o perfil demogrÁfico da agricultura familiar ...o perfil demogrÁfico da agricultura familiar...

15
O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações tradicionais e interface com políticas públicas RESUMO: Este artigo possui o objetivo de apresentar o perfil por idade e sexo da agricultura familiar brasileira, a partir da utilização dos inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). O CadÚnico, após sua divulgação de microdados amostrais, apresenta-se como uma potencial fonte de dados para o campo de estudos da sociologia rural e da demografia, particularmente no que se refere a populações tradicionais pobres. Os dados de 2016 revelam que o perfil etário e por sexo da agricultura familiar é bastante heterogêneo entre as grandes regiões brasileiras. Isto revela diferentes estágios da Transição Demográfica. O Sul apresenta um perfil populacional de agricultores familiares mais envelhecidos, com elevada razão de dependência. O Norte se caracteriza por uma concentração de jovens. O Nordeste e Sudeste, com perfis etários bastante próximos, com acentuada concentração de população jovem. O Centro Oeste com perfil etário distinto dos demais, onde verifica-se a menor representação do sexo masculino, sobretudo entre os jovens. De forma geral as disparidades entre as pirâmides sugerem que processos dinâmicos, como a migração interna, podem influenciar a estrutura populacional, expressiva entre a população jovem em todas as regiões. Palavras-Chaves: Cadastro Único, Fonte de Dados, Agricultura Familiar

Upload: others

Post on 17-Nov-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA

PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO

GT 22: Visibilidade das populações tradicionais e interface com políticas públicas

RESUMO: Este artigo possui o objetivo de apresentar o perfil por idade e sexo da

agricultura familiar brasileira, a partir da utilização dos inscritos no Cadastro Único

(CadÚnico) do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). O CadÚnico, após sua

divulgação de microdados amostrais, apresenta-se como uma potencial fonte de

dados para o campo de estudos da sociologia rural e da demografia, particularmente

no que se refere a populações tradicionais pobres. Os dados de 2016 revelam que o

perfil etário e por sexo da agricultura familiar é bastante heterogêneo entre as grandes

regiões brasileiras. Isto revela diferentes estágios da Transição Demográfica. O Sul

apresenta um perfil populacional de agricultores familiares mais envelhecidos, com

elevada razão de dependência. O Norte se caracteriza por uma concentração de

jovens. O Nordeste e Sudeste, com perfis etários bastante próximos, com acentuada

concentração de população jovem. O Centro Oeste com perfil etário distinto dos

demais, onde verifica-se a menor representação do sexo masculino, sobretudo entre

os jovens. De forma geral as disparidades entre as pirâmides sugerem que processos

dinâmicos, como a migração interna, podem influenciar a estrutura populacional,

expressiva entre a população jovem em todas as regiões.

Palavras-Chaves: Cadastro Único, Fonte de Dados, Agricultura Familiar

Page 2: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

1

O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA

PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO

Pedro Gomes Andrade

Giovana Gonçalves Pereira

Raphael Mendonça Guimarães

José H. C. Monteiro da Silva

INTRODUÇÃO

O Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), criado em 2001,

apresenta-se como instrumento de mapeamento de famílias beneficiárias de baixa

renda de programas sociais do governo federal. Este registro contabiliza o estoque de

famílias beneficiárias de políticas sociais voltadas ao combate da pobreza, de baixa

renda, ano a ano, definidas pelo Decreto nº 6.135/2007. As famílias são elegíveis a

partir de dois critérios: i) possuam renda familiar per capita de até meio o salário

mínimo; e ii) renda familiar total de até três salários mínimos.

Estão presentes no CadÚnico os beneficiários do Programa Bolsa-Família

(PBF), do Benefício de Proteção Continuada (BPC), do Programa Nacional de

Inclusão de Jovens (ProJovem), Programa Minha Casa, Minha Vida, Programas

Cisternas, Bolsa Estiagem, Programa Nacional da Reforma Agrária, Programa de

Fomento às Atividades Produtivas Rurais/ Assistência Técnica e Extensão Rural,

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e demais políticas da rede

socioassistencial nos níveis locais, estaduais e federais.

A partir desta fonte de dados é possível a desagregação das informações por

distribuição territorial, composição por sexo e faixa etária, assim como, por

características socioeconômicas das famílias e consequentemente dos indivíduos

Aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP). E-mail: [email protected] Aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP). E-mail: [email protected] Aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP). E-mail: [email protected] Aluno de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP). E-mail: [email protected]

Page 3: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

2

cadastrados. Além disso, segundo Januzzi (2017), a base de dados do CadÚnico, ao

contar com a atualização regular das famílias beneficiárias dos programas sociais,

“[...] acaba funcionando como um censo contínuo da população mais pobre do país”.

