o mal-estar docente

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. E79m . ".' Esteve,José M. o mal-estar docente ; a sala-de-aula ea s;lúde dos professores / JO$.~. M. Esteve ;.Ii!ldução Dur/ey de Carvalho Cavlcchi'a. - Bauru, SP : EDUSC, 1999. . . 170p. i l ôcm .• (EDUCAR) ISBN 85-86259-37.3 l . Traduç1ó"de: EL Malestar .docente. Inclui bibliografia. . ·1. "Professores stress ocupaclonal. 2. 'Professores - Condições sociais. 3. Trabalho - Aspec10s psicológicoa. I. TItulo. li. Série. . .' . CDO-371.1 ,;;, r•.'. , r.:.l:: :~ )t .ISBN 84-493-0054-1 (original) Copyright c> 1997 Edidones Pald6s Ib~rica, S.A. Copyright Ó de tradução 1999 EDUSC ~~ ll'aduçãO realizada 11 partir da 3 a ecl. 1 3 relmpressão (1997), Direitos exclusivos de publicação em Irngua portuguesa . para o Brasil adquiridos pela EDITORA DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO Rua Irmã Arminda, 10·50 CEP 17044-160 - Bauru • SP fone (014) 235'-7111 -Fax 235-7219 s-mall: [email protected] '. .•,fS;*~' ,,' .~ -,'t.~r.V;:~ .. -'. su"!.,ário ·,AbM.··.·· ·it#l. '. ta ão. . 7 1?;'~~lf .·i ç ~\~'i·. pli.~l(} à terceira edição espanhola. ~ 11 • ,W'.'\,'~,., Introdução: O .Ensino é sonho. • _~ 15 .Capítulo 1:A Função de um enfoque teórico. -. 23 . -~-~~ 'ê~pítulo 2: Indicadores do mal-estar docente. 27 '::"I-,c~l;1~atores secundários (contex:tuais). . . ,.•. 27 I' .. -,' . '~.' ·~ll\{odificaçãono papel do professor e dos jjilSijntes tradicionais de socialização'. . _ 28 -A função docente: contestação e contradições.. 31 - Modificação do apoio do contato social. _ 33 - Os objetívos do sistema de ensino e o avanço do conhecimento. , 36 -A Imagem do professor. '.' 39 2.2~F.atoresprincipais. 47 . . ursos materiais e. condíções de trabalho. __ 47 olêncía nas iÍlstitUições escolares. __ 50 '.esgotamentodocente e a acumulaçãode exigênciassobre optofessor. 56 .•. Capitulo 3: Conseqüências do mal-estar docente. __ 61 3.1.Absentismo trabalhista e abandono .da profissão docente. . _ ?L .61 3'~?lçpercussões negativas da prática' docênte sobre a sa~de dos profissionais. . 72 3.3;As doenças dos professores. _ 7~ ,.••i.~~ ! Capítulo 4: Bvolução da saúde dos professores. _. 93 4.1. Incidência das ücenças por nível de ensino. _ 95 . ..... ~~~i.~ •• " J 1 •• ..•........ ;~,~,;~,i:i~

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Fala sobre o mal-estar que os professores tem ao longo do seu trabalho

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Page 1: O Mal-estar Docente

. E79m

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Esteve,José M.o mal-estar docente ; a sala-de-aula e a

s;lúde dos professores / JO$.~. M. Esteve ;.Ii!lduçãoDur/ey de Carvalho Cavlcchi'a. - Bauru, SP :EDUSC, 1999. . .

170p. i l ôcm .• (EDUCAR)

ISBN 85-86259-37.3l .

Traduç1ó"de: EL Malestar .docente.

Inclui bibliografia.

. ·1. "Professores • stress ocupaclonal. 2.'Professores - Condições sociais. 3. Trabalho -Aspec10s psicológicoa. I. TItulo. li. Série.

. .' . CDO-371.1,;;,r•. '.,r.:.l:::~ )t

. ISBN 84-493-0054-1 (original) •Copyright c> 1997 Edidones Pald6s Ib~rica, S.A.

