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DIAGNÓSTICO DA FORMAÇÃO DO CLIMA URBANO EM ROSANA/SP. Altieris Porfírio Lima, Unesp – Presidente Prudente, [email protected] . Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim, Unesp – Presidente Prudente, [email protected] . RESUMO O clima urbano, um problema já conhecido nos grandes centros urbanos, tem sido também identificado, em várias pesquisas, em cidades de pequeno porte. Embora as intensidades das diferenças térmicas e higrométricas, além das alterações na direção e velocidade do vento encontradas se apresentem menores do que as registradas nas grandes cidades, estudos dessa natureza são importantes porque, teoricamente, existem maiores possibilidades de ações para amenizarem as situações de desconforto para as pessoas que vivem nestes ambientes, resultando em melhoria na qualidade de vida. O estudo teve como objetivo diagnosticar a existência de um clima urbano em Rosana/SP, por meio da verificação das diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e o campo em dias representativos do inverno de 2006 (estação seca) e do verão de 2007 (estação chuvosa), períodos distintos por seus tipos de tempo característicos. A pesquisa baseou-se na teoria elaborada por Monteiro (1976) utilizando dentre os canais de percepção propostos, o subsistema termodinâmico. Os dados meteorológicos analisados foram coletados por estações meteorológicas automáticas do tipo “Vantage PRO 2” da marca “Davis Instruments”, instaladas em locais representativos tanto da área urbana em Rosana como da zona rural do oeste paulista. Foram também elaborados gráficos de análise rítmica para identificação dos tipos de tempo com o auxílio de imagens do satélite GOES e dos dados de superfície. Os resultados demonstraram a existência de um clima urbano em Rosana/SP decorrente do tipo de uso e ocupação do solo, sendo que as diferenças térmicas e higrométricas se evidenciaram, com maior intensidade, em alguns tipos de tempo específicos. Palavras-chave: Clima urbano, Rosana/SP. ABSTRACT The urban climate, a problem known in the great urban centers, has been also identified, in some research, in small cities. Although there are relative differences in the intensities of temperature and humidity, even beyond the alterations in direction and joined wind speed present in the great cities, studies of this nature are important because, theoretically, bigger possibilities of action exist to brighten up the situations of discomfort for the people who live in small city environments, resulting in improvement in the quality of life. The objective of this study is to diagnosis the existence of an urban climate in Rosana/SP by means of the verification of temperature and relative differences in humidity between the city and rural area in representative days of the winter of 2006 (dry station) and of the summer of 2007 (rainy station), which are distinct periods for these characteristic weather types. . The research was based on the theory elaborated by Monteiro (1976) using, one of amongst his many modes of perception, the thermodynamic subsystem. The analyzed meteorological data has been collected by automatic meteorological stations using “Vantage PRO the 2” from “Instruments Davis”, installed in representative places in both the urban areas of Rosana and the rural area of the west São Paulo. Also they have been elaborated with graphical rhythmic analysis for the identification of the types of weather with the aid of GOES satellite images surface data. The results have demonstrated the existence of an urban climate in Rosana/SP, because of the land use, differences in thermal and hygrometric were found, with bigger intensity, in some specific types of weather. Key words: urban climate, Rosana/SP.

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Page 1: DIAGNÓSTICO DA FORMAÇÃO DO CLIMA URBANO EM ROSANA/SP. · DIAGNÓSTICO DA FORMAÇÃO DO CLIMA URBANO EM ROSANA/SP. Altieris Porfírio Lima, Unesp – Presidente Prudente, altierislima@yahoo.com.br

DIAGNÓSTICO DA FORMAÇÃO DO CLIMA URBANO EM ROSANA/SP. Altieris Porfírio Lima, Unesp – Presidente Prudente, [email protected].

Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim, Unesp – Presidente Prudente, [email protected].