Ainda, esta fonte de dados também possibilita mapear Grupos Populacionais

Tradicionais e Específicos (GPTEs) como: famílias indígenas, quilombolas,

ribeirinhas, extrativistas, ciganas, agricultores familiares, entre outras.

Destarte, o artigo busca apresentar a utilização dos microdados do CadÚnico

para mensurar o perfil por idade e sexo das famílias de agricultores familiares, entre

as cinco grandes regiões brasileiras. O perfil demográfico das pessoas envolvidas em

agricultura familiar no Brasil ainda é pouco conhecido, o que traz relevância para o

artigo. A partir disso tem-se o objetivo de apresentar a potencialidade da utilização

dos dados amostrais do CadÚnico para estudos demográficos e de sociologia rural,

com enfoque para a pobreza.

MATERIAIS E MÉTODOS

Bases de Dados

Foram utilizados os microdados amostrais referentes ao ano de 2016

disponibilizados pela Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) e

Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC), vinculadas ao Ministério do

Desenvolvimento Social (MDS)1. A iniciativa de disponibilização de dados amostrais

desidentificados do CadÚnico possibilita a utilização de dados anuais desde de 2012

e tem o objetivo de fomentar a utilização de informações socioeconômicas sobre

famílias e pessoas de baixa renda cadastradas por pesquisadores, para análise de

políticas sociais. Devido a utilização de dados amostrais, todas as análises

apresentadas neste artigo foram feitas no software R version 3.4.0, com a expansão

da amostra realizada através do pacote survey (LUMLEY, 2017).

Os microdados amostrais do CadÚnico estão dispostos em dois diferentes

bancos de dados: um referente às informações de famílias e outro referente às

informações das pessoas. A identificação de pessoas pertencentes aos GPTEs,

dentre os quais se inserem os agricultores familiares, é feita por meio do código de

identificação de cada família, presente nos dois tipos de bancos de dados.

1 O download dos microdados pode ser acessado em: < https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/portal/index.php?grupo=212> Acessado em 8 fev 2018.

Page 4: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

3

A forma de identificação de qual GPTEs pertence à família é dada a partir da

pergunta: “Indique abaixo se sua família pertence a algum grupo populacional

tradicional ou específico” e o respondente se autodeclara pertencente a alguma

população tradicional específica, dentre as seguintes opções: “família cigana”; “família

extrativista”; “família de pescadores artesanais”; “família pertencente à comunidade

de terreiro”; “família ribeirinha”; “família de agricultores familiares”; “Família Assentada

da Reforma Agrária”; “Família beneficiária do Programa Nacional do Crédito

Fundiário”; “Família Acampada”; “Família Atingida por Empreendimentos de

Infraestrutura”; “Família de Preso do Sistema Carcerário”; “Família de Catadores de

Material Reciclável”; e “Nenhuma”2.

Operacionalmente, na utilização dos microdados, foi necessário em um primeiro

momento identificar os códigos das famílias de Agricultores Familiares, variável

presente na base de dados de famílias e em seguida, com tais identificadores em

mãos, selecionaram-se somente os indivíduos com vínculos com a agricultura familiar

no banco de dados de pessoas.

A base de dados de famílias, no ano de 2016, contava com 30 variáveis e 34

variáveis na base de pessoas (Quadro 1), abarcando amostras de 15.319.911

pessoas e 5.208.608 famílias.

2 O detalhamento sobre a evolução do cadastramento de GPTEs pode ser observada em MDS (2014).

Page 5: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

4

Quadro 1 – Variáveis disponíveis nos bancos de dados amostrais de pessoas e famílias

Pessoas Famílias

Nome da variável Descrição Nome da variável Descrição

cd_ibge Código IBGE do Município cd_ibge Código IBGE do Município

cod_sexo_pessoa Sexo dat_cadastramento_fam

Data do cadastramento da família no formato YYYY-MM-DD

Idade Idade calculada a partir da diferença entre a data de nascimento da pessoa e a data de referência da base

dat_alteracao_fam

Data da última alteração em qualquer campo da família no formato YYYY-MM-DD (Variável utilizada nos de 2014, 2015, 2016 e 2017)

cod_parentesco_rf_pessoa Relaçao de parentesco com o RF vlr_renda_media_fam

Valor da renda média (per capita) da família, formato NNNNNNNNN (não tem a vírgula). Ex. Uma renda de R$ 125,00 constará na base como 125.

