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1 O NEGRO NO ESPAÇO URBANO DE PRESIDENTE PRUDENTE: UMA ANÁLISE CRÍTICA SOBRE SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL URBANA NEGRA Tais Evandra de Carvalho Teles dos Santos [email protected] Faculdade de Ciências e Tecnologias - FCT/UNESP INTRODUÇÃO Este trabalho é produto do desenvolvimento da pesquisa, em iniciação científica, intitulada “Juventude Negra em cena: a construção da territorialidade sob a ótica étnico racial”, que vem sendo desenvolvido ao longo do primeiro semestre de 2014 e recebe financiamento da Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP 1 . Quando nos propusemos ao desenvolvimento deste projeto de pesquisa, já era de nosso conhecimento a necessidade de nos aprofundarmos em leituras que dialogassem com o assunto em questão. Nosso trabalho pode, à primeira vista, parecer abordar assuntos desconexos, mas cabe aqui um esforço nosso em demonstrarmos que não o é. Ao levarmos em consideração que nossa pesquisa se coloca no campo da ciência geográfica e que nós a situamos no bojo da discussão de uma Geografia que visa entender as complexidades das relações sociais existentes, estamos nos propondo a produzir um conhecimento que leve em consideração os sujeitos sociais, como parte integrante do processo de construção do território. Para isso, apoiamo-nos nas considerações de autores que versam sobre a discussão de uma geografia crítica, essa que historicamente problematiza tanto as 11 Essa Pesquisa é desenvolvida sob a orientação do Professor Drº Nécio Turra Neto, membro do departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia- FCT/ UNESP, campus de Presidente Prudente- SP.

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O NEGRO NO ESPAÇO URBANO DE PRESIDENTE PRUDENTE: UMA ANÁLISE CRÍTICA SOBRE SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL URBANA

NEGRA

Tais Evandra de Carvalho Teles dos Santos

[email protected]

Faculdade de Ciências e Tecnologias - FCT/UNESP

INTRODUÇÃO

Este trabalho é produto do desenvolvimento da pesquisa, em iniciação científica,

intitulada “Juventude Negra em cena: a construção da territorialidade sob a ótica étnico

racial”, que vem sendo desenvolvido ao longo do primeiro semestre de 2014 e recebe

financiamento da Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP1.

Quando nos propusemos ao desenvolvimento deste projeto de pesquisa, já era de

nosso conhecimento a necessidade de nos aprofundarmos em leituras que dialogassem

com o assunto em questão. Nosso trabalho pode, à primeira vista, parecer abordar

assuntos desconexos, mas cabe aqui um esforço nosso em demonstrarmos que não o é.

Ao levarmos em consideração que nossa pesquisa se coloca no campo da ciência

geográfica e que nós a situamos no bojo da discussão de uma Geografia que visa

entender as complexidades das relações sociais existentes, estamos nos propondo a

produzir um conhecimento que leve em consideração os sujeitos sociais, como parte

integrante do processo de construção do território.

Para isso, apoiamo-nos nas considerações de autores que versam sobre a

discussão de uma geografia crítica, essa que historicamente problematiza tanto as

11 Essa Pesquisa é desenvolvida sob a orientação do Professor Drº Nécio Turra Neto, membro do departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia- FCT/ UNESP, campus de Presidente Prudente- SP.

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considerações da Geografia Clássica, quanto as desigualdades socioespaciais que

resultam da produção capitalista do espaço.

A produção do conhecimento se pauta nesse novo pensar geográfico, este que

por sua vez passa a considerar as relações sociais existente num dado espaço com

criticidade; não mais excluindo as tensões e conflitos existentes em tais relações.

Teríamos então a emergência de uma Geografia preocupada e engajada com a justiça

social, comprometida em entender e estudar as disparidades econômicas e sociais assim

como as disparidades regionais (PESSOA; BRITO, 2009).

