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LIÇÃO nº 23 TEMA: O Vazio Iluminador INTRODUÇÃO Só quando a mente está natural e espontaneamente quieta, só quando a mente se encontra em delicioso silêncio, vem a irrupção do Vazio Iluminador. Só é possível chegar-se à experiência d’ O Real quando o pensamento termina. A irrupção do Vazio permite-nos experimentar a CLARA LUZ da PURA REALIDADE. O Vazio é muito difícil de explicar porque é indefinível e indescritível. O Vazio não pode descrever-se ou expressar-se em palavras humanas, porque os distintos idiomas que existem sobre a terra só podem designar coisas e sentimentos existentes; não é de modo algum exagero afirmar que as linguagens humanas não são adequados para expressar as coisas e os sentimentos não existentes e no entanto tremendamente reais. Tratar de definir o Vazio Iluminador dentro dos limites terrenos de uma língua limitada pelas formas da existência é, fora de toda a dúvida, uma tarefa mais que difícil. É necessário conhecer, experimentar de forma viva, o aspecto iluminado da Consciência. É urgente sentir e experimentar o aspecto vazio da mente. Existem dois tipos de iluminação: à primeira costuma chamar-se "Água Morta" porque tem ataduras. A segunda é elogiada como "a Grande Vida" porque é iluminação sem ataduras, Vazio Iluminador.

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LIÇÃO nº 23

TEMA: O Vazio Iluminador

INTRODUÇÃO Só quando a mente está natural e espontaneamente quieta, só quando a mente se encontra em delicioso silêncio, vem a irrupção do Vazio Iluminador. Só é possível chegar-se à experiência d’ O Real quando o pensamento termina. A irrupção do Vazio permite-nos experimentar a CLARA LUZ da PURA REALIDADE. O Vazio é muito difícil de explicar porque é indefinível e indescritível. O Vazio não pode descrever-se ou expressar-se em palavras humanas, porque os distintos idiomas que existem sobre a terra só podem designar coisas e sentimentos existentes; não é de modo algum exagero afirmar que as linguagens humanas não são adequados para expressar as coisas e os sentimentos não existentes e no entanto tremendamente reais. Tratar de definir o Vazio Iluminador dentro dos limites terrenos de uma língua limitada pelas formas da existência é, fora de toda a dúvida, uma tarefa mais que difícil. É necessário conhecer, experimentar de forma viva, o aspecto iluminado da Consciência. É urgente sentir e experimentar o aspecto vazio da mente. Existem dois tipos de iluminação: à primeira costuma chamar-se "Água Morta" porque tem ataduras. A segunda é elogiada como "a Grande Vida" porque é iluminação sem ataduras, Vazio Iluminador.

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Nisto há graus e graus, escadas e escadas; é necessário chegar primeiro ao aspecto iluminado da Consciência e depois ao Conhecimento Objectivo, ao Vazio Iluminador. O Vazio é um termo claro e preciso que expressa a natureza no substancial e não pessoal dos seres e uma indicação, um sinal do estado de absoluta ausência do Eu Pluralizado. Só na ausência do Eu podemos experimentar O Real, aquilo que não é do tempo, isso que transforma radicalmente.

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O VAZIO ILUMINADOR Na meditação deve-se combinar inteligentemente a concentração com o sono. Sono e concentração, combinados, produzem Iluminação.

Muitos esoteristas pensam que a meditação de modo algum se deve combinar com o sono do corpo, mas quem assim pensa equivoca-se: a meditação sem sono arruína o cérebro. Deve-se sempre utilizar o sono em combinação com a técnica da meditação, porém sono controlado, um sono voluntário; não um sono sem controle, não um sono absurdo, mas sim meditação e sono controlados inteligentemente. Devemos ter domínio sobre o sono e não que o sono tenha domínio sobre nós. Se aprendermos a ter domínio sobre o sono, triunfaremos; se o sono tiver domínio sobre nós, fracassaremos. Porém devemos UTILIZAR O SONO. A meditação combinada com o sono leva-nos ao "Shamadí", à experiência do "Vazio Iluminador''. Diariamente há que praticar. A que horas? No instante em que nos sintamos com ânimo de fazê-lo. Muito especialmente quando nos sintamos com sono, aproveitemo-lo para a meditação. Se seguirmos estas indicações, poderemos um dia receber o TAO, poderemos experimentar a Verdade. Obviamente há dois tipos de Dialéctica: a Dialéctica racional do intelecto e a Dialéctica da Consciência. Durante o "Satori" trabalha a dialéctica da Consciência; então tudo nos chega por INTUIÇÕES, ou através de palavras ou de figuras simbólicas: é a linguagem das

