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O PAPEL DO PEDAGOGO NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO DOCENTE
Eliane Kozminski da Costa1
Maria Madselva Ferreira Feiges2
Resumo
Este artigo analisa a construção, execução e acompanhamento do Plano de Trabalho Docente,
tratando-o como instrumento que visa dar um novo significado ao ensino-aprendizagem no
ambiente escolar. Essa prática possibilita à escola cumprir sua meta de formar homens
criadores, inventores, descobridores que utilizem os conhecimentos sistematicamente
organizados para a produção de novas idéias, de novas ações que transformem a sociedade
tornando-a um lugar melhor e mais justo. É função do pedagogo articular junto aos professores
as novas demandas da educação decorrentes das transformações do mundo do trabalho e das
relações sociais, na construção coletiva do Plano de Trabalho Docente.
Palavras – Chave
Ensino-Aprendizagem e Qualidade social, Plano de Trabalho Docente.
Resume
Cet article analyse la construction, la mise en oeuvre et le suivi du Plan de Cours, le
traitant comme un instrument visant à donner un nouveau sens à l'enseignement et
l'apprentissage en milieu scolaire.Avec cette pratique, l'école peut atteindre son objectif de
1 Professora PDE 2010. Pedagoga NREC. Pós Graduada em Direito Educacional. E-mail – [email protected] 2 Orientadora. Mestre em Educação. Professora DEPLAE/ EDUCAÇÃO / UFPR. E-mail – [email protected]
1
créer des Hommes qui fassent quelque chose de nouveau, des inventeurs, des
découvreurs qui se serviront des connaissances systématiquement organisées pour
constituer des nouvelles idées, des nouvelles actions qui puissent transformer la société
en la rendant meilleure et plus juste.C'est le rôle du pédagogue de travailler avec
l'enseignant sur les nouvelles demandes de l'éducation résultant de l'évolution du monde,du
travail et des relations sociales, visant une construction collective du Plan de Cours.
1 Introdução
A minha trajetória como diretora e pedagoga de escolas públicas permitiu-me observar
e constatar que alguns professores negligenciam sua prática educativa, improvisando suas
atividades em sala de aula ou utilizando as mesmas metodologias de ensino para diferentes
grupos de alunos. Uma das consequências é não conseguir atingir seus objetivos quanto à
formação de alunos que buscam seu espaço na sociedade como sujeitos ativos.
Segundo Fusari
A ausência de um processo de planejamento na escola, aliado às demais dificuldades
enfrentadas pelos docentes em seu trabalho, tem levado a uma contínua improvisação
pedagógica das aulas. Em outras palavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual
acaba sendo uma “regra”, prejudicando assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio
trabalho escolar como um todo. (1990, p. 44-58).
A construção/reconstrução do plano de trabalho docente a partir da reflexão
sobre a prática pedagógica desenvolvida na escola enfoca os conceitos de planejamento
com eixo na organização do Projeto Político Pedagógico, reconfigurando a ação do
professor em sala de aula.
2 Planejamento - o que é
O processo de planejamento sempre esteve presente na história da humanidade. Ele é
fundamental para a sobrevivência do ser humano, na medida em que possibilita maior eficiência
2
das atividades para atingir metas preestabelecidas. Propicia a máxima sinergia dentro da
organização escolar para alcançar os objetivos desejados, além de auxiliar no estabelecimento
de prioridades para as tomadas de decisões. Não se pode ficar na dependência da sorte e do
acaso, é necessário planejar o futuro para melhor aproveitar as ocasiões favoráveis que
possam surgir no presente, ou até mesmo descortiná-las.
Segundo Padilha (2003), planejar, em sentido amplo, é um processo que visa dar
respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de
modo a atingir objetivos anteriormente previstos. Considera as condições do presente, as
experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural,
econômico e político de quem planeja e com quem se planeja. Planejar é uma atividade
inerente à educação, que visa evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que
possam orientar mais apropriadamente a execução da ação educativa, acompanhar e avaliar a
própria ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas.
