o oco e o vazio na escultura_sérgio romagnolo_tese_2001

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Título: O Oco e o Vazio na Escultura Autor: Sergio Romagnolo Ano: 2001 Doutorado em Artes pela Escola de Comunições e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP

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Page 1: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

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"PAULO 2.001 SERGIO ROMAGNOLO

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Titulo: 0 V azio e o Oco na Escultura

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Fajardo

Autor: Sergio Romagnolo

Exigencia Parcial para Obten~o do Titulo de Doutor,

no Corso de P6s Gradua~o em Artes,

Escola de Comunica~5es e Artes da Universidade de Sao Paulo

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para Leda. Rita e lara

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Sumario

Resumo .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Abstract ...• . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

IntrOOu~ao .••••••.•.••••••.....•..••.•••...••.•.•••.•..•.••..•.. 7

0 V azio e o Oco na Escultu.ra ••.••..••••..••..•..••....•...••••••• 1 ~

1. A N&o Presen~ ••.••.•..••••••••.. ............................. .14

2. Ausencia, Falta, Perda e Desapari~o .............................. 20

3. A Ansencia ...•.••••.•.•..••...••• ..,., ............................... ~ 3.1. A Ausencia do Corpo de Cristo .•.•. .......................... .24

3.2. A Ausencia Continua de Aleijadinbo .......................... .30

4. A Ausencia do Espa~o • .......................................... 35

4.1. Espa~o em Obra ...•....•..•.•.............................. 35

4.2. A Ausencia por Adormecimento .............................. 41

4.3. 0 Espa~o lnterno da Obra ................................... 42

4.4. 0 Jarro ................................................... 43

4.5. 0 Doar. ................................................... 46

4.6. 0 Doar do Vazio da Obra ................................... • 47

5. 0 Pneu ..•...•••....•..•....................................... 50

Conclusio •••....•.••....•.•..•......•..•...................... 53

I magens .....•......•..•...•...............................•.. 54

Biblio~a •..••.•••••••••••.••.•••..••••..•........•.•..•...• 106

4

Page 7: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Resumo Esta pesquisa consiste no estudo das rela\-oes conceituai& e estet.icas

existentes em uma escultura de plastico ou de bronze que nao possuam urn corpo maci~o intemo. 0 objetivo e pensar o vaz1o eo oco propnamente ditos como elementos que constituam o processo escult6nco deste pesquisador rJ

estudo se da atraves de investig~oes plasticas na produ~ao de esculruras, e

tambern investiga~oes escritas com a produ~o de urn texto que refhta sobre estas obras.

0 processo de execu~ao das obras come~ com urn modelo de argHa

umida que e recoberto por uma Hirruna de plastico modelada com fogo Em

seguida, depois do esfriamento do plastico, a argila e reti rada tomando a

escultura oca. Deste modo, a escultura adquiri volume permanecendo porem

corn pouca massa, afirmando assirn a ausencia do modelo intemo e o oco da

escultura

0 terna das esculturas foi inicialrnente retra.tos de duas meninas. Porem

no decorrer deste processo foram acrescidos outros temas, de objetos ern sua

maioria, como: bicicletas, pneus, motocicleta, garrafa e latoes de leite. todos

guardando entre si uma rela~o funcional com sua parte oca.

0 conceito de ausencia que e trabalhado aqui tern como ponto de

partida as ideias contidas no livro de Louis Marin, Des Pouvoirs de L'image

(Edition du Seuil ). Neste li vro o au tor procura fazer uma sondagem das

origens da "imagem" na civiliza~o ocidental e dos motivos que levaram ao seu

fortalecimento nos dias de hoje. Segundo seu ponto de vista ex.iste a ideia de

que a imagem de urn corpo desaparecido, tal como a do corpo de Cristo depois

de sua morte, foi fortalecida e multiplicada em grande pane por ser a imagem

de urn corpo fundador e mais ainda por ser a imagem de urn corpo fundador ausente.

Outra referencia importante que acaba por perpassar toda a pesquisa e a

de Martin Heidegger. Inicialmente forarn tratadas nipidamente algumas

defini~oes sobre o sere sobre o ente contidas no livro Ser e Tempo (editora

Vozes) e no final do texto foi visto urn pouco do seu enfoque sobre o vazio de

urn jarro contido em outro trabalho chamado Poetrv. Language. Though! (Harper & Row).

Outro autor que enriquece o entendimento de pontos importantes para

forrnar o discurso do estudo e Alberto Tassinari em seu livro 0 Espa90 Modemo ( Editora Cosac & Naif).

5

Page 8: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Abstract

This research consists of studying the conceptual and aesthetic relanons

existing in sculptures made of plastic or bronze that do not have an internal mass

body. The objective is to think the very emptiness and hollowness as elements

constituting this researcher's sculpturing process. The study has been developed

by means of plastic investigations in the production of sculptures and also

investigative texts mirroring those works.

The process of executing the works starts with a wet clay model that is

covered with a thin plastic plate modeled with the heat. Next, after the modeled

plastic plate is cold, the clay is removed so that the sculpture is hollow. The

sculpture then has volume but little mass, thus stating the absence of the internal

model and the hollowness of the sculpture.

Initially the sculpture's theme was to produce portraits of two girls. But

as the process developed other themes were added up such as: bicycles, tires, motorcycles, bottles and milk cans.

The absence concept handled here is based on Louis Marin's ideas in his

book Des Pouvoirs de L 'image (Edition du Seuil). There the author tries to dig

up the origins of the "image" in the Western civilization and the reasons why it

is so strong today. He understands that there is an idea of the image of a body

that has disappeared, such as Christ's body after his death, which has

strengthened and multiplied thanks to the fact that this image is of a founding

body and, more than that, due to the fact of its being the image of an absent founding body.

An important reference that has ended up by permeating the whole

research is Martin Heidegger's. At the beginning, the study deals with some

definitions ofthe being and the living thing in his book Sere Tempo (Being and

Time) (Vozes) and, at the end, also with the approach of the emptiness of a jar in

another work called Poetry, Language, Thought (Harper & Row). Another

author who has enhanced the understanding of some topics that performed a

very important role in the elaboration of the study's speech was Alberto

Tassinari in his book 0 Espafo Moderno (The Modem Space) (Cosac & Naif).

6

Page 9: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lntrodu~o

Esta tese de doutorado e formada por duas partes: a primeira se

utilizadalinguagem plasticaee composta pela minha produ~ao escult6rica e a

segunda e constitufda de urn texto auto-reflexivo. 0 objeto de pesquisa no

texto sao os conceitos relacionados com a producrao plastica. A estrateg1a

utilizada para esta reflexao e a de desenvolver uma analise sobre urn pequeno

aspecto da producrao artfstica, por considerar-se que uma obra de arte, por sua

pr6pria natureza, abrange multiplas vis6es e interpreta~6es impossfveis de

serem abarcadas por urn unico texto.

A escolha do tema nao foi determinada como o principal elemento

constitutivo desta produ~ao plastica 0 tema 0 Vazio e o Oco na Escultura

deve ser visto apenas como mais urn elo que comp6e o todo da obra e sua

escolha obedeceu aos mesmos criterios envolvidos no processo criativo. Assim

como o cami nho tra9ado para a abordagem deste tern a nao obedeceu a urn

cr~terio 16gico e categ6rico que medisse o grau de importancia deste ou daquele

autor, mas obedeceu sim, a urn processo que envolveu auto-avaliacroes

constantes que se auto fundassem, e a interesses pessoais cujas Unicas inten96es

foram as de instrumentalizar e enriquecer o pr6prio processo criativo da

produ9ao das esculturas.

* * *

7

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0 processo de execu~ao das esculturas come~a com urn modelu de

argila um1da, no caso das figuras humanas, que e recoberto por uma lamina de

plastico poliesl1reno de 2 mm, model ada com ma~anco de gas propano. Em

seguida, depo1 s do esfri amento do pl ast1co, a argila e ret1rada tomando a

escultura oca. Oeste modo, a escultura adquire volume permanecendo porem

com pouca massa, afirmando assim a desapan~ao do modele. Ja a modelagem

dos objetos e feita dtretarnente sobre os objetos escolhidos e depois do

esfriamento do pl::istico, o objeto e retlrado e as partes sao emendadas.

lmagem Ilustrativa do Processo de Execuyao das Esculturas: da Esquerda para a Direita. Plastico Modelado, Modelo de Argila Umida e Figura Humana.

Por volta de 1955 Roland Barthes, depois de ter visitado uma feira

industrial de pJasticos, provaveJmente a primeira, e depois de ter visto uma

grande maquina produzir pequenos baldes em sua ponta final, observou que os

8

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polirneros. vulgarmente chamados de plasticos por sua grande maleabilid.ade e

poder de imitayao, tern muitas qualidades, mas "e urn material desfavorecido.

perdido entre a efusao das borrachas e a dureza plana dos metais" 1. Barthes

ainda continua dizendo que ··aquilo que mais o trai (o phistico) e o som que

produz. simultaneamente oco e plano''2 Esta observayao de Barthes ve o som

como sinal do que esta vazio e coloca o elemento oco como urn elemento

problematico na construyao tridimensional. Como se o oco fosse uma forma de

faltar com a verdade. Mas com o desenvolvimento dos plasticos e

posteriormente dos materiais laminados na segunda metade do seculo XX. a

possibilidade das construy5es ocas transformou os produtos industriais em

produtos mais resistentes, reprodutiveis e transportaveis. Mais especificamente

pensando em rninha produyao escult6rica o assunto do oco do plastico. como

urn elemento "traidor", segundo a vi sao de Barthes. acabou por se to mar o

assunto principal desta pesquisa

Sendo assim, o aspecto escolhido foi o fato das esculturas em rninha

produyao apresentarem urn espayo vazio em seu interior. 0 que e este vazio,

como ele e formado, como ele opera e interage com os outros vazios do

mundo comum, sao alguns dos objetivos deste estudo.