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Parábolas do Evangelho Crístico, a linguagem viva da Consciência Superlativa do Ser. No Zen, por exemplo, a Dialéctica da Consciência contrapõe-se sempre à Dialéctica do Raciocínio. Perguntaram a um monje Zen:

"Porque veio o Bodidharma do Oeste?",

-a resposta: - "O cipreste está no centro do jardim".

Qualquer um diria: "Isto não tem nexo algum"; mas o certo é que tem. É a resposta que se contrapõe à Dialéctica da Razão, sai da Essência. O cipreste, a "Árvore da Vida", está em todas as partes: não

importa o Oriente nem o Ocidente. Esse é o sentido da resposta. No "Vazio Iluminador" tudo se sabe "porque sim", por experiência directa da Verdade. Teremos que familiarizar-nos com a Dialéctica da Consciência. Desgraçadamente o poder formulativo de conceitos mais ou menos lógicos, por muito brilhante que seja (e até útil, em todos os

aspectos da vida prática), resulta óbice para a Dialéctica da Consciência. Não queremos com isto descartar o poder formulativo de conceitos lógicos, pois todos necessitamos dele no terreno dos factos práticos da existência, porém cada faculdade, inquestionavelmente, tem a sua órbita particular e é útil dentro da sua órbita; fora da sua órbita resulta inútil e prejudicial.

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Deixemos o poder formulativo de conceitos dentro da sua órbita; e dentro do "Shamadí", ou "Para-Shamadí", na meditação, devemos sempre apreender, capturar, vivenciar a Dialéctica da Consciência. Isso é uma questão de experiência, é algo que o discípulo irá fazendo à medida que pratique com a técnica da meditação. O caminho da meditação profunda implica muita paciência; os impacientes jamais lograrão triunfar. Não é possível vivenciar ou experimentar o "Vazio Iluminador" enquanto existir em nós a impaciência. O "Eu" da impaciência tem de ser eliminado, depois de ter sido compreendido (que se entenda isto com clareza!). Se assim se actua, receber-se-á o TAO; isso é óbvio Jamais poderá ocorrer em nós a experiência d’ O REAL, enquanto a Consciência continuar engarrafada dentro do Ego. O Ego, em si mesmo, é tempo; toda essa multiplicidade de "ELEMENTOS FANTASMA" que constituem o "mim mesmo", são produto do tempo. A experiência do "Vazio Iluminador" é a antítese: resulta ATEMPORAL, está mais além do tempo e da Mente. O tempo é toda a multiplicidade do "Eu"; o "Eu" é o tempo. Assim, o tempo é subjectivo, incoerente, torpe, pesado; não tem realidade objectiva. Quando alguém se senta numa sala de meditação ou simplesmente em sua casa e trata de meditar, de praticar com essa técnica, deve esquecer o conceito de tempo e viver dentro de um

instante eterno. Aqueles que se dedicam a meditar e estão

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dependentes do relógio, obviamente não alcançam a experiência do "Vazio Iluminador”. Se quiséssemos saber quantos minutos diários deveríamos utilizar para a meditação, se meia hora, ou uma hora, ou duas... não haveria resposta; porque se alguém entra em meditação e está pendente do tempo, não pode experimentar o "Vazio Iluminador", porque este não é do tempo. Isso seria semelhante a uma ave que tentasse voar, porém amarrada por uma pata, ou a uma pedra, ou a um pau: não poderia voar, haveria um impedimento. Para experimentar o "Vazio Iluminador" temos que libertar-nos de todos os impedimentos. O importante, indubitavelmente, é experimentar a Verdade. A Verdade está no "Vazio Iluminador". Quando perguntaram a Jesus, o Grande Kabir: "O que é a Verdade?", o Mestre guardou profundo silêncio, e quando a Gautama Sakya-Muní lhe fizeram a mesma pergunta, virou costas e retirou-se. Não pode ser descrita a Verdade, não pode ser explicada; cada qual tem que experimentá-la por si mesmo, através da técnica da meditação. No "Vazio Iluminador" experimentamos a Verdade; esse é um elemento que transforma radicalmente.

