o melhor presente - seara bendita · mais alguns passos em direção ao “amor ao próximo como a...

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20 Seareiro, nº 141, set.-out./2015 Seareiro, nº 141, set.-out./2015 21 Psicologia Maria Regina Ramos de Andrade Recebemos há algum tempo um panfleto que, embora sem a indicação da origem, traz um texto bastante interessante do ponto de vista da psicologia e do espiritismo: “Dez preceitos para os pais e educadores Um grupo de professores e psicólogos europeus propôs um questionário a crianças de diversos países e continentes. Nesta enquete perguntava-se a elas o que desejariam ou esperariam de seus pais. Apareceram montanhas de respostas que, analisadas e classificadas com a terminologia de profissionais, originaram as seguintes conclusões: 1. Que os pais não briguem nem discutam diante dos filhos. 2. Tratem todos os filhos com igual afeto ainda que apresentem traços de personalidade bem diferentes. 3. Nunca mintam a uma criança, cuidando dela sobretudo dos dois aos cinco anos, época em que se gravam mais as impressões. 4. Que os pais sejam afetuosos e atenciosos um para com o outro, introjetando nos filhos, com a sua presença, uma personalidade equilibrada. 5. Que haja confiança e camaradagem entre pais e filhos, incutindo neles responsabilidade para a vida. 6. Que os pais recebam bem os amigos de seus filhos e não permitam gastos inúteis e além da sua mesada. 7. Não repreendam nem castiguem uma criança na presença de outrem e que indiquem o motivo do castigo. 8. Notem e encorajem as boas qualidades de seus filhos. Corrijam os defeitos, mas não salientem as más qualidades. 9. Respondam sempre às perguntas dos filhos conforme as exigências da sua idade. 10. Mostrem sempre aos seus filhos o mesmo afeto e o mesmo humor, sem demonstrar demasiada preocupação, isto é, procurem manter a estabilidade emocional.” Embora essas recomendações sejam em tudo semelhantes a outros “receituários” de ação para O melhor presente “E vós, pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas criai-os na educação e doutrina do Senhor” Paulo, Epístola aos Efésios 6:4 Por: Maria Regina Ramos de Andrade Psicóloga clínica com especialização em Psicossíntese e Hipnoterapia. Professora da Escola de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Expositora no curso de Educação Evangélica da Seara Bendita. Expositora no Grupo Espírita Casa do Caminho e no Grupo Espírita Noel, ambos em São Paulo, SP Coordenadora da seção Psicologia: Maria Alice Diomede Psicóloga clínica com especialização em Terapia de Casais e Orientação Vocacional. Fez parte do grupo de expositores e deu início às Palestras para Pais e ao Curso de Expositores da Seara Bendita pais, trazem a força extra de sua origem dever-se a expectativas dos filhos. Observe-se que elas pedem um comportamento maduro, em que a tônica são qualidades pessoais: paciência, tolerância, sinceridade, imparcialidade, confiança, calor, benignidade. Isso é difícil para a maior parte dos pais, que muitas vezes agem sem cuidar da própria emoção: são parciais, briguentos, impacientes, desconfiados e discutidores, salientam os defeitos do outro, mentem, oscilam de humor e vivem tensos, preocupados e pessimistas. Com dificuldade de colocar em prática os ensinamentos da psicologia, muitos dizem que “na prática a teoria é outra” e seguem dilapidando-se mutuamente e aos filhos. Olhemos para nós mesmos: estamos acomodados? Sentimos angústia, impotência e culpa por ter dificuldade de relacionamento com os filhos? Eles nos “tiram do sério” e nos levam a dizer e fazer barbaridades? Vemo-nos em luta dentro do próprio lar? Alguns porquês espirituais do desencontro familiar » Filhos, pais e demais parentes são pessoas ligadas por experiências incompletas do passado. » Todos reencarnam para quitar débitos e caminhar mais alguns passos em direção ao “amor ao próximo como a si mesmos”. » Em cada grupo familiar há grandes amigos, e há também desafetos do passado. » Acompanhando a família encarnada, caminham afetos e adversários desencarnados. Eles estão também submetidos à Lei do Progresso e vivem nova chance de aprender a amar ao próximo como a si mesmos. » Todos, encarnados e desencarnados, contam com a Providência Divina a supervisionar sua evolução. Ninguém está desamparado. » Encarnados e desencarnados ligam-se por “sintonia mental” uns aos outros: para pensamentos e sentimentos, a presença ou a ausência do corpo físico não faz qualquer diferença. » Se somos pais, a tarefa básica da vida é não só trabalhar, mas também orientar em direção ao Bem. » Cada pessoa tem um histórico pessoal não só de qualidades, mas também de falhas do passado a serem sanadas com o próprio esforço (“A cada um será dado conforme suas obras”). Desarmonias do grupo familiar abrangem todo esse lado espiritual. O que fazer? » Lembrar e utilizar esses conhecimentos na vida de todos os dias, no esforço do aperfeiçoamento de nós mesmos e do grupo familiar. Sabemos que isso é difícil... Dispomos, entretanto, de grande possibilidade de auxílio nos núcleos espíritas, que são, cada um, hospitais e escolas prontos a receber e auxiliar. » Buscar assistência espiritual para nós. Se nosso nervosismo é excessivo, estamos quase sempre irritados ou deprimidos, dormimos mal e temos dificuldade de orar, os passes e as palavras amigas que recebermos irão auxiliar a fortalecer nossas ações em direção ao amadurecimento pessoal, na prática das instruções da psicologia e da espiritualidade. » Buscar assistência espiritual para os filhos. Observemos as crianças: se estão excessivamente irritadiças ou dependentes, alimentam-se irregularmente, têm sono agitado, medo, fazem birra ou se expressam com muita agressividade, a assistência espiritual lhes fará bem. » Conforme o caso, talvez seja preciso também consultar um médico ou psicólogo para nós ou para as crianças. » Procurar, em seguida, fazer pelo menos um curso em um núcleo espírita onde se cultive o hábito do estudo. É muito importante aprender mais sobre os fatos espirituais em nossas vidas. » Encaminhar os filhos para a evangelização. Será preciosa para eles a base cristã de vida que lhes estaremos proporcionando. » Buscar tarefas conjuntas de auxílio ao próximo: pais e filhos unidos trabalhando em benefício de outras pessoas fará imenso bem à família, quebrando ou evitando hábitos de egoísmo e de orgulho. Se buscarmos uma autoanálise sincera e, em seguida, auxílio espiritual, estudo e servir ao próximo, logo veremos que a vida melhora. Haverá novos amigos, interesses e tarefas, o que poderá aumentar a alegria na convivência e a coesão familiar. » Importante passo será sempre cultivar paciência, perseverança, compreensão, carinho e firme empenho no aperfeiçoamento de nós mesmos, incentivando os familiares para o aperfeiçoamento de si próprios. » Pode-se também continuar a aprender muitas coisas mais com a psicologia e a espiritualidade. Conclusão O trabalho de aperfeiçoamento familiar será o melhor presente que poderemos ofertar àqueles que dependem de nós. Durará muitos e muitos aniversários, Dias das Crianças, das Mães, dos Pais e Natais, avançando conosco pela vida, construindo um mundo maior e melhor para todos. A lista dos dez preceitos acima mencionada, surgida da enquete com as crianças, poderá vir a ser a realidade do nosso dia a dia com os filhos!