RESUMO O clima urbano, um problema já conhecido nos grandes centros urbanos, tem sido também identificado, em várias pesquisas, em cidades de pequeno porte. Embora as intensidades das diferenças térmicas e higrométricas, além das alterações na direção e velocidade do vento encontradas se apresentem menores do que as registradas nas grandes cidades, estudos dessa natureza são importantes porque, teoricamente, existem maiores possibilidades de ações para amenizarem as situações de desconforto para as pessoas que vivem nestes ambientes, resultando em melhoria na qualidade de vida. O estudo teve como objetivo diagnosticar a existência de um clima urbano em Rosana/SP, por meio da verificação das diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e o campo em dias representativos do inverno de 2006 (estação seca) e do verão de 2007 (estação chuvosa), períodos distintos por seus tipos de tempo característicos. A pesquisa baseou-se na teoria elaborada por Monteiro (1976) utilizando dentre os canais de percepção propostos, o subsistema termodinâmico. Os dados meteorológicos analisados foram coletados por estações meteorológicas automáticas do tipo “Vantage PRO 2” da marca “Davis Instruments”, instaladas em locais representativos tanto da área urbana em Rosana como da zona rural do oeste paulista. Foram também elaborados gráficos de análise rítmica para identificação dos tipos de tempo com o auxílio de imagens do satélite GOES e dos dados de superfície. Os resultados demonstraram a existência de um clima urbano em Rosana/SP decorrente do tipo de uso e ocupação do solo, sendo que as diferenças térmicas e higrométricas se evidenciaram, com maior intensidade, em alguns tipos de tempo específicos. Palavras-chave: Clima urbano, Rosana/SP. ABSTRACT The urban climate, a problem known in the great urban centers, has been also identified, in some research, in small cities. Although there are relative differences in the intensities of temperature and humidity, even beyond the alterations in direction and joined wind speed present in the great cities, studies of this nature are important because, theoretically, bigger possibilities of action exist to brighten up the situations of discomfort for the people who live in small city environments, resulting in improvement in the quality of life. The objective of this study is to diagnosis the existence of an urban climate in Rosana/SP by means of the verification of temperature and relative differences in humidity between the city and rural area in representative days of the winter of 2006 (dry station) and of the summer of 2007 (rainy station), which are distinct periods for these characteristic weather types. . The research was based on the theory elaborated by Monteiro (1976) using, one of amongst his many modes of perception, the thermodynamic subsystem. The analyzed meteorological data has been collected by automatic meteorological stations using “Vantage PRO the 2” from “Instruments Davis”, installed in representative places in both the urban areas of Rosana and the rural area of the west São Paulo. Also they have been elaborated with graphical rhythmic analysis for the identification of the types of weather with the aid of GOES satellite images surface data. The results have demonstrated the existence of an urban climate in Rosana/SP, because of the land use, differences in thermal and hygrometric were found, with bigger intensity, in some specific types of weather. Key words: urban climate, Rosana/SP.

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DIAGNÓSTICO DA FORMAÇÃO DO CLIMA URBANO EM ROSANA/SP. Altieris Porfírio Lima, Unesp – Presidente Prudente, [email protected].

Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim, Unesp – Presidente Prudente, [email protected]. INTRODUÇÃO

O clima urbano compreende um sistema que relaciona o clima de um determinado local e sua

urbanização. De acordo com CONTI (1998, p. 43) o mecanismo do clima urbano pode ser entendido

se a cidade for considerada um sistema aberto por onde circulam fluxos de energia, sofrendo processos

de absorção, difusão e reflexão.

A formação do clima urbano não está condicionada à dimensão territorial de uma cidade.

Devido às especificidades dos sítios e a distribuição dos espaços intra-urbanos, as condições do clima

urbano são variadas entre as cidades. Condições específicas geomorfológicas, direção predominante

dos ventos, densidade de áreas verdes, presença de lagos ou rios, densidade de edificação, material

construtivo utilizado, etc. são fatores que influenciam diretamente no clima local.

Sant’Anna Neto (2002, p. 10-12) afirma que “as condições climáticas existentes nas grandes

áreas densamente urbanizadas são totalmente diferentes das áreas rurais circunvizinhas”, porém “não

são apenas as grandes metrópoles que tem sofrido modificações em seus climas locais. Estudos

recentes demonstram que mesmo em cidades de pequeno porte, já há índicos de alterações no

comportamento da temperatura, da umidade relativa e de outros elementos que caracterizam os climas

urbanos”.

O estudo teve como objetivo diagnosticar a existência de um clima urbano em Rosana/SP, por

meio da verificação das diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e o campo em dias

representativos do inverno de 2006 (correspondente à estação seca) e do verão de 2007

(correspondente à estação chuvosa), períodos distintos por seus tipos de tempo característicos. A

pesquisa baseou-se na teoria elaborada por Monteiro (1976) e utilizou o canal de percepção

termodinâmico.

Rosana localiza-se no extremo oeste do estado de São Paulo, próximo à confluência do rio

Paraná com o rio Paranapanema (Figura 1), a uma altitude média de 236 metros. Faz parte da região

também conhecida como Pontal do Paranapanema e segundo o último censo realizado pelo IBGE em

2000, Rosana tem 6300 habitantes na zona urbana que contém áreas densamente construídas na região

central, porém sem a existência de edificações acima de dois pavimentos e pouca arborização nas ruas

e quintais (Figura 2). A circulação de pessoas e veículos é pequena e não possui pavimentação em

todas as ruas, principalmente nas periferias.