Copyright Ó de tradução 1999 EDUSC ~~

ll'aduçãO realizada 11 partir da 3a ecl. 13 relmpressão (1997),Direitos exclusivos de publicação em Irngua portuguesa

. para o Brasil adquiridos pelaEDITORA DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

Rua Irmã Arminda, 10·50CEP 17044-160 - Bauru • SP

fone (014) 235'-7111 -Fax 235-7219s-mall: [email protected]

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• ,W'.'\,'~,.,

Introdução: O .Ensino é sonho. • _~ 15

.Capítulo 1:A Função de um enfoque teórico. -. 23. -~-~~

'ê~pítulo 2: Indicadores do mal-estar docente. 27'::"I-,c~l;1~atores secundários (contex:tuais). . . ,.•. 27I' .. -,' .

'~.'·~ll\{odificaçãono papel do professor e dosjjilSijntes tradicionais de socialização'. . _ 28

- A função docente: contestação econtradições.. 31- Modificação do apoio do contato social. _ 33- Os objetívos do sistema de ensino e oavanço do conhecimento. , 36- A Imagem do professor. '.' 39

2.2~F.atoresprincipais. 47 .. ursos materiaise.condíções de trabalho. __ 47olêncía nas iÍlstitUições escolares. __ 50

'.esgotamentodocente e a acumulaçãodeexigênciassobre optofessor. 56

.•.Capitulo 3: Conseqüências do mal-estar docente. __ 61

3.1.Absentismo trabalhista e abandono.da profissão docente. . _ ?L .613'~?lçpercussões negativas da prática'docênte sobre a sa~de dos profissionais. . 723.3;As doenças dos professores. _ 7~

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Capítulo 4: Bvolução da saúde dos professores. _. 934.1. Incidência das ücenças por nível de ensino. _ 95

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Page 2: O Mal-estar Docente

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tegradas, para fazer frente aos novos problemas. No entanto, en-, tre os que sucumbem ante a ação das condições psicológicas e ,

soeíaís em que se exerce a decência, os mais numerosos nãosão' os que vêem sua saúde afetada por sintomas de estresse,

~ neurose ou depressão, que ficam reduzidos a um número de ca-sos quantitatiw1liente signifialtiVo, mas não alannante; os maísnumerosos são os professores que recorrem, como uma reação

, de defesa, a um mecanismo de inibição que lhes permite .rorn-'"per a pressão à qual se encontram submetidos. Portanto o jogo

de conceltos bâsícospara entender as conseqüêncíasdo tnál·es-tar docente é o de auto-ímplícação-íníbíção. Em um trabalho an-terior (Esteve, 1981) já mostrava como o significado que se deraà presença permanente de diversas fontes de tensão no exerci-

, cio.diário 'di docêncía dependia da implicação pessoal com q\JCcada professor 'en.frentava o magistério: "Essamesma implica-ção pessoal que antes aparecia como fonte de aut:o-r~açãoapresenta, portanto, ao educador uma ambivalência; tornando-se paradoxalmente a Cara e a cruz de sua atividade educadora",(p. 190).Efetivamente, como antes assinalamos,as respostas quea educação exige na sociedade contemporânea supõem pata oprofessor urna profunda retidão pessoal, pois é no âmbito desua,capacidade de relação pessoal, e não no do conhec.imentoacumulado . ainda que este deva ser' suposto ., que o professor

, vai conseguir uma educação de qualidade. Se o.professor nãomascam a autêntica relação educativa, precisa implicar-se pes-soalmente nela. Mas,como assinalava García Morente (1975), C)

educador enfrenta, na relação educativa, um sujeito que; comotal, é capaz de provocar interrogações; Interrogações que, muí- ,tas vezes, colocam-no a ele mesmo em questão. Interrogaçõesque superam, com freqüência, o' âmbito da Instrução para en- 'trar ~m um terreno de valores, ideais de vida e atitudes frente à

~ sociedade e o contexto: temas nos quais o educador não podeseparar o que diz do que pensa e do que faz.Nisso reside a a.m-

: biv;:úêncià: ~daiinpllcação pessoal: de um Jado, é a condição In-, dispensável Para uma relação educativa de qualidade; mas por

outro. propõe ao professor a exigência de um constante ques-tíonamento, revendo eontlnuamente a coerência da própría

.ação e do próprio pensamento, para responder às interroga-", ções 'que 'nossos alunos nos propõem, ;

"