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20 Seareiro, nº 141, set.-out./2015 Seareiro, nº 141, set.-out./2015 21

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Recebemos há algum tempo um panfleto que, embora sem a indicação da origem, traz um texto bastante interessante do ponto de vista da psicologia e do espiritismo:

“Dez preceitos para os pais e educadoresUm grupo de professores e psicólogos europeus propôs um questionário a crianças de diversos países e continentes. Nesta enquete perguntava-se a elas o que desejariam ou esperariam de seus pais. Apareceram montanhas de respostas que, analisadas e classificadas com a terminologia de profissionais, originaram as seguintes conclusões:

1. Que os pais não briguem nem discutam diante dos filhos.

2. Tratem todos os filhos com igual afeto ainda que apresentem traços de personalidade bem diferentes.

3. Nunca mintam a uma criança, cuidando dela sobretudo dos dois aos cinco anos, época em que se gravam mais as impressões.

4. Que os pais sejam afetuosos e atenciosos um para com

o outro, introjetando nos filhos, com a sua presença, uma personalidade equilibrada.

5. Que haja confiança e camaradagem entre pais e filhos, incutindo neles responsabilidade para a vida.

6. Que os pais recebam bem os amigos de seus filhos e não permitam gastos inúteis e além da sua mesada.

7. Não repreendam nem castiguem uma criança na presença de outrem e que indiquem o motivo do castigo.

8. Notem e encorajem as boas qualidades de seus filhos. Corrijam os defeitos, mas não salientem as más qualidades.

9. Respondam sempre às perguntas dos filhos conforme as exigências da sua idade.

10. Mostrem sempre aos seus filhos o mesmo afeto e o mesmo humor, sem demonstrar demasiada preocupação, isto é, procurem manter a estabilidade emocional.”