Há que perseverar, há que ser tenaz. Talvez no início não consigamos nada, porém à medida que o tempo passa sentiremos que nos vamos tornando cada vez mais profundos e, por fim, um dia qualquer irromperá na nossa mente a experiência do "Vazio Iluminador". O "Vazio lluminador" é o Santo Okidanokh: Omnipresente, Omnipenetrante, Omnisciente. É claro, o Santo Okidanokh provém originariamente do Sagrado Sol Absoluto e o nosso não é uma excepção, dali parte o Sagrado Okidanokh. Antes da manifestação, o Okidanokh contém em si mesmo as Três Forças Primárias da Criação;

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quero referir-me de forma enfática ao Santo Afirmar, ao Santo Negar e ao Santo Conciliar. Ao iniciar-se a aurora do Mahamvantara, o Okidanokh, concentrando em si mesmo os três factores básicos de toda a criação, penetra nos mundos, mas sem se misturar com eles. O Santo Okidanokh, no nosso planeta Terra, quando se iniciou a Aurora ou Mahamvantara, penetrou no nosso planeta mas não ficou misturado nele. Tendo pois criado, o Santo Okidanokh desdobrou-se a si mesmo nas Três Forças Primárias; estas, na Índia são: Brahma, Vishnú e Shiva. No mundo ocidental são: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Na teologia egípcia são: Osiris, Isis e Horus.

Três Forças, trabalhando cada uma de forma auto-independente, que se mantinham, no entanto, em sintonia com o Santo Okidanokh; e é mediante estas Três Forças Primárias que o Grande Arquitecto pôde criar o Universo. Porém ao finalizar o Grande Dia Cósmico, ao finalizar o Mahamvantara, estas Três Forças voltam a fundir-se, a integrar-se com o Santo Okidanokh, para

regressarem ao Sagrado Absoluto Solar. Isto que vemos no Macrocósmico, isto que vemos nos mundos, repete-se também no Microcosmos Homem. Dentro de cada um de nós, nas profundezas mais profundas da nossa Consciência, nas próprias raízes do nosso Ser, está o Santo Okidanokh, Omnipresente, Omnipenetrante, que nos une ao Sagrado Sol Absoluto.

Necessitamos de passar mais além das forças positivas e negativas da Natureza; mais ainda, necessitamos de passar mais além dos Três Factores Primários da Criação, na sua manifestação e no seu processo de incessante modificação. Necessitamos escapar-nos do Ego, passar mais além do corpo, dos afectos e da mente; durante a

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meditação necessitamos que a mente permaneça quieta por dentro, por fora e no centro; assim advém o Todo, quer dizer, O Real. Se conseguirmos formar o "Vazio Iluminador" em nós, é óbvio que chegaremos a experimentar o Santo Okidanokh. A experiência mística d’ O Real costuma ser um acontecimento transcendental; esta causa terror, há que deixar o medo, porque só advém o "Vazio Iluminador" quando compreendemos que somos apenas gotas do Grande Oceano e o Santo Okidanokh advém quando essa gota se perde no Oceano e o Oceano na gota. A Consciência então dilui-se, expande-se de forma tão extraordinária que chegamos então a sentir-nos convertidos em árvores, em montanhas, em aves, em mundos, em cometas que circulam através do espaço infinito. Então vem o terror, e dizemos a nós mesmos: e eu? Fui ou existi? Vou em direcção à inspiração? O terror da morte torna-se insuportável, perde-se a forma, quase não tem valor o mundo. Desta maneira compreenderemos que mais além de toda a aspiração, temos um centro de gravidade que é o Sagrado Sol Absoluto. Nenhum terror poderá fazer suspender o êxtase, gravitaremos e meditaremos em direcção ao Sagrado Sol Absoluto, ali conseguiremos experimentar a Verdade, ali compreenderemos as Leis da Natureza tal qual são. Neste mundo conhecemos apenas a mecânica dos fenómenos, a sucessão de causa e efeito; porém no Sagrado Sol Absoluto, na sua inteligência, o passado e o futuro reúnem-se ali, num eterno agora, num eterno presente. Ali conheceremos tudo o que é, tudo o que foi e tudo o que será. Ali estamos mais além do tempo e muito mais além da mente. Quando se experimenta a Verdade, sente-se um impulso interior formidável que nos permite lutar vantajosamente contra o Eu, contra o mim mesmo, contra o si mesmo, incessantemente.

