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1 O MUNDO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO Salonides José Zanella de Avila 1 RESUMO: As transformações ocorridas no mundo do trabalho, a partir de novas formas do homem organizar a produção de sua existência, tem um impacto direto nas instituições sociais, principalmente na família e na escola. Na educação formal, educadores e educandos vivem diretamente os resultados, geralmente conflituosos, da implantação de políticas educacionais formuladas de acordo com as novas demandas criadas pelas mudanças no mundo do trabalho. De um lado vemos a versão da educação salvacionista como fator por excelência para a inclusão e participação social. De outro vemos a descrença em uma educação, incapaz de superar os interesses do capital, em relação à exploração e exclusão. Conhecer o processo pelo qual o homem organizou sua produção e existência, sua forma de pensar e ser em diferentes tempos, nos ajudará a entender melhor, no contexto atual, as relações e valores que permeiam o modo de produzir e as políticas educacionais. PALAVRAS-CHAVE: Trabalho. Educação. Modo de produção. Contradição. ABSTRACT: The changes in the world of work, from new forms of man to organize the production of its existence, have a direct impact on social institutions, especially in the family and at school. In formal education, educators and students living with their results, often conflicting, the implementation of educational policies formulated according to the new demands created by changes in the working world. On one side we see the version of education excellence by Salvationist as a factor for social inclusion and participation. Otherwise we see the disbelief in an education, unable to overcome the interests of capital in relation to the exploitation and exclusion. Knowing the process by which the man organized its production and existence, their way of thinking and be at different times, will help us better understand, in the current context, relationships and values that permeate how to produce and education policies. 1 Salonides José Zanella de Avila é professor da rede pública de ensino do Estado do Paraná, Educação Básica e formado em filosofia/história, pela PUC/PR. Este trabalho contou com a orientação e discussão do professor Rinaldo José Varussa, da Unioeste-Mal Rondon.

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Page 1: O MUNDO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO - … · 1 O MUNDO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO Salonides José Zanella de Avila1 RESUMO: As transformações ocorridas no mundo do trabalho, a partir

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O MUNDO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO

Salonides José Zanella de Avila1

RESUMO: As transformações ocorridas no mundo do trabalho, a partir de novas

formas do homem organizar a produção de sua existência, tem um impacto direto

nas instituições sociais, principalmente na família e na escola. Na educação formal,

educadores e educandos vivem diretamente os resultados, geralmente conflituosos,

da implantação de políticas educacionais formuladas de acordo com as novas

demandas criadas pelas mudanças no mundo do trabalho. De um lado vemos a

versão da educação salvacionista como fator por excelência para a inclusão e

participação social. De outro vemos a descrença em uma educação, incapaz de

superar os interesses do capital, em relação à exploração e exclusão. Conhecer o

processo pelo qual o homem organizou sua produção e existência, sua forma de

pensar e ser em diferentes tempos, nos ajudará a entender melhor, no contexto

atual, as relações e valores que permeiam o modo de produzir e as políticas

educacionais.

PALAVRAS-CHAVE: Trabalho. Educação. Modo de produção. Contradição.

ABSTRACT: The changes in the world of work, from new forms of man to organize

the production of its existence, have a direct impact on social institutions, especially

in the family and at school. In formal education, educators and students living with

their results, often conflicting, the implementation of educational policies formulated

according to the new demands created by changes in the working world. On one side

we see the version of education excellence by Salvationist as a factor for social

inclusion and participation. Otherwise we see the disbelief in an education, unable to

overcome the interests of capital in relation to the exploitation and exclusion.

Knowing the process by which the man organized its production and existence, their

way of thinking and be at different times, will help us better understand, in the current

context, relationships and values that permeate how to produce and education

policies.

1Salonides José Zanella de Avila é professor da rede pública de ensino do Estado do Paraná, Educação Básica e

formado em filosofia/história, pela PUC/PR.

Este trabalho contou com a orientação e discussão do professor Rinaldo José Varussa, da Unioeste-Mal

Rondon.

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KEY WORDS: Work. Education. Mode of production. Contradiction.

INTRODUÇÃO

Neste artigo veremos que as transformações ocorridas no mundo do

trabalho, a partir de novas formas do homem organizar a produção de sua

existência, tem um impacto direto nas instituições sociais, principalmente na família

e na escola.

Na educação formal, educadores e educandos vivem diretamente os

resultados, geralmente conflituosos, da implantação de políticas educacionais

formuladas de acordo com as novas demandas criadas pelas mudanças no mundo

do trabalho. De um lado vemos a versão da educação salvacionista como fator por

excelência para a inclusão e participação social. De outro vemos a descrença em

uma educação, incapaz de superar os interesses do capital, em relação a

exploração e exclusão.

Conhecer o processo pelo qual o homem organizou sua produção e

existência, sua forma de pensar e ser em diferentes tempos, nos ajudará a entender

melhor, no contexto atual, as relações e valores que permeiam o modo de produzir

e as políticas educacionais.

Ainda neste artigo veremos os conceitos de trabalho e as concepções

estabelecidas entre trabalho e educação em diferentes tempos e sociedades, no

intuito de entender os valores que permeiam tais ralações.

Este estudo permitirá compreender, através de um embasamento

bibliográfico, as várias maneiras como o homem vem organizando, no decorrer do

processo histórico, os modos de produzir sua existência, que tem se modificado de

acordo com as necessidades e interesses de uma classe dominante.

A análise não tem a intenção, nem conta com a ingenuidade de encontrar as

soluções, mas, levantar dados provocando discussão, visando uma melhor

compreensão do contexto atual.

Entendendo melhor a maneira como o homem organiza a produção de sua

existência, sua forma de pensar e de ser, podemos perceber no bojo dos conflitos e

contradições do sistema, os valores que permeiam tais as relações, no que tange a

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questão trabalho-educação, na tentativa de compreender melhor as crises

vivenciadas no cotidiano da escola.

PERCEPÇÕES RELATIVAS A TRABALHO E EDUCAÇÃO

Ao desenvolver nosso trabalho cotidiano como educadores, fazemos

constantemente referências a concepção trabalho-educação e percebemos a

importância que o educando dispensa a referida concepção , devido o tema fazer

relação direta com seus anseios e projetos.

Como o homem se constitui através do trabalho em diferentes sociedades?

Trabalho sempre teve relacionado com a educação nas diferentes culturas? Quais

significados o trabalho tem assumido em diferentes tempos, e que valores permeiam

as relações de produção? Como as mudanças ocorridas no modo de produção

acarretam transformações no modo de pensar e ser das pessoas hoje?

Conhecer o processo pelo qual o homem organizou sua produção e

existência, sua forma de pensar e ser em diferentes tempos, nos ajudará a entender

melhor, no contexto atual, as relações e valores que permeiam o modo de produzir

e as políticas educacionais.

Sentimos nos dizeres e comportamentos dos alunos, através de suas

experiências vividas no mundo do trabalho, somadas as que seus próprios familiares

vivem, diferentes concepções na relação trabalho-educação. Percebemos por parte

de alguns, a confiança depositada na educação, como uma ferramenta que o

capacitará para o trabalho através da aquisição do conhecimento, capaz de garantir

um futuro melhor. Como no dizer do aluno do 3º ano do Ensino Médio:

“Meu pai sempre trabalhou muito, para sustentar a família, não conseguiu

fazer faculdade. Eu quero uma vida diferente, mais tranqüila, ser alguém através de

meu próprio esforço. Quero fazer uma boa faculdade e conseguir bom emprego”.

(ALUNO2)

2Entrevista com o aluno F.B.C.. 3º ano Ens.Médio

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Por outro lado, percebe-se nos dizeres de outros estudantes, uma concepção

de trabalho e educação totalmente diferente. Mostrando o descrédito no mercado de

trabalho, na perspectiva de um meio que garanta a sobrevivência com dignidade,

através de suas capacidades e um descrédito na educação como instrumento capaz

de superar esta condição.

“A minha perspectiva diante do mercado de trabalho é de desânimo, vejo

muita gente desempregada ou se matando de trabalhar e ganhando pouco, mesmo

com faculdade completa.” (ALUNO3 )

Esta falta de perspectiva, de não conseguir incluir a educação formal como

parte de um projeto de vida, de futuro, explica também, a falta de interesse e certos

comportamentos tão indesejados do educando em relação à educação, refletidos no

cotidiano das escolas.