Capítulo 3~

CONSEQO~NCIAS DO MAL-ESTAR DOCENTE

3.1.,ABSENTISMOTRABALHISTA E, ABANDONO DA PROFISSÃO DOCENTE

Pelas' ~~ões. expostas; a Iníbíçãoe o absentismo apare-cem como areaçãomaísfreqüentepara acabar com a tensãoderivada do exerCício docente. Se'a inlpJicação pessoal é cor-tada; corta-sea raiZ das 'possíveis fontes 'de tensão. Eni trocadisso! despersonaliza-seo magistério 'C' as relações com os alu-

\ nos tornam-se maís superficiais, mas ó professor se defende datensão com essa mesma renüncíé. A atuação na sala de aula

, toma-se maís:rigidá; o professor procura não implicar o que, pensa on o'que sente, reduzindo sua explicação ao âmbito dos'"conteúdos, sem buscar relações com o que seus alunos vivem.Reduz-lhes e' impõe Iímítes ao uso da palavra para que suasperguntas não o atinjam. Eu interpretaria assím âs relaçõesque estabelece PoJaino (1982) entre a atuação pedagógica eas variáveis "dogmatísmo" e "autorítarísmo", PoJaino, apósafír-mar a exístêneía de uma ansiedade nocíva e' desajustada quepode interferir no processo' pedagógico, nos adverte.' que: liAadoção de atitudes dogmáticas, por parte do professor, podelhe ser útil para compensar, neutralízar ou desmascarar sua an-siedade. Como demonstrou NichoUs (1915), o dogmaüsmo é

60 61

Page 3: O Mal-estar Docente

-/JA '

uma boa atitude de defesa para os professores que esperímen- 'tam ansiedade ante seus alunos, De fato, segundo NichoUs(1!/75), quando se aumentam as atitudes dogrnâtícas, a ansíé-dade diminui" (p. 30)0

A inibição e o recurso da ronna, que segundo o trabalhode Esti:Ve (1984a) afetaria 22% dos professores de EGB da amos-tra estudada, MO é, na maioria dos casos, uma atitude mantídadesde Q início da carreira docente, JPaS o recurso a que se ehe-

, gou ,para cortar a implicação pessoal da docência 'e as tensõesque dela derívam, ,

Diversas fontes coincidem em assinalar um aumento do'absentísmo trabalhista entre os professores relacionado às suascondições de trabalho (OIT, 1981jSteril, 1980; Goodman, 1980).,A OIT, citandQ fõ:iites dos Estados Unidos, afirniá qu,e 33% doseducadores que entram em licença médica evocam, entre ou-tras razões, o -estresse ou a tensão. "O índice de absentismoanual médio entre os educadores franceses passou de 4,5% a:5,1% entre o período de 1973-1974 e o de 1978-1979 e em al-

'~.':::guns departamentos está acima (te 6,61%~(le Monde, 198,1);,: "Uma pesquisa realiiàda na'Inglaterra, em 1978; sobre as es-

: ,',colas, 'poli valentes, mostrou; que ~ uma .estreíta relação entre':,,';,0, estresse.dos educadores e a dfojinuição dasa~ no traba-, i"lho, e por outro lado, entre o absentismo e a íntenção de abando- '

'.;,:.nar-esse emprego. Quase 75% dos educadores declaravamse satís-;'%';feItos'Com sÇQ'tri,lbafuo, mas esta porcen~etn está, não obstante,

'o": ":',;',,:,waixoda:encontrada em um estudo anteno! (1962) e é ger.t1men-, -te .inft;:rJ.01'à porcentagem comparável em outros empregos. O ab-, se.ntismo no t1'àba1ho!bi igualmente mais freqüente em 1978 do 'que em '1962. Fiilaln:iente, quase 25% dos educadores questiona-dos indicaram que era pouco provável que eles contínuassem en-sitlando dez anos mais tarde; deve-se ressaltar que a intenção de

) mudar de emprego era mais freqüente entre as mulheres, os jo-• vens e os professores menos experientes" (0IT,1981,p.89)., O uabalho de Stern (1980) relaciona o aumento dos Indí-

",,' ces de absentísmo com uma baixa motivação pelo trabalho e. .; com a existência de IDás relações com os colegas, com a per-

, cepção que o professsr tem de possibilidades de promoção, mui~o limitadas é com a carência de equipamento e material,. Stern comprova i8"ü3.tmente a quasé inexistência de absentismo

I o

nos primeiros anos de exercício profissional, situando nos cín-'co anos de experiência profissional o ponto em que aparecem

