O MODELO ECONÔMICO NEOLIBERAL Prioridade ao mercado - precariado – pensamento único

LIBERALISMO X NEOLIBERALISMO O liberalismo de Adam Smith reservava funções claras ao Estado; liberdade individual direito à propriedade privada respeito à livre iniciativa e à livre concorrência. Para o neoliberalismo, porém, não existe sociedade; o que existe são indivíduos (frase de

Margareth Thatcher, ex-primeira ministra do Reino Unido). Não existe serviço público que não possa e não deva ser prestado por empresas privadas (frase de David Cameron, atual primeiro ministro britânico). (Lassance, 2011, Carta Maior) 

O modelo de Estado para o neoliberalismo: Estado mínimo, o Estado deve interferir o mínimo possível na economia, de preferência como

regulador; políticas de privatizações; abertura econômica. Liberalismo => keynesianismo => neoliberalismo

ORIGENS DO NEOLIBERALISMO O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da

Europa e da América do Norte. Foi uma reação teórica e política veemente o Estado intervencionista e de bem-estar.

Seu texto de origem é O Caminho da Servidão, de Friedrich Hayek (1944). Trata-se de um ataque contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política.

(Perry Anderson)

ORIGENS DO NEOLIBERALISMO Em 1947, enquanto as bases do Estado de bem-estar na Europa se

construíam, Hayek convocou aqueles que compartilhavam sua orientação ideológica para uma reunião na pequena estação de Mont Pèlerin, na Suíça.

Aí se fundou a Sociedade de Mont Pèlerin, com o propósito de combater o keynesianismo e preparar as bases de um outro tipo de capitalismo.

Nesta época as ideias neoliberais não se mostravam nada atrativas, uma vez que o capitalismo avançado estava apresentando o crescimento mais rápido da história, durante as décadas de 50 e 60.

Por esta razão, não pareciam muito verossímeis os avisos neoliberais dos perigos que representavam qualquer regulação do mercado por parte do Estado.

(Perry Anderson)

ORIGENS DO NEOLIBERALISMO Hayek e seus companheiros argumentavam que o novo igualitarismo deste período,

promovido pelo Estado de bem-estar, destruía a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, da qual dependia a prosperidade de todos.

Eles argumentavam que a desigualdade era um valor positivo, pois disso precisavam as sociedades ocidentais. Esta mensagem permaneceu na teoria por mais ou menos 20 anos.

 A chegada da crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, quando todo o mundo capitalista avançado caiu numa longa recessão, combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação.

A partir daí as ideias neoliberais passaram a ganhar terreno. As raízes da crise, afirmavam Hayek, estavam localizadas no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e, de maneira mais geral, do movimento operário;

que havia corroído as bases de acumulação capitalista com suas pressões reivindicativas sobre os salários e com sua pressão parasitária para que o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais.

PRECURSORES DAS IDEIAS NEOLIBERAIS

Milton Friedman(Nova Iorque, 1912- São Francisco 2006) recebeu o Prêmio Nobel em Ciências Econômicas de 1976.

Frederich August von Hayek (Viena, Áustria1899 — Brisgóvia, Alemanha1992) Premio Nobel em Ciências Econômicas em 1974 ,que dividiu com seu principal rival ideológico , o economista socialista Gunnar Myrdal.

BERÇO DO NEOLIBERISMO: DUAS ESCOLAS

Universidade de Chicago – Departamento de econômica – Instituto Milton Friedman

Universidade de Viena, Áustria.

A DIFERENÇA ENTRE AS DUAS ESCOLHAS As diferenças estão principalmente na metodologia das duas escolas; Na escola de Chicago Friedman e seus seguidores dão destaque ao

trabalho empírico quantitativo utilizado para testar as suas teorias. A aplicação empírica feita por Friedman de suas visões acerca do livre

mercado exerceu influência sobre a política prática. Como por exemplo através da interversão dos “Chicago Boys” no Chile durante a ditadura de Pinochet.

A escola austríaca por outro lado, deduzia princípios econômicos logicamente, a partir do axioma de que os serem humanos agem – ou seja, tentam melhorar a sua realidade.

Os economistas austríacos preferem demonstrar as suas teorias verbalmente, ao invés de matematicamente.

O NEOLIBERALISMO SURGE COMO ALTERNATIVA AOS MODELOS ECONÔMICOS EM ESGOTAMENTO O neoliberalismo buscou se impor como a melhor alternativa para sobrepor

o modelo econômico que estava em esgotamento. As teorias keynesianas orientavam o Estado a ter ações preventivas em

relação a crises: defendia a intervenção estatal na economia e buscava aplicar medidas em defesa do pleno emprego.

