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1 O papel do gestor escolar na incorporação das TIC na escola: experiências em construção e redes colaborativas de aprendizagem Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida Lígia Cristina Bada Rubim A incorporação das tecnologias de informação e comunicação – TIC - na escola contribui para expandir o acesso à informação atualizada e, principalmente, para promover a criação de comunidades colaborativas de aprendizagem que privilegiam a construção do conhecimento, a comunicação, a formação continuada e a gestão articulada entre as áreas administrativa, pedagógica e informacional da escola. Ao explorar as potencialidades das TIC no seu cotidiano, principalmente com o acesso à Internet, a escola abre-se para novas relações com o saber, vivenciando a comunicação compartilhada e a troca de informações com outros espaços do conhecimento que possuem os mesmos interesses. Essa abertura à articulação com diferentes espaços potencializa a gestão escolar e provoca mudanças substanciais no interior da instituição, no qual o ensino, a aprendizagem e a gestão participativa podem se desenvolver em um processo colaborativo com os setores internos e externos da comunidade escolar. Como, porém, transformar a escola em um espaço que ao mesmo tempo articule conhecimentos e produza novos conhecimentos de modo compartilhado? A transformação da escola está acontecendo com maior freqüência em situações nas quais diretores e comunidade escolar (funcionários, professores, alunos, pais e comunidade) se envolvem diretamente no trabalho realizado em seu interior. Além do envolvimento, destacam-se escolas que dispõem de todos os recursos,

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O papel do gestor escolar na incorporação das TIC na escola: experiências em construção e redes colaborativas de aprendizagem

Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida Lígia Cristina Bada Rubim

A incorporação das tecnologias de informação e comunicação – TIC - na escola

contribui para expandir o acesso à informação atualizada e, principalmente, para

promover a criação de comunidades colaborativas de aprendizagem que

privilegiam a construção do conhecimento, a comunicação, a formação continuada

e a gestão articulada entre as áreas administrativa, pedagógica e informacional da

escola.

Ao explorar as potencialidades das TIC no seu cotidiano, principalmente com o

acesso à Internet, a escola abre-se para novas relações com o saber, vivenciando

a comunicação compartilhada e a troca de informações com outros espaços do

conhecimento que possuem os mesmos interesses. Essa abertura à articulação

com diferentes espaços potencializa a gestão escolar e provoca mudanças

substanciais no interior da instituição, no qual o ensino, a aprendizagem e a

gestão participativa podem se desenvolver em um processo colaborativo com os

setores internos e externos da comunidade escolar.

Como, porém, transformar a escola em um espaço que ao mesmo tempo articule

conhecimentos e produza novos conhecimentos de modo compartilhado?

A transformação da escola está acontecendo com maior freqüência em situações

nas quais diretores e comunidade escolar (funcionários, professores, alunos, pais

e comunidade) se envolvem diretamente no trabalho realizado em seu interior.

Além do envolvimento, destacam-se escolas que dispõem de todos os recursos,

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inclusive as TIC, oferecendo a abertura para espaços articuladores e participativos

nas redes colaborativas de aprendizagem.

Nesse caso, as TIC podem ser usadas para oferecer suporte em diferentes ações

coordenadas pelo gestor escolar, tais como:

- possibilitar a comunicação entre os educadores da escola, pais,

especialistas, membros da comunidade e de outras organizações;

- dar subsídios para a tomada de decisões, a partir da criação de um fluxo

de informações e troca de experiências; produzir atividades colaborativas

que permitam o enfrentamento de problemas da realidade escolar;

- desenvolver projetos relacionados com a gestão administrativa e

pedagógica; criar situações que favoreçam a representação do

conhecimento pelos alunos e de sua respectiva aprendizagem.

Porém, isoladamente, as tecnologias não podem gerar mudanças. Sua inserção

no cotidiano da escola exige a formação contextualizada de todos os profissionais

envolvidos, de forma que sejam capazes de identificar os problemas e as

necessidades institucionais, relacionadas ao uso de tecnologias. Realizada a

identificação, segue-se a busca de alternativas que lhes permitam a transformação

do fazer profissional, com base em metodologias pautadas em novos paradigmas.

Essa formação fortalece o papel da direção na gestão das TIC e na busca de

condições que ajudem a articular o uso administrativo e pedagógico das

tecnologias na escola.