Trabalho e educação são atividades especificamente humanas, inexistem fora

do que concebemos como humanidade. O homem se humaniza através do

trabalho. Ao transformar a natureza, na tentativa de suprir suas necessidades, o

homem produz sua própria maneira de ser, de existir, sua essência. Agindo sobre o

meio natural, trabalhando-educando, construindo e transmitindo o conhecimento

necessário à existência , está se humanizando , ou seja, se fazendo diferente

dos outros animais.

Ao agir de forma consciente, segundo o marxismo, no ato de criar e recriar-se

pelo trabalho, o homem também humaniza a natureza. Assim ao trabalhar está se

educando, numa contínua condição histórica, de forma que sua essência é

construída continuamente pelo trabalho e transmitida através das gerações, no ato

de educar-se. Desta forma o homem não nasce homem, ele se faz pelo trabalho. A

medida que produz sua existência , o homem se faz. Diferentemente do animal que

age pelo instinto, ele age intencionalmente.

Mas, o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já

3 Entrevista com a aluna A.P.D. – 3º ano do Ens. Médio

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no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e, portanto, idealmente (PARANÁ, 2006, p.19).

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Temos visto que o homem não tem medido esforços em produzir e acumular

conhecimentos, e revelado suas capacidades de aperfeiçoar a técnica, a arte de

fazer, a tal ponto de automatizar a produção, reduzindo o tempo e o seu próprio

esforço físico na realização do trabalho.

Na sua evolução histórica, a humanidade tem experimentado vários sistemas

ou formas de organizar sua produção e existência, mudando de acordo com as

necessidades e de acordo com os valores estabelecido pelos interesses de uma

classe dominante.

Na atual fase, o sistema capitalista, acabou de ultrapassar a partir dos anos

80, a hegemonia da organização fordista, baseada nos princípios do taylorismo-

fordismo, como organização do trabalho, para um novo modo de organizar a

produção, tendo como principal característica à acumulação flexível. As formas

anteriores são incorporadas, portanto deixam de ser hegemônicas. Esta nova lógica

da reestruturação produtiva supera a anterior no poder de acumulação. Busca uma

produção ainda mais enxuta, através da redução de custos: investindo em

tecnologia de automação, na redução da força de trabalho vivo, criando o

desemprego estrutural, intensificando a exploração e flexibilizando os direitos

trabalhista.

Como resultado da crise sofrida nas décadas de 70 e 80, houve o processo

de internacionalização do capital. Este ultrapassou as fronteiras nacionais e se

globalizou, trazendo de arrastão na sua esteira, pelas exigências das necessidades

criadas, transformações em todos os âmbitos da sociedade: do ponto de vista do

mundo do trabalho trouxe o desemprego estrutural; novas formas de organizar a

produção (flexibilização produtiva); do ponto de vista do estado, uma nova

concepção (estado mínimo), cada vez mais descompromissado com as políticas

públicas, exatamente no momento em que seria mais necessário, devido a

intensificação da precarização do trabalho, a redução do poder aquisitivo e o próprio

desemprego.

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Estas transformações impactam diretamente no âmbito educacional, criando

perspectivas diferentes e ambíguas nos educandos, incertezas , como citamos

acima. Cria a necessidade de novas demanda por educação, exigindo formação

de novas políticas educacionais específicas para atender esta nova forma de

organização e gestão do mundo do trabalho , que por sua vez são dadas pelo

capital. Como se processou a construção desta estrutura? Para aprofundar a

análise , veremos como a concepção de trabalho foi percebida em diferentes

tempos e culturas , que funções ele exerceu e sua dinâmica de transformação.

CONCEITO DE TRABALHO

O conceito de trabalho assume diferentes conotações em diferentes povos .

Em algumas culturas ele traduz o significado de algo penoso, representação de

sofrimento humano, como tortura, dor, fadiga , algo humilhante e servil, já em

outras, o significado pode mudar completamente, tendo a conotação de algo

libertador, razão da existência do homem, dignificação da vida, etc.. O fato é que,

independente da concepção, ele desempenha um papel central na vida do homem.

Para o grego, há uma palavra para fabricação e outra para esforço, oposto ao

ócio; também aparece a palavra pena, que é próxima da fadiga. No latim, surgem

as palavras laborare, a ação de labor, e operare, que corresponde a opus, obra.

Em nossa língua , a palavra trabalho assume diversas significações e tem

sua origem no latim tripalium, que era um instrumento agrícola , feito com três paus,

Com o tempo, o termo tripalium foi relacionado com instrumento de tortura,

juntamente com o verbo tripaliare, que significa torturar. Neste sentido, o trabalho

associa-se também a noção de punição, pelo pecado original, como está no Antigo

Testamento, em: (Gênesis III, p. 19 ): “Ganharás o teu pão com o suor do teu

rosto”). O direito a ter alimentação passa pelo dever do trabalho”.

Desta forma, em português, influenciado pelas culturas citadas a palavra

originou-se vinculada às idéias de padecimento, sofrimento, esforço, laborar e obrar.

Para os filósofos que compartilham o pensamento de Marx, de acordo com o

citado no início da análise, o trabalho humano se distingue do trabalho dos outros

animais, porque nele há consciência e intencionalidade, diferente de agir apenas por

instinto, e expressa a liberdade humana.

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Numa visão mais positiva, o trabalho, é visto como a aplicação das

capacidades humanas para propiciar o domínio da natureza, sendo responsável pela

própria condição humana, como sendo um esforço para atingir determinado objetivo

Na atualidade, na sociedade capitalista, o trabalho assumiu uma forma muito

específica: o emprego assalariado. Para entender como se construiu o modelo

capitalista, e que conhecimentos foram sendo exigidos para estar inserido no

processo de produção, bem como sua organização e suas conseqüências, faz-se

necessário entender como as relações de trabalho foram construídas

historicamente.

A CONCEPÇÃO DO TRABALHO EM DIFERENTES CULTURAS

A cultura do mundo antigo nunca valorizou o trabalho, mostrando um

contraste em comparação com a atualidade. Segundo a filósofa Arendt (apud

CARMO 1992, p.17), “os gregos cultivavam, em seu ideal de sabedoria , o primado

da contemplação sobre toda atividade, na convicção de que nenhum trabalho de

mãos humanas pode igualar em beleza e verdade o universo.” O trabalho seria

uma atividade menor, visto ter como fim apenas suprir as carências físicas. Tem

destaque nesta sociedade o trabalho escravo, executores das tarefas mais humildes

e pesadas para as quais não é desnecessário o uso de um conhecimento mais

sistematizado, visto que na rotina diária utilizam instrumentos rudimentares, sem

técnica e criatividade.

Para o filósofo Aristóteles a humanidade não poderia abrir mão do trabalho

escravo, era próprio da lei natural. Assim os cidadãos, a elite, livre das tarefas servis,

podia consagrar-se a pólis, aos prazeres do corpo, ou à investigação e à

contemplação das coisas eternas do espírito, a filosofia.

Ser escravo nas pólis significava não poder participar da vida política, ser

excluído de parte das festas religiosas, ser desprovido de direitos e da educação

para jovens cidadãos.

Na sociedade romana que também era escravista, o trabalho era algo vil,

oposto ao lazer e as atividades intelectuais.

Tanto os gregos como os romanos, tentaram justificar a escravidão, com base

ideológica, de que o escravo era um ser inferior por natureza. Com as

transformações ocorridas na sociedade romana, com passar dos séculos, o sentido

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do ócio a ser alcançado como um fim em si mesmo e como necessário para o

exercício espiritual, começa a ser concebido e interpretado de forma diferente: não é

mais o sentir livre do trabalho, mas o repouso necessário para a volta ao trabalho.