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Figura 1: Localização do município de Rosana

Fonte: www.prudente.unesp.br/hp/cezar/a_Figura4.1.jpg

Figura 2: Área urbana de Rosana/SP Fonte: Google EARTH (30/04/08)

METODOLOGIA

Para realização desta pesquisa foram elaborados gráficos de análise rítmica para identificação

dos sistemas atmosféricos atuantes com o auxílio de imagens do satélite GOES, das cartas sinóticas da

Marinha do Brasil e dos dados de superfície. Foram realizados trabalhos de campo para a compreensão

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e análise dos componentes antrópicos como uso do solo, pavimentação, incidência de áreas verdes,

densidade de construções e tipos de materiais construtivos utilizados. Utilizaram-se os dados

meteorológicos do mês julho de 2006 (representativo do inverno) e os do mês de fevereiro de 2007

(representativo do verão) registrados a cada 2 horas durante todo o dia.

Para coleta dos dados meteorológicos analisados foram instaladas estações meteorológicas

automáticas do tipo “Vantage PRO 2” da marca “Davis Instruments” (Figura 3), em local

representativo da cidade de Rosana e do campo. Cabe esclarecer que a área tida com representativa do

campo não foi uma área rural típica com cultivo agrícola, e sim uma área bem próxima a uma

cobertura original primitiva de floresta tropical no Parque Estadual do Morro do Diabo.

Figura 3: Estação Meteorológica Automática Vantage PRO 2.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O clima no extremo oeste paulista é caracterizado por apresentar alternadamente durante o ano

um período seco e outro chuvoso.

O período seco, correspondente ao outono e inverno, é influenciado principalmente pela massa

tropical atlântica e por incursões de massas polares responsáveis pela diminuição das temperaturas.

Nesse período poucas frentes atingem diretamente a região o que ocasiona a diminuição da

precipitação.

No período úmido, que corresponde à primavera e verão, influenciado principalmente por

sistemas tropicais, pela massa equatorial continental e sistemas frontais, ocorre elevação das

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temperaturas e da precipitação. Episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS),

especialmente durante o verão contribuem para o aumento do volume da precipitação.

Na análise dos resultados, consideraram-se os tipos de tempo e o uso do solo para compreender

em quais condições se evidenciaram as diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e o campo

no inverno e no verão.

Durante o período representativo do inverno foram registradas as maiores diferenças térmicas e

higrométricas do estudo, principalmente durante os horários noturnos. Ocorreram principalmente sob

influência da massa tropical atlântica e sob atuação da massa de ar polar. Esses sistemas atmosféricos

caracterizaram-se por apresentar tempo estável, céu aberto com pouca ou nenhuma nebulosidade e

calmaria ou ventos com baixa velocidade.

Nos dias representativos do verão as diferenças encontradas foram menores, devido,

principalmente, à ocorrência de precipitações intensas e contínuas associadas à alta nebulosidade

causadas por episódios da ZCAS e pela passagem de Frentes Polares em muitos dias do período. As

maiores diferenças térmicas registradas ocorreram principalmente nos horários diurnos, e se

evidenciaram também, especialmente, sob a influência de sistemas tropicais com pouca instabilidade,

baixa nebulosidade e calmaria.

Nos resultados encontrados à 1h e às 3h, conforme pode ser observado nos gráficos 1 e 2,

durante os dias representativos do inverno destaca-se que a magnitude das diferenças tanto térmicas

como higrométricas foram muito maiores que as diferenças encontradas no período de verão. Essas

diferenças foram evidenciadas principalmente nos dias que havia tempo estável com calmaria e céu

sem nuvens. As magnitudes térmicas nesses dias foram superiores a 6ºC e as diferenças higrométricas

foram acima de 40%. Nos dias representativos do verão as diferenças térmicas registradas durante

esses horários foram inferiores a 2ºC e as diferenças higrométricas não ultrapassaram 16%, porém na

maioria dos dias foram inferiores a 10%. É importante destacar que as menores diferenças térmicas e

higrométricas registradas à 1h e às 3h tanto no período representativo do inverno como do verão,

ocorreram em dias com precipitação e vento.

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Gráfico 1: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão à 1h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

Gráfico 2: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 3h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

Às 5h e 7h, se observou a tendência de diminuição das diferenças térmicas e higrométricas

tanto do período representativo do inverno como no verão, sendo registrados valores menores que dos

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horários analisados anteriormente como pode ser verificado nos gráficos 3 e 4. Novamente as menores

diferenças dos horários foram atribuídas à ocorrência de precipitações.

Durante o período representativo do inverno foram registradas diferenças térmicas ainda acima

de 6ºC em alguns dias e higrométricas superiores a 30%, nos dois horários. Nos dias representativos do

verão, as diferenças térmicas e higrométricas foram pequenas, respectivamente inferiores a 2ºC e a 8%.