O envolvimento dos gestores escolares na articulação dos diferentes segmentos

da comunidade escolar, na liderança do processo de inserção das TIC na escola

em seus âmbitos administrativo e pedagógico e, ainda, na criação de condições

para a formação continuada e em serviço dos seus profissionais, pode contribuir

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significativamente para os processos de transformação da escola em um espaço

articulador e produtor de conhecimentos compartilhados.

A seguir, são apresentadas algumas experiências, nas quais o envolvimento dos

gestores escolares tem contribuído para práticas que demonstram os primeiros

passos rumo às mudanças no espaço escolar, embora a incorporação das TIC

continue em andamento e em contínua transformação. Por outro lado, tendo em

vista possíveis espaços para a ampliação do ambiente escolar, são apresentadas

algumas opções de redes colaborativas de aprendizagem, disponíveis na Internet,

que dispõem de informações e recursos que possibilitam a realização de

atividades colaborativas e criação de comunidades virtuais de aprendizagem,

potencializando a aglutinação de recursos tecnológicos e de pessoas, em direção

a caminhos que busquem a transformação da escola num espaço aberto e

dinâmico.

1. Experiências em construção nas escolas

A escola apresenta-se como um espaço em contínua construção. Ela é uma

instituição humana e pressupõe a perspectiva de quem nela atua. Neste sentido,

pode-se procurar preservá-la como algo estático ou engajá-la em movimentos de

mudanças que busquem sua atualização, de forma a torná-la condizente com o

seu tempo.

Se ela é preservada de maneira estática, aparentemente encontra-se um caminho

tranqüilizador de rotinas a serem cumpridas. Porém, a escola que anda nesse

sentido não acompanha as mudanças que acontecem à sua volta, e fica presa em

si mesma. Por outro lado, a mudança não acontece à revelia das experiências

passadas. Esse processo se dá na tensão entre a preservação e a estabilidade do

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sistema educacional com as transformações da sociedade e dos indivíduos, estes

fortalecidos pelo diálogo, pela colaboração e busca de novos fazeres. O mesmo

acontece com a inserção das tecnologias na escola, que pode gerar conflitos

criadores de resistências e rejeições ou ajudar a provocar mudanças no sentido de

torná-la atuante e inserida em seu espaço e tempo.

Na análise das experiências dos processos de incorporação das TIC, nas escolas

apresentadas a seguir, é importante:

- observar a maneira como as práticas vão se desenvolvendo ao longo do

tempo, com suas dificuldades e seus avanços;

- verificar caminhos percorridos e a percorrer na criação de comunidades de

aprendizagem;

- identificar a relevância do papel do diretor na liderança do processo e na

articulação dos diversos participantes do ambiente escolar;

- perceber como acontece o emprego das TIC para a melhoria da qualidade

do ensino e da aprendizagem, bem como na gestão da informação interna e

oriunda de outros espaços, etc.

Duas questões ajudam a orientar esta análise:

a) Que mudanças podem ser observadas em escolas envolvidas com a

incorporação das TIC em seus espaços?

b) Como o diretor e os demais segmentos da comunidade escolar vêm

participando desse processo?

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1.1 Centro de Ensino Médio Ary Ribeiro Valadão Filho, Gurupi, Tocantins

Em Gurupi/TO, o Centro de Ensino Médio Ary Ribeiro Valadão Filho, mais

conhecido como Arizinho, encontrou formas inovadoras de integrar diferentes

tecnologias para potencializar a realização de projetos colaborativos e a

aprendizagem dos alunos. Em janeiro de 2000, com a chegada dos computadores

incentivou os professores a participarem de um curso de capacitação de 80h. Com

interesse em desenvolver a cultura tecnológica no espaço escolar, a direção

incentivou as lideranças da escola a assumirem as transformações necessárias à

criação dessa cultura, ao mesmo tempo em que agilizou as providências para

concretizar ações de uso das tecnologias, que contou com a participação de

professores, alunos e comunidade.

Mesmo com a mudança da gestão no ano de 2001, se manteve a continuidade ao

processo de informatização a partir dos incentivos a professores e alunos para se

engajarem em projetos envolvendo diferentes disciplinas e recursos tecnológicos.

Houve também a extensão da informática para a secretaria da escola, com

recursos de gestão compartilhada, a informatização da biblioteca, com a

disponibilização dos títulos de seu acervo na Internet e ainda, a promoção de

cursos básicos de informática para a comunidade.