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Quando a Essência está submersa no Santo Okidanokh, percebe as coisas em si, tal qual são e não como aparentemente são e transmite tudo à personalidade. Os centros intelectual e emocional põem-se em harmonia com a mente e esta recolhe as vibrações que a Essência envia desde o Vazio Iluminador. Ao perder o Shamadí, ao voltar à personalidade, a recordação permanece por tal motivo na mente. Ditoso aquele que alcance precipitar-se no Vazio Iluminador, onde não vive criatura alguma, porque é ali precisamente onde experimentará o Real, a Verdade! A perseverança torna-se indispensável. Diariamente há que trabalhar a fundo até se conseguir o triunfo total. Resulta prodigiosa a experiência da Verdade através da meditação. Quando alguém experimenta a Verdade, sente-se com força para perseverar no trabalho sobre si mesmo. Brilhantes autores têm falado acerca do trabalho sobre si mesmo, sobre o "Eu", sobre o mim mesmo. É óbvio que fizeram bem ao terem falado assim, mas esqueceram-se de algo: A EXPERIÊNCIA DA VERDADE. Enquanto alguém não experimenta O Real, não se sente reconfortado, não se sente com forças suficientes de modo a trabalhar sobre si mesmo, sobre o "EU MESMO". Quando alguém, de verdade, passou por tal experiência mística, é diferente, nada o pode deter no seu anelo pela libertação, trabalhará incansavelmente sobre si mesmo para conseguir de verdade uma mudança radical, total e definitiva. Agora compreenderemos porque é tão indispensável a sala de meditação. O pobre "animal intelectual" equivocadamente chamado "homem", necessita de alento, necessita de algo que o anime na luta, necessita de estímulo para o trabalho sobre si mesmo.

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O pobre "animal intelectual" é débil por natureza e encontra-se colocado numa situação completamente desvantajosa: o Ego é demasiado forte e a personalidade terrivelmente débil; e só, apenas sim pode caminhar. Necessita de algo que o anime ao trabalho, necessita de um apoio íntimo e isto só é possível mediante a meditação. Não queremos dizer que todos, de uma só vez, vamos experimentar o Vazio Iluminador. Obviamente há que chegar a essa experiência através de distintos graus e o devoto irá sentindo, cada vez mais, o impulso íntimo do Ser. Terá diversas vivências mais ou menos lúcidas e por último, um dia chegará em que terá a melhor das vivências, a experiência directa da Grande Realidade; então receberá o TAO. Não basta simplesmente escutar: há que saber escutar e isso é diferente. Porém "o que escuta a palavra e não a pratica", diz o Apóstolo Santiago na Epístola Universal, "assemelha-se ao homem que se olha ao espelho e logo vira costas e se retira..." Há que fazer a palavra dentro de nós mesmos! Há que convertê-la em carne, sangue e vida. Se é que se quer uma transformação radical, há que perseverar. Não há dúvida de que a dissolução do "Eu" costuma ser um trabalho árduo, por isso é que a experiência d’ O Real na ausência do "Eu", na ausência da mente, é muito necessária, porque ao vivenciarmos a Verdade, isso permite-nos lutar com mais vantagem contra o Ego, contra o "Eu". Desafortunadamente a mente vive numa

incessante conversa, não está quieta nem um só instante, nem tampouco aprendemos a pensar sem palavras e isto é lamentável; necessitamos de algum idioma para pensar; o interessante seria saber pensar sem necessidade de palavras. A mente encontra-se incessantemente dividida no batalhar das antíteses, na luta dos opostos. Jesus o Cristo disso: "Conhecei a Verdade e ela vos fará livres".

