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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF 4, 5 e 6 de junho de 2012 O ORÇAMENTO DEMOCRÁTICO COMO UM INSTRUMENTO NA CONSTRUÇÃO DA URBANIDADE: EXPERIÊNCIA DE JOÃO PESSOA-PB, DE 2005 A 2011 Amelia Panet Caroline Cevada Goldie Rodrigues Patrícia Medeiros

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Centro de Convenções Ulysses Guimarães

Brasília/DF – 4, 5 e 6 de junho de 2012

O ORÇAMENTO DEMOCRÁTICO COMO UM INSTRUMENTO NA CONSTRUÇÃO DA

URBANIDADE: EXPERIÊNCIA DE JOÃO PESSOA-PB, DE 2005 A 2011

Amelia Panet Caroline Cevada

Goldie Rodrigues Patrícia Medeiros

Painel 27/099 Governança democrática e participação social

O ORÇAMENTO DEMOCRÁTICO COMO UM INSTRUMENTO NA CONSTRUÇÃO DA

URBANIDADE: EXPERIÊNCIA DE JOÃO PESSOA-PB, DE 2005 A 2011

Amelia Panet

Caroline Cevada Goldie Rodrigues Patrícia Medeiros

RESUMO Este artigo visa demonstrar como se estabelece parte do planejamento urbano da cidade de João Pessoa com a implantação do instrumento de gestão participativo, o Orçamento Democrático (OD), a partir de 2005. O OD é uma política de governo vinculada à Secretaria de Transparência Pública do município. Por meio desse instrumento, grande parte da aplicação dos recursos públicos é decidida pela população. Esse mecanismo de gestão compartilhada tem caráter deliberativo e vem modificando a paisagem da cidade, conferindo qualidade e compartilhando responsabilidades para com os espaços e equipamentos públicos. O ciclo do OD se desenvolve durante todo o ano evoluindo desde audiências regionais com a população e os representantes de bairros, até a avaliação e planejamento de ações e construções no município. Os representantes municipais percorrem as regiões orçamentárias para conhecer as reivindicações da população e elencar as prioridades de investimento por bairro. Esse processo é feito em audiências públicas, num diálogo direto com a comunidade. Para além do objetivo principal, o OD vem se consolidando como um instrumento pedagógico de cidadania na construção de uma tão almejada urbanidade.

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INTRODUÇÃO

A democracia é uma construção sócio-histórica lapidada na modernidade,

especialmente dentro do sistema capitalista. No Brasil, no entanto, o regime

democrático praticado na maioria das cidades, ainda é exercido de maneira

conservadora e limitada, onde o direito coletivo na constituição política da urbe se

restringe ao direito do voto, na ocasião das eleições dos seus representantes. Nessa

visão estreita da democracia, a lógica econômica do acúmulo do capital não pode ser

ameaçada por demandas sociais que determinem para onde devem ir os recursos

públicos. Eis, pois, uma contradição que nasce no cerne do sistema moderno

capitalista e produz uma luta de forças genuínas, embora desiguais, frente ao perfil da

sociedade brasileira que temos, com desigualdades tão acentuadas e riquezas tão

injustamente distribuídas. Assim sendo, cabe ao Estado ser o interventor nesse jogo

de interesses; prevenindo riscos que possam ameaçar o coletivo ou aumentar, ainda

mais as distorções socioeconômicas da nossa população.

Enquanto estivermos assegurados pelos direitos da Constituição Federal

de 1988, o Estado deve fazer valer o princípio da responsabilidade pública na

condução de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse contexto, a inclusão dos

artigos 182 e 183, no capítulo da Política Urbana dessa constituição, foi uma vitória

da participação ativa de entidades civis e de movimentos sociais organizados. Para

somar aos avanços da democracia, o Estatuto da Cidade que ora comemora sua

primeira década, contribui com seus instrumentos, no exercício participativo da

política de desenvolvimento e de expansão urbana.

Este artigo procura estabelecer relação entre o planejamento urbano da

cidade de João Pessoa e o instrumento de gestão participativa, o Orçamento

Democrático (OD), a partir de 2005. Além disso, realça a importância da prática da

democracia e sua função educativa na formação de cidadãos ativos em prol de uma

cidade com índices avançados de urbanidade.