cod_raca_cor_pessoa Cor ou raça dat_atualizacao_familia

Data da última atualização da família dos dados considerados sensíveis à manutenção do cadastro no formato YYYY-MM-DD (Variável utilizada nos anos de 2014, 2015, 2016 e 2017)

cod_local_nascimento_pessoa Local de nascimento dat_atual_fam

Data da última alteração em qualquer campo da família no formato YYYY-MM-DD (variável utilizada nos anos de 2012 e 2013)

cod_certidao_registrada_pessoa Pessoa registrada em cartório cod_local_domic_fam

Características do local onde está situado o domicílio

cod_deficiencia_memb Pessoa tem deficiência? cod_especie_domic_fam Espécie do domicílio

cod_sabe_ler_escrever_memb Pessoa sabe ler e escrever? qtd_comodos_domic_fam Quantidade de comodos do domicilio

ind_frequenta_escola_memb Pessoa frequenta escola?

qtd_comodos_dormitorio_fam

Quantidade de comodos servindo como dormitório do domicilio

cod_escola_local_memb Escola localizada no município? cod_material_piso_fam Material predominante no piso do domicílio

cod_curso_frequenta_memb Curso que a pessoa frequenta cod_material_domic_fam

Material predominante nas paredes externas do domicílio

cod_ano_serie_frequenta_memb Ano e série que a pessoa frequenta cod_agua_canalizada_fam Se o domicílio tem água encanada

cod_curso_frequentou_pessoa_memb

Curso mais elevado que a pessoa frequentou cod_abaste_agua_domic_fam

Forma de abastecimento de água

cod_ano_serie_frequentou_memb

Último ano e série frequentado pela pessoa cod_banheiro_domic_fam Existência de banheiro

cod_concluiu_frequentou_memb A pessoa concluiu o curso?

cod_escoa_sanitario_domic_fam

Forma de escoamento sanitário

cod_trabalhou_memb Pessoa trabalhou na semana passada?

cod_destino_lixo_domic_fam

Forma de coleta do lixo

cod_afastado_trab_memb Pessoa afastada na semana passada? cod_iluminacao_domic_fam Tipo de iluminação

cod_agricultura_trab_memb É atividade extrativista?

cod_calcamento_domic_fam

Calçamento

cod_principal_trab_memb Função principal cod_familia_indigena_fam Família indígena

val_remuner_emprego_memb

Valor de remuneração no formato NNNNN (sem casas decimais). Ex. Uma remuneração de R$ 125,00 constará na base como 125.

ind_familia_quilombola_fam Família quilombola

cod_trabalho_12_meses_memb

Pessoa com trabalho remunerado em algum período nos último 12 meses

nom_estab_assist_saude_fam

Nome do estabelecimento EAS/MS

qtd_meses_12_meses_memb

Quantidade de meses trabalhados nos últimos 12 meses

cod_eas_fam Código do estabelecimento EAS/MS

val_renda_bruta_12_meses_memb

Valor de remuneração bruta no formato NNNNN (sem casas decimais). Ex. Uma remuneração de R$ 125,00 constará na base como 125.

nom_centro_assist_fam Nome do CRAS/CREAS

val_renda_doacao_memb

Valor recebido de doação no formato NNNNN (sem casas decimais). Ex. Uma renda de R$ 125,00 constará na base como 125.

cod_centro_assist_fam Código do CRAS/CREAS

val_renda_aposent_memb

Valor recebido de aposentadoria no formato NNNNN (sem casas decimais). Ex. Uma remuneração de R$ 125,00 constará na base como 125.

ind_parc_mds_fam Grupos tradicionais e específicos

val_renda_seguro_desemp_memb

Valor recebido de seguro desemprego no formato NNNNN (sem casas decimais). Ex. Um valor de R$ 125,00 constará na base como 125.

peso.fam Peso calculado da família

val_renda_pensao_alimen_memb

Valor recebido de pensão alimentícia no formato NNNNN (sem casas decimais). Ex. Uma renda de R$ 125,00 constará na base como 125.

id_familia Identificador único da família para pareamento com a base de pessoas

val_outras_rendas_memb

Valor recebido de outras fontes no formato NNNNN (sem casas decimais). Ex. Uma renda de R$ 125,00 constará na base como 125.

Estrato São gandes grupos de municípios, de acordo com a quantidade de famílias cadastradas

peso.fam Peso calculado da família Classf

Subdivisão pela Unidade Federativa e divisão administrativa

peso.pes Peso calculado da pessoa qtd_pessoas

Quantidade de pessoas utilizada no cálculo da renda per capita familiar – variável calculada pelo sistema

id_familia

Identificador único da família de vinculação da pessoa para pareamento com a base de famílias

Estrato

São grandes grupos de municípios, de acordo com a quantidade de famílias cadastradas

Classf

Subdivisão pela Unidade Federativa e divisão administrativa

Fonte: Disponível em: <https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/portal/index.php?grupo=212>. Data de acesso: 16 fev 2018.

