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Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 63 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X
O PERFIL DOS ASSOCIADOS E O DESEMPENHO DA UNICRED ERECHIM
Everton Luis Poletto1 Cassiano Tiago Lumi2
RESUMO Este trabalho tem por objetivo mapear e conhecer o quadro social e analisar os indicadores de evolução da Unicred Erechim em um determinado período, visando oportunizar aos Diretores e membros dos Conselhos de Administração e Fiscal tomar decisões mais assertivas no intuito de melhorar a gestão e definir o planejamento estratégico. A pesquisa envolveu dados bibliográficos e documentais e foi realizada com base em perfil explicativo, buscando um conjunto de informações para ser analisado e interpretado do ponto de vista do problema proposto. O estudo, cujos dados apresentam um expressivo crescimento da cooperativa, evidenciado, principalmente, nas sobras e indicadores de qualidade de gestão, confirma a importância da análise proposta para que a diretoria possa ter maior conhecimento sobre a empresa, especialmente, a partir de quem e quais são seus cooperados a fim de potencializar ações e por consequência o desenvolvimento da instituição. Palavras-Chave: Gestão – indicadores – Unicred Erechim – evolução ABSTRACT This work aims to chart and know the social chart and analyze the evolution indicators of Unicred Erechim in a certain moment, to give chance to the Directors and Administration and Fiscal Council members to take best decisions to improve the management and define the tactician planning. The research involved bibliographic and documental data and it was made through an explanatory way, looking for a group of information to be analyzed and interpreted through the motioned problem. The data presents a cooperative great growth, showing, mainly, the remainders and the management quality indicators, confirming the importance of the motioned analysis to the directors, who can know better the company, specially, what are their cooperators to powered the actions and then develop the institution. Key-words: Management – indicators – Unicred Erechim – evolution.
1 Graduado em Ciências Contábeis, com MBA em Economia e Gestão de Empresas, Acadêmico do Curso de MBA em Gestão de Cooperativas da Faculdade Anglicana de Erechim, email: [email protected] 2 Professor e Coordenador do curso de Administração da Faculdade Anglicana de Erechim - FAE, email: [email protected]
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1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo mapear e conhecer o quadro social e analisar os
indicadores de evolução da Unicred Erechim em um determinado período, visando
oportunizar aos Diretores e membros dos Conselhos de Administração e Fiscal tomar
decisões mais assertivas no intuito de melhorar a gestão e definir o planejamento
estratégico.
Segundo Vergara (2004, p.32):
Relevância do estudo é a resposta que o autor do projeto dá à seguinte indagação do leitor: em que o estudo é importante para a área na qual na qual você está atuando, ou para a área na qual busca formação acadêmica, ou para a sociedade em geral? Em outras palavras, nessa seção o autor justifica seu estudo apontando-lhe contribuições de ordem prática ou ao estado da arte na área (VERGARA, 2004, p. 32).
A pesquisa é de grande relevância para a Diretoria Executiva e membros dos
Conselhos de Administração e Fiscal, já que, praticamente, não existem estudos que
demonstrem a trajetória de crescimento e evolução da cooperativa, permitindo analisar
seu desenvolvimento nos últimos anos, bem como mapear e conhecer o seu quadro social.
O trabalho envolveu dados bibliográficos e documentais e foi realizado com base
em perfil explicativo, buscando um conjunto de informações para ser analisado e
interpretado do ponto de vista do problema proposto. Sua população é formada por alguns
indicadores da Unicred Erechim. A amostra é não-probabilística, baseada por
acessibilidade.
Foram coletados dados junto à cooperativa de crédito, com diretores e gerência e
também levantamento interno através do Sistema de Automação da Unicred, feita por
meio de login e senha de acesso do usuário. Depois da pesquisa do surgimento da
cooperativa, buscou-se dados a partir de 2010, quando fora possibilitada ampliação do
quadro social, permitindo a cotação da evolução do tema em análise.