Na obra intitulada “O orçamento participativo e a teoria democrática: um

balanço crítico”, de Leonardo Avritzer (2003, p.14), propõe a definição desse

instrumento, que ele intitula de Orçamento Participativo, como uma forma de

“rebalancear a articulação entre a democracia representativa e a democracia

participativa”, e destaca a importância de quatro elementos: 1) cessão de soberania

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por quem detém o poder representativo local; 2) reintrodução de elementos de

participação local (assembleias regionais, conselhos etc.), combinados com métodos

de democracia participativa; 3) autorregulação soberana, a partir da definição de

regras e procedimentos pelos participantes do OP e 4) reversão das prioridades de

recursos públicos locais em prol das populações mais carentes.

Ao mesmo tempo, o autor destaca quatro elementos importantes para a

existência desse instrumento numa gestão: 1) a vontade política do grupo gestor;

2) a densidade associativa que corresponde ao grau de coesão e de organização

da sociedade ou comunidade; 3) os elementos do desenho institucional e 4) a

capacidade administrativa e financeira para implantar a proposta. (AVRITZER,

2003, p.14)

Uma gestão pública que se preze deve fazer valer instrumentos

urbanísticos centrados na lógica da inclusão sócio-espacial para que esses possam

contribuir para um ambiente urbano com uma equitativa distribuição dos serviços

urbanos assistenciais, de lazer e de mobilidade para toda a cidade. Nesse sentido, a

gestão de João Pessoa adotou, desde 2005, o instrumento do Orçamento

Democrático como uma ferramenta do planejamento urbano da cidade.

Em João Pessoa, o Orçamento Democrático é uma política de governo

vinculada à Secretaria de Transparência Pública do município. Por meio desse

instrumento, grande parte da aplicação dos recursos públicos é decidida pela

população. Esse mecanismo de gestão compartilhada tem caráter deliberativo e vem

modificando a paisagem da cidade conferindo qualidade e compartilhando

responsabilidades para com os espaços e equipamentos públicos. O ciclo do OD

inicia-se em março e se desenvolve durante todo o ano evoluindo desde as

audiências regionais com a população e os representantes de bairros, passando

pelo planejamento de ações e investimentos e, culminando na execução das obras

eleitas como prioritárias. Os secretários municipais, assim como o prefeito,

percorrem as regiões orçamentárias para conhecer as reivindicações da população

e elencar as preferências de investimento por bairro. Esse processo é feito em

audiências públicas, num diálogo direto com a comunidade. Como instrumento

estruturador do desenvolvimento democrático de uma sociedade, o orçamento

democrático e suas audiências públicas se tornam imprescindíveis para uma

sociedade conhecedora de seus direitos e deveres no exercício da democracia.

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ORÇAMENTO DEMOCRÁTICO EM JOÃO PESSOA

IMPLEMENTAÇÃO E OBJETIVOS

A implantação do Orçamento Democrático no Município de João Pessoa

foi fruto de uma reforma administrativa iniciada pela gestão em 2005, que visava a

adequação da máquina administrativa a um novo projeto de governo no campo

democrático popular (PSB). Um dos pontos principais da Carta Programática

aplicada do Governo era a participação popular nas ações da gestão. A reforma se

iniciou com a aprovação da Lei no 10.429, de 14 de fevereiro de 2005 que instituía,

entre outros pontos, a Secretaria da Transparência Pública, experiência pioneira no

Brasil, e seus órgãos: a Coordenadoria do Orçamento Democrático, a Ouvidoria

Municipal, o Departamento de Gestão da Informação (DPGI), e o Controle Interno.

Este redesenho institucional possibilitou o controle das ações democráticas e

participativas dentro do governo, inserindo desde o inicio a participação popular nas

decisões do investimento público.

A construção do Orçamento Democrático foi possibilitada pelo diálogo

constante com a sociedade e os movimentos sociais e populares que exigiam um

espaço de debate mais direto com a Prefeitura. O ativismo democrático é uma

prática desenvolvida na capital por diversos grupos em prol de temas relacionados,

principalmente, com a habitação social, educação, saúde, gênero, trabalho e renda.

A proposta participativa da gestão e a maneira como foi pensado o instrumento do

orçamento democrático procurou agregar à tradição associativa da comunidade,

direitos e deveres, que pudessem, de fato, conferir poderes deliberativos à

população evitando canais corporativos de acesso aos recursos.