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Não será possível a experiência d’ O Real enquanto a mente estiver dividida nesse batalhar de antíteses. Quando a mente está quieta, quando a mente está em silêncio, advém o novo. Se queremos a experiência da Verdade, necessitamos aprender a formar o Vazio Iluminador em nós mesmos; claro que as pessoas no geral não chegam a formar o Vazio Absoluto; obviamente necessita-se para tal de uma "bomba de sucção" (temo-la, afortunadamente). Este mecanismo de sucção é o nosso sistema respiratório com os seus canais extraordinários de Idá e Pingalá ao longo dos quais circula o Prana. Necessitamos também de um "dínamo" e temo-lo; é a Vontade. Necessitamos também de um aparato gerador de energia e está estabelecido no nosso organismo: os nossos órgãos criadores. Temos que aprender a manejar esses instrumentos se é que queremos de verdade experimentar O Real. É possível chegar-se à experiência do Vazio Iluminador através de um sistema prático e simples. A técnica é a seguinte: Sentados ao estilo oriental com as pernas cruzadas (a direita sobre a esquerda); pelo facto de sermos ocidentais, podemos optar também por sentar-nos comodamente numa poltrona. Colocamos a palma da mão esquerda aberta, e a direita sobre a esquerda; quer dizer, o dorso da mão direita sobre a palma da mão esquerda. Relaxamos o corpo o

máximo possível, inalando profundamente, muito lentamente. Ao inalar, imaginaremos que a energia criadora sobe pelos canais espermáticos até ao cérebro. Exalamos de forma curta e rápida. Ao inalar, pronunciamos o mantra "JAAAAAAMMMMM"; ao exalar, pronunciamos o mantram "SAAJJ". Indubitavelmente inala-se pelo nariz e exala-se pela boca. Ao inalar deverá

mantralizar-se a sílaba sagrada "HAM" (mentalmente, uma vez que se está a inalar pelo nariz); mas ao exalar, poderá articular-se a sílaba

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"SAH" de forma sonora (o "H" soa sempre como um "J" [som gutural, em espanhol]). A inalação faz-se lentamente; a exalação, curta e rápida. Motivo? Obviamente a energia criadora flui, em todas as pessoas, de dentro para fora, quer dizer, de maneira centrífuga; mas nós devemos inverter essa ordem com fins de superação espiritual. A nossa energia deve fluir de forma CENTRÍPETA (de fora para dentro). Indubitavelmente se inalamos devagar, lento, fluirá a energia criadora de forma centrípeta, de fora para dentro. Se exalarmos de forma curta e rápida, far-se-á então cada vez mais centrípeta a energia. Durante a prática não se deve pensar absolutamente em nada; os olhos devem estar cerrados profundamente; só vibrará na nossa mente o mantra "HAM-SAH' e nada mais. À medida que se pratica, a inalação vai-se fazendo cada vez mais profunda e a exalação muito curta e rápida. Os grandes Mestres da meditação chegam a converter a respiração em pura inalação; então aquela fica em suspenso. Isto é impossível para os cientistas, mas não para os místicos! Em tal estado o Mestre participa do NIRVI-KALPA-SHAMADI, ou do MAHA-SHAMADÍ, advém a irrupção do Vazio Iluminador, precipita-se nesse Grande Vazio, onde ninguém vive e onde apenas se escuta a palavra do Pai que está em segredo. Com esta prática consegue-se a irrupção do Vazio Iluminador na condição de não se pensar absolutamente em nada, de não admitir na mente nenhum desejo, nenhuma recordação. A mente deve permanecer completamente quieta, por dentro, por fora e no centro;

