o novo pddu de salvador e a questÃo ambiental

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Page 1: O NOVO PDDU DE SALVADOR E A QUESTÃO AMBIENTAL

O NOVO PDDU DE SALVADOR E A QUESTÃO AMBIENTAL.

Por: Professor Cardozo*

Este artigo tem a pretensão de fazer uma abordagem crítica a cerca da aprovação do novo

Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU), proposto pelo Executivo

Municipal e aprovado à surdina pela Câmera Municipal de Vereadores e os seus impactos

no meio ambiente.

A reflexão ora aqui pretendida, busca expor questões em torno da relação urbana e

natureza na capital baiana no novo milênio derivadas pela relação predatória entre

interesses políticos e do capital e os seus reflexos no meio ambiente. Busca ainda fazer

um estudo histórico dos teóricos que, ao longo do desenvolvimento urbano, buscaram

interpretar academicamente a problemática entre desenvolvimento urbano e destruição

ambiental.

Para os objetivos acima iremos analisar um pouco da história do pensamento ambiental e

o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU) e os seus impactos no

meio ambiente em especial a região da Avenida Paralela e os mananciais ali existentes e

os avanços da indústria imobiliária feita por grandes grupos empresariais na região.

OS PRIMEIROS CONCEITOS ENTRE CIDADE E MEIO AMBIENTE.

Ao longo da história, a idéia de cidade e natureza já era pensada desde o inicio do século I

d.C. como bem nos mostra Maria José Marcondes que, citando Helen Rosenau afirma

que:

“Helen Rosenau (1988), no amplo mapeamento que fez dos modelos de cidades ideais na

teoria urbana, destaca que já em Vitrúvio (século I d. C.) existia a compreensão da relação

entre o homem e o que a autora denomina universo, conforme mostra o diagrama dos

ventos para localização das ruas no modelo de cidade ideal por ele formulada”

(Marcondes, 1999, p. 19).

Já no Renascimento temos a vinculação de imagem da natureza às ações sociais nos

protótipos de cidades ideais tendo a água como preocupação inicial. Pensadores como

Alberti (1401-72), que preconizava que as ruas deveriam ser traçadas a maneira dos rios,

Filarete (1400-69), que nos seus desenhos e descrições sugeria modelos de cidades

fluviais e em Leonardo da Vincci (1452-1519), destaca-se as suas preocupações sociais

do livre acesso dos trabalhadores e artesãos à água por intermédio da análise das

ilustrações de canais fluviais penetrando nas cidades.

Thomas More, já no Alto Renascimento na sua obra A utopia, de 1516, idealizando vários

tipos de cidades em uma imaginária “ilha da Utopia”, descreve, na principal delas, a

presença das águas delimitando a cidade, os florescentes e abundantes jardins e o

cinturão verde do campo.

Para Choay: 

“È possível ler nesta obra tanto a nostalgia de uma ordem passada como a intuição

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futurista de transformações sociais futuras (...), na medida em que propõe um modelo de

organização do espaço suscetível de ser realizado e com capacidade de transformar o

mundo natural (...) e adota o conceito de espaço-modelo solidário de uma concepção da

história e do trabalho apoiada por um sistema de valores”, (Choay,1985, p. 152-62).

Percebemos aqui, nessa leitura de A utopia de More a superação da idéia, presente no

Renascimento, de uma natureza intocada associada ao mito do sagrado.

Na opinião de Choay o texto de More pode ser visto por meio de dimensões moral,

religiosa, econômica e poética; destarte, o que queremos destacar é a vitalidade desse

texto, ajustado às problemáticas das sociedades e da cultura ocidentais. Portanto, trata-se

de uma obra que anuncia questões e proposições que ecoaram nos autores utópicos

posteriores: a limitação do tamanho das cidades, o cultivo de jardins em seu interior e a

integração cidade-natureza.

Entretanto, Maria José Marcondes preconiza que:

“No período maneirista, a preocupação social que integrava o conceito de cidade ideal

renascentista foi substituída pelo formalismo, por uma preponderância do plano regular,

geométrica, adequado à necessidade de cidades fortificadas, isolando, por conseguinte, o

‘mundo natural’”, (Marcondes, 1999, p. 20).

