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Dezembro de 2011ANO XXV Nº 454 www.jornalespacoaberto.com

Todo ser humano tem valor inestimá-vel: não importa se rico ou pobre, jovemou velho, sábio ou não, aberto aos outrosou fechado em si mesmo. A criatura huma-na tem valor em si mesma, como também anatureza e toda a criação. Afinal, tudo éobra do Deus e tem consistência e valor!

“O natal é uma profecia de paz para cada ser humano” (Bento XVI)A Revelação nos diz que Deus tudo

criou por amor. Ele não abandona o quecriou. Mas também se torna criatura huma-na em Jesus de Nazaré: “No princípio era aPalavra e a Palavra estava junto de Deus e aPalavra era Deus. E a Palavra se fez carne eveio morar entre nós” (Jo 1,1;14).

É O PRESENTE DE NATAL!FELIZ NATAL é nosso voto sincero a

todos e todas, nesta comemoraçãonatalina!

Dom Jacyr Francisco Braido,CS – Bispo de Santos, Natal de 2011

A poetisa Edith Pires Gonçalves Dias, que passou a infância e a pré-adolescência no Casarão Branco (Pinacoteca Benedicto Calixto),relembra momentos marcantes da história recente de Santos e da região. A pujança do café, o medo das revoluções de 30 e de 32 e a

luta pela preservação do casarão fazem parte dessas recordações. Última página

Helena Silva

EDITORIAL

Espaço Aberto

*Milton Lourenço

PÁGINA 2 - ESPAÇO ABERTO/DEZEMBRO/2011

Mural

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OPINIÃO

Mais terminais, maior concorrência

* Milton Lourenço é presidente da Fi-orde Logística Internacional e diretordo Sindicato dos Comissários de Des-pachos, Agentes de Cargas e Logísti-ca do Estado de São Paulo (Sindico-mis) e da Associação Nacional dosComissários de Despachos, Agentesde Cargas e Logística (ACTC).

No século XVIII, à época do Bra-sil colonial, era do Estado que tudodependia: as câmaras municipais, en-tre outras atribuições, cuidavam dosestancos, os monopólios que eramconcedidos a alguns escolhidos paraque pudessem explorar alguma ativi-dade comercial. Assim, em cada vilaou cidade, clãs dominavam os negóci-os mais rentáveis da capitania, usu-fruindo de monopólios que estavamvedados aos vassalos de menor pode-rio econômico. Obviamente, o proces-so era marcado por licitações que, nãoraro, envolviam interesses subalternos,tanto do governador e capitão-gene-ral, do ouvidor e dos camaristas e ou-tras autoridades.

Resquício dessa mentalidade car-torial ainda permanece no Brasil dehoje em várias atividades, inclusive,no setor portuário. Basta ver que, nosúltimos onze anos, o governo federallicitou apenas cinco terminais maríti-mos. Com poucos terminais, não háconcorrência e os preços cobrados al-cançam níveis extorsivos. Diante detanta lentidão burocrática – motivadapor incontáveis interesses em jogo –,muitos grupos deixam de investir e,como os números das importações edas exportações só tendem a aumen-tar, os serviços ficam cada vez mais

complicados e caros. Como exemplo,é de lembrar que, no Porto de Santos,o maior dos terminais para contêine-res e líquidos não foi a leilão. Em fun-ção disso, a empresa interessada tevede comprar as outras arrendatárias paraherdar os contratos.

O resultado desse estado de coi-sas é o agravamento da falta da efici-ência dos portos públicos. No Brasil,o armador, em média, desembolsa US$300 para movimentar um contêinercheio, o que equivale a quatro vezesmais o preço do serviço em portosasiáticos e pelo menos o dobro do co-brado em portos europeus modernos.A pretexto de preservar os portos pú-blicos, o que só se pode dar com afalta de concorrência que permite acobrança de altos preços, o governoimpede a remodelação das companhi-as docas, aproveitando ainda essasempresas estatais como moeda de trocano jogo político-partidário, abrindoespaços para muitas nomeações e in-dicações.

É de ressaltar, porém, que a faltade terminais modernos e berços de atra-cação bem equipados obriga o arma-dor a remanejar as escalas dos navios,com todos os prejuízos que isso acar-reta. Além do mais, há um comprome-timento nos possíveis ganhos de efi-ciência e na redução de custos que po-deriam advir do programa federal dedragagem. Ou seja, com calado maior,

os navios grandes – com mais de 7 milTEUs (unidade equivalente a um con-têiner de 20 pés) – podem entrar nosportos, mas encontram poucos guin-dastes disponíveis para servi-los. Parafuncionar a contento, esse tipo de na-vio teria de ser operado por quatro oucinco portêineres ao mesmo tempo afim de que houvesse efetivamente umganho de escala.

Obviamente, como essa não é arealidade dos portos públicos brasi-leiros, há necessidade de maior con-corrência, o que só pode ocorrer sehouver maior número de terminais. Emoutras palavras: seria necessário maisinvestimento e incentivos para aumen-tar a eficiência dos portos, o que sóserá possível com maior desregulamen-tação e abertura. Do contrário, o cus-to para carregar ou descarregar umcontêiner de 40 pés no porto de San-tos continuará três vezes superior aoque é cobrado em Roterdã, o portomais eficiente da Europa. E a tendên-cia é que essa diferença se alargue maisainda.

