o novo estádio municipal de braga
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A Engenharia do Estdio Municipal de Braga
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Estdio Municipal, Braga
Escrever sobre o Projecto de Engenharia do Estdio no falar da gravidade, da anulao dos momentos, da traco e da compresso. Escrever no falar da empatia entre duas disciplinas, a Arquitectura e a Engenharia, que foram sempre uma s, mas de um projecto de vida e no sobre a vida de um projecto. Durante 3 anos Engenheiros e Arquitectos propuseram-se alterar o lugar de uma pedreira, para que aquele stio, que era para ns o mundo todo, pudesse ficar melhor. Eduardo Souto de Moura, Arquitecto
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Histria
O local era um monte com uma pedreira no seu topo e o Cliente pretendia um
estdio com 30.000 lugares. Eduardo Souto de Moura imaginou um estdio com
apenas duas bancadas como num teatro grego, uma seria escavada na pedra;
a outra surgiria do cho, isolada. Uma opo mais convencional, com 4
bancadas, tinha entretanto sido desenvolvida. Aceitando o risco e o seu maior
custo, o Cliente optou pela soluo mais arrojada.
Havia pouca informao geotcnica disponvel mas a rocha visvel na pedreira
deu-nos confiana para iniciar o estudo. A questo era saber se encontraramos
rocha boa em toda a profundidade, necessria para garantir as inclinaes quase
verticais dos taludes que a soluo de projecto exigia. Quanto tempo levaria a
escavar o monte numa profundidade de cerca de 50 m e qual seria o custo desta
obra? Estvamos no incio de 2000 e o Estdio deveria estar concludo at finais
de 2003.
Informao preliminar recolhida em diversas fontes e um estudo geotcnico
preliminar aliviou as nossas preocupaes fundamentais: existia rocha em
profundidade mas teramos que ir adaptando o projecto ao nvel de fracturao e
aos lisos que fossemos encontrando. Veios e bolsas de saibro poderiam
aparecer, como sempre com o granito. O prazo da obra no seria um problema
se a empreitada pudesse comear depressa e o custo da escavao poderia ser
reduzido significativamente, vendendo o material escavado.
A empreitada de escavao veio a iniciar-se em Agosto de 2000. Nesta altura,
era j conhecida a orientao desfavorvel da famlia principal de diclases do
talude Sul, o que obrigou desde logo ao lanamento de uma empreitada
especfica de conteno daquele talude. Os mtodos de escavao e o tamanho
dos blocos que produziriam eram as principais condicionantes das inclinaes
que viramos a obter. Idealmente, os taludes deveriam ser verticais. Partindo do
layout geral e considerando margens para fazer face a problemas que pudessem
ocorrer durante a escavao, a geometria do grande buraco foi definida e a
metodologia e sequncias de operao foram especificadas. A obra foi sendo
desenvolvida com um acompanhamento permanente e o projecto ajustado em
funo do que se ia encontrando. A situao mais dramtica da obra acabou
sendo o aparecimento de um veio de saibro, ligeiramente oblquo em relao
face do talude Sul, que no tinha sido possvel detectar no Estudo Geotcnico.
Afectando fortemente a inclinao do talude e obrigando a um complicado
sistema de conteno, a soluo foi mover a implantao do estdio em cerca de
20 m para Norte de modo a assegurar que o talude possuiria uma espessura de
rocha suficiente na sua face exterior.
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A cobertura constituiu o segundo grande desafio para a equipa. Ela deveria reforar a ideia da integrao do Estdio no
ambiente envolvente. Deveria ser to leve e simples quanto possvel: arcos, trelias, postes, cabos e membranas no
encaixavam no conceito.
Uma cobertura suspensa como a do Pavilho de Portugal na Expo 98 acabou por surgir como a soluo natural.
Dispnhamos da rocha para ancorar os cabos e a reaco da cobertura na bancada nascente ajudaria a estabiliz-la. A
dvida era o comportamento dinmico de uma cobertura com um vo de 220 m e o facto de que teria de ser construda a
50 m de altura (a pala do pavilho de Portugal tinha sido construda com escoramento total a partir do solo).
Clculos preliminares intensivos e o estudo de estruturas semelhantes, em especial de uma ponte de tubos construda na
Argentina, revelaram a viabilidade da soluo. Por outro lado, jogando com a geometria e o peso da laje de cobertura
seria possvel aspirar ao equilbrio dos momentos na fundao, para combinaes permanentes de aces. Infelizmente,
no decurso do projecto, a incluso do programa (bares, instalaes sanitrias, etc) e os necessrios ngulos de viso
levaram alterao da inclinao dos montantes da bancada Nascente, afastando-nos daquele objectivo original.
Uma estrutura de lminas paralelas garantiria a rigidez necessria da Bancada Nascente e permitiria a integrao de
todos os bares, escadas e equipamentos necessrios.
Numa atitude conservadora, estvamos ainda agarrados ideia de uma cobertura contnua. Esta soluo, no entanto,
no permitia iluminao natural para o relvado. A diviso da cobertura em duas teve ento de ser encarada e testada.
Foram efectuados estudos usando uma abordagem esttica do vento, sendo a distribuio dos coeficientes de presso
estabelecida usando a bibliografia. O peso e a espessura da laje de cobertura foram inicialmente definidos de modo a
anular as foras ascendentes do vento.
A primeira anlise dinmica foi feita na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, atravs de um modelo
tridimensional de elementos finitos com o qual foi possvel estabelecer os modos de vibrao e as suas frequncias. A
resposta estrutural da cobertura aco do vento em estado limite ltimo foi igualmente calculada.
Estes resultados mostraram que a soluo com duas lajes independentes era possvel mas que a interaco dinmica
entre a cobertura e o vento deveria ser aprofundada em estudos posteriores.
O clculo dos esforos principais nos montantes e a adequabilidade do solo de fundao revelou igualmente a
razoabilidade da soluo.
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O processo de construo foi estudado e uma soluo
de lajes pr-fabricadas deslizando sobre os cabos,
solidarizadas entre si no final, demonstrou ser
exequvel (tinha sido esta a soluo adoptada no
aeroporto Dulles, em Washington, h cerca de 30
anos).