O modelo para formatar esse instrumento foi fruto de pesquisas e

experiências de orçamentos participativos existentes em outras cidades do país, a

exemplo de Porto Alegre, que desde 1990, no governo de Olívio Dutra (PT),

desenvolve o orçamento participativo com grandes avanços. Para Avritzer

(2003,p.14-18) a introdução do orçamento participativo em Porto Alegre, marca um

divisor de águas em termos de políticas participativas no Brasil. Para o autor, o

sucesso de Porto Alegre está representado por quatro pilares: o pilar da democracia,

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que consolida a participação popular e reconhece a qualidade da gestão no

processo político-eleitoral; o pilar associativo-deliberativo que institui o orçamento

participativo como a forma dominante de distribuição de recursos públicos,

diminuindo ou eliminando o clientelismo; o pilar do desenho institucional, que cria

novas instituições dentro da estrutura governamental valorizando o instrumento

participativo e, o quarto pilar considerado pelo autor é a vinculação da capacidade

distributiva dos recursos públicos com o processo de reforma do Estado.

Em João Pessoa, desde 2005, já participaram do Orçamento Democrático

mais de cento e cinquenta mil pessoas e cerca de dois mil delegados foram eleitos.

Durante este período aconteceram mais de mil e quatrocentas reuniões entre o

Poder Público Municipal e a população. O resultado é uma distribuição mais justa e

igualitária dos recursos públicos, de necessidades reconhecidas diretamente pela

população, que passaram a receber investimentos em infraestrutura, saneamento,

educação, saúde, lazer, cultura, emprego e renda, dentro de uma programação

construída pelas necessidades de cada comunidade, bairro e região.

Imagem Centro Histórico

Foto: Zé Marques

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Imagem Orla de Tambaú

Foto acerco PMJP

PROCESSO METODOLÓGICO

O Orçamento Democrático em João Pessoa é um instrumento de

participação direta dos cidadãos, onde a população exerce o controle dos

investimentos públicos através da escolha de ação ou obra mais importante para

sua região, além de acompanhar os investimentos do município.

Este instrumento da democracia participativa possibilita que todas as

pessoas, de qualquer classe social, etnia, gênero, façam as suas reivindicações e

possam acompanhar o andamento das obras, ações e serviços que são realizadas

na cidade. Além disso, o processo possibilita a fiscalização dos investimentos e

aplicação do dinheiro público, por meio dos delegados ou dos conselheiros

regionais. Esse mecanismo de gestão compartilhada permite que a população

fiscalize de maneira transparente todos os atos do governo.

A equipe técnica básica é formada por funcionários da Prefeitura que se

dedicam a operacionalizar e refletir sobre as atividades que envolvem o Orçamento

Democrático, além da preocupação constante de adequar a metodologia do

processo às necessidades que se apresentam a cada momento das etapas do Ciclo.

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Além do contato direto durante o processo, ela também se dedica à produção de

informações e de materiais pedagógicos como folders, cartilhas etc. Além dessa

equipe, dão suporte à população e participam do ciclo: o Conselho do OD, os

Conselheiros Regionais e os Articuladores Regionais.

Audiências Regionais

Fotos: Adriano Franco

O Conselho do Orçamento Democrático é formado por vinte e oito

representantes (sendo quatorze titulares e quatorze suplentes) oriundos das

quatorze regiões orçamentárias da cidade de João Pessoa, representantes da

Administração Municipal e da Câmara de Vereadores também compõem o

Conselho. A eleição dos conselheiros é realizada na Assembleia de Delegados. Os

conselheiros exercem um mandato de dois anos e têm como função consolidar o

plano de investimento de acordo com as obras e serviços eleitos nas Assembleias

Populares Regionais, Assembleia de Delegados e nas Audiências Públicas;

acompanhar o processo de consolidação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

e da Lei Orçamentária Anual (LOA); analisar e aprovar a LDO e a LOA do Executivo

para o próximo exercício; além de acompanhar a discussão e aprovação da LDO e

LOA na Câmara Municipal.

