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O PEDAGOGO NA ESCOLA: uma análise coletiva do seu trabalho

Autor: Itelmares Warmling Meurer1

Orientadora: Roseli de Fátima Rech Pilonetto2

Resumo

Neste trabalho apresentamos as ações desenvolvidas para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, nos anos de 2010 a 2012. O fator motivador para o ingresso no PDE, foi a atuação como pedagoga em escola pública ao nos depararmos diariamente com reclamações e preocupações dos professores relacionadas ao ensino e a aprendizagem. Assim, conhecer o papel do pedagogo na escola, bem como contribuir com os docentes na busca de alternativas para problemáticas do processo educativo, unindo o trabalho do pedagogo ao do professor e também ao da comunidade escolar, foram os objetivos para o trabalho. Neste artigo, realizamos estudo sobre o pedagogo, no intuito de compreender como esse profissional se constituiu ao longo da história, além do trabalho de intervenção com pais, alunos, agentes educacionais I e II, direção, pedagogas e professores, desenvolvido na escola em que atuamos. Autores como Libâneo (2002), Pimenta (2003) e Silva (2002) deram suporte para as discussões teóricas sobre o pedagogo realizadas neste texto. Posteriormente, apontamos como o Estado do Paraná define, em sua legislação, a função do pedagogo na escola e o que as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia (2006), indicam como o papel desse profissional. Apresentamos o que pensam os sujeitos que estão na escola sobre a ação do pedagogo com base em alguns resultados da implementação feita. Ao final, algumas considerações indicam nossa avaliação do trabalho desenvolvido nestes dois anos.

Palavras-Chave: Professor Pedagogo; Trabalho Pedagógico; Pedagogo Mediador.

1 Especialista em Orientação Educacional. Graduada em Pedagogia. Professora PDE. Atua no Colégio Estadual Irmã Maria

Margarida – Ensino Médio e Normal, no cargo de Pedagoga, no município de Salto do Lontra - PR.

2 Mestre em Educação. Graduada em Pedagogia. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de

Francisco Beltrão. Professora do curso de Pedagogia.

Abstract

In this work we present the actions developed for the Educational Development Program - PDE in pedagogue the years 2010 to 2012. The motivating factor for entering the PDE, was acting as an in public school when faced daily with teacher’ complaints and concerns related to teaching and learning. Thus, knowing the role of the pedagogue at school, to contribute witer teacher to the search for alternatives to questions of the educational process, joinina the work of the pedagogue to the teacher and also the school community, were the work’s aims. In this article, we madi a study in order to understand how these professionals was formed throughout history, beyond the intervention work with parents, students, educational agents I and II, direction, pedagogues and teachers, developed at the school where we operate. Authors like Libâneo (2002), Pimenta (2003) and Silva (2002) have provided support for the theoretical discussions about the pedagogue made in this text. Later, as the aim of the Parana State defines, in its legislation, the role of the teacher at school and what the National Curriculum Guidelines of the School of Education (2006), indicate the role of a professional. Subsequently, we present what they think the envolvers who are in school about the pedagoguis action based on some results of the implementation done. Finally, some considerations indicate our valuation of the work made in these two years.

Key Words: Teacher Pedagogue; Pedagogical Work; Pedagogue Mediator.

1 Introdução

Este artigo é resultado do trabalho desenvolvido para o Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, nos anos de 2010 a 2012. O fator motivador para o

ingresso no PDE, foi a atuação como pedagoga em escola pública, e ao nos depararmos

diariamente com reclamações e preocupações dos professores relacionadas ao ensino e a

aprendizagem, as quais citamos algumas: “o aluno não aprende”, “é desinteressado e

indisciplinado”. A partir destas questões nos provocamos a estudar como poderíamos

auxiliar os professores da escola a buscar alternativas para as questões citadas acima.

Assim, conhecer o papel do pedagogo na escola pública, bem como contribuir com os

docentes na busca de alternativas para problemáticas do processo educativo, unindo o

trabalho do pedagogo ao do professor e também ao da comunidade escolar, foram os

objetivos para o trabalho.

Neste sentido, desenvolvemos um estudo sobre o pedagogo, realizamos um

trabalho de intervenção na escola em que atuamos com pais, alunos, agentes educacionais I

e II e professores, utilizando a Unidade Didática “Pedagogo: que sujeito é esse?”. O

resultado destas ações será apresentado neste artigo como atividade final de trabalho.

Entendendo que o trabalho do pedagogo consiste em atuar diretamente em todas as

questões relacionadas com o trabalho pedagógico, buscamos esclarecer em que contexto

este atua, sendo necessário apontar itens explicativos de suas funções. Esperamos que

este texto possa contribuir para que os envolvidos na escola sintam-se esclarecidos sobre o

papel do pedagogo no processo educativo.

O Pedagogo atua diretamente com todos os segmentos na escola, e tenta identificar

os fatores que interferem no seu processo de atuação, em sua função e superar as

dificuldades. Essa atuação o define necessariamente como um mediador entre a instituição

social - a escola, e seus membros, ambos interessados na qualidade da educação. Em

decorrência do seu papel de mediador, o Pedagogo lida com entraves de diversas

naturezas. Seu trabalho tem o intuito de proporcionar condições de trabalho adequadas a

todos os envolvidos no processo de ensino, pois os fatores pedagógicos demonstram o

interesse da comunidade escolar com a educação.

O Pedagogo precisa, ao pensar o processo de mudança na escola, analisar o

próprio trabalho, observando e adotando novas outras práticas e metodologias, que auxiliem

no trabalho pedagógico.

Enquanto pedagoga de uma instituição de ensino pública, compreendo que meu

compromisso diz respeito à educação, instrumentalizando o conjunto da escola para

compreender a realidade social, elevando todos a um histórico de vivência crítica e

transformadora. A investigação sobre a função do pedagogo tem sido objeto de estudo

entre pedagogos, na busca de esclarecimentos com relação ao seu próprio trabalho e a

ação pedagógica desenvolvida na escola.

A atuação responsável do pedagogo é necessária a fim de proporcionar a

interligação entre os profissionais da escola com o conhecimento ensinado, através do

trabalho educativo. Por isso, a função do pedagogo precisa ser conhecida dos sujeitos que

compõem a comunidade escolar, para que o objetivo primordial da escola pública com o

ensino seja comum a todos. Autores como Libâneo (2002), Pimenta (2003) e Silva (2002)

dão suporte para as discussões teóricas sobre o pedagogo realizadas neste texto. Para

Libâneo (2002) o pedagogo hoje é uma exigência das escolas, visando uma melhor

qualidade na educação. Muitas vezes se atribuem ao pedagogo tarefas as quais não fazem

parte da sua função, exigindo-se que este exerça ações que não são de sua

responsabilidade. Por isso, questionamos: qual o papel do pedagogo? A comunidade

escolar conhece a função do pedagogo na escola?