Já no Barroco, as cidades planejadas de Versalhes na França e Karlsruhe na Alemanha

apresentam o mesmo caráter formal com o traçado em Leque, mas com possibilidades de

expansão ilimitada na paisagem. Em ambos os períodos, entretanto, o tema da natureza

incorporado à estrutura urbana apresenta-se na forma de um “naturalismo consolador,

oratório e formativo, que durante toda a época que vai de 1600 a 1700 tinha dominado a

episódica narratividade das sistematizações barrocas”, (Tafuri, 1985, p. 14).

No século XVIII, com a consolidação do capitalismo industrial, a idéia de natureza toma

rumo na forma das utopias antiurbanas. Falando sobre a questão Tafuri afirma que:

“As utopias antiurbanas têm continuidade histórica, que vai das propostas do Iluminismo –

e, a propósito, não se deve esquecer que as primeiras teorias anarquistas sobre a

necessidade de uma dissolução das cidades surgem precisamente na segunda metade do

século XVIII – à teoria da cidade-jardim, ao desurbanismo soviético, ao regionalismo da

Regional Planning Association of América (RPAA), à Broadacre-City de Frank Lloyd

Wright”, (Tafuri, 1985, p. 15).

Essas propostas muitas vezes apresentaram um conteúdo conservador, integrando um

movimento nostálgico em contraposição à angústia da alienação metropolitana.

Amplamente enfatizado durante o iluminismo, a idéia de natureza na construção dos

modelos de cidades, só perdeu este status no final do século XIX contemporânea, quando

passa a predominar a noção presente até meados do século XX, do naturalismo urbano

associado à restauração de uma natureza perdida. As propostas de Patte (1723), de

incorporação de elementos naturais à estrutura urbana; de Laugier (1753), da analogia da

cidade como floresta; dos reformadores clássicos Boullée e Ledoux (1775 e 1783) para

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Paris e Chaux, respectivamente, de um modelo de cidade implantada em um cenário rural;

e o plano de L’Enfant (1771) para Washington, na opinião de Maria José Marcondes

(1999), configuram uma nova maneira de encarar a vida urbana, grifo nosso. 

Entretanto, esse naturalismo urbano, presente nas propostas européias com a inserção do

pitoresco na arquitetura, e a valorização da cidade tendem a negar a dicotomia entre

cidade e campo. Tais propostas procuram adequar a cidade às novas condições históricas

e sociais e “naturalizar” o novo espaço territorial urbano construído pela emergente classe

social burguesa dominante. 

Presentes nas utopias urbanísticos de conteúdo social igualitárias do século XIX, momento

em que o conceito clássico de cidade se desagregou, sendo estimulado o conceito de

cidade-campo nos modelos comunais utópicos de que nos fala Françoise Choay (1979). A

esse respeito, Choay menciona as propostas de Owen (1771-1858), em que os espaços

verdes são concebidos a partir do isolamento das indústrias em cidades voltadas às

questões sanitárias; as de Fourier (1772-1837), que preconiza protótipos das edificações

comunitárias – as falanges -, dispostas em anéis concêntricos, separados por relva ou

plantações; e Cabet (1788-1856), cuja cidade foi elaborada com a presença abundante de

vazios e do verde voltados à higiene e à salubridade.

Marcondes (1999) observa que:

“No utopismo político da cidade oitocentista, a proposta mais contundente de integração

entre cidade e natureza é o modelo de cidade-jardim idealizado por Ebenezer Howard

(1898), que retomou alguns dos aspectos das cidades utópicas renascentistas de Thomas

More e de Leonardo da Vinci, a ele acrescentando as indústrias e as ferrovias nos

diagramas geométricos ilustrativos de seus esquemas, como observam Mumford (1982) e

Spim (1995)”, (Marcondes, 1999, p. 21).