“O planejar é uma realidade que acompanhou a trajetória histórica da humanidade. O
homem sempre sonhou, pensou e imaginou algo na sua vida” (MENGOLLA, SANT'ANNA,
2001, p.15).
Na educação o planejamento é um processo contínuo que tem como ponto de partida
o diagnóstico de uma realidade e como fim, a utopia, ou seja, as possibilidades futuras, a
intencionalidade do ato de educar. Não deve ser apenas um guia referente à transmissão de
conteúdos pré-estabelecidos. Deve envolver ideias amplas e profundas; resgatar o sentido
social do trabalho escolar; ser um instrumento metodológico de transmissão e apropriação
crítica do conhecimento.
Se o ato de planejar é tão importante, porque alguns professores ainda resistem a
aceitar esta prática? Acreditamos que a razão seja a inutilidade da atividade de planejar aulas
quando o professor tem formada a ideia de que a sua responsabilidade na escola é apenas
transmitir conteúdos pré-estabelecidos. Neste caso, qualquer professor com algum tempo de
experiência e com algum domínio de sua disciplina sabe ministrar suas aulas sem necessitar
elaborar um Plano de Trabalho.
Durante o regime autoritário no Brasil (1964 – 1985) o planejamento foi utilizado com
um sentido autocrático. “Toda decisão política era centralizada e justificada tecnicamente por
tecnocratas à sombra do poder”. (PADILHA, 2003, p. 29)
O regime autoritário criou no professor uma resistência com relação à elaboração de
planos, uma vez que estes eram supervisionados por especialistas que delimitavam o que o
professor deveria ensinar priorizando as necessidades do regime político.
“Num regime político de contenção, o planejamento passa a ser bandeira eficaz para o
3
controle e ordenamento de todo o sistema educativo” (KUENZER, 2003, p. 41).
O planejamento tornou-se obrigatório e vinculado à figura do supervisor escolar que era
o responsável por fazer cumprir a exigência da elaboração e entrega dos planos de trabalho dos
professores.
Este plano era composto por um modelo formado por conteúdos, objetivos, estratégias,
recursos, avaliação e observações. Tal modelo utilizava a repetição dos conteúdos pré-
estabelecidos pela organização escolar, uma vez que não eram questionados pelos professores
e alunos.
Gandin (2008), afirma que o planejamento passa a ser utilizado pelos governos, após a
segunda guerra mundial para a resolução de situações mais complexas. A adoção do
planejamento pelo governo teve uma adesão tão grande que outras instituições sentiram-se
motivadas e passaram a se preocupar com a importância do planejamento, uma vez que visava
suprir as necessidades de um comércio em ascensão que exigia uma nova organização. Com
isso pode-se dizer que foi a partir dessa época que o planejamento se universalizou.
Na educação, segundo Kuenzer (2003, p.13) “o planejamento de educação também é
estabelecido a partir das regras e relações da produção capitalista herdando, portanto, as
formas, os fins, as capacidades e os domínios do capitalismo monopolista do estado.”.
O reconhecimento da importância do Plano de Trabalho Docente como norteador da
ação pedagógica ocorre quando o pedagogo atua como mediador na elaboração, execução,
acompanhamento e avaliação dos resultados decorrentes do planejamento.
O pedagogo, enquanto profissional da educação é aquele que tem como objeto de
estudo a ação educativa intencional. Saviani concebe o pedagogo como “formador de homens”,
como aquele que possibilita o acesso à cultura. “É, pois, aquele que domina as formas, os
procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do patrimônio cultural
acumulado pela humanidade” (1985, p. 27).
No momento em que pensamos a escola como parte de um processo de construção
do homem e da sociedade, precisamos de um Plano de Trabalho Docente que permita ao
professor modificar e transformar a realidade existente colocando em prática a filosofia contida
no Projeto Político Pedagógico da escola.
4
3 Gestão democrática e o projeto político pedagógico – a vida da escola
A promulgação da LDB – Lei nº 9394/96 enfatiza a autonomia da escola. O Projeto
Político Pedagógico adquire força e aparece vinculado ao texto legal, conforme segue:
Art. 12º. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do
seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola;
VII - informar aos pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos
alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica.