Neste sentido, o primeiro momento deste artigo apresenta o histórico do curso de

Pedagogia, no intuito de compreender como esse profissional se constituiu ao longo da

história. Posteriormente, apontamos como o Estado do Paraná define, em sua legislação, a

função do pedagogo na escola, bem como o que as Diretrizes Curriculares do Curso de

Pedagogia (2005), indicam como o papel desse profissional. Com base do estudo teórico,

apresentamos o que pensam os sujeitos que estão na escola sobre a ação do pedagogo.

Este momento do texto apresentamos alguns resultados da implementação feita na escola

pública que trabalhamos. Ao final, algumas considerações indicam nossa avaliação de todo

o trabalho desenvolvido nestes dois anos.

1.1 Os Caminhos do Curso de Pedagogia

Para dar suporte a este estudo, autores como Silva (2003), Pimenta (2002), Libâneo

(2002), Brzezinski (1996) e Franco (2003) esclarecem como o curso de Pedagogia se

constituiu e os conceitos sobre a função do pedagogo que foram sendo construídos na

sociedade brasileira.

No contexto geral o que pretendemos é compreender a função do Pedagogo na

Escola, enquanto articulador da prática pedagógica. Para tal, recorrermos às raízes

históricas e relembrarmos a década de 1930 que ficou marcada, dentre tantos aspectos no

contexto educacional, pela Reforma Francisco Campos que tinha como objetivo estabelecer,

em nível nacional, a modernização do ensino secundário brasileiro. No início do século XX

alguns movimentos, demonstravam entusiasmo pela educação, como o movimento dos

pioneiros da Escola Nova, os quais lutavam pela educação e pela implantação de

universidades no Brasil. O movimento escolanovista deu início à discussão sobre a

profissionalização dos professores.

Para os Pioneiros, a formação dos educadores, professores de todos os graus de

ensino, deveria assentar-se no principio da unificação. Segundo esse princípio, toda a

formação dos professores primários e secundários deve ser efetivada em escolas ou

cursos universitários, sobre a base de uma educação geral comum, dada em

estabelecimentos secundários. (BRZEZINSKI, 2004, p.31).

Em 1931 houve a necessidade de formação de professores, para atuar no ensino

secundário, sendo criada a Faculdade de Educação, Ciências e Letras. No discurso de

educadores, os cursos identificados como de Pedagogia para a Formação de professores das

séries iniciais tornou-se lugar comum na fala de alguns educadores.

O primeiro curso superior que destinava a formação de professores foi criado no ano

de 1939. O que marcou legalmente a criação do curso de pedagogia pelo Decreto-lei nº

1190 de 04 de abril de 1939, a partir da organização da Faculdade Nacional de Filosofia da

Universidade do Brasil e, conforme Silva (2003) visava à formação de bacharéis e

licenciados para várias áreas. Para a formação do bacharel a duração era de três anos, e ao

licenciado deveria ser adicionado mais um ano de didática, ficando conhecido pelo esquema

“3+1”. O bacharel em pedagogia era preparado para cargos técnicos da educação, sendo

que o licenciado ocuparia o cargo da docência. Conseqüentemente havia uma divisão entre

as disciplinas do bacharelado e as da licenciatura criando um distanciamento e

independência entre estes.

Desde os anos de 1939 houve dificuldade em definir o curso de Pedagogia e

também o destino de seus egressos, ora pela dúvida ora pela suspeita. O problema

encontrava-se na identificação do profissional, bacharel ou licenciado, sendo que no início

dos anos de 1960 questionou-se a existência do curso. As discussões giravam em torno da

seguinte pergunta: Este tem conteúdo próprio? A idéia então foi descartar a extinção do

curso, veiculada entre os estudiosos. O conselheiro Valnir Chagas – Conselho Federal de

Educação – CFE, apresenta como identificação do trabalho do Pedagogo, o profissional

formado pelo bacharelado.

Para Silva (2003), o destino do curso de pedagogia estava com os dias contados e

neste contexto, extinguindo o “curso de pedagogia, extinguia-se também a figura do

pedagogo”, mas isso não aconteceu, porque Valnir Chagas, o qual deu outro rumo,

desdobrou as antigas tarefas concentradas no curso, passando a chamar-se de licenciaturas

das áreas pedagógicas.

A partir da análise da legislação com relação à formação do profissional da

educação através da aprovação, pelo Congresso Nacional da primeira Lei de Diretrizes e

Bases – Nº 4.024/61, o Conselho Federal de Educação estabeleceu os currículos mínimos

para os vários cursos, principalmente do curso de Pedagogia, que era composto por sete

disciplinas indicadas pelo CFE, e duas indicadas pela instituição.

A lei nº 5540 de 1968 tornava facultativa à graduação em Pedagogia, com relação a

oferta de habilitações: Supervisão, Orientação, Administração e Inspeção Educacional. Em

1969 o curso de pedagogia foi reorganizado, sendo abolida a distinção entre bacharelado e

licenciatura, criando as “habilitações”. Ficou dividido dessa forma: de um lado as disciplinas

de fundamentos da educação e do outros as das habilitações. O Parecer CFE N.252/69, ao

mesmo tempo em que definiu o mercado de trabalho para o Pedagogo, perturbou,

identificando-o como o campo mais fértil. Na definição sobre a identidade do curso de

pedagogia, houve um avanço quanto aos estudos teóricos necessários à formação do

Pedagogo.

Segundo Silva (2003), sobre a formação de professores, o curso de graduação

visava a formação de profissionais para atuar no ensino normal e de especialista com as

habilitações em supervisor escolar, orientador educacional, administrador escolar, inspetor

escolar e sistemas escolares para atuação nas instituições de ensino e órgãos

governamentais. Na licenciatura, permitia o registro para o exercício do magistério,

denominados magistério de 2º grau.

Desde seu início, o curso formava bacharéis e licenciados em pedagogia, sendo três

anos dedicados às disciplinas de fundamentos da educação. No quarto ano, o curso

destinava-se às disciplinas de: didática geral, didática especial, psicologia educacional,

administração escolar, fundamentos biológicos da educação e fundamentos sociológicos da

educação.

Diz Pimenta (2002) que os encaminhamentos do curso de pedagogia incidem sobre

questões as quais se referem as suas funções, ou melhor, para que ele serve. Neste

sentido, perduram ao longo dos anos muitas perguntas a seu respeito.