A parte plastica da tese e formada por urn conjunto de esculturas. 0

con junto inicialmente foi pensado exclusivamente com esculturas de retratos de

2 meninas de 3 e 9 anos que cresceriam ate 6 e 12 anos. Mas com o

desenvolvimento da pesquisa foram introduzidas outras esculturas feitas a partir

1 Bnrthcs, Roland 1\htoloma. RJ('! de Janeiro, Bertrand Brastl, 1999. p. ll2 .

., - Barth c. .... ~ htoh,e•a.-. .. , p I I::!

9

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de objetos A escolha dos objetos chegou ate sapatos, bicic1etas, pneus de c <1rro

e outros vefculos, latoes de Ieite, maquma de escrever, motoCicleta e garrafa..

Vista Geral, Galeria Casa Triangulo, 2000.

10

Page 13: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Motocicleta, 2000, Plastico Modelado.107 x 172 x 67 em.

0 objetivo da adi9ao do tema dos objetos ao tema das meninas foi

tambem o de ressaltar as qualidades formais e expressivas tanto da figura

humana quanto dos objetos e construir atraves desta soma. deste conjunto. uma

outra entidade poetica, fun dada na uniao de pessoa e objeto.

Notou-se, em certo momenta, que estes objetos tern em comum o

fato de serem formados por partes ocas e continentes, assim como as esculturas

dos retratos das meninas que uma vez retirada a argila que lhe servia de

modelo tomam-se ocas. Outra caracteristica destes objetos e que a sua natureza

para canter se relaciona com uma fun9ao, a garrafa e feita para canter urn

liquido. Mais adiante procura-se demonstrar que as esculturas vazias tambem

sao ocas para criar uma funyao, a qual sera conter a unifica~o, termo este que

sera detalbadamente desenvolvido ao Iongo do texto.

11

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Latao Pequeno com Sapato Amarrado com La~o Pequeno, 2000, Plastico Modelado, 46 x 37 x 39 em. Pe~ Perdida para a Execuyao em Bronze.

Deve-se ressaltar no entanto que o tema do vazio e demasiadamente

complexo e extenso. S6 para se ter uma ideia desta vastidao e complexidade

pode-se citar Gilles Deleuze em seu livre A Dobra, sabre a conceitua9ao de

monada, ele diz: "0 essencial da monada e ter urn fundo sombrio: dele ela tira

12

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tudo, e nada vern de fora ou va1 para fora"3. Este fundo sombrio de onde a

monada lira tudo, e onde, e de onde ela se origina seria o vazio que se redobra

e se contra.i ate ao mfinito, segundo o mesmo autor.

Portanto a proposta e a de pensar apenas o oco como uma pequena

parte do conceito de vazio, visto simplesmente como urn espa~o vazio dentro

de uma escultura.

3Dclcut.c, Gtllcs . . \ Dobrn,lgtbnt7 eo Bnrroco, Camptnas, Pnptrus 1991 , p 48

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0 V azio e o Oco na Escultura

1. A Nao Presen~a

0 oco eo vazio estao relacionados como que nao esta presente. Para

se analisar o sentido do que nao esta presente, urn caminho seria ver

primeiramente o seu contnirio, o presente, entendido como o estar em urn

Iugar. Uma fonna de entender o presente seria olhar para sua manifesta93.o,

como este presente se manifesta, como ele e. Este presente podera ser urn

presente ffsico como uma pedra ou uma cadeira mas tambem podera ser urn

conceito ou o sujeito de uma frase. Na frase a pedra e grande, a pedra e o

sujeito, o que esta presente, a pedra e o ente. Mas como ela se manifesta?

Estando presente e sendo grande, entre outras coisas, este e o ser da pedra. 0

ser da pedra e Q II e II da frase. Quando se diz: a tristeza e profunda, ffieSffi0 a

tristeza sendo urn substantive abstrato, ela se manifesta sendo profunda, a

tristeza e urn ente que se manifesta.

Para urn desenvolvimento mais satisfat6rio esta pesquisa se apoia..r.i

em alguns conceitos basicos de Martin Heidegger (1889- 1976), mas convem

advertir desde logo que este trajeto nao resultani em urn estudo abrangente

deste autor, apenas seriio citadas algumas passagens de sua obra ao longo deste

texto, com o objetivo de buscar mais clareza na construyao de uma visao

particular sobre as esculturas ocas existentes em rninha produ9ao.

14

Page 17: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Pneu de Jeep, 2001, Plastico Modelado, 'ir7 x 85 x 26 em.

Segundo este autor, 0 ser, 0 II e II das COlSas, e empregado

cotidianamente diversas vezes, mas apesar deste emprego e apesar de todos

saberem o que ele signific~ quando se olha mais atentamente para este 11 Ser"

das coisas se percebe que este e urn conceito 110bscuro 11 e 11 indefinivel 114. A

4Heide,gger, Martin. Sere Tempo. Editora Vores, Petr6polis, 1998, p. 29.

15

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dificuldade de analise parte do fato de que o ser esta por todo o I ado e que

"nao se pode tentar definir o ser sem cair no seguinte absurdo: pots nao se

pode definir uma palavra sem come~ por - e -, quer se exprima , quer se

subentenda."5. Por outro lado o ser sempre se refere a urn ente, "o ser e sempre o ser de urn ente"6. Mas sao todos o entes iguais, coisas, objetos e seres

vivos, todos sao da mesma forma? Heidegger diz que "esse ente que cada urn

de n6s somos e que, entre outras possui em seu ser a possibilidade de

questionar, n6s o designamos como termo pre-sen9a"7. 0 termo pre-sen~ ja

foi tambem traduzido em edi96es anteriores como ser-af, "a palavra Dasein e comumente traduzida como existencia"8. De outro modo a pre-sen9a deve se

diferenciar das coisas, "a pre-sen9a nao tern, nem nunca pode ter o modo de

ser dos entes simplesmente dados"9. A pre-sen9a se caracteriza pela

possibilidade, assim a "possibilidade de ser, que a pre-sen9a existencialmente

sempre e, distingui-se tanto da possibilidade l6gica e vazia como da

contingencia de algo simplesmente dado em que isso ou aquilo pode 'se

passar" 10. Os entes simplesmente dados, as coisas, nao tern o poder da

possibilidade, eles s6 podem ser da mesma forma, eles nao podem mudar o que

ja foi posto em sua cria~ao, nao tern o poder de uma certa auto gest:ao como a

pre-sen~a

SPascal, Brns. Pensees er Opuscules. Editora Brunschvicg, Paris, 1912, p. 169. Citado em Heidegger. Sere Temoo ....

p. 29.

6Heidegger. Sere Tempo ... . p. 35.

7Heidegger. Sere Tempo .... p. 33.

81-leidegger. Sere Tempo .... p. 309. ( Notas Explicativas ).

9Heidegger. Sere Tempo .. .. p . 79.

16

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Estas analises prosseguem em dtre~ao a aprofundar o ser

simplesmente dado em ser simplesmente dado na natureza. em instrumento e

em manual, segundo denominact5es do mesmo autor. Mas esta pesquisa nao vaj

adiante na especifica~ao dos entes, pois uma simples conceit~o de ente e e

como este ente se mostra no tempo sera o suficiente para analisar urn pouco da

sua ausencia

Assim o ente se manifesta sendo, tornando presente o seu estado de

ente. 0 ente projeta os seus atributos a sua volta por urn determinado tempo.

Este tempo nao dura para sempre, este tempo atua no presente e este se

mostra "no demorar enquanto aproximar-se pelo durar, o permanecer e o

durar permanecendo nll.

0 ser do ente dura permanecendo no presentee a "presen~ significa

o constante permanecer que se endere9a ao homem que o alcanya e e alcanyado" 12. Mas quando o ser do ente nao est:a presente "o ausentar tambem

se endereya a n6s, no sentido de ainda-nao-presente" 13.

0 presente assim como o "ainda-nao-presente" (o futuro) eo "nao­

mais-presente"14 (o passado) se referem a urn eu e a urn outro. Desdobrando

estes conceitos propostos por Heidegger poderia se dizer que o meu presente e o sempre-presente, assim como o sempre-ainda-nao-presente e o sempre-nao­

mais-presente. Para cada urn o seu eu e o seu sempre. 0 presente do meu eu

1 ~eidegger. Sere Tempo .... p. 199.

11Heidegger, Martin. Tempo e Ser. Os Pensadores. Sao Paulo, Nova Cultural, 1991, p. 21 1.

12Heidegger,Que e a Metaffsica. Os Pensadores. Sao Paulo, Nova Cultural, 1991, p. 212.

13H .de Ou . e1 gger, e e a Metaffs1ca. Os Pensadores. Silo Paulo, Nova Cultural, 1991, p. 212.

17

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nunca se vai de mim. 0 meu eu sempre vive no presente. 0 presente do outro

e que se desloca para o ainda-nao e para o nao-mais, e vern a mlm ou se vai de

mlm: eu a vi ontem e a verei novamente amanha, mas o meu eu estara sempre

presentificado no meu sempre.

0 que nao esta presente sera denomlnado simplesmente de nao

presen~a, e aqui tambem cabe o sentido de se excluir as abordagens metafisicas

que possam associar-se a este termo, como o termo pre-sen~a grafada com

hifen exposto por Heidegger.

A escultura oca e vazia sera entendida como uma oposi~ao a

escultura s6lida, maci~ae cheia. E sera visto tam bern que o vazio necessita do

solido para ser delineado, ou que a nao presen~a precisa da presen~ para ser

configurada, com uma unica exce~ao que sera demonstrada no capitulo 5, com

uma leitura sobre o pneu.