Na Idade Média, com a economia predominantemente agrícola, os servos,

como despossuídos da principal riqueza e fonte de sustento, a terra, também não

gozavam de liberdade. Embora levassem uma vida muito próxima a dos antigos

escravos, eram livres juridicamente. O trabalho apresentava-se importante como

atividade necessária à manutenção da economia feudal, mas, como não havia uma

economia de mercado que comportasse excedentes, não mereceu uma

preocupação especial na estrutura social e econômica do período, embora isto não

negue sua importância. Enquanto aos nobres cabia a função de defesa através da

guerra e ao clero, a oração para garantir a proteção divina, ao servo restou o

trabalho, seguindo a ideologia católica do trabalho como castigo, sofrimento e

penitência do homem. O catolicismo, enfatizou a virtude dos humildes, afastando

assim as tentativas do servos de maldizer a situação de penúria em que muitos

viviam, consolando-os com os dizeres bíblicos, conforme podemos perceber neste

trecho do Sermão da Montanha:

Vede as aves do céu, não semeiam nem colhem, nem guardam as provisões e, contudo, o vosso Pai celeste as alimenta. Não vos aflijais dizendo: que teremos para comer ou beber, que teremos para vestir? São os pagãos que buscam isso com diligência (CARMO 1992, p.23).

O trabalho servia para a resignação do cristão e a restauração da pureza da

mente. O corpo deveria estar ocupado para livrar-se das tentações diabólicas, assim

o trabalho visto também como castigo, incumbia-se da penitência, sofrimento e

meio de salvação para o homem.

Como a ordem no mundo terreno foi instituída por Deus, a riqueza e a

pobreza eram portanto dons divinos , postergou-se assim, igualdade para a vida

no paraíso.

SOCIEDADE MODERNA E O TRABALHO ASSALARIADO

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Somente na modernidade (séculos XV ao XVIII), com mudanças profundas pela qual a sociedade européia passou com o revigoramento comercial e urbano, que o trabalho passou a ser valorizado. Neste período, o trabalho foi idealizado como um símbolo de liberdade do homem, de transformação da natureza, das coisas e da sociedade, assumindo os anseios da burguesia nascente (PARNÁ, 2006, p.20).

A partir do séc. XVI, mais precisamente como resultante da Reforma

Protestante, os ensinamentos religiosos também começaram a expressar um sentido

renovado ao sofrimento oriundo do trabalho, transformando-o em conformismo e

motivo de orgulho. Há uma releitura da concepção cristã, no intuito de legitimar os

valores da classe emergente e justificar como aceitável o princípio da obtenção do

lucro. Na análise da ética protestante, segundo o sociólogo alemã Max Weber (apud

Carmo, 1992, p.27) “nesta a conduta racional tinha por princípio valores morais que

iam ao encontro dos ideais do capitalismo emergente.”

A ascensão da economia capitalista tem uma relação direta com a expansão

do protestantismo, à medida que se dá ênfase ao sucesso profissional através do

trabalho, ligado a fé. Isto é, o fato de que a acumulação financeira não é

condenável, e ainda é, sinal de aceitação e agrado divino. Desta forma, o tempo

como dádiva divina, passa a ser precioso, gradativamente a noção do mesmo que

estava ligada aos tempos da natureza irá sendo substituída pela do cronômetro

mecânico, que regula as atividades de forma mais precisa. Tempo passa a ser

dinheiro.

A maior produtividade no trabalho e a recusa ao luxo deram origem a um estilo de vida que influenciou indiretamente o espírito do capitalismo, criando um clima propício para a acumulação de capital. Sendo o trabalho a melhor oração, a obtenção de êxito e prosperidade através dele revela a condição de “eleito” para entrar no reino de Deus (CARMO, 1992, p.27).

O desenvolvimento fantástico que impulsiona o capitalismo, com a expansão

comercial e financeira, e num segundo momento com o desenvolvimento e

implantação da máquina no modo produção , gerou mudanças sem precedentes na

história: o surgimento de grandes cidades industriais, com conseqüência de um

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grande êxodo rural e o crescimento e a organização da classe operária. Estas

profundas transformações derivam conjuntamente ao novo modo de organizar a

produção. Como decorrência acarretam modificações substanciais, desqualificando

as atividades do artesão, ao mesmo tempo em que consolidava a separação entre

capital e trabalho, criando novas formas de intensificar a exploração da mão-de-

obra. Mudanças estas que atendiam as necessidades da acumulação capitalista.

O trabalho assalariado vai sendo imposto como condição de existência

humana, na medida em que se consolida o capitalismo . O sistema, na sua lógica

acumulativa, intensifica, em escala ascendente a alienação do trabalhador, ao

mesmo tempo em que vai parcelizando as tarefas. Marx deixa claro, que esta

divisão do trabalho não trouxe vantagens à classe operária porque, ao “apertar

apenas um parafuso”, efetivando o parcelamento do trabalho, vai-se perdendo o

controle e o conhecimento sobre a totalidade do processo de produção. Ao tornar-se

especializado em apenas uma parte do processo da construção do produto, o

trabalhador não consegue mais perceber o conjunto da atividade em que seu

esforço se insere. Ocorre a intensificação do caráter de estranhamento da

mercadoria. .

A força de trabalho, dentro da lógica de acumulação do sistema, passa a ser

organizada e efetivada de acordo com normas, que impõe disciplina e condição de

sobrevivência ao trabalhador, já que lhe foi tirada outras formas de prover seu

sustento. Dessa maneira, a medida que o sistema capitalista de consolidava, a

classe trabalhadora passa a reivindicar para si, como direito, o emprego

remunerado. O trabalho agora, passa a ser visto como constituinte da

personalidade do trabalhador, o que podemos chamar de consciência profissional

dos operários, que lutará pelos seus direitos.

DO TRABALHO ARTESANAL AO ASSALARIADO

Com o advento do renascimento urbano e comercial pelo qual a Europa vai

passar a partir dos séculos XII e XIII, intensifica o uso da moeda e muitos artesãos

que viviam em suas aldeias, produzindo até então para a sua família e tendo o

sustento complementando pelo trabalho agrícola, passam a ter a opção de

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sobreviver do seu próprio trabalho na área urbana. Assim a produção que era de

caráter doméstico, passa a atender o mercado em expansão.

Nesta etapa, utilizando a mão-de-obra familiar, não havia ainda, a divisão do

trabalho, nem a separação entre capital e trabalho. O artesão além de ser dono das

instalações, das ferramentas com as quais produzia, era dono da matéria prima, e

do lucro total da venda da produção. Quando havia ajudantes, estes não vendiam

seu tempo de trabalho ainda, apenas, pagavam pela utilização das ferramentas. O

crescimento das cidades, com a intensificação do êxodo rural, conseqüentemente

faz aumentar a demanda comercial e o número de artesãos e de aprendizes de

artesãos, os quais passam a receber um pagamento pelo trabalho, em alimento ou

em dinheiro. Podendo posteriormente montar sua própria oficina, ou passava a ser

jornaleiro recebendo um salário do mestre.

Neste período, a produção artesanal era controlada pelas corporações de

ofício, associações econômicas que defendiam os interesses da classe.

Organizados por especialidades nas corporações, seguiam normas quanto à

hierarquia, à formação, ao tempo de trabalho, ao salário, aos preços de venda dos

produtos e a proteção contra a concorrência externa.

A partir do século XV, com as grandes navegações e os descobrimentos,

houve uma enorme expansão comercial rumo ao oriente e a América, aumentando

consideravelmente a demanda. As oficinas de produção se multiplicaram com a

crescente expansão do mercado e os lucros passaram a se concentrarem nas mãos

dos comerciantes. Com o desenvolver deste processo ocorre um considerável

aumento da mão-de-obra assalariada.

No século XVI, à medida que a economia mercantil ganha corpo, as

corporações foram perdendo seu poder de controle. Abre-se espaço então para a

ingerência dos comerciantes, que passam a distribuir a matéria prima, a fornecer

instrumentos de trabalho e a controlar o mercado em prejuízo da decadência das

corporações. Surge então o comerciante capitalista, intermediário entre a produção

e a comercialização. Sistema conhecido como putting-out. Eles forneciam

mercadorias aos membros das corporações urbanas e aos aldeões, que

concordavam em trabalhar para eles.

A organização da produção continuou a mesma, continuando o mestre

proprietário dos instrumentos de trabalho, com o domínio do processo de produção,

mas, com uma diferença básica: este já não era independente, dependia agora, de

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um intermediário para ter a matéria-prima e vender a produção. Passou a receber

um salário por tarefa.