Ademais, é importante apresentar o processo de amostragem do CadÚnico que

foi realizado de forma probabilística do tipo amostragem estratificada, em múltiplos

estágios3. Neste processo, são obtidos um peso para famílias e outro para pessoas.

3 Disponível em <https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/noticias/arquivos/files/Plano_amostral_

Page 6: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

5

O delineamento amostral permitiu garantir a representatividade da amostra por UFs e

divisão administrativa (capital, demais municípios da RM ou RIDE e demais

municípios da UF).

Análise dos Dados

Após a identificação do GPTEs de agricultores familiares foi realizado

cruzamento de informações adicionais, como sexo, idade e Grande Região. Para a

análise do perfil demográfico da agricultura familiar dos inscritos no CadÚnico foram

construídos gráficos de distribuição etária e sexo e indicadores de estrutura etária

(índice de envelhecimento e a razão de dependência).

O Índice de Envelhecimento consiste no quociente entre o número de pessoas

de 60 e mais anos e o número de pessoas de 0 a 14 anos, multiplicados por 100. Este

indicador, resultante de componentes etários extremos da população (jovens e

idosos), ajuda a caracterizar em qual estágio da transição demográfica está a região

geográfica, ou estrato populacional analisado. Valores elevados indicam que a

transição demográfica se encontra em estágio avançado.

A Razão de Dependência consiste no quociente entre os grupos etários de

economicamente dependentes (menores de 15 anos de idade e os de 60 anos ou

mais anos de idade) e o grupo etário potencialmente produtivo (população entre 15 e

59 anos de idade). Além deste indicador que se refere a dependência total, foram

utilizados dois indicadores derivados: a dependência de jovens e de idosos, mantendo

constante o denominador e modificando o numerador apenas para população de

interesse.

Por fim, é importante ressaltar que estudo se encontra em consonância com a

Resolução 510 de 2016, que dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em

Ciências Humanas e Sociais. Considerando que os procedimentos metodológicos não

envolveram o uso de dados diretamente obtidos com participantes ou informações

identificáveis, fica isento da obrigação de aprovação por Comitê de Ética.

microdados_cadastro_unico.pdf>. Acesso em 8 fev 2018.

Page 7: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

6

RESULTADOS

No ano de 2016 o CadÚnico registrou 3.698.629 pessoas autodeclaradas como

agricultores familiares, 1.797.609 do sexo masculino (48,6%) e 1.901.020 (51,4%) do

sexo feminino (Tabela 1). Cerca de 63,6% da população de agricultores familiares

tinha de 15 a 59 anos, revelando uma estrutura etária rejuvenescida (Tabela 1). O

Gráfico 1 ajuda a reforçar esta constatação, que se mantêm nas Grandes Regiões.

Ademais, pode-se observar que apesar de jovem, os perfis etários entre as grandes

regiões do país apresentam particularidades que os diferem. Outro ponto importante

é a possível presença da migração da população jovem, sobretudo para os homens

na região Centro-Oeste e Sul, verificada devido a redução drástica da população

jovem destas regiões (Gráfico 1). Isto deve-se em grande medida a saída para o

estudo e/ou qualificação profissional e entrada no mercado de trabalho.

De acordo com as TabelasTabela 1 eTabela 2, bem como o Gráfico 1, pode-se

observar que o perfil etário e por sexo da agricultura familiar é bastante heterogêneo

entre as grandes regiões do país, revelando diferentes estágios da Transição

Demográfica. O Sul apresenta um perfil populacional de agricultores familiares mais

envelhecidos, com elevada razão de dependência. O Norte se caracteriza por uma

concentração de jovens. O Nordeste e Sudeste, com perfis etários bastante próximos,

com acentuada concentração de população jovem. O Centro Oeste com perfil etário

distinto dos demais, onde verifica-se a menor representação do sexo masculino,

sobretudo entre os jovens. De forma geral as disparidades entre as pirâmides

sugerem que processos dinâmicos, como a migração interna, podem influenciar a

estrutura populacional, expressiva entre a população jovem em todas as regiões.