141Icidcggcr,Quc ¢a Mctaffstca. Os Pcnsadores Silo Paulo. NO\' a Cultural, 1991, p. 213.

18

Page 21: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Pneu, 2001, Plastico Modelado, 55,5 x 58 x 18,5 em.

0 que se pretende e instrumentalizar o pensamento relacionado aos

assuntos pertinentes a estas esculturas vazias para se poder olha-las com mais

qualidade de interpreta~ao e de certo modo utilizar estes instrumentos como

material envolvido no processo criativo.

19

Page 22: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

2. Ausencia, Falta, Perda e Desapari~o

0 conceito de nao presen~a pode ser subdividido em quatro

categorias: a ausencia, a falta, a perda e a desapari~ao.

A ausencia pode ser considerada a primeira das nao presen~, pois

ela acontece no presente e dependendo do percurso do objeto ausente, e da

necessidade deste, ela pode se transformar em falta se o objeto for

indispensavel, em perda ou em desapari~ao se seu destine for desconhecido.

Por esta razao, a ausencia tern urn desenvolvimento maier no texto e as outras

nao presen~as uma apreensao reduzida.

A ausencia- esta e uma presen~a paralela: o que esta ausente aqui,

esta presente em outre lugar. Quando se diz: o pai daquela crian~a, e urn pai

ausente, se entende que a crian~a tern urn pai, que provavelmente mora na

mesma cidade, convive diariamente com a possibilidade de visita-la, mas

convive diariamente tam bern com a desistencia de procura-la Ou, em uma sala

de aula urn aluno que esta ausente, nao desistiu de estudar, nao se mudou de

cidade e nao morreu, ele esta em casa e voltara para a escola no dia seguinte.

A falta- esta e uma ausencia de alguma coisa muito necessaria. 0

que falta, falta para completar o todo. Nao existe falta sem o todo. 0 todo deve

ser entendido como o complete. 0 contnirio da falta eo excesso. "Falta uma

pe~a no jogo de domin6", e precise que se encontre esta pe~a para o jogo

continuar. A falta eo excesso levam em considera~o o sentido de que existe o

justo, o que nao falta e nem sobra, onde s6 ha uma medida exata das coisas. A

falta e uma nao presen~a que urge estar presente novamente. Portanto urna

falta em uma obra, s6 pode ser porque ela esta danificada, a obra estando

completa nao falta nada e nao sobra nada. A medida do justo na obra de arte

20

Page 23: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

depende exclusivamente do projeto inicial do artista. 0 que o artista considerou

como acabado esta justo e exato.

A perda - o que esta perdido, ou nao existe mais, deve ter sido

destrufdo, ou esta em urn lugar desconhecido, mas a probabilidade de ser

encontrado sera pequena. Quando se diz: ele perdeu a carteira, ela pode ter sido

destrufda, foi perdida na rua, ou pode estar no fundo do armano. Em escultura

quando se fala em molde perdido, cera perdida, quer dizer destrufdo.

A desapari~ao - o que esta desaparecido ou nao existe mais (no

caso de urn objeto) ou esta morto (no caso de urn corpo) . A desapari~o eo

que traduz a nao presen~a aliada a nao existencia.

21

Page 24: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

3. A ausencia

A ausencia se apresenta nos primeiros anos de vida de uma crian~a

como parte de uma opera~ao de experimentar o seu poder e como forma de

entender o mundo.

Baseado na observa~ao do seu neto de dezoito meses ao brincar com

urn carretel de linha, Freud escreveu o seu estudo Para Alem do Princfpio do

Prazer e criou o conceito de Fort-Da. A ideia parte do jogo criado pela crianya

de lan~ar o carretel, fazendo-o desaparecer, para em seguida puxa-lo para si

novamente. A crianya, desta forma, age como se lidasse com a cria~o e com a

desapari~ao do objeto. Do ponto de vista dela o carretel aparece e some sem

rnotivo conhecido. Assirn,

"esse repor em jogo, sabemos, e apresentado por Freud como

constituinte do jogo enquanto tal. Seja qual foro ponto escolhido

no quadro sutil, na ampla trarna interpretativa proposta por

Freud - na qual a rem1ncia volta a cruzar o jubilo, na qual a

passividade reproduzida se toma ato de controle, na qual a

vingan~a convoca uma estetica, etc.-, e a identidade imaginana

da crian~a. corn efeito, que vernos aqui se instaurar"15.

15I)idt Ilubcnnan, Georges 0 que \ cmos. o que pos olha. Editora 34, tlo Paulo, 1998, p. 80.

22

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0 que a crian~a faze assumjr o poder de por o objeto no mundo e retira-lo.

Este jogo pode ser entendido como o primeiro momento de nao presen<!a e de

ausencia controladas.

Em outra passagem Freud descreve urn outro tipo de ausencia,

"urn dia, voltando a mae para casa ap6s uma ausencia de vanas

horas, foi saudada pela exclama~o: 'Bebe o-o-o-o' que a princfpio

pareceu ininteligivel. Mas nao tardou-se a descobrir que durante

essa longa ausencia da mae a crian~ havia encontrado o meio de

fazer desaparecer a si mesma. Tendo percebido sua imagem num

grande espelho que chegava quase ate o chao, ela havia se

agachado, o que fizera desaparecer a imagem" 16.

Esta outra crian~ resolve a ausencia da mae com a imitayao da sua pr6pria

ausencia Simbolicamente tudo acontece como se para a crian~ s6 existisse o

que ela ve, o que sai do campo da visao ou esta ausente ou desaparecido ou

estafaltando.

Existe urn paralelo para a ausencia do espelho, mais habitual e

inexoravel, que e a noite:

16heud, S•gmWld. L 'rnrrrprftatron (/(s rfves ( 1900), Lrad. I Meyerson revista por D.Bcrger, Paris, PUF, 1967, p.-165-

4(.,(, C.tado em Dtdi ·I lubcnnnn, 0 que vemos. p. 97

23

Page 26: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

"quando, por exemplo, o mundo dos objetos claros e articulados se

acha abo lido, nosso ser perceptivo amputado de seu mundo desenh.a

uma espacialidade sem coisas. Eo que acontece na noite. Ela nao e

urn objeto diante de mim, ela me envolve, penetra por todos os

meus sentidos, sufoca minhas lembran~as, apaga quase minha

identidade pessoal "17.

Mais do que a noite, a escuridao do quarto vern com esse veu que preenche o

ar e que mesmo preenchendo toma ausente tudo por onde passa. E dentro do

quarto escuro na noite, o fechar dos olhos promove a segunda escuridao, e

desta se ausenta ate o outro. Onde tudo esta ausente, existe urn lugar de uma

s6 presen~a, a do pr6prio eu. Esta ausencia provocada pelo sono, s6 e

comparavel a desapari~ao na rnorte.

A ausencia traz uma prova para quem a encontra, o ausente e o

desejado. 0 ausente que nao e desejado, nao e ausente, mas sim extirpado,

cortado, exclufdo. Urn tumor extirpado nao esta ausente do corpo. Urn pai

criminoso que esta preso ou foragido nao esta ausente, esta desaparecido. S6

urn pai querido pode estar ausente, a ausencia como a nao presen~ do que e querido.

3.1. A Ausencia do Corpo de Cristo

A ausencia mais importante na hist6ria da civiliza~o ocidental, e que

acabou por participar de sua pr6pria constitui~ao, e a ausencia e conseqtiente

17Merleau-Ponty, M. PMnowenologiede Ia perception. Paris, Gallimard, 1945, p.282. Cit.ado em Didi-Huberman. Q

quevemos ... p.99.

24

Page 27: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

desapari~ao do corpo de Cristo. Segundo o Evangelho de Sao Joao, quando

este ...

"precedido por Simao-Pedro e seguido por Maria, depois por Maria

Madalena- chega diante do tumulo, constata a pedra deslocada e

olha o interior ... 'e viu e creu' (et vidit, et credidit), observa

lapidarrnente Sao Joao: acreditou porque viu, como outros mais tarde

acreditarao porter tocado, e outros ainda sem ter visto nem tocado.

Mas ele, que e que ele viu? Nada, justamente. E esse nada - ou esse

tres vezes nada: alguns panos brancos na penumbra de uma cavidade

de pedra -, e esse 'vazio de corpo' que teni desencadeado para

sempre toda a dialetica da cren~a. Uma apari~ao de nada, uma

apari~ao minima: alguns indicios de urn desaparecimento. Nada ver,

para crer em tudo"18.

Neste caso, e a pr6pria ausencia funciona como prova, o nada como prova da

ressurrei~ao. Mas existe tambem uma troca,

"assim nesta cena primitiva do cristianismo ocidental, o anjo no

tumulo na manha da ressurrei~ao - 'ele nao esta aqui, ele esta

alhures, na Galileia, como ele havia dito' - que substituiu uma

mensagem por urn corpo morto e a sua inercia, e que fez aparecer a

18Didi-Huberman. 0 Que Vcmos .. . p.42.

25

Page 28: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

'for~a' de uma enuncia~ao cujo conteudo, portanto, no seu limite

observa uma ausencia, 'ele nao esta aqui ... ' a ausencia do 'mesmo',

onde a heterogeneidade de uma outra subst!ncia semi6tica, a

linguagem" 19.

Existe entao uma troca, no Iugar do corpo morto, no vazio deixado pelo corpo

ausente, ficam as palavras do anjo: a linguagem substituiu o corpo. E nao s6 a

troca por uma linguagem qualquer pois,

"no Iugar de urn cadaver ainda na inst!ncia da significa~o, na

gestualidade ritual da un~ao funebre, uma mensagem: a troca do

cadaver pela linguagem, a separa~ao de se cornpreender a troca e precisamente a ressurrei~ao do corpo, atraves desta separa~ao, a

transfigura~ao ontol6gica do corpo: potente de ausencia - e e nela

que reside sua for~a pragmatica e hist6rica, sua eficacia fundadora

-,a ausencia de urn corpo fundador"20.