A estimativa de custos mostrou que a soluo se
poderia encaixar no oramento.
Outros aspectos foram ainda estudados e confirmados
para validar a soluo: em dias ventosos seria um
estdio com duas bancadas confortvel para os
espectadores? As sombras dos cabos na zona central
da cobertura afectariam as transmisses televisivas?
A ventilao e exposio ao Sol do relvado seriam
adequadas?
O Conceito foi ento validado e o Projecto de
execuo iniciou-se.
Prmios
Prmio Secil Arquitectura 2004
Prmio Secil Angenharia 2005
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Arquitectura e Engenharia
O programa era novo para toda a equipa. Sem ideias
pr-concebidas, comemos do zero. Juntamente com o
Arquitecto visitmos diversos Estdios construdos
recentemente na Europa, analisando e questionando as
suas opes.
Para este projecto, Souto de Moura pretendia que as
necessidades tcnicas da construo determinassem o
desenvolvimento do Projecto. Para alm, naturalmente,
do que resulta da definio dos espaos, o resultado
esttico da obra adviria de um intenso, exigente e
estimulante dilogo entre a arquitectura e a engenharia,
em que o processo de busca de solues s terminava
quando o resultado agradava a ambas. Critrios claros e
rigorosos eram acordados para disciplinar as
necessidades tcnicas da construo. As solues
tcnicas deveriam segui-los: alinhamentos, traados,
espessuras, arestas tudo era sujeito a critrios cuja
validade era dada pela inexistncia de solues ad-
hoc.
Rigor, leveza e simplicidade formal eram os objectivos a
perseguir.
O resultado devia ser simples na forma e na sua lgica
construtiva. Mas a simplicidade formal s alcanada
atravs de um demorado e contnuo processo de
aproximaes sucessivas que termina, no raras vezes,
em solues bem diferentes das ideias que deram
origem ao debate.
Toda a equipa estava permanentemente disponvel para
questionar opes anteriores, deixando mesmo que por
vezes o tempo ajuizasse sobre a adequao das
solues adoptadas, simultaneamente de um ponto de
vista estrutural e arquitectnico. No Estdio de Braga,
solues foradas acabaram sempre por, com o
tempo, ser alteradas.
Arquitectos e Engenheiros trabalharam em conjunto
com vista a atingir um fim comum, que no era visto
como exclusivo de uns ou de outros.
A ideia inicial de encaixar o Estdio na pedreira, com
apenas duas bancadas, iniciou um processo de Projecto
em que as solues encontradas foram resultando da
confirmao e consolidao de ideias cuja viabilidade
era, partida, desconhecida. A escolha inicial do
caminho a seguir assentou mais frequentemente na
sensibilidade e no instinto do que em resultados
conhecidos. Seguiu-se-lhe o indispensvel processo de
investigao e confirmao, em que o critrio de
aceitao das solues assentava numa rigorosa
anlise de custo/benefcio (funcional, tcnico,
econmico e esttico). Estvamos conscientes dos
riscos inerentes ao desafio sistemtico dos limites
convencionais, controlando-o atravs de uma intensa
metodologia de investigao. Anlise de risco,
redundncias, estudo do mesmo problema por equipas
independentes, cruzando resultados, permitiram-nos ir
gradualmente reduzindo as margens de segurana
adicionais com que inevitavelmente partamos.
Este processo, que aproveita todos os recursos e
espao que lhe forem alocados, tinha que ser
convergente. O seu fruto era afinal a construo de uma
obra havia prazos e custos para cumprir. O
pragmatismo e flexibilidade para isso necessrios
tiveram que estar presentes e foi preciso aceitar os
limites que no conseguimos ultrapassar.
A variedade e complexidade dos problemas tcnicos
que este projecto colocou constituram um grande
desafio para toda a equipa mas, simultaneamente, uma
oportunidade de aprender que no desperdimos.
Uma palavra sobre o papel do Cliente - sem a sua
confiana e entusiasmo, em especial do Sr. Presidente
da Cmara de Braga, o sucesso do Projecto no teria
sido possvel.
gratificante chegar ao fim da obra e constatar que
falar da estrutura do Estdio tambm falar da sua
Arquitectura e que explicar a sua Arquitectura contar a
histria dos problemas que a Engenharia foi tendo que
enfrentar.
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Dado o seu carcter inovador, estiveram envolvidas no seu projecto diversas entidades nacionais e internacionais,
tendo sido realizados 3 estudos do seu comportamento ao vento (rgidos e aeroelsticos).
A drenagem das guas pluviais da cobertura feita ( semelhana da do Pavilho de Portugal na EXPO 98), s
para um lado, sendo recolhida por dois aquedutos em ao inox, saindo em consola do talude. O caimento da
cobertura conseguido por variao do comprimento dos diversos pares de cabos ao longo da cobertura.
O remate das duas lajes de beto da cobertura feito com uma trelia de seco transversal triangular, inicialmente
concebida como viga de rigidez e que acabou sendo o suporte dos projectores de iluminao e das colunas de som.
A cobertura apoia-se em duas grandes vigas que fazem o coroamento das duas bancadas nascente e poente,
onde feita a ancoragem dos cabos.
Descrio Geral
O Estdio Municipal de Braga est localizado em Dume, no recinto do Complexo Desportivo de Braga, que integrar
igualmente um pavilho desportivo e uma piscina olmpica.
O seu elemento mais visvel , sem dvida, a cobertura. composta por cabos full locked coil aos
pares, afastados entre si de 3,75m, sobre os quais apoiam duas lajes de beto que cobrem as duas
bancadas do Estdio. Trata-se de uma estrutura indita no s pelo seu vo (202m) como tambm pelo
facto de os cabos serem livres na zona central.
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A bancada nascente estruturalmente constituda por
montantes (consolas) com 50m de altura que, ao serem
furadas, do apoio s lajes dos diversos pisos de foyers
do Estdio. A sua estabilizao longitudinal assegurada
pelas lajes existentes sob os degraus das bancadas. Da
bancada nascente salienta-se a esbelteza dos montantes
que tm apenas 1,00m de espessura.