1.2 Escola Estadual Antônio Canela, Montes Claros, MG

Na Escola Estadual Antônio Canela, diretora, supervisores, funcionários,

professores, alunos e comunidade compartilham a busca de alternativas para

enfrentar os problemas e tornar viável a integração das TIC aos espaços da

escola. As professoras multiplicadoras do Núcleo de Tecnologia Educacional de

Montes Claros - MG também são parceiras e incentivadoras dessa integração.

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Para o uso das TIC pelos alunos, a escola conta com um grupo de alunos-

monitores que apóia as atividades realizadas no laboratório. Os alunos também

são parceiros dos professores, auxiliando-os na criação de suas homepages. Em

2001, com o projeto Inclusão Digital, a escola abriu o laboratório de informática

para os pais, por meio de atividades focadas na reflexão de problemáticas do seu

cotidiano. Essa iniciativa incentivou os pais a terem uma participação mais efetiva

na escola.

1.3 Escola Municipal Hilda Rabello Matt, Belo Horizonte, MG

A Escola Municipal Hilda Rabello Matt, de ensino médio, entrou na rede antes de

conseguir o acesso à Internet, em virtude do empenho da diretora, dos

professores, alunos e da comunidade no desenvolvimento de projetos

pedagógicos com o uso das TIC. A coordenadora do laboratório de informática

conseguiu inserir sua escola em uma atividade de intercâmbio cultural com Rhode

Island, Estados Unidos, realizada através de correio tradicional ou troca de e-mails

pela Internet.

O entusiasmo da professora coordenadora de informática contagiou a direção, que

viabilizou a conexão da escola à Internet. A partir daí, a escola participou da

concepção e do desenvolvimento do projeto piloto Web Based Chat, da LTNet.

Surgiram projetos temáticos que permitiram estreitar os laços da rede colaborativa

e que abriram espaço para a participação da escola em outros projetos de

intercâmbio interinstitucional e internacional, incluindo o Projeto RiverWalk junto

com a Universidade de Michigan, Proinfo e LTNet. Paralelamente à estruturação

do ambiente virtual, a parceria com os professores da escola enriqueceu a

experiência.

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1.4 Escola Estadual Campos Teixeira, Maceió, AL, Projeto Portas Abertas para a Comunidade

A Escola Estadual Campos Teixeira, do município de Maceió, aceitou o desafio de

abrir as portas de seu laboratório para pais e pessoas residentes próximas da

escola, procurando integrá-las à vida escolar por meio da participação em uma

experiência de formação profissionalizante, oferecendo gratuitamente, em finais

de semana, com aulas teóricas e práticas, cursos básicos de informática para

pais, funcionários da escola e comunidade,.

Segundo a professora multiplicadora do NTE de Maceió, coordenadora do projeto

vários fatores concorreram para garantir a continuidade do projeto, tais como: a

atitude de parceria do funcionário da secretaria, o apoio técnico do NTE, o

envolvimento da direção da escola, que liberou o laboratório e os funcionários

para participarem do projeto e o apoio do comércio local, que cedeu espaço para

divulgar as atividades na comunidade.

1.5 Escola Municipal Professor Máximo de Moura Santos, São Paulo, SP

Uma iniciativa surgida no laboratório de informática colocou a Escola Municipal

Prof. Máximo de Moura Santos na rede. Em 1998, um grupo de alunos, apoiado

pela Professora Orientadora de Informática Educacional, participou do Projeto

HTML e criou o site da escola. Desde sua criação, o site é constantemente

atualizado pelos alunos, que usam esse espaço para divulgar suas principais

atividades e eventos. Apesar de não ter caráter oficial, é notável que o uso desse

espaço virtual constitui-se um local de integração dos alunos com as atividades

escolares. Os depoimentos encontrados revelam como o uso das TIC pode

potencializar a participação dos alunos na escola. Além do banco de projetos

desenvolvidos com o uso de tecnologias, o site também abre espaço para a

participação de ex-alunos, aproximando-os do espaço escolar.