E por ser urn corpo fundador e que esta ausencia tern ampliado o seu espectro

de poder, uma ausencia que se toma ano ap6s ano mais forte e poderosa Mais

ainda,

19Marin. Louis. Des Pouvoirs de L'imaKe. &titions du SeuH, s.d., p. II . Tradu!fllo do aut or da Tese. 20Marin. Des Pouyojrn.. p. II

26

Page 29: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

"e ela que pede incessantemente ao longo dos seculos que se

recupera, imune, e como que monumentalizada, por esta

representa¢o. Tal sera o primeiro efeito na representa~ao em geral.

Tal sera o 'primitive' da representa~ao como efeito: presentificar a

ausencia. Como se revelasse o estado dela mesma e as vezes maior,

mais intensa, mais forte como se fosse ela mesma"21.

A linguagem aparece na civiliza~o ocidental crista, originariamente,

para presentificar a ausencia do corpo fundador, como se a linguagem, a

pintura, a escultura e a palavra, inicialmente, tivessem apenas a fun~ao de

tomar presente o ausente querido, o pai querido. Segundo Louis Marin entao

por extensao a arte poderia ser vista como o desejo de resolver a ausencia do

outro, do outro que faz falta, como no Fort-Da a crian~ puxa o carretel para

si, ou como a outra crian~ nao contente como sumi~o da mae a imita num

jogo de linguagem verbal e imagetica com o espelho, o espelho como pintura

que soluciona o seu desejo de vera mae. 0 desejo de ver o ausente vern

tam bern na pintura pois sua for~a ...

"reside no fato de que o quadro-retrato, a imagem mostre os mortos

aos vivos; eles os exibem em seus quadros para poder reencontra­

los, poderia se dizer que os fazem aparecer diante dos vivos pelo

simples prazer de ve-los aqui e agora. a imagem: prazer de

reencontrar o outro desaparecido, efeito de prazer trazido pela for~a

21 Mann Des Pouvo![S .. p. 11.

27

Page 30: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

divina da imagem, gra~as aquele sujeito olhante, o corpo olha

certamente ele mesmo, se reve no efeito e no significado"22,

como a crian~ no espelho, quando tudo o que ela quer ever a mae, acaba por

vera si mesm~ e a sua presen~ ref or~ a ausencia da mae.

A ausencia do que nao est.a aqui depende da distancia. Se o que nao

esta aqui esta em outro Iugar, ate que ponto, ate que distancia do Iugar onde o

objeto estava e esta agora pode ser considerado como ausencia? Para

responder a esta pergunta pode se lembrar da imagem de Veronica. a vera

icona de Sao Pedro de Roma.

"habitualmente invisfvel, retirada, como sabemos. num dos quatro

pilares monumentais da basflic~ e. quando se procede a uma de suas

raras exposi~es solenes. a Veronica ainda se furta aos olhos do

crente, apresentada de longe. quase invisivel - e portanto sempre

recuada, sempre mais longi'nqua- sob o dispositi\'o aparato ·o. quase

ofuscante, de uas molduras preciosas "23.

a di tfincia entre a imagem e o crente devc ser c. atamente a distancia do

. E e lugar do qu e ~ ond aome :a a c onfigurnr a auscncia. ondc a

d\lvida, ondc o emb ~ento podem proporcionar no sujeito a JX sibilidadc de

p 12

pI '\2

Page 31: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

uma proje~ao. No Iugar do corpo de Ver8nica uma linguagem, uma escultura;

e entre esta escultura eo crente uma outra ausencia, se valendo do poder da

distancia, para ampliar e potencializar o poder da imagem. Entre o corpo de

Veronica eo crente tem-se uma dupla ausencia. Assim nas palavras de Didi­

Hubennan "a distancia podia ser deduzida de uma rel~ao do desejo com a

mem6ria- como duas modalidades conjuntas de urn poder da distancia e da

perda"24.

Em outros momentos a distancia e tao grande que nao existe mais o

ausente, apenas o crente, ainda Didi-Hubennan ref ere:

"Penso, para ilustra-lo, naquela lenda hassfdica que nos apresenta

Beal Shem-Tov partindo para uma certa floresta quando urn a

amea~a pairava sobre os seus. Ele caminhava nessa floresta ate uma

certa arvore, acendia urn fogo diante dela pronunciava uma certa

prece. Uma gera~ao mais tarde, o Maguid de Mezerith, confrontado

as mesmas amea~as, ia ate a floresta - mas nao sabia para qual

arvore se dirigir. Entao acendia urn fogo ao acaso, pronunciando a

prece, 'eo milagre se produziu ',como diz a lenda. Uma gera~ao

mais tarde, Moshe-Leib de Sassov teve que cumprir essa mesma

tarefa. Mas os cossacos haviam queimado a floresta; entao ele

permanecia em casa, acendia uma vela, pronunciava a prece. E o

milagre se produzia. Bern mais tarde, urn fil6sofo ironico e

melanc6lico - imaginamos o pr6prio Benjamim - nao acendia

mais uma vela nem pronunciava mais a prece, e claro, consciente de

24Didi-J Iuberman. 0 Que Vemos... p.l64.

29

Page 32: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

que a prece s6 se dirige a ausencia e de que o milagre nao ia

acontecer" 25.

A prece que sempre se dirige a ausencia e a demonstra~ao de fe. A fee a

cren~a naquilo que nao seve. Quando se acredita no que seve, isto nao e

fe, mas sim constata~o.

3.2. A Ausencia Continua de Aleijadinho

Prosseguindo na percep~ao da ausencia, mais uma vez

localizando-a junto a produ~ao artfstica, dar-se-a sequencia com uma

analise das obras de Antonio Francisco Lisboa (1730/8-1814), o

Aleijadinho, como era chamado, localizadas em Congonhas do Campo,

em Minas Gerais, sera apresentada segundo tres visoes diferentes. Estas

visoes poderao ser utilizadas como base para o entendimento do conceito

de ausencia.

Para a compreensao da primeira visao sera necessaria

come~ar por uma rapida men~o do conceito de monada de Gottfried

Wilhelm Leibniz (1646-1716). Para tanto esta analise se valera do seu

texto Os Principios da Filosofia Ditos a Monadolo2ia26. Leibniz come~

p0f definif do que Se trata a ffiQfiada dizendo que: a ffiQQada II e apenas

uma substancia simples que entra nos compostos. Simples quer dizer:

25Didi-Huberman. 0 Que Vemos ... p.188. Reescrito por Didi-Huberman e relatado no livro de E. Wiesel, Cilibretion

Hass1dique, Paris. Seuil, 1 rn2. p.l73.

26Leibniz. Gottfried Wilhelm. Os Princfpios da Filosofia Ditos a Monadolo&ja SAo Paulo. Abril. 1rn4. Os Peosadores

v .19. Para ver mais sobre dobras e rugas ver minha dissert~o de Mestrado Escultums: Rugas e AJegorias. defendida em

JUnho de 1998 na Escola de Comunica~ e Artes da Universidade de Sil.o Paulo.

30

Page 33: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

sem partes"27. Depois sobre a sua existencia escreve que "s6 lhes e

possfvel come9ar por cria9ao e acabar por aniquilamento, ao passo que

todo o composto come9a e acaba por partes"28. Deste modo as monadas

sao substancias simples e aparecem por cria9ao, mas "as monadas nao

temjanelas por onde qualquer coisa possa entrar ou sair. ... Assim, nem

substancia, nem acidente podem vir de fora para dentro da Monada"29.

Deste modo pode se dizer que:

"cada corpo organico de vivente e uma especie de Maquina ou

de Automato Natural, ... porquanto uma maquina feita. pelo

homem nao e maquina em cada uma de suas partes. Por

exemplo: o dente de uma roda de latao tern partes ou

fragmentos que ja nao sao, para n6s, algo artificial, e

relativamente ao seu uso nada possui de caracteristico da

maquina a que a roda se destinava. As maquinas da natureza

porem, ou seja, os corpos vivos, sao ainda maquinas nas suas

art .. ,.:: 'nfi 't tt30 menores p es, ale ao 1 liDo... .

Esta a chave para se pensar a obra de Aleijadinho como uma ausencia

continua, e mais adiante Leibniz profere o seu paragrafo mais sintetico

27I..eabruz. Os Fnnc(pjos da Eilosofia.. p.63, § 1.

28I..eabniz.. Os Ponc(pios da Eilosofia ... p.63, § 6.

29t..eabnu Os Ponc(pjQS da Fjlosofia ... p.63, § 7.

30Lcahru1. Os Ponc(paQS da falosofia .. p.70. § <H.

31

Page 34: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

quando diz que "cada por~ao da materia pode ser concebida como urn

jardim cheio de plantas e como urn I ago cheio de peixes. Mas cada ramo

de planta, cada membro de animal, cada gota de seus humores e ainda

urn jardirn ou urn lago"31. Olhando urna pequena parte de urn peixe,

uma unica celula, seria possfvel reconstituir o peixe todo por dedu~, e

ainda por dedu~ao seria possfvel reconstituir todo o lago e por

conseqtiencia todo o planeta eo universo onde esta este peixe. Sendo

assim a rnenor parte do peixe nao e urna parte mas uma rnonada, no

sentido de ser vivo, que se articula com todo o resto do peixe. 0 peixe

contem, de certo modo, toda a informa~o do universo.

