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CONSTITUIÇÃO DE COOPERATIVAS LEI 5.764/1971

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CONSTITUIÇÃO DE COOPERATIVAS

LEI 5.764/1971

O que é cooperativa?

• É a sociedade de pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum e sem objetivo de lucro, com forma e natureza jurídica própria, de natureza civil, não sujeita a falência e constituída para prestar serviços aos associados.

São características da sociedade cooperativa, conforme a lei 5.794/71

• I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;

• II – variabilidade do capital social representado por quotas-partes;

• III - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais;

• IV - incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade;

V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade;

• VI - quorum para o funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no número de associados e não no capital;

• VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral;

• VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social;

• IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;

• X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa;

• XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços.

São características da sociedade cooperativa, conforme o Código Civil.

• I - variabilidade, ou dispensa do capital social;• II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a

administração da sociedade, sem limitação de número máximo;• III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio

poderá tomar;• IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à

sociedade, ainda que por herança;• V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no

número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado;

• VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;

• VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado;

• VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade.

  Art. 14. A sociedade cooperativa constitui-se por

deliberação da Assembléia Geral dos fundadores, constantes da

respectiva ata ou por instrumento público.

O ato constitutivo deverá conter: •  I - a denominação da entidade, sede e objeto de

funcionamento;•  II - o nome, nacionalidade, idade, estado civil, profissão

e residência dos associados, fundadores que o assinaram, bem como o valor e número da quota-parte de cada um;

•  III - aprovação do estatuto da sociedade;•  IV - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e

residência dos associados eleitos para os órgãos de administração, fiscalização e outros.

•  V - a denominação, sede, prazo de duração, área de ação, objeto da sociedade, fixação do exercício social e da data do levantamento do balanço geral;

•    VI - os direitos e deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e as condições de admissão, demissão, eliminação e exclusão e as normas para sua representação nas assembléias gerais;

•   VII - o capital mínimo, o valor da quota-parte, o mínimo de quotas-partes a ser subscrito pelo associado, o modo de integralização das quotas-partes, bem como as condições de sua retirada nos casos de demissão, eliminação ou de exclusão do associado;

•   VIII - a forma de devolução das sobras registradas aos associados, ou do rateio das perdas apuradas por insuficiência de contribuição para cobertura das despesas da sociedade;

•   IX - o modo de administração e fiscalização, estabelecendo os respectivos órgãos, com definição de suas atribuições, poderes e funcionamento, a representação ativa e passiva da sociedade em juízo ou fora dele, o prazo do mandato, bem como o processo de substituição dos administradores e conselheiros fiscais;

•    X - as formalidades de convocação das assembléias gerais e a maioria requerida para a sua instalação e validade de suas deliberações, vedado o direito de voto aos que nelas tiverem interesse particular sem privá-los da participação nos debates;

•    XI - os casos de dissolução voluntária da sociedade;

•    XII - o modo e o processo de alienação ou oneração de bens imóveis da sociedade;

•    XIII - o modo de reformar o estatuto;•    XIV - o número mínimo de associados.

Dos Associados: • Admissão•  • O ingresso é livre, desde que os interessados

preencham as condições previstas na lei e no estatuto.

• Demissão, Eliminação e Exclusão

• Demissão unicamente a pedido do cooperado.

• Eliminação é pena em consequência de infração legal ou estatutária (cabe recurso à Assembléia Geral).

Hipóteses de exclusão:

• Dissolução da pessoa jurídica;• Morte da pessoa física;• Incapacidade civil não suprida;• Não atendimento aos requisitos estatutários de ingresso

e permanência na cooperativa.

Tanto na demissão, na eliminação ou na exclusão o associado tem direito à restituição do capital integralizado, que só acontecerá após a realização e aprovação do balanço do exercício pela Assembléia Geral do ano respectivo.

Direitos dos Associados:

• Votar e ser votado• Participar de todas as operações da cooperativa• Receber retorno proporcional no fim do ano• Examinar livros e documentos• Convocar a assembléia caso seja necessário• Pedir esclarecimentos ao Conselho de Administração• Opinar e defender suas idéias.• Propor ao Conselho de Administração e ao Conselho

Fiscal medidas de interesse da cooperativa. 