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qualquer pensamento por insignificante que seja, é óbice para o Shamadí, para o Êxtase. Além disso, esta Ciência da Meditação, combinada com a respiração, produz efeitos extraordinários. Normalmente as pessoas padecem disso que se chama "poluções nocturnas": homens e mulheres sofrem de tal padecimento, têm sonhos eróticos. Sim, os "Eus" copulam uns com os outros, a vibração passa pelo "cordão prateado", chega até ao corpo físico e advém o orgasmo, com perda da energia criadora. Mas isto sucede porque a energia sexual flui de forma centrífuga, de dentro para fora. Quando a energia sexual fluir de fora para dentro, de forma centrípeta, as poluções sexuais terminarão. Este é pois um benefício para a saúde. Por conseguinte, o Shamadí produz-se (durante esta prática da meditação) devido a que as energias criadoras, fluindo de fora para dentro, impregnam a Consciência e acabam por fazê-la abandonar o Ego e o corpo. A Consciência desengarrafada de dentro do Ego, na ausência do Ego e fora do corpo físico, indubitavelmente, penetra no Vazio Iluminador, recebe o TAO. Se eliminarmos o Ego do medo, do temor, poderemos permanecer no Vazio Iluminador sem preocupação alguma. Sentiremos que o aspecto individual se vai dissolvendo, sentir-nos-emos a viver na pedra, na flor, na estrela longínqua e na ave cantora de qualquer mundo ou planeta, mas não haverá temor e se não tememos, por fim gravitaremos em direcção à nossa origem, convertida (a Consciência, a Essência) numa criatura terrivelmente divina, mais além do bem e do mal; poderemos repousar no Sagrado Sol Absoluto e aí, nesse Sol, como ESTRELA MICROCÓSMICA, conhecer todos os Mistérios do Universo. Porque é bom saber que o Universo, em si mesmo, todo o nosso Sistema Solar, existe (na Inteligência do Sagrado Sol Absoluto) como um instante eterno.

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Todos os fenómenos da Natureza se processam dentro de um instante eterno, na Inteligência do Sagrado Sol Absoluto, mas se temermos, perderemos o êxtase e voltaremos à forma densa. Devemos abandonar o temor! Indubitavelmente não basta dizer: "Deixarei de temer!" Há necessidade de eliminar o "Eu" do temor e este dissolve-se estritamente com o poder da Divina Mãe Kundalini Shakti. Primeiro há que analisá-lo, compreendê-lo e posteriormente, invocar DeviKundalini, a nossa Divina Mãe Cósmica particular, para que ela desintegre o "Eu" do temor. Só assim pode alguém submergir-se no Vazio Iluminador de forma absoluta. Quem assim fizer gravitará em direcção ao Sagrado Sol Absoluto e conhecerá as maravilhas do Universo. Devemos praticar, pois, a técnica da meditação, tal como aqui é dada. Não esqueçamos o corpo, há que relaxá-lo! Isso é indispensável. JAAAAMMM-SAAJJ é o Grande Alento; JAAAAMMM-SAAJJ é o Astral. JAAAAMMM-SAAAJJ é também um mantra que transmuta as energias criadoras. A meditação combinada com o Tantrismo é formidável. JAAAMMM-SAAAJJ é a chave. Bem sabemos que a energia criadora serve para o despertar da Consciência. Combinada com a meditação, inquestionavelmente, retira a Consciência de entre o "elemento subjectivo" e absorve-a no Vazio Iluminador. Obviamente o Vazio Iluminador está mais além do corpo, dos afectos e da mente. Numa sala de meditação Zen, no Oriente, um monge perguntou a um Mestre:

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"O que é o Vazio Iluminador? Dizem os textos Zen que o Mestre deu uma pancada ao discípulo no estômago e este caiu desmaiado. Depois o discípulo levantou-se e abraçou o Mestre dizendo: "Bem-haja, Mestre, experimentei o Vazio Iluminador" Isso é absurdo, diriam muitos. Pois não é assim. O que sucede é que se apresentam fenómenos muito especiais para o Vazio Iluminador. Um pintainho quando está pronto para sair da casca, a sua mãe ajuda-o ou auxilia-o picando ela, por si mesma, a casca e o pintainho segue picando com a ajuda da sua mãe e sai. Assim também quando alguém se torna maturo, recebe a ajuda da Divina Mãe Kundalini e sai de entre a casca da Personalidade e do Ego para experimentar o Vazio Iluminador; porém há que perseverar... Experiência do V.M. Samael Aun Weor "Espero que estejam informados sobre a maravilhosa Lei da Reencarnação, pois nela fundamento o seguinte relato..." "Quando a segunda sub-raça da nossa actual grande Raça Ária floresceu na China antiga, estive reencarnado ali. Então chamei-me CHOU-LI; obviamente, fui membro da dinastia Chou." "Naquela existência tornei-me membro activo da ordem do "DRAGÃO AMARELO" e é claro que em tal Ordem pude aprender, claramente, a Ciência da Meditação." "Todavia vem à minha memória aquele instrumento maravilhoso denominado "Ai-ata-fan" que tinha 49 notas. Bem sabemos o que é a Sagrada Lei do Eterno Heptaparaparshinok, ou seja, a Lei do Sete. Indubitavelmente sete são as notas da escala

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musical, mas se multiplicarmos o sete por si mesmo obteremos 49 notas, colocadas em sete oitavas." “Nós os irmãos, reuníamo-nos na sala de meditação, sentávamo-nos ao estilo oriental (com as pernas cruzadas), colocávamos as palmas das mãos de forma que a direita ficava sobre a esquerda; sentávamo-nos em círculo, no centro da sala; fechávamos os nossos olhos e em seguida colocávamos muita atenção à música que certo irmão brindava ao Cosmos e a nós." "Quando o artista fazia vibrar a primeira nota, que estava em "Dó", todos nos concentrávamos. Quando fazia vibrar a seguinte nota, em "Ré", a concentração tornava-se mais profunda: lutávamos com os diversos "elementos subjectivos" que no nosso interior carregávamos; queríamos eliminá-los, fazer-lhes ver a necessidade de guardar silêncio absoluto. Não é demais recordar que esses "elementos indesejáveis" que constituem o Ego, o "Eu", o "mim mesmo", o "si mesmo", são milhares de entidades diversas, personificando erros." "Quando vibrava a nota "Mi", penetrávamos na terceira zona subconsciente e exercitávamo-nos com a multiplicidade desses diversos “agregados psíquicos” que, em desordem, se agitam dentro, no nosso interior e que impedem a quietude e o silêncio da mente. Recriminávamo-los, tratávamos de compreendê-los. Quando o conseguíamos, penetrávamos ainda mais profundamente na nota"Fá". É óbvio que novas lutas nos esperavam com tal nota, pois amordaçar todos esses demónios do desejo que cada um leva dentro, não é tão fácil; obrigá-los a guardar silêncio e quietude, não é coisa simples, porém com paciência conseguíamo-lo e assim prosseguíamos com cada uma das notas da escala musical." "Numa oitava mais elevada prosseguíamos com o mesmo esforço e assim, pouco a pouco, enfrentando-nos com os diversos "elementos inumanos" que no nosso interior carregávamos, lográvamos ao final amordaçá-los a todos nos 49 níveis do