Inicialmente em minha Disserta~ao de Mestrado havia

pensado que as obras de Aleijadinho habitavam o mesmo plano de

significa~ao e por isso estavam em urn plano continuo e compunham

uma presen~a continua. Isso queria dizer que mesmo as obras estando

separadas em ambientes diferentes, elas estariam unidas em urn plano da

percepcrao. Mas pensando melhor, estas obras nao s6 estao no mesmo

plano como cada obr~ em sua men or parte parece conter o todo, como

para Leibniz o peixe contem o lago. Uma pequena escultura de

Aleijadinho contem Congonhas inteira com seus morros, ceu e

constelacr6es. Esta e a primeira visao.

Em urn segundo momento, a 6tica da ausencia e da distancia

pode ser aplicada a este complexo de instalacroes, composto por 66

esculturas em cedro, representando os passos de Cristo, distribufdas em

sete passos, contidos em seis pequenas capelas (pois uma das capelas

31Lc1bnu. Os Princ(pios da f1losoGa .. p.70, § 67.

32

Page 35: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

contem 2 passos), mais doze esculturas em pedra sabao representando os

prof etas.

As esculturas mostram sete sujeitos em sete cenas que

referem-se ao sujeito ausente, ao Cristo ausente. Entre cada Cristo existe

uma distftncia, onde quase toma-se possfvel visualisa-los todos juntos.

Este quase e que transforma a distancia em outra ausencia. Armam-se

ent.ao duas ausencias, uma maior e outra menor. A ausencia menor e a

distancia-ausencia entre cada Cristo, entre cada passo, e a ausencia maior

e a do pr6prio Cristo, o sujeito ausente ou o sujeito desaparecido.

Esta dupla ausencia seria como uma ausencia continua, por

apresentar na sua pr6pria unidade, urn conjunto de ausencias, harmonico

como a teoria das monadas proposta por Leibniz. Assim como para

Leibniz urn ser era urn mundo de monadas, uma obra como a de

Aleijadinhopode ser urn mundo de ausencias. Uma monada de ausencia

que contem todas as outras. Esta e a segunda visao.

E por ultimo ve-se que uma pessoa pode fazer aparecer

toda uma cena dos passos de Cristo e faze-la desaparecer logo a seguir,

pois como se sabe as pequenas capelas em Congonhas do Campo tern as

portas fechadas e nestas portas existem janelas com grades. Assim s6 e

possfvel vera cena atraves delas. Se esta pessoa agir como no Fort-Dade

Freud, onde a crian~ joga o carretel ou como a crian9a na frente do

espelho, entao com urn passo para o lado tudo some, urn passo para o

lado e tudo reaparece. A linguagem que representa o ausente querido, o

pai querido, o Cristo, some e aparece. 0 mesmo se da frente as cenas dos

passos, lida-se com a ausencia como jogo de poder fazer o pai

33

Page 36: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

desaparecer e aparecer, como a crian~a e o carretel. Esta e a terceira

vi sao.

Quando se olha dentro das pequenas capelas nao e 0 nada

que seve, e a linguagem que ocupou o lugar de urn corpo fundador. As

esculturas de Cristo ocuparam o lugar de Cristo.

Mas nao e s6 o fato da ausencia de urn corpo fundador que e

notado, o desenvolvimento deste fato serviu, segundo Marin para

potencializar a for~a da imagem na civiliza~o ocidental . No ocidente

grande parte da cultura se fundou em uma imagem de uma cruz vazia ou

de uma representa~ao de urn corpo desaparecido.

Sendo toda ausencia por si s6 a falta do que se deseja, todas

as obras que apresentam retratos, apresentam tambem a ausencia do

retratado.

34

Page 37: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

4. A Aus~ncia do Espa~o

4.1. Espa~o em Obra

A ausencia de espa~o que se tratara neste capitulo se refere

ao espa~o perceptivo e nao aquele tratado pela fisica 0 que se ausenta e a percep~ao do espa~o e de certo modo o pr6prio espa~o.

0 espa~o vazio em torno de uma escultura pode ou nao

fazer parte da obra, ou do mesmo modo, o espa~o vazio em frente a urn a

pintura, ou e pintura ou pode ser simplesmente o Iugar onde a pintura

esta. Nao sera analisado, no entanto, o esp~o visual de uma pintura ou o

espa~o em branco da tela.

Pensar a questao do espa~o vazio na obra ajuda a entender o

que ocorre com os espa~os existentes entre as suas partes, ou mesmo

dentro dela e conseqtientemente, a pr6pria estrutura do funcionamento

da obra de arte. Por exemplo os espa~os contidos entre as fendas nas

pinturas de Lucio Fontana sao partes da obra ou sao urn espa~o de nao­

obra contido na obra? A pintura apresentaria uma descontinuidade

singular que faria parte deste plano. Na escultura de Richard Serra, o

espa~o em torno, ao redor, faz parte da obra ou esta descolado dela?

Em seu livro 0 Espa~o Moderno, Alberto Tassinari

desenvolve esta questao de forma detalhada e portanto torna-se oportuno

resumir aqui alguns pontos por ele analisados.

Em primeiro Iugar Tassinari procura focar o seu estudo no

periodo da arte moderna e, para tanto, come~ por separar a arte

35

Page 38: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

modema da arte naturalista subdividindo a arte moderna em duas fases

- forma~ao e desdobramento.

A arte moderna manteve uma rela~ao dubia com a arte

naturalista que a precedia, 11- destruir o naturalismo - era a principal

tarefa da arte modemau32. Desenha-se urn conflito na base da arte

modema pois a 11arte modema surge da arte naturalista, mas em oposi~o

a elau33. Consolida-se uma interdependencia, em que o destruidor precisa

do destruido como ponto de referenda. Assim sendo 11COnstruir pela

destrui~o, foi tao marcante para a hist6ria da arte modema que suas

obras e movimentos sao estilha~os de uma explosao do naturalismo"34.

A arte modema cria urn anteparo ao passo que a naturalista

usa o modelo de urn vidro, "o pintor moderno pinta sobre tal anteparo,

enquanto o pintor naturalista camufla a opacidade inicial da superficie

pict6rica em urn plano transparente" 35.

Tassinari distingue o espa~o cotidiano do espa~o modificado

pel a obra de arte e localiza cada espa~o. Deste modo 11 ••• urn espa~o em

obra assume, para a pintur~ a figura de urn anteparo sobre o fundo do

espa~o do mundo em comum e, para a escultura, a de uma comunica~<'

de urn corpo da obra eo espa~o do mundo em comum n36.

32 Tassinari, Albeno. 0 &pas;o Mo<icmo. Silo Paulo, Editora Cosac&Naify, 200 l, pag. 2 1.

33 '1' . . 0 c 9 · assman, osoaw ... pag. l .

34 Tassman. 0 Espas:o . pag. 26.

35 ·r · · o r:. .,9 · asstnan. w.'ipaco .. pag .. .

36 ra.--~inari, 0 E..'\(41£0 .. pag 51

36

Page 39: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Urn conceito central para o entendimento do texto de

Tassinari e o de 11 imita~ao do fazer da obra11• Uma obra que irnita o seu

fazer, parece simplesmente deixar ver marcas do seu fazer. Como por

exemplo uma obra esculpida em madeira na qual seve as marcas das

ferramentas de corte que foram utilizadas. Masse a obraja esta pronta.,

ela nao poderia imitar (no presente) o que ja foi feito (no passado). 0

proprio Tassinari reconhece que existe uma aparente circularidade nesta

expressao. Se o termo 11imitar" for substituido por "se assemelhar" e o

11fazer da obra11 por "origem" ou "resultado de uma opera~ao", entender­

se-ia, entao, por "imitar o seu fazer11 como 11 assemelhar-se a sua propria

origem". A obra teria uma atitude ativa e esta teria semelhan~ com a

origem. Ou seja, em uma obra moderna o resultado, a consequencia, esti

intimamente ligada a origem desta obra, a causa, mas na dir~o in versa:

do resultado para a origem. Efeito e causa estao tao ligados que, pode se

dizer, sao a mesma coisa.

Urn pintor modemo que produz uma imagem composta por

manchas nao as produz pensando exclusivamente na rela~ao pintar isto

para parecer aquilo. Ao mesmo tempo ele nao deve perder o controle da

imagem. Deve pinta-las pensando no ato de fazer e no mesmo momento

antecipar o resultado. A produ¢o e o resultado devem estar colados.

Urn artista nao pode realizar uma opera~ao apenas para produzir urn

resultado, ele deve produzir a opera¢o eo resultado ao mesmo tempo.

A inten~ao que origina a pintura se alimenta da antecipa~ao de seus

resultados. A inten~ao e origem e antecipa~ao simultaneamente. A obra

imita, se assemelha a sua origem. Existe uma rela~ao de imita¢o, nao

uma imita¢o naturalista, mas sim onde o 11 espa~o em obra irnita o fazer

37

Page 40: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

da obra. ( ... ) 0 espa~o em obra e 0 imitante. 0 fazer da obra e 0 imita.do.

( ... )As semelhan~as que articulam o imitante como imita.do estao nos

sinais expostos pela obra das opera~oes que a teriam feito"37. Portanto o

"espa~o em obra imita o fazer da obra"38, imita. a sua origem, o espa~

em obra se comporta e se assemelha em conjun~o com a inten~o inicial

do artista. 0 espa~o em tomo de uma obra de Richard Serra se

assemelha a atitude que Serra aplicou as suas pe~as. Esta obra emana os

sinais desta semelhan~a, desta imita~ao.

No mundo comum o corpo e apenas o corpo. Eu sou eu e

minha casa e minha casa. Mas o corpo da obra se transforma em uma

soma de dois elementos: seu corpo e o lugar onde este corpo es~ a

"obra toda passa a ser, entao, a obra e suas vizinhan~as"39, a obra e ela

mesma e a sal a onde ela esta.