Tabela 1 – Distribuição etária e por sexo de Agricultores Familiares segundo Grande Região, 2016

Grande Região/ Dist. Etária

Masculino Feminino Total

N (%) N (%) N (%)

Brasil 1.797.609 100 1.901.020 100 3.698.629 100

0-14 594.199 33,05 566.023 29,77 1.160.222 31,37

15-59 1.096.692 61,01 1.255.796 66,06 2.352.487 63,60

60+ 106.719 5,94 79.201 4,17 185.920 5,03

Norte 281.686 100 288.977 100 570.662 100

0-14 116.258 41,27 110.894 38,37 227.152 39,80

15-59 154.188 54,74 171.023 59,18 325.210 56,99

60+ 11.240 3,99 7.060 2,44 18.300 3,21

Nordeste 1.388.350 100 1.486.573 100 2.874.923 100

Page 8: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

7

0-14 442.600 31,88 421.776 28,37 864.376 30,07

15-59 861.275 62,04 999.952 67,27 1.861.227 64,74

60+ 84.475 6,08 64.845 4,36 149.320 5,19

Sudeste 55.061 100 54.193 100 109.254 100

0-14 16.589 30,13 15.320 28,27 31.909 29,21

15-59 34.809 63,22 36.384 67,14 71.193 65,16

60+ 3.663 6,65 2.489 4,59 6.152 5,63

Sul 62.246 100 60.655 100 122.900 100

0-14 15.274 24,54 14.737 24,30 30.011 24,42

15-59 40.649 65,30 41.793 68,90 82.442 67,08

60+ 6.322 10,16 4.125 6,80 10.447 8,50

Centro Oeste 10.266 100 10.623 100 20.889 100

0-14 3.477 33,87 3.297 31,03 6.774 32,43

15-59 5.770 56,21 6.644 62,54 12.414 59,43

60+ 1.019 9,92 682 6,42 1.701 8,14

Total 1.797.609 1.901.020 3.698.629

Fonte: Dados amostrais do Cadastro Único de 2016.

Gráfico 1 – Distribuição etária e por sexo de Agricultores Familiares, Brasil e Grandes Regiões, 2016

Fonte: Dados amostrais do Cadastro Único de 2016.

Page 9: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

8

Tabela 2 – Indicadores de estrutura etária por sexo de Agricultores Familiares segundo Grande Região, 2016

Indicador/ Grande Região

Masculino Feminino Ambos os

Sexos

Índice de Envelhecimento

Brasil 17,96 13,99 16,02

Norte 9,67 6,37 8,06

Nordeste 19,09 15,37 17,27

Sudeste 22,08 16,25 19,28

Sul 41,39 27,99 34,81

Centro Oeste 29,29 20,70 25,11

Razão de Dependência (Jovens)

Brasil 54,18 45,07 49,32

Norte 75,40 64,84 69,85

Nordeste 51,39 42,18 46,44

Sudeste 47,66 42,10 44,82

Sul 37,58 35,26 36,40

Centro Oeste 60,26 49,62 54,57

Razão de Dependência (Idosos)

Brasil 9,73 6,31 7,90

Norte 7,29 4,13 5,63

Nordeste 9,81 6,48 8,02

Sudeste 10,52 6,84 8,64

Sul 15,55 9,87 12,67

Centro Oeste 17,65 10,27 13,70

Razão de Dependência (Total)

Brasil 63,91 51,38 57,22

Norte 82,69 68,97 75,47

Nordeste 61,20 48,66 54,46

Sudeste 58,18 48,95 53,46

Sul 53,13 45,13 49,07

Centro Oeste 77,91 59,89 68,27

Fonte: Dados amostrais do Cadastro Único de 2016.

DISCUSSÃO

Conceitualmente, o MDS define a família de agricultores familiares em

consonância com a Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos

Familiares Rurais (Lei n. 11.326/2006), como:

Aquela cuja sobrevivência vincula-se à atividade agropecuária, praticada, predominantemente, com a força de trabalho familiar, em âmbito doméstico, na produção para autoconsumo e comercialização do excedente. A propriedade familiar não pode ser maior do que 4 módulos fiscais (medida expressa em hectares e que varia de acordo com as características de cada município). As atividades agrícolas desenvolvidas por essas famílias podem envolver o cultivo de hortaliças, plantas medicinais, frutas, flores, bem como a criação de animais de pequeno porte e piscicultura, além da produção artesanal

Page 10: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

9

e processamento de alimentos e bebidas para o consumo humano. (MDS, 2016, p. 2).

De acordo com o Guia de Cadastramento de Grupos Populacionais Tradicionais

e Específicos (MDS, 2012), o cadastramento das famílias de agricultores familiares

ocorre, geralmente, através da articulação da rede socioassistencial aos órgãos e

institucionais que atuam frente a esse grupo populacional. No âmbito das capitais e

regiões metropolitanas, a Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário, a

Federação dos Trabalhadores na Agricultura, a Secretária Estadual de Agricultura

Familiar, o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável. Já nos casos

dos municípios o contato pode ser feito através do Sindicato dos Trabalhadores

Rurais, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, com a Empresa

de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), dentre outras empresas e

organizações não governamentais.