Para esclarecer melhor a identidade do pedagogo, desde o início do curso,

apresentamos, brevemente, os quatro períodos, organizados por Silva (2003), pelos quais

passou o curso de pedagogia e quais características o definiram.

O primeiro foi o das regulamentações de 1939 a 1972 por concentrar as etapas de

organização e reorganização do curso. O segundo de 1973 a 1978 denominado das

indicações, por representar o conjunto de encaminhamentos quando da atuação de Valnir

Chagas, o qual desdobrou o curso em habilitações. De 1979 até 1998, caracterizou-se o

período das propostas e merecem destaque pelo movimento e resistência as reformas e

lutas contra a ditadura imposta pelo regime militar. Sobre o curso de pedagogia muitas

dúvidas, críticas, problemas e tantos outros empecilhos e debates surgiram, daí então,

chegou-se a determinados pontos:

● Extinção ou não do curso de pedagogia; • Formação do pedagogo geral ou do pedagogo especialista; • Formação do especialista no professor ou do especialista e do professor no educador; • Formação do especialista nas habilitações da graduação ou na pós-graduação; • Formação na perspectiva da pedagogia do consenso ou da pedagogia do conflito; • Formação mais teórica ou mais prática; • Entendimento do pedagogo como reprodutor ou produtor de conhecimento; • Adoção de um núcleo central ou de uma base comum de estudos; • Abstração ou concretude do termo educador; (BRZEZINSKI, 1996, p. 100).

Durante anos os que pretendiam graduar-se em Pedagogia eram professores

primários, com experiência em sala de aula, assim boa parte dos supervisores, orientadores

e administradores haviam aprendido na vivência como docentes. No decorrer da história do

curso de pedagogia busca-se uma resposta: “quem é o pedagogo?”

Pimenta (2002) comenta que, na atual política educacional é mais difícil responder

quem é o pedagogo, e se no final de tudo restará algo da pedagogia diante dessas agruras

em que passa o curso.

Para Libâneo (2002) Pedagogo é aquele que exerce uma atividade genuinamente

prática investigativa, é especialista da educação, mestre, ao qual é atribuído o cargo de

educar um aluno, profissional qualificado para atuar em vários campos educativos, lida com

fatos.

Problemas foram tantos relacionados ao curso de pedagogia, quando Valnir Chagas

explicitou sobre sua manutenção ou extinção, ao tratar que a ideia de extinção seria da

acusação de que faltava conteúdo próprio ao curso, e extinguindo-se o curso, extinguia-se

também a figura do pedagogo.

Segundo Brzezinski (1996) educadores passaram, a partir dos anos 80, a fazer sua

própria história, nem tão somente pelo diálogo como também pelos conflitos, fazendo parte

não apenas de movimentos ou organizações, mas dos movimentos sociais que seguiram

rumo a “redemocratização” de força ao autoritarismo imposto pela ditadura militar. No ano de

1983 houve então uma proposta de reformulação dos cursos de pedagogia e licenciatura

ficando conhecido como “Documento Final de 1983”, o qual caminhava para as reflexões

sobre a “Formação do Educador”. É mantida a ideia de formar o professor educador tendo a

docência como base da identidade do pedagogo.

Nos anos de 1990 a educação brasileira se reestruturou, culminando na aprovação

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9394/96 e também o curso de

Pedagogia buscava sua identidade através do movimento pela construção das Diretrizes

Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia.

Conforme Silva (2003) a respeito do curso de pedagogia, a Lei de Diretrizes e Bases

de 1996 diz que a função do curso é a de formação de profissionais para a Educação

Básica.

Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da Instituição de Ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

A LDB 9394/96 trouxe o curso de Pedagogia em discussão e também a questão de

sua identidade. No emaranhado de tantas questões relacionadas ao Pedagogo, a que foi

mais a fundo refere-se a função do curso. Em seis de Dezembro de 1999, o decreto

presidencial n° 3.276 determina sua função, e que a “formação destinada ao magistério na

educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental se dará exclusivamente em

cursos normais superiores” (SILVA, 2003, p.85).

A comissão de Especialistas do Ensino de Pedagogia defendia:

[...] a docência como base obrigatória de sua formação e identidade profissionais” e

facultou às instituições de ensino superior a inclusão de áreas específicas de atuação

do pedagogo em seus projetos pedagógicos, acompanhadas das respectivas

competências e habilidades capazes de credenciá-lo ao exercício profissional. Já o

documento norteador da nova comissão, [...] assume configurações de proposta de

diretrizes curriculares, distingue duas modalidades específicas de docência – para a

educação infantil e para as séries iniciais do ensino fundamental – agregando a cada

uma delas as perspectivas de atuação na formação pedagógica do profissional

docente e na gestão educacional. [...] A docência é indicada como base da

organização curricular e da identidade profissional. (SILVA, 2003, p.86-87).

Para Pimenta (2002) a regulamentação da LDB 9.394/96 mobilizou educadores na

discussão sobre a formação de professores, considerando que a pedagogia era destinada

para a formação do professor de 1ª a 4ª séries, nomenclatura dada pela Lei 5692/71.

A Lei 9394/96 propõe uma práxis docente a partir da assimilação do conhecimento

como resultado do processo educativo, um mecanismo viável para a superação das

desigualdades. Estabelece que apenas as universidades devesse ofertar o curso de

pedagogia, porém enfoca o papel do pedagogo como mediador da ação educativa, não

fixando aspectos da formação específica dessa função.

Os decretos foram o foco do quarto período, identificado por Silva (2003) como a

Identidade outorgada (1999...), pois definiu que a formação de professores para as séries

iniciais deve ser realizada nos cursos normais superiores.

A análise das funções atribuídas ao pedagogo em cada um dos períodos de sua

história revela que eles representam uma constante busca de definição de quem é

esse profissional e, por isso, os conflitos enfrentados atualmente a esse respeito

podem ser considerados [...] exacerbação (PIMENTA, 2002, p.134).

A legislação, até este momento, não define com clareza o papel do pedagogo, pois

permite diferentes interpretações, coloca em um só nível o gestor e a equipe pedagógica,

cuja função está diretamente ligada à prática pedagógica.

1.2 As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia

É através da história do curso de Pedagogia que se ancoram, avanços do

conhecimento e da tecnologia na área, nas demandas de democratização e de exigências

de qualidade do ensino. Neste sentido, as discussões acerca da identidade do curso de

Pedagogia ganham direcionamento a partir dos anos 2000.