A obra modema em fase de desdobramento e a obra

contemporanea, segundo Tassinari, sao a mesma coisa. A obra

contemporanea invade o espayo a sua frente, mas esta invasao nao e autonoma, "ao requisitar a espacialidade do mundo em comum para

individualiza-la, nao possui autonomia para se desembara~ar totalmente

dele"40. A obra contemporanea, por sua vez, flexibiliza o espa9o, dando

a ele uma elasticidade desconhecida do espa~o no mundo comum,

37 Tassinari, 0 F..spas:o pag 57

38 Tao;smari, 0 Espaw . pag. 57

39 Tassman, 0 f;spaw . pag. 75.

40 ·r a's mart , 0 &paco .. pag. 76.

38

Page 41: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

.. assim, ha uma duplicidade na arte contemporfulea quanto ao

papel do espa~o do mundo em comum. De urn lado, ele e

requerido para a individua~ao da obra, de outro, ele deve

permanecer inalterado e nao ser articulado pela obra. ( ... )

Distante das vizinhan~as da obra, ele e o espa~o habitual;

pr6ximo da obra, porem, ele e, tanto parte dela quanto 0

espa~ do rnundo em cornum habitual, cotidianou4l.

Junto da obra o espa~ do mundo comum fica dividido, uma

parte deste espa~o e assirnilado pela obra, se assernelha a sua origem, se

comporta como a sua origem, outra parte fica sendo o mesmo espa~o do

rnundo comum, mas talvez nao exatamente o mesmo. Este deve

permanecer em estado de espera

0 espa~o e emprestado mas fica inalterado, a obra precisa

dele para se completar,

11A obra nao e o mundo nern possui urn mundo inteiramente

autonorr.o, mas emerge do espa~o ern cornum emprestando

dele - atraves dos sinais do fazer, como os cortes e a

irnplanta~ao (Fontana e Serra)42 - o que a ela falta para

41 Tassinari, 0 Esoaco . pag. 76.

4'l - Nota entre parl!ntesc.'i dn aut or da lese.

39

Page 42: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

individualizar-se, pois, sem urn interior. precisa fincar-se no

espayo fora para completar seu espa9o em obra" 43.

0 fazer da obra se relaciona com o espacro do rnundo

cornurn atraves dos seus sinais, criando urn espacro da obra. onde este

"possui uma espacialidade imanente ao mundo em cornum. Nao o

transcende, apenas tracra pontes para uma experiencia estetica que vai do

mundo ao pr6prio mundo" 44.

A relacrao da obra com o espa~o a sua Yolta acontece dentro

de certos limites. tanto ffsicos como temporais. o espa90 comum depoi .

de utilizado pela obra fica inalterado "como inalterado, no entanto. o

espacro em comum nao faz parte da obra"45. 0 contrario eria quando

urn corpo sai e deixa o espa~o alterado, eo caso da arquitetura. Quando

urna igreja e dernolida, aquele espacro empre tera urn pouco da igreJa.

Mcsrno urna casa que foi demolida para a con ·trucrao de urna avenida,

tern. potencialrnente, urn pouco da ca.sa na constru ao da avenida. tanto

fisica como conceitualmcntc. Tanton entulhos soh a avcnida como nos

vestfgios de uma 1.ona rcsidencial que pcm1anec m junto a um. grand

avcnida.

77

91

l27

Page 43: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

4.2. A Ausencia por Adormecimento

Estas obras citadas por Tassinari estao permanenternente

requisitando os espa~s de suas vizinhan~, para deixa-los inalterados ern

seguida. As obras contemporaneas seriam sugadoras e transforrnadoras

de espa~os. Mas enquanto estes esp3.¥os sao assimilados pel as obras o que

acontece com eles? Eles estao presentificados, mas, alienados do mundo

co mum.

Ha urn adormecimento em uma parte do espa~o comum e

uma transforma~ao em outra parte deste mesmo espa~o. Urn exemplo

diferente deste, seria que o espa~ A se transforma em espa~ B, en tao A

estaria ausente e B presente. A questao que se coloca e que A nao se

transforma em B, mas A se divide em dois: Al e A2. Onde o espa9o Al

fica adormecido eo espa~o A2 passa de espa~o comum a espa~o da

obra, assim neste modelo nao existiria o espa~ B.

Esta e uma nao presen~a diferenciada das outras descritas

anteriormente, porque esta ausencia nao e uma ausencia de urn ente. Esta

nao e uma ausencia de urn maci~o, mas sim de urn espa~o, urn espa~o

perceptive.

Isto ocorre quando, ao se colocar uma escultura em urn

espa9o de uso comum, a obra e o espa~o comum pennanecem ern

estado de conflito, o espa~o da obra se amplia e uma parte do espa~o

comum adormece. Tem-se assim uma ausencia por repouso e por

adormecimento. A transi~ao cria urn espa~o ausente adormecido, tanto

comum como da obra dependendo da dire~ao da opera~ao dos sinais da

obra.

41

Page 44: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Uma obra no acervo de urn museu encontra-se com seus

sinais retrafdos, a amplitude do espa~ da obra esta. reduzida, em estado

de repouso, eo espa9o comum ampliado. Mas quando esta obra esta

exposta de acordo com as inten~es do artista, uma parte do espa9o

com urn adormece e outra se transforma em espa90 da obra. Os sinais

podem estar redobrados ou desdobrados.

4.3. 0 Espa~ Interno da Obra

Os espa9os vagos de uma obra fazem parte da obra, seja o

espa9o a frente de uma pintura ou mesmo o espa9o em torno de uma

escultura. Mas eo espa9o dentro de uma obra, e requisitado e alterado

momentaneamente tambem? Para Homi K. Bhabha, refletindo sobre a

obra de Anish Kapoor, "a presen9a de urn objeto pode tomar o espa90

mais vazio do que urn mero vago poderia indicar"46. Considerando tal

afirma9ao tem-se que o vazio precisa ser exposto e dernonstrado. Urn

buraco para ser urn buraco tern de ser feito em algurn lugar, deve ser

composto conjuntamente por urn material e por uma ausencia deste

material. Ainda citando Bhabha a "pnitica do 'verdadeiramente feito'

ocorre somente quando o material e o nao-material tangencialmente se

tocam ( ... ) empurrando-nos decisivamente para alem do ilustrativo, o

'olhar para o vazio'; o sinal do vazio expande o limite do espa9o

disponivel"47, 0 vazio na escultura oca pode ser esta tangencia do nao­

material como material, como urn buraco oculto dentro da escultura, nao

exposto, no espa9o interno expandido e requisitado temporariamente.

46 Bhabha, Homi K . Anish Kapoor. Los Angeles, University of California Press, 1998, pag. 12. Tradu~o do autor

daTese.

47 Bhabha, tYlim_ ... pag. 18.

42

Page 45: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

0 espa~o requisitado nao permanece do mesmo tamanho,

fica alterado e dimensionalmente diferente, urn metro cubico de espa~o

comum nao e igual a urn metro cubico de espa~ da obra.

Resurnindo, o espa~o comum fica dividido em duas partes

quando neste espa~o comum existe uma obra do periodo moderno

desdobrado ou contemporaneo. Esta divisao transforma o espa~o inicial

em urn novo espa~o. A transforma~ao deixa o espa~ comum dividido,

uma parte continua sendo espa~o comum, mas ausente, em estado de

adormecimento e outra parte passa a ser o novo espa~o da obra, ja

transformado. Quando o espa~o esta entre a obra ou dentro da obra, ou

seja, quando existe urn buraco, tem-se uma tangencia de urn material com

urn nao-material que amplia intemamente o espa~ da obra.

4.4. 0 Jarro

Uma forma oca e vertical pode conter algum material, como

o jarro contem a agua. 0 "poteiro forma os lados e a base do jarro em

argila para providenciar o significado para o qual se espera, para ser

vertical, para fazer o jarro abra~ar o seu conteudo, no entanto ele tern

que modelar o vazio"48. No final do texto Bhabha faz uma cita~ao de

Heidegger a prop6sito de~te processo de modelar o vazio: "Do come~o

ao fim o poteiro abra~ o vazio impalpavel eo leva para alem de conter

na sua forma o conteudo de urn vasilhame ( ... ) A coisalidade do

vasilhame nao mente quanto ao material do qual ele consiste, mas no

48 Bhabha, .An.lm.· pag 19

43

Page 46: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

vazio que ele abra~an49. Deste modo, o material argila eo material de

espera eo nao-material vazio eo material abr~avel. 0 material abr~ o

nao material. A argila espera para abra9ar o vazio.SO. Nas fendas de

Fontana a tela espera e abr~a o vazio. Nas esculturas ocas de George

Segal, o gesso espera, abr~ e contem o vazio, assim como n.as minbas

pr6prias obras de plastico ou de bronze. 0 que e contido, este vazio, e

ex.atamente a forma de uma pessoa. A escultura oca de uma pessoa

aparece como uma metafora de urn vasilhame, uma forma continente que

espera para conter o vazio. Os buracos nas pinturas de Fontana sao saltos

de material a material passando por cima de urn nao-material, assim como

as esculturas de Segal sao urn salto, mas em linha reta que atravessa o

material passa por uma bolha de espa~o da obra, expandido pelo sinal do

vazio e volta ao material novamente.

49 Hcidegger, Martin. Basic Writhings. David Farrell Krell, ed. Silo Francisco e Nova York, Editora 1-iarper. 1993.

Citado em Bhabha, Alli.ffi_ ... pag. 19

50 Bhabha, .A.n!m... pag 20.

44

Page 47: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Nene em Pe, 1999, Plastico Modelado, 94 em de Altura. Peya Perdida para Execu9ao

em Bronze.