Não há quem goste de críticas e mesmo quando elas sãoinquestionáveis há quem apresente argumentos, deixando aemenda pior que o soneto. Anualmente o movimento apartidárioVoto Consciente de Santos, que há 12 anos acompanha o traba-lho dos vereadores santistas na Câmara, faz uma análise dasatividades e, de forma elegante, aponta o excesso de tempo per-dido em discussões alheias aos interesses da população. A con-versa dos vereadores entre si, enquanto o colega apresenta umtrabalho, o excesso de datas comemorativas e de comissões,bem como de projetos inconstitucionais (puro popular) e o difi-cultoso uso da Tribuna Cidadã (espaço aberto à manifestaçãopopular limitado apenas à representantes de entidades – entida-de só pode retomar o espaço a cada seis meses), são algumasmanifestações do movimento que teve críticas rechaçadas poralguns vereadores.

Ajudinha - Preocupado com a re-percussão negativa após o anúnciofeito pelo governador Geraldo Al-ckmin (PSDB) de não reforçar o con-tingente da Polícia Civil para a Bai-xada Santista na temporada de ve-rão, o vereador Arlindo Barros(PSDB), pediu ao prefeito santistaJoão Paulo Tavares Papa (PMDB),a celebração de convênio com o Es-tado, para o pagamento do Pró-la-bore, aos policiais civis.Reforcinho - Após o pronuncia-mento do governador, o delegadogeral de polícia, Marcos CarneiroLima, esteve em Santos e anuncioua vinda de cinco delegados e oito adez plantonistas para reforçar o po-liciamento na temporada da Baixadacuja população de 1,6 milhões dehabitantes chega a quintuplicar natemporada de verão.Apagão I – A deputada estadual Tel-ma de Souza (PT) não ficou satis-feita coma explicação da Emae-Em-presa Metropolitana de Águas eEnergia, sobre o apagão de 30 minu-tos que atingiu Cubatão, Santos, SãoVicente e Praia Grande, no últimodia 20. A empresa alegou forte que-da de tensão na Usina Henry Bor-den, em Cubatão.Apagão II – A morte de uma paci-ente no PS Central de Cubatão du-rante o apagão ocorrido na madru-gada de segunda-feira (20), segun-do a assessoria da Prefeitura, nãotem relação com a falta de energia.Diz a nota que a paciente já deuentrada no serviço com mínimaschances de vida. Água na polícia - A Sabesp e o Co-mando do Policiamento do Interior(CPI-6) firmaram convênio implan-tando o Programa de Uso Racionalda Água (PURA) para garantir a pre-servação dos recursos hídricos e aredução dos valores pagos pelo con-sumo.

Não existe momento mais propício à reflexãoque o Natal. Independente de crença, o nascimen-to de Cristo é festejado com muita alegria, especi-almente cordialidade. Assim, deixando-se envol-ver por este clima de cordialidade, optamos poruma edição light, deixando os temas que tantonos afligem para serem solucionados, a seu tem-po, e por aqueles a quem compete a apuração e oencaminhamento de soluções.

O momento é propício também para refletir-mos o futuro de nossas cidades, tendo vista a

aproximação das eleições municipais, em 2012,quando elegeremos nossos representantes nos Le-gislativos e Executivos. Embora muitos não se deemconta, a verdade é que nossa participação, enquan-to cidadãos, é de extrema importância neste pro-cesso.

Vale dizer, a decisão é nossa. Cabe a nós anali-sarmos e escolhermos o melhor para nossas cida-des. E o melhor é estarmos bem representados, es-colhendo aqueles que efetivamente tenham com-promisso com o interesse público.

Praia Grande – A partir de 2012,as sessões da Câmara de PraiaGrande serão realizadas às 10h enão mais às 20h. O dia permaneceo mesmo, quarta-feira. A justifi-cativa é a de que as sessões têmterminado por volta da meia noi-te, o que prejudica a população eservidores da Casa, pois muitosdependem do transporte públicopara se locomoverem.É tudo igual - Depender do trans-porte coletivo a partir da zero hora écruel em qualquer cidade da região.São Vicente – Parece que o que in-teressa ao povo, não desperta muitoa atenção de seus representantes.As sessões itinerantes da Câmara deSão Vicente, iniciativa do vereadorCaio França (PSB), não prospera-ram apesar do interesse da popula-ção. Parece que os vereadores vãocontinuar esperando que a popula-ção vá até eles.

Perda - O jor-nalismo regionalperdeu SérgioMoita, um gran-de profissional,mestre e amigo.Nós do EspaçoAberto tivemos

a felicidade de conhecê-lo no extintoCidade de Santos, onde com ele pro-curamos aprender a arte de lidar compolíticos. “Olhar de 360 graus, ouvi-do aguçado, sorriso meia boca, nãodemonstrar espanto nem curiosidadeexcessiva, para não perder nada deuma conversa”, ensinava o chefe deredação Moita durante o cafezinho(frio àquela hora – entre 21 e 21h30)na cozinha improvisada da redação.Moita que se destacou como repór-ter de política, chefiou o antigo De-partamento de Comunicação da Pre-feitura de Santos, faleceu no últimodia 14 em decorrência de complica-ções cardíacas.