Nesta mesma linha, no projeto de cidade-máquina a idéia de natureza presente é a

natureza racionalizada e artificializada. A esse respeito, Reis Filho (1967) desenvolve uma

analogia dos planos do racionalismo dos anos trinta com os planos maneiristas do século

XVII e a expressão destes na concepção da natureza:

“Os planos racionalistas apresentam a mesma rigidez e o mesmo caráter ideal dos planos

maneiristas, no século XVII. São frutos de um conjunto de princípios teóricos, captados

através da razão (...). Seus autores aceitavam e valorizavam a verticalização e outras

formas de centralização, aliadas, porém, à reconciliação do solo urbano com a natureza.

Eram cidades-jardins verticais, onde as preocupações com a paisagem não se ligavam

mais a razões de ordem higiênicas, como a insolação e a aeração dos edifícios”, (Reis

Filho, 1967, p. 44-6).

Esse modelo da “natureza artificializada” é reiterado no zoneamento funcionalista proposto

pela Carta de Atenas, que domina o pensamento urbanístico até os anos sessenta do

século XX, com vários desdobramentos nas intervenções urbanísticas nas cidades neste

século.

Durante a segunda grande guerra, aparecem vários críticos do projeto modernista que se

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aprimora a partir dos anos 1960, tendo em Rossi (1971), com seu contextualismo e

Frampton (1997), com o regionalismo critico, esses dois teóricos buscaram resgatar ou

recuperar os conceitos de espaço e de lugar ausentes no urbanismo moderno. Faziam

isso, em consonância com as dimensões da história e da cultura local, fugindo, entretanto,

do ambiente natural. 

Já nos meados da década de 1980, a discussão ambiental tomou novos rumos, não mais

no plano global de cidades, mas de forma fragmentadas em forma de megaintervenções

urbanísticas na parceria pública privado, atribuindo um novo papel às cidades, no que Hall

(1995) e Harvey (1996) chamaram de empresariamento da administração urbana.

Essa nova nomenclatura buscava corrigir de certa forma, os descalços feitos pelo próprio

homem na relação cidade degradação ambiental. Buscava, entretanto, revitalizar ou

corrigir as destruições de áreas já degradadas e, incorporação de elementos naturais

presentes no espaço urbano, reafirmando a relação cidade-água. Nessa linha, Marcondes

(1999), diz que:

“Constituem exemplos emblemáticos, embora com diferentes abordagens e níveis de

complexidade distintos, os projetos de Inner Habor em Baltimore, Boston Waterfrontem

Boston, South Street Seaport em Nova York, Rom Rijnmond em Rottardam, Puerto

Madero em Buenos Aires e Docklands em Londres”, (Marcondes, 1999, p. 23).

Na atualidade, alguns pensadores vêm questionando os vínculos entre o projeto ou o

discurso de conteúdo ambientalista, que ganhou força nos primórdios dos anos 1970, na

relação de temas anteriormente recortados pela questão social e as reestruturações

advinda do sistema capitalista, com novas formas de abordagem do processo produtivo e

os de desregulação Tapalov, 1992.

A seguir, iremos analisar as contribuições da Escola de Chicago nos anos 1920, e as

discussões a cerca da produção social do espaço nos anos posteriores, e chegaremos aos

conceitos de cidades sustentáveis nos moldes neoliberais da atualidade.

DA ESCOLA DE CHICAGO AO PROJETO NEOLIBERAL DE CIDADES SUSTENTÁVEIS

DO SÉCULO XXI.

Do ponto de vista ideológico e dentro das possibilidades efetivas de aplicabilidade prática

que fundamentou a idealização do campo e da natureza nas formulações metafísica do

urbanismo devem ser objeto de analise, no intuito de, por meio de seu entendimento e de

sua dimensão histórica, determinar o significado do modelo ambiental e da visão

contemporânea do naturalismo, assim como as proposições de teóricos da atualidade em

direção a um projeto de cidades sustentáveis nos moldes capitalista de lucratividade.

Os espaços de produção urbana se deram fora das utopias urbanísticas e dos modelos

ambientais em questão. Os interesses fundiários é o fator determinante na relação entre

cidade e meio ambiente, como diz Spirn:

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“A magnitude da migração durante” os séculos XIX e XX para os subúrbios levaram,

finalmente, os problemas ambientais da cidade para o campo, criando um muro maciço de

propriedades privadas entre aqueles que viviam no interior da cidade e as áreas rurais

mais além, um muro ainda mais efetivo na separação da cidade em relação ao campo

circundante do que as amplas fortificações dos séculos XVII e XVIII (Spirn, 1995, p. 51).