Depois da cobertura, a bancada poente talvez o elemento
estruturalmente mais complexo, pela diversidade de
problemas encontrados: montantes ancorados em rocha e
em saibro, funcionamento de conjunto da estrutura com o
solo, compatibilizao do funcionamento estrutural de
estruturas com rigidezes muito diferentes, fundaes sobre
banquetas instveis. De entre as diversas solues
encontradas, difcil destacar uma como digna de especial
referncia.
O chamado relvado afinal o edifcio que se esconde
debaixo dele. Possui dois pisos e ocupa toda a rea do
relvado. Alberga um parque de estacionamento, os
balnerios e todos os servios de apoio ao EURO 2004.
No coloca particulares dificuldades estruturais, para alm
do controle das consequncias da retraco e das
variaes trmicas, que levou utilizao de aparelhos de
apoio no apoio da laje do relvado, especialmente bem
integrados pela Arquitectura.
A escavao e conteno de taludes necessria para a
construo do Estdio por si s uma grande obra. Deu
origem escavao de 1.700.000 m3 de saibro e rocha e
obrigou conteno de grandes taludes de rocha em que,
infelizmente, as diaclases tinham uma orientao
desfavorvel. A conteno do talude foi feita com uma
malha de ancoragens e pregagens que asseguram a sua
estabilidade.
O comportamento dos taludes avaliado por um conjunto
de inclinmetros e clulas de carga, ligados ao sistema de
monitorizao do Estdio.
Um complexo desta dimenso obrigou naturalmente
realizao de um conjunto importante de infra-estruturas de
que se destacam o desvio de um colector de saneamento
de Braga que atravessava o terreno, a canalizao de uma
linha de gua e a galeria tcnica
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A Cobertura
A cobertura do Estdio constitua naturalmente o maior desafio pela sua dimenso e inovao. No h no mundo nenhuma
cobertura semelhante.
O conceito que se pretendia materializar era o de um conjunto de cabos em catenria espaados entre si de 1.875
m e suspensos das vigas de coroamento dos montantes, dando apoio a duas lajes independentes de beto que
cobrem cada uma das bancadas.
A geometria escolhida para a cobertura resultava do compromisso entre o objectivo do Arquitecto (arco invertido
muito abatido) e o valor dos esforos produzidos na estrutura pela componente horizontal das foras dos cabos.
A seleco do tipo de cabos constituiu, tambm, uma importante deciso dado ser determinante para a definio das
caractersticas formais e tecnolgicas da cobertura. Duas opes se colocavam: cabos do tipo full locked coil e cabos
embainhados. Estudadas as diferentes caractersticas das duas solues em termos de durabilidade, dispositivos de
ancoragem e dimensionamento, optou-se pela soluo full locked coil, que conduz a seces inferiores.
Em fase de concurso, dada a grande importncia da tecnologia especfica de cada fabricante de cabos, definiu-se que a
execuo da cobertura seria uma empreitada de Concepo/Construo, em que era dada liberdade aos concorrentes para
propor alteraes ao projecto original, desenvolvido pela afassociados. A proposta vencedora do concurso do ASSOC-
Obras Pblicas, ACE / Soares da Costa propunha uma soluo com cabos full locked coil (da Tensoteci) que diferia da
soluo original em trs aspectos: os cabos eram agrupados em pares afastados entre si de 3.75m, a espessura das lajes
de cobertura era uniforme e as lajes seriam desligadas das vigas de coroamento.
A responsabilidade do projecto da cobertura passou deste modo a ser partilhada pela equipa de projecto da afassociados e
pelo Adjudicatrio ASSOC-Obras Pblicas, ACE / Soares da Costa / Tensoteci.
As coberturas suspensas colocam desafios especiais aos engenheiros estruturais. Estes desafios so causados
fundamentalmente pela aco do vento e pelo processo construtivo.
Pela sua dimenso e condies fronteira, uma cobertura deste tipo no pode ser calculada com recurso a valores
regulamentares, recomendaes normativas ou experincias anteriores.
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O estudo do comportamento desta cobertura requer que se repensem
todos os procedimentos usuais de projecto a partir dos seus fundamentos,
desde o estabelecimento dos valores das aces a considerar at
previso da resposta da estrutura passando pela possvel interaco entre
ambos. Tornou-se, assim, necessrio recorrer a modelos fsicos (ensaios
em modelo reduzido) que completassem os usuais modelos matemticos
(algoritmos processados por clculos automticos em computador) que, no
caso presente, por muito sofisticados que fossem no eram suficientes
para, por si s, estimar o valor das solicitaes, nomeadamente da aco
do vento, e representar o consequente comportamento da estrutura.
Daqui resultou a necessidade de realizar uma quantidade aprecivel de
clculos e de ensaios independentes quer sobre a soluo inicial quer
sobre a soluo final da cobertura que sero descritos adiante.
O processo de construo tambm apresentou grandes desafios. Como
construir as palas muitos metros acima duma base slida, numa rea
enorme e de uma maneira eficiente? E qual o efeito do processo
construtivo na geometria final dos cabos e consequentemente das palas?
Esta soluo de cobertura requer, naturalmente, uma estrutura que
resista a grandes esforos horizontais, gerados pelos cabos, a uma
grande altura acima das fundaes. Como tal, exige-se um
dimensionamento cuidado dos montantes das bancadas nascente e
poente. Nesta ltima existe ainda uma excelente rocha grantica cota
dos cabos da cobertura, para onde se transmitem as foras desses
mesmos cabos.
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A anlise e o efeito do vento
Na vizinhana do local do Estdio, em Merelim, tinha sido instalada uma
estao meteorolgica moderna e automtica, embora data do projecto,
registasse apenas trinta meses de existncia. Este anemmetro fornece
valores das velocidades mdia e mxima e suas direces a cada dez
minutos. Esses dados so depois tratados segundo procedimentos
estatsticos estabelecidos14 que permitem produzir curvas com as
velocidades a considerar no local do Estdio, para as diversas direces do
vento.
Para obter a descrio do vento de projecto no local da obra para
perodos de retorno de 100 anos foram usados os dados do anemmetro
da Estao Meteorolgica de Merelim tratados estatisticamente e
convenientemente corrigidos para ter em conta os escassos trinta meses
de registos.