DEVERES

• Operar com a cooperativa• Participar das assembléias da cooperativa• Entregar toda a sua produção à cooperativa• Acatar a decisão da maioria• Votar nas eleições• Cumprir seus compromissos com a cooperativa• Manter-se informado a respeito da cooperativa• Denunciar falhas• Acompanhar os eventos de educação cooperativista

Sociedade de Pessoas O capital é um instrumento para viabilizar o empreendimento e a

prática solidária.Visa o resultado econômico dos seus sócios e não da sociedade

(pessoa jurídica). Cunho Econômico As cooperativas não são sociedades beneficentes ou culturais. Os sócios visam incrementos econômicos para si e para a comunidade

em que estão inseridos, através da prática solidária.A vantagem econômico/financeira advém da eliminação de um ou

mais intermediários do processo produtivo, por meio da ajuda-mútua.

Do Capital Social

 É o valor, em moeda corrente, que cada pessoa investe ao

associar-se e que serve para o desenvolvimento da cooperativa.

O capital social será subdividido em quotas-partes, cujo valor unitário não poderá ser superior ao maior salário mínimo vigente no país.

Nenhum associado poderá subscrever mais de 1/3 (um terço) do total das quotas-partes.

Variabilidade ou dispensa do capital social. Inciso I do art. 1094 do CC/02.

O capital subscrito é estabelecido pelo estatuto social em quotas-partes e poderá ser integralizado de uma só vez ou em parcelas.

Capital integralizado é o capital já pago e o capital a integralizar é o que resta a pagar do capital subscrito.

O capital social integralizado pertence ao associado e não pode ser transferido a terceiros.

• Assembléias Gerais•  • Convocadas pelo Presidente, ou por qualquer dos órgãos de

administração, pelo Conselho Fiscal, ou após solicitação não atendida, por 20% dos cooperados (art. 38, § 3.º, da Lei 5.764/71).

• Deliberação tomada por maioria de votos dos cooperados presentes com direito a voto.

• Vedada a representação por meio de mandatário.•  • Assembléia Geral Ordinária•  • Realizada anualmente dentro dos 3 primeiros meses após o

término do exercício social. Delibera sobre:– Prestação de contas;– Demonstrativo das sobras ou perdas;– Destinação das sobras ou rateio das perdas;– Eleição dos membros dos órgãos de administração e fiscal e de outros;– Outros assuntos.

• Assembléia Geral Extraordinária•  • Realizada sempre que necessário e delibera sobre

qualquer assunto, desde que mencionado no edital de convocação.

• Competência exclusiva para:– Reforma do estatuto social;– Fusão, incorporação e desmembramento;– Mudança do objeto da sociedade;– Dissolução voluntária e nomeação de liquidante;– Contas do liquidante.

• Necessidade do voto de 2/3 dos associados presentes para deliberação dos assuntos relacionados.

• Órgão de Administração

• Diretoria ou Conselho de Administração composto por cooperados eleitos pela Assembléia Geral.

• Mandato nunca inferior a 2 (dois) anos nem superior a 4 anos.• Obrigatória a renovação mínima de 1/3 dos membros.

• Conselho Fiscal

• É o órgão fiscalizador e colaborador que deve fiscalizar, assídua e minuciosamente as operações, ações e serviços da cooperativa e comunicar à Diretoria possíveis irregularidades.

• Os conselheiros examinam mensalmente os balancetes e, no final do ano, apresentam aos demais associados o parecer quanto à veracidade do balanço o submetem à aprovação da assembléia geral.

Conselho Fiscal

• Composto de 3 membros efetivos e 3 suplentes, todos cooperados (6 membros no total).

• Mandato de 1 (um) ano.

• Obrigatória a renovação mínima anual de 2/3 dos membros.

• Não é permitido o parentesco até o segundo grau em linha reta ou colateral.

• Não parentesco entre si, até o segundo grau em linha reta ou colateral.

• Fundos Sociais

• Os Fundos podem ser:– Obrigatórios ou Facultativos.

• Fundo de Reserva:– Destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento das

atividades. Mínimo : 10% das sobras líquidas do exercício

• Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social – FATES.– Mínimo : 5% das sobras líquidas do exercício

• Outros Fundos - com recursos destinados a fins específicos.

Aspectos Tributários:• 1. VEDAÇÃO DE OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL

As Cooperativas (exceto as de consumo) não poderão aderir ao Simples Nacional, conforme o disposto no artigo 3º da Lei, no parágrafo 4º, inciso VI, da LC 123/2006.