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2. Redes colaborativas de aprendizagem

Entre os recursos disponíveis na Web existe uma diversidade de espaços que

propiciam a interação por meio da troca de informações e experiências, de

discussões sobre temas de interesse comum, do desenvolvimento de atividades

colaborativas envolvendo educadores, pesquisadores, especialistas, alunos e

instituições, que se dedicam à produção de novos conhecimentos. Portanto, são

as pessoas que utilizam os espaços disponíveis na Web que concretizam a

interação potencializada pela tecnologia, tecem redes de significados e rompem

com as paredes da sala de aula, integrando o ambiente escolar à comunidade que

o cerca, à sociedade da informação e a outros espaços produtores de

conhecimento.

A apresentação, feita a seguir, é de alguns exemplos de uso de ambientes virtuais

ou de redes colaborativas de aprendizagem. Ela tem por objetivo evidenciar as

potencialidades desses espaços para a troca de informações e experiências, para

o estímulo à discussão de problemas comuns a grupos de pessoas unidas por

interesses comuns e para o incentivo ao desenvolvimento de atividades

colaborativas, de forma que os participantes compartilhem seus problemas, os

compreendam e encontrem alternativas conjuntas para resolvê-los.

Duas questões podem pautar a análise do uso de comunidades colaborativas de

aprendizagem na escola:

a) De que forma a participação em comunidades colaborativas na Web

pode contribuir para o aprimoramento do trabalho de gestão?

b) Quais articulações são necessárias para mobilizar a escola rumo à

participação em comunidades de aprendizagem?

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2.1 Projeto RiverWalk-Brasil

RiverWalk é um projeto interdisciplinar colaborativo em que alunos e educadores

de seis países (Japão, Formosa, Estados Unidos, Canadá, Israel e Brasil)

realizam investigações, compartilham informações e experiências sobre os rios em

seus contextos. Financiado pelo Ministério de Terras, Transporte e Infra-estrutura

do Japão, com apoio da Faculdade de Pedagogia e Centro de Estudos Japoneses

da Universidade de Michigan e da Fundação Spencer, o RiverWalk propõe

atividades baseadas em projetos e resolução de problemas.

Até 2002 havia o registro de 11 escolas públicas brasileiras participando do projeto

RiverWalk. Entre elas, a Escola Municipal Oito de Dezembro, em Campo Grande,

MS, que embora possuísse computadores, não tinha acesso à Internet.

Entretanto, isso não a impediu de participar no projeto. Aos finais de semana a

professora de informática da escola levava os disquetes, com os arquivos

produzidos pelos alunos, para colocá-los disponíveis na comunidade de

aprendizagem. Conforme depoimento dos alunos, em artigo de Maria Sakate,

coordenadora do CEMTE, encontrado no site da Prefeitura Municipal de Campo

Grande, a participação no projeto RiverWalk propiciou-lhes maior conscientização

em relação à preservação dos rios, fato este de grande importância na região, por

conta dos recursos hídricos existentes.

2.2 Projetos de gestão do CONSED

CONSED é o Conselho Nacional de Secretários de Educação, associação que

congrega as Secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal, por meio

da participação dos titulares dessas pastas. Seu objetivo é o de promover a troca

de experiências e a integração entre essas secretarias. Em parceria com órgãos

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de fomentos e outras organizações, o CONSED é responsável por projetos de

gestão, que focalizam a gestão escolar, a saber:

a) Renageste - destina-se à criação de uma rede de profissionais

envolvidos em gestão da educação em sistemas públicos de ensino, que

possibilite a troca de experiências, o incentivo a inovações na gestão com

vistas à melhoria da aprendizagem dos alunos, bem como para construir

referências teórico-metodológicas sobre gestão educacional;

b) Revista Gestão em Rede - visa a apoiar a consecução dos objetivos da

Renageste;

c) Prêmio Nacional de Referência em Gestão Educacional - desde 1998 o

Prêmio se destaca como um dos mais relevantes instrumentos de

mobilização e de Auto-avaliação das escolas públicas brasileiras, com o

objetivo de melhorar a gestão e a qualidade do ensino. No ano de 2004, o

Estado de São Paulo concorre ao prêmio com cinco escolas finalistas.

d) Programa de Capacitação à Distância de Gestores Escolares

(PROGESTÃO) - Trata-se de um curso a distância de formação continuada

e em serviço, para gestores de escolas públicas de todo o País, cuja

participação vincula-se à adesão dos estados ao Programa.

O PROGESTÃO visa à formação de lideranças comprometidas com a construção

de um projeto de gestão democrática, que tenha como foco o sucesso escolar de

alunos do ensino fundamental e médio, pertencentes à rede escolar pública

brasileira.