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Os Conselheiros Regionais são representantes da população

escolhidos para representar cada uma das 14 regiões orçamentárias por um

mandato de dois anos de forma voluntária. Eles devem residir na região que se

candidatam e não podem ser funcionários da prefeitura. São eleitos durante as

Assembléias Regionais e seu número é proporcional à quantidade de participantes

no local, conforme o quadro abaixo:

Quadro 01 – Indicação do Número de Conselheiros por Número de Participantes

No de participantes Proporção No de conselheiros

1-300 01 Conselheiro para 10 participantes No máximo 30

301-500 01 Conselheiro para 15 participantes No máximo 34

501-800 01 Conselheiro para 20 participantes No máximo 40

801-1.100 01 Conselheiro para 25 participantes No máximo 44

1.101-1.500 01 Conselheiro para 30 participantes No máximo 50

Acima de 1.500 – No máximo 70

Disponível em: <http://od.joaopessoa.pb.gov.br>. Acesso em: 27 fev. 2012.

Entre as atribuições do Conselheiro Regional estão: respeitar e cumprir o

Regimento Geral do Orçamento Democrático; manter a comunidade mobilizada em

torno do Orçamento Democrático; acompanhar e contribuir para a aprovação do

Orçamento Democrático na Câmara de Vereadores; acompanhar e fiscalizar obras e

serviços e ações setoriais por toda a cidade.

O processo anual e completo do desenvolvimento do Orçamento

Democrático é comumente chamado de “ciclo orçamentário” e se divide em seis

etapas. Durante o ciclo orçamentário, onde a Prefeitura Municipal percorre as 14

regiões (figura a seguir) para prestar contas à população e conhecer as prioridades

de investimentos nos bairros e comunidades da Capital, as pessoas saem de suas

casas, à noite, e realizam um diálogo direto com o Governo Municipal.

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Mapa das 14 regiões orçamentárias de João Pessoa

Fonte: Secretaria Executiva do Orçamento Democrático – PMJP

Na primeira etapa do ciclo são realizadas as 'Audiências Regionais',

onde acontece o diálogo aberto com a população, secretariado e prefeito. Nas

atividades do ano, ela é o primeiro contato da Gestão Municipal com toda a

população da Região Orçamentária. Nesta grande reunião com a comunidade, o

prefeito dialoga diretamente com a população, escutando suas críticas, sugestões e

elogios, como também faz a prestação de contas das ações da PMJP na sua

Região, além de apresentar o que será executado no ano atual (resultado do ciclo

do ano anterior). A Audiência Regional, também é o momento em que a população

escolhe, através do Formulário de Demandas (um guia detalhado, com linguagem

simplificada, que é distribuído antes das audiências), a intervenção mais necessária

que a prefeitura fará em cada Região.

A segunda etapa é referente ao planejamento democrático da Lei de

Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual; o objetivo é reunir o

Conselho do OD com os secretários das pastas responsáveis pelas prioridades

eleitas nas regiões, e identificar o que pode ou não ser realizado de acordo com a

capacidade financeira e operacional do município.

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O Planejamento Democrático com os Delegados do OD das quatorze

regiões orçamentárias é a terceira etapa. Nela, cada secretário apresenta o que

está planejado para a LOA do atual ano, de acordo com as prioridades eleitas e

demandas do OD do ano anterior.

Em paralelo, ocorre uma espécie de educação assistida para a

população, nos chamados 'Fóruns Temáticos'. Nestes fóruns, abre-se o debate

sobre temas que são importantes e ainda não foram indicados anteriormente como

prioridades. Todos os anos os temas mudam e se conformam com a noção de

instrução urbana da população. Essa etapa mostra-se muito importante, pois

equilibra a competência técnica dos gestores e sua compreensão de qualidade

urbana, com a vivência e necessidades reais da população. Ainda nessa dimensão

pedagógica do OD, neste período se inicia o curso de capacitação dos Conselheiros

do OD.

Na quarta etapa ocorre a Assembleia Geral de Delegados do OD, e as

'Audiências Setoriais', onde cada secretaria apresenta seus projetos consolidados

da LOA.

Ao final de cada ano, acontece a quinta e última etapa, ou etapa de

avaliação e planejamento, com os conselheiros e a equipe participante; onde se

avaliam o Conselho do OD, os Delegados do OD e o desempenho do ciclo até o

momento atual. A partir do resultado dessa etapa é planejado o próximo ciclo do OD.