A produção passa então por uma reorganização, com objetivo de aumentar

sua capacidade, atendendo as necessidades de acumulação capitalista:

Já percebia, por exemplo, as vantagens da especialização, da divisão do trabalho para acelerar a produção. Não que sob o sistema corporativo a divisão do trabalho fosse inexistente. A produção têxtil, por exemplo, era dividida em tarefas separadas, cada uma controlada por especialistas. Nesse caso a divisão profissional do trabalho foi substituída pela divisão técnica do trabalho, isto é, a exclusividade profissional dominante nas oficinas de artesanato foi substituída pela distribuição de funções nas oficinas de manufaturas modernas. (PARANÁ, 2006, p.20).

Na Inglaterra, o êxodo rural, proporcionado pelos cercamentos, com o objetivo

de transformar a terra em pastagem para a criação de ovelha e a produção de lã,

visando alimentar a indústria têxtil, deixou desprovida uma grande massa humana

de sua subsistência, obrigados a vender sua mão-de-obra a qualquer preço, nos

centros urbanos. Intensifica-se desta maneira a formação e o crescimento da classe

operária.

O lento processo de ruptura das relações feudais promoveu a separação gradativa do trabalhador dos meios de produção, no campo e nas manufaturas. O camponês, aos poucos expropriado, e como o artífice, transformado em trabalhador livre, viu-se obrigado a vender sua força de trabalho para sobreviver. Enfim, o domínio burguês do trabalho percorreu uma trajetória que se iniciou no crescimento das populações municipais no fim da Idade Média, alimentado pela expansão dos mercados internacionais. O interior da Europa modificou-se com os resultados dessa expansão: a manufatura substitui o artesanato, a divisão do trabalho corporativo desapareceu diante da divisão do trabalho nas oficinas e, mais tarde, nas fábricas (PARANÁ, 2006, p.53).

Em meados do século XVIII, como resultado de todo o progresso técnico até

então experimentado, surge o elemento que vai produzir as condições de transferir

ao capitalista o controle total do processo de produção e impor a disciplina ao

trabalhador: a invenção da máquina. A produção , feita em escala cada vez maior,

passa a ser executada em grandes oficinas, denominadas de fábricas. , O

trabalho, caracterizado através da venda da mão-de-obra recebe o status de

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mercadoria, uma vez que antigo artesão, agora operário, perdeu no processo, a

posse das instalações, das ferramenta e da matéria-prima, ficando dependente, para

sobreviver, da venda da sua força de trabalho ao capitalista. O trabalhador, não

controla mais todo o processo de produção, passou a ocupar um posto fixo neste

processo, consolidando assim a divisão técnica do trabalho. Uma vez que a máquina

passa a fazer a maior parte do trabalho, as principais habilidades agora exigidas,

são de alimentar as máquinas.

UMA NOVA CONCEPÇÃO DE TEMPO

As inovações tecnológicas, que deram condições de consolidar o sistema

fabril e a divisão do trabalho, também trouxeram como conseqüência para o

trabalhador, a concentração de um grande número do mesmo e um só espaço,

possibilitando também ao capitalista, o controle do ritmo do trabalho e do saber

técnico. Para isto, foi fundamental o controle do tempo, que juntamente com a

necessidade de sincronizar o trabalho, agora ditado pelo movimento da máquina,

possibilitou a maximização da exploração da mão-de-obra. Os Trabalhadores

vigiados e submetidos a uma rígida disciplina, passaram a ter horário de entrada e

saída, prazos de entregas de tarefas e severa hierarquia. As concepções

tradicionais de sentir o tempo (tempos da natureza, da religião, da Igreja marcado

pelo sino, etc..) vão gradualmente sendo substituídos pelo tempo do mercador,

marcado pelo relógio.

Essa medição incorpora uma reação simples. Aqueles que são contratados experienciam uma distinção entre o tempo do empregador e o seu “próprio” tempo. E o empregador deve usar o tempo de sua mão-de-obra e cuidar para que não seja desperdiçado: o que predomina não é a tarefa, mas o valor do tempo quando reduzido a dinheiro. O tempo é agora moeda: ninguém passa o tempo, e sim o gasta (THOMPSON, 2002, p.272)

Outros tempos

Esse contraste entre dois tipos de tempo (“o tempo da Igreja” e o “tempo dos mercadores”) é esclarecedor, mas certamente é

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necessário pensar em termos de ainda mais variedades, incluindo o “tempo camponês”, o tempo do ano agrícola. Também existe o “tempo industrial”, não apenas a extensão do tempo do mercador às fábricas, primeiramente na Inglaterra e depois em todo o mundo, mas também a padronização do tempo seguindo o surgimento de novas formas de transporte. O estabelecimento de uma rede de carruagens públicas na Europa do século 18 dependia de um “horário”, um sistema de organização que mais tarde se estendeu às viagens de trem e avião. Hoje, nosso “tempo livre”, “feriados” e lazer, assim como nossas horas de trabalho, são governados pelo relógio e pelo horário (PARANÁ, 2006, p.59).

O domínio do Capital

Antes de sua expulsão do Paraíso, Adão e Eva desfrutavam, sem trabalhar, um nível de vida elevado. Depois de sua expulsão, tiveram de viver miseravelmente, trabalhando de manhã até a noite. A história do progresso técnico dos dois últimos séculos é a de um esforço tenaz para voltar a encontrar o caminho do Paraíso (Wassily Leontief, Prêmio Nobel de Economia,1973) (apud CARMO, 1992, p.36).

Na configuração deste contexto, vai ganhando corpo doutrinas sociais,

que defendem tanto os interesses da classe emergente quanto da classe operária.

Como ideologia empresarial nascente , tem destaque o liberalismo. Pautada na não

intervenção do Estado na economia , favorável a livre concorrência do mercado e a

exaltação dos direitos individuais. Agora um dos valores máximos, passa ser a

liberdade, liberdade do trabalhador vender sua força de trabalho. Deste modo a

miséria passa a ser conseqüência do crescimento desordenado da população

(Malthus), uma inadequação entre o crescimento populacional e a produção de

alimentos ou, na incapacidade dos derrotados em adequar-se ao sistema. Quanto

mais intensifica o uso de novas tecnologias, mais aumenta a exclusão através do

desemprego. Ideologicamente, escondendo que no bojo da lógica de acumulação:

...que esse ideal econômico se preocupou mais em defender os interesses da propriedade do que em proteger aquele cidadão que só possuía sua força de trabalho para vender. Assim , os ideais liberais se converteram em uma ideologia disciplinar da classe trabalhadora. (...) Com Adam Smith (1723-1790), o trabalho passa a ocupar o primeiro plano na conquista de riquezas. Ele constata que a riqueza dos países não reside no ouro, na prata ou na agricultura, como era a tendência do pensamento do séc. XVIII, mas no

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trabalho, capaz de transformar matéria bruta em produtos com valor de mercado (CARMO, 1992, p.37).

A exploração da força de trabalho humano, intensifica-se de tal forma que,

acentuou consideravelmente a miséria da classe operária. Não bastando a total

subsunção do esforço do homem adulto, em condições aviltantes como:

insalubridade, galpões escuros, sujos, mal ventilados, com máquinas ruidosas e

que apresentavam um enorme risco de acidentes, trabalho o tempo todo em pé,

ocasionando problemas de saúde, 14 h de trabalho diária, ausência de direitos e

salários miseráveis, segundo Carmo (1992, p.29) “A era do maquinismo arrancou

mulheres e crianças do lar e levou-os ao ambiente sombrio das fábricas”.

Hegel (1770-1831), na sua análise filosófica sobre o trabalho, tematizou o

desenrolar da luta entre duas consciências, a do senhor e a do escravo. Iria

influenciar profundamente Karl Marx (1818-1883), que através da concepção

materialista dialética da história, supera as teorias dos socialistas utópicos, os quais

apregoavam a eliminação da exploração do operariado através de reformas sociais

e econômicas, e vê na classe operária o potencial revolucionário, para a mudança

do sistema. A doutrina socialista se destaca, reunindo correntes político-ideológicas,

se opondo de modo geral, ao liberalismo burguês e ao capitalismo.

Para Marx o capitalismo tinha se tornado profundamente irracional, com a

produção voltada para o lucro de alguns poucos, na intensa extração da mais valia,

o trabalho excedente que não é pago. A classe capitalista se apropria e faz do

estado um instrumento de domínio e garantia de seus interesses.