No chamado “terceiro mundo” houve forte intervenção do Estado, através das políticas de Industrialização por Substituição de Importações (ISI), teoria que surgiu contra a “teoria do comércio internacional” - liberal.

Existiam também as economias planificadas dos países socialistas que eram totalmente contra o liberalismo.

O NEOLIBERALISMO SURGE COMO ALTERNATIVA AOS MODELOS ECONÔMICOS EM ESGOTAMENTO Na década de 1970 estás três vertentes entram em crise , o diagnóstico do

liberalismo foi “a regulamentação apresentaria um desincentivo ao capital e que a livre circulação seria a alternativa para a retomada do desenvolvimento” (SADER, 2005, p.19).

Neste contexto que as alternativas neoliberais se sobressaem, ocorre uma hegemonia de ideologia de mercado no mundo.

IDEOLOGIA NEOLIBERAL A ideologia neoliberal se apresenta com um misto de conservadorismo na

ordem comportamental, e o modelo liberal a frente do mercado, favorecendo o lucro e a competição sem a intervenção do Estado.

Como uma ação política acontece através de vários meios, e um deles é através da propagação de ideias e valores.

A propagação do “pensamento único” ou hegemonia neoliberal, explica a crise dos anos 70, argumentando que os Estados de Bem-Estar Social acabavam sendo um dos maiores causadores dos problemas econômicos, nos quais os principais problemas estavam nos custos com políticas sociais, e o seu impacto sobre economias nacionais, causando inflação e endividamento. (MORAES, 2002)

IDEOLOGIA NEOLIBERAL O neoliberalismo possui e difunde o ideário de que é no mercado que está

o motor da produção e de riqueza, da eficiência e da justiça. A ideologia neoliberal acaba por acusar os Estados nacionais de uma

inibição ao crescimento econômico, com as exigências de proteção, direitos e garantias trabalhistas.

O Estado acaba por “desmotivar” os empreendedores,; induz o trabalhador ao comportamento “aproveitador” e “desleixado”,

pois este trabalhador, não está tão preocupado com a sua estabilidade, já que tem as proteções trabalhistas e além disso pode usufruir das garantias sociais do Estado.

O NEOLIBERALISMO NA AL Trecho do documentário “A Doutrina do Choque”

O CONSENSO DE WASHINGTON O Consenso de Washington foi a denominação de uma articulação para

implantar o neoliberalismo de maneira ordenada nos diversos países. Em novembro de 1989, reuniram-se na capital dos Estados Unidos

organismos financeiros internacionais especializados em assuntos latino-americanos - FMI, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

As políticas recomendadas por aquelas agências e organismos internacionais seriam finalmente unificadas.

AS PRINCIPAIS PREMISSAS DO CONSENSO DE WASHINGTON Disciplina fiscal, em que o Estado deveria cortar gastos e eliminar ou diminuir as suas

dívidas, reduzindo custos e funcionários. Focalização dos gastos públicos em educação, saúde e infra-estrutura; Reforma, com maior peso nos impostos indiretos e menor progressividade nos impostos

diretos; impostos a fim de que as empresas pagassem menos tributos Liberalização financeira, com o fim de restrições que impeçam instituições financeiras

internacionais de atuar em igualdade com as nacionais e o afastamento do Estado do setor; Liberalização do comércio exterior, com redução de alíquotas de importação e estímulos à

exportação, visando a impulsionar a globalização da economia; Eliminação de restrições ao capital externo, permitindo investimento direto estrangeiro; Privatização das empresas estatais, tanto em áreas comerciais quanto nas áreas de

infraestrutura, para garantir o predomínio da iniciativa privada em todos os setores. Desregulação progressiva do controle econômico e das leis trabalhistas.

CONSENSO DE WASHINGTON As reformas comerciais liberalizantes, recomendadas pelo Banco Mundial,

deveriam ser postas em prática em troca da continuidade de financiamento para obras sociais.

De acordo com Ivo Lesbaupin, [...] um dos meios que estão sendo utilizados nesta campanha neoliberal é

procurar convencer a todos que a política que está sendo implementada (o neoliberalismo), é a única possível na atual situação do mundo, é a única saída que a economia mundial nos permite (1996, p.126).

AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS NO REINO UNIDO: ERA TATCHER O primeiro país a impor as políticas neoliberais na

Europa foi a Inglaterra, no governo de Margareth Thatcher, eleita em 1979 (1979-1990).