Seco

m/P

MS

ESPAÇO ABERTO/DEZEMBRO/2011 - PÁGINA 3VERÃO

Nem só de sol e mar vive aBaixada Santista que neste fimde semana recebe mais de doismilhões de turistas para feste-jar o Natal e dar as boas vindasao ano de 2012. Muita músicase somará ao sol e mar para fa-zer a felicidade de todos, por-que afinal é VERÃO, a estaçãomais alegre do ano.

A tradicional queima de fogosna virada do ano é embalada pelosprojetos musicais que trazem àBaixada, artistas de sucesso docenário nacional, como Ivete San-galo e Alexandre Pires. Nomes quedespontaramrecentementepara o sucessocomo Luan San-tana e MichelTeló, são atra-ções garantidas.

São Vicente– O projeto Agi-ta Verão 2012promovido pelaPrefeitura deSão Vicente, por meio da Secreta-ria de Cultura (Secult), programounove shows para arena montadana Praia do Itararé, ao lado do Te-leférico com a participação de co-nhecidos astros da música nacio-nal. As apresentações serão àssextas-feiras e aos sábados do mêsde janeiro, às 21 horas. A entrada égratuita.

A festa começa nos primei-ros minutos do novo ano, com aapresentação do cantor Daniellogo após a queima de fogos davirada. O sertanejo traz à São Vi-cente sua mais nova turnê, “Praser feliz”, que tem no repertório,canções inéditas como “Tá noCoração”, “Embora” e “Inevitá-vel”.

Programação:1/1 - Daniel6/1 - Jeito Moleque7/1 - Claudia Leite13/1 - Michel Teló14/1 - Show Gospel20/1 - Léo Marques21/1 - Fernando e Sorocaba27/1 - (ainda indefinido)28/1 - Grupo Pixote

Itanhaém - OShow da Virada apartir das 22h30na Praia do So-nho, com a parti-cipação do GrupoAlgo Mais, marcaa queima de fo-gos para saudar onovo ano. Dandoinício à progra-mação de showsque no dia 1º teminício às 16h, coma Banda Afrodizia e convidados.Nos finais de semana seguintes,

os shows serão realizados na Av.Jaime de Castro, sempre a partirdas 19h.

Programação:31/12 - Grupo Algo Mais1/1 - Regando a Reggae6/1 - Grupo Bom Gosto7/1 - Zé Henrique & Gabriel8/1 - Edson & Hudson13/1 - Dudu Nobre14/1 - Rodriguinho / Luiz Miguele Daniel15/1- Pixote20/1 - Grupo Nuwance21/1 - Rio Negro e Solimões22/1 - Jeito Moleque/Banda Djavú27/1 - Cupim na Mesa/ Latitude 1028/1 - Caju e Castanha/ Asas Mo-renas29/1 - Inimigos da HP

Praia Grande - A programa-ção dos shows para o verão e ré-veillon 2012 na Praia Grande con-templa moradores e turistas com16 apresentações divididas em 12dias de shows. O ingresso para apista é gratuito.

Programação:31/12 - Kléo Dibah e Rafael

1/1 - Hugo e Tiago / Léo e Júnior4/1 – Exaltasamba5/1 – Sorriso Maroto6/1 – Turma do Pagode7/1 - Leonardo8/1 - Pixote13/1 - Sampa Crew15/1 - Maria Cecília e Rodolfo19/1 - Fernando e Sorocaba20/1 - Luan Santana21/1 - Latino27/1 - Daniel28/1 - Alexandre Pires

Guarujá - O Verão Show Guaru-já 2012, que será realizado no estaci-onamento do Ginásio Guaibê (Av.

Com muita música, Baixadadá as boas vindas a 2012

Santos Dumont, 420, bairro SantoAntônio) já tem duas datas defini-das, com acesso a partir das 19h ecom shows a partir das 22. Preço

dos Ingressos: R$140,00, Pista; R$200,00 CamarotePista Premium R$300,00. A meia-en-trada pode ser ob-tida também a par-tir da doação de 1k de alimento nãoperecível ou apre-sentação da cartei-rinha de estudan-te. Ingressos pelosite ticket 360 ouem vários pontos

de venda, como shoppings da re-gião e capital, lojas Planet Girls, RedBros e muitas outras.

Programação:30/12 – Gustavo Lima; e as duplassertanejas Huberto & Ronaldo eJorge & Mateus1/1 – Ivete Sangalo, Michel Teló evários DJs

Cubatão – O Show da Virada trazas duplas sertanejas Juliano e Mar-cos Lima (abre a noite) e depois daqueima de fogos, a apresentação deEdson e Hudson e fechando a noi-te, o Grupo Katinguelê. No municí-pio onde ainda ecoa o sucesso do

Ivete Sangalo

Fernando e Sorocaba Michel Teló

Festival Danado de Bom, recente-mente realizado, a programação davirada será na Praça Independência,no Jardim Casqueiro.

Santos – No réveillon, a tradi-cional queima de fogos em 6 pon-tos (balsas) da orla, além da ZonaNoroeste, Morro e Área Continen-tal. Os fogos serão lançados porseis balsas e em outros cinco lo-cais da Cidade: Fortaleza da Barra(Ponta Praia), Emissário Submari-no (José Menino), Morro São Ben-to (Chapadão do Cruzeiro), MorroIlhéu Alto (Zona Noroeste) e ÁreaContinental (Ilha Diana, Monte Ca-brão e Caruara).