Os artigos subsequentes estabelecem que a elaboração deste projeto é uma
tarefa coletiva na qual devem colaborar professores, pedagogos, diretores, funcionários,
pais, alunos e a comunidade local.
Art. 13º. Os docentes incumbir-se-ão de:
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para alunos de menos rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, á avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com a família e a
comunidade.
Art. 14º. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do
ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
II - participação das comunidades escolar e local nos conselhos escolares ou
5
equivalentes.
Então, a autonomia da escola é um exercício de democratização de um espaço
público aberto à participação da comunidade escolar que elabora e implementa o seu
Projeto Político Pedagógico, respeitando as diversidades e as riquezas culturais e
superando as desigualdades existentes na sociedade local e regional.
Esta autonomia dá a escola uma dimensão operacional que pode garantir maior
racionalidade interna e externa e, portanto, melhoria da qualidade do processo ensino-
aprendizagem. As racionalidades internas e externas são necessariamente interdependentes,
se internamente não houver organização, será muito difícil atingir os objetivos esperados.
A democratização interna da escola pública valoriza o trabalho dos profissionais,
realça sua competência técnica e cria condições mais favoráveis ao exercício de seu
compromisso social que é educar. Ao participar da elaboração do seu Projeto Político
Pedagógico e do Regimento Escolar, os professores podem realizar explicitamente sua
prática libertadora, através dos princípios e regras de convívio estabelecido tanto na Proposta
Pedagógica, quanto no texto do Regimento Escolar e no Plano de Trabalho Docente.
4 Plano de trabalho docente
É a articulação entre os componentes dos incisos dos artigos já citados da Lei
9394/96 que configuram a concepção de Plano de Trabalho Docente enquanto
compromisso social da escola.
Nesta concepção a hora atividade concentrada adquire novo significado, tornando-se
o espaço onde se realiza o trabalho pedagógico. A intervenção do pedagogo junto aos
professores visa à efetiva ação da intencionalidade educacional da escola e a relação entre
teoria (campo de domínio do professor) e prática (metodologias aplicadas à educação) que
são campos de domínio do pedagogo. Esta prática pretende oferecer suporte pedagógico aos
professores para garantir um ensino-aprendizagem de qualidade para todos.
Este papel mediador do pedagogo na elaboração do Plano de Trabalho Docente
está assegurado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que enfatiza a
natureza político-pedagógica desta tarefa utilizando a expressão velar pelo cumprimento
do plano de trabalho de cada docente;
A elaboração do plano de trabalho docente é, portanto, dever e responsabilidade
6
do professor como também explica Fusari, “o preparo das aulas e uma das atividades
mais importantes do trabalho do profissional de educação escolar. Nada substitui a tarefa
de preparação da aula em si”. (1990, p.47).
5 A implementação do projeto “o papel do pedagogo na elaboração do plano de
trabalho docente” na escola.
Para dar início às discussões com os professores utilizei os resultados de um
questionário com cinco questões, cada uma apresentando possibilidade de escolha entre
duas alternativas (A e B), aplicado aos alunos do 6° ao 9º ano, num total de 195
entrevistados e aos seus pais ou responsáveis, sendo 191 participantes, conforme
explicita as tabelas de números 1 e 2.
Tabela 1: Pesquisa com alunos
Para realizar as atividades de ensino o professor precisa:
Questão
nº
Resposta A Resposta B
1
Conhecer muito bem o
conteúdo da disciplina.
193
Ter uma Noção mínima dos conteúdos. 2
2
Atualizar-se sempre, através de
cursos/leituras/estudos.
195 Contenta-se com o que se sabe. 0
3
Tratar os alunos com respeito,
preocupando-se com a sua
aprendizagem.
195 Preocupar-se somente em concluir a aula
do dia.
0
4
Transmitir somente o conteúdo
da Disciplina trabalhada.
7 Educar na totalidade, evidenciando valores
como honestidade, lealdade, justiça e
igualdade.
188
5
Planejar atividades
diferenciadas para suas aulas.
195 Decidir quais atividades devem ser
realizadas, depois que a aula já iniciou,
utilizando somente o livro didático ou
conteúdos escritos no quadro de giz.