• 2. IMPOSTO DE RENDA – PESSOA JURÍDICA• Os resultados (sobras) decorrentes dos atos

cooperativos não são tributáveis pelo IRPJ, conforme Lei 5.764/1971, art. 3. Todos os demais resultados, decorrentes de atos não-cooperativos são tributáveis, integralmente, conforme regras explanadas a seguir.

• 3. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO• A partir de 01.01.2005, as sociedades cooperativas,

relativamente aos atos cooperativos, ficam isentas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL. Esta isenção não alcança as sociedades cooperativas de consumo.

• 4. ICMS• Havendo circulação de mercadorias ou prestação de

serviços tributáveis, a cooperativa estará sujeita ao ICMS, de acordo com a legislação estadual em que efetuar as operações. No Estado da Bahia há isenção tributária para o imposto que incide sobre circulação de mercadorias (ICMS) nas operações com obras de arte e produtos de artesanato, conforme exposto no artigo 15, e seus incisos, do Decreto Nº 6.284 de 14 de março de 1997, que regulamenta o ICMS.

• 5. IPI • A cooperativa é considerada estabelecimento industrial

quando executa qualquer das operações consideradas como industrialização. Neste caso, deverá recolher o IPI correspondente a alíquota aplicável a seus produtos, dentro dos moldes exigidos pelo Regulamento respectivo.

• 6. ISS• Será contribuinte do ISS somente se prestar a terceiros

serviços tributados pelo referido imposto. • A prestação de serviços a cooperados não caracteriza

operação tributável pelo ISS, já que, expressamente, a Lei 5.764/1971, em seu artigo 79, especifica que os atos cooperativos não implicam operação de mercado, nem contrato de compra e venda.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE ASSOCIAÇÃO, COOPERATIVA E EMPRESA MERCANTIL

Associação Sociedade Cooperativa Empresa Mercantil / Sociedade Limitada

É uma organização de pessoas. É uma sociedade de pessoas. É uma sociedade de capital.

Objetivo principal é realizar atividades assistenciais, culturais, desportivas etc (fim não econômico).

Objetivo principal é a prestação de serviços econômicos ou financeiros aos sócios (fim econômico não lucrativo).

Objetivo principal é o lucro (fim econômico e lucrativo)

Número ilimitado de associados Número ilimitado de sócios (em princípio)

Número determinado no contrato social.

Cada pessoa tem um voto. Cada pessoa tem um voto. Poder de voto proporcional ao capital empregado.

Assembléias: quorum é baseado no número de associados

Assembléias: quorum é baseado no número de sócios

Assembléias: quorum é baseado no capital

Associado pode ser titular de quota do patrimônio.

Pode não ter capital social. Em possuído, não é permitida a transferência de quotas-parte a terceiros estranhos à sociedade.

Tem capital social. Permitida a transferência das ações a terceiros.

Resultado financeiro deve ser investido em sua finalidade, jamais distribuído entre associados.

Resultado financeiro distribuído entre os sócios, em razão do valor das operações de cada um.

Resultado financeiro distribuído entre os sócios, em razão da parcela de capital empregado.

No que tange a tributação, deve fazer anualmente uma declaração de isenção de imposto de renda.

Não paga Imposto de Renda sobre suas operações com seus associados. Deve recolher o Imposto de Renda Pessoa Jurídica sobre operações com terceiros. Paga as taxas e os impostos decorrentes das ações comerciais.

Escrituração contábil simplificada A escrituração contábil é mais complexa em função do volume de negócios e em função da necessidade de ter contabilidades separadas para as operações com os sócios e com não-sócios.

Os dirigentes não têm remuneração pelo exercício de suas funções; recebem apenas o reembolso das despesas realizadas para o desempenho dos seus cargos.

Os dirigentes podem ser remunerados por retiradas mensais pró-labore, definidas pela assembléia, além do reembolso de suas despesas.

Seu patrimônio é formado por taxa paga pelos associados, doações, fundos e reservas. Não possui capital social. A inexistência do mesmo dificulta a obtenção de financiamento junto às instituições financeiras.

Possui capital social, facilitando, portanto, financiamentos junto às instituições financeiras. O capital social é formado por quotas-partes podendo receber doações, empréstimos e processos de capitalização.