0 espa~o da obra, interno ou externo, na pintura ou na

escultura pode ser chamado tambem de ausencia. No espa~o vago

intemo a tangencia do material e do nao material, a borda do buraco nao

exposto, tam bern pode significar o sinal desta ausencia.

45

Page 48: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

4.5. 0 Doar

Depois que o vazio recebe urn conteudo Hquido no jarro,

como o vazio opera com este conteudo? 0 vazio " abra~a envolvendo e

retendo o que foi posto nele . . . de duas maneiras pegando e ficando" 51.

Mas o vazio nao retem o seu conteudo, ele o derrama, o " derramar do

jarro e dar ... Mas dare mais rico do que urn mero derramar"52. Este dar

e mais do que derramar, e transportar urn conteudo com urn sentido

especial, nao corriqueiro, nao cotidiano. 0 dar de forma especial e doar,

oferecer. Assim uma pessoa doa sangue a ou~ e nao da sangue a outra.

Urn devoto oferece urn presente a seu Deus. Mas "mesmo urn jarro vazio

retem esta natureza da virtude do presente derramado"53, isto e, urn

jarro nao precisa estar cheio para doar, mesmo vazio a sua virtude esta

presentificada, a sua virtude doa

0 dar simplesmente pode ser derramar agua no copo para

ser bebida. A agua que mata a sede, 11 mas 0 doar do jarro e algumas

vezes tambem doar para consagra~o"54. 0 que esta em jogo neste caso

nao e mais matar a sede dos mortais, mas sim doar para a consagra~ao

do ritual para uma divindade. 0 presentear, doar 0 vinho que nao e mais

lfquido, e simbolo do ritual que relembra o Deus morto. E este Deus

morto deve agora ser bebido e habitar o crente que assiste a

consagra~o. 0 crente nao bebe o vinho, mas sim o consome pelos olhos,

5 I lfctdctrgcr, Martin. Poetry. Language. T hought, New York, l larpcr & Row, 197 1 p 17 1. Traducrao do autor da

Tese

52 llctdegger. fuelry ... p.l72

5 lleidcgger, ltttry .. p 172

54 I :lcldegga. 1\x:uy p 1 72

46

Page 49: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

a distiincia. Oferecer o vinh · · o em uma cenmoma tern o significado de

relembrar o sacriffcio, de presentificar o sacrificio atraves de urn sfmbolo,

o vinho que represent.a o sangue derramado. Quando "o presente do

derramar e a bebida, os mort.ais estao no seu lugar. Quando o presente

do derramar e a liba~ao, as divindades estao no seu lugar"55. Assim ceu

e terra, divindade e mort.ais habit.am o mesmo rnundo, "esses quatro, sao

como urn, pelo o que eles mesmos sao, permanecem juntos ( ... )

Prevendo tudo o que esta presente, eles sao entrel~ados em urn simples

quadruplo."56. Este quadruplo esta unido e conect.ado pelo donativo que

e doado pelo jarro.

4.6. 0 Doar do Vazio da Obra

0 vazio da obra carrega consigo t.ambem a sua natureza da

virtude de doar urn presente. Este presente nao e para a divindade, tal

como ref ere Heidegger, mas tambem nao e urn presente corriqueiro. E

urn presente para os mort.ais, mas nao para qualquer momenta. E para a

pessoa comum que se separa do seu cotidiano e se desloca para o espa90

daobra.

Por fim, pode-se conjecturar sobre a constru~o de urn outro

quadruplo nos moldes do quadruplo descrito por Heidegger. Ele seria

formado por duas duplas: pessoa comum e obra, espa~o comum e

espa~o da obra. Ter-se-ia uma suposi~o: o que o espa~o vazio da obra

doa. e a unifica~ao deste quadruplo. Assim como "o doar do derramar e

55 Heidegger, Poetry ... p. l73.

56 Heidegger, Poetry ... p. l73.

47

Page 50: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

doar porque ele unifica ceu e terra, divindades e mortais"57, o doar da

obra e doar porque unifica espa~o comum e espa~o da obra, pessoa e

obra Parte do espa~o comum modificado temporariamente em espa~o

da obra se unifica na obra e na pessoa .

0 espa~o vazio dentro da obra poderia ser chamado de

vazio em obra58.

Continuando a conjectura do paragrafo anterior, seria

justamente este vazio em obra que possibilitaria a unifica~ao do

quadruple. Ele operaria assim porque ele seria uma singularidade da obra

dentro do mundo comum.

Esta singularidade e urn lugar onde a nao-materia ta.ngencia

a materia, onde o vazio em obra precisa da materia para criar a sua

borda

Neste lugar o vazio em obra assume a sua natureza da

virtude de doar. No limite da materia, o vazio em obra realiza a

unifica~o do quadruple.

No limite da materia da obra como limite do vazio esta o

donative derramado, que foi guardado e retido momentaneamente, como

o liquido no jarro, o presente foi doado pelo vazio em urn fluxo constante

de unifica~o.

57 1-leidegger, Poetry .. . p.173.

S8 Agrad~o a Alberto Tassinari por esta defini~o em recente correspondenc1a

48

Page 51: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Assim como o crente nao bebe o vinho em uma celebra9iio

religiosa, uma pessoa nao lorna a obra para sf em uma exposi~ao . 0

vazio em obra doa a unifica~ao dos quatro elementos: pessoa, obra,

espa~o comum e espa~o da obra. Mas sea hip6tese e que o vazio em

obra doa, para onde vai a unifica9iio? Se o que ele doa e uma unifica9iio,

ela coexiste e coabita.

Como uma ultima suposi¢o tem-se que a unifica¢o coabita

dois vazios: o vazio em obra (o espa~ vazio dentro da escultura) e urn

vazio comum que e o vazio do buraco da pupila do olho. 0 otho e urn

buraco que se enche de tudo que seve. Ele e cheio e ao mesmo tempo

ele se enche a si mesmo, buscando o que se ver, focando e se

lubrificando. Mas o que seve passa pelo olho transformando este buraco

em urn ttinel, uma especie de conduite de passagem. A unificac?o coabita

a obra e o olho. lsso quer dizer que: quando a unifica9ao coabita o

buraco do olho, este buraco nao e mais urn t.Unel mas sim uma casa. 0

olho neste memento de unifica¢o nao e mais urn instrumento de olhar, e urn espa9o onde coexiste a obra. Assim a obra existe em dois lugares

simultaneamente no espa~ e no olho.

0 vazio da pupila, por onde entra a luz, que e urn vazio

selado pelo cristalino, quando esta diante de urn vazio em obra se unifica

com os outros tres elementos. De urn vazio para outro vazio. Assim

como na celebra¢o, o vazio do jarro derrama, doa a unifica9ao e esta

unifica~o coabita o vazio do buraco no olho do crente, por onde este

assiste acelebra~o, o vazio em obra unifica espa~o comum e espa9o da

obra, assim como ol har e obra.

49

Page 52: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

s. 0 Pneu

0 vazio precisa de uma borda concreta para se mostrar, assim como

o oco. Mas existe uma situa~ao em que o oco pode funcionar como borda

para o vazio. Urn nada sendo parede para outro nada. Este evento particular

acontece em uma forma como urn pneu. 0 pneu, sem aroda de ferro que o

prende ao eixo do carro, contem simultaneamente a forma oca e o espa~o

vazio em seu centro.

Por exemplo, uma caixa que esta vazia precisa ser oca. Na lingua

portuguesa a diferenya entre ser e estar se toma urn instrumento a mais para o

entendimento dos espa90s vagos. A caixa pode estar vazia ou cheia, mas tern

sempre que ser oca, nunca pode ser maci~a. 0 fato dela ser oca e urna

condi~ao basica para ela estar cbeia ou vazia Desta forma, se foro caso de

urn objeto, o oco e o vazio tern que estar juntos, coincidindo. Mesmo que esta

caixa oca tenha urn pouco de agua em seu interior e que o resto de seu espa~o

intemo esteja vazio. Ela pode estar metade cheia e rnetade vazia, mas sera

sempre oca Mesmo a caixa estando totalmente cheia ela sera oca. Ela s6

deixara de ser oca se for preenchida com uma materia permanente, pois deste

modo ela nao podera mais estar vazia1 Assim o estar cheia passa a ser: ser

maci~a, quando o estar eo ser se juntam o ser passa a ser no senti do de existir.

Quando o estar nao acompanha o ser, o existir e permanente. Isto aconteceria

sea caixa fosse preenchida de parafina derretida e esta se solidificasse dentro

das paredes da caixa. Assim, no caso da caixa, o vazio esta ligado ao estar e o

oco ao ser, dentro da maneira de como esta caixa e: do ser da caixa. 0 ser da

cai xa se desdobra em ser e estar.

50

Page 53: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Considerando-se sobre 0 . pneu, 0 parttcular e que 0 oco em certo

momento aparece como borda do v . 0 . azto. e uma aresta de urn lado do pneu,

na borda do ct rculo central ate a aresta lh ' seme ante do outro lado, em algum

ponto deste espa~o v ago de nao . presen~a, o oco detxa de ser oco e passa a ser

e mvtstvel entre dois espa~os vagos de vazio. Forma-se uma pared · · ,

caracterfsticas diferentes: de urn lado 0 (d d oco entro o pneu) e de outro o

vazio (no circulo central do pneu).

BORDA FfSICA DO PNEU

oco

VAZIO

OCO COMO BORDA DO VAZIO

0 que transforma o oco em oco e a sua capacidade de conter oar, o

que transforma o vazio em vazio e a sua capacidade de nao ter nada em seu

centro, de se poder ver do outro lado, especificamente no caso do pneu. No

caso do jarro descrito por Heidegger o vazio e que contem a capacidade do

donativo expresso pela liba~ao. 0 jarro, assim, nao seria oco pois ele teria a

capacidade de doar o vinho para a cerimonia.