Embora essas recomendações sejam em tudo semelhantes a outros “receituários” de ação para

O melhor presente“E vós, pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas criai-os

na educação e doutrina do Senhor”Paulo, Epístola aos Efésios 6:4

Por: Maria Regina Ramos de Andrade Psicóloga clínica com especialização em Psicossíntese e Hipnoterapia. Professora da Escola de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Expositora no curso de Educação Evangélica da Seara Bendita. Expositora no Grupo Espírita Casa do Caminho e no Grupo Espírita Noel, ambos em São Paulo, SPCoordenadora da seção Psicologia: Maria Alice Diomede Psicóloga clínica com especialização em Terapia de Casais e Orientação Vocacional. Fez parte do grupo de expositores e deu início às Palestras para Pais e ao Curso de Expositores da Seara Bendita

pais, trazem a força extra de sua origem dever-se a expectativas dos filhos.Observe-se que elas pedem um comportamento maduro, em que a tônica são qualidades pessoais: paciência, tolerância, sinceridade, imparcialidade, confiança, calor, benignidade. Isso é difícil para a maior parte dos pais, que muitas vezes agem sem cuidar da própria emoção: são parciais, briguentos, impacientes, desconfiados e discutidores, salientam os defeitos do outro, mentem, oscilam de humor e vivem tensos, preocupados e pessimistas.Com dificuldade de colocar em prática os ensinamentos da psicologia, muitos dizem que “na prática a teoria é outra” e seguem dilapidando-se mutuamente e aos filhos. Olhemos para nós mesmos: estamos acomodados? Sentimos angústia, impotência e culpa por ter dificuldade de relacionamento com os filhos? Eles nos “tiram do sério” e nos levam a dizer e fazer barbaridades? Vemo-nos em luta dentro do próprio lar?

Alguns porquês espirituais do desencontro familiar

» Filhos, pais e demais parentes são pessoas ligadas por experiências incompletas do passado.

» Todos reencarnam para quitar débitos e caminhar mais alguns passos em direção ao “amor ao próximo como a si mesmos”.

» Em cada grupo familiar há grandes amigos, e há também desafetos do passado.

» Acompanhando a família encarnada, caminham afetos e adversários desencarnados. Eles estão também submetidos à Lei do Progresso e vivem nova chance de aprender a amar ao próximo como a si mesmos.

» Todos, encarnados e desencarnados, contam com a Providência Divina a supervisionar sua evolução. Ninguém está desamparado.

» Encarnados e desencarnados ligam-se por “sintonia mental” uns aos outros: para pensamentos e sentimentos, a presença ou a ausência do corpo físico não faz qualquer diferença.

» Se somos pais, a tarefa básica da vida é não só trabalhar, mas também orientar em direção ao Bem.

» Cada pessoa tem um histórico pessoal não só de qualidades, mas também de falhas do passado a serem sanadas com o próprio esforço (“A cada um será dado conforme suas obras”).

Desarmonias do grupo familiar abrangem todo esse lado espiritual.

O que fazer?» Lembrar e utilizar esses conhecimentos na vida de todos os dias, no esforço do aperfeiçoamento de nós mesmos e do grupo familiar. Sabemos que isso é difícil... Dispomos, entretanto, de grande possibilidade de auxílio nos núcleos espíritas, que são, cada um, hospitais e escolas prontos a receber e auxiliar.

» Buscar assistência espiritual para nós. Se nosso nervosismo é excessivo, estamos quase sempre irritados ou deprimidos, dormimos mal e temos dificuldade de orar, os passes e as palavras amigas que recebermos irão auxiliar a fortalecer nossas ações em direção ao amadurecimento pessoal, na prática das instruções da psicologia e da espiritualidade.

» Buscar assistência espiritual para os filhos. Observemos as crianças: se estão excessivamente irritadiças ou dependentes, alimentam-se irregularmente, têm sono agitado, medo, fazem birra ou se expressam com muita agressividade, a assistência espiritual lhes fará bem.

» Conforme o caso, talvez seja preciso também consultar um médico ou psicólogo para nós ou para as crianças.

» Procurar, em seguida, fazer pelo menos um curso em um núcleo espírita onde se cultive o hábito do estudo. É muito importante aprender mais sobre os fatos espirituais em nossas vidas.

» Encaminhar os filhos para a evangelização. Será preciosa para eles a base cristã de vida que lhes estaremos proporcionando.

» Buscar tarefas conjuntas de auxílio ao próximo: pais e filhos unidos trabalhando em benefício de outras pessoas fará imenso bem à família, quebrando ou evitando hábitos de egoísmo e de orgulho.

Se buscarmos uma autoanálise sincera e, em seguida, auxílio espiritual, estudo e servir ao próximo, logo veremos que a vida melhora. Haverá novos amigos, interesses e tarefas, o que poderá aumentar a alegria na convivência e a coesão familiar.

» Importante passo será sempre cultivar paciência, perseverança, compreensão, carinho e firme empenho no aperfeiçoamento de nós mesmos, incentivando os familiares para o aperfeiçoamento de si próprios.

» Pode-se também continuar a aprender muitas coisas mais com a psicologia e a espiritualidade.

ConclusãoO trabalho de aperfeiçoamento familiar será o melhor presente que poderemos ofertar àqueles que dependem de nós. Durará muitos e muitos aniversários, Dias das Crianças, das Mães, dos Pais e Natais, avançando conosco pela vida, construindo um mundo maior e melhor para todos.A lista dos dez preceitos acima mencionada, surgida da enquete com as crianças, poderá vir a ser a realidade do nosso dia a dia com os filhos!