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subconsciente. Então a mente permanecia quieta e no mais profundo silêncio; esse era o instante em que a Essência, isso que temos de Alma, o mais puro que temos dentro, se escapava para experimentar O Real. Assim penetrávamos no Vazio Iluminador, alcançávamos conhecer as Leis da Natureza em si mesmas, tal qual são e não como aparentemente são." "Neste mundo tridimensional de Euclides apenas se conhecem causas e efeitos mecânicos, mas não as Leis Naturais em si mesmas. No Vazio Iluminador elas apresentam-se ante nós como realmente são." "Nós podíamos perceber nesse estado, com a Essência, com os SENTIDOS SUPERLATIVOS DO SER, as "coisas em si", tal qual são." "No mundo dos fenómenos físicos apenas percebemos, na realidade, a aparência das coisas: ângulos, superfícies... Nunca um corpo de forma integral e o pouco que percebemos, é fugaz. Ninguém poderia perceber qual a quantidade de átomos, por exemplo, que tem uma mesa ou uma cadeira, etc., porém, no Vazio Iluminador, percebemos as "coisas em si", tal qual são, integralmente..." "Enquanto nos encontrávamos assim, submergidos dentro do grande Vazio Iluminador, podíamos escutar a voz do Pai que está em segredo. Indubitavelmente nesse estado encontrávamo-nos no que se poderia denominar "embevecimento" ou "êxtase": a personalidade ficava em estado passivo, sentada ali, na sala de meditação; os centros emocional e motor integravam-se com o centro intelectual, formando um todo receptivo, de maneira que as ondas de tudo aquilo que vivenciávamos no Vazio, circulando pelo "Cordão de Prata" eram recebidas pelos três centros: intelectual, emocional e motor". "Repito: quando o Shamadí terminava, regressávamos ao interior do corpo, conservando a recordação de tudo aquilo que tínhamos visto e ouvido. No entanto devo dizer-lhes que a primeira coisa a abandonar, para se poder submergir por longo tempo no

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Vazio Iluminador, é o medo. O "Eu" do temor deve ser compreendido; já sabemos que a sua desintegração se torna possível suplicando à Divina Mãe Kundalini de forma veemente e ela eliminará tal “Eu”. "Um dia qualquer, não importa qual, encontrando-me no Vazio Iluminador, mais além da personalidade, do "Eu" e da individualidade, submergido nisso que poderíamos denominar "TAO" ou "AQUILO", senti que era tudo o que é, foi e será; experimentei a UNIDADE DA VIDA livre em seu movimento. Então era a flor, era o rio que cristalino corre no seu leito de rochas, cantando na sua linguagem feliz; era a ave que se precipita nas profundezas insondáveis; era o peixe que nada deliciosamente nas águas; era a Lua, era os Mundos, era tudo o que é, foi e será... O sentimento do "mim mesmo", do "Eu", temeu então: senti que me aniquilava, que deixava de existir como indivíduo, que era tudo menos indivíduo; que o "mim mesmo" tinha que morrer para sempre." "Obviamente, enchi-me de indizível terror e regressei à forma. Novos esforços me permitiram então a irrupção do Vazio Iluminador, outra vez voltei a sentir-me confundido com tudo, sendo tudo. Como pessoa, como eu, como indivíduo, tinha deixado de existir. Esse estado de Consciência tornava-se cada vez mais e mais profundo, de tal forma que qualquer possibilidade de existência separada, de existência individual, tendia a desaparecer. Não pude resistir mais e regressei à forma. Numa terceira tentativa, tampouco pude resistir, voltei à forma. Desde então sei que para experimentar o Vazio Iluminador, para sentir o TAO em si mesmo, necessita-se eliminar o "Eu" do terror; isso é indubitável..." "Entre os irmãos da ORDEM SAGRADA DO DRAGÃO AMARELO, o que mais se distinguiu foi o meu amigo CHANG. Hoje vive num desses Planetas do Cristo, onde a Natureza não perece e jamais se altera, pois há duas Naturezas: a que é perecível, a que se altera, mutável, e a imperecível, que jamais se altera, que é imutável. Nos PLANETAS DO CRISTO existe a Natureza eterna, imperecível e imutável e ele vive nesses mundos do Senhor, o Cristo resplandece

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nele. Liberou-se há já várias idades, o meu amigo Chang, vive ali, naquele longínquo Planeta, com um grupo de Irmãos que com ele também se liberaram." "Conheci, então, os SETE SEGREDOS da Ordem do Dragão Amarelo. Queria ensiná-los, porém com grande dor me dou conta de que os irmãos de todas as latitudes não estão todavia preparados para podê-los receber e isso é lamentável." "Também sei que, actualmente, não é possível utilizar os 49 sons do "Ai-Ata-Fan", porque esse instrumento musical já não existe. Muitas involuções desse instrumento existem, porém são diferentes, não têm as 7 oitavas. Todos os instrumentos de corda (violino, guitarra, piano, etc.) são involuções desse instrumento".