As principais medidas tomadas por Thatcher foram: A contração de emissão de moeda, elevando as

taxas de juros (medidas para diminuir a inflação), redução dos impostos sobre os altos rendimentos, imposição de legislação anti-sindical, corte nos gastos sociais, planejamento de privatizações de empresas

estatais, principalmente as relacionadas a habitação pública, indústria do aço, setor energético (elétrico, gás), indústria petroleira, como também o fornecimento de água.

NEOLIBERISLIMO DE CARA NOVA: “TERCEIRA VIA”O modelo neoliberal sofre um grande desgaste, para conseguir sua eleição como primeiro ministro Tony Blair mostra-se com uma nova roupagem A terceira via acenar com mudanças superficiais para que o essencial da pragmática do neoliberalismo fosse preservada

durante a vigência do neoliberalismo pela via clássica, houve um processo de desindustrialização . O Reino Unido contava, em 1979, com mais de 7 milhões de trabalhadores empregados na indústria, em 1995 ocorrendo 3,75 milhões.

As formas mais estáveis de emprego, herdadas do fordismo, foram substituídas pelas formas flexibilizadas, terceirizadas, do que resultou um mercado de trabalho totalmente desregulamentado, um desemprego massivo.

NEOLIBERALISMO NO REINO UNIDO Marcado pela ausência de regulamentação da força de trabalho, flexibilização do mercado de trabalho, precarização dos trabalhadores, como também aos seus direitos sociais. Tony Blair enquanto primeiro ministro manteve o compromisso em

preservar a legislação que flexibiliza e desregulamenta o mercado de trabalho.

AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS NOS EUA Ronald Reagan (1981–1989) nos Estados Unidos, declarou o neoliberalismo

como a doutrina oficial da política econômica do governo durante toda a década1980.

Tal modelo teve uma influência grande no começo do governo, porém a sua rigidez doutrinal criou muitos problemas.

Foi substituído por formas menos dogmáticas, mas sempre originadas do princípio da não-intervenção do Estado na economia.

As medidas implementadas por Reagan foram: elevação das taxas de juros e redução dos impostos dos ricos. No entanto, não se ateve ao controle orçamentário. Gastou muito dinheiro

numa corrida armamentista contra a URSS, levando os USA ao maior déficit público de sua história. (ARANTES, 1999, p.8)

AMÉRICA LATINA O maior problema é que todo esse estímulo ao mercado e ao setor privado foi feito em países que

nunca desfrutaram dos benefícios de um Estado do Bem-Estar (Soares, 2001). O contexto latino-americano diferencia-se radicalmente dos centros que irradiaram as ideias

neoliberais (Europa e Estados Unidos) pelas maiores taxas de pobreza, violência, desigualdades econômicas e de gênero.

As ideias neoliberais chegaram à América Latina ainda na década de 1970. O primeiro país foi o Chile, com o General Pinochet a implantar o modelo neoliberal. Cumprindo à

risca o modelo neoliberal. As principais características foram : liberalização da economia, alta taxa de desemprego, repressão sindical, concentração de renda em favor dos ricos, e privatização de bens públicos..

NEOLIBERALISMO NA AMÉRICA LATINA O neoliberalismo chegou no México com Salinas, com Menem na Argentina,

com Carlos Andrés Perez na Venezuela e, em 1990, no Peru com Fujimori etc. Uma das formas de minimizar os impactos neoliberais, Busca-se implementar políticas compensatórias, voltadas a alguns setores da

população, como substituto às políticas sociais de abrangência universal. Outra estratégia, porém, é revestir as reformas com um  caráter de "mal

necessário" e inevitável, facilitando a aceitação da doutrina neoliberal em nome de um bem maior: o desenvolvimento da nação a longo prazo.

O discurso do desenvolvimento contém muitas justificativas para toda espécie de políticas, por piores que sejam suas consequências, oferecendo também argumentações favoráveis ao avanço do neoliberalismo.

NEOLIBERALISMO NO BRASIL No Brasil, a adoção do modelo neoliberal se iniciou com o ex-presidente

Fernando Collor de Melo e continuou com o governo de Fernando Henrique Cardoso.

A tese central do neoliberalismo é de que o setor público (o Estado) é responsável pela crise, pelos privilégios e pela ineficiência.