0
7
1 2 34
5
020406080
100120140160180200
Nº
de
R e
s p
o s
t a
s
Gráfico 1: Respostas de Alunos:
RESPOSTA B
RESPOSTA A
Tabela 2: Pesquisa com Pais de Alunos
Para realizar as atividades de ensino o professor precisa:
Questão
nº
Resposta A Resposta B
01
Conhecer muito bem o
conteúdo da disciplina.
185
Ter uma Noção mínima dos conteúdos. 6
02
Atualizar-se sempre, através de
cursos/leituras/estudos.
180 Contenta-se com o que se sabe. 11
03
Tratar os alunos com respeito,
preocupando-se com a sua
aprendizagem.
191 Preocupar-se somente em concluir a aula
do dia.
0
04
Transmitir somente o conteúdo
da Disciplina trabalhada.
0 Educar na totalidade evidenciando valores
como honestidade, lealdade, justiça e
igualdade.
191
05
Planejar atividades
diferenciadas para suas aulas.
181 Decidir quais atividades devem ser
realizadas, depois que a aula já iniciou,
utilizando somente o livro didático ou
conteúdos escritos no quadro de giz.
10
8
1 2 34
5
020406080
100120140160180200
Nº
de
R e
s p
o s
t a
s
Gráfico 2: Respostas de Pais de Alunos:
RESPOSTA B
RESPOSTA A
A análise das repostas indica que tanto os alunos quanto os seus pais/
responsáveis reconhecem a importância para a aprendizagem de aulas planejadas e de
professores que se aperfeiçoam constantemente.
Observa-se também que a maioria dos participantes da pesquisa reconhecem
como imprescindível a função social da escola para além de mera transmissão de
conteúdos. Enfatizam a educação na sua totalidade, evidenciando valores como
honestidade, lealdade, igualdade e justiça.
Essas conclusões foram discutidas com todos os de professores da escola a
partir da organização de uma agenda para estudos de fundamentação teórica, visando à
elaboração de um Plano de Trabalho Docente coerente com os objetivos descritos na
Proposta Pedagógica da Escola. Para tanto partimos do conhecimento/leitura/ releitura
dos documentos estruturais da escola como Regimento Escolar, Projeto Político
Pedagógico e Proposta Pedagógica Curricular.
Nesta perspectiva, nossa proposta de mediação do Plano de Trabalho Docente ocorreu
com uma professora da Disciplina de Geografia do 9º ano “A” num total de 6 horas/aula.
Utilizamos o que propõem Gandin (1998) como elementos de organização do
Plano de Trabalho Docente: Marco Operativo, Diagnóstico, Necessidades e Programação
de onde surgem os Objetivos, Estratégias, Normas e Atividades Permanentes.
O Marco Operativo é a proposta básica da disciplina, o rumo que se pretende
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seguir. O horizonte que se busca como contribuição da disciplina ao crescimento das
pessoas e à construção de uma sociedade justa e democrática.
Assim, o Marco Operativo foi elaborado a partir dos estudos/leitura das Diretrizes
Curriculares e Projeto Político Pedagógico, ficando assim definido: “Entende que o estudo
da Geografia é imprescindível para a formação de alunos conscientes e críticos, capazes
de analisar3 o seu espaço geográfico, entendendo-o como um produto histórico, como um
conjunto de objetos e ações que revelam as práticas sociais dos diferentes grupos que
vivem num determinado lugar, interagem, sonham, produzem, lutam e o (re) constroem.”.
Este objeto de estudo deve considerar as vivências do aluno e suas experiências
no cotidiano, sem distanciar-se da dimensão formal da ciência, superando a simples
memorização de conteúdos desarticulados da sua compreensão histórica.
Pressupõe-se uma aprendizagem ativa, participativa, onde o aluno evolui , assumindo
uma postura ética de compromisso individual e social com a transformação da realidade.
O docente utiliza como material básico de trabalho todos os fatos, situações e
acontecimentos veiculados pelos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão,
internet) para articular os conteúdos e a análise crítica do livro didático, como forma de
compreensão da realidade social.