No contexto brasileiro, a Geografia Crítica surge em meio a um período de

restrições dos direitos humanos, ganha força, sobretudo, em meados dos anos 1970 e

início dos anos 1980. É justamente neste período que as manifestações por garantia dos

direitos civis ganham notável visibilidade, em meio a intensa repressão exercida pelos

militares que tomaram o poder. É assim, num contesto de comoção popular, que os

sujeitos passam então a ser entendidos como construtores do espaço.

É entendendo a importância do sujeito social para a construção do espaço, que

agregamos mais dois elementos a esta analise. O primeiro refere-se ao debate sobre

relações étnicas e raciais no Brasil, sobretudo na Geografia brasileira e o segundo ao

debate geracional. Nossa proposta é então compreender como que, no bojo da ciência

geográfica, meninos e meninas constroem o espaço a partir das suas ralações sociais

tecidas cotidianamente. Dialogamos assim com a perspectiva da Geografia Crítica

Cultural, bem como trazemos elementos da Sociologia e Antropologia.

A Geografia trabalha, sobretudo, com os conceitos de espaço, território e

paisagem, porém, em meio a essas discussões, temos outros elementos fundantes como

as relações sociais que, via de regra, possuem dimensões espaciais, à medida que essas

relações adquirem um nível de complexidade e organização. Estas passam a apropriar-

se desses espaços e constituir, a partir deste, o território.

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É justamente compreendendo essa qualidade da ciência geográfica que este

trabalho tem como propósito discutir as relações étnico raciais e o espaço urbano,

adicionando a estes a análise geracional, ou seja, compreender como a Juventude Negra

constrói seus territórios de identificação, a partir da apropriação dos espaços localizados

no meio urbano de Presidente Prudente-SP.

OBJETIVO

Este projeto de pesquisa tem como objetivo conhecer o processo de

espacialização dos jovens negros de Presidente Prudente, para além dos locais de

moradia, em direção dos locais de encontro e manifestação cultural, com vistas a

identificar a existência de um processo construção de uma territorialização afirmativa,

considerando os referentes de identificação negra desses sujeitos.

METODOLOGIA

Nessa primeira etapa da pesquisa, realizamos um vasto levantamento

bibliográfico, nos acervos digitais das principais universidades do Estado de São Paulo,

sobretudo, a Unesp, Usp e Unicamp. O banco de dados da Universidade Federal de São

de Carlos – Ufscar, também fora visitado, principalmente pelo fato desta manter um

rool de trabalhos relativos a discussão étnico racial, permeando as atividades do Núcleo

de Estudos Afro-Brasileiro ( Neab).

A coleta desse material é fase perene ao longo do projeto de pesquisa; a esta se

somam as leituras e fichas técnicas de resumo. Outra fonte de suma importância tem

sido a base de dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística- IBGE;

aqui, temos coletado planilhas, tabelas e alguns gráficos, assim como relatórios e

anuários referentes ao censo demográfico 2010.

As informações disponíveis pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(IPEA) também se configura como fonte importante para nossa pesquisa, sobretudo, por

apresentar análises de dados do ponto de vista qualitativo. Consideramos também as

pesquisas realizadas pelo “Observatório Negro”, onde é possível encontrar uma série de

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artigos e periódicos disponíveis em modelo digital. Outra fonte de informação é a da

Secretaria de Avaliação e Gestão de Informação (SAGI), com vistas a identificar os

principais bairros com presença negra na cidade e as informações disponíveis pela

Fundação de Sistema Estadual de Análise de Dados- Seadi.

Desse modo, a partir dos dados coletados, passamos então a uma fase de

tratamento das informações, na qual foi necessário a produção de tabelas específicas ao

nosso recorte temático. Após termos os dados coletados, tabulados e analisados,

passamos então para a fase da elaboração cartográfica.