Na anlise dos valores extremos dos dados do anemmetro de Merelim
recorreu-se ao mtodo de Leiblein para velocidades de rajada
independentes. Admitiu-se uma distribuio de extremos de Fisher Tippet
tipo 1 com base no quadrado das velocidades do vento.
Para a determinao dos efeitos da topografia envolvente na velocidade
mdia e na intensidade de turbulncia do escoamento do ar na vizinhana
do Estdio foram realizados ensaios em tnel de vento sobre modelo rgido
escala 1:1500. Estes ensaios foram realizados na Rowan Williams Davies
& Irwin Inc. (RWDI, Canad).
A obteno do historial de presses dinmicas, em vrios pontos da
cobertura, provocadas pela aco do vento de projecto para cada uma das
direces consideradas foi efectuada a partir de ensaios em tnel de vento
sobre modelo rgido escala 1:400. A cobertura do modelo estava
instrumentada com sensores de presso em 200 posies distribudos pela
sua face superior e inferior. O registo das medies era feito de forma
automtica, tendo sido obtidas as respectivas sries temporais para ventos
em 36 direces distintas. Estes ensaios foram realizados na Rowan
Williams Davies & Irwin Inc. (RWDI, Canad).
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O clculo da resposta da estrutura aco dinmica do vento descrita pelo historial de presses anteriormente obtido foi
realizado de duas formas distintas.
A primeira, foi uma anlise dinmica determinista no domnio do tempo, por integrao directa passo a passo das equaes
de equilbrio dinmico da estrutura baseadas numa anlise elstica e linear de um modelo de elementos finitos de casca
com matriz de rigidez geomtrica que se assumiu como constante. A matriz de rigidez geomtrica foi obtida a partir dos
esforos axiais dos cabos devidos s cargas permanentes. Com esta anlise obteve-se a resposta dinmica da estrutura
aco dinmica do vento. O deslocamento mximo calculado foi de 47 centmetros.
A segunda, foi uma anlise dinmica probabilista pelo Mtodo da Decomposio Ortogonal. Este mtodo baseia-se no
princpio de que um campo de presses multivariado e no estacionrio pode ser eficazmente simplificado projectando-o
num espao gerado pelos vectores prprios da matriz de covarincia do campo original. Esta tcnica apresenta duas
grandes vantagens. Em primeiro lugar, os novos campos (modos de presso) so mutuamente no correlacionados. Em
segundo lugar, o contedo energtico do campo multivariado completo normalmente bem representado por um nmero
reduzido de componentes no espao transformado, permitindo a representao do campo efectivo de presses por meio de
poucos modos de presso. Com esta formulao obtm-se a estimativa da componente quasi-estacionria e da componente
ressonante da resposta da estrutura em termos de tenses e deformaes. Estes valores foram usados no dimensionamento
de diversos elementos estruturais da cobertura.
Velocidades mximas do vento - Anemmetro em Merelim e em Obra (Julho 2003)
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dia
velo
cid
ade d
o v
ento
(m
/s)
Obra (velocidade mxima)
Merelim (velocidade mxima)
A modelao matemtica com base nos resultados dos ensaios em tnel de vento daqueles primeiros modelos fsicos no
permite garantir a no ocorrncia de um comportamento aeroelstico da cobertura. Alis, este tipo de comportamento das
estruturas requer estudos especializados de grande complexidade. O problema mais delicado consiste na possibilidade do
fluxo do vento em volta da estrutura provocar um comportamento ressonante dessa estrutura. Estas excitaes podem ser
foradas desprendimento de vrtices ou interactivas divergncia, galope ou flutter (esvoaar). Todos estes tipos de
comportamento tm definies tecnicamente especficas15.
Embora tenha sido considerado que um tal comportamento seria muito improvvel, considerou-se conveniente desenvolver
modelos fsicos aeroelsticos a serem testados em tnel de vento
A estabilidade aerodinmica da soluo inicial ficou demonstrada por ensaios sobre um modelo aeroelstico escala 1:200
realizado no Danish Maritime Institute (DMI, Dinamarca).
A no ocorrncia de fenmenos de instabilidade aeroelstica da soluo final foi provada por ensaios sobre um modelo
igualmente aeroelstico escala 1:70 realizado no Politcnico de Milano.
Ambos os ensaios demonstraram a estabilidade aeroelstica da cobertura, tendo o deslocamento mximo medido sido
quase igual ao deslocamento calculado.
Todavia, na zona central, onde existem apenas os cabos, possvel que estes possam exibir algum daqueles
comportamentos dinmicos. Assim, decidiu-se que os pares de cabos sero ligados entre si e que a eles sero adicionados
pequenos amortecedores.
Com o intuito de confirmar a validade da estimativa dos valores do vento de projecto com base nos registos do
anemmetro de Merelim e de dissipar eventuais dvidas acerca da intensidade de turbulncia do escoamento do ar no local
do Estdio instalou-se um anemmetro no local da obra cujos registos tm vindo a ser comparados com os da estao
meteorolgica de Merelim.
Apresenta-se a ttulo exemplificativo o grfico correspondente s velocidades mximas referidas a perodos de 10 minutos do passado ms de Julho. Salienta-se a coerncia entre os valores medidos nos dois locais.
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14
Para estudar a sensibilidade dos esforos de flexo da laje de cobertura a
variaes das foras nos cabos realizou-se uma anlise probabilista.
Considera-se a cobertura composta por uma laje em beto armado
apoiada em n cabos e consideram-se os momentos flectores em m
pontos da laje. Para uma determinada combinao de aces, os n cabos
tm instaladas foras dadas pelo vector . Vrios factores podem produzir
uma variao aleatria dessas foras (desvios na aplicao do pr-
esforo, distribuies no uniformes da temperatura, fluncia diferencial).