O Conselho Nacional de Educação - CNE, em 2003, indicou uma comissão

Bicameral, constituída por conselheiros da Câmara de Educação Básica, para definir

Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Em maio de 2004, esta

comissão recebeu a incumbência de organizar as matérias referentes à formação de

professores, com prioridade às Diretrizes Curriculares para este curso. O que fez a comissão

foi aprofundar os estudos sobre as normas gerais e as práticas curriculares nas

licenciaturas, como também a situação paradoxal da formação de professores para a

Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental. As Diretrizes Curriculares

Nacionais para o curso de Pedagogia são resultado de um longo processo de consultas,

pesquisas, discussões, além de experiências, propostas inovadoras e de resultados

acadêmicos.

A Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006 institui as Diretrizes Curriculares

Nacionais – DCN, para os cursos de graduação em pedagogia, na modalidade licenciatura,

a qual define princípios e condições de ensino e de aprendizagem a serem observados.

Segundo as DCNs, na organização curricular do curso de Pedagogia deverão ser

observados os princípios constitucionais ou legais; a diversidade social; étnico-racial e

regional do País; a organização federativa do Estado brasileiro; a pluralidade de ideias e

concepções pedagógicas como também o conjunto de competências dos estabelecimentos

de ensino e dos docentes previstas nos Art. 12 e 13 da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei 9.394/1996), como também deve-se dar atenção a Lei 10.172/2001,

a qual trata da formação de professores nas suas fases inicial e continuada. A organização

curricular do curso de Pedagogia oferecerá aprofundamento e diversificação de estudos

integradores na formação do licenciado. Quando da aplicação das diretrizes curriculares há

de se adotar como princípio o respeito e a valorização de diferentes concepções teóricas e

metodológicas.

Sobre a organização e funcionamento do curso de Pedagogia, este tinha no ano de

1939 a finalidade de preparar profissionais da educação, chamados de “técnicos em

educação” e eram, na época, professores primários que realizavam estudos superiores em

Pedagogia. Hoje, o objetivo principal é a formação de profissionais capazes de exercer a

docência na Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nas disciplinas

pedagógicas para a formação de professores, nos cursos de Ensino Médio na modalidade

Normal, de educação profissional, como também em áreas que sejam previstos

conhecimentos pedagógicos.

Segundo as DCNs, o licenciado em Pedagogia deve ser investigador, demonstrar ter

reflexão crítica e experiência, sendo que este profissional fundamenta-se no trabalho

pedagógico realizado em espaços escolares ou não o qual tem a docência como base. Dá-

se, então, grande ênfase a formação de profissionais capazes de exercer a docência na

Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental e nas disciplinas pedagógicas

para a formação de professores.

A formação em Pedagogia inicia-se, quando os estudantes são desafiados a

articular conhecimentos e, as práticas vão ao encontro a docência e as diferentes funções

do trabalho pedagógico nas escolas. Desta maneira, as Diretrizes marcam um

posicionamento quanto a identidade do curso e, quanto a profissão do pedagogo.

1.3 O Pedagogo no Estado do Paraná

Com base na análise histórica do curso de Pedagogia, percebemos o significado da

extinção, no estado do Paraná, dos profissionais da educação que recebiam o nome de

Orientador Educacional e Supervisor Escolar. A Lei Complementar 103/2004 da Secretaria

de Estado da Educação do Paraná – SEED transformou os Orientadores e Supervisores em

professores pedagogos. Nacionalmente, o curso de Pedagogia, nesta época, também

passava por discussões sobre sua identidade, bem como seu foco de atuação e a referida

lei alterou os rumos da história dos especialistas em educação no estado. Não somente

orientadores e supervisores de ensino, como também os que tivessem concurso na área do

magistério passaram a ser denominado professor pedagogo e não poderiam mais ministrar

aulas e sim assumir o cargo de pedagogo (coordenador), assegurando igual tratamento

oferecido ao professor. A iniciativa de junção do orientador e do Supervisor pautou-se no

sentido de que cada um, no ambiente escolar, tinha visões diferentes e não conseguia

observar o todo

Tudo veio sem que estes profissionais ao menos tivessem tempo de discutir com

seus pares tal proposição. Esta mesma Lei no Artigo 4º, Inciso 5º Capítulo III, deixa claro

que o pedagogo é professor.

A partir de então o Estado do Paraná adotou o termo Professor Pedagogo. Sendo

assim, nos anos de 2004 a 2006, os licenciados em Pedagogia, concursados assumiram

como professores pedagogos. Diz a Lei:

Professor: Servidor público que exerce docência, suporte pedagógico, direção,

coordenação, assessoramento, supervisão, orientação, planejamento e pesquisa

exercida em Estabelecimentos de Ensino, Núcleos Regionais da Educação,

Secretaria de Estado da Educação e unidades a ela vinculadas. (PARANÁ, 2004).

Observa-se no Capítulo X da mesma lei, a extinção dos cargos de orientador

Educacional e Supervisor Escolar, em seus artigos 33 e 39.

Art. 33. Os cargos de Professor e Especialista de Educação, que compõem o Quadro

Próprio do Magistério da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, ficam

transformados em cargos de Professor, sendo que os ocupantes dos referidos

cargos ficam enquadrados no presente Plano de Carreira do Professor, obedecidos

os critérios estabelecidos nesta Lei.(PARANÁ, 2004).

Art. 39. Ficam considerados em extinção, permanecendo com as mesmas

nomenclaturas, os cargos de Orientador Educacional, Supervisor Educacional,

Administrador Escolar na medida em que vagarem, assegurando-se tratamento igual

ao que é oferecido ao Professor, inclusive o direito ao desenvolvimento na carreira,

para aqueles que se encontram em exercício. (PARANÁ, 2004).

Percebendo algumas dificuldades na função do pedagogo perguntamos: O que será

possível fazer diante da realidade, quando tantas tarefas, diferentes de sua função, este

deve cumprir? Por exemplo: "Abrir e fechar o portão da escola", "Organizar festas, ou

promoções para arrecadar dinheiro", "Atender os alunos com problema de indisciplina",

"Substituir professores e demais funcionários", "Fazer o papel de assistente social,

psicóloga, terapeuta, bibliotecária, entre outros". Analisando todas essas situações, ainda é

comum vivenciarmos a insatisfação do que gostariam ou deveriam fazer com o que

efetivamente fazem.

Na verdade, com a finalidade de fazer as mediações na escola, o supervisor, tinha

uma imagem de “líder”. “Com tal posicionamento, o professor passou a ter no supervisor um

inimigo que inspecionava seu trabalho sem entender do conteúdo, mas que deveria dominar

técnicas e metodologias de ensino-aprendizagem”. (BRZEZINSKI, 1996, p.143). No entanto,

em algumas situações chamava-se o pedagogo de “super”, o mais inteligente, o que sabia

mais, era o “mandão”.