Neste sentido, cabe mencionar que a gestão do Cadastro Único, de acordo com

Curralero (2012), se desenvolve de forma descentralizada através da atuação dos

municípios e sob a coordenação do órgão gestor no nível federal, no caso a Secretária

Nacional de Renda de Cidadania (SENARC) do Ministério de Desenvolvimento Social

(MDS). Majoritariamente, o acompanhamento das famílias cadastradas é realizado

pela equipe do órgão gestor, dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS)

ou dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) dos

municípios.

É importante ressaltar que, com as modificações do questionário do Censo

Agropecuário de 2017 a atualização das informações acerca do perfil do agricultor

familiar brasileiro foi comprometida. Deste modo, acreditamos que o CadÚnico poderá

oferecer importantes subsídios para a construção e análise do perfil da agricultura

familiar brasileira. Ademais, compreender o perfil sociodemográfico destas famílias

pressupõe o entendimento das interfaces da agricultura familiar frente às modificações

socioeconômicas e demográficas do mundo rural, bem como frente às interrelações

entre os espaços rurais e urbanos.

Kageyama (2008) assinala, neste sentido, que o conceito de rural se modificou,

ao longo do tempo, de acordo com a conjuntura história, demográfica e

socioeconômica, correlacionando-se, assim, com a população, com o espaço, com a

economia e com uma determinada paisagem. Já Wanderley (2000) nos propõe a

leitura do universo rural através da combinação de um espaço singular e coletivo,

Page 11: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

10

deste modo, “[...] a categoria ‘rural’ carrega em si a diversidade das próprias relações

entre os espaços rurais e urbanos – e entre as populações do campo e das cidades –

tais como se modificam histórica e socialmente, no tempo e no espaço”.

Sob essa abordagem, temos que os distintos perfis demográficos dos

agricultores familiares cadastrados no CadÚnico se associam aos condicionais

históricos e regionais de expansão e consolidação da fronteira agrícola brasileira, do

surgimento do “novo rural”, da articulação dos mercados locais e regionais, da questão

agrária nacional, do processo de urbanização e da transição demográfica.

A agricultura familiar surge como categoria política em meados de 1980 e

consolida-se na década de 1990, através das lutas protagonizadas pelos movimentos

sindicais com o intuito de reconhecimento social. Nesse sentido, devemos entender

que a agricultura familiar se apresenta como uma “[...] categoria sociológica, que não

pode ser desconectada da trajetória das políticas públicas e da invenção do Estado”

(Nierdele, Fialho e Conterato, 2015). Portanto, a categoria social de agricultores

familiares se constituiu pela articulação de distintos atores como a academia, a

organização de agentes políticos e as políticas de Estado (Kageyama, 2008;

Wanderley, 2015; Nierdele, Fialho e Conterato, 2015).

Simultaneamente, Abramovay (1992) aponta que o agricultor familiar não deve

ser definido somente a partir de seu papel na divisão social do trabalho, apesar de ter

seus objetivos econômicos delineados pelas condições de acesso aos meios de

produção, pela disponibilidade de terras, pelo padrão tecnológico presente e pelo

mercado. Ressaltando, em consonância com Neves (1995), que a unidade familiar é

a base da agricultura familiar.

Finalmente, podemos entender os agricultores familiares, segundo Picolotto

(2015), ora como atores sociais, ora por sua heterogeneidade, ora como empresários

rurais. Sob essa perspectiva, a agricultura familiar passou a ser compreendida tanto

como unidade produtiva, quanto unidade de organização familiar. Assim, a categoria

de agricultura familiar abarca, como apontam Nierdele, Fialho e Conterato (2015),

distintos grupos sociais como quilombolas, faxinalenses, geraizeiros, lavradores,

ribeirinhos, indígenas, pescadores artesanais, entre outros. Para este fim, o

cadastramento diferenciado dos GPTEs teve início no ano de 2004, identificando

famílias remanescente de quilombos e indígenas. Vale destacar que, a partir de 2010

com a Versão 7 do CadÚnico, foram implementados novos aprimoramentos do

sistema operacional e formulários de cadastramento, o que permitiu identificar outros

Page 12: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

11

grupos tradicionais (MDS, 2014). A identificação destas famílias é feita por

autodeclaração.