Considera-se que estes efeitos so representados pelo vector de
variveis aleatrias com valor mdio e desvio padro . O problema
consiste, ento, em estimar a probabilidade, Pf, dos momentos flectores
aleatrios M resultantes serem maiores do que os momentos resistentes
Mu nos m pontos da laje. Na resoluo deste problema faz-se uso de uma
simulao estocstica com base no mtodo de Montecarlo conjugada
com o Mtodo Orientado de Simulao para a gerao das variveis
aleatrias .
O escoamento das guas pluviais
O escoamento das guas pluviais da cobertura feito no sentido do talude nascente, com um caimento de um por cento,
que conseguido atravs da variao de comprimento dos pares de cabos que a suportam. Duas grandes grgulas em
ao inox duplex, suspensas das lajes de beto encaminham a gua para os aquedutos, tambm eles em ao inox,
encarregados de a levar at rede de guas pluviais e linha de gua existente no recinto do Estdio. Estes aquedutos
com cerca de 40 m de comprimento, dos quais 27 em consola, apoiam-se nas banquetas do talude em pilares de
comprimento varivel, uma vez que as banquetas apresentam uma inclinao significativa. A estabilidade lateral destes
aquedutos garantida por um par de escoras ancorado rocha do talude.
As dimenses destes dois dispositivos foram estabelecidas atravs do estudo do escoamento da gua, tendo em conta a
altura da queda, limitada inferiormente pelo deslocamento previsvel da cobertura sob a aco do vento.
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O processo de construo
O processo de construo desta cobertura tem trs problemas fundamentais: a pormenorizao das palas, o sistema
de montagem e o efeito do processo de montagem nas formas dos cabos suspensos.
A espessura da laje de beto armado de 200 milmetros, tendo este valor resultado do compromisso entre a
necessidade de massa estabilizadora e a minimizao do seu peso. Claro, por razes prticas e econmicas, o
escoramento e a cofragem tinham de ser evitados. Portanto, a considerao de elementos pr-fabricados era
inevitvel. Os elementos escolhidos foram painis com as dimenses tipo de 1,8 metros por 3,75 metros. Por baixo,
tm uma chapa de ao que d o acabamento e que se estende para fora dos limites do beto pr-fabricado para
fornecer a cofragem para a execuo in situ das juntas entre os painis. Os painis tm ainda peas metlicas que
permitem a sua interligao, com parafusos, durante o processo de montagem
Os elementos pr-fabricados so montados sobre os cabos, no topo das bancadas. Cada novo elemento ligado ao
elemento prvio com parafusos, e os elementos deslizaro ao longo dos cabos por gravidade. Quando todos os
elementos estiverem colocados, as juntas transversais e longitudinais entre os painis so betonadas.
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Controlo de geometria e monitorizao
O carregamento correspondente instalao dos cabos e dos painis pr-fabricados da cobertura constituiu um verdadeiro
ensaio de carga dos elementos estruturais do Estdio, por esta razo a resposta de todo o sistema estrutural, em termos
de tenses e deformaes, foi acompanhada com cuidado especial de modo a poder identificar e analisar antecipadamente
possveis desvios em relao ao comportamento terico previsto.
O acompanhamento fase a fase da resposta da estrutura
durante a montagem da cobertura bem como a sua
interpretao mecnica foram uma garantia de que no
haveria surpresas na geometria final pretendida para o sistema
de cabos que do forma a esta cobertura nica.
A forma final da cobertura seria sempre funo do peso da
cobertura, da fora instalada nos cabos e da rigidez dos
elementos de suporte (viga de coroamento e montantes das
bancadas). A importncia relativa de qualquer um destes
factores foi avaliada e o acompanhamento da resposta da
estrutura incluiu obrigatoriamente as parcelas referentes a
cada um deles.
Para este efeito tornou-se necessrio efectuar um controlo
apertado de todas as cargas aplicadas aos cabos da cobertura.
Em conjunto com o registo das cargas aplicadas, as operaes
de controlo geomtrico com recurso aos levantamentos
topogrficos e a recolha e tratamento da informao fornecida
pelo sistema de monitorizao (instrumentao interna da
estrutura e instrumentao dos macios rochosos e fundaes)
foram imprescindveis para a anlise do comportamento da
estrutura durante a montagem da cobertura do Estdio.
O acompanhamento do comportamento dos elementos estruturais do Estdio durante a montagem da cobertura foi
realizado recorrendo informao recolhida pelo sistema de instrumentao instalado, nomeadamente:
Clulas de carga nos cabos da cobertura | Instrumentao interna da estrutura de beto (extensmetros clinmetros e
termmetros nos montantes da Bancada Nascente) | Instrumentao dos macios rochosos e fundaes | Clulas de carga
nas ancoragens ao terreno | Inclinmetros in place.
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A organizao e a interpretao dos dados recolhidos durante
todo o processo permitiram que, no espao de tempo que
decorreu at final da montagem dos elementos da cobertura, os
modelos matemticos usados em fase de projecto fossem
continuamente aferidos e, eventualmente, corrigidos para serem
coerentes com os valores medidos em obra. Assim se definiram
os critrios para o estabelecimento da correco a efectuar
geometria terica de referncia da cobertura para ter em conta o
comportamento real da obra e as condies climatricas da data
em que foi realizado o ajuste final de geometria previsto desde
incio.
Salienta-se que a existncia de desvios na geometria da
cobertura e/ou nas foras instaladas nos cabos em relao aos
valores previstos, obrigaria a uma anlise cuidada da sua
repercusso na forma final da cobertura e nas foras finais dos
cabos (tendo presente os limites regulamentares usados em
fase de projecto).
Em fase de servio, a monitorizao estrutural do novo Estdio
Municipal de Braga ser realizada atravs de um sistema de
controlo electrnico de diversos parmetros estruturais, tanto
estticos como dinmicos. O referido sistema ser gerido
informaticamente, permitindo o registo de dados discretos ou o
registo quase em contnuo, de acordo com a natureza da
grandeza a medir e a localizao do instrumento.
Alm dos sensores de instrumentao esttica j mencionados
(quer na estrutura de beto, quer nos macios rochosos)
salienta-se a monitorizao de carcter dinmico constituda por
3 acelermetros triaxiais colocados nos pontos de maior
amplitude de vibrao da cobertura e por clulas medidoras da
presso do vento em vrios pontos da face inferior e superior
das palas da cobertura.