Com a junção do orientador com o supervisor, as tarefas passaram a ser realizadas

somente pelo professor-pedagogo o qual ficou assim conhecido no estado do Paraná.

As discussões em torno da legitimação sobre o papel do pedagogo e da escola,

trazem de volta a necessidade de um pensar coletivo para que os profissionais da escola,

bem como pais e alunos, tenham claras as especificidades e generalidades da função

pedagógica. As situações diárias da escola referem-se não apenas as funções para o

Pedagogo, mas aos sujeitos que atuam na instituição de ensino.

Segundo o Regimento das escolas Estaduais do Paraná, ao pedagogo compete:

• Assegurar o princípio constitucional de igualdade de condições para o acesso e permanência do aluno no estabelecimento de ensino; • Manter e promover relações cooperativas no âmbito escolar; • Seguir as diretrizes definidas na proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; • Manter o respeito e ambiente favorável ao desenvolvimento do processo pedagógico; • Comunicar aos órgãos competentes quanto à frequência dos alunos, para tomada das medidas cabíveis; • Dar atendimento ao aluno independentemente de suas condições de aprendizagem; • Aos integrantes da equipe pedagógica cabe organizar a hora/atividade dos docentes da escola, garantindo a reflexão sobre o processo pedagógico; • Manter os pais e/ou responsáveis e os alunos informados sobre o Sistema de Avaliação da Escola, no que diz respeito sua área de atuação; • informar o aluno sobre a frequência e rendimento escolar obtidos no decorrer do ano letivo; • Estabelecer estratégias de recuperação de estudos, no decorrer do ano letivo, visando a melhoria do aproveitamento escolar; • Receber o pedido de revisão de notas dos alunos no prazo estabelecido no Sistema de Avaliação; • Cumprir e fazer cumprir os horários e calendário escolar; • Comparecer pontualmente ao estabelecimento de ensino nas horas efetivas de trabalho e quando convocado para outras atividades programadas e decididas pelo coletivo da escola; • Cabe as equipes pedagógicas acompanhar as reposições de conteúdos aos discentes; (Fonte: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br).

Muitas mudanças aconteceram na educação, uma vez que atingiu diretamente o

professor e o pedagogo, causando insegurança, medo e dificuldades de se encontrar no

meio social. É preciso ressaltar e realizar a prática reflexiva voltada sempre ao processo

educacional, e com isso buscar soluções junto ao coletivo procurando novas alternativas

para os problemas, pensa-se neste sentido em reorganização, transformação, reconstrução

e mudança para transformar a realidade vivida diariamente na escola.

Sabemos que na sociedade em que vivemos exige-se um profissional com garra

para lutar contra os problemas da educação brasileira, pessoa crítica, que tenha claro o

conteúdo científico organizado, bem elaborado, compromissado com o que faz e, acima de

tudo, tenha responsabilidade. Desta forma, entendemos ser necessário, nos dias atuais, ter

clareza do que é e de que se ocupa o Pedagogo na Escola.

1.4 O Que Pensam os Sujeitos da Escola Sobre o Pedagogo

Um momento significativo de nosso trabalho no PDE, ocorreu no momento de

efetuar a implementação pedagógica na escola. Propomo-nos levar à colegas professores e

pedagogos, pais, alunos e agentes educacionais da escola pública de nível normal e médio

que trabalhamos, qual a função do pedagogo na escola. Para isso, buscamos saber

primeiramente, o que estes sujeitos pensavam sobre a atuação do pedagogo na escola:

como deveria ser, como viam o pedagogo. Percebemos que, de maneira geral, todos sabem

da função e compromisso que este profissional possui na escola. Elaboramos algumas

questões e entrevistamos cada membro da equipe, sendo dois alunos do curso de

Formação de Docentes, dois professores, também do referido curso, dois agentes

educacionais I, dois agentes educacionais II, diretora e vice-diretora e duas Pedagogas, com

perguntas que abordaram a concepção que tinham sobre o pedagogo.

Após a entrevista transcrevemos os dados para posterior análise. A partir das

respostas elencamos quatro categorias: 1) Conceito de Pedagogo; 2) Função do Pedagogo;

3) Relação do Pedagogo com a escola e 4) Necessidades e perspectivas com relação a

profissão.

Na primeira categoria nos mostra o entendimento dos sujeitos sobre o conceito de

Pedagogo:

Pedagogo é uma pessoa responsável, líder democrático, incentivador dos

professores (Diretor A) pessoa comprometida com o que faz (Diretor B). É uma profissão

que transmite e adquire experiências ao mesmo que aprende (Aluno A). É aquele que exige

dedicação do professor, é alguém perseverante que direciona o professor (Aluno B).

Pedagogo é um auxiliar para o andamento da escola principalmente nas questões

pedagógicas da sala de aula e, na relação professor aluno (Professor A). Pedagogo é um

elo, é aquele que une o professor, o aluno e a direção e busca a harmonia no local de

trabalho (Professor B). É uma pessoa formada, capacitada para atender e entender os

professores, alunos e funcionários em qualquer problema ou dúvida, é um profissional

fundamental, sendo que organiza o ambiente educativo e, planeja as atividades culturais,

conduz o professor na reflexão de sua prática. (Agente educacional I A) Pedagogo é aquele

que exerce sua função com responsabilidade, pessoa compreensiva, aquele que sabe ouvir

o aluno quando procurado, é aquela pessoa que é imprescindível para o desenvolvimento e

acompanhamento da aprendizagem do aluno (Agente educacional I B). Pedagogo é um

profissional preparado para atuar na área pedagógica, o qual ajuda a escolher a melhor

forma do aluno obter conhecimento, ele interfere com metodologias diferentes auxiliando no

processo de aprendizagem para que juntos tenham sucesso (Pai A). É aquele que ajuda nas

dificuldades de aprendizagem dos alunos, orienta no trabalho relacionado com a indisciplina,

conversa com os pais, acompanha o desenvolvimento escolar dos nossos filhos, é mestre e

também educador (Pai B). Ser Pedagogo é ser um apaixonado pela educação, é acreditar

no que faz, é ser ético e ter uma postura profissional, compromisso político, gostar de estar

sempre se aprimorando, buscar sempre mais, ser um pesquisador constante, é estar sempre

dialogando, estar aberto para o diálogo e ter compromisso com o ensino e a aprendizagem

(Pedagoga A). Profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou

indiretamente, ligado a organização escolar, ele é um mediador, aquele que auxilia, guia o

professor para o sucesso. (Pedagoga B).