No Referencial Teórico que fundamenta esse artigo consta a pesquisa
bibliográfica acerca do assunto que envolve a sociedade cooperativa, os princípios do
cooperativismo e a Unicred Erechim. Na Metodologia está a forma utilizada para avaliar
as informações e realizar a análise desta pesquisa teórico-empírica, quantitativa,
exploratória, descritiva e explicativa, bibliográfica e documental. No Desenvolvimento
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do Estudo o perfil dos cooperados da Unicred Erechim é definido por meio de faixas
contemplando a composição do capital e quadro social, idade, tempo de constituição da
Pessoa Jurídica e de associação da Pessoa Física, profissão, sexo, investidores, tomadores,
provisão de crédito e evolução das sobras. Nas Conclusões e Considerações Finais, este
artigo afirma o atingimento dos objetivos propostos com a identificação do perfil do
quadro social da cooperativa, informação que, somada à leitura e à interpretação de outros
indicadores, que confirmam o crescimento da Unicred Erechim, visa municiar diretores
e membros dos Conselhos Administrativo e Fiscal a definir ações que possam
potencializar ainda mais o desenvolvimento da instituição.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 SOCIEDADE COOPERATIVA
As Sociedades Cooperativas são reguladas pela Lei 5.674 de 16 de dezembro de
1971, que conceitua este tipo de sociedade como:
Art. 3º - celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obriga a contribuir com bens e serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum sem objetivo de lucro”. Art. 4º - “As Cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características: adesão voluntaria; variabilidade de capital social representado por quotas-partes; limitação do numero de quotas-partes do capital para cada associado; incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos a sociedade; singularidade no voto; quórum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no número de associados e não no capital; retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberações em contrário da Assembleia Geral; indivisibilidade dos Fundos de Reserva e Assistência Técnica Educacional e Social; neutralidade politica e indiscriminação religiosa, racial e social; prestação de assistência aos associados, e, quando previsto no estatuto, aos empregados da cooperativa; área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operação e prestação de serviços (LEI 5.674, 1971).
Cooperativa é uma associação de pessoas com interesse em comum,
economicamente organizada, com a participação livre de todos e respeitando os direitos
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e deveres de cada um dos cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos.
Cooperativas são entidades que exercem suas atividades orientadas por legislação
diferenciada, por meio de atos cooperativos, na prestação de serviços direto aos seus
associados, não existe objetivo de lucro. São identificadas de acordo com o objeto ou pela
natureza das atividades desenvolvidas seja por ela ou pelo associado. O empreendimento
cooperativo tem por objeto a prestação de serviços aos seus próprios donos, que são
também seus clientes. Esta relação como característica própria é que diferencia a
cooperativa de outras empresas.
A lei permite que a cooperativa opere com não associados, sendo que, os
resultados obtidos com estas prestações deverão ser destinados ao Fundo de Assistência,
Educacional e Social, contabilizado separadamente, que permita o calculo para incidência
de tributos.
Segundo Juvêncio (2000, p.22), cooperativa é uma associação de pessoas, com
três características básicas:
I – Propriedade Cooperativa: significa que os usuários são proprietários e não apenas detêm capital; II – gestão cooperativa: implica concentração do poder decisório em mãos dos associados; III – Repartição cooperativa: significa que a distribuição de sobras da cooperativa (sobra liquida) é feita proporcionalmente à participação dos associados nas operações da mesma (JUVÊNCIO, 2000, p. 22).
De acordo com a Vermeulen (2008, p.15), cooperativa é uma associação de
pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer as aspirações e necessidades
econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva
e democraticamente gerida.
Cooperativa é uma empresa com características especiais. É uma sociedade de pessoas, com caráter social, sem objetivo de lucro, formada e dirigida pelos cooperados, que tem igualdade de direito, com o objetivo de desenvolver sua atividade econômica, eliminando intermediários e valorizando o cooperado através do processo produtivo (BENATO, 2004, p. 61).
As principais características de uma cooperativa são:
I – ser constituída pelo numero mínimo de associados, conforme previsto no art.
6 da Lei nº 5764/71, ressaltando-se que as cooperativas singulares não podem ser
constituídas exclusivamente por pessoas jurídicas;
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II – Sociedade de pessoas;
III – Objetivo principal é a prestação de serviços;
IV – Pode ter número ilimitado de cooperados;
V – O controle é democrático, ou seja, uma pessoa é igual a um voto;
VI – Na assembleia, o quórum é baseado no número de cooperados;
VII – Não é permitida a transferência de quotas parte a terceiros, estranhos à
sociedade, mesmo que por herança;
VIII – O retorno é proporcional ao valor das operações;
IX – Não está sujeita à falência;
X – Constitui-se por intermédio da assembleia dos fundadores ou por instrumento
publico, e seus atos constitutivos devem ser arquivados na Junta Comercial e publicados;
XI – Tem neutralidade política e não faz discriminações religiosas, sociais e
raciais;
XII – Deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo
vedado o uso da expressão “banco”;
XIII – Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de
dissolução da sociedade.
O capital de todos os sócios são recursos disponíveis para o giro da riqueza, quanto maior for o capital, maiores, serão os recursos direcionados ao giro da satisfação das necessidades de cada um. Através do capital do sócio a cooperativa pode adquirir bens de capital que permitam o desempenho das funções. Instrumentos como moveis e utensílios, prédios, veículos, equipamentos são intermédios para atingir os objetivos, através do elemento humano que operacionaliza o patrimônio e administra a gestão (VERMEULEN, 2008, p. 16).
Segundo Zangheri (2000, p. 34), a cooperativa prestará serviços àqueles que são
ao mesmo tempo seus usuários, pois participarão diretamente das operações da empresa,
e seus proprietários, já que decidirão sobre o destino da sociedade, ate porque é na esfera
social que lhes está assegurado sua condição de sujeito de todo o processo decisório na
sociedade.
A cooperativa não se preocupa em produzir lucros de capital, mas sim com os seus
associados, para que eles possam utilizar os bens e serviços com menor custo e melhor
qualidade, maximizando assim as rendas e poupanças individuais. O associado sendo
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dono e proprietário ao mesmo tempo, ele participa na cooperativa nas operações como
usuário e participa nas decisões como proprietárias.
A gestão de uma cooperativa é democrática, na assembleia se discutem assuntos estratégicos, os votos dos cooperados têm o mesmo peso. As sobras retornam ao cooperado na proporção à sua atividade com a empresa. Assim como se ocorrem perdas estas serão rateadas entre os associados do negócio. Conforme disposto no artigo 3º da lei 5.764/71, as cooperativas se constituem sem objetivo de lucro. Nas demais empresas os lucros são partilháveis de acordo com o montante de ações ou quotas integralizadas, nas cooperativas prevalecem sobras ou insuficiências não caracterizando lucros ou prejuízos (VERMEULEN, 2008, p. 17).
Na apuração ao final do exercício, poderão ser apresentados resultados tanto
positivos quanto negativos, nas sociedades capitalistas resultado positivo é entendido
como lucro, já nas sociedades cooperativas este resultado entende-se como sobras do
período. Se apurado resultado negativo, nas sociedades capitalistas representam
prejuízos, nas cooperativas apura-se como perdas. As sobras apresentadas poderão ser
rateadas entre os sócios, porém, somente após as deduções de percentual das reservas
legais, quando há perda, primeiramente será coberto através do Fundo de Reserva Legal,
e, se for insuficiente, deverá ser rateado entre os associados conforme sua utilização
durante o exercício.
O ingresso nas cooperativas é livre a todos os que desejarem utilizar os serviços
prestados desde que concordem com os propósitos sociais e se enquadrem nas condições
estabelecidas no estatuto social da cooperativa.
O Estatuto Social é à base da cooperativa, pois neste documento estão formuladas
as linhas gerais de funcionamento. Para a constituição de uma cooperativa é necessária,
primeiramente, a constituição de uma Assembleia de Constituição, onde deverá ser
aprovado o Estatuto Social. Após este procedimento é feita a Ata que deverá ser registrada
na Junta Comercial para posterior aprovação.
A administração da cooperativa é feita através de diretoria juntamente com
conselho de administração, eleitos através de Assembleia Geral Ordinária, conforme art.
47 da lei 5.764/71:
A sociedade será administrada por uma Diretoria ou Conselho de Administração, composto exclusivamente de associados eleitos pela Assembleia Geral, com
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mandato nunca superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a renovação de, no mínimo, 1/3 (um terço) do Conselho de Administração (LEI 5.764, 1971 ART. 47).
Conforme art. 56 da lei 5.764/71, a administração é fiscalizada por conselho eleito
em Assembleia Geral Ordinária:
A administração da sociedade será fiscalizada, assídua e minuciosamente, por um Conselho Fiscal, constituído de 3 (três) membros efetivos e 3 (três) suplentes, todos associados eleitos anualmente pela Assembleia Geral, sendo permitida apenas a reeleição de 1/3 (um terço) dos seus componentes (LEI 5.764, 1971, ART. 56).
No Estatuto Social deve conter as seguintes informações:
I- a denominação, sede, prazo de duração, área de ação, objeto da sociedade,
fixação do exercício social e da data do levantamento do balanço geral;
II- os direitos e deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e as
condições de admissão, demissão, eliminação e exclusão e as normas para sua
representação nas assembleias gerais;
III- o capital mínimo, o valor da quota-parte, o mínimo de quotas-parte a ser
subscrito pelo associado, o modo de integralização das quotas-parte, bem como as
condições de sua retirada nos casos de demissão, eliminação ou de exclusão do associado;
IV- a forma de devolução das sobras registradas aos associados, ou do rateio das
perdas apuradas por insuficiência de contribuição para cobertura das despesas da
sociedade;
V- o modo de administração e fiscalização, estabelecendo os respectivos órgãos,
com definição de suas atribuições, poderes e funcionamento, a representação ativa e
passiva da sociedade em juízo ou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo
de substituição dos administradores e conselheiros fiscais;
VI- as formalidades de convocação das assembleias gerais e a maioria requerida
para a sua instalação e validade de suas deliberações, vedado o direito de voto aos que
nelas tiverem interesse particular sem privá-los da participação nos debates;
VII- os casos de dissolução voluntária da sociedade;
VIII- o modo e o processo de alienação ou oneração de bens imóveis da sociedade;
IX- o modo de reformar o estatuto;
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X- o número mínimo de associados.
Cooperativa é uma organização de pessoas que se baseia em valores de ajuda mutua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Seus objetivos econômicos e sociais são comum a todos. Os aspectos legais e doutrinários são distintivos de outras sociedades. Seus associados acreditam em valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante (Vermeulen, 2008, p.18).
Alguns conceitos segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (2016):
I – Cooperar: unir-se a outras pessoas para enfrentar conjuntamente situações adversas, transformando-as em oportunidades. II – Cooperação: método pelo qual indivíduos com interesses em comum constituem um empreendimento. Os direitos são iguais e o resultado alcançado é repartido somente entre os integrantes proporcionalmente a participação de cada um. III – Sócios: indivíduo, profissional, produtor de qualquer atividade econômica que se associa a uma Cooperativa para exercer a atividade econômica ou adquirir bens e serviços (OCB, 2016).
Conforme a OCB (2016) é direito do cooperado:
I – votar e ser votado;
II – participar de todas as operações da cooperativa;
III – receber retorno de sobras apuradas no final do exercício;
IV – examinar livros e documentos;
V – convocar assembleia, se necessário;
VI – pedir esclarecimentos aos Conselhos Fiscal e de Administração;
VII – opinar e defender suas ideias;
VIII – propor medidas de interesse para a cooperativa.
De acordo com a OCB (2016) são deveres dos associados:
I – operar com a cooperativa;
II – participar das assembleias;
III – pagar suas quotas – partes em dia;
IV – acatar as decisões da Assembleia Geral;
V – votar nas eleições da cooperativa;
VI – cumprir com seus compromissos na cooperativa;
VII – zelar pela imagem da cooperativa.
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2.1.1 Os princípios do cooperativismo
Os sete princípios do cooperativismo são as linhas orientadoras por meio das quais
as cooperativas levam os seus valores à prática. Foram aprovados e utilizados na época
em que foi fundada a primeira cooperativa do mundo, na Inglaterra, em 1844. São eles:
1º - Adesão voluntária e livre – as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas. 2º - Gestão democrática – as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática. 3º - Participação econômica dos membros – os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos será, indivisível; benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa; e apoio a outras atividades aprovadas pelos membros. 4º - Autonomia e independência – as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa. 5º - Educação, formação e informação – as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação. 6º - Intercooperação – as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais - força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. 7º - Interesse pela comunidade – as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros (AGPTEA).
2.2 UNICRED ERECHIM
A Unicred Erechim é uma cooperativa de crédito fundada em 05 de agosto de
1996, por um grupo de médicos cooperados do Sistema Unimed, moldada a partir de
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exemplares já existentes no Estado. Inicialmente a Unicred Erechim organizou-se para
ser um braço financeiro da Unimed, ou seja, nesta o médico trabalhava e recebia sua
remuneração e na Unicred faria suas aplicações, conseguindo empréstimos a juros mais
baixos que os praticados no sistema financeiro, para desenvolvimento profissional e
melhorar sua qualidade de vida.
Na cooperativa, o aspirante a associado tem seu nome avaliado e se aceito pelo
Conselho de Administração, matricula-se pagando a cota capital à vista ou a prazo
conforme prevê o Estatuto Social e Regimento, assumindo os direitos e deveres de
cooperado.
Com a evolução, o Sistema chegou à estagnação devido às limitações impostas
pela legislação, e também pela própria natureza, dificultando a operacionalização da
Unicred, principalmente as singulares. Este fato ocorre fundamentalmente nas localidades
com número reduzido de profissionais médicos, e por isso fora solicitado e permitido pelo
Banco Central do Brasil (Bacen) que todas as Unicreds pudessem operar com os demais
profissionais da área da saúde, além de familiares e empresas afins, como empregados
não eventuais, o que facilitou o crescimento e desenvolvimento do quadro social e
também do patrimônio da instituição como consequência das novas possibilidades de
associações abertas, permitindo a evolução com crescimento sólido da cooperativa.
Como as outras singulares, a Unicred Erechim abriu seu quadro social para os
demais profissionais da saúde, acompanhando o crescimento sistêmico, e ampliando seu
quadro de atuação. Em 2010, após nova solicitação ao Bacen, a cooperativa obteve a
aprovação do órgão competente para poder associar, além de médicos e demais
profissionais da área da saúde, também administradores, contadores, economistas,
arquitetos, engenheiros de todas as categorias, seus familiares e empresas afins. Isso abriu
novas oportunidades de crescimento e ganhos, porém houve, também, aumento de riscos,
responsabilidades e dificuldades nos controles, principalmente, nas operações com os
cooperados, que demandou à cooperativa investimentos em tecnologia, infraestrutura,
mão de obra qualificada, educação cooperativa os diretores e membros dos Conselhos de
Administração e Fiscal, melhoria na assessoria jurídica e auditorias e na qualidade dos
produtos e serviços ofertados aos cooperados.
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3 METODOLOGIA
Conforme Vergara (2004, p. 46), “o leitor deve ser informado sobre o tipo de
pesquisa que será realizado, sua conceituação e justificativa à luz da investigação
especifica”. O estudo foi realizado com perfil explicativo, buscando um conjunto de
informações, podendo analisar-se e interpretar-se os dados coletados, que originam o
tema deste artigo.
Vergara (2004, p. 47) descreve a pesquisa explicativa como sendo a investigação
explicativa que tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificando os
motivos. “Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a
ocorrência de determinado fenômeno” (VERGARA, 2004, p. 47).
A pesquisa é teórico-empírica, quantitativa, exploratória, descritiva e explicativa,
bibliográfica e documental, constituindo-se também num estudo de caso sobre a Unicred
Erechim ao analisar alguns indicadores de crescimento da cooperativa.
Araújo (2008) define estudo de caso como:
O estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos fatores (ARAÚJO, 2008, p. 72).
Vergara (2004, p. 50) define população e amostra:
Trata-se de definir toda a população e a população amostral. Entenda-se aqui por população não o número de habitantes de um local, como é largamente conhecido o termo, mas um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características que serão objeto de estudo. População amostral ou amostra é a uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério de responsabilidade (VERGARA, 2004, p. 50).
A população desse estudo é alguns indicadores da Unicred Erechim. A amostra é
não-probabilística, baseada por acessibilidade. Conforme Vergara (1997, p. 49), “longe
de qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a
eles”.
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Vergara (2004, p. 54) observa que na coleta de dados, o leitor deve ser informado
como se pretende obter os dados de que precisa para responder o problema. Para este
estudo, foram utilizados, como fonte de dados, informações coletadas junto à cooperativa
analisada, com diretores e gerência, além de pesquisa interna através do Sistema de
Automação da Unicred, por meio de login e senha de acesso do usuário.
“Tratamento dos dados refere-se àquela seção na qual se explicita para o leitor
como se pretende tratar os dados a coletar, justificando por que tal tratamento é adequado
aos propósitos do objetivo” (VERGARA, 2004, p. 59).
Primeiro coletou-se informações sobre o surgimento da cooperativa e,
posteriormente, dados sobre seu crescimento a partir de 2010 quando fora possibilitada
ampliação do quadro social, permitindo a evolução da organização, tema desta análise. O
estudo envolveu a avaliação do perfil dos cooperados da Unicred Erechim por meio de
faixas contemplando a composição do capital e quadro social, idade, tempo de
constituição da Pessoa Jurídica e de associação da Pessoa Física, profissão, sexo,
investidores, tomadores, provisão de crédito e evolução das sobras.
4 DESENVOLIMENTO DO ESTUDO 4.1 CAPITAL SOCIAL
O Capital Social é o somatório de todas as quotas-partes dos associados da
cooperativa. A quota-parte é uma quantia em dinheiro que os associados depositam no
momento em que entram na cooperativa. Esse dinheiro contribui para o suporte das
atividades financeiras da instituição. Para funcionarem, as cooperativas precisam de
recursos, pois necessitam de capacidade própria de capitalização, o que as viabiliza
operacional e negocialmente. O incremento do capital ocorre pela adesão de novos
associados.
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Figura 1 - Capital Social
Fonte: Dados da Pesquisa
Conforme artigo 9º do Estatuto Social, Título VI – Do Capital Social – os
associados admitidos na cooperativa deverão subscrever, pelo menos, 2.000 (duas mil)
quotas-partes, equivalentes a R$ 1,00 (um real) cada uma, no valor de R$ 2.000,00 (dois
mil reais), integralizados mensalmente, na quantidade mínima de 20 (vinte) quotas-partes,
até atingir o valor retro citado, denominado capital mínimo.
Na distribuição apresentada, foi analisada, através de faixas, a composição do
capital dos associados da Unicred Erechim. Nota-se que 43,48% dos cooperados têm até
R$ 2.000,00 (dois mil reais) de capital social integralizado, o mínimo estabelecido pela
cooperativa. Do total dos associados 47,13% detém capital social entre R$ 2.000,01 (dois
mil reais e um centavo) até R$ 10.000,00 (dez mil reais), e, 9,38% dos cooperados
possuem acima de R$ 10.000,01 (dez mil reais e um centavo) de capital social.
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4.2 QUADRO SOCIAL Figura 2 - Quadro Social
Fonte: Dados da Pesquisa
Atualmente, 81,51% do quando social da Unicred Erechim são Pessoas Físicas e
18,49% Pessoas Jurídicas, estas, obrigatoriamente, vinculadas à Pessoa Física, ou seja,
para uma empresa ter conta corrente na cooperativa é necessário que seus sócios sejam
associados contemplados no Estatuto Social.
4.3 IDADE Figura 3 - Idade dos Associados Pessoa Física
18,49%
81,51%
ASSOCIADOS
PJ
PF
13,33% 4,94%
6,93%
12,47%
13,33%9,18%
9,61%
8,31%
6,58%
6,15%4,16%
1,99%
1,30%
1,73%
0 ATÉ 18
18 ATÉ 25
25 ATÉ 30
30 ATÉ 35
35 ATÉ 40
40 ATÉ 45
45 ATÉ 50
50 ATÉ 55
55 ATÉ 60
60 ATÉ 65
65 ATÉ 70
70 ATÉ 75
75 ATÉ 80
ACIMA 80
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Fonte: Dados da Pesquisa
Os associados Pessoa Física foram distribuídos por faixa etária, que ficou assim
composta:
• 13,33% dos associados são menores de idade;
• 11,86% dos associados tem entre 18 e 30 anos de idade;
• 25,80% dos associados tem entre 30 e 40 anos de idade;
• 18,79% dos associados tem entre 40 e 50 anos de idade;
• 14,89% dos associados tem entre 50 e 60 anos de idade;
• 10,30% dos associados tem entre 60 e 70 anos de idade;
• 5,02% dos associados tem acima de 70 anos de idade;
4.4 TEMPO DE CONSTITUIÇÃO PESSOA JURÍDICA Figura 4 - Tempo de Constituição Pessoa Jurídica
Fonte: Dados da Pesquisa
Também foi analisado o tempo de constituição das empresas que compõem o
quadro social da Unicred Erechim, assim distribuído:
• 28,24% das empresas possuem até 05 anos de constituição;
• 24,43% das empresas possuem entre 05 e 10 anos de constituição;
• 18,32% das empresas possuem entre 10 e 15 anos de constituição;
• 14,89% das empresas possuem entre 15 e 20 anos de constituição;
28,24%
24,43%18,32%
14,89%
14,12%
0 ATÉ 05
05 ATÉ 10
10 ATÉ 15
15 ATÉ 25
ACIMA 25
Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 78 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X
• 14,12% das empresas possuem acima de 25 anos de constituição.
4.5 PROFISSÃO
Figura 5 - Profissão
Fonte: Dados da Pesquisa
Com relação aos profissionais associados à Unicred Erechim, formam
identificadas as seguintes situações: 33,77% dos associados são médicos; 18,47% são
pessoas jurídicas; 21,14% são outros profissionais da área da saúde; 25,61% são outros
profissionais liberais, ou de outras categorias que se enquadram no estabelecido no
Estatuto social e 1,00% dos associados são colaboradores da Unicred Erechim.
33,77%
18,47%21,14%
25,61%
1,01% MEDICO
PESSOAS JURÍDICAS
PROF DE OUTRAS ÁREASDA SAÚDE
OUTROS PROF LIBERAIS
COLABORADORES
Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 79 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X
4.6 SEXO Figura 6 – Sexo
Fonte: Dados da Pesquisa
As informações quanto ao sexo do quadro social da cooperativa dão conta que,
atualmente, 18% de associados são Pessoa Jurídica, 38% são Pessoa Física mulheres e
43% são Pessoa Física homens.
4.7 TEMPO DE ASSOCIAÇÃO Figura 7 - Tempo de associação
Fonte: Dados da Pesquisa
18,22%
38,36%
43,42%
PJ
FEMININO
MASCULINO
569
243
312
128153
ATÉ 3 ANOS
3 ANOS ATÉ 5 ANOS
5 ANOS ATÉ 10 ANOS
10 ANOS ATÉ 15 ANOS
15 ANOS ATÉ 20 ANOS
Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 80 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X
Com base nas informações coletadas, foi diagnosticado o tempo médio de
associação dos cooperados da Unicred Erechim, sendo que 40,50% têm até 03 anos de
associação; 17,30% fazem parte do quadro de associados entre 03 e 05 anos; já 22,21%
dos sócios estão na cooperativa entre 05 e 10 anos; 9,11% dos sócios compõem o quadro
entre 10 e 15 anos; e, 10,89% do total de cooperados fazem parte do quadro social há
mais de 15 anos.
4.8 INVESTIDORES
Figura 8: Investidores
Fonte: Dados da Pesquisa
A Unicred Erechim trabalha apenas com um tipo de captação, vinculada à renda
fixa, onde é pago, mensalmente, um percentual do CDI, conforme o montante total que o
associado possui em aplicações na cooperativa. A instituição não trabalha com Fundos de
Investimentos, carteira de ações, LCI, LCA ou Poupança.
Analisando os dados apresentados, percebe-se que 68,93% do total dos
aplicadores possuem até R$ 50.000,00 em depósito a prazo; 9,87% têm entre R$
50.000,01 e R$ 100.000,00; 8,03% possuem de R$ 100.000,01 até R$ 200.000,00; 6,78%
têm aplicados valores entre R$ 200.000,01 e R$ 400.000,00; 2,81% detêm valores entre
68,93%
9,87%
8,03%
6,78%2,81%
1,45% 0,97%0,39%
0,77%ATÉ 50.000,00
50.000,01 ATE 100.000,00
100.000,01 ATÉ 200.000,00
200.000,01 ATE 400.000,00
400.000,01 ATE 600.000,00
600.000,01 ATE 1.000.000,00
1.000.000,01 ATE 1.600.000,00
1.600.000,01 ATE 2.000.000,00
ACIMA DE 2.000.000,01
Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 81 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X
R$ 400.000,01 e R$ 600.000,00; 1,45% dos sócios possui entre R$ 600.000,01 e
R$1.000.000,01; e, apenas 2,13% possuem acima de R$ 1.000.000,01 aplicados na
Unicred Erechim. Esses dados demonstram que a cooperativa possui público
diversificado no que se refere a investidores. Os associados também possuem a garantia
do Fundo Garantidor de Crédito Cooperativo, que assegura até R$ 250.000,00 (duzentos
e cinquenta mil reais) para cada sócio em caso de insolvência.
4.9 TOMADORES
Figura 9 - Tomadores de Crédito
Fonte: Dados da Pesquisa
Analisando a carteira de crédito da cooperativa do exercício 2015 foi constatado
que 58,99% dos sócios estão com saldo devedor de até R$ 50.000,00; 9,67% possuem
saldo devedor entre R$ 50.000,01 e R$ 100.000,00; 10,06% têm endividamento entre R$
100.000,01 e R$ 200.000,00; 8,12% têm dívidas de R$ 200.000,01 até R$ 400.000,00;
4,26% devem entre R$ 400.000,01 e R$ 600.000,00; 2,71% têm comprometimento
financeiro entre R$ 600.000,01 e R$ 800.000,00; 3,09% têm saldo devedor entre R$
58,99%9,67%
10,06%
8,12%
4,26%
2,71%
3,09%
1,74%
0,77%
0,58%
0,00%ATÉ 50.000,00
50.000,01 ATE 100.000,00
100.000,01 ATÉ 200.000,00
200.000,01 ATE 400.000,00
400.000,01 ATE 600.000,00
600.000,01 ATE 800.000,00
800.000,01 ATE 1.000.000,00
1.000.000,01 ATE 1.200.000,00
1.200.000,01 ATE 1.600.000,00
1.600.000,01 ATE 2.000.000,00
ACIMA DE 2.000.000,01
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800.000,01 e R$1.000.000,00; e, apenas 1,35% do quadro social tem endividamento
superior a R$ 1.000.000,01.
Isso demostra a grande pulverização nas liberações de crédito e mostra que a
cooperativa diminui seu risco haja vista que mais de 500 associados possuem ao menos
uma operação de crédito vigente.
4.10 PROVISÃO DE CRÉDITO
Segundo o Banco Central do Brasil, todas as instituições de crédito devem
provisionar valores com relação ao grau de risco que cada operação de crédito apresenta.
A classificação da carteira em níveis de risco implica na constituição de provisão não
inferior ao somatório dos seguintes percentuais: a) 0,5% sobre o valor das operações
classificadas como de risco nível A; b) 1% sobre o valor das operações classificadas como
de risco nível B; c) 3% sobre o valor das operações classificadas como de risco nível C;
d) 10% sobre o valor das operações classificadas como de risco nível D; e) 30% sobre o
valor das operações classificadas como de risco nível E; f) 50% sobre o valor das
operações classificadas como de risco nível F; g) 70% sobre o valor das operações
classificadas como de risco nível G; h) 100% sobre o valor das operações classificadas
como de risco nível H.
Figura 10 - Provisão nas operações de crédito
Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 83 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X
Fonte: Dados da Pesquisa
Conforme apresentado na figura 14, a Unicred Erechim apresentou no período
analisado a seguinte provisão com relação à carteira total de crédito:
• 18,30% das operações de crédito estão provisionadas em risco A Normal;
• 0,10% das operações de crédito estão provisionadas em risco A Vencidas;
• 37,51% das operações de crédito estão provisionadas em risco B Normal;
• 0,12% das operações de crédito estão provisionadas em risco B Vencidas;
• 42,43% das operações de crédito estão provisionadas em risco C Normal;
• 0,47% das operações de crédito estão provisionadas em risco C Vencidas;
• 0,0001% das operações de crédito estão provisionadas em risco D Normal;
• 0,14% das operações de crédito estão provisionadas em risco D Vencidas;
• 0,002% das operações de crédito estão provisionadas em risco G Normal;
• 0,13% das operações de crédito estão provisionadas em risco G Vencidas;
• 0,54% das operações de crédito estão provisionadas em risco A Normal;
Analisando os dados apresentados, conclui-se que 98,24% de todas as operações
de crédito da cooperativa estão classificadas para fins de provisão em, no máximo, risco
RISCO A -NORMAL; 18,30%
RISCO A - VENCIDA; 0,10%
RISCO B - NORMAL; 37,51%
RISCO B -VENCIDA; 0,12%
RISCO C - NORMAL; 42,43%
RISCO C -VENCIDA; 0,47%
RISCO D - NORMAL; 0,000189857
RISCO D -VENCIDA;
0,14%
RISCO G - NORMAL; 0,002290531
RISCO G - VENCIDA; 0,13%
RISCO H - VENCIDA; 0,54%
RISCO A -NORMAL
RISCO A - VENCIDA
RISCO B - NORMAL
RISCO B - VENCIDA
RISCO C - NORMAL
RISCO C -VENCIDA
RISCO D - NORMAL
RISCO D - VENCIDA
RISCO G - NORMAL
RISCO G - VENCIDA
RISCO H - VENCIDA
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C, o que é muito bom, pois reflete a qualidade da carteira de crédito que a Unicred
Erechim possui.
4.11 EVOLUÇÃO DAS SOBRAS Figura 11 - Evolução das sobras
Fonte: Dados da Pesquisa
Com relação às sobras líquidas, a Unicred Erechim apresenta uma evolução
significativa nos últimos cinco exercícios analisados. Em 2011 a cooperativa apresentou
sobras líquidas no valor de R$ 846.665,69, já deduzidas do FATES e da Reserva Legal,
conforme legislação. Em 2012 este valor cresceu 38,81%, encerrando o exercício com o
montante de R$ 1.175.252,66. Em 2013, o valor aumentou 28,77% totalizando ao final
do exercício R$ 1.513.369,98 em sobras líquidas. Em 2014 o crescimento foi de 25,40%,
resultando no valor líquido de R$ 1.897.787,67, cifra que aumentou 25,32% no exercício
2015, totalizando R$ 2.378.385,99.
Vale ressaltar o valor líquido em todos os exercícios foram distribuídos aos
associados, conforme aprovação na Assembleia Geral Ordinária, sendo que nos períodos
analisados a distribuição ocorreu na proporção de utilização média de crédito, depósito à
vista e depósito a prazo.
R$-
R$500.000,00
R$1.000.000,00
R$1.500.000,00
R$2.000.000,00
R$2.500.000,00
2011 2012 2013 2014 2015
R$846.665,69
R$1.175.252,66
R$1.513.369,98
R$1.897.787,67
R$2.378.385,99 SOBRAS
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5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve por objetivo mapear e conhecer o quadro social e analisar os
indicadores de evolução da Unicred Erechim em um determinado período, visando
oportunizar aos Diretores e membros dos Conselhos de Administração e Fiscal tomar
decisões mais assertivas no intuito de melhorar a gestão e definir o planejamento
estratégico.
Por meio da análise realizada através da composição de faixas chegou-se à
conclusão que 81,51% do quadro social da Unicred Erechim é formado por Pessoa Física.
A maioria dos sócios tem idade entre 30 e 40 anos (25,80%), é médico (33,77%), tem até
3 anos de associação (40,50%), investe até R$ 50 mil a prazo (68%) e deve até R$ 50 mil
(58,99%). A maioria das operações de crédito provisionado (42,43%) tem risco C Normal
e as sobras líquidas apresentaram significativo crescimento no período, todavia ele foi
decrescendo, iniciando com 38% em 2012 e chegando a 25% em 2015.
Por fim, a pesquisa, cujos dados apresentam um expressivo crescimento da
cooperativa, evidenciado, principalmente, nas sobras e indicadores de qualidade de
gestão, confirma a importância da análise proposta para que a diretoria possa ter maior
conhecimento sobre a empresa, especialmente, a partir de quem e quais são seus
cooperados a fim de potencializar ações e por consequência o desenvolvimento da
instituição.
REFERÊNCIAS
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