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A Bancada Nascente
Percorendo a alameda de acesso ao estdio, atinge-se a Bancada Nascente cota +98.00. A
bancada apoia-se em dezasseis lminas verticais (montantes) de espessura constante e igual
a 1,0 metro, que arrancam cota +87,80 e atingem a cota +142.85. O acesso s bancadas
faz-se por rampas alternadamente descendentes e ascendentes. As rampas descendentes
permitem cruzar um amplo espao existente imediatamente abaixo da cota do relvado, dando
acesso Bancada Poente. As rampas ascendentes permitem ter acesso aos lugaras das
bancadas superior e inferior, e a todas as reas de apoio existentes nesta bancada como as
zonas de circulao, as instalaes sanitrias, os camarotes e os bares.
A circulao vertical realiza-se por escadas localizadas entre montantes que, apartir da cota
+110, tm os patamares intermdios em consola (para fora dos montantes). Existem ainda
dois elevadores panormicos que permitem o transporte de cargas e pessoas entre as cotas
+98 e a cota +112. As infraestruturas hidrulicas e elctricas circulam no interior dos
montantes e das lajes, desde o nivel da fundao at ao nvel da cobertura.
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Estruturalmente, a Bancada Nascente funciona sem qualquer junta de
dilatao. Assim, o conjunto dos 16 montantes com as lajes dos pisos
e das bancadas, estabilizam a estrutura desta bancada tanto s
aces verticais como s horizontais.
Desde o incio do projecto que se percebeu que uma cobertura
suspensa entre as duas bancadas, teria como principal
condicionante a estrutura do lado Nascente, em que a anoragem dos
cabos feita a mais de 50 metos da cota de fundao. A estrutura
desta Bancada deveria assim ajustar-se o mais possvel a esta
realidade, tendo havido a preocupao de ajustar a geometria dos
montantes de modo a que a resultante da combinao das aces
gravticas da bancada com as elevadas foras transmitidas pela
cobertura minimizasse os desiquilibrio de momentos ao nvel da
fundao. Numa primeira fase, este objectivo foi parcialmente
atingido. Com o evoluir do projecto e com a implementao das
exigncias de funcionalidade do Estdio, o equilibrio ao nvel da
fundao no foi totalmente conseguido, mantendo-se no final um
razovel ajuste da soluo.
Na anlise da estrutura da Bancada Nascente utilizaram-se diversos
programas de clculo de estruturas bidimensionais e tridimensionais
representativos de toda a estrutura da bancada. Ao nvel das aces,
a ssmica condicionou o dimensionamento dos elementos verticais,
devido ao elevado peso existente cota mais alta, isto , ao nvel da
cobertura. Dado tratar-se de uma estrutura sem juntas de dilatao, a
temperatura e a retraco revelaram-se igualmente aces de grande
importncia no dimensionamento final. Foi devido a estas aces que,
o piso cota +93,24 foi projectado completamente desligado dos
montantes, criando-se um sistema de prticos independentes que, no
entanto, se apoiam na fundao dos montantes.
Os montantes so em beto armado (C35/45 + A500). As faces laterais
so em beto vista, tendo a arquitectura desenhado toda a
estereotomia das cofragens. Para a circulao horizontal existem trs
grandes aberturas circulares, uma com 14 metros de dimetro e as
outras duas com 8,5 metros, que so atravessadas por lajes com uma
extenso de aproximadamente 125 metros.
As lajes dos pisos apoiam-se nos montantes e em vigas metlicas
sempre que o local de apoio so as aberturas circulares. Nesta zona as
vigas metlicas funcionam em conjunto com as lajes como vigas mistas.
As escadas so em beto armado e apoiam-se entre montantes,
vencendo um vo livre de 6,5 metros. No topo dos montantes existe uma
viga de grande rigidez segundo a direco dos cabos da cobertura (viga
de coroamento), que garante a transio entre os cabos da cobertura e
os montantes.
Ao nvel das fundaes, apareciam os trs tipos de estratos definidos no reconhecimento geolgico-geotcnico (ZG1,
ZG2 e ZG3). Esta heterogeneidade mereceu especial importncia tendo-se efectuado vrias anlises representativas
do comportamento global da estrutura com interaco solo-estrutura. Atendendo sensibilidade da estrutura a
assentamentos de apoio manifestada nos modelos numricos, optou-se por uma substituio dos terrenos de
menor qualidade por beto ciclpico, garantindo assim que toda a estrutura est fundada sobre rocha.
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A Bancada Poente
A bancada Poente do estdio encontra-se encaixada num macio grantico cuja cota superior corresponde ao nvel da praa que lhe d acesso.
nesta bancada que, durante o Euro 2004, ficaro instaladas todos
os jornalistas e VIPs, contando ainda com reas reservadas
restaurao. As reas ocupadas pelos pisos abaixo da cota do
relvado (+98.00), destinam-se a zonas de circulao, balnerios,
posto mdico, bombeiros, etc. A circulao vertical processa-se por
escadas e por elevadores que, na sua maioria, so panormicos.
A relao dos espaos de circulao situados sob as bancadas
com o marcante talude rochoso, caracterizado por cortes
irregulares e fortemente diaclasado, tinha que ser privilegiada no
Projecto. Nesse sentido, a estrutura das zonas de circulao e
comunicaes verticais deveria ser o mais leve possvel, deixando
o protagonismo para a rocha e a sua ligao com os montantes de
apoio da cobertura.
Tirando partido do facto da praa superior (Poente) se encontrar
mesma cota da cobertura, a estabilizao da estrutura s aces
horizontais transmitidas pelos cabos da cobertura conseguida por
ancoragens directas ao macio. Existem nesta zona de transio,
entre a cobertura e o macio, dezoito montantes com uma
espessura constante igual a 1,0 metro, que se ajustam s
irregularidades do talude.
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As lajes dos pisos so invertidas, isto , alinham a sua face inferior com
a face inferior das vigas que lhe do apoio. Sobre estas lajes inferiores
existem lajes mistas que se apoiam em blocos de beto e que vencem
vos de aproximadamente 2,4 metros. Deste modo, entre a laje inferior e
as lajes mistas, conseguem-se espaos com altura livre de
aproximadamente 65 cm, utilizados para a passagem de condutas das
Instalaes Hidrulicas, Elctricas e AVAC.