Na segunda categoria os profissionais da educação dizem o que acham ser função

do Pedagogo:

Falam ser um trabalho importante e necessário, sendo ele um mediador entre

professor e aluno (Diretor A). A função do pedagogo é auxiliar, guiar (grifo nosso) para o

sucesso do aluno (Diretor B). Ajudar os professores no que for necessário (Aluno A). Ajudar

a todos no contexto escolar, este busca o que ele quer que o aluno alcance, o Pedagogo

fornece subsidio para o professor, orientando em suas dificuldades, todos entendem que em

toda profissão adquire-se experiências através de sua atuação. (Aluno B). Ele é um

complemento da prática em sala de aula, então ele tem inúmeras funções para desenvolver

na escola, é a coordenação do planejamento, dos trabalhos que são desenvolvidos pela

escola, é a participação na elaboração da proposta, nas atividades extra-escolares, então eu

caracterizo como dinâmico, ele dá conta de seu trabalho, mais não é reconhecido porque

não aparece, é como um currículo oculto (grifo nosso), não é bem entendido (Professor A).

A função do Pedagogo quando bem feita é excelente para todos, professor, aluno,

funcionários, direção, porém se mal feita é um estorvo para todos na escola (Professor B).

Trabalhar com competência, transparência, esforço e dedicação (Agente Educacional I A).

Sua função é trabalhar bem com sua equipe, ter comunicação ser criativa e flexível e acima

de tudo ser um educador, esclarecer dúvidas com transparência, esforço e dedicação,

sempre comprometido com o que faz (Agente Educacional I B). Buscar recursos para

auxiliar os professores sempre que necessário (Pai A). Contribuir na aprendizagem de seus

filhos, e realizam seu papel com responsabilidade (Pai B). É coordenar, administrar,

oportunizar os professores no trabalho pedagógico, tem envolvimento também no

administrativo, mas o envolvimento maior é com o pedagógico, com relação aos alunos e

professores, as mais importantes são coordenar e implementar a elaboração do PPP

(Projeto Político-Pedagógico) e da PPC (Proposta Pedagógica Curricular), acompanhar o

processo de ensino e de aprendizagem, dar suporte pedagógico ao professor no plano de

trabalho docente com sugestões de metodologias, recursos que auxiliam na mediação do

conhecimento, também acompanhar a avaliação da aprendizagem do aluno, os instrumentos

utilizados pelo professor e a análise dos resultados, fazendo sempre um paralelo entre as

dificuldades apresentadas pelos alunos e a forma de como o professor trabalhou o

conteúdo, ajudar a direção na coordenação geral da escola, participando da APMF e

Conselho Escolar, Grêmio, enfim são N funções. Trabalhar com esforço focando nos

objetivos da escola, sabendo da responsabilidade de estar na coordenação é muito grande,

principalmente porque envolve o trabalho do professor no sentido de cobrar resultados de

conteúdos (grifo nosso) (Pedagoga A). Existem diversas funções como: coordenar o

processo de elaboração do Projeto Político-Pedagógico e do Regimento Escolar, coordenar

a eleição de professor regente e representante de turma no processo democrático, participar

da organização pedagógica da biblioteca, dos laboratórios de informática e de ciências,

organizar junto com a direção a hora atividade do professor, coordenar, juntamente com a

direção, o conselho de classe de forma a garantir um processo coletivo de reflexão,

coordenar a elaboração e acompanhar a efetivação da proposta de intervenção decorrente

do conselho de classe, orientar, acompanhar e vistar livros registro do professor,

acompanhar o processo de avaliação e verificar o procedimento que o professor está

usando e o resultado que o aluno tem (Pedagoga B).

A terceira categoria fala da relação do Pedagogo com a escola:

O Pedagogo tem um conhecimento amplo de lei, conhecem muito bem o PPP, as

Diretrizes Curriculares, porém tem visão de todas as disciplinas e sabem muito bem como

conduzir o seu trabalho e agir no momento certo (Diretor A). Ele trabalha diretamente com

as dificuldades do aluno, ele consegue auxiliar o professor dentro da sala, porque se lá na

sala ele tem uma dificuldade com o aluno e o pedagogo aqui fora consegue identificar qual

é, e levar na sala pra saber onde o professor terá que trabalhar, aí dessa maneira nós temos

sucesso com aquilo que o aluno teria que aprender e se aprender aquele conteúdo ele vai

ter sucesso no final que será a aprovação (Diretor A). Ele tem o objetivo de auxiliar os

alunos e os professores nas suas dificuldades, direcionando-os para o caminho certo (Aluno

A). Ele está interligado com pais, professores e com os alunos, ele tenta ajudar professor a

entender diferentes formas, aquilo que o professor tem dificuldade (Aluno B). O Pedagogo,

ajuda no esclarecimento em algum momento que eu não consigo me esclarecer sozinha em

alguma coisa, é aí que eu peço ajuda. (Agente educacional II A). O trabalho do Pedagogo é

muito importante em nosso trabalho, eles só fazem nos ajudar quando solicitado diante de

algum problema ou até mesmo dialogando. Sim, ele é o elo entre o administrativo da escola

e os alunos e também colabora para que as informações entre ambos sejam seguras e

objetivas, estes colocam que o Pedagogo contribui, e que é um profissional fundamental, ele

orienta alunos, professores e sempre que necessário atua junto a todos os envolvidos no

processo educacional. (Agente educacional II B). Algum docente, muitas vezes, tem um

pouco de receio do professor Pedagogo, não é assim: medo, mais tem uma barreira entre o

professor e o Pedagogo. Então eu vejo que muitos não se aproximam e não gostam de

compartilhar, pensam que ele não tem a capacidade de ajudar os professores, parece que

não combina as duas áreas, mais deveria ser ao contrário deveria ser bem ligado, um

complemento, uma ajuda ao professor, sendo que eles não tem muita clareza do que é

ser Pedagogo (grifo nosso), o professor sente dificuldade de estar se relacionando, talvez

pela dinâmica do processo, em algum momento ocorre uma falha nessa ligação entre o

professor e o Pedagogo, não sabemos em qual momento isso acontece, eu acredito que

uma das questões é na questão burocrática, na função de cada um no momento em que o

professor deve cumprir estas questões da função, professor e o Pedagogo vem justamente

para auxiliar e ai tem uma barreira, parece que o Pedagogo vai interferir dizendo que você

está fazendo algo errado, talvez seja neste momento que ocorre este desencontro

(Professor A). Quando o trabalho do Pedagogo é bem feito é excelente para todos,

professor, aluno, funcionários, direção, porém se mal feito é um estorvo para todos na

escola, percebemos que os professores sentem receio do Pedagogo, certa barreira os

separa, pensam eles que não combinam, quando deveria ser ao contrário, no momento que

este interfere o professor não gosta porque se precisar de ajuda ele mesmo irá procurar.