, altos Indíees de absentiSmo. " ' ~,I O ab~ntismo aparece, ,pOrtànto, como forma de buscar; um alivio que permita ao professor escapar momentaneamente!das, tensões ácumuJadas em seu trabalho, Recorre-se, então. aos, pedidos de licença trabalhístas ou, simplesmente, à ausência do

estabelecímento escolar por períodos curtos; que exigem, uãl'.mais' do que UJIla-Justificativa. , ,

, Seria extraordinariaulente Interessante fazer um etltudo d'lforma com que se dão essas ausências 'cW1as e n1htm1t pctrlqual se acuntulam em determ.inadas pessoas. Jíi <tuc il,S V'(~Ze5 eu-

, cobrem uma atitude de absentismo que Joga com os lltnltes dalei. Chegamos a estudar um caso em que, recorrendo à combJ...nação de pequenasfaltas e licenças médicas, ~ professorachegou a acumular mais da metade dos dias letivos em .fàltalJ aseu estabelecim~to. mas com pequenas.interrupções que não'eram suâeíentementelongas para substituí-Ja. >;

FIGURA 1 'Média mensal do estresse registrado em professores de

10 e 2" graus e cargos de diretoriaSr-~I~'.~~~~--------------------~. fi.,. ~..._.l._--2

•• ..~ eM. _ PN. ••••• !fi MIr;

Fonte: HembUng, D.W. e Gilliland, B. "15 There an IdentÜia~ble Stress CycIe fn the SchoolYearl" The Albertalournalof Educfltlonaf Res.earch,27,4, 1981,pp, 324-330;

63

Page 4: O Mal-estar Docente

Os pedidos de licença e o aumento do absentísmo têm re-lação com os ciclos de estresse identificados ao longo do ano

· escolar (HembJing e Gilliland, 1981). Os finais·de trimestre e or; final do curso, tanto pela acumulação de tensão no período pre-· cedente quanto pela coincidência com as avaliações, são os pe-· ríodos de maior incidência (veja-se flg, 1).

De fato, como podemos observar na figura l,os períodosde férias de que os ·professorCs gozam .cumprem uma funçãoimportante, rompendo a acumulação do estresse. O gráfico nosmostra claramente um aumento do estresse com os problemasorganízacíonaís do inicio do curso e, posteriormente, um au-mento gradual do estresse ao Iongo de cada tdme~~.e, produzin-do três picos seguidos pela queda nos períodos de férias.

Com a intenção de furnecer dados que validaram a hipóte-se da relação do estresse dos professores com as llcençâs traba-Jh1stas e as faltas, retinimos, em gráficos similares ao de Hembllnge GilliIand, os dados estatísticos contidos no arquivo de Ucençasda Inspeção médica da delegacia de Ensino e Ciência de M:álagal.

Evidentemente, com esses dados não é possível fa.1af deabsentismo, e só. muito llmltadamente de doença; já que as'doenças de curta duração, reais ou fictícias; que supõem o aban-dono das classes durante três ou quatro dias, não requerem apresença do inspetor médico e, portanto, não estão incluídasnos gráficos que. se-seguem. Neles estão incluídos os dados detodos <?8 :protesSc,,~<I1Je ()btiyerarn:uma liCença 'médica oâcíalda Inspeção tnédicad~te,os períodos letivos de 1982-1983e 1983-1984 (ve~seJigW-âs 2 e 3):

Se comparamos esses gráficos com oproposto por Hem-bllng e Gilliland (1981) que, como vimos, fazia referência à pre- .sença de um ciclo de acumulação de estresse ao longo do ano

escolar, encontramos umasemelbança assombrosa. ,Em raísgrââcosse observam quase as mesmas tendências

que no de Hembling e G~d. Os p~feSsore~ não, adoecem!por acaso; ou pelo metros nao recorrem a Inspeção mêdíca para

r: pedir suas licenças médicas da"mesma forma ao longo do ano.i Se observamos a figura 2,que correspondeàs Ucen~ls mé-dicas i'egim-adas em cada mês do período letivo de 1982-1983,veremos que, durante as férias de verão, o número de licençasé insignificante. No· início do primeiro trimestre, awnentabruscamente o número õe licenças durante o mês-de stternbro,duplica-se em outubro e alcança seu índice mais alto durante omês de novembro. Os-feriados de Natal detêm o aumento de li-cenças e, inclusive, o fazem retroceder, Em janeiro, o começo dosegundo trimestre registra pai aumentosübko das Ucenças iné-dicas que supera, consideravelmente, a primeira alta. alcar1çadano mês de- novembro. A tendência à subida continua no mêsde fevereiro ··eInterrompe-se no mês de .março, retrocedendonovamente com os feriados da Semana Santa. O início do tercei-ro trimestre repete a mesma tendência que observamos nOS trl-

