca e João Paulo como relatou o Jornal do Commercio na matéria “Jungmann

critica ‘fulanização’ do debate”. O candidato do PPS reclama da falta de discussão de

projetos para a cidade causada pela centralização do debate em torno do depoimento da

artesã Maria do Socorro (JORNAL DO COMMERCIO, 09/09/ 2004). Os dois

candidatos a seu modo tentaram conseguir maior visibilidade através de comentários ou

ações envolvendo o tema que vigorava, mostrando que como os campos jornalístico e

político têm em comum a busca pela sanção da maioria (BOURDIEU, 1997a, p. 114-

115). Joaquim Francisco e Jungmann procuraram agir de forma a acompanhar a lógica

midiática, ainda que o segundo tenha tentado fazer um contraponto aos candidatos

envolvidos no escândalo, o caso não deixou de ser objeto de comentarário.

3.3 O Poder de Dar Veredictos

A mídia “não cessa de intervir para enunciar veredictos” (BOURDIEU, 1997,

p.83). Apontando o que é ou não relevante nos demais campos sociais, prevendo os

desdobramentos possíveis e elegendo os baluartes dentro daqueles campos. O escândalo

Maria do Socorro é um bom exemplo desse poder. Após os fins das eleições, os dois

jornais apontaram caminhos diferentes para os dois candidatos e definiram que a causa

da vitória do candidato João Paulo foi as declarações da artesã.

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As carreiras políticas dos envolvidos, na perspectiva apresentada pelos jornais,

tomariam rumos diferentes depois da exposição da imagem de ambos durante o caso.

Cadoca passou a ser considerado um político sem carisma como aponta a análise da

matéria “Fracasso nas urnas é explicado pela falta de um líder carismático” publicada

pelo JC em 04 de outubro, além de ter sido marcado pelo escândalo político. João

Paulo, o vencedor, ganha a fama de líder carismático e grande liderança política

esquerdista do estado, sendo considerado a novidade política local, que demonstrava

que Pernambuco se desligava dos velhos nomes ligados à luta ou ao apoio à ditadura.

Ex-metalúrgico e oriundo de um partido de esquerda, o petista atingia o estrelato

político (SANTIAGO, 04/ 10/2004).

Dessa forma, o jornalismo passa não apenas a constituir um dispositivo de

representação da política, mas passa, através do seu discurso próprio, de narrador a

agente dentro do espaço político (FAUSTO NETO, 1995, p.10). A mídia passa agir no

campo político quando traz o embate para seus domínios, através de entrevistas e

pesquisas de opinião, ou, em que funcionam como um “poder paralelo”, usando

determinadas estratégias como a interpretação em que indicam os caminhos e os

destinos da política e, também, de seus atores.

4. Conclusão

O poder simbólico no campo político é algo que está em permanente disputa e

os mass media são os responsáveis pela distribuição de grande parte do capital

simbólico, recurso que dá origem a esse poder. A capacidade de concentração e difusão

de capital simbólico pelo campo jornalístico faz com que agentes do campo político,

que vive numa profunda relação de simbiose com o campo jornalístico, sejam obrigados

a obedecerem a regras impostas pelas restrições próprias do jornalismo. Essa influência

garantida pelo poder de dar existência pública a fatos e pessoas é o que faz com que o

trabalho de jornalistas possa desequilibrar a balança política para um dos lados.

Embora o histórico da relação entre meios de comunicação de massa e política

no Brasil contenha episódios problemáticos, em muitos casos fazer um diagnóstico do

material noticioso baseado na veiculação de conteúdos ideológicos ligados ao ideário ou

ao projeto de determinado partido ou grupo político pode ser problemático. É lógico que

tal fato pode acontecer, mas no caso estudado aqui observamos uma situação diversa,

pois os dois jornais querendo ou não foram obrigados a publicar matérias sobre um

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assunto que transformou o cenário e a visibilidade dos dois candidatos. Aqui a luta pelo

poder simbólico obrigou a cobertura dos fatos, e acabou influenciando as lutas dentro

do campo político, decidindo as eleições. No caso estudado aqui estudado pareceu

proveitoso seguir as recomendações de Michael Schudson (2003: p.23) de que é preciso

evitar fazer perguntas simplistas ao avaliarmos o verdadeiro poder do jornalismo.

No caso do escândalo político, em que os acontecimentos podem obstruir

projetos políticos, e destruir imagens cuidadosamente fabricadas, o alcance do poder

simbólico jornalístico ganha maior realce, pois as lutas dentro do campo político por

capital simbólico, ou seja, por reputação e pela confiança do eleitorado se tornam

explícitas. A importância da mídia na disputa por capital simbólico fica mais evidente

no caso estudado pelo fato de o escândalo ter acontecido num período eleitoral, e como

Rubim (2002: 96) defende: eleições são disputas comunicativas, em que os candidatos

manipulam símbolos com o intuito de conquistar o eleitor.

Portanto, um caso como um escândalo político, que pode ser caracterizado como

uma disputa simbólica por reputação dentro do campo político, durante o período

eleitoral muda completamente a composição de forças dentro do campo político,

permitindo que se tenha uma idéia acerca das conseqüências das informações

divulgadas acerca do fato, pois os resultados das eleições podem ser usados como um

indício do poder do campo jornalístico.

5. Referências BORDIEU, Pierre. A economia das trocas lingüísticas. São Paulo: Edusp, 1996. _____________. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. ______________. A Influência da Televisão. In: BORDIEU, Pierre. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997a. _______________. Sobre o Poder Simbólico. In: BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. pg. 7 – 16. CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. São Paulo: Contexto, 2006. GANS, Hebert J. Deciding What’s News: A Study of CBS Evening News, NBC Nightly News, Newsweek and Times. New Work: Vintage Books Edition, 1979. LIMA, Venício A, de. Mídia: Crise Política e Poder no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006. NETO, Antônio Fausto. O Impeachment da Televisão: Como se Cassa um Presidente. Rio de Janeiro: Diadorim Editora, 1995.

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