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A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo constitui-se como uma das

representações estaduais que aderiu ao Programa. A partir do ano de 2004, o

PROGESTÃO integrará o Programa de Formação Continuada – TEIA DO SABER,

cujo objetivo é a formação de gestores que atuam nas escolas (Diretores, Vice-

Diretores e Professores Coordenadores) e nas Diretorias de Ensino (Supervisores

de Ensino). Até o final de 2006, todas as equipes gestoras da rede estadual de

São Paulo terão passado pelo processo de formação do PROGESTÃO.

2.3 Projeto Enlaces-Brasil

O Enlaces-Brasil é um programa de desenvolvimento profissional que se destina a

professores e alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, concretizado por

meio de parcerias com os setores público e privado. Objetiva criar e apoiar

comunidades colaborativas que integrem ambientes reais e virtuais de

aprendizagem e que propiciem a construção de um conhecimento coletivo de

caráter crítico.

A participação no programa permite o desenvolvimento de projetos curriculares

internacionais, por meio do sentido de colaboração e de trabalho em equipe dos

envolvidos e da integração das TIC às práticas pedagógicas, promovendo a

inclusão digital e social.

O Projeto Enlaces-Brasil atua desde o ano de 2000 no estado de São Paulo. A

partir de 2003, as escolas públicas da Bahia e do Ceará começaram a participar

também dos projetos colaborativos.

2.4 Educarede

O Portal Educarede é uma iniciativa da Fundação Telefônica em parceria com a

Terra Lycos, o Cenpec e a Fundação Vanzolini. Nesse portal, os educadores

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encontram espaço para desenvolver situações de aprendizagem dentro das

disciplinas, assim como para trocar experiências e discutir assuntos sobre temas

pertinentes ao currículo e à prática pedagógica, constituindo-se como um local de

formação e ampliação da comunicação entre as escolas. Vários fóruns temáticos

estão abertos para discussão e contam com a colaboração de mediadores.

Para os estudantes, o portal oferece informações, material de apoio para trabalhos

escolares, seções de postagem de opiniões e sugestões, dicas de sites

interessantes e ambientes de interação para que debatam temas do seu cotidiano,

podendo comunicar-se com pessoas de todo o país. O acesso ao Portal revela

como uma comunidade virtual é constituída de maneira colaborativa pela Internet,

a partir da interação dos diversos participantes.

2.5 Tô Ligado e Conexão Escola

Os portais Tô Ligado e Conexão Escola têm como objetivo criar uma rede

colaborativa de aprendizagem com o apoio à capacitação dos professores

pertencentes à rede pública estadual de São Paulo. Esses portais nascem da

parceria entre a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e a Escola do

Futuro da USP.

O Portal Tô Ligado tem como público-alvo os alunos, que podem participar de

atividades em rede, por meio de fórum, bate-papos e produções enviadas ao site

para publicação. Nele também os alunos podem participar de gincanas, concursos

e projetos diversos que envolvem questões pertinentes à escola, ao jovem e à

comunidade.

Por sua vez, o Portal Conexão Escola está voltado para os professores, com

propostas que visam ao seu desenvolvimento profissional com a incorporação das

TIC na escola. No portal os professores encontram espaços para trocar

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experiências, acessar informações sobre conteúdos e metodologias, funcionando

como uma fonte de informações constantemente atualizada.

Considerações finais

A princípio, as tecnologias foram introduzidas nas atividades administrativas da

escola para agilizar o trabalho da secretaria. Posteriormente, adentraram no

ensino e na aprendizagem, sem uma real integração às atividades de sala de aula,

apenas como uma atividade adicional e, com certa freqüência, como aula de

informática. Em uma perspectiva mais inovadora, isso aconteceu na forma de

projetos extra classe, desenvolvidos com a orientação de professores de sala de

aula e apoiados por professores encarregados de facilitar e coordenar o uso do

laboratório de informática.

Essa evolução levou à tomada de consciência da importância de incorporar as TIC

à prática pedagógica e ao contexto da sala de aula, bem como da necessidade de

envolver os gestores nessas atividades, uma vez que, sem a participação deles,

as atividades se restringem a esparsas práticas em sala de aula. Ao atingir esse

patamar, a nova tomada de consciência leva à percepção de que o papel do

gestor não é apenas o de prover condições para o uso efetivo das TIC em sala de

aula, mas que a gestão das TIC na escola implica gestão pedagógica e

administrativa do sistema tecnológico e informacional.