Refletir sobre os acontecimentos e interagir com o mundo que o cerca, cria possibilidades
de transformar o aluno em cidadão consciente, construtor de uma sociedade justa, onde
as oportunidades sejam iguais para todos.
O Diagnóstico deve ser elaborado à luz do que a disciplina propõe (Marco
Operativo). Partindo do concreto da sala de aula, ou seja, da realidade, para buscar
sempre um avanço, um desenvolvimento (realidade e utopia). Considera o movimento de
fazer e refazer, pensar e repensar sempre que necessário (contínuo). A professora
sintetizou o diagnóstico nas seguintes questões: o que os alunos conhecem, refletem e
comparam no seu espaço geográfico com outros da mesma cidade, país e do mundo.
As necessidades (conteúdos) pressupõem um amplo conhecimento da Proposta
Pedagógica Curricular no sentido de identificar e extrair os conteúdos a serem trabalhados, na
perspectiva de nortear a concepção do ensino de geografia e contribuir para a formação crítica
do aluno. As necessidades estão presentes na realidade (prática) num momento determinado.
Nesta ótica as necessidades/conteúdos são: “consumo, meio ambiente e desigualdades no
espaço mundial” com os seguintes itens: O capitalismo e a sociedade de consumo; Consumo e
consumismo; A sociedade de consumo e a degradação do meio ambiente; O desafio
3 As palavras em itálico foram retiradas do Projeto Político Pedagógico da escola.
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energético: a escassez de petróleo; Consumo e degradação ambiental: diferenças entre ricos e
pobres; Problemas ambientais: responsabilidade de todos os países; Consumo, meio ambiente
e questão demográfica; Superpopulação e consumo.
A programação, que é a intervenção na realidade para transformá-la, deu origem
aos Objetivos, Estratégias, Normas (estabelecem regras, limites da convivência social,
devem ser elaboras em conjunto com os alunos) e Atividade Permanentes (respondem a
necessidades administrativas como o preenchimento do Livro Registro de Classe,
preenchimento da frequência dos alunos e a realização das avaliações).
De acordo com estas fundamentações teórico-metodológicas, a professora, sob
minha mediação elaborou o Plano de Trabalho Docente.
6 Plano de trabalho docente
ESCOLA ESTADUAL PAULO FREIRE - Ensino Fundamental
DISCIPLINA: GEOGRAFIA PROFESSOR (A): ROSA MARIA
SÉRIE: 8ª OU 9º ANO TURMA: A HORAS/AULA: 6
PERÍODO: 18/04/2011 a 24/o4/2011
1 – Conteúdo(s)
O capitalismo e a sociedade de consumo
2 – Objetivos
- Compreender a necessidade e reconhecer a importância dos conhecimentos de
geografia no exercício da cidadania;
- Compreender as interferências que o excesso de consumo provoca no meio ambiente e as
consequências que acarretam, explicitando as diferenças entre consumo responsável e
consumismo;
- Entender que o espaço geográfico é composto pela materialidade (natural e técnica)
pelas ações econômicas, sociais, culturais e políticas e educacionais;
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- identificar e reconhecer os indicadores (políticos, econômicos, sociais, educacionais e
culturais) que permitem analisar a contradição: humanização/ desumanização dos
espaços construídos socialmente pelos homens.
3 – Desenvolvimento Metodológico (Estratégias)
- Aula expositiva dialogada sobre o tema “Consumo Consciente” formulando as seguintes
perguntas aos alunos: O que se entende por consumo?O que vocês consomem ou utilizam no
dia a dia? (alimentos, água, energia) De onde vem? Quais são? Para que sua utilização?
- Elaboração de síntese por parte dos alunos sob orientação do professor;
- Elaboração de um painel com as anotações registradas pelos grupos (sínteses)
-Leitura orientada do texto “Desenvolvimento Sustentável” (www.edhorizonte.com.br);
* O professor chamará a atenção para os pontos relevantes do texto, para complementar
a elaboração do painel.
4 – Recursos Didáticos
- Livro didático dos alunos;
- Painel (papel bobina) e fita adesiva
- Papel sulfite, lápis, tesoura e cola;
- Texto complementar a ser distribuído pelo professor.