A análise descritiva das características sociodemográficas da população de

agricultores familiares cadastrados no CadÚnico em dezembro de 2016 revelou que

a população de agricultores familiares, no recorte analisado, se caracteriza,

majoritariamente, por uma estrutura jovem. Destacando-se, para ambos os sexos, os

grupos etários de 10 a 14 anos e de 15 a 19 anos de idade. Em mesma medida,

destacamos a presença de crianças (0 a 9 anos), para ambos os sexos, nas regiões

Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Somente o Sul do país, apresentou uma

base mais estreita.

Esse cenário pode ser explicado em decorrência do perfil populacional atendido

pelo principal programa de transferência de renda do país, o Programa Bolsa-Família,

formado majoritariamente, nos espaços rurais, por casais jovens e com filhos (REGO

e PIZANI, 2014). A região Norte apresenta a maior proporção de jovens (10 a 14 anos)

no período sendo procedida pela região Centro-Oeste.

As regiões Sul e Sudeste apresentam estruturas populacionais mais

envelhecidas em comparação as demais. Conquanto, ao verificarmos os índices de

envelhecimento, notamos que com exceção do Norte que apresentou o menor índice

(8,06), todas as demais regiões apresentaram índices que já evidenciam o processo

de envelhecimento em curso nos espaços rurais, particularmente na região Sul

(34,81). A presença marcante da população idosa, não se correlaciona tão somente a

transição demográfica em curso no rural, mas também pela centralidade do Benefício

de Prestação Continuada (BPC) na composição da renda das famílias rurais como

evidenciam os estudos qualitativos de Gusmão e Alcântara (2008) e Alcântara (2016).

Alcântara (2016, p. 334), sinaliza que “as relações de consanguinidade ou de

afinidade são o primeiro recurso na busca de apoio dos mais velhos e dos mais jovens

[...] a ajuda prestada pelos velhos extrapola o caráter financeiro, somando, assim, o

cuidado com os netos e com o trabalho da casa”. Essas relações historicamente se

apresentam como estratégicas no momento da migração sazonal de trabalhadores

rurais e urbanos para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Pereira (2015) e Maciel

(2016) destacam a centralidade das mulheres idosas para a manutenção e cuidados

domésticos da residência e propriedade de seus filhos, assim como, no cuidado de

seus netos enquanto os pais estão ausentes em razão da migração para a safra da

laranja em São Paulo.

Page 13: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

12

Ainda assim, notamos que o índice de envelhecimento masculino é superior ao

feminino, para todas as regiões brasileira, esse fato se correlaciona a migração

feminina rural-urbana de curta distância como apontam Camarano e Ambramovay

(1999). Em somatória, Menezes (2010) e Maciel (2013) apontam que a migração

feminina rural-urbana de longa distância, muitas vezes, se apresenta como estratégia

para saída de esquemas tradicionais de dominação masculina, o que corroboraria

com o aumento do envelhecimento e masculinização do campo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo buscou apresentar o perfil demográfico da agricultura familiar brasileira,

a partir dos inscritos no CadÚnico. Desta forma, foram analisadas as famílias pobres

autodeclaradas como agricultores familiares. Pouco ainda se conhecia sobre a

distribuição etária e por sexo da agricultura familiar entre as Grandes Regiões, o que

acredita-se ser a contribuição do artigo para o tema da sociologia rural. Além disso é

importante ressaltar que a elaboração do artigo só foi possível a partir da

disponibilização dos microdados amostrais do CadÚnico. Nesse sentido, o CadÚnico

trata-se de uma potencial fonte de dados para o campo de estudos da sociologia rural

e da demografia, particularmente no que se refere a populações tradicionais pobres.

Os dados de 2016 revelaram que o perfil etário e por sexo da agricultura familiar

é bastante heterogêneo entre as grandes regiões brasileiras. Isto revela diferentes

estágios da Transição Demográfica. O Sul apresenta um perfil populacional de

agricultores familiares mais envelhecidos, com elevada razão de dependência. O

Norte se caracteriza por uma concentração de jovens. O Nordeste e Sudeste, com

perfis etários bastante próximos, com acentuada concentração de população jovem.

O Centro Oeste com perfil etário distinto dos demais, onde verifica-se a menor

representação do sexo masculino, sobretudo entre os jovens. De forma geral as

disparidades entre as pirâmides sugerem que processos dinâmicos, como a migração

interna, podem influenciar a estrutura populacional, expressiva entre a população

jovem em todas as regiões.

Page 14: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo:

HUCITEC/ANPOCS/UNICAMP, 1992.