(Professor B). A cada dia o Pedagogo vai executando as atividades na medida em que vai

surgindo, então os problemas vamos resolvendo e sempre nos adaptando e temos sempre

uma surpresa a cada dia. Enfim, a gente fica a maior parte do tempo apagando incêndio,

como a gente costuma dizer e deixamos então a nossa proposta um pouco de lado, o nosso

grande desafio é poder colocar em prática o nosso plano de trabalho. O essencial seria o

Pedagogo fazer encontros com a direção para planejar, mais falta este espaço, este tempo

para sentar junto com a equipe, infelizmente este ano é bem atípico, pois o Pedagogo está

com trinta horas, sendo que a escola funciona com três turnos e o tempo em que o

Pedagogo se encontra com professores é na hora do recreio ou então na hora atividade

para dialogar. (Pedagoga A). O Pedagogo tem algumas funções e não consegue realizar,

porque são atribuídas outras que não seria do próprio trabalho dele, ele procura auxiliar o

professor nas suas atividades, auxiliar os alunos no sentido da aprendizagem e buscar um

bom relacionamento com todos que fazem parte do contexto escolar, não somente professor

e aluno, mas funcionários, direção e pais que vem constantemente na escola procurando ter

um bom relacionamento com todos que fazem parte do colegiado escolar. (Pedagoga B).

A quarta categoria nos mostra as necessidades e perspectivas em relação a

profissão do Pedagogo:

Certamente, o trabalho pedagógico pode contribuir na formação dos docentes para

que possam estar mais bem melhor preparados para que o educando entenda e

compreenda o que precisa aprender e como irá aprender. (Pai A). O Pedagogo cria

perspectivas de orientar os professores alunos e pais os quais acompanham seus filhos (Pai

B). Os Pedagogos fazem parte de um projeto, de um plano educacional, tem uma visão do

todo e das particularidades das disciplinas, na verdade ele é um elo de ligação entre os

profissionais na área da educação, é uma figura indispensável (Diretor A). Analisando que o

trabalho deles é necessário, mais que deixa muito a desejar, porque hoje não se tem claro

qual é a função real do Pedagogo dentro da escola. Então, por este motivo deveria ser

revisto o que cabe a cada um e o que é função exatamente dele, pois a maioria dos

professores não tem esta clareza do que é função exata do pedagógico, porque do professor

sala de aula todos sabem qual é a função e do pedagogo não é clara (Diretor B). Deveria

haver uma mudança geral, tanto de professores como de pedagogos, cada um compreender

o seu papel e pensar na prática juntos, sendo que o pedagogo não está na escola para

atrapalhar nem para “puxar a orelha”, nem para impor tarefas, mas sim para auxiliar na

prática. Sabemos que cada um tem conhecimento de sua função, então essa mudança não

seria somente do Pedagogo os dois se completam (Professor A). O trabalho do Pedagogo é

dar suporte ao professor quando solicitado, pois se o professor precisa de ajuda, ele mesmo

procura essa ajuda, e o Pedagogo deve ser tratado e considerado como um colega de

trabalho, não um fiscalizador (Professor B). São várias as perspectivas do trabalho

pedagógico, pois a maior parte do tempo nós Pedagogas acabamos nos envolvendo com

problemas de ordem disciplinar, organizando os horários, substituindo professores,

colocando os alunos em ordem, então acabamos sempre nos envolvendo com essas

questões que são importantes também na organização do âmbito escolar, mas deixamos daí

de trabalhar o planejamento com os professores mais especificamente. A maior dificuldade é

fazer o trabalho quando não se tem uma equipe, o mais importante seria conseguir o tempo

para trabalhar com os professores, junto com as outras instâncias, os órgãos colegiados que

não conseguimos viabilizar isso, e com a direção. Se a gente tivesse uma equipe maior, a

gente poderia dividir melhor as atividades, as tarefas, fazer um trabalho mais em conjunto e

com certeza a escola ganharia com isso, uma dificuldade é que também muitos professores

não conseguem entender por mais que é falado, e que é exposto, qual a função do

Pedagogo na escola que é a de desenvolver o trabalho pedagógico na questão das

propostas de trabalho, é auxiliando os professores a PPC, no PPP, no plano de aula do

trabalho docente, então essa visão, as vezes, fica deturpada porque os professores pensam

que o Pedagogo é para manter a ordem, a disciplina e chamar a atenção dos alunos. Essa

confusão aparece muito clara na cabeça dos professores, isso atrapalha muito e é uma

dificuldade. O que gostaríamos é de poder ser valorizado, os professores sentirem

realmente que nós estamos aqui não para apagar incêndio, mais para ajudá-los, mediar o

conhecimento, trazer novas propostas sugestões, atividades, auxiliar, enfim, para somar

com professores, não no sentido de cobrança, nem de fiscalização. (Pedagoga A). São

muitas as situações que, muitas vezes, não são programadas como: dificuldade de

aprendizagem, professores mal preparados, mas entendemos que é função do Pedagogo e

que ele deve resolver e, no entender dos professores, é que ele está ali para resolver todas

as situações, mais o que ele precisa mesmo para mudar no seu trabalho é condições e

autonomia para que ele realmente efetive seu trabalho pedagógico, principalmente no que

diz respeito ao ensino e aprendizagem (Pedagoga B).

Neste sentido, é importante quando o Pedagogo fornece subsídio para o professor,

orientando em suas dificuldades, todos entendem que em toda profissão se adquire

experiências através da atuação de quem o faz. O Pedagogo é alguém perseverante,

sempre auxilia a todos na escola. Ao final das entrevistas fica claro que o Pedagogo ajuda a

esclarecer dúvidas, com transparência, esforço e dedicação, sempre comprometido com o

que faz. O Pedagogo contribui, e é um profissional fundamental, ele orienta alunos,

professores e sempre que necessário atua junto a todos os envolvidos no processo

educacional. Ao abordar a função do Pedagogo, as entrevistas indicam que, no exercício

de sua função, este se organiza dentro da escola de forma clara, tenta um entrosamento

bom com professores, direção, entende que é de competência sua o auxílio a estes

profissionais e que sempre que solicitado encontra meios para resolver as dificuldades

apresentadas. O Pedagogo é pouco valorizado porque a linguagem técnica entre os

profissionais não é a mesma, há falta de entrosamento entre os professores, sua maior

decepção é que ele acaba sempre se envolvendo com indisciplina de alunos, substituição

de professores. Pedagogos acham que, muitas vezes, deixam de fazer o seu trabalho,

pensam que o mais importante é trabalhar com uma equipe comprometida que são os

professores e o que precisa ser mudado é que cada um saiba qual é a função do Pedagogo.