Nesse momento, evidencia-se a importância da criação de redes colaborativas

para troca de experiências e produção de conhecimentos que favoreçam aos

gestores enfrentar a complexidade que envolve a gestão das TIC nas escolas.

Para tanto, pode-se contar com espaços virtuais como o site do CONSED, do

Projeto Enlaces-Brasil, do Portal Educarede, entre outros, que ainda são pouco

usados para a interação entre os gestores. As redes tecnológicas existem, mas

ainda se está no início do caminho para criar uma cultura tecnológica, uma vez

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que as redes de conhecimentos não se concretizam sem o elemento fundamental,

que constitui a razão de serem criadas: o ser humano.

Diante disso, experiências em andamento nas escolas, como as apresentadas

neste artigo, anunciam um novo tempo para a incorporação das TIC na escola,

cabendo a cada gestor mobilizar os diferentes participantes da comunidade

escolar, dispor dos recursos tecnológicos para a articulação entre o administrativo

e o pedagógico e alavancar processos de formação continuada e em serviço de

seus profissionais. Juntos, gestores e demais profissionais da escola podem criar

situações, que permitam experimentar o uso das tecnologias no cotidiano das

suas funções e que lhes dê a oportunidade de participar de redes colaborativas de

aprendizagem, apoiadas em ambientes virtuais, para encontrar, coletivamente, um

caminho mais promissor, condizente com a identidade da escola e o contexto em

que ela se encontra inserida.

Questões

Como tem sido a incorporação das TIC na sua escola? Ela participa de alguma

comunidade de aprendizagem colaborativa? Abaixo, são propostas algumas

questões que podem ajudar no planejamento de caminhos, na criação de

condições favoráveis a esse processo e na articulação dos diversos segmentos da

escola.

1. Que novas ações podem ser implementadas para potencializar a gestão das

TIC na sua escola, de modo a:

- integrar o uso das TIC nas atividades de sala de aula e continuar a

promover a articulação entre as diversas áreas de conhecimento dos

profissionais que nela atuam?

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- empregar as TIC na gestão administrativa e na troca de informações entre

os segmentos da comunidade escolar?

2. Como incentivar o envolvimento de diretores, funcionários, professores, alunos

e comunidade na gestão das TIC na sua escola?

3. Quais condições podem ser criadas na sua escola para impulsionar o

surgimento de lideranças capazes de se comprometerem com o desenvolvimento

de práticas inovadoras?

4. Que contribuições podem agregar-se à sua escola, ao participar de redes

colaborativas de aprendizagem?

5. Com objetivo de impulsionar na sua escola o desenvolvimento de ações

colaborativas em rede, responda:

- Quais as condições que podem ser oferecidas?

- Quais os segmentos da comunidade escolar que podem ser envolvidos?

6. Como criar na Internet um espaço de discussão para os problemas que

preocupam os diretores, de modo que eles participem e se envolvam nesse

processo?

Referências

TV Escola, N° 20, agosto/setembro 2000, págs. 18 a 25.

TV Escola, N° 25, outubro/novembro 2001, págs. 20 a 28.

Site da Escola Antônio Canela: www.ltnet.org/members/AntonioCanela/

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Site da Escola Hilda Rabello Matt: http://www.hirama.cjb.net/

Site da Escola Municipal Máximo de Moura Santos: http://www.maximo.cjb.net/

Site do RiverWalk Project: http://www.riversproject.org/

Site do Consed: http://www.consed.org.br/

Link do PROGESTÃO/SP no site da CENP-SEE/SP:

http://cenp.edunet.sp.gov.br/index.htm/

Site do projeto Enlaces-Brasil: http://www.enlaces.pro.br/

Site do Portal Educarede: http://www.educarede.org.br/

Site do Portal Tô Ligado: http://www.toligado.futuro.usp.br/

Site do Portal Conexão Escola: http://www.conexaoescola.futuro.com.br/

Este texto foi produzido para o curso Gestão Escolar e Tecnologias.

ALMEIDA, M. e RUBIM, L. O papel do gestor escolar na incorporação das TIC na

escola: experiências em construção e redes colaborativas de aprendizagem. São

Paulo: PUC-SP, 2004.