O número de informações geradas a partir das tabelas produzidas foi

significativamente grande, fato que nos forçou a sua subdivisão em alguns conjuntos de

análise. Assim, pensamos primeiramente no georreferenciamento dos dados da

população negra total por setor censitário; sendo os demais conjuntos de informações

agrupadas em pequenos grupos por faixa etária, assim obtemos mais 3 subgrupos

divididos entre jovens negros ( soma de pretos e pardos) de 15 a 19, seguidas por jovens

negros de 20 a 24 e, por fim, jovens negros de 24 a 29 anos. Os dados coletados

também foram tabulados por gênero.

A produção cartográfica elaborada a partir dos dados tabulados foi possível com

o uso de recurso tecnológico do programa de mapeamento temático MapInfo®, versão

10.0. Esse recurso dispõe das ferramentas para efetuar georreferenciamentos (ação de

ligar uma informação a uma posição no mapa), distribuição territorial, combinação e

divisão de objetos e coberturas. É possível efetuar também consultas a banco de dados

com a ferramenta de buscas SQL e visualização múltipla de dados em três diferentes

tipos: listagens, mapas e gráficos.

A construção dos indicadores resultou da coleta das variáveis: população

autodeclarada preta e população autodeclarada parda, obtidas da publicação do censo

2010 IBGE resultados do Universo por setores censitários, a seguir foi somado a

quantidade total de cada setor das respectivas variáveis e realizada uma segunda soma,

já esta, do total da cidade da população autodeclarada.

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Com isso, em cada setor pudemos chegar a um percentual em relação ao total da

cidade, o que foi representado no mapa através das quatro classes encontradas pelo

processo estatístico de mediana, sendo esta o valor numérico que separa a metade

superior de uma amostra de dados, uma população ou uma distribuição de

probabilidade, à partir da metade inferior, podendo ser encontradas várias classes

através deste processo) – no nosso caso quatro classes.

RESULTADOS PRELIMINARES

Desse modo, a partir dos nossos esforços em georreferenciar os dados da

população negra de Presidente Prudente, sobretudo da população na faixa etária de 15 a

29 anos, podemos constatar que o município apresenta uma quantidade significativa de

autodeclarantes pretos e pardos. O percentual de 1/3 da população é expressiva se

pensarmos o contexto social em que o quesito da autodeclaração em cor/raça no Brasil

está inserido.

Presidente Prudente marca hoje um total de 207.610 habitantes, sendo que

desses 63.984 localizados no perímetro urbano, se autodeclaram pretos e pardos. Outro

ponto de merecido destaque é que a juventude negra deste município é ligeiramente

mais expressiva entre os meninos.

O esforço em mapear os dados tabulados confirmou a hipótese inicial da

pesquisa: a população negra de Presidente Prudente ocupa, sobremaneira, os espaços

mais afastados das áreas centrais do município, confirmando um cenário típico das

grandes cidades brasileiras, com precárias condições de reprodução da vida humana.

Cabe aqui o destaque para o fato de Presidente Prudente configurar-se como uma cidade

média, porém, é possível afirmar ocorrência da mesma lógica de inclusão marginal e de

segregação socioespacial urbana.

A disposição dos dados foi compilada por setor censitário, ao cruzarmos a

representação cartográfica da espacialização da população negra de Presidente Prudente

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com o mapa de exclusão social do município2, a luz da análise crítica, observa-se que

nos mesmos setores temos os maiores índices de analfabetismo, ausência de tratamento

de esgoto e famílias com os menores rendimentos. A presença negra em Presidente

Prudente-SP é marcadamente expressiva nos extremos: leste, norte e oeste do

município.

2 O mapa de exclusão social é resultados dos estudos realizado por Victor Augusto Luizari Camacho,

sendo este um dos resultados da Monografia de conclusão do Curso de Geografia da Faculdade de

Ciências e Tecnologias FCT/ UNESP campus de Presidente Prudente, para obtenção de título de Bacharel

– “ Problematizando mudanças espaciais e temporais entre os anos de 2000 e 2010: Os mapas da

exclusão/inclusão social de Presidente Prudente/SP com o apoio do CEMESPP ( Centro de Estudos e de

Mapeamento da exclusão social para Políticas Publicas).