. mestres anteriores. Desta forma, o mês de abril registra a maíor'acumulação de licenças médicas de todo o ano letivo. O gr",dlcose mantém praticamente inalte.rado em maio,que é o segundomês com maior. número de licenças de todo o ano letivo. Nãoobstan,té~aS.féda$ d~.v~oconseguem, no mês de junho, queapn>xbnadaitte~te:doJsJerçqSdos professores doentes recupe-rem à situação' administrativa de alta trabalhista. O terço restan-te obterá alta no mês seguinte, de forma que, quando chega ju-lho, dos 95 professores que estavam em licença médica doismeses antes, ficam em sítuação oficial de licença somente doisprofessores. . . . o •

. O gráfico de licenças representado na figura 2 reproduzem cada trimestre o desenvolvimento das licenças, méd1casmuito semelhante ao descoberto por HembJing e Gilliland, quefala do desenvolvimento do estresse. Os dados disponíveis nãonos permitem fuzer aãrmações taxatívas neni extrair conclu-sões deânítívas. Não medimos o desenvolvimento dos ciclos deestresse em nenhuma amostra representatíva dos professoresde Málaga e interior, e a coincidênda com uma amostra de pro-fessores canadenses pode não ser mais do que isso. No entanto,

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l- N. A.: Desejo espressar aqui meu agradecimento aoinspetor médico de Málaga, Or. José Manuel Fctnándes.Albacete,peJas facilidades oferecidas pata elaborar nossasestatísticas, salvaguardando os dados pessoais protegidospelo côdígo deontol6gico médico. Devo Jgualn:i.ente citar aaluna bolsista do departamento, Dra, Mana del CarmenHormeõo, qúe recoplou os dados estatístícos tirados doarquívo de informação pertinente.

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Page 5: O Mal-estar Docente

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os dados disponíveis'nos permitem formulai"iDals clara e enía-'tkamente uma hipótese que deve ser Jnvesdgadano futuro; ExiStereaJIi1ente, como parece; uma re1açãO entre o aumento do estressee as doenças reais ou, se ror o caso, fictíciasdos professores?

FIGURA 2DISTRlBUlÇÃO DE UCBNÇAS OFICIAIS POR Mas-

PBlÚODO umvo: 1982,.1983~r---~~----------------------~400

360

320

N'do 280pIOro.011IIkIonça 240

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• Bxcluídas as Ucenças-ma.tc:rnidade.Ucenças médicaS oficlais dos' professores de EGB eBE.MMI.de Málaga e interior;Fonte: F3tatistica formulada com o arquivo de licenças daInspeção médica da delegacia regional da Consejería deEducacl6n dê: Ia Junta Andalucía.

I A comprovação desta hipótese precisaria de uma investi-'gação em grande esqlá, na qual, além de se considerarem as

r

1. N.T..:BB.MM. é a sigla de ·B~enãnzas Medias", corres-ponde 'ao mesmo ensino de '2° grau

66

\ uoenças que acabam em licença oficial. seria preciso controlarI essas.faltas por doenças breves, reaís ou.ãctícías, de três ouqua-

j, '.tro dias de duração; o que apresenta gravesdíâculdades meto-dológicas, somente sanáveis com um furte apoio oficial e iit.Sti-tucional com todas as distorções que ele comporta

. FIGURA 3DISTRIBUIÇÃO DB UCENÇAS OFICIAIs POR ~.