É gritante no meado do século XX, o aumento do processo de degradação e de

artificializarão dos ecossistemas naturais em virtude do aumento dos processos de

urbanização e da indústria sendo, portanto, bastante investigado por teóricos

especialmente, em países em desenvolvimento.

Marcada profundamente pela influência norte-americana, as teorias urbanas no século XX

principalmente em duas épocas distintas: no primeiro momento, entre as duas grandes

guerras, com as pesquisas da Escola de Chicago, a cerca dos mecanismos de integração

e desgornização social nas grandes cidades em épocas de crescimento acentuado. O

segundo momento, logo após a Segunda Guerra Mundial, representado pela Escola de

Michigan, com os fenômenos de difusão urbana e de constituição de regiões

metropolitanas independentes e hierarquizadas como preconiza Castells, 1972, grifo

nosso.

Já no meados dos anos 1980 um grande número de teorias produzidas colocava em

discussão a influência da economia globalizada nos processos de acumulação de capitais,

influenciou na flexibilização da produção no período pós-fordista, e suas influências nos

processos de produção dos espaços urbanos territorial. Toda essa discussão nos permitiu

avançarmos na indagação e no entendimento dos efeitos dessas novas formas de

produção na relação entre a cidade e o meio ambiente.

Dentro dessas indagações dos impactos no controle ou gestão ambiental do espaço das

grandes cidades situa-se a problemática de Salvador e região metropolitana com as

mudanças do foco industrial das zonas habitadas ou de possível exploração imobiliária

para região de Mata Atlântica como ocorreu com Centro Industrial de Aratu (CIA). Essa

questão tornou-se emblemática com a formação de ilhas de exclusão social e a produção

de um espaço onde o poder local tem cada vez menos participação, com as decisões

sendo tomadas, às vezes, em um nível até mesmo transnacional.

A transnacionalização do capital influenciou diretamente a questão ambiental de forma que

Milton Santos, falando sobre “redescoberta” da natureza afirma qu

“Na fase atual, onde a economia se tornou mundializada, todas as sociedades terminaram

por adotar, de forma mais ou menos total, de maneira mais ou menos explícita, um modelo

técnico único que se sobrepõe à multiplicidade de recursos naturais e humanos. È nessas

condições que a mundialização do Planeta unifica a Natureza. (...) unificada pela história,

em beneficio de firmas, estados e classes hegemônicas” (Santos, 1992, pp. 97-8).

O Paradigma de cidades sustentáveis passou a ser discutido com maior profundidade a

partir da Agenda 21, tirada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento realizada na cidade de Belém no estado do Pará em 1992, em que se

estabeleceu a questão dos assentamentos humanos e avanço da indústria em especial,

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como problema ambiental, considerando que, na virada do século, a maioria da população

estará vivendo nas cidades. Foram incorporados problemas já existentes na agenda

social, como o da provisão de saneamento e habitação, com a inclusão de metas para a

sustentabilidade ambiental por meio da adoção de tecnologias apropriadas.

Vimos até aqui um pouco da história da questão ambiental, agora, vamos nos atermos à

questão especifica de Salvador após aprovação do PDDU/2008, que, na forma como

aprovado, vai adiantar em muito, o estado de degradação ambiental de nossa cidade em

especial, a região da Avenida Paralela.

O NOVO PDDU E OS IMPACTOS ECOLÓGICO NA REGIÃO DA PARALELA.

Para a grande maioria da população de Salvador que ainda não se apercebeu da triste e

calamitosa situação, em que se encontram os resquícios de Mata Atlântica, uma das mais

importantes áreas de reserva ambientais da cidade, situada na Avenida Paralela.

O novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da Capital (PDDU), não passa de mais

uma farsa dos governantes que o digam o prefeito João Henrique e o seu secretário de

planejamento que saiu com a seguinte fábula: 

“É a de uma avenida, cuja área é propicia a expansão urbana, e consideram a questão

ambiental nada mais que entrave para o desenvolvimento, o que renega o papel de

segundo plano para a mata, que dá lugar a cada vez mais empreendimentos mobiliários,

que continuam sendo autorizados”.

Como podemos observar, numa área que abriga diversas espécies, muitas em extinção,

da fauna e da flora, além de serem áreas determinantes para a entrada da brisa oceânica

que refresca grande parte da cidade, que as construções estão disputando o espaço com

exemplares como jibóias, barbeiros, lagartos, tatu etc. que já andam invadindo casas e

prédios e levando pânicos aos invasores dos seus habitats.

Cerca de 90% da formação original da Mata Atlântica já foi devastada, e seus vários

estágios em regeneração cuja proteção deveria ser protegida pelos órgãos públicos, é o

primeiro a autorizar à sua destruição, portanto, não contam com proteção alguma, o que

está acontecendo é para o proveito único da especulação imobiliária, e extremamente

danoso para a cidade.

A Ganância das construtoras e a falta de compromisso do gestor com a cidade e com a

maioria da população refletem um modelo de desenvolvimento urbano baseado na oferta

imobiliário de condomínios fechados para as classes média e médio-alta, e os interesses

escusos dos gestores públicos, enquanto pessoas pobres, como a maioria da população,

sobrevivem de uma maneira informal, à margem do conforto, habitando em locais com

condições estruturais precárias.

A duplicidade da cara da cidade fica explicito com o grande índice de desigualdade social

presente, que é maior do que o do Brasil. Portanto, com a aplicação da nova Lei

sancionada em 2009, Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) pelo gestor

municipal, a capital baiana poderá chegar ao extremo das diferenças sociais, ao estimular

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a construção de condomínios fechados de casas ou edifícios, no em torno da Avenida

Paralela e na Orla.

Em pesquisas desenvolvidas pelo Centro de Recursos Humanos da Universidade Federal

da Bahia (UFBA), aponta que 60,9% dos moradores de condomínios fechados têm renda

domiciliar superiores a 20 salários mínimos, enquanto em um bairro como o Nordeste de

Amaralina, 42% dos moradores são pobres e 18,4% são indigentes. Destarte, com à

aprovação do novo PDDU, especialistas prevêem o agravamento da criminalidade e

expulsão da classe médio-baixas que ainda vive na orla. 

Entretanto, por Lei Federal, o plano diretor deve promover justiça social, qualidade de vida

e desenvolvimento econômico para todos os sujeitos envolvidos. Destarte, a prefeitura

divulga que o PDDU está voltado para o incentivo ao mercado imobiliário visando uma

maior arrecadação de taxas e impostos para beneficiar a quem? As construtoras e os

gestores?

Mas, até a presente data, o prefeito ainda não definiu parâmetros básicos para assegurar

justiça social, não definiu ainda à data para a posse do conselho que fiscaliza a aplicação

dinheiro arrecadado com as taxas e impostos e o valor da contrapartida a ser paga pelos

empreendedores que construirão na orla. A contra partida deve ser paga pelo empresário

para que ele receba o alvará de construção e no final, o preço será repassado ao

comprador, o que permite prever que os apartamentos novos na orla serão voltados para o

público de renda alta e médio-alta.

Portanto, cabe a sociedade cobrar atitude dos gestores públicos no trato da rés públicas

para que, atitude como essa do prefeito João Henrique, não passe despercebida pela

maioria da população que não tem acesso as informações, tome conhecimento das

atitudes capitalistas escusas de nossos gestores e de grande parte do empresariado.

__________________

*Jeorge Luiz Cardozo – Professor/Especialista da Faculdade Dom Luiz/ Dom Pedro II e

Assessor Técnico da Secretaria Municipal de Educação de Salvador.

Ao usar este artigo, faça referência, cite a FONTE: 

http://www.webartigos.com/articles/38243/1/O-NOVO-PDDU-DE-SALVADOR-E-A-

QUESTAO-AMBIENTAL/pagina1.html