O mercado e o setor privado são sinônimos de eficiência, de qualidade e de equidade. A solução torna-se, então, o Estado mínimo e a necessidade de questionar todas as conquistas sociais, como a estabilidade de emprego, o direito à saúde, à educação e aos transportes públicos. (Frigotto ,1996)

O PLANO COLLOR Fernando Collor de Melo presidente (1990-1992) No dia seguinte a sua posse Collor lança um pacote com medidas econômicas; O recolhimento de depósitos, das contas correntes ou das cadernetas de poupança que

excedessem a NCz$50mil (Cruzado novo) equivalente a 4 mil reais. Criação do IOF, um imposto sobre as operações financeiras, sobre todos os ativos

financeiros, transações com ouro e ações e sobre todas as retiradas das contas de poupança. Foram congelados preços e salários Eliminação de vários tipos de incentivos fiscais: para importações, exportações Diminuição de impostos sobre as grandes fortunas. Aumento de preços dos serviços públicos, como gás, energia elétrica, serviços postais, etc. Extinção de vários institutos governamentais e anúncio de intenção do governo de demitir

cerca de 360 mil funcionários públicos, para redução de mais de 300 milhões em gastos administrativos.

O PLANO COLLOR Collor também lança o Programa Nacional de Desestatização; Estingue vários órgãos do governo, entre eles: Instituto do Açúcar e do Álcool,

Instituto Brasileiro do Café, Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste, Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS). Colocou à venda vários imóveis, veículos públicos a fim de gerar capital e diminuir gastos

O resultado destas medias não foram satisfatórios. Com a abertura às importações, as indústrias nacionais sofreram um choque, levando a uma crescente automação dos setores industrial e bancário, e à conseqüente liberação da mão-de-obra conhecida como desemprego tecnológico.

A taxa de desemprego aumentou principalmente na grande São Paulo, considerando as médias da IPEA, estava no ano de 1989, em 8,7%, e em 1990, subiu para 10,3%.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO FHC ainda como ministro da economia defendeu que a estabilização do processo inflacionário só

poderia ser alcançada com a reforma do Estado, e para isso era necessário: A redução de gastos públicos e a intensificação do processo das privatizações, Como presidente durante o primeiro mandato pautou pela privatização de várias estatais

brasileiras, como a Companhia Vale do Rio Doce, a Telebrás (empresa de telecomunicações) e o Banespa (banco pertencente ao governo do estado de São Paulo).

A compra das empresas estatais ocorreu, sobretudo, por grupos estrangeiros, que faziam aquisição das ações ou compravam grande parte dessas, assim, tornavam-se sócios majoritários.

Ainda no ano de 1997, FHC conseguiu enviar e aprovar no Congresso Nacional a emenda da reeleição.

No ano de 1999, FHC promoveu reformas no setor da Educação, sendo aprovadas no ano de 1996 as Leis de Diretrizes e Bases para a Educação (LDB), e posteriormente foram criados os Parâmetros Curriculares para o Ensino Básico.

Durante seus oito anos no governo a renda dos 20% da população rica continuou cerca de 30 vezes maior que a dos 20% da população mais pobre.

NEOLIBERALISMO BRASIL Documentário Privatizações: Distopia do Capital

LABORATÓRIO NEOLIBERAL: CHILE O caso chileno chama a atenção pelo fato de a execução do programa

neoliberal ter sido a ferro e fogo, em meio a perseguições, aprisionamentos, exílios, torturas e assassínios.

Logo após ao golpe contra Allende, o Chile sob o comando de Pinochet contrata um grupo de gestores provindos da Universidade de Chicago, sob justificativa de revigorar novamente a economia.

A aplicação do projeto neoliberal no Chile se deu depois da destruição do movimento operário e popular. Assim, não houve resistência significativa

LABORATÓRIO NEOLIBERAL: CHILE Durante o governo de Allende e da Unidade Popular houve a redução da

desigualdade e o pleno emprego, Enquanto no período ditatorial neoliberal houve o aumento da

desigualdade, desemprego e miséria, com resultados muito fracos no controle da inflação.

A inflação já tinha viés de alta antes de Allende, alcançando os 50% anuais entre 1972 e 1978, ou seja, final do governo Allende e início do governo Pinochet, mas só ficou abaixo de 10% depois do fim da ditadura.

“CHICAGO BOYS” “Chicago Boys” é a expressão usada para designar toda uma geração de

economistas liberais americanos formados na Universidade de Chicago entre o fim da década de 1970 e o início dos anos 1980. E, entre eles, o atual ministro brasileiro da Fazenda, Joaquim Levy, cujo título de PhD foi obtido naquela instituição.