A MÃO-DE-OBRA NA CONSOLIDAÇÃO DO CAPITALISMO NA AMERICA

PORTUGUESA E INGLESA:

A implantação do modelo econômico, plantation, baseado no latifúndio

exportador e com mão-de-obra escrava, foi a alternativa encontrada pelas potências

européias para explorar as riquezas da América. Esta condição de trabalho escravo

africano e indígena aceita e incentivada pelo Estado, prevaleceu oficializada até a

segunda metade do século XIX, e em condições clandestina, até os nossos dias. Na

condição de escravo, o trabalhador era destituído da livre opção em vender sua

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força de trabalho, privado de sua liberdade, estava submetido a vontade de um

senhor a quem pertence como propriedade. O trabalho livre assalariado existente

era a minoria.

Quanto ao Brasil, nos primeiros 30 anos da colonização, explorou-se o nativo

através do escambo, na extração do pau-brasil. Após, foi intensificada a escravidão

até 1570, quando O Estado Português, proíbe esta prática de trabalho escravo

indígena, com exceção dos hostis e antropófagos. Esta transformação radical na

maneira do indígena ocupar o tempo, através da imposição do trabalho compulsório

levou-o a várias formas de resistência como: fuga, morte por melancolia, suicídio

além de promover revoltas. Após, foram subordinados às ordens religiosas dos

Jesuítas, numa espécie de semi-escravidão. Apesar da proibição, o indígena

continuou sendo escravizado em algumas regiões do Brasil.

De modo geral, os estado europeus, optaram pela mão-de-obra escrava

africana. Houve uma concentração maior nas grandes regiões produtoras, Caribe,

Estados Unidos e Brasil, destacando a produção de açúcar, algodão e café.

Capturados por próprios povos africanos, eram vendidos para os comerciantes

europeus em troca de mercadorias: (aguardente, tabaco, tecido...), os quais

revendiam na América. Estima-se que entre os séculos XVI e XIX, de 10 a 12

milhões de africanos, entraram na América como escravos.

Submetidos aos castigos corporais e a humilhações, o escravo reagia ao

escravismo de diversas formas: revoltas, fugas, rebeliões, suicídio, entre outras.

A partir do século XVIII, as transformações que ocorreram na Europa com o

advento da Revolução Industrial, modificaram as estruturas políticas e econômicas,

provocando uma nova organização no modo de produzir, novas relações na

política internacional, a divisão internacional do trabalho e outras habilidades para o

exercício do trabalho. Neste contexto a exploração da mão-de-obra escrava, já não

atendia as demandas do mundo capitalista. A Inglaterra, maior potência econômica

do período, passou a combater o trafico de escravos. Nos Estados Unidos a

escravidão foi abolida em 1863 e no Brasil em 1888. Ocorre, então, a

intensificação da vinda de imigrantes, excedentes de trabalhadores europeus,

resultado das modificações do avanço do capitalismo. Vendem seu esforço físico

livremente conforme a lógica do capitalismo, como foi analisado anteriormente.

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RESISTÊNCIA A EXPLORAÇÃO

À medida que o processo de efetivação da Revolução Comercial e Industrial

faz emergir a classe operária, em condições extremamente precárias, de intensa

exploração, emerge conjuntamente, a consciência de classe e os movimentos de

resistência, em busca de dignidade e dos direitos de tornarem-se cidadãos. A

mulher a partir do momento em que ocupa espaço na produção fabril e participação

nos movimento de protestos, inicia a conquista gradativa de direitos, antes quase

que exclusivo do homem, como o próprio direito de participação na luta da classe e

o direito de voto.

A classe operária em seu conjunto lança-se à luta utilizando os mais diversos

mecanismos possíveis: organizações corporativistas que mais tarde se transformam

em sindicatos de trabalhadores, greves, o movimento dos Luddistas, o movimento

Cartista, saques, e movimentos revolucionários, posteriormente partidos políticos,

entres outras formas de organização, reivindicações e protestos. O socialismo

começa a se tornar expressivo entre as teorias de protestos. Marx, autor do

socialismo científico, conclama o operariado à tomada de consciência de seu papel

histórico e à luta contra a opressão da burguesia, convocando os trabalhadores a se

unirem, para mudar o sistema.

O TRABALHO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA.

Observando a evolução tecnológica, verifica-se que a primeira revolução foi a da desvalorização do braço humano pela concorrência que lhe moveu a máquina e a segunda foi a da máquina de calcular assumindo o papel do cérebro. Depois de longo período de crescimento da produção causado pelos inventos da Revolução Industrial, o homem tornou-se apenas um apêndice da máquina. No final do século XIX, o fator humano passa a merecer mais atenção, não por um inesperado humanismo, mas porque o homem já não acompanhava o ritmo desejado da produção (CARMO, 1992, p.41).

Se agora tempo é dinheiro e trabalho virou mercadoria, nada melhor, para a

classe que detém o capital e os meios de produção, desenvolver mecanismos cada

vez mais precisos para diminuir o tempo necessário gasto na produção e reduzir o

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valor pago pela mercadoria tempo. O objetivo é a maior produtividade com menor

custo. O trabalho passa a ser organizado, utilizando-se métodos para o controle

minucioso dos movimentos e do tempo.

Objetivando aumentar a acumulação capitalista, no início do século XX,

dentre a vária teorias e métodos elaborados para maximizar o desenvolvimento

econômico-industrial , destacam -se duas: o Taylorismo e o Fordismo.

Taylorismo

Frederick W. Taylor (1856-19150) , nasceu em família rica na Filadélfia, foi

educado dentro de uma mentalidade de veneração ao trabalho. De formação

puritana e princípios rígidos. Trabalhou como mecânico em fábrica de produção de

aço e graduo-se em engenharia .

Com Taylor, a maneira de trabalhar e o próprio trabalho, passam a ter

atenção especial, isto é, uma sistematização em seus mínimos detalhes. Buscando

o máximo de produtividade no trabalho e o controle do trabalhador (do trabalho

alienado), ele racionaliza a produção, de forma a evitar desperdício de tempo, de

gestos e movimentos desnecessários, economizando mão-de-obra . Ele analisou

matematicamente, cada gesto necessário . Introjeta a obsessão pelo tempo,

concretizando a noção do “tempo útil”. Tudo passa a ser cronometrado. A

organização do trabalho passa a ter um método “científico”.

Ao conceder o estatuto de ciência à sua técnica, oferece-lhe o prestígio de um saber desinteressado, objetivo e neutro, dissimulando, assim, uma concepção ideológica de trabalho nela revestida. Sua técnica disseminou pelas indústrias do mundo todo. Com aplicação ampla, ultrapassou os muros das fábricas e penetrou nos trabalhos de escritórios e até mesmo no trabalho intelectual. A generalizar-se, seu alcance transformou-se numa técnica social de dominação (CARMO, 1992, p.42).

O taylorismo aumentou a produção na fábrica , mas também aumentou a

exploração sobre o trabalhador, obrigando-o a produzir mais em menos tempo.

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Cada tarefa é decomposta em movimentos elementares individualizada e ritmados

de acordo com a cadência da máquina.

O método elimina o trabalho em grupo, gerador de corporativismo . Acentua

de vez a separação entre o trabalho intelectual (planejamento, concepção e direção)

e o trabalho manual (execução), retirando do trabalhador o saber integral, que como

artesão possuía, e conseqüentemente o poder de lutar por melhores condições de

trabalho.

Segundo Taylor, a vantagem do método é que “beneficia” os mais produtivos e “pune” os indolentes. Na verdade, porém, sua “ciência” redunda em uma das grandes tecnologias disciplinares do mundo moderno, dissimulada pela eficácia da produção, tornando o trabalhador uma massa bruta destituída de capacidade crítica e de satisfação, por não realizar atividades criativas. Suas tarefas são as de puxar alavancas, apertar botões, supervisionar painéis, vigiar equipamentos ou alimentar máquinas com matéria-prima (CARMO, 1992, p.44).

Fordismo

Henry Ford (1863-1947), tem a fantástica idéia de criar a linha de montagem e

a produção nunca mais foi a mesma. Nascido em Michigan, trabalhou como

mecânico e, em 1886, construiu seu primeiro carro. Fundou a Ford Motors Company,

tornando-se um dos maiores empresários da indústria de automóveis.