Os degraus das bancadas so pr-fabricados e apoiam-se em vigas
inclinadas em beto armado e pr-esforado, continuas ao longo de 16
alinhamentos na direco dos eixos dos montantes. Imediatamente
abaixo dos degraus das bancadas, colocam-se painis pr-fabricados.
Dadas as caractersticas do macio de fundao, as fundaes da
estrutura so do tipo directo (sapatas). O apoio de pilares e montantes
em zonas do macio bastante fragmentado e na proximidade da crista
de taludes, obrigou a que fossem executadas estabilizaes locais com
recurso a ancoragens definitivas.
A estrutura da bancada Poente, sendo porticada, poderia, tal como
acontece com a maioria das estruturas deste gnero, ser considerada
auto-suficiente para travamento segundo o plana horizontal. Dada a
esbelteza dos pilares e o modo quase sempre excntrico com que as
vigas se apoiam, limitou essa possibilidade. Houve assim que tirar
partido das lajes cota 112 e 116, pisos 2 e 3 respectivamente, que
funcionando como diafragmas horizontais rgidos, conferem um
adequado travamento s aces horizontais apesar do reduzido nmero
de ligaes destas aos montantes. A irregularidade existente ao nvel
dos pisos e a configurao das bancadas (inclinadas), obrigou a que
todo o clculo se efectuasse sobre modelos tridimensionais globais.
Nestes modelos representaram-se vigas, lajes, pilares e paredes, de
acordo com os espaos requeridos pela Arquitectura.
Esta estrutura, dotada de um elevado grau de hiperestacidade, muito
sensvel a asentamentos de apoio, o que obrigou a um grande cuidado
no controlo de possveis assentamentos no s atravs do clculo da
estrutura considerando a interaco solo/estrutura, mas tambm ao
melhoramento e uniformizao do comportamento do solo de fundao.
As reaces da cobertura e as componentes horizontais da reaco das
bancadas determinaram o dimensionamento dos montantes. Sendo esta
uma pea fundamental para a estabilidade global do estdio, e
encontrando-se os montantes fundados em zonas de caractersticas
geotcnicas diversas, houve que desenvolver modelos representativos
da interaco solo/estrutura que permitiram confirmar o
dimensionamento das ancoragens e confirmar o estado de compresso
permanente entre os montantes e o talude em rocha. Desta forma foi
possvel confirmar o equilbrio global dos montantes em relao s
cargas a eles transmitidas e proceder ao seu dimensionamento interno,
incluindo as fundaes.
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O nvel superior das ancoragens transmite de um modo
quase directo a maior percentagem de carga horizontal ao
macio rochoso. O nvel inferior de ancoragens desempenha
uma papel fundamental na correco da orientao da
reaco do montante na sua fundao, cuja resultante fica
assim orientada para o interior do macio, necessrio face ao
estado de fracturao do macio sob a fundao.
Em face da sensibilidade da estrutura a assentamentos e
atendendo ao papel fundamental que as ancoragens
desempenham no equilbrio global da estrutura do Estdio,
houve que definir um faseamento construtivo que viabilizasse
a entrada em funcionamento da estrutura conforme
projectado. O facto de haver vrias peas pr-esforadas e de
5 montantes se encontrarem fundados em saibro reforaram
essa necessidade. Esta necessidade contrariava no entanto a
questo de a fora das ancoragens no dever ser aplicada na
totalidade antes de ser executada a cobertura, uma vez que
lhe corresponderia uma compresso exagerada no macio.
Foram ento simulados e calculados diversos cenrios para
diversos faseamentos possveis, tendo-se concludo pela
aplicao de apenas 20 % da fora das ancoragens antes da
execuo da cobertura, deixando para depois o
tensionamento final, o que obrigou verificao da
capacidade resistente das diferentes peas tendo em vista os
esforos resultantes da aplica co destas cargas numa
estrutura hiperesttica j construda.
A construo dos montantes 1 a 5, assentes em saibro (mais
deformvel portanto) iniciou-se com a construo de uma viga
de fundao ancorada ao macio tendo sido de imediato
aplicada a totalidade da fora prevista, de modo a que a
estrutura final fosse construda j depois dos assentamentos
se verificarem. Nos montantes assentes sobre rocha ( 6 a 18
), de modo a minimizar os efeitos dos assentamentos que o
elevado estado de fracturao do macio fazia prever, foram
realizadas ancoragens provisrias que lhe conferiram um
estado de pr-compresso, e que foram sendo desactivadas
em simultneo com o tensionamento das ancoragens
definitivas.
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O Relvado
A entrada das viaturas para o estdio faz-se atravs de um tnel pr-fabricado com o topo em
abobada, inserido num dos taludes que delimitam a Poente o relvado. O acesso a partir do
tnel d ligao directa ao piso -2 (+87,80). Nesta rea existe um amplo espao para
estacionamento de viaturas ligeiras e autocarros. Junto rea da Bancada Poente localiza-se
o programa definido pela UEFA para utilizao durante o EURO2004, onde se destaca um
auditrio, salas de recepo, salas de trabalho, etc. Ainda neste piso, localizam-se as
cisternas para rega de segurana contra incndios, assim como outras infraestruturas
elctricas do estdio. O piso -1, cota +93,24, consiste num amplo espao de circulao entre
as bancadas Nascente e Poente e ainda numa rea destinada aos balnerios de jogadores,
treinadores e rbitros. Esta rea delimitada por uma parede em beto vista. O relvado
localiza-se cota +98,0 e tem uma dimenso de aproximadamente 125x80 m2. Em todo o
contorno do campo de jogos (relvado), existe um fosso fechado por um gradil metlico, que
permite a entrada de luz para o piso -1 e, simultaneamente, a circulao nesta zona de
pessoas e viaturas em caso de emergncia. A drenagem do relvado assegurada por um
sistema de drenos instalados sobre o relvado e ainda por pendentes superficiais. As guas
drenadas so conduzidas a uma caleira perifrica, ao longo do permetro do relvado.
semelhana do que acontece nas Bancadas Nascente e Poente, as infraestruturas
elctricas e hidrulicas existentes nas reas em que exista beto vista, tais como:
iluminao, sistemas de deteco de incndio, CCTV, etc, encontram-se no interior destes
elementos (lajes e pilares).