PElÚODO LB11VO: 1983-19844IOr------------------------------,. -. -"-

Nt de 28CIprole.emlicença 2,w

200

180

120

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- Bx:cluídasas Iícenças-maternídade.Ucenças médicas oficiais dos professores de BGB eBB.MM. de Málaga e interior.Fonte: Estatística fórmula da com o arquivo de licenças daInspeção médica da delegada regional da Consejeria deBducadón de la]untaAndaluda.Nofa:,A última semana de fevereiro foi de festas para to-dos os professores.

o gráfico da figura 3, correspondente às licençasmédiotsacumuladas durante o período letivo de 1983-1984, é compatí-vel'com a hipótese formulada, mantendo o aspecto de "três pl-

67

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Page 6: O Mal-estar Docente

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C9S", um por trimestre, apesar da ruptura da coíacídêncía do te-baixameo.to das licenças com as férias tr.imestrais.O fato de queo rebaixamento do segundo trimestre situará-se no mês de fe.vereiro em incompatível cem a hipótese enunciada, e produziucerta perplexidade até conârmar na delegada de Ensino que,.nesse ano, todos os professores tinham desfrutado de uma se-mana extra de férias, situada na últitila semana do mês de feve--reiro. Esse novo fator torna o gráfico da figura 3 compatívelcom a hipótese enunciada mas,ao mesmo tempo, dificulta acomparação entre os gráficos 2 e 3.

Recorreu-se então. à investigação dos dados das Iícençaslllédicas do período letivo de-1981-1982, para ver se confirma-va-se a tendência da figura 2. Infelizmente, a Inspeção médicanão havia começado a-elaboração de seus arquivos até jaueJrode 1982, sem que existam remstros do primeiro trimestre doperíodo e sem que a forma de tegiStro permita elaborar um grâ- .fico comparativo. .t

Os estudos desenvolvidos depois das duas primeiras edí-ções deste livro comprovaram que, em toda a seqüência estatís-'tíca investigada desde 1982 até 1'989. são produzidos, a cadãperíodo letivo, os gráficos de três. picos tal como podem.ml ob-servar na figura 4, que reproduz a distribuição grá.fiéii~pormeses, das ncenças ocóirldas correspondentes ao- período 1d:J..vo de 1988-1989; ... - ... ' .

. Como infurmação adicional, Incluem-se os gráficos contl-dos nas.figuras 5 e 6,nos quais se representa o aparecimento denovas líeenças médicas em cada mês dos anos letivos de 1!)82·1983 e 1983-1984. Como se pode.cbservan esses gráficos naan·têm basiam.entt·Ss. tendên,clas enunciadas .

.PerCenUlaltnen.te.~:aI>s~$.mo por licenças médicas ofi-cblisa.fetolJ6;56%·do~ ProfessQ~estudados QO período letivode 1982-1983 e 4,71%no:penodÓ: Ictlvo de 1983-19e4, dadosmuito semelhantes aos regist1'adosentre os educadores frarlce··ses segundo as cifras citadas anteriormente.(Le Monde,1981) .

Outra·forma de evasão·.assJtWada·;nabibllogrilfia são os; pedidas de transferência, med!anteos quaísos professoreseví-

t. tatu os estabelecimentos conf1it1vç~'oua' exiStência de más re-!lações com os colegas. Gosselin (1984,p. 153) a citaéomo uma, forma em que os prokssores antigos no corpo docente podemir evitando os estabelecímentos mais confUtivos oft as zonascultural ou c$.maticamente mais desfavorecldas. Isto produz

.como resultado, tal como assinala Breuse (1984, p~153), que osprofessores Inícíantes, com. inats Insegurança e menos exper-iência, tenham que começar sua carreira profissional nos pos-

A, tos mais difíceiS; onde se oferecem. menos oportunidades de:êxito, nas piores condições de trabalho. Habitualmente nos 1l0·..' rários em que ninguém quer e com aulas de menos condições,'já que os veteranos escolhem primeiro.

FIGURA 4DISTRIBUIÇÃO DE UCENÇAS OFl<JAIS POR dt

PBlÚODO LBTIVO: 1988-1989~r---------------------~------------------~440

380

320

N"dO-':28Ó .:pr0f8.llIIIHcOf19Il 240

. 200

160

120

80'

40

• Ibccluídas as Iicenças-matertlidade.Ucenças médicas oficiais dos professores de EGB eBB.MM. de Málaga e interior. '.FOnte:Estatística formuladacom o arquivode licenças daInspeção médica da delegaeía regional da ConseJeria deBducad6.1l de Ia ]unta Andalucía. .Nota: Semanade folgana última semana de fevereiro.Se-mana Santaem março. .