Neste ano o show pirotécnicoserá realizado pela empresa Fi-reworks do Brasil, que realizou di-versas queimas no réveillon de Co-pacabana, além de ter sido respon-sável pelos fogos dos jogos pan-americanos do Rio de Janeiro (2007)e da última edição do Rock in Rio.Esta firma também está concorren-do para fazer a abertura dos jogosolímpicos de Londres, em 2012.

Bailes nas tendas montadasnas praias Aparecida, Embaré, Bo-queirão, Gonzaga e Pompéia, co-meçam também no réveillon e se-guem até o Carnaval, com ativida-des diárias e variadas: música,dança, esporte, literatura e teatro.

Fotos: Divulgação

PÁGINA 4 - ESPAÇO ABERTO/DEZEMBRO/2011 SINDICAL

Cidadão SantistaWalter Cabrera

A Câmara de Santos homenageou no último dia 16, o diretor doFórum, o juiz Ramon Mateu Júnior (centro), com o título de Cida-dão Santista, por iniciativa do vereador Antônio Carlos BanhaJoaquim. Entre os presentes, o prefeito João Paulo Tavares Papa.

Rodoviário prevê profissão regulamentada em 2012Paulo Passos

Pestana aguarda consulta sobre o acúmulode funções por parte do motorista

Apesar da grande responsabilidade, a função do motorista aindanão é reconhecida como profissão

É possível que em 2012,o governo federal, final-mente regulamente a pro-fissão de motorista. A ex-pectativa é do presidentedo Sindicato dos Trabalha-dores em Transportes Ro-doviários de Santos e re-gião, Valdir de Souza Pes-tana, pois neste mês de de-zembro, o Senado aprovouo projeto de lei que regula-menta a profissão.

O texto, explica o sindi-calista, é resultado de acordo en-tre a Confederação Nacional doTransporte (CNT, empresarial) e aConfederação Nacional dos Tra-balhadores do Transporte Terres-tre (CNTTT). Trata-se de um subs-titutivo ao projeto de lei da Câma-ra (PLC) 319-2009, do ex-deputa-do federal Tarcísio Zimmermann(PT-RS). Uma das principais ino-vações é a fixação da jornada detrabalho da categoria.

Espera-se que, quando regu-lamentada a profissão, haja bene-

Arquivo EA

fícios à categoria, principalmentemelhores condições de vida e tra-balho, com redução de acidentes.

O sindicalista crê nessa possi-bilidade porque, com o acréscimodo capítulo III-A no Código de Trân-sito Brasileiro, fica proibido aosmotoristas profissionais dirigir maisde 4 horas ininterruptas. Após esseperíodo, deverá haver um interva-lo mínimo de 30 minutos para des-canso. “Em situações excepcionais,contudo, ficará permitida a prorro-gação por até uma hora do tempo

de direção, de modo a permitir aocondutor, ao veículo e sua cargachegar a lugar que ofereça segu-rança e atendimentos demandados.Além disso, os condutores serãoobrigados, dentro de um períodode 24 horas, a observar um interva-lo mínimo de 11 horas de descan-so, podendo esse tempo ser fracio-nado em nove horas mais duas

horas, no mesmo dia”, esclarece olíder da categoria.

Valdir Pestana estuda o pro-jeto aprovado no Senado parasaber quais benefícios trará aosmotoristas de ônibus urbanos,que formam a base do sindicatoque preside. Ele pediu à sua as-sessoria jurídica parecer sobrequestões como o acúmulo dasfunções de motorista e cobrador.O sindicalista espera ter o resul-tado da pesquisa no começo de2012.

O texto, que agora volta à Câ-mara, impõe aos empregadores,sem ônus para os motoristas, asdespesas com cursos exigidospela legislação e com um seguroobrigatório, com valor mínimo cor-respondente a dez vezes o pisosalarial da categoria.

ESPAÇO ABERTO/DEZEMBRO/2011 - PÁGINA 5EDUCAÇÃO

Cubatão

Inscrições para o transporte escolarNo período de 2 a 20 de janei-

ro, estarão abertas as inscriçõespara o transporte escolar gratuitopara estudantes da Educação In-fantil, do Ensino Fundamental, doEnsino Médio e também para alu-nos da Educação de Jovens eAdultos (EJA) em Cubatão. Ins-crições nas dependências da UMEPrincesa Isabel (Pça. Getúlio Var-gas, 50 – Centro), das 9h às 16h.

Os pais ou responsáveis pe-los estudantes das escolas públi-cas, que residam a mais de 1,5 qui-lômetro da unidade escolar ondeestão matriculados, devem apre-

Itanhaém

A Prefeitura de Itanhaémestá construindo mais quatroescolas com previsão de entre-ga para início de 2012. As uni-dades atenderão as regiões doGuapurá, Suarão, Savoy e San-ta Júlia que criarão até 995 va-gas. Com recurso do Plano deAção de Itanhaém (PAI) queestá investindo em torno de R$5.580.000,00, serão construídastrês Escolas de Educação Infan-til e uma Escola de Ensino Fun-damental.