5 – Proposta de Trabalho para o Aluno
- Construção de um painel com as anotações individuais realizadas após aula expositiva
dialogada sobre o tema “Consumo Consciente”.
- Leitura em conjunto do texto complementar “Desenvolvimento Sustentável”
(wwwedhorizonte.com.br) e do texto pertinente do livro didático.
- Elaboração e apresentação de trabalho dos grupos.
6 – Critérios de Avaliação
- identifica as relações entre consumo e meio ambiente;
- conceitualiza as diferenças entre consumo e consumismo;
- estabelece relações entre consumismo e as consequências para a natureza;
- analisa as contradições entre humanização / desumanização a partir dos indicadores
políticos, sociais, econômicos, culturais;
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- reconhece a importância da educação e formula regras/princípios referentes ao
consumo responsável e medidas de cuidados com o meio ambiente;
- adota atitudes coerentes com o conteúdo estudado na utilização dos materiais
necessários à produção do trabalho em grupo;
- estabelece diálogo com os colegas a respeito do conteúdo, defendendo seus pontos de
vista;
- solicita ajuda do docente para resolver questões referentes ao conteúdo.
6-1 – Instrumentos de Avaliação
- Elaboração de síntese
- Construção de painel
- Elaboração dos trabalhos dos grupos
Nota – Nesta proposta entendo que a metodologia de ensino utilizada compreende a
dinâmica necessária à apropriação do conhecimento, possibilitando a recuperação de
conteúdos em processo, ou seja, concomitante à elaboração dos trabalhos pelos alunos,
mediante a intervenção contínua do docente que explicita conceitos, corrige equívocos e
aponta aspectos que precisam ser aprofundados. Nesta concepção dispensa-se, a
utilização do instrumento prova porque as atividades realizadas pelos alunos constituem o
próprio instrumento de avaliação.
Visto da Pedagoga: Eliane Kozminski da Costa
Nota: Os nomes da escola e do professor são fictícios.
7 Conclusões finais
A prática educativa decorrente do Plano de Trabalho Docente determina a
qualidade do ensino e evidencia o compromisso social e ético do professor.
As mudanças necessárias à construção da qualidade de aprendizagem na escola
perpassam pela importância do ato de planejar e das implicações teóricas provenientes
deste ato.
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Os professores demonstraram interesse e envolvimento na elaboração do Plano
de Trabalho Docente, reconhecendo a necessidade de clareza teórica, como também
evidenciaram sua convicção sobre a importância da metodologia participativa.
Vivenciaram a prática do planejamento participativo como iniciativa que favorece a
relação entre docente e discente, na perspectiva de entender a relevância do ensino para
construir uma educação de qualidade.
Desta forma, defende-se um trabalho pedagógico que parta do convencimento e
não apenas da obrigatoriedade junto aos professores para proporcionar conhecimentos
teóricos e instrumentos visando à construção e execução coletiva dos fins descritos no
Projeto Político Pedagógico.
O encaminhamento das reuniões pedagógicas em termos de explicitar os
objetivos para melhor clareza da filosofia contida nos documentos oficiais da escola
pressupõe vivenciar a participação como elemento constitutivo do trabalho diário do
professor.
Esta concepção de planejamento participativo expressa a partir do Plano de
Trabalho do Professor possibilita a realização da função social da escola, mediada por
um instrumento teórico-metodológico que repensa tanto a prática docente e discente,
como a prática da gestão escolar na sua totalidade.
Percebeu-se a relevância da contribuição da professora de geografia no conselho
de classe, destacando a importância do planejamento participativo como momento
adequado para reflexões a respeito dos problemas que a escola enfrenta e da formulação
das mudanças necessárias.
Desta forma, evidencia-se a necessidade da elaboração coletiva do Plano de
Trabalho Docente, a partir da mediação do pedagogo, o que pressupõe reorganização da
hora atividade com um mínimo de concentração de carga horária das disciplinas para
possibilitar o exercício democrático do planejamento como instrumento de participação
coletiva.
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(Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação), Universidade
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