Ford mantém o essencial do Taylorismo, mas, faz um aperfeiçoamento no

método introduzindo em 1909, a linha de montagem, onde uma esteira traz as peças

e os componentes até o operário. Para elevar as margens de lucro e diminuir os

gastos, implantou um sistema de controle que ia desde o controle da produção da

matéria-prima, ferramentas, energia, transporte, até a formação da mão-de-obra.

A repetição das atividades e o tédio por passar a maior parte do tempo

calado, fazia com que o operário não suportasse muito tempo este emprego. Isto fez

com que a rotatividade da mão-de-obra fosse muito grande, num período de pleno

emprego. A saída encontrada foi o incentivo salarial.

Essa atividade em cadeia elevou o grau de mecanização do trabalho,

reduzindo ainda mais a iniciativa e autonomia dos operários. Ao ditar a cadência

do trabalho, a linha de montagem permite um grau de padronização de mão-de-obra

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que elimina o operário zeloso ou preguiçoso, pois ambos retardariam a marcha da

produção. Através da esteira transportadora o fordismo fixa o operário em seu posto,

fazendo com que as peças e os componentes venham até ele, para que “nenhum

homem precise dar um passo”; diz Ford (apud CARMO, 1992, p.44).

O fordismo proporcionou o aumento da produção, e conseqüentemente o

padrão de consumo nos países desenvolvidos, no início do século XX.

OS REFLEXOS NA ECONOMIA BRASILEIRA

No Brasil, a influência do sistema fordista, que incorpora características do

taylorismo, ocorre a partir da década de cinqüenta, com o incentivo à

industrialização proporcionado pelo estado. Surgiram grandes áreas industriais, com

destaque para a região sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Proporcionalmente à implantação das indústrias, ocorre também, direcionados para

estas regiões, principalmente advindo da região nordeste, um intenso movimento

migratório, atraído pela crescente oferta de postos de trabalho . Muitos continuaram

excluídos.

Desde a revogação da lei de 1775, por D. João VI, a qual proibia a instalação

de atividades industriais em solo colonial, a sempre incipiente atividade industrial

brasileira, tem sofrido vários revezes no seu desenvolvimento. O próprio rei D. João

VI assina em 1810, um tratado que prejudica o crescimento da mesma. A partir de

1850, o capital derivado da economia cafeeira, juntamente com a substituição da

mão-de-obra escrava pela operária, com a vinda do imigrante europeu, o qual “tem”

mais habilidades de acordo com a demanda do mercado de trabalho da época,

proporcionou um crescimento urbano e econômico, mas, a economia brasileira

continuou agro-exportadora.

Na primeira metade do século XX, impulsionado pelas mudanças na

conjuntura internacional, aumenta a necessidade do Brasil desenvolver sua

indústria. Diante da escassez do capital privado nacional e multinacional, o

desenvolvimento industrial se deu mediante a intervenção do capital estatal, com

investimentos nos setores de base e na infra-estrutura: mineração, siderurgia,

energia e setor químico.

Foram criadas a bases para o desenvolvimento nos diversos setores da

indústria, com a produção nacional substituindo uma série de bens industrializados

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que até então eram importados. O Brasil deveria deixar de ter uma economia agro-

exportadora para se tornar predominantemente industrial. Mas, os incentivos dados

pelo governo JK na década de 60 , ao capital internacional, trouxe , além das

indústria multinacionais do setor automobilístico, as de bens de consumo,

juntamente com as novas teorias de produção. Prejudicando o desenvolvimento do

setor industrial nacional.

Durante os governos militares, continuou o incentivo ao capital estrangeiro ,

agora, com o predomínio de grandes empresas monopolistas, política que levou a

proletarização de parcelas cada vez maiores da sociedade brasileira, com a

conseqüente precarização dos salários e das condições de vida. Neste período a

população urbana ultrapassa em porcentagem a população rural, em1960, 45% da

população vivia nas cidades, passando para 67% em 1980 (IBGE). A produção

industrial brasileira, no período, passa a ser organizada conforme os ditames da

ideologia taylorista-fordista.

Até o início do século XX, o trabalhador brasileiro não havia conquistado

melhorias nas condições de trabalho: jornada de trabalho de até 18 horas diária,

intensa exploração do trabalha feminino e infantil, condições insalubres e não havia

lei para o salário. Direitos já conquistados pelos trabalhadores europeus. Estas

condições levou a classe se organizar na luta por direitos. Direitos estes, que no

período da Primeira República, eram tratados como Caso de Polícia.

Com a Crise de 29, a qual provoca a derrubada da oligarquia cafeeira do

poder e dá início ao governo de Getúlio Vargas, leva à falência a política agro-

exportadora , exigindo um investimento pesado do Estado no desenvolvimento

industrial.

Durante o governo Getúlio D. Vargas (1882-1954), ocorre a efetivação dos

direitos trabalhistas, a CLT (1943) : organização da jornada de trabalho, instituição

do Ministério do Trabalho, a lei de sindicalização, o salário mínimo... O estado

institui os direitos, mas, mantém o controle sobre trabalhador, controlando os

sindicatos. Concepção trabalhista inspirada na Carta Del Lavoro de 1927, do

fascismo italiano, a qual prega, que a organização sindical é livre , mas, só o

sindicato subordinado ao estado tem direito de representar os trabalhadores.

A CLT regulamentou o trabalho urbano e ignorou o trabalhador rural que

compunha a maioria da força de trabalho do Brasil em 1943. Na década de 50,

surgem movimentos sociais que lutam pela defesa dos direitos do trabalho no

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campo: Ligas Camponesas, as Associações de Lavradores e Trabalhadores

Agrícolas, e o MST.

Hoje, devido a Reestruturação Produtiva, há a necessidade por parte dos

empresários de atualizar, flexibilizando as relações trabalhistas, de acordo com

lógica do capital, uma produção cada vez mais enxuta, no sentido de precarizar os

direitos.

Toyotismo

O sistema de reformulação do modo de produção, chamado toyotismo, surgiu

num contexto de recessão da produção capitalista, em que o mundo, e em particular

a economia japonesa onde nasceu, se encontravam no início da década de 70.

Diferente do contexto, de uma economia em expansão, onde se originou o

taylorismo-fordismo.

Foi concebido para se adaptar as condições de diversificação mais difíceis.

Revela-se muito plástico. Seu objetivo é uma produção enxuta.

Nos anos 70 o padrão de regulação taylorista-fordista começa a dar sinais de esgotamento em meio à uma crise estrutural vivida pelo capitalismo nesse período. O Taylorismo e o fordismo passam a conviver ou mesmo a ser substituído por outros modelos considerados mais “enxutos”, melhor adequados às novas exigências capitalistas de um mercado cada vez mais globalizado. É a partir dos anos 1980 que se observa o acirramento da chamada reestruturação produtiva. Em um cenário de maior competitividade as empresas, visando a redução dos custos de produção, a maior variabilidade de suas mercadorias, a melhoria da qualidade de seus produtos e serviços e de sua produtividade, investem em mudanças de ordem tecnológica e organizacionais, que repercutiram negativamente nas relações e condições de trabalho (NAVARRO.; PADILHA, 2005, p.05).

A produção passa a ser feita de acordo com a demanda. O consumo é que

condiciona a produção, mantendo o mínimo de estoque. O trabalho na fábrica foi

divido em: transporte, produção, estocagem e controle de qualidade. Apresentando

no seu mecanismo inovações primordiais como a autonomação, a polivalência e a

secularização, o sistema se apresenta flexível, capaz de reduzir ou acelerar a

velocidade da produção de acordo com a demanda, manter padrão de qualidade,

fácil reposição da mâo-de-obra, alto índice de produção... Adaptável aos momentos

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de crises do capitalismo. As características principais são: produção através de

tecnologia avançada; novas formas de gestão administrativa; automatização da

produção; terceirização de alguns setores; número reduzido de trabalhadores;

introdução de estratégias colaborativas; polivalência – um trabalhador cuida de

várias máquinas; jornadas flexíveis; secularização; entre outras.

Acumulação flexível.

No início da década 70 o modelo taylorista-fordista, já não corresponde

adequadamente a demando do capitalismo acarretando perda de lucratividade,

ficando cada vez mais evidente a incapacidade de responder as novas exigências

do mercado. Por ser um sistema rígido, já não se mostrava rentável, num período

em que estava exigindo mais flexibilidade na produção. O quadro foi agravado com

a Crise do Petróleo de 73, que fez aumentar o gasto com energia, levando a uma

recessão mundial. A crise pressiona o aumento dos juros do capital financeiro,

encarecendo a dívida externa dos países pobres, causando inflação, desemprego e

arrocho salarial para a classe operária.