Guapurá - A Escola Munici-pal de Ensino Fundamental abri-

VovonautasMais uma turma de duzentos “vovonautas” concluiu o

curso de informática da Terceira Idade, oferecido pela Pre-feitura de Santos no Centro de Capacitação Permanente doProfessorado Santista Profº Darcy Ribeiro. A solenidaderealizada no Cais, antigo Colégio Santista, comemorou ainclusão digital de mais de quatro mil idosos desde a fun-dação. O curso gratuito, destinado a interessados maioresde 60 anos, foi uma iniciativa do vereador Odair Gonzalez.

sentar os seguintes documentos:cópia da Carteira de Identidade ouda Certidão de Nascimento, cópiado comprovante de residência emnome do responsável legal ou doaluno (se for maior de idade) e umafoto 3x4 recente. No ato da inscri-ção, o pai ou responsável, deverápreencher a Declaração de Res-ponsabilidade. Os alunos da Edu-cação Infantil e do Ensino Funda-mental I têm direito ao transporteem ônibus escolar fretado até com-pletar 12 anos. Já os alunos maio-res de 12 anos são beneficiadoscom o passe escolar gratuito.

Prefeitura constrói mais quatro escolas

gará um berçário, dois maternaise duas pré-escolas, em uma áreade 5.960 m². A unidade atenderáaté 535 alunos.

Santa Júlia – Com obra(Avenida Europa esquina coma Rua Alemanha) iniciada, terá836m² de área construída, abri-gando dois maternais e três pré-escolas.

Savoy – Na Rua Jaime Lino

dos Santos, priorizará em umaárea de 918m² de construção, oatendimento a 180 crianças comidade entre quatro meses a cin-co anos.

Suarão - Com capacidadepara atender até 100 crianças, anova unidade localizada na RuaLucas Nogueira Garcez, abriga-rá dois berçários, dois mater-nais e uma pré-escola.

Eduardo Rebelatto

Divulgação

Dança

PÁGINA 6 - ESPAÇO ABERTO/DEZEMBRO/2011 VARIEDADES

Nas Bancas

Espaço Astral

Silvia Helena

SIGNO DO MÊS: CAPRICÓRNIO

Silvia Helena - AstrólogaTel: 3466-4500 - Site: www.stellium.jor.brE-mail: silvia@stellium.jor.br

22 de dezembro a 19 de janeiro

Começamos o ano do nossocalendário, com o signo de ca-pricórnio, cuja simbologia, a ca-bra montanhesa, tem a ambiçãode chegar ao topo da montanha,mas com calma e paciência. Osnascidos nesse signo são pes-soas de poucas palavras, mas decomentários irônicos, um tantosombrios e ao mesmo tempo en-

graçados. São pessoas dignas deconfiança, e que muitas vezes seexcedem nas suas responsabilida-des.

Sua mente é extremamente ra-cional e séria, e seus padrões depensamentos são construtivos etem uma grande habilidade de pla-nejar cada detalhe, passando aimagem de frio e calculista. Por

querer sempre cumprir sua meta, éum signo que fica sujeito a depres-são, portanto deve entender quecomo todo ser humano, tem limi-tes.

No amor, pode ter falha de co-municação em virtude da timidezou porque considere os negóciosmais importantes. Mas seja qualfor a situação, tende a se sentir

um solitário, portanto deve falarmais dos seus sentimentos.

Na carreira profissional, os ca-pricornianos precisam de seguran-ça e um pagamento certo todo mês,pois com isso faz um progressoregular, buscando sempre a segu-rança do emprego, como funcio-nário público, engenheiro, admi-nistrador de qualquer espécie.

Apesar da calma e vagareza, che-ga ao topo como é seu objetivo.

O capricorniano é muito con-tido, por isso desde adolescentedeveria se interessar por músicapara liberar mais o seu lado emo-cional e sensível de ser. A figurapaterna é muito importante paraa sua caminhada familiar. (No sitewww.jornalespacoaberto.com asconsiderações da astróloga so-bre o ano de 2012)

Elemento: Terra - Planeta regente: Saturno

Dica para 2012Pedir proteção e ser feliz:Na passagem do dia 31 para

o dia 1º, pegue 3 flores de jas-mim e 3 lírios. Pingue algumasgotas de seu perfume preferidosobre elas, depois acenda umavela branca e um incenso de ro-sas.

Em seguida leia o salmo 36e faça os seus pedidos commuita fé.

Após a vela e o incensoqueimarem, leve tudo ao mar oudeposite em um jardim bem flo-rido (se preferir, pode levar asflores no dia seguinte).

Cor, vida e alegria nas novascores apresentadas em Casa Cláu-dia de dezembro que entre as mui-tas dicas, mostra como ter um barem casa e peças que organizam pe-quenos ambientes. Em Viagem eTurismo a dica é invadir Punta delEste e Fortaleza, um dos roteirosmais procurados do Brasil e révei-llons inesquecíveis em Sydney,São Paulo, Paris, Nova York e Riode Janeiro. Grátis, o novo GuiaQuatro Rodas.

Pense Leve conta como de goleem gole as mulheres sofrem maiscom os efeitos do álcool do queos homens (isso é muito sério), emais, conheça a dieta para ficarjovem. VIP mostra a transforma-ção de Sthefany Brito que se apre-senta como um mulherão, cincoanos após seu primeiro ensaiosensual. Em Super Interessante,o diário de uma mãe sincera des-creve passo a passo o outro ladoda gravidez que não é nenhum

conto de fadas e um guia verdepoliticamente incorreto. Todas nas

bancas à sua espera e na Reda-ção, por cortesia da Dimare SA.