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A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NAS CIDADES BRASILEIRAS TEM COR

Partindo das considerações feitas acima, pretendemos neste ensaio apresentar

algumas indagações que se fazem pertinentes ao desenvolvimento de nossa pesquisa. O

debate sobre segregação socioespacial é bastante presente no âmbito da Geografia

Urbana brasileira. Porém, nossa proposta aqui é o trato dessa temática juntamente com a

discussão étnica e racial e sobre Juventude. Esse debate se faz fulcral, sobretudo, pelo

fato de que um dos resultados preliminares da nossa pesquisa aponta a situação de

marginalidade a qual essa população está submetida.

O debate conceitual sobre o que seria especificamente segregação perpassa por

uma gama de possíveis interpretações. Segundo as considerações de Haroldo Torres

(2004), a segregação se daria a partir da interpretação da dimensão da segregação como

separação residencial entre grupos sociais; em contrapartida o Sociólogo Edward Telles,

faz se favorável a ideia de segregação a parti da separação residencial, porém leva em

questão o critério racial, afirmando a existência de uma segregação hierarquizada pela

cor da pele. Os estudos de Manuel Castell (1983) apontam para o debate do princípio

homogeneizador da segregação espacial.

A esse respeito, Pasternak (2004), a partir das assertivas de Castell (1983), a

segregação está diretamente relacionada com renda, ou seja, por mais plural que seja os

níveis de renda numa determinada área de concentração espacial, esses geralmente

sempre irão seguir o mesmo nível de concentração e padrões sociais e econômicos,

destoando assim daquelas em que o nível de concentração de renda seja inferior.

É, sobretudo, considerando tal assertiva, que analisamos o fenômeno da

segregação numa escala de classe econômica e social. Acreditamos veementemente na

homogeneidade econômica em níveis de concentração espacial. Isso pode ser observado

também nos resultados que apresentamos a respeito da concentração populacional negra

em Presidente Prudente, quando analisados a luz da interpretação dos índices de

inclusão e exclusão desse município.

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Porém, além da questão dos rendimentos, temos o debate racial, sobretudo, no

contexto histórico, político e social brasileiro, em que, devido ao discurso de (uma

falsa) democracia racial, nega-se a existência de um racismo que segrega e hierarquiza

as pessoas de acordo com seus critérios físicos e econômicos Garcia (2009).

Ao partimos do principio da existência da segregação voluntária e involuntária,

estaríamos afirmando a existência de uma parcela da população dotada de recursos e

desejo de segregar-se voluntariamente. Esses, atualmente, configuram-se como os

grandes enclaves habitacionais de alta renda, cada vez mais presentes nas cidades.

Porém, tal como salienta Kowarick apud Sarah (2004), a população de baixa renda não

“escolhe” não ter acesso a educação digna e aos serviços essenciais à reprodução da

vida humana. Quando colocamos essa discussão no contesto social brasileiro, estamos

falando, em grande parte, da população negra no Brasil. É esta que majoritariamente

ocupa a áreas mais precárias e segregadas espacialmente nas cidades brasileiras.

A este respeito, concordamos com as considerações de Garcia (2009, p. 32),

quando afirma que

[...] embora a segregação urbana e racial no Brasil seja significativamente, especialmente nas metrópoles brasileiras ela não é auto-evidente e, portanto, exige dos estudos e das políticas urbanas torná-las uma prioridade para a superação. A relevância do fenômeno é apontada por vários autores, especificamente Jordi Borja e Manuel Castells (1997), que tratam a problemática urbana sob o conceito de segregação urbana e demonstram um aumento tanto do racismo, como da segmentação, quanto da segregação nas metrópoles em todo o mundo. [...]

Tais características têm deixado de ser exclusivas dos grandes centros urbanos.