Com a modernização no parque industrial, através do uso das novas

tecnologias de automação, e novas formas de gestão, buscando uma produção mais

flexível, regiões da Europa Ocidental e o Japão, passaram a oferecer produtos a

preços mais competitivos, pressionando a demanda a nível mundial. O modelo

japonês, Toyotismo, destaca-se por ser um sistema mais ágil e capaz de responder

de forma mais eficiente as demandas de um mercado em crise. Desta forma este

novo sistema de organizar a produção, serviu para a manutenção do sistema

capitalista, auxiliando na implantação hegemônica do neoliberalismo.

Surgido na década de 40, como crítica ao estado intervencionista de Bem

Esta Social, que predominou na Europa Ocidental e nos Estados Unidos no período

Pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945), até a crise de 73, o neoliberalismo,

devido a estabilidade do capitalismo neste período, não encontra espaço para

crescimento. Agora na crise, apresenta o receituário para superá-la: diminuição da

inflação, diminuição do déficit público, privatizações de empresas públicas,

diminuição dos conflitos sindicais e aumento de ganho de capital. No âmbito político,

tendo como característica o estado-mínimo, destrói as bases do Estado de Bem

Estar Social.

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A adoção dos princípios do toyotismo na organização da produção levou a

formação do que ficou conhecido como processo de acumulação flexível, e a

flexibilização passou a ser a palavra de ordem.

CONSIDERAÇÕES NO CONTEXTO ATUAL

De forma mais geral, o que nos remete aos questionamentos do início do

texto, importa conhecer algumas macro-categorias que estruturam o regime de

acumulação flexível, sobre o ponto de vista do mundo do trabalho e de acordo com

a ideologia neoliberal, visto que a reestruturação produtiva, exige um novo perfil de

trabalhador, com novos conhecimentos e habilidades, de acordo com os interesses

do mercado, que ao enxugar a produção, precariza os direitos trabalhistas e

intensifica a exploração da mão-de-obra. O que nos remete, novamente, à relação

trabalho-educação, ou seja, as relações entre as políticas pedagógicas e as

necessidades da produção, visto que para entender a gênese dos projetos políticos

pedagógicos, necessitamos entender como estas novas necessidades de

conhecimento surgem a medida que muda o processo de produção, implantando

uma nova concepção de mundo.

A acumulação flexível em relação à economia, levou à internacionalização do

capital, que por sua vez como parte integrante desta acumulação, provoca o

desemprego estrutural, devido a lógica do capital, que para aumentar seus lucros,

investe numa produção cada vez mais enxuta, intensificando o uso de tecnologia,

automação, o que vai provocar o desaparecimento de postos de trabalho, e força

mudanças nas relações trabalhistas, levando a uma intensa precarização dos

direitos trabalhistas. Em relação ao estado, impõe uma nova concepção, o

estado mínimo, incapaz de manter os direitos essenciais, destruindo as conquistas

do Estado de Bem Estar Social. No Brasil, implantada nos anos 90, com a política

neoliberal do governo Collor. O Estado passa a ter um crescente descompromisso

com as políticas públicas, realocando verbas, em prol do aumento do ganho de

capital. À medida que a classe operária perde seu poder aquisitivo, o estado reduz

sua função social.

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De acordo com as novas demandas do mercado, provocadas pela

reestruturação produtiva, as habilidades exigidas são outras. O trabalhador rígido,

do sistema fordista, que fazia o mesmo trabalho a vida inteira, devido as pequenas

mudanças tecnológicas, especializado, executando as mesmas tarefas, simples e

repetitivas, com os direitos trabalhistas garantidos, vai perdendo espaço para um

saber mais genérico. Os projetos pedagógicos profissionais tinham a função de

especializar o trabalhador para uma determinada tarefa, da produção, agora são

elaborados com outros objetivos.

Já no processo determinado pela acumulação flexível, surge a necessidade

de formar um trabalhador polivalente, mais participativo e mais envolvido no

processo. Capaz de trabalhar em equipe. Um trabalhador mais flexível, versátil,

capaz de realizar tarefas bastante amplas, envolvendo a fabricação, a manutenção,

o controle de qualidade e a gestão de produção. Com uma visão do conjunto do

processo de trabalho, capaz de desenvolver o espírito de liderança. O que leva à

necessidade de novos projetos educacionais, de acordo com as competências

exigidas.

No Brasil, a crise do Milagre Econômico nos anos setenta e os fracassos dos

planos econômicos do Governo Sarney, trouxeram o aumento da inflação e a

recessão dos anos oitenta. A Constituição de 88, que garantia direito social, nasce

tardia do ponto de vista do Estado de Bem Estar social, porque ao nascer, já é

dominada pela avalanche da internacionalização do capital, de acordo os valores

neoliberais, implantados pelos governos Collor, Itamar e FHC, os quais promovem

ajustes, em concordância com as políticas dos organismos que comandam o capital

internacional (FMI e Banco mundial) . Desta forma o Brasil entra na sintonia do

processo hegemônico capitalista: globalização e neoliberalismo, com todas as suas

conseqüências na modernização do processo de produção, dentro da lógica da

acumulação produtiva: desregulamentação, privatização e flexibilização.

È nesse contexto e nessa concepção da lógica de mercado, que são geradas

as políticas educacionais em curso no Brasil na década de 90. Houve

remanejamento dos recursos da educação; priorizou-se a formação

profissionalizante, na intenção de formar mão-de-obra eficiente para o mercado,

em prejuízo da educação integral.

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A reforma educacional tem como seu principal instrumento jurídico-narmativo o O Decreto no. 2.2208/97 de 17.04.97. Para Lima Filho uma das principais funções dessa reforma é: ... a de proporcionar uma alternativa ou ensino superior. Esta função contenedora (sic) é buscada pela oferta de cursos pós-médios para a formação de tecnólogos. A reforma , ao mesmo tempo que redireciona a demanda par estes cursos, vincula às necessidades imediatas do mercado a oferta de cursos, a flexibilização de currículos e a própria organização e gestão das instituições educacionais. Enfim, a relação educação-trabalho é associada ao primeiro e a empresa ao segundo. Os produtos – educandos e assessorias etc., são como outras mercadorias, que tem suas ofertas, demandas e valores de trocas regulados conforme a relações de mercado (VASCONCELOS, 2008, p.08).

Enfim, a reestruturação produtiva, traz na sua esteira mudanças nas mais

diversas áreas e em especial, além da econômica, na esfera social e cultural,

abalando os pilares que sustentavam a modernidade: estado, escola e

família. Coloca os valores tradicionais em choque com o relativismo pós-moderno,

expressado no consumismo e no imediatismo.

Visto que a escola reflete a sociedade, percebemos que estas mudanças

atingiram a educação. De um lado reforçando uma concepção salvacionista de

educação, a empregabilidade: a qual, habilita, para o mundo do trabalho,

dissimulando, a garantia de inclusão . Refletindo no interesse do educando. De

outro, a descrença: de que a aquisição de conhecimentos possa levar a superação

da condição de excluído. Refletindo no desinteresse e em comportamentos

indesejáveis dos educando, como vimos no início do texto.

Como vimos, a doutrina neoliberal, em seu caráter globalizante, impõe cada

vez mais os interesses de mercado como eixo regulador das relações sociais. Em

conseqüência, aumenta a concentração de riquezas no topo da pirâmide social,

levando ao aumento do contingente dos despossuídos e excluídos na base da

mesma. Agravando os problemas sociais, aliado a capacidade reduzida de

intervenção do estado. Que agora, dependente do capital internacional, sofre, no

bojo das diretrizes educacionais, influência de organismos que comandam o capital.