Jovens bailarinos de SV se preparampara concurso em NY

Giovana Costa

VerônicaVasconcelos

Larissa Machado

Cinco bailarinos do BaléJovem de São Vicente se pre-param para embarcar paraNova York em busca do so-nho de se tornarem grandesnomes da dança. Além disso,eles terão a oportunidade defrequentar aulas com impor-tantes mestres da dança inter-nacional e concorrer à bolsasde estudos nas maiores e me-lhores escolas de dança domundo.

Noan Alves (16), Verôni-ca Vasconcelos (16), Laris-sa Machado (17), GiovannaCosta (11) e Sarah Ignácio(11) foram aprovados na se-letiva do Youth AmericanGrand Prix (YAGP) realiza-do este ano em Santos. Du-zentos bailarinos de todo oBrasil disputaram as 30 va-

gas da Delegação Brasileirade Dança que representará opaís, no mais famoso concur-so de dança que acontece nopróximo ano em NovaYork.

Além dos cinco seleciona-dos, a jovem Dandara Caeta-

no, da mesma escola foi sele-cionada como suplente.

Caso um dos trinta partici-pantes não possa viajar, ela in-tegrará a delegação.

Brasileira de Dança e já foramrevelados vários talentos,como Felipe Vieira, de 18anos, contratado pelo Balé daÓpera de Viena/Áustria, e de

Fernanda Lopes, 15 anos,vencedora da bolsa de estu-dos para o Balé de Stuttgart,

Jovem São Vicente foi criadoem 2003, inicialmente comoprojeto social. Hoje, celeirode jovens bailarinos, a escolaque funciona na Av. PrefeitoJosé Monteiro, 70, atende 380alunos que sonham com gran-des palcos.

O Balé Jovem de São Vi-cente representa aCidade em dife-rentes estados do

Brasil e do exte-rior. Desde

2006, seusalunos fa-

zem parteda delegação

na Alemanha.Uma iniciativa das profes-

soras de balé, Sabrina Olim-pio e Geyssa Alencar, o Balé

ESPAÇO IN ESPAÇO ABERTO/DEZEMBRO/2011 - PÁGINA 7

* Toninho Madrugada (AntonioLombardi Junior) Radialista, Com-positor, ex-Presidente da UESBAS –União das Escolas de Samba da Bai-xada Santista

Toninho Madrugada

Desabafodo Samba

São Vicente nãofoi tão Santocom o SambaA Baixada Santista ainda não

aprendeu a prestigiar seus sambistas, econtinua importando gente de SãoPaulo para fazer palestras sobre Sam-ba nas festividades do Dia do Samba, 2de dezembro.

Santos, a Capital do samba da Bai-xada, manteve a tradição e respeito comnossas raízes, levando à comemoraçãoos mais antigos e respeitados membrosdo Samba da Cidade: J. Munis, Delega-dinho, Nego Wilson, os Cidadãos e asCidadãs Samba, Cabos, Reis e Rainhas,Mestres Salas e Portas Bandeiras, Com-positores, Passistas, Ritmistas, Sambis-tas, Diretores, Autoridades e uma infi-nidade de gente que vive o mundo doSamba. A X9, na medida do possível,manteve a tradição da Alvorada doSamba com café e bolo.

Não tenho nada contra nossos co-irmãos paulistanos, mas, lembro per-feitamente quando eles vinham a San-tos, literalmente, aprender conosco,pois éramos considerados o segundomelhor desfile de Escolas de Samba doBrasil. O marchado samba de Sampamudou após a participação de nossosritmistas que enxertaram as bateriasdos paulistanos, nossos compositoresvenceram uma infinidade de sambasem várias Escolas da Capital, nossospassistas deram verdadeiros shows napassarela do Anhembi, auxiliando emmuito, o crescimento do Samba Pau-lista, principalmente com o poder fi-nanceiro que eles têm, suplantaram osMestres, sem dúvida.

Respeito hoje o desfile das Escolasde Samba de São Paulo como o 2º me-lhor do Brasil. Só não aceito convidaros sambistas de São Paulo para fazerpalestras sobre o Samba Santista.

Será que nós não temos palestran-te competente para isso? Sinto mui-to, mas, São Vicente pisou na bola.

Assim sendo, que Oxalá nos aben-çoe e meu Pai Ogum nos dê Malême.AXÉ!

O Festival de Verão Pé naAreia promove neste sábado(24), durante o dia na Praia doGonzaguinha, uma oficina deesculturas em areia, ministradapelo mestre em escultura GinezRibeiro Munhoz. Durante a ofi-cina os participantes terão no-

São Vicente

Festival de Verão oferece curso de esculturações básicas de como esculpirem blocos de areia e introduçãodas formas de escultura huma-na.

Para participar, não é precisopreencher ficha de inscrição oulevar documento, todas as ativi-dades do Festival têm entrada gra-

tuita. As inscrições poderão serfeitas no local, minutos antes doinício da oficina, porém as vagassão limitadas.

O evento é uma iniciativa daSecretaria de Turismo do Estadode São Paulo em parceria com aPrefeitura de São Vicente.

Arquivo EA

No teatro e no cinema, Dantas, irreverente e contestador,deixou sua marca

Escola pede passagem para Toninho Dantas A vida levada como um samba

enredo, desfilando numa avenidacheia de caras e bocas, passandopor altos e baixos, sorrindo paraconter o choro sem sair do com-passo e terminar triunfante na apo-teose, assim foi a trajetória de To-ninho Dantas que no ano passa-do, no auge da criatividade e dosucesso, partiu para o andar decima, deixando na terra uma legiãode amigos.