Gráfico 3: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 5h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

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Gráfico 4: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 7h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

Conforme pode ser observado nos gráficos 5 e 6, às 9h e às 11h foram encontradas algumas das

menores diferenças termohigrométricas da pesquisa. É importante destacar que durante esses horários

ocorreram ventos com as maiores velocidades, principalmente durante o inverno.

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Gráfico 5: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e verão às 9h.

Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

Gráfico 6: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 11h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

Durante as 13h e 15h, como demonstram os gráficos 7 e 8, a sazonalidade e seus tipos de tempo

evidenciaram resultados diferentes e específicos. Enquanto as diferenças termo higrométricas nos dias

representativos do inverno apresentaram as menores magnitudes, nos dias representativos do verão as

diferenças encontradas estiveram entre as maiores registradas. A velocidade do vento nesses horários,

principalmente durante os dias do inverno foram superiores a 3m/s, atuando como agente dissipador do

bolsão de ar quente existente sobre a cidade.

No inverno as diferenças térmicas encontradas foram inferiores a 2ºC em quase todos os dias.

As diferenças higrométricas registraram características semelhantes e apresentaram-se pequenas,

inferiores a 20%. No verão as diferenças térmicas aumentaram em relação aos horários anteriores,

chegando a atingir valores acima de 4º e 6ºC e as higrométricas foram superiores a 20%.

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Gráfico 7: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 13h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

Gráfico 8: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 15h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

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Às 17h e 19h, foram encontradas novamente situações distintas quanto às magnitudes das

diferenças registradas no inverno e no verão, influenciadas pelos sistemas atmosféricos característicos

de cada estação, como pode ser observado nos gráficos 9 e 10. Durante esses dois horários no inverno

as diferenças tanto térmicas como higrométricas aumentaram e no verão diminuíram em relação ao

horário analisado anteriormente..

No inverno, às 17h, as diferenças térmicas foram, na maioria dos dias, menores que 2ºC e os

maiores valores não ultrapassaram 3ºC. As diferenças higrométricas também foram baixas, somente

em uma ocasião ultrapassou os 20%. Já às 19h, as diferenças térmicas aumentaram, registrando valores

acima de 6ºC principalmente sob atuação de tempo estável, resultando em uma das maiores

magnitudes registradas.

Durante os dias representativos de verão, às 17h, foram registradas as maiores diferenças

térmicas e higrométricas do período. Às 19h, diferentemente dos resultados encontrados em dias

representativos do inverno os horários noturnos do verão apresentaram diferenças menores.

Gráfico 9: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 17h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

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Gráfico 10: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 19h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

Como se observa nos gráficos 11 e 12, as diferenças encontradas durante as 21h e 23h, foram

maiores do que as observadas anteriormente no período representativo do inverno e menores nos dias

representativos do verão. É importante destacar que nesses horários as maiores diferenças entre o

campo e a cidade, foram registradas no mês julho de 2006, sob condições atmosféricas estáveis com

baixa velocidade do vento ou calmaria.

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Gráfico 11: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 21h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

Gráfico 12: Diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e campo em episódios do inverno e

verão às 23h. Fonte: Estação meteorológica automática Vantage Pro 2.

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CONSIDERAÇÕES A pesquisa demonstrou que apesar de Rosana ser uma cidade de pequeno porte foram

constatadas diferenças térmicas e higrométricas entre a cidade e o campo que evidenciaram a

existência de um clima urbano.

As maiores diferenças termo higrométricas foram registradas durante os dias representativos do

inverno, especialmente nos horários noturnos entre as 19h até 23h e sob influência de tempo estável

com céu limpo e calmaria. Os resultados demonstram também que na passagem de sistemas frontais as

diferenças tanto térmicas quanto higrométricas tornaram-se menores ou desapareceram entre o campo

e a cidade.

As maiores temperaturas registradas na cidade durante os horários noturnos possivelmente

ocorreram devido ao armazenamento de calor nos materiais construtivos utilizados nas edificações e

na pavimentação, que dissipam lentamente o calor para a atmosfera após o por do sol. No campo,

devido ao fato de quase não haver edificações e possuir extensa área com vegetação, a radiação

terrestre se realiza de maneira mais rápida, provocando, portanto o resfriamento da atmosfera logo no

início da noite.

O estudo destaca que os componentes antrópicos que compõem a paisagem urbana em Rosana

devem ser repensados e associados a aspectos geoecológicos buscando a melhoria da qualidade

ambiental com práticas que consideram os componentes ambientais fundamentais para o bem estar da

população.

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São Paulo, 2000. Tese (doutorado em Geografia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

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