CAMARANO, A. A; ABRAMOVAY, R. Êxodo Rural, envelhecimento e masculinização no Brasil: panorama dos últimos 50 anos. Rio de Janeiro: IPEA,

1999. Disponível em:

< http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_0621.pdf>

ALCÂNTARA, A. Envelhecer no contexto rural: a vida depois do aposento. In Política nacional do idoso: velhas e novas questões (Orgs: ALNCÂNTARA, A.O;

CAMARANO, A.M.; GIACOMIN, K.C). Rio de Janeiro. IPEA. 2016, p. 323-342. Disponível em:

<http://www.en.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/161006_livro_politica_nacional_idosos_capitulo12.pdf>

CURRALEIRO, C.R.B. O enfrentamento da pobreza como desafio para as políticas sociais no Brasil: Uma análise a partir do Programa Bolsa Família.

Tese de Doutorado. Instituto de Economia/UNICAMP. Campinas. 2012.

GUSMÃO, N.M.M.; ALCÂNTARA, A.O. Velhice, mundo rural e sociedades modernas: tensos itinerários. In RURIS. V, 2, N. 1. Campinas. Março de 2008. p.

154-180. Disponível em <https://www.ifch.unicamp.br/ceres/2008-neusa_gusmao.pdf>

JANUZZI, P.M. Indicadores Sociais no Brasil: Conceitos, fontes de dados e aplicações. 6ª edição. Campinas. Editora Alínea. 2017.

KAGEYAMA, A. Desenvolvimento rural: Conceitos e aplicação no caso brasileiro. Porto Alegre. Editora da UFRGS. Programa em Pós-Graduação em

Desenvolvimento Rural. 2008.

LEITE, S.P. Agricultura familiar e experiências inovadoras no semiárido nordestino. Revista Estudos – Sociedade e Agricultura. Out/2000. N. 15, p. 180-190.

LUMLEY, T. Survey: analysis of complex survey samples. R package version 3.32.,

2017.

MACIEL, L. M. O sentido de melhorar de vida: arranjos familiares na migração rural-urbana para o interior de São Paulo. Jundiaí: Paco Editorial, 2013.

_____. Entre o rural e o urbano: processos migratórios de trabalhadores rurais do Alto e Médio Canindé piauiense para a Região Central do Estado de São Paulo. 2016. 308f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e

Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016.

MENEZES, M. Migrações: uma experiência histórica do campesinato do nordeste. Diversidade do campesinato: expressões e categorias. Vol. I: estratégias de reprodução social. DE GODOI, E.P.;MENEZES, M.A.; MARIN, R.A. (orgs). Editora

UNESP. São Paulo. 2010. p. 269-288.

MDS. Diversidade no Cadastro Único: respeitar e incluir. Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2014. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/cadastro_unico/_Diversidade no Cadastro Unico - 2014.pdf>

Page 15: O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR ...O PERFIL DEMOGRÁFICO DA AGRICULTURA FAMILIAR BRASILEIRA: UMA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DO CADASTRO ÚNICO GT 22: Visibilidade das populações

14

MDS. Grupos tradicionais e específicos Campo 2.07 do Formulário Suplementar 1. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2016.

Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/cadastro_unico/_filipeta_cadunico_periodo_eleitoral.pdf

MDS. Guia de Cadastramento de Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos: Cadastro Único para Programas Sociais. 1ª Edição. Brasília. 2012.

NEVES, D.P. Agricultura Familiar: Questões Metodológicas. Revista da Associação Brasileira da Reforma Agrária. No 2 e 3/Vol. 25. Maio/Dez 1995.

NIERDELE, P.A.; FIALHO, M.A.V e CONTERATO, M.A. A pesquisa sobre Agricultura Familiar no Brasil: Aprendizagens, esquecimentos e novidades. Editorial. In Revista de Economia e Sociologia Rural. Piracicaba/SP. vol 52. Supl.

1. Fev. 2015.

PEREIRA, G.G. Entre o partir e o chegar: Os trabalhadores migrantes rurais em Matão/SP. Dissertação de Mestrado em Demografia. IFCH-UNICAMP. 2015.

PICOLOTTO, E.L. Os atores da construção da categoria agricultura familiar no Brasil. In Revista de Sociologia e Economia Rural. Piracicaba/SP. Vol 52. Supl.1.

Fevereiro/2015.

REGO, W.; PIZANI, A. Vozes do Bolsa-Família: Autonomia, dinheiro e cidadania. Editora UNESP. São Paulo. 2014.

WANDERLEY, M.N.B. A emergência de uma nova ruralidade nas sociedades modernas avançadas – o “rural” como espaço singular e ator coletivo. Estado e Sociedade. Outubro/2000/no 15.

_____. O campesinato brasileiro: Uma história de resistência. In Revista de Economia e Sociologia Rural. Piracicaba/SP. Fevereiro de 2015.