E é essa vida de palco, de cine-ma, que a Mocidade Dependentedo Samba vai mostrar na Passare-la do Samba “Dráuzio da Cruz”, noCarnaval de 2012, homenageandoo grande agitador cultural que foiToninho Dantas, falecido em 2010,aos 61 anos.

A festa para o lançamento doenredo “Toninho Dantas: de agi-tador cultural à calçada da fama éhoje a estrela que brilha no carna-val da Mocidade” será realizada

em 8 de janeiro, a partir das 18h,no Ginásio de Esportes da Casada Criança, localizada na AvenidaConselheiro Rodrigues Alves nº120 (entrada pela Av. SenadorDantas).

Na ocasião, a agremiação pre-sidida por Abelardo FernandesSilva, fundada em 2008 e que as-cendeu ao grupo principal do Car-naval Santista em 2011, apresen-tará a Bateria “Garra da Pantera”,mestre sala e porta bandeira e de-mais segmentos da escola, e ain-da, interpretes dos casais de mes-tre sala e porta bandeira das esco-las co-irmãs Mocidade de São

Miguel (Guarujá), Independênciado Casqueiro (Cubatão), e de San-

tos, as Escolas Vila Mathias, RealMocidade, Império da Vila e X-9.

Conhecer a Baixada Santistapor apenas R$ 10,00 é uma boaopção de passeio nessa tempora-da. O projeto Roda SP, idealizadopela Secretaria de Turismo do Es-tado de São Paulo, oferece o pas-seio em um ônibus Double-deckerque pode ir de Bertioga a Peruíbe,

Roda SP diariamente, das 9 às 16h45, comsaída a cada 45 minutos de váriospontos da região, de acordo coma rota escolhida. Entre os pontosde venda de passagem, está a Bi-quinha, em São Vicente. Confira nosite www.jornalespacoaberto.comas rotas disponíveis.

Divulgação

PÁGINA 8 - ESPAÇO ABERTO/DEZEMBRO/2011 MEMÓRIA

* Carlos Pinto – Jornalista e Presidente do ICACESP

Carlos Pinto

O alarmista e o aniversárioda pinacoteca

A cada quatro anos ele ressurgedas sombras, quem sabe saído de al-gum sarcófago onde dormita por talperíodo.

É só começarem as articulaçõesvisando o processo eleitoral, e estemisto de ambientalista com candi-dato a vereador, aparece para desti-lar suas impressões sobre o fim domundo que em breve cairá sobre San-tos. Observo tais atitudes a pelomenos duas décadas. Passado o pe-ríodo e contados os míseros votosque consegue com suas falácias der-rotistas, volta a dormitar em suatumba até que nova eleição venha aacontecer.

A ele só importa o fato de queprecisa estar na mídia, mesmo queseja a custa da honra e da dignidadede uma cidade. Durante os anos queseparam uma eleição da outra, nãose escuta qualquer opinião sua. Dor-me o chamado sono dos justos comose fosse o imperador da verdade. Deuma hora para outra ele conseguevislumbrar praias totalmente poluí-das, canais cheios de vibriões coléri-cos, sapos contaminados pela den-gue e outras patacoadas mais.

É o típico personagem folclóri-co, que não separa joio do trigo, masque se acha acima de qualquer sus-peita. Nós o veremos até outubrodo próximo ano, cantarolando suasfábulas derrotistas, maculando a ci-dade, e sem produzir nada de útilpara a sociedade. Mas se pintar umcargo na administração pública, viralogo de bandeira e passa a achar tudolindo e maravilhoso.

A ele se junta determinado órgãodo Estado, que ao se avizinhar a tem-porada de verão, também consegueachar senões em todas as praias deSantos, Guarujá, São Vicente e Praia

Grande. Mas esse mesmo órgão,durante o resto do ano, não produzcríticas ao Estado no que concerne àfalta de um planejamento para queVicente de Carvalho, Cubatão e SãoVicente, consigam receber as obrasde saneamento básico que precisame merecem. A isto o senhor ambien-talista também não critica, porquesendo funcionário do Estado nãoquer correr riscos.

Passando de um assunto inopor-tuno, a outro de grande oportunida-de, quero cumprimentar a direção daPinacoteca Benedito Calixto, pelos25 anos de sua fundação, e de ativi-dades ininterruptas em prol da cul-tura de nossa região.

Para que esta data seja comemo-rada, devemos refletir sobre sua cri-ação e sobre os responsáveis pelapreservação do Casarão Branco ondeestá instalada.

Em primeiro lugar, ao ex-pre-feito nomeado Carlos Caldeira, aquem coube pagar a um dos herdei-ros daquela mansão. Posteriormen-te, ao ex-prefeito Oswaldo Justo,que junto com Edith Pires Gonçal-ves (uma das herdeiras) consegui-ram compor os entendimentos e pa-gamento dos demais herdeiros. Porúltimo, ao idealizador, responsávelpela restauração do imóvel e cria-dor da Fundação Benedito Calixto:Darci Barros.

Darci era um homem dinâmico,empreendedor, amante das artes edesvinculado de qualquer participa-ção político-partidária. Com sua for-ça de vontade construiu uma idéiaque hoje completa seus 25 anos deexistência. Seu nome, ao lado deOswaldo Justo, jamais poderá seresquecido neste momento de come-morações.