Nossos estudos apontam para uma tendência de reprodução deste cenário também numa

cidade média brasileira.

O debate acerca da segregação e a questão racial no Brasil permeia a questão da

formação histórica e social brasileira,para entendermos o atual processo espacial e

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social da cidades brasileiras, seja em uma grande metrópole, ou numa cidades média

como Presidente Prudente. Torna-se necessário memorarmos o nosso passado

escravocrata, ou seja, retomar a formação social brasileira, para compreender não só o

lugar social do negro na nossa sociedade, mas também o espaço que ocupa nas nossas

cidades de todos os portes.

A ESPACIALIZAÇÃO NEGRA EM PRESIDENTE PRUDENTE: UM OLHAR

PARA JUVENTUDE

Ao despendermos uma atenção maior ao recorte geracional, é possível afirmar

que a presença de jovens no município é marcante. Os jovens na faixa etária de 15 a 29

anos compreendem um total de 50.960 de habitantes, somando assim 24% da população

do município. Entre a população total, 32,2% se autodeclaram negros3. Entre o total de

jovens, 17,5% se autodeclaram pretos e pardos.

A proposta em abordar o tema juventude negra tem como principal enfoque

investigar como esses jovens constroem seus territórios de identificação, com vistas a

um referencial negro. Buscamos entender se as práticas cotidianas desses jovens estão

atreladas a necessidade de construírem uma identidade de valorização negra, sobretudo,

agregando elementos das manifestações culturais.

Porém, salientamos aqui um quadro desanimador acerca dos jovens negros no

Brasil, que se repete em Presidente Prudente. Estes ainda são os que mais sofrem com

os índices de violência cotidiana e policial. Em Presidente Prudente-SP, a presença de

jovens do sexo masculino e negros é maior que a presença feminina, porém, as taxas de

homicídio entre os jovens é de 1,7%, destes 1,9% são jovens negros; 51% dos jovens

que estão fora do ensino médio regular no município, são negros.

Os dados não diferentes no tange ao ensino superior. Os jovens negros são

aqueles que passam a desenvolver atividade com algum rendimento financeiro em idade 3 De acordo com a metodologia adotada pelos grandes centros de pesquisa e estatísticas de índices

demográficos no Brasil, como IBGE e o IPEA, definem que negros é a soma de total de pessoas que se autodeclaram Pretas e Pardas. Estes adotam assim, as reivindicações do Movimento Negro Organizado Brasileiro.

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mais precoce, se comparado com a população não negra. Em contrapartida, são os que

recebem salários menores. As informações coletas apontam ainda que dos 399 jovens

identificados em situação de extrema pobreza, 250 são jovens negros, o que corresponde

a mais de 60% dos dados.

Considerando todas as mazelas herdadas do processo de formação social

brasileira e não nos eximindo da responsabilidades de tomarmos parte da situação em

que vivem esses meninos e meninas negros em diversas cidades brasileiras é que

entendemos a necessidade de uma abordagem de pesquisa que vise a valorização das

práticas culturais desses jovens.

Sabemos que, com nossos esforços, não será possível abranger uma grande

quantidades de jovens em nossas pesquisas, porém, acreditamos que o desenvolvimento

desta, possa contribuir para um olhar, não apenas das ruínas do sistema que insiste em

marginalizar a população negra brasileira, mas também pela busca da valorização deste

povo, que também construiu e constrói este país.

REFERENCIAS

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http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010 > acessado em 04/03/2014

Artigos e notas técnicas sobre a população negra no Brasil- Banco de Dados Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Disponível em:

http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/131119_notatecnicadiest10.pdf > acessado em 28/05/2014

SPOSATI; TORRES; PASTERNAK; VILLAÇA; KOWARICK; SCHOR. A pesquisa sobre segregação: conceitos, métodos e medições. Espaço e Debates, Org. Sarah Feldmam. São Paulo, , NERU, v.5 p.1-24: 1-45, 2004.