Praça da Paz – Bancários

Foto: Adriano Franco

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A opção por uma gestão pública fundamentada na Governança

Democrática e na Participação Social contribui para a construção da cidadania e do

empoderamento social, com os quais os comunitários se percebem como

protagonista de sua própria realidade.

Quando Jane Jacobs publicou, em 1961, o seu manifesto “contra os

princípios e os objetivos que moldaram o planejamento urbano e a reurbanização

modernos e ortodoxos” das cidades americanas, sua principal intenção foi

apresentar princípios diferentes, que ao seu olhar, não viciado pela formação

urbanística, ilustravam o funcionamento de uma cidade acolhedora ao convívio

humano. Para a autora sua argumentação estava sustentada na necessidade que

as cidades têm de uma “diversidade de usos mais complexa e densa”, para que

possibilitem entre eles uma “sustentação mútua e constante, tanto econômica

quanto social”. Entretanto, para que isso ocorra é necessário compreender que tipo

de ordem inata e funcional possui cada cidade e, que tipo de cidade desejam

seus moradores.

Nesse sentido, governar uma cidade é tarefa que deve ser

compartilhada pelos diversos atores do cenário urbano. Uma cidade mais

acolhedora e com índices de urbanidade avançados possui vitalidade e

participação ativa de seus habitantes nas principais decisões do planejamento. A

urbanidade é qualidade inerente à cidade, ao urbano e precisamente, ao espaço

público das cidades. O instrumento de orçamento democrático vem contribuir com

esse conceito de cidade que desejamos.

Apesar da juventude da experiência de João Pessoa, apenas sete anos,

já percebemos alguns aspectos que comprovam a importância do OD na gestão

municipal:

1) a consolidação da participação popular (as audiências públicas são

bastante representativas, a forma de abordagem dos seus

participantes legitima as demandas e demonstra a preocupação com

o coletivo);

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2) o OD já possui força na distribuição dos recursos públicos e nesse

sentido vem adquirindo importante papel no planejamento urbano

(segundo o Secretário Executivo do Orçamento Democrático de João

Pessoa, Tibério Limeira, as demandas do OD estão relacionadas a

70% dos investimentos feitos com recursos próprios do município)1;

3) a estrutura governamental do município foi redesenhada para

fortalecer o instrumento participativo (criou-se em 2005 a Secretaria de

Transparência Pública a quem a Coordenadoria do OD está vinculada,

tendo em 2012 passado ao status de Secretaria Executiva do

Orçamento Democrático);

4) o OD tem uma importante participação na concepção de uma

educação cidadã e na formação de cidadãos conscientes de seu papel

na construção coletiva de uma cidade mais acolhedora, com espaços

públicos de qualidade, uma cidade com urbanidade;

5) o OD municipal frutificou suas experiências e em 2012, o governo

estadual adotou o instrumento na gestão de todo a Paraíba.

Para nós, esses são os cinco aspectos que comprovam a eficiência desse

instrumento na cidade de João Pessoa, e que fazem com que essa experiência se

perpetue para além de escolhas partidárias. O orçamento democrático já é uma

conquista do povo.

1 Com a capacidade de investimento do município na ordem de 17% do orçamento municipal, o OD

representa 12% desse orçamento, uma participação muito representativa.

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REFERÊNCIAS

AVRITZER, Leonardo. O Orçamento Participativo e a teoria democrática: um balanço crítico. In: AVRITZER, Leonardo; NAVARRO, Zander (Orgs.). A inovação democrática no Brasil. São Paulo: Cortez, 2003. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. JANOT, Luiz Fernando. Em busca da urbanidade perdida. Revista Eletrônica Vitruvius: 037.03ano 11, out 2010. Disponível em: <http://www.agitprop.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/11.037/3610>. SEGAWA, Hugo. Vida e morte de um grande livro. Resenhas on line. Vitruvius: 001.20ano 01, jan 2002. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/01.001/3259>.

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AUTORIA

Amelia Panet – Arquiteta e Urbanista. Assessora do Gabinete do Prefeito na Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Endereço eletrônico: [email protected] Caroline Cevada – Arquiteta e Urbanista na Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Endereço eletrônico: [email protected] Goldie Rodrigues – Engenheira Civil. Coordenadora na Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de João Pessoa. Patrícia Medeiros – Tecnóloga em Geoprocessamento na Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Endereço eletrônico: [email protected]