O conhecimento que o Banco Mundial sugere para o Terceiro Mundo é um produto acabado, feito no Primeiro Mundo, passível de ser adquirido como uma mercadoria que, objetivada em um pacote, pode ser utilizada segundo normas técnicas, presas ao próprio produto, por qualquer consumidor. Segundo esse órgão, o conhecimento assim empacotado, servindo para eliminar, de modo rápido a

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defasagem entre ricos e pobres traz a vantagem embutida na supressão do tempo que seria necessário à compreensão, pelo usuário, das reações entre as medidas a serem tomadas e os seus efeitos, ou as possíveis conseqüências (boas ou más) do tratamento utilizado(NAGEL, s.d., p.02)

Isto nos remete à questão inicial, na tentativa de entender melhor , no

contexto da crise atual, aos valores permeiam as relações de produção . Como se

processa as relações entre trabalho e educação e quais os valores predominantes,

na atual forma de organizar a produção.

Neste contexto, a educação surge com características redentora , capaz de

minimizar ou compensar os graves problemas sociais e econômicos, inerentes da

lógica interna do sistema neoliberal. A produção do conhecimento com potencial de

libertar o dominado de tal condição é preterida pela cópia do conhecimento pronto,

que na tentativa de esterilizar a razão, traz incluído o caráter ideológico da

dominação e da exploração. Características que ficam bem claras na política dos

PCN (1998), onde a política educacional como componente da política social e

econômica, priorizava o desenvolvimento de habilidades e competências, em

detrimento do raciocínio crítico e criativo. A teoria do capital humano, presente no

fordismo, é substituída pela da empregabilidade, que através da aquisição do

conhecimento, garante o inclusão no mercado de trabalho. Porém, esconde que o

sistema é excludente e não deixa espaço para todos. Dessa forma o excluído passa

a ser responsável por sua incapacidade. A vítima passa a ser a culpada.

A sociedade burguesa sustenta que a educação é o antídoto para quase todos os problemas sociais. A educação seria ainda a alavanca necessária para o desenvolvimento econômico do país. Entretanto, o pensamento crítico permite compreender que, sem a superação do modo de produção capitalista, não se terá educação de qualidade, tampouco haverá ampliação dos postos de trabalho por intermédio do acesso à escola (GALVÃO, 2007, p.187).

É notório que o diploma universitário já não garante um emprego e, não raramente, alunos recém-graduados não encontram um posto de trabalho. Muitos diplomados acabam aceitando empregos em áreas diferentes das de sua formação, e com salários que não condizem com o nível superior de escolaridade (GALVÃO, 2007, p.174).

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Estas transformações atingem diretamente as estruturas familiares,

intensificando os conflitos internos devido a ausência dos pais que gastam a maior

parte do tempo consumido pelas novas dinâmicas sociais; e as mudanças nas

concepções dos valores, que agora são transmitidos e reforçados pela mídia, com

a sutileza da ideologia burguesa. Como a escola reflete a sociedade, vive

diretamente estes conflitos.

Se, do ponto de vista sócio-histórico, a escola é palco de confluência dos movimentos históricos (as formas cristalizadas versus as forças de resistência), do ponto de vista psicológico ela é profundamente afetada pelas alterações na estruturação familiar. De ambos os modos, a indisciplina apresenta-se como sintoma de relações descontínuas e conflitantes entre o espaço escolar e as outras instituições sociais (AQUINO, 1996, p.48)

Como vimos, os reflexos deste contexto têm influência direta no âmbito

escolar. Impactando na qualidade da educação através das: “impotentes” políticas

educacionais; do sucateamento das estruturas físicas das escolas e dos materiais

didáticos ; e da defasagem da capacitação continuada dos educadores. Docentes

e discentes, sentem a pouca eficiência dos sistema educacional em apresentar

alternativas.

A Educação, segundo a LDB, é apresentada com princípios de uma escola

democrática, universal, com garantia de padrão de qualidade, vinculando a

educação escolar ao trabalho e práticas sociais; tendo por objetivo transferir o

conhecimento acumulado, apoiado em um currículo que contribui para a formação

crítica e a construção da cidadania. “(...) tem por finalidade o pleno desenvolvimento

do educando, seu preparo par o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho”.(LDB 9394/96, Art.2º)

Pelas experiências vivenciadas, a educação, tem constituído um campo

limitado para atender a complexidade gerada nas relações desta sociedade e

apresentar alternativas de superação à uma grande parcela da população. Como

parâmetro, podemos ver o quadro de exclusão social no Brasil. O que exigiria outra

pesquisa.

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Se os novos projetos educacionais, como vimos, derivam das necessidades

criadas no bojo das relações sociais e econômicas e, no interior do sistema estas

seguem a lógica da acumulação através da exploração e exclusão, como a

educação, de forma autônoma, pode objetivar projetos de superação da realidade

posta? Que cidadania visa?

...a educação ou aquisição (consumo) de novos saberes, competências e credenciais, apenas habilitam o indivíduo para a competição, num mercado de trabalho cada vez mais restrito, não garantindo, entretanto, sua integração sistêmica plena (e permanente) à vida moderna. Enfim, a mera posse de novas qualificações não garante ao indivíduo um emprego no mundo do trabalho (ALVES, 2007, p.7 ).

Da mesma forma, não podemos esquecer da importância primordial da

educação:

Independente de qualquer argumento contrário, temos que reconhecer que alguém à margem da escolarização não pode (e nem mesmo o sabe) aceder ao status de cidadão na sua plenitude. Seus direitos, mesmo que em tese sejam iguais aos dos outros, na prática serão mais escassos. O acesso pleno à educação é, sem dúvida, o passaporte mais seguro da cidadania, para além de uma sobrevivência mínima, à mercê do destino, da fatalidade enfim (AQUINO, 1996, p.48).

Voltamos ao paradoxo da educação, na sua função de reproduzir e

transformar a sociedade. O que também não é o mérito desta pesquisa.

A análise não tem a intenção, nem conta com a ingenuidade de encontrar as

soluções, mas, levantar dados provocando discussão, visando uma melhor

compreensão do contexto. Lembrando que a escola sozinha não muda a sociedade.

Entendendo melhor a maneira como o homem organiza a produção de sua

existência, sua forma de pensar e de ser, podemos perceber no bojo dos conflitos e

contradições do sistema, as relações e os valores, que hoje permeiam a questão

trabalho-educação, na tentativa de compreender melhor as crises vivenciadas no

cotidiano da escola.

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CONCLUSÃO

O artigo permitiu demonstrar, através de uma análise sobre o modo como o homem

organiza e concretiza a produção se sua existência no decorrer do processo

histórico, alguns sentidos estabelecidos à concepção trabalho-educação, no intuito

de entender um pouco melhor os valores que permeiam esta relação no contexto

atual.

Vimos também, como conseqüência da implantação dos projetos

políticos/econômicos, de acordo com a concepção neoliberal, com objetivo de

superar a crise do sistema, surgida na década de 70, resultou na reestruturação

produtiva, objetivando , como lógica interna do sistema, uma produção cada vez

mais enxuta, o que vai resultar, a partir da adoção dos princípios do chamado

toyotismo, no processo conhecido por acumulação flexível. Este processo levou a

falência do Estado de Bem Estar Social, na tese do Estado mínimo, precarizou os

direitos trabalhistas, a medida que enfraquece o poder do estado, quanto ao

compromisso de efetivar políticas sociais.

Com o neoliberalismo, e a globalização, o mercado passou a ser o eixo

regulador das relações sociais. A partir desta concepção, vimos que cada vez mais,

os projetos políticos pedagógicos, seguem a lógica estabelecida pelas relações

sociais e produtivas. Ou seja, a necessidade de formação, segue as necessidades

da produção. Para entender a gênese dos projetos políticos pedagógicos, com suas

diretrizes, necessitamos entender como estas novas necessidades surgem a medida

que muda o processo de produção, implantando uma nova concepção de mundo.

Como resultado, vivenciamos crises e conflitos refletidos na concepção de valores e

nas instituições sociais.

No contexto educacional, de um lado vimos, uma concepção salvacionista , a

empregabilidade: a qual, habilita, para o mundo do trabalho, dissimulando, a

garantia de inclusão . Refletindo no interesse do educando. De outro, a descrença:

de que a aquisição de conhecimentos possa levar a superação da condição de

excluído. Refletindo no desinteresse e em comportamentos indesejáveis dos

educando.

Para concluir, vimos que é necessário entender melhor a maneira como o

homem organiza a produção de sua existência, sua forma de pensar e de ser,

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para compreender as relações estabelecidas entre trabalho-educação e as crises

vivenciadas no cotidiano da escola.

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