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Estruturalmente, a zona ocupada pelo Relvado formada
por pilares de seco circular com dimetro constante de
0,70 metros, que apoiam as lajes fungiformes dos pisos -1 e
0. Estes pilares tm um espaamento regular em planta com
9,35 m numa das direces e 7,5 m na outra. A laje do piso -
1 macia e tem uma espessura total constante de 0,35 m.
A laje que d apoio ao campo de jogos tem uma espessura
constante de 0,50 m e suporta, para alm das cargas
prevista no relvado, toda o sistema que constitui o relvado e
perfaz uma espessura mdia total de 1,10 metros, onde se
incluem os sistemas de impermeabilizao e drenagem
inferior. No topo dos pilares existem capiteis troncocnicos
com um dimetro mnimo de 0,70 m e mximo de 3,90 m.
Existem pilares fundados imediatamente abaixo do piso -1 e
outros sob a laje trrea do piso -2. A diferente rigidez entre
estes dois tipos de pilares, foi o motivo para a colocao de
aparelhos de apoio em neoprene cintado no topo dos pilares
mais rgidos (fundados abaixo do piso 1), evitando assim
esforos exagerados resultantes da retraco do beto e de
gradientes trmicos. A necessidade da colocao destes
aparelhos de apoio condicionou a configurao final do
remate entre o topo dos pilares e o capital troncocnico,
criando-se um aspecto visual idntico entre os pilares com
aparelho de apoio e os que no o tm (com continuidade).
As fundaes so do tipo directas (sapatas).
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Escavao geral e conteno
Para se construir o estdio no interior de um Monte Castro, foi necessrio retirar aproximadamente 1,7
milhes de m3 de material rochoso. Apesar do primeiro reconhecimento geolgico-geotcnico realizado
no local, revelar um granito heterogneo, com boas caractersticas mecnicas em algumas zonas
apresentando-se noutras bastante alterado, o decorrer da escavao, confirmou um cenrio pior: o talude
maior (Nascente) tinha apresentava-se bastante diaclasado, com inclinaes na direco do prprio
talude variando entre 45 e 50. Esta realidade inviabilizou a obteno de uma parede vertical como
pretendido inicialmente, obrigando criao de banquetas e conteno de todo o talude. A escavao
teve assim que decorrer de um modo muito mais lento j que a conteno prevista em projecto
(ancoragens e pregagens) deveria de evoluir, de cima para baixo, ao ritmo da escavao. Apesar disso,
houve zonas em que no foi possvel evitar deslizamentos de blocos, da resultando as superfcies
visveis do talude de rocha os lisos. Como resultado destes deslizamentos e de uma falha entretanto
detectada, com uma orientao NW-SE, houve que proceder a uma translao do Estdio para Poente
em relao ao inicialmente previsto em cerca de 20 metros. Para a estabilizao dos taludes utilizaram-se
ancoragens e pregagens definitivas, realizadas com vares em ao de alta resistncia com dimetros 36
e 32 mm respectivamente. A fora instalada nas ancoragens de 600 kN e o ao do tipo 835/1030.
O Talude Poente, com dimenses muito menores que o nascente, apresentava problemas de
estabilizao muito menores que o Nascente j que a inclinao das famlias de diclases principais era
favorvel. A estabilizao deste talude foi garantida tambm com a utilizao de pregagens e
ancoragens.
Os taludes foram instrumentados com 10 clulas de carga nas ancoragens e com quatro inclinmetros in
place com um comprimento total de 20 metros/cada. As leituras destes sensores tm sido regularmente
acompanhadas de modo a serem avaliadas eventuais fenmenos no espectveis no macio.
Futuramente, tanto as clulas de carga como os inclinmetros in place sero integrados no sistema
global de monitorizao da estrutura do estdio que far uma gesto automtica e permanente de todos
os sensores instalados
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Infra-estruturas
O terreno onde se vai localizar o Complexo era
atravessado por uma linha de gua que corria ao
longo do vale e por um colector de saneamento da
cidade de Braga. Ambos tiveram que ser
desviados, provisoriamente primeiro, durante a
construo e definitivamente no final. A linha de
gua foi canalizada sob a actual Praa Nascente,
descarregando num canal a cu aberto. O desnvel
entre a praa nascente e a sua ligao a jusante,
vencido atravs de diversas quedas de gua. O
colector de saneamento segue agora dentro da
galeria tcnica que liga o Estdio Rotunda, sob a
avenida de acesso. Esta galeria, realizada com
box-culverts pr-fabricados, transporta ainda os
cabos de alimentao de electricidade, telefones e
o ramal de abastecimento de gua.
A implantao de qualquer destas infraestruturas
obrigou execuo de valas com profundidades
significativas (15 m nalguns casos) e adopo de
solues diversas para a sua fundao, dada a
heterogeneidade dos solos atravessados, que iam
desde a rocha (na zona do Estdio) at grandes
espessuras de material aluvionar na zona do vale.
Quantidades Gerais
Empreitada de Escavao Agosto 2000 a Fevereiro 2002 Volume de rocha escavada 1.013.515m Volume de saibro escavado 698.496 m
Empreitada de Conteno de Taludes Agosto 2000 a Fevereiro 2002 Ancoragens 5.504 m Pregagens 724 m
Empreitada de Estruturas Fevereiro 2002 a Setembro 2003 Beto 88.958 m Ao A500 em armaduras ordinrias 14.722.495 kg Ao em perfis e chapas 1.006.81 kg Ao Inox 107.296 kg Cofragem 230.580 m Cabos em Full Locked Coil na cobertura 1.3.736 m (517.657 kg)
Arranjos Exteriores Junho 2003 a Setembro 2003 reas pavimentadas 37.530 m reas ajardinadas 9.800 m
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Anexo Galeria de Desenhos
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