51

Page 54: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Obviamente cxistem outros vazios que nao sao ocos como por

exemplo uma escola vazia ou uma vida vazia. A maneira de ser do vazio

depende do que esta vazio. Quando urn estadio esta vazio e porque faltam as

pessoas, esta vazio de pessoas, mas provavelmente esta cheio de cadeiras e

tudo o mais. Uma carteira esta vazia de dinheiro. Uma vida vazia e uma vida

sem emo~oes e sem amores. 0 pneu esta vazio dear cornprimido na sua

parte oca e ele tern urn vazio no Iugar ond.e estaria aroda de ferro. 0 termo

usado foi ter ao inves de ser. porque neste vazio falta aroda de ferro.

Na escultura em forma de pneu as formas ocas e vazias sao

permanentes, pois nao se espera que estes espa~os vagos sejarn preenchidos

com uma cfunara dear comprimido e muito menos com uma roda de ferro.

Neste caso, e talvez apenas neste caso, o vazio em urn certo Iugar nao precisa

de urn material, de urn concreto, para configurar o nao material. Foi dito: em

urn certo lugar, porque ainda e necessario existir toda a volta do pneu para que

o oco eo vazio aconte~am. Mesmo que existam outras forrnas ocas e vazias

onde o oco e a borda do vazio, sera dificil encontrar uma forma com essas

propriedades tao sintetizadas em urn Unico corpo.

Nao se quer, absolutamente, produzir uma possfvel justificativa para

a existencia de uma escultura em forma de pneu. 0 que se pretendeu foi

pensar uma particularidade que surgiu no decorrer do processo da pesquisa. 0

fato de uma escultura conter esta particularidade nao a deixa melhor ou pi or

que outras. Seria o mesmo que dizer que a escultura e amarela ou azul, e

apenas urn elemento constitutivo que forma o seu todo. Ao mesmo tempo esta

escultura nao deve uma ser uma ilustra~ao destas ideias. Este fato particular

deve ser visto apenas como urn exercfcio dos conceitos tratados.

52

Page 55: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Conclusio

0 que se pretendeu colocar neste trabalho foi uma analise mais

detalhada do entendimento dos espa~os vazios de algumas esculturas ocas. Foi

pensado como esculturas ocas aquelas que mostram sinais de seu espa~o vazio

interno, ou que aparentam ser modeladas em laminas mesmo quando nao o

sao como nas pe~as de bronze.

Nao se quer dizer, no entanto, que as esculturas maci~ nao tenham

a qualidade do donativo da unifica~ao. Pelo contrario, a pr6pria for~a da

presen~a da materia cheia e pesada sempre foi em si motivo de impacto para o

olhar. A natureza da virtude de doar existe em qualquer obra, dependendo

apenas de como os seus sinais se assemelham a sua pr6pria origem, como foi

referido por Tassinari. 0 que se tratou, entao, foi demonstrar que os sinais do

vazio de obras ocas tambem tern a capacidade de doar a unifica~ao do

quadruplo, como foi citado anterionnente, assim como a presen~ da materia

nas esculturas maci~as.

Portanto este texto pretende ser uma especie de acompanhamento a

parte plastica da tese, como urn guia que indica varias notas possfveis para urn

entendimento aberto dos temas abordados pel a obras.

53

Page 56: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Iroagens

Page 57: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 1 Menina em Pe, 1999/2000, Pbistico Modelado (Posteriormente, Bronze), 131 em

de Altura.

55

Page 58: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 2

Vista Geral, Casa das Rosas, 1999.

Page 59: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

ImagemJ

Homem com Crian~ no Colo, 1999, Plastico Modelado, 48 em de altura.

57

Page 60: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lm g m4

nin inza l • PI rtioo od I do. m d ltuna.

Page 61: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 5 Cabe~ de Menina com Placa do Lado, 1999, Plastico Modelado, 35x36x28 em.

59

Page 62: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 6

Vista Geral, Galeria Casa Triangulo, 2000.

60

Page 63: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 7

Menina em Pe, 1999/2000, Bronze, 131 em de Altura.

61

Page 64: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 8

Menina com Biqufni Azul, 1999, Plastico Modelado, 140 em de Altura.

62

Page 65: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem9

Vista Geral, Galeria Casa Tri8ngulo, 2000.

63

Page 66: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 10

Vista Geral, Galeria Casa Tribgulo, 2000.

64

Page 67: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 11

Bicicletinha, 2000, Plastico Modelado, 62 x 44 x 87 em.

65

Page 68: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 12

Bicicleta, 2000, Phistico Modelado, (Posteriormente, Bronze) 91 x 128 x 52 em.

66

Page 69: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 13

Vista Geral, Galeria Casa Triangulo, 2000.

67

Page 70: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 14

Menininha com Fantasia de On~, 20()0, 61eo sobre Tela. l 00 x 70 em.

68

Page 71: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 15 Menininha com Toalba na Ca~, 2000, 6teo sobre Tela, 100 x 70 em.

69

Page 72: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 16

Menina com Roupa de Caipira, 2000, 6leo sobre Tela, 100 x 70 em.

70

Page 73: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 17 Menina com Toalba oa Cintura, 2000, 6teo sobre Tela, 100 x 70 em.

71

Page 74: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 18 Menininha com Vestido com On~a, 2000, 6teo sobre Tela, 100 x 70 em.

72

Page 75: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 19 Menininha com Calcinba, 2000, 61eo sobre Tela, 100 x 70 em.

73

Page 76: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 20

Menina com Toalba oa Cabe~, 2000, 61eo sobre Tela, 100 x 70 em.

74

Page 77: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 21

Menina com Toalba nos Ombros, 2000, 6Ieo sobre Tela, 100 x 70 em.

75

Page 78: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 22

Menininha com Guarda-Cbuva, 2000, 6Ieo sobre Tela, 100 x 70 em.

76

Page 79: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 23

Vista Geral, 2000, Museu de Arte Contemporanea de Campinas.

77

Page 80: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 24 Vista Geral, 2000, Museu de Arte Contemporanea de Campioas.

78

Page 81: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 25

Vista Geral, 2000, Sao Joao da Boa Vista.

79

Page 82: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 26

Latao com Saod8lia, 2000, Plastico Modelado, 71 x 44 x 53 em.

80

Page 83: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 27

Menina em Pe, 1999/2000, Bronze, 131 em de Altura.

81

Page 84: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 28

Bicicleta, 2000, Bronze, 91 x 128 x 52 em.

82

Page 85: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

) lmagem 29 Cabe~ de Menina com Dobras, 2()00/2001, Bronze. 24 x 28 x 44 em.

83

Page 86: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

/

lmagem 30

Sandalia, 2000, Pbistico Modelado, 24 x 15 x 9 em.

84

Page 87: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem31 Bicicletinha de Parede, 2000, Phistico Modelado, 91 x 48 x 62 em.

85

Page 88: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

• ·' • . "

Imagem32 Pneu de Bicicleta, 2001, Pblstico Modelado, SO de DiBmetro x 13 em.

86

Page 89: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 33

Garrafa, 2001, Plastico Modelado, 33 x 9 x 9 cnt.

87

Page 90: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 34 Menininha Pequena, 2001, Plilstico Modelado, (Posteriormeote, Bronze) 46 x

20 x 15 em.

88

Page 91: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 35

Menininba Pequena, 2001, Bronze, 46 x 20 x 15 em.

89

Page 92: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 36

Meni · runha com Bra~os Semi-Abertos, 2001, Plolstico Modelado, 48 x 22 x 14 em.

90

Page 93: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

/ •

""''

' -.J;

,

lmagem 37

M· emna Pequena, 2001, Pblstico Modetado, (Posteriormente, Bronze) 69 x 30 x

21 em.

91

Page 94: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 38

Menina Pequena, 2001, Bronze, 69 x 30 x 21 em.

92

Page 95: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem39 Motocicleta Avermelbada, 2001, Oleo sobre Tela, 100 x 160 em.

93

Page 96: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

bnagem 40

Me · · nmmha Alaranjada, 2001, 61eo sobre Tela, 160" 100 cro.

94

Page 97: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

lmagem 41

Me · nma Esverdeada, 2001, Oleo sobre Tela, 160 x 100 em.

95

Page 98: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem42

Menininha com Mochila, 2000/01, Bronze, 95 em de altura.

96

Page 99: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem43

Latiio Grande com Sapato Virado, 200/01, Bronze, 72 x 49 x 48 em.

97

Page 100: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem 44

Latiio Pequeno com Sapato Amarrado com La~o, 2000/01, Bronze, 46 x 37 x

39cm.

98

Page 101: O Oco e o Vazio na Escultura_Sérgio Romagnolo_tese_2001

Imagem45

Roda de Caminhao, 2001, Pbistico Modelado, 96 x 100 x 40 em.

99

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Imagem46

Roda de Caminbao, 2001, Plastico Modelado, 96 x 100 x 40 em.

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Imagem48

Bolsa com Urso, 2001, Plastico Modelado, 36 x 24 x 10 em.

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Imagem49

Bolsa de Couro, 2001, Plastico Modelado, 60 x 19 x 8 em.

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ImagemSO

Menininha com Moleton Vermelho com Desenho de Regador, 2001, Acrilico

sobre Tela, 120 x 80 em.

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Imagem 51

Menininha com Roupao Azul, 2001, Acrllico sobre Tela, 120 x 80 em.

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Esta pesquisa teve o apoio da F APESP

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Verba

OEDALUS-AceNo-ECA

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AUTOR R<Xra.!!Polo, Sergio M:ulro

TITULO 0 va.:ti.o e o oco na escultura

Ass in.

~ N.• Data

~ 0 9 JON. 2003 Pf48?JJ t 1 JUL. 2003

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