o menino de açúcar

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O menino de açúcar Paulinho era um menino quase igual aos outros. Falava menos, porque tinha a boca quase sempre cheia com alguma guloseima. Mexia-se menos, porque era gordinho, quase redondo. Via pouco porque tinha ficado diabético de tantos doces comer. O Paulinho, no entanto, era um menino especial, pois tinha o poder de transformar tudo aquilo em que tocava, em coisas doces. Um dia a mãe, desesperada com a gulodice do filho resolveu levá-lo ao médico. O médico, o Doutor Pauleta depois de ouvir com atenção as preocupações da Senhora Paulina disse: - Temos de fazer umas análises, vamos chamar a enfermeira. A enfermeira trouxe uns frasquinhos de vidro e uma seringa, onde brilhava a ponta de uma agulha. Paulinho assistia a tudo pachorrentamente sem abrir a boca, porque dentro dela tinha um rebuçado de ananás colado às bochechas rosadas. A enfermeira apertou o braço do menino com uma fita de borracha e picou a veia com a agulha. O sangue não saiu, em vez dele saiu um pó, fininho e branco como a neve. O médico observou a recolha feita, olhou e voltou a olhar, deitou um pouco na palma da mão, mexeu com o

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Page 1: O menino de açúcar

O menino de açúcar

Paulinho era um menino quase igual aos outros. Falava menos, porque tinha aboca quase sempre cheia com alguma guloseima. Mexia-se menos, porque era gordinho, quase redondo. Via pouco porque tinha ficado diabético de tantos doces comer.

O Paulinho, no entanto, era um menino especial, pois tinha o poder de transformar tudo aquilo em que tocava, em coisas doces.

Um dia a mãe, desesperada com a gulodice do filho resolveu levá-lo ao médico. O médico, o Doutor Pauleta depois de ouvir com atenção as preocupações da Senhora Paulina disse:

- Temos de fazer umas análises, vamos chamar a enfermeira.

A enfermeira trouxe uns frasquinhos de vidro e uma seringa, onde brilhava a ponta de uma agulha.

Paulinho assistia a tudo pachorrentamente sem abrir a boca, porque dentro dela tinha um rebuçado de ananás colado às bochechas rosadas.

A enfermeira apertou o braço do menino com uma fita de borracha e picou a veia com a agulha.

O sangue não saiu, em vez dele saiu um pó, fininho e branco como a neve.

O médico observou a recolha feita, olhou e voltou a olhar, deitou um pouco na palma da mão, mexeu com o dedo para ver melhor a textura, meteu o dedo à boca e provou.

Foi carregado de espanto que disse:

- É Doce! Isto não é sangue, isto parece açúcar!

Nesse momento, o Paulinho pegou no estetoscópio, que num instante se transformou num saco de gomas.

Incrédulo, o médico olhou a criança e sem pedir permissão, começou a picar o corpo do menino da cabeça aos pés.

Page 2: O menino de açúcar

Da cabeça aos pés, sempre que picava esguichava açúcar.

- É um menino de açúcar! – Gritou o médico- Nunca ouvi falar de tal Síndrome! Tem de fazer dieta e nada de doces, disse com ar grave.

A notícia do acontecido correu a cidade e depressa chegou a casa da bruxa Paulandreca, que logo que ouviu falar do Super Menino de Açúcar, mal pôde esperar para o atrair a sua casa.

Quando conseguiu apanhar o menino disse-lhe:

- Ou tu transformas a minha casa, numa casa de guloseimas, ou eu prendo-te numa cela escura.

Sem alternativa, o menino encheu a casa da bruxa de rebuçados, bolos, tartes, chocolates, gomas, bolachas e chupa – chupas.

Mas a bruxa não estava contente, aquele menino iria ser-lhe muito útil. Então resolveu prendê-lo na cela, mesmo assim.

Mas a bruxa era tão gulosa, que comeu tudo quanto pôde e de tanto comer rebentou…

O menino desesperado e sem saber como sair dali, de repente teve uma ideia. Transformou as grades da cela, em grades de chocolate, que foi comendo devagar até conseguir uma saída.

Correu para casa, embora devagar, já que de tão gordinho, mal podia correr e quando lá chegou, contou tudo à mãe e disse-lhe que tinha aprendido uma coisa muito importante!

“Tudo deve ser feito com conta e medida”.

Desde esse dia, iria deixar de ser tão guloso, pois de contrário, podia acontecer-lhe o mesmo que aconteceu à bruxa.

No dia seguinte, o Paulinho começou a seguir a dieta que o médico tinha recomendado e ao mesmo tempo que ia perdendo o poder de transformar aquilo em que tocava em doce, ia emagrecendo e o sangue das suas veias tornava-se um líquido cor-de-rosa, até ficar vermelho, da cor do sangue de verdade.

E o Super Menino de Açúcar, transformou-se assim, num Super Menino Saudável.