Comemorando 25 anos defundação, a Pinacoteca Bene-dicto Calixto recebeu maisuma visita da antiga morado-ra, Edith Pires GonçalvesDias, que relembrou momen-tos marcantes da história re-cente de Santos e região. Dariqueza do café à luta pela pre-servação do imóvel, passan-do pelo medo das revoluçõesde 1930 e de 1932, a históriaestá impregnada naquelas pa-redes brancas.

A Pinacoteca, nascida para preser-var a obra do pintor Benedito Calixto,completou 25 anos, mas sua sede, oCasarão Branco, na Av. Bartolomeu deGusmão, 15, no bairro do Embaré, emSantos, existe desde 1904, construídapor um alemão que ali morou com suafamília por pouco tempo, vendendo apropriedade ao casal Francisco da Cos-ta Pires e Zulmira Barros Pires, pais dapoetisa, em 1910.

O imóvel foi vendido pelo siste-ma “porteira fechada”, ou seja, commóveis e utensílios. Até animais eempregados foram deixados na casapara o novo proprietário que até en-tão tinha sete filhos. Um investimen-to equivocado na praça cafeeira acar-retou problemas financeiros à famíliaPires que vendeu o casarão e mudoupara São Paulo, onde nasceu Edith queaos dois anos chegava ao casarão rea-dquirido por seu pai pela mesma quan-tia (150 contos de réis) que venderaao Asilo dos Inválidos.

Aí começa a história de Edith noimóvel, que sofreu ampla reforma paramelhor adequação da família, entãocom 12 filhos.

Ali no imóvel de estilo europeuque dominava a avenida da praia, cres-ceu Edith, nascida em 6 de julho de1919. Até os 14 anos, Edith não sen-tava-se à grande mesa de jantar comos pais. “As crianças faziam as refei-ções noutra sala. Papai era um ho-mem bom, mas exigia disciplina. Eledizia que determinados assuntos não

“Para que a história nãose perca com o vento”

interessavam as crianças. Foi graças àesse rigor que nossa família suportoudiversos revezes, inclusive a passa-gem de revoluções como as de 1930 e1932. Quatro irmãos e dois cunhadosforam para o front. Lembro bem daRevolução Constitucionalista queconsidero uma das mais belas páginasda história de São Paulo, quando opovo paulistano lutou por seus ide-ais. Os paulistas queriam derrubar ogoverno provisório de Getúlio Vargas,imposto na Revolução de 30”.

Segundo Edith, o medo da famílianão era exclusividade dos Pires, masde todos.

“Mas vivemos muitos momentosfelizes. Nossa casa era o ponto de en-contro de pessoas ilustres que eu ficavaescondida admirando, entre eles o médi-co e poeta Martins Fontes. Era muitopequena quando ele escreveu um versoreferindo-se aos meus olhos (azuis) noverso de uma receita destinada à minhamãe que estava acamada”.

Em 1935, os Pires novamente ven-deram o casarão de vitrais coloridos.Nessa época, o trânsito já era “inten-so” na avenida da praia, os bondes pas-savam a cada duas ou três horas. Acidade de Santos era considerada “agi-tada” pois tinha um comércio chama-tivo crescendo em volta das residênci-as no atual centro histórico. “Mas acriação ainda era muito rígida, moçasnão saiam desacompanhadas dos paisou uma tia. Os namoros eram muitodiferentes. Acompanhava minhas ir-

mãs mais velhas ao passeiono Gonzaga, onde as moçaspasseavam de um lado da ave-nida e os rapazes se concen-travam do outro lado”.

A crise no comércio cafe-eiro levou os Pires a vender abela vivenda de mais de 8 milmetros quadrados à uma em-presa que posteriormente ven-deu para um comerciante deferro velho. Na década de 1970,o valor elevado do imóvel im-pediu que os herdeiros desse

comerciante passassem o imóvel à fren-te, iniciando aí um triste capítulo dahistória do casarão branco. Por razõesque Edith prefere não tocar, o casarãochegou a ser ocupado por 29 famíliasque desfiguraram o local.

Inúmeros foram os apelos ao go-verno municipal para que o casarãofosse preservado, já que os proprietá-rios não tinham condições de preser-vá-lo. Em 1979, o então prefeito no-meado, Carlos Caldeira Filho, assinoua declaração de utilidade pública doimóvel. Somente em 1984, já no go-verno de Oswaldo Justo, a prefeituratomaria posse do casarão, após acor-do com os herdeiros remanescentes edois anos depois a destinação da casaà Pinacoteca.

“Sofri muito assistindo parte dahistória de minha vida e da história deSantos se deteriorando, mas o bomcenso prevaleceu e hoje o CasarãoBranco é sem sombra de dúvidas, umpatrimônio da cidade e da região, umaverdadeira arca que guarda o maior te-souro de um povo que é sua história”,conclui a poetisa Edith Pires que ex-plica: “gosto de relembrar os fatospara que nossa história não se percacom o vento”.

A Pinacoteca Benedicto Calixto,aberta de terça-feira a domingo, das14 às 19h, sedia eventos culturais eatualmente apresenta a exposição “Es-tuário – Xilogravuras entre a serra e omar”, do artista plástico Fabrício Lo-pez.

Fotos: Helena Silva

Edith no terraço de onde acompanhoumudanças históricass