. .68 69

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~L"~ __ ~~~~_-----

Page 7: O Mal-estar Docente

,n. ,til 1

FIGURA. 5DISTRIBUl~O DE UCENÇAS OFICIAIS POR Mas·

PBR.ÍODO LBTIVO: 1982-1983Novas licenças

~'r-------------~----------------~l!OO

180

\80

N"de 1<10prols.em 120lIcenÇa

100

.•. 80

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. ~, .• ' ••L' OU!.. Hov. I!ei. """ r... MaL l\IIr. MIl./\li. JII.

;·r~i~·: •..... .".~ .'," .Ex:duídas as licenças-matetnf.dade. . ... 't::,:;k:, ,.i!Jce.QçaLblÇd!cas aftclaJs. dos professores de EGB e, '..~i.,.. ,OO.MM.de Máhtga einterlor. .

.. . Font(!:Bstatí~ca formulada com o arquivo de llcenças daInspeção médica da delegada regional da Conse/etia deBducaeíén de IaJuntaAndalucla.

. O absentismo tem como última opção um gesto de sín-• cerídade: o abandono real da profissão docente. nA intensifi-, eação da tensão nervosa é igualmente assinalada na Bélg'ica

, '. no Canadã, Esc6cia e Nova Zelândia, especialmente, entre asrazões que levam os educadores a buscar outra profissão" ,(OIT,1981, p. 124). -r .

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70

FIGURA 6 .DISTRIBmÇÃO DE uGBNÇASÓFICIAlSPOJl M~·

PERíODO LJ!TIVO: 1983-1984.Novas licenças

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180

180

-~~,140

em 120Hcenc;a100

80

+ BXcJrií~/~·Uc~nça.'Ymaumldade.IJc~ças,mét1icas:06clais' dos professores de BGB e.BB:MM.de:M'átaga eíntedor,Fottte: ~tíStica.foi:mu1ada com o arquivei de licenças daInspeção médica da delegada regional da Consejerla deIlducación de laJuntaAndalucía.N'ota: A última semana de fevereiro foi de festas para todosos-professores. .

o gesto de sinceridade é surpreendente e raro no caso deBardo (1979), citado mais acima, no qual a professora reconhe-ce publicamente seufracasso no magístêrío, analisa as causas deseu abandono e procura outro emprego, "por .respeito a s1

"mesma e em benefício de seus alunos" (p. 253). A atitude maís~freqüente, dadas as atuais expectativas de emprego, é a de manolter, maís ou menos assumido, o desejo de abandonar a profissão

71

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Page 8: O Mal-estar Docente

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I:' docente, mas,_sem.conseguir um abandono real, recorrendo a di-· f'eientes mecanísmos para evadir-se dos problemas cotidianos. A

mesma 'autora, apoiando-se' em dados da National Education ss-sociation, fornece uma cifra de .~O%de professores insatisfeitoscom sua profissão, embora esses dados possam estar, pela meto-dologia de sua obtenção, deveras supervalorízados.

3.2~REPERCUSSÕES NEGATIVAS DAPRÁTICA DOCENTE ,SOBREA. " . . ."..

SAUDE DOS PROFISSIONAIS

Chegamos, finalmenté, ao último degrau do esgotamento~docente. Um grupo nada desprezível de profeSSores chega a se

,-.sentir afetado-emSlia &;lúde.fi'siéaou mental, por causa das ten- .·sões e contradições acumuladas descritas na:ailáUseprecedente.· Pretender uma valorização quantitativa·deste grupo é,muitodifícil,e Berãoobtidosdifereil.tes dados dependendo da gravidade

,.qualitatiw que íremosconsíderaeNão é a mesmaceísa falar de, " um quadro geral,de ansiedade; para o ,'qual encontraremos cifras

.maiores,do quefalar da somalh'aÇãodessa ansiedade 'em forma de,'estres5e'-'dentro do estresse deveee dlstin8Uirentre aqueles casos . .em quenão éprejudicial para a atividade normal·dosujeito daque-lcs outros em que .seproduz mudesajuste prejudicialipara o orga.;tlismo,'eassimobteriam~ difereO.tesclfras{Polaino,J982, p.l7).

" Por último"as cifras de doenças.querequerem.atenção médica -normalmente neuroses reativas e depressões no plaO.omental, e fa-rlngites e laringites no físico - são aln<Iamuito mais reduzidas.

Nem todos os trabalