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Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 63 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X O PERFIL DOS ASSOCIADOS E O DESEMPENHO DA UNICRED ERECHIM Everton Luis Poletto 1 Cassiano Tiago Lumi 2 RESUMO Este trabalho tem por objetivo mapear e conhecer o quadro social e analisar os indicadores de evolução da Unicred Erechim em um determinado período, visando oportunizar aos Diretores e membros dos Conselhos de Administração e Fiscal tomar decisões mais assertivas no intuito de melhorar a gestão e definir o planejamento estratégico. A pesquisa envolveu dados bibliográficos e documentais e foi realizada com base em perfil explicativo, buscando um conjunto de informações para ser analisado e interpretado do ponto de vista do problema proposto. O estudo, cujos dados apresentam um expressivo crescimento da cooperativa, evidenciado, principalmente, nas sobras e indicadores de qualidade de gestão, confirma a importância da análise proposta para que a diretoria possa ter maior conhecimento sobre a empresa, especialmente, a partir de quem e quais são seus cooperados a fim de potencializar ações e por consequência o desenvolvimento da instituição. Palavras-Chave: Gestão – indicadores – Unicred Erechim – evolução ABSTRACT This work aims to chart and know the social chart and analyze the evolution indicators of Unicred Erechim in a certain moment, to give chance to the Directors and Administration and Fiscal Council members to take best decisions to improve the management and define the tactician planning. The research involved bibliographic and documental data and it was made through an explanatory way, looking for a group of information to be analyzed and interpreted through the motioned problem. The data presents a cooperative great growth, showing, mainly, the remainders and the management quality indicators, confirming the importance of the motioned analysis to the directors, who can know better the company, specially, what are their cooperators to powered the actions and then develop the institution. Key-words: Management – indicators – Unicred Erechim – evolution. 1 Graduado em Ciências Contábeis, com MBA em Economia e Gestão de Empresas, Acadêmico do Curso de MBA em Gestão de Cooperativas da Faculdade Anglicana de Erechim, email: [email protected] 2 Professor e Coordenador do curso de Administração da Faculdade Anglicana de Erechim - FAE, email: [email protected]

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Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 63 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

O PERFIL DOS ASSOCIADOS E O DESEMPENHO DA UNICRED ERECHIM

Everton Luis Poletto1 Cassiano Tiago Lumi2

RESUMO Este trabalho tem por objetivo mapear e conhecer o quadro social e analisar os indicadores de evolução da Unicred Erechim em um determinado período, visando oportunizar aos Diretores e membros dos Conselhos de Administração e Fiscal tomar decisões mais assertivas no intuito de melhorar a gestão e definir o planejamento estratégico. A pesquisa envolveu dados bibliográficos e documentais e foi realizada com base em perfil explicativo, buscando um conjunto de informações para ser analisado e interpretado do ponto de vista do problema proposto. O estudo, cujos dados apresentam um expressivo crescimento da cooperativa, evidenciado, principalmente, nas sobras e indicadores de qualidade de gestão, confirma a importância da análise proposta para que a diretoria possa ter maior conhecimento sobre a empresa, especialmente, a partir de quem e quais são seus cooperados a fim de potencializar ações e por consequência o desenvolvimento da instituição. Palavras-Chave: Gestão – indicadores – Unicred Erechim – evolução ABSTRACT This work aims to chart and know the social chart and analyze the evolution indicators of Unicred Erechim in a certain moment, to give chance to the Directors and Administration and Fiscal Council members to take best decisions to improve the management and define the tactician planning. The research involved bibliographic and documental data and it was made through an explanatory way, looking for a group of information to be analyzed and interpreted through the motioned problem. The data presents a cooperative great growth, showing, mainly, the remainders and the management quality indicators, confirming the importance of the motioned analysis to the directors, who can know better the company, specially, what are their cooperators to powered the actions and then develop the institution. Key-words: Management – indicators – Unicred Erechim – evolution.

1 Graduado em Ciências Contábeis, com MBA em Economia e Gestão de Empresas, Acadêmico do Curso de MBA em Gestão de Cooperativas da Faculdade Anglicana de Erechim, email: [email protected] 2 Professor e Coordenador do curso de Administração da Faculdade Anglicana de Erechim - FAE, email: [email protected]

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 64 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo mapear e conhecer o quadro social e analisar os

indicadores de evolução da Unicred Erechim em um determinado período, visando

oportunizar aos Diretores e membros dos Conselhos de Administração e Fiscal tomar

decisões mais assertivas no intuito de melhorar a gestão e definir o planejamento

estratégico.

Segundo Vergara (2004, p.32):

Relevância do estudo é a resposta que o autor do projeto dá à seguinte indagação do leitor: em que o estudo é importante para a área na qual na qual você está atuando, ou para a área na qual busca formação acadêmica, ou para a sociedade em geral? Em outras palavras, nessa seção o autor justifica seu estudo apontando-lhe contribuições de ordem prática ou ao estado da arte na área (VERGARA, 2004, p. 32).

A pesquisa é de grande relevância para a Diretoria Executiva e membros dos

Conselhos de Administração e Fiscal, já que, praticamente, não existem estudos que

demonstrem a trajetória de crescimento e evolução da cooperativa, permitindo analisar

seu desenvolvimento nos últimos anos, bem como mapear e conhecer o seu quadro social.

O trabalho envolveu dados bibliográficos e documentais e foi realizado com base

em perfil explicativo, buscando um conjunto de informações para ser analisado e

interpretado do ponto de vista do problema proposto. Sua população é formada por alguns

indicadores da Unicred Erechim. A amostra é não-probabilística, baseada por

acessibilidade.

Foram coletados dados junto à cooperativa de crédito, com diretores e gerência e

também levantamento interno através do Sistema de Automação da Unicred, feita por

meio de login e senha de acesso do usuário. Depois da pesquisa do surgimento da

cooperativa, buscou-se dados a partir de 2010, quando fora possibilitada ampliação do

quadro social, permitindo a cotação da evolução do tema em análise.

No Referencial Teórico que fundamenta esse artigo consta a pesquisa

bibliográfica acerca do assunto que envolve a sociedade cooperativa, os princípios do

cooperativismo e a Unicred Erechim. Na Metodologia está a forma utilizada para avaliar

as informações e realizar a análise desta pesquisa teórico-empírica, quantitativa,

exploratória, descritiva e explicativa, bibliográfica e documental. No Desenvolvimento

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do Estudo o perfil dos cooperados da Unicred Erechim é definido por meio de faixas

contemplando a composição do capital e quadro social, idade, tempo de constituição da

Pessoa Jurídica e de associação da Pessoa Física, profissão, sexo, investidores, tomadores,

provisão de crédito e evolução das sobras. Nas Conclusões e Considerações Finais, este

artigo afirma o atingimento dos objetivos propostos com a identificação do perfil do

quadro social da cooperativa, informação que, somada à leitura e à interpretação de outros

indicadores, que confirmam o crescimento da Unicred Erechim, visa municiar diretores

e membros dos Conselhos Administrativo e Fiscal a definir ações que possam

potencializar ainda mais o desenvolvimento da instituição.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SOCIEDADE COOPERATIVA

As Sociedades Cooperativas são reguladas pela Lei 5.674 de 16 de dezembro de

1971, que conceitua este tipo de sociedade como:

Art. 3º - celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obriga a contribuir com bens e serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum sem objetivo de lucro”. Art. 4º - “As Cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características: adesão voluntaria; variabilidade de capital social representado por quotas-partes; limitação do numero de quotas-partes do capital para cada associado; incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos a sociedade; singularidade no voto; quórum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no número de associados e não no capital; retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberações em contrário da Assembleia Geral; indivisibilidade dos Fundos de Reserva e Assistência Técnica Educacional e Social; neutralidade politica e indiscriminação religiosa, racial e social; prestação de assistência aos associados, e, quando previsto no estatuto, aos empregados da cooperativa; área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operação e prestação de serviços (LEI 5.674, 1971).

Cooperativa é uma associação de pessoas com interesse em comum,

economicamente organizada, com a participação livre de todos e respeitando os direitos

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e deveres de cada um dos cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos.

Cooperativas são entidades que exercem suas atividades orientadas por legislação

diferenciada, por meio de atos cooperativos, na prestação de serviços direto aos seus

associados, não existe objetivo de lucro. São identificadas de acordo com o objeto ou pela

natureza das atividades desenvolvidas seja por ela ou pelo associado. O empreendimento

cooperativo tem por objeto a prestação de serviços aos seus próprios donos, que são

também seus clientes. Esta relação como característica própria é que diferencia a

cooperativa de outras empresas.

A lei permite que a cooperativa opere com não associados, sendo que, os

resultados obtidos com estas prestações deverão ser destinados ao Fundo de Assistência,

Educacional e Social, contabilizado separadamente, que permita o calculo para incidência

de tributos.

Segundo Juvêncio (2000, p.22), cooperativa é uma associação de pessoas, com

três características básicas:

I – Propriedade Cooperativa: significa que os usuários são proprietários e não apenas detêm capital; II – gestão cooperativa: implica concentração do poder decisório em mãos dos associados; III – Repartição cooperativa: significa que a distribuição de sobras da cooperativa (sobra liquida) é feita proporcionalmente à participação dos associados nas operações da mesma (JUVÊNCIO, 2000, p. 22).

De acordo com a Vermeulen (2008, p.15), cooperativa é uma associação de

pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer as aspirações e necessidades

econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva

e democraticamente gerida.

Cooperativa é uma empresa com características especiais. É uma sociedade de pessoas, com caráter social, sem objetivo de lucro, formada e dirigida pelos cooperados, que tem igualdade de direito, com o objetivo de desenvolver sua atividade econômica, eliminando intermediários e valorizando o cooperado através do processo produtivo (BENATO, 2004, p. 61).

As principais características de uma cooperativa são:

I – ser constituída pelo numero mínimo de associados, conforme previsto no art.

6 da Lei nº 5764/71, ressaltando-se que as cooperativas singulares não podem ser

constituídas exclusivamente por pessoas jurídicas;

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II – Sociedade de pessoas;

III – Objetivo principal é a prestação de serviços;

IV – Pode ter número ilimitado de cooperados;

V – O controle é democrático, ou seja, uma pessoa é igual a um voto;

VI – Na assembleia, o quórum é baseado no número de cooperados;

VII – Não é permitida a transferência de quotas parte a terceiros, estranhos à

sociedade, mesmo que por herança;

VIII – O retorno é proporcional ao valor das operações;

IX – Não está sujeita à falência;

X – Constitui-se por intermédio da assembleia dos fundadores ou por instrumento

publico, e seus atos constitutivos devem ser arquivados na Junta Comercial e publicados;

XI – Tem neutralidade política e não faz discriminações religiosas, sociais e

raciais;

XII – Deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo

vedado o uso da expressão “banco”;

XIII – Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de

dissolução da sociedade.

O capital de todos os sócios são recursos disponíveis para o giro da riqueza, quanto maior for o capital, maiores, serão os recursos direcionados ao giro da satisfação das necessidades de cada um. Através do capital do sócio a cooperativa pode adquirir bens de capital que permitam o desempenho das funções. Instrumentos como moveis e utensílios, prédios, veículos, equipamentos são intermédios para atingir os objetivos, através do elemento humano que operacionaliza o patrimônio e administra a gestão (VERMEULEN, 2008, p. 16).

Segundo Zangheri (2000, p. 34), a cooperativa prestará serviços àqueles que são

ao mesmo tempo seus usuários, pois participarão diretamente das operações da empresa,

e seus proprietários, já que decidirão sobre o destino da sociedade, ate porque é na esfera

social que lhes está assegurado sua condição de sujeito de todo o processo decisório na

sociedade.

A cooperativa não se preocupa em produzir lucros de capital, mas sim com os seus

associados, para que eles possam utilizar os bens e serviços com menor custo e melhor

qualidade, maximizando assim as rendas e poupanças individuais. O associado sendo

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dono e proprietário ao mesmo tempo, ele participa na cooperativa nas operações como

usuário e participa nas decisões como proprietárias.

A gestão de uma cooperativa é democrática, na assembleia se discutem assuntos estratégicos, os votos dos cooperados têm o mesmo peso. As sobras retornam ao cooperado na proporção à sua atividade com a empresa. Assim como se ocorrem perdas estas serão rateadas entre os associados do negócio. Conforme disposto no artigo 3º da lei 5.764/71, as cooperativas se constituem sem objetivo de lucro. Nas demais empresas os lucros são partilháveis de acordo com o montante de ações ou quotas integralizadas, nas cooperativas prevalecem sobras ou insuficiências não caracterizando lucros ou prejuízos (VERMEULEN, 2008, p. 17).

Na apuração ao final do exercício, poderão ser apresentados resultados tanto

positivos quanto negativos, nas sociedades capitalistas resultado positivo é entendido

como lucro, já nas sociedades cooperativas este resultado entende-se como sobras do

período. Se apurado resultado negativo, nas sociedades capitalistas representam

prejuízos, nas cooperativas apura-se como perdas. As sobras apresentadas poderão ser

rateadas entre os sócios, porém, somente após as deduções de percentual das reservas

legais, quando há perda, primeiramente será coberto através do Fundo de Reserva Legal,

e, se for insuficiente, deverá ser rateado entre os associados conforme sua utilização

durante o exercício.

O ingresso nas cooperativas é livre a todos os que desejarem utilizar os serviços

prestados desde que concordem com os propósitos sociais e se enquadrem nas condições

estabelecidas no estatuto social da cooperativa.

O Estatuto Social é à base da cooperativa, pois neste documento estão formuladas

as linhas gerais de funcionamento. Para a constituição de uma cooperativa é necessária,

primeiramente, a constituição de uma Assembleia de Constituição, onde deverá ser

aprovado o Estatuto Social. Após este procedimento é feita a Ata que deverá ser registrada

na Junta Comercial para posterior aprovação.

A administração da cooperativa é feita através de diretoria juntamente com

conselho de administração, eleitos através de Assembleia Geral Ordinária, conforme art.

47 da lei 5.764/71:

A sociedade será administrada por uma Diretoria ou Conselho de Administração, composto exclusivamente de associados eleitos pela Assembleia Geral, com

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mandato nunca superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a renovação de, no mínimo, 1/3 (um terço) do Conselho de Administração (LEI 5.764, 1971 ART. 47).

Conforme art. 56 da lei 5.764/71, a administração é fiscalizada por conselho eleito

em Assembleia Geral Ordinária:

A administração da sociedade será fiscalizada, assídua e minuciosamente, por um Conselho Fiscal, constituído de 3 (três) membros efetivos e 3 (três) suplentes, todos associados eleitos anualmente pela Assembleia Geral, sendo permitida apenas a reeleição de 1/3 (um terço) dos seus componentes (LEI 5.764, 1971, ART. 56).

No Estatuto Social deve conter as seguintes informações:

I- a denominação, sede, prazo de duração, área de ação, objeto da sociedade,

fixação do exercício social e da data do levantamento do balanço geral;

II- os direitos e deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e as

condições de admissão, demissão, eliminação e exclusão e as normas para sua

representação nas assembleias gerais;

III- o capital mínimo, o valor da quota-parte, o mínimo de quotas-parte a ser

subscrito pelo associado, o modo de integralização das quotas-parte, bem como as

condições de sua retirada nos casos de demissão, eliminação ou de exclusão do associado;

IV- a forma de devolução das sobras registradas aos associados, ou do rateio das

perdas apuradas por insuficiência de contribuição para cobertura das despesas da

sociedade;

V- o modo de administração e fiscalização, estabelecendo os respectivos órgãos,

com definição de suas atribuições, poderes e funcionamento, a representação ativa e

passiva da sociedade em juízo ou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo

de substituição dos administradores e conselheiros fiscais;

VI- as formalidades de convocação das assembleias gerais e a maioria requerida

para a sua instalação e validade de suas deliberações, vedado o direito de voto aos que

nelas tiverem interesse particular sem privá-los da participação nos debates;

VII- os casos de dissolução voluntária da sociedade;

VIII- o modo e o processo de alienação ou oneração de bens imóveis da sociedade;

IX- o modo de reformar o estatuto;

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X- o número mínimo de associados.

Cooperativa é uma organização de pessoas que se baseia em valores de ajuda mutua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Seus objetivos econômicos e sociais são comum a todos. Os aspectos legais e doutrinários são distintivos de outras sociedades. Seus associados acreditam em valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante (Vermeulen, 2008, p.18).

Alguns conceitos segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (2016):

I – Cooperar: unir-se a outras pessoas para enfrentar conjuntamente situações adversas, transformando-as em oportunidades. II – Cooperação: método pelo qual indivíduos com interesses em comum constituem um empreendimento. Os direitos são iguais e o resultado alcançado é repartido somente entre os integrantes proporcionalmente a participação de cada um. III – Sócios: indivíduo, profissional, produtor de qualquer atividade econômica que se associa a uma Cooperativa para exercer a atividade econômica ou adquirir bens e serviços (OCB, 2016).

Conforme a OCB (2016) é direito do cooperado:

I – votar e ser votado;

II – participar de todas as operações da cooperativa;

III – receber retorno de sobras apuradas no final do exercício;

IV – examinar livros e documentos;

V – convocar assembleia, se necessário;

VI – pedir esclarecimentos aos Conselhos Fiscal e de Administração;

VII – opinar e defender suas ideias;

VIII – propor medidas de interesse para a cooperativa.

De acordo com a OCB (2016) são deveres dos associados:

I – operar com a cooperativa;

II – participar das assembleias;

III – pagar suas quotas – partes em dia;

IV – acatar as decisões da Assembleia Geral;

V – votar nas eleições da cooperativa;

VI – cumprir com seus compromissos na cooperativa;

VII – zelar pela imagem da cooperativa.

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2.1.1 Os princípios do cooperativismo

Os sete princípios do cooperativismo são as linhas orientadoras por meio das quais

as cooperativas levam os seus valores à prática. Foram aprovados e utilizados na época

em que foi fundada a primeira cooperativa do mundo, na Inglaterra, em 1844. São eles:

1º - Adesão voluntária e livre – as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas. 2º - Gestão democrática – as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática. 3º - Participação econômica dos membros – os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos será, indivisível; benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa; e apoio a outras atividades aprovadas pelos membros. 4º - Autonomia e independência – as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa. 5º - Educação, formação e informação – as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação. 6º - Intercooperação – as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais - força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. 7º - Interesse pela comunidade – as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros (AGPTEA).

2.2 UNICRED ERECHIM

A Unicred Erechim é uma cooperativa de crédito fundada em 05 de agosto de

1996, por um grupo de médicos cooperados do Sistema Unimed, moldada a partir de

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exemplares já existentes no Estado. Inicialmente a Unicred Erechim organizou-se para

ser um braço financeiro da Unimed, ou seja, nesta o médico trabalhava e recebia sua

remuneração e na Unicred faria suas aplicações, conseguindo empréstimos a juros mais

baixos que os praticados no sistema financeiro, para desenvolvimento profissional e

melhorar sua qualidade de vida.

Na cooperativa, o aspirante a associado tem seu nome avaliado e se aceito pelo

Conselho de Administração, matricula-se pagando a cota capital à vista ou a prazo

conforme prevê o Estatuto Social e Regimento, assumindo os direitos e deveres de

cooperado.

Com a evolução, o Sistema chegou à estagnação devido às limitações impostas

pela legislação, e também pela própria natureza, dificultando a operacionalização da

Unicred, principalmente as singulares. Este fato ocorre fundamentalmente nas localidades

com número reduzido de profissionais médicos, e por isso fora solicitado e permitido pelo

Banco Central do Brasil (Bacen) que todas as Unicreds pudessem operar com os demais

profissionais da área da saúde, além de familiares e empresas afins, como empregados

não eventuais, o que facilitou o crescimento e desenvolvimento do quadro social e

também do patrimônio da instituição como consequência das novas possibilidades de

associações abertas, permitindo a evolução com crescimento sólido da cooperativa.

Como as outras singulares, a Unicred Erechim abriu seu quadro social para os

demais profissionais da saúde, acompanhando o crescimento sistêmico, e ampliando seu

quadro de atuação. Em 2010, após nova solicitação ao Bacen, a cooperativa obteve a

aprovação do órgão competente para poder associar, além de médicos e demais

profissionais da área da saúde, também administradores, contadores, economistas,

arquitetos, engenheiros de todas as categorias, seus familiares e empresas afins. Isso abriu

novas oportunidades de crescimento e ganhos, porém houve, também, aumento de riscos,

responsabilidades e dificuldades nos controles, principalmente, nas operações com os

cooperados, que demandou à cooperativa investimentos em tecnologia, infraestrutura,

mão de obra qualificada, educação cooperativa os diretores e membros dos Conselhos de

Administração e Fiscal, melhoria na assessoria jurídica e auditorias e na qualidade dos

produtos e serviços ofertados aos cooperados.

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3 METODOLOGIA

Conforme Vergara (2004, p. 46), “o leitor deve ser informado sobre o tipo de

pesquisa que será realizado, sua conceituação e justificativa à luz da investigação

especifica”. O estudo foi realizado com perfil explicativo, buscando um conjunto de

informações, podendo analisar-se e interpretar-se os dados coletados, que originam o

tema deste artigo.

Vergara (2004, p. 47) descreve a pesquisa explicativa como sendo a investigação

explicativa que tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificando os

motivos. “Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a

ocorrência de determinado fenômeno” (VERGARA, 2004, p. 47).

A pesquisa é teórico-empírica, quantitativa, exploratória, descritiva e explicativa,

bibliográfica e documental, constituindo-se também num estudo de caso sobre a Unicred

Erechim ao analisar alguns indicadores de crescimento da cooperativa.

Araújo (2008) define estudo de caso como:

O estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos fatores (ARAÚJO, 2008, p. 72).

Vergara (2004, p. 50) define população e amostra:

Trata-se de definir toda a população e a população amostral. Entenda-se aqui por população não o número de habitantes de um local, como é largamente conhecido o termo, mas um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características que serão objeto de estudo. População amostral ou amostra é a uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério de responsabilidade (VERGARA, 2004, p. 50).

A população desse estudo é alguns indicadores da Unicred Erechim. A amostra é

não-probabilística, baseada por acessibilidade. Conforme Vergara (1997, p. 49), “longe

de qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a

eles”.

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Vergara (2004, p. 54) observa que na coleta de dados, o leitor deve ser informado

como se pretende obter os dados de que precisa para responder o problema. Para este

estudo, foram utilizados, como fonte de dados, informações coletadas junto à cooperativa

analisada, com diretores e gerência, além de pesquisa interna através do Sistema de

Automação da Unicred, por meio de login e senha de acesso do usuário.

“Tratamento dos dados refere-se àquela seção na qual se explicita para o leitor

como se pretende tratar os dados a coletar, justificando por que tal tratamento é adequado

aos propósitos do objetivo” (VERGARA, 2004, p. 59).

Primeiro coletou-se informações sobre o surgimento da cooperativa e,

posteriormente, dados sobre seu crescimento a partir de 2010 quando fora possibilitada

ampliação do quadro social, permitindo a evolução da organização, tema desta análise. O

estudo envolveu a avaliação do perfil dos cooperados da Unicred Erechim por meio de

faixas contemplando a composição do capital e quadro social, idade, tempo de

constituição da Pessoa Jurídica e de associação da Pessoa Física, profissão, sexo,

investidores, tomadores, provisão de crédito e evolução das sobras.

4 DESENVOLIMENTO DO ESTUDO 4.1 CAPITAL SOCIAL

O Capital Social é o somatório de todas as quotas-partes dos associados da

cooperativa. A quota-parte é uma quantia em dinheiro que os associados depositam no

momento em que entram na cooperativa. Esse dinheiro contribui para o suporte das

atividades financeiras da instituição. Para funcionarem, as cooperativas precisam de

recursos, pois necessitam de capacidade própria de capitalização, o que as viabiliza

operacional e negocialmente. O incremento do capital ocorre pela adesão de novos

associados.

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 75 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

Figura 1 - Capital Social

Fonte: Dados da Pesquisa

Conforme artigo 9º do Estatuto Social, Título VI – Do Capital Social – os

associados admitidos na cooperativa deverão subscrever, pelo menos, 2.000 (duas mil)

quotas-partes, equivalentes a R$ 1,00 (um real) cada uma, no valor de R$ 2.000,00 (dois

mil reais), integralizados mensalmente, na quantidade mínima de 20 (vinte) quotas-partes,

até atingir o valor retro citado, denominado capital mínimo.

Na distribuição apresentada, foi analisada, através de faixas, a composição do

capital dos associados da Unicred Erechim. Nota-se que 43,48% dos cooperados têm até

R$ 2.000,00 (dois mil reais) de capital social integralizado, o mínimo estabelecido pela

cooperativa. Do total dos associados 47,13% detém capital social entre R$ 2.000,01 (dois

mil reais e um centavo) até R$ 10.000,00 (dez mil reais), e, 9,38% dos cooperados

possuem acima de R$ 10.000,01 (dez mil reais e um centavo) de capital social.

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 76 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

4.2 QUADRO SOCIAL Figura 2 - Quadro Social

Fonte: Dados da Pesquisa

Atualmente, 81,51% do quando social da Unicred Erechim são Pessoas Físicas e

18,49% Pessoas Jurídicas, estas, obrigatoriamente, vinculadas à Pessoa Física, ou seja,

para uma empresa ter conta corrente na cooperativa é necessário que seus sócios sejam

associados contemplados no Estatuto Social.

4.3 IDADE Figura 3 - Idade dos Associados Pessoa Física

18,49%

81,51%

ASSOCIADOS

PJ

PF

13,33% 4,94%

6,93%

12,47%

13,33%9,18%

9,61%

8,31%

6,58%

6,15%4,16%

1,99%

1,30%

1,73%

0 ATÉ 18

18 ATÉ 25

25 ATÉ 30

30 ATÉ 35

35 ATÉ 40

40 ATÉ 45

45 ATÉ 50

50 ATÉ 55

55 ATÉ 60

60 ATÉ 65

65 ATÉ 70

70 ATÉ 75

75 ATÉ 80

ACIMA 80

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 77 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

Fonte: Dados da Pesquisa

Os associados Pessoa Física foram distribuídos por faixa etária, que ficou assim

composta:

• 13,33% dos associados são menores de idade;

• 11,86% dos associados tem entre 18 e 30 anos de idade;

• 25,80% dos associados tem entre 30 e 40 anos de idade;

• 18,79% dos associados tem entre 40 e 50 anos de idade;

• 14,89% dos associados tem entre 50 e 60 anos de idade;

• 10,30% dos associados tem entre 60 e 70 anos de idade;

• 5,02% dos associados tem acima de 70 anos de idade;

4.4 TEMPO DE CONSTITUIÇÃO PESSOA JURÍDICA Figura 4 - Tempo de Constituição Pessoa Jurídica

Fonte: Dados da Pesquisa

Também foi analisado o tempo de constituição das empresas que compõem o

quadro social da Unicred Erechim, assim distribuído:

• 28,24% das empresas possuem até 05 anos de constituição;

• 24,43% das empresas possuem entre 05 e 10 anos de constituição;

• 18,32% das empresas possuem entre 10 e 15 anos de constituição;

• 14,89% das empresas possuem entre 15 e 20 anos de constituição;

28,24%

24,43%18,32%

14,89%

14,12%

0 ATÉ 05

05 ATÉ 10

10 ATÉ 15

15 ATÉ 25

ACIMA 25

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 78 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

• 14,12% das empresas possuem acima de 25 anos de constituição.

4.5 PROFISSÃO

Figura 5 - Profissão

Fonte: Dados da Pesquisa

Com relação aos profissionais associados à Unicred Erechim, formam

identificadas as seguintes situações: 33,77% dos associados são médicos; 18,47% são

pessoas jurídicas; 21,14% são outros profissionais da área da saúde; 25,61% são outros

profissionais liberais, ou de outras categorias que se enquadram no estabelecido no

Estatuto social e 1,00% dos associados são colaboradores da Unicred Erechim.

33,77%

18,47%21,14%

25,61%

1,01% MEDICO

PESSOAS JURÍDICAS

PROF DE OUTRAS ÁREASDA SAÚDE

OUTROS PROF LIBERAIS

COLABORADORES

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 79 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

4.6 SEXO Figura 6 – Sexo

Fonte: Dados da Pesquisa

As informações quanto ao sexo do quadro social da cooperativa dão conta que,

atualmente, 18% de associados são Pessoa Jurídica, 38% são Pessoa Física mulheres e

43% são Pessoa Física homens.

4.7 TEMPO DE ASSOCIAÇÃO Figura 7 - Tempo de associação

Fonte: Dados da Pesquisa

18,22%

38,36%

43,42%

PJ

FEMININO

MASCULINO

569

243

312

128153

ATÉ 3 ANOS

3 ANOS ATÉ 5 ANOS

5 ANOS ATÉ 10 ANOS

10 ANOS ATÉ 15 ANOS

15 ANOS ATÉ 20 ANOS

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 80 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

Com base nas informações coletadas, foi diagnosticado o tempo médio de

associação dos cooperados da Unicred Erechim, sendo que 40,50% têm até 03 anos de

associação; 17,30% fazem parte do quadro de associados entre 03 e 05 anos; já 22,21%

dos sócios estão na cooperativa entre 05 e 10 anos; 9,11% dos sócios compõem o quadro

entre 10 e 15 anos; e, 10,89% do total de cooperados fazem parte do quadro social há

mais de 15 anos.

4.8 INVESTIDORES

Figura 8: Investidores

Fonte: Dados da Pesquisa

A Unicred Erechim trabalha apenas com um tipo de captação, vinculada à renda

fixa, onde é pago, mensalmente, um percentual do CDI, conforme o montante total que o

associado possui em aplicações na cooperativa. A instituição não trabalha com Fundos de

Investimentos, carteira de ações, LCI, LCA ou Poupança.

Analisando os dados apresentados, percebe-se que 68,93% do total dos

aplicadores possuem até R$ 50.000,00 em depósito a prazo; 9,87% têm entre R$

50.000,01 e R$ 100.000,00; 8,03% possuem de R$ 100.000,01 até R$ 200.000,00; 6,78%

têm aplicados valores entre R$ 200.000,01 e R$ 400.000,00; 2,81% detêm valores entre

68,93%

9,87%

8,03%

6,78%2,81%

1,45% 0,97%0,39%

0,77%ATÉ 50.000,00

50.000,01 ATE 100.000,00

100.000,01 ATÉ 200.000,00

200.000,01 ATE 400.000,00

400.000,01 ATE 600.000,00

600.000,01 ATE 1.000.000,00

1.000.000,01 ATE 1.600.000,00

1.600.000,01 ATE 2.000.000,00

ACIMA DE 2.000.000,01

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 81 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

R$ 400.000,01 e R$ 600.000,00; 1,45% dos sócios possui entre R$ 600.000,01 e

R$1.000.000,01; e, apenas 2,13% possuem acima de R$ 1.000.000,01 aplicados na

Unicred Erechim. Esses dados demonstram que a cooperativa possui público

diversificado no que se refere a investidores. Os associados também possuem a garantia

do Fundo Garantidor de Crédito Cooperativo, que assegura até R$ 250.000,00 (duzentos

e cinquenta mil reais) para cada sócio em caso de insolvência.

4.9 TOMADORES

Figura 9 - Tomadores de Crédito

Fonte: Dados da Pesquisa

Analisando a carteira de crédito da cooperativa do exercício 2015 foi constatado

que 58,99% dos sócios estão com saldo devedor de até R$ 50.000,00; 9,67% possuem

saldo devedor entre R$ 50.000,01 e R$ 100.000,00; 10,06% têm endividamento entre R$

100.000,01 e R$ 200.000,00; 8,12% têm dívidas de R$ 200.000,01 até R$ 400.000,00;

4,26% devem entre R$ 400.000,01 e R$ 600.000,00; 2,71% têm comprometimento

financeiro entre R$ 600.000,01 e R$ 800.000,00; 3,09% têm saldo devedor entre R$

58,99%9,67%

10,06%

8,12%

4,26%

2,71%

3,09%

1,74%

0,77%

0,58%

0,00%ATÉ 50.000,00

50.000,01 ATE 100.000,00

100.000,01 ATÉ 200.000,00

200.000,01 ATE 400.000,00

400.000,01 ATE 600.000,00

600.000,01 ATE 800.000,00

800.000,01 ATE 1.000.000,00

1.000.000,01 ATE 1.200.000,00

1.200.000,01 ATE 1.600.000,00

1.600.000,01 ATE 2.000.000,00

ACIMA DE 2.000.000,01

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 82 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

800.000,01 e R$1.000.000,00; e, apenas 1,35% do quadro social tem endividamento

superior a R$ 1.000.000,01.

Isso demostra a grande pulverização nas liberações de crédito e mostra que a

cooperativa diminui seu risco haja vista que mais de 500 associados possuem ao menos

uma operação de crédito vigente.

4.10 PROVISÃO DE CRÉDITO

Segundo o Banco Central do Brasil, todas as instituições de crédito devem

provisionar valores com relação ao grau de risco que cada operação de crédito apresenta.

A classificação da carteira em níveis de risco implica na constituição de provisão não

inferior ao somatório dos seguintes percentuais: a) 0,5% sobre o valor das operações

classificadas como de risco nível A; b) 1% sobre o valor das operações classificadas como

de risco nível B; c) 3% sobre o valor das operações classificadas como de risco nível C;

d) 10% sobre o valor das operações classificadas como de risco nível D; e) 30% sobre o

valor das operações classificadas como de risco nível E; f) 50% sobre o valor das

operações classificadas como de risco nível F; g) 70% sobre o valor das operações

classificadas como de risco nível G; h) 100% sobre o valor das operações classificadas

como de risco nível H.

Figura 10 - Provisão nas operações de crédito

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 83 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

Fonte: Dados da Pesquisa

Conforme apresentado na figura 14, a Unicred Erechim apresentou no período

analisado a seguinte provisão com relação à carteira total de crédito:

• 18,30% das operações de crédito estão provisionadas em risco A Normal;

• 0,10% das operações de crédito estão provisionadas em risco A Vencidas;

• 37,51% das operações de crédito estão provisionadas em risco B Normal;

• 0,12% das operações de crédito estão provisionadas em risco B Vencidas;

• 42,43% das operações de crédito estão provisionadas em risco C Normal;

• 0,47% das operações de crédito estão provisionadas em risco C Vencidas;

• 0,0001% das operações de crédito estão provisionadas em risco D Normal;

• 0,14% das operações de crédito estão provisionadas em risco D Vencidas;

• 0,002% das operações de crédito estão provisionadas em risco G Normal;

• 0,13% das operações de crédito estão provisionadas em risco G Vencidas;

• 0,54% das operações de crédito estão provisionadas em risco A Normal;

Analisando os dados apresentados, conclui-se que 98,24% de todas as operações

de crédito da cooperativa estão classificadas para fins de provisão em, no máximo, risco

RISCO A -NORMAL; 18,30%

RISCO A - VENCIDA; 0,10%

RISCO B - NORMAL; 37,51%

RISCO B -VENCIDA; 0,12%

RISCO C - NORMAL; 42,43%

RISCO C -VENCIDA; 0,47%

RISCO D - NORMAL; 0,000189857

RISCO D -VENCIDA;

0,14%

RISCO G - NORMAL; 0,002290531

RISCO G - VENCIDA; 0,13%

RISCO H - VENCIDA; 0,54%

RISCO A -NORMAL

RISCO A - VENCIDA

RISCO B - NORMAL

RISCO B - VENCIDA

RISCO C - NORMAL

RISCO C -VENCIDA

RISCO D - NORMAL

RISCO D - VENCIDA

RISCO G - NORMAL

RISCO G - VENCIDA

RISCO H - VENCIDA

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 84 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

C, o que é muito bom, pois reflete a qualidade da carteira de crédito que a Unicred

Erechim possui.

4.11 EVOLUÇÃO DAS SOBRAS Figura 11 - Evolução das sobras

Fonte: Dados da Pesquisa

Com relação às sobras líquidas, a Unicred Erechim apresenta uma evolução

significativa nos últimos cinco exercícios analisados. Em 2011 a cooperativa apresentou

sobras líquidas no valor de R$ 846.665,69, já deduzidas do FATES e da Reserva Legal,

conforme legislação. Em 2012 este valor cresceu 38,81%, encerrando o exercício com o

montante de R$ 1.175.252,66. Em 2013, o valor aumentou 28,77% totalizando ao final

do exercício R$ 1.513.369,98 em sobras líquidas. Em 2014 o crescimento foi de 25,40%,

resultando no valor líquido de R$ 1.897.787,67, cifra que aumentou 25,32% no exercício

2015, totalizando R$ 2.378.385,99.

Vale ressaltar o valor líquido em todos os exercícios foram distribuídos aos

associados, conforme aprovação na Assembleia Geral Ordinária, sendo que nos períodos

analisados a distribuição ocorreu na proporção de utilização média de crédito, depósito à

vista e depósito a prazo.

R$-

R$500.000,00

R$1.000.000,00

R$1.500.000,00

R$2.000.000,00

R$2.500.000,00

2011 2012 2013 2014 2015

R$846.665,69

R$1.175.252,66

R$1.513.369,98

R$1.897.787,67

R$2.378.385,99 SOBRAS

Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE 85 V.4, N.2 - 2016 - ISSN: 2318-289X

5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve por objetivo mapear e conhecer o quadro social e analisar os

indicadores de evolução da Unicred Erechim em um determinado período, visando

oportunizar aos Diretores e membros dos Conselhos de Administração e Fiscal tomar

decisões mais assertivas no intuito de melhorar a gestão e definir o planejamento

estratégico.

Por meio da análise realizada através da composição de faixas chegou-se à

conclusão que 81,51% do quadro social da Unicred Erechim é formado por Pessoa Física.

A maioria dos sócios tem idade entre 30 e 40 anos (25,80%), é médico (33,77%), tem até

3 anos de associação (40,50%), investe até R$ 50 mil a prazo (68%) e deve até R$ 50 mil

(58,99%). A maioria das operações de crédito provisionado (42,43%) tem risco C Normal

e as sobras líquidas apresentaram significativo crescimento no período, todavia ele foi

decrescendo, iniciando com 38% em 2012 e chegando a 25% em 2015.

Por fim, a pesquisa, cujos dados apresentam um expressivo crescimento da

cooperativa, evidenciado, principalmente, nas sobras e indicadores de qualidade de

gestão, confirma a importância da análise proposta para que a diretoria possa ter maior

conhecimento sobre a empresa, especialmente, a partir de quem e quais são seus

cooperados a fim de potencializar ações e por consequência o desenvolvimento da

instituição.

REFERÊNCIAS

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______. Atos e Fatos Contábeis nas Sociedades Cooperativas. 3ª ed. São Paulo: OCESP/Sescoop, 2004. ______. Contabilidade para Cooperativas. Campinas, Out 2002. BRASIL. Lei nº 5.674/71 de 16 de dezembro de 1971. Lei que define a Politica Nacional do Cooperativismo, Institui o Regime Jurídico das Sociedades Cooperativas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 21 Abr 2016. JUVENCIO, Fernanda de Castro; ANDRADE, Geraldo Volpe de. Cooperativismo ao alcance de todos. São Paulo: OCESP/Sescoop, 2000. ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS. Disponível em: <http://www.ocb.org.br>. Acesso em: 21 Abr. 2016. PORTAL DO INVESTIDOR. Disponível em: <http://www.portaldoinvestidor.org.br>. Acesso em: 21 Abr 2016. UNICRED ERECHIM. Estatuto Social. Disponível em < http://www.unicred.com.br/erechim/>. Acesso em: 8 Jan 2017. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas 2004. ______. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas 2000. VERMEULEN, Irene. Cooperativa de Crédito – O que é e quais seus benefícios para o empresário. Jaguariúna, 2008.