Acreditam ser o Pedagogo necessário, sendo que ele contribui na aprendizagem e realiza

seu papel com responsabilidade incentivando, inovando, sendo mediador, conhece o todo

da escola.

Os autores Libâneo e Pimenta afirmam que a função do Pedagogo é buscar formar

homens através de diferentes métodos, práticas, sendo críticos e agentes transformadores,

por isso é de responsabilidade deste profissional o pensar e repensar a educação em todos

os campos e situações, priorizando o pedagógico, propondo momentos de discussão,

reflexão e estudos da comunidade escolar.

1.5 Alguns resultados da implementação na escola

A participação e contribuição no decorrer da implementação garantiu o entrosamento

entre aqueles que participaram nas discussões sobre a função do Pedagogo na escola, tudo

ocorreu normalmente com os grupos de professores – embora nossa expectativa fosse a

atingir todos os docentes do curso de Formação de Docentes, apenas 40% se envolveram

na proposta de intervenção -, Pedagogos, pais, direção, agentes educacionais I e II e alunos

envolvidos no processo. As sugestões foram de que poderia ser feito o trabalho também

para os órgãos colegiados, como: Grêmio estudantil, Conselho escolar e Associação de

Pais, Mestres e Funcionários - APMF, estas pessoas muitas vezes ficam alheias às

informações e até mesmo a tomada de decisões devido a rapidez com que as coisas

acontecem. Penso que nos próximos anos este trabalho poderá ser socializado com os

segmentos citados para que todos conheçam a função do Pedagogo.

O trabalho durante vários dias foi o de apresentação dos textos citados no material

didático, a elaboração de análise dos conceitos que foram retirados da entrevista feita com

todos os grupos já citados anteriormente e as histórias em quadrinhos elaboradas pelos

alunos, demonstrando o que observam no dia a dia do trabalho do Pedagogo. Alguns

desenhos demonstraram que todas as situações existentes na escola são resolvidas pelo

Pedagogo como mostra a imagem a seguir:

Figura 1: História em Quadrinhos – Parte 1 Fonte: MEURER, 2011

Figura 2: História em Quadrinhos – Parte 2 Fonte: MEURER, 2011

Figura 3: História em Quadrinhos – Parte 3 Fonte: MEURER, 2011

No entanto, necessita-se de tempo para mudar a concepção já existente de que

todos os problemas devem ser resolvidos pelos Pedagogos.

Este trabalho me fez refletir criticamente nossa pratica enquanto professora

pedagoga. Considerei muito importante o trabalho realizado, sabemos que não é fácil

caracterizar o Pedagogo em nossos espaços educativos como agentes de mudança e que

muitas vezes somos criticados e cobrados, mas eu diria numa visão romântica que

trabalhamos nos bastidores com dificuldades e limites, dando suporte para que os

protagonistas brilhem no palco da escola, e se falharmos sempre lembrarão e se sucesso

tivermos, raramente seremos vistos. Todo o dia precisou lutar pela nossa valorização e

reconhecimento.

Tudo o que fazemos em benefício de nosso aluno é gratificante e contribui para uma

reflexão sobre o ambiente escolar, onde atuamos para termos os melhores resultados.

2. Considerações Finais

Ao concluir o trabalho sobre o Papel do Pedagogo na Escola Pública, embasado em

autores como: Silva (2003), Pimenta (2002), Libâneo (2002), Brzezinski (1996) e Franco

(2008), bem como nas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Pedagogia, nas

análises das entrevistas, percebemos que os profissionais que compõem a escola pública na

qual atuamos, demonstram ser solidários uns com os outros.

A proposta apresentada foi considerada pelos participantes interessante e contribuiu

para esclarecer e informar o trabalho do professor Pedagogo. O texto trabalhado

principalmente com alunos do curso de Formação de Docentes, despertou em alguns o

interesse de cursar pedagogia, pois ficaram curiosos com relação ao trabalho dos mesmos.

Esse trabalho foi um desafio de colocarmos em prática essa ação a qual demonstra

resistência por parte de alguns professores. Muitas vezes temos que nos impor para

valorizar nosso trabalho, pois não somos “tapa buraco” para suprir as lacunas que aparecem

no cotidiano da escola.

Considerando que o professor Pedagogo é uma exigência legal nas escolas e seu

apoio ao trabalho dos professores é solicitado como uma necessidade, seu trabalho não é

valorizado como profissional mediador do conhecimento, pois, muitas vezes suas ações são

direcionadas para atividades administrativas e se esquecem da importância que tem o

trabalho do Pedagogo dentro da escola, tanto na organização como na aprendizagem do

aluno.

O Pedagogo só terá seu papel definido quando realmente todos entenderem que

nas instituições de ensino ele vem para contribuir com a formação do aluno, e ajudar para o

crescimento profissional dos educadores, despertando em cada profissional, o desejo, a

vontade e a responsabilidade com o ensinar, rompendo com a rotina cansativa que minimiza

a vontade de aprender dos alunos.

Todo trabalho acontece com mais comprometimento, empenho e dedicação por

parte do coletivo no momento em que todos compreenderem seus papéis dentro da escola,

mas que também tenham clareza de que se trata de um espaço que tem a função social de

socializar o conhecimento. Dessa forma, cada um tem um “sentido” no conjunto de funções

que existente na escola (professor, aluno, pai, agente educacional, pedagogo, direção,

secretaria).

Acreditamos que já houve avanços na importância e necessidade de nosso trabalho

na escola, pois, afinal de contas não somos nós Pedagogos que resolvemos as situações

quando precisam de ajuda? Mesmo não admitindo, a escola sabe o quanto podemos ajudar

nosso trabalho se soma ao do professor.

Referências:

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CP 1/2006. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. D.O.U., Brasília, 16 de maio de 2006, Seção 1, p. 11.

BRZEZINSKI, Iria. Pedagogia, Pedagogos e Formação de Professores. 5.ed. São Paulo: Papirus, 1996.

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como Ciência da Educação. Campinas/SP: Papirus, 2003.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, Para Que? 5 ed. São Paulo: Cortez, 2002.

MEURER, Itelmares Warmling. Implementação Projeto PDE 2011. Salto do Lontra

(Paraná), 2011.

PARANÁ, Portal Dia a dia Educação: Regimento Escolar. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/escola/3_ed_Regimento_com_ISBN.pdf> Acesso em 30/11/2010.

PIMENTA, Selma Garrido. Pedagogia e Pedagogos: Caminhos e Perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002.

SILVA, Carmem Silvia Bissoli da. Curso de Pedagogia no Brasil: história e identidade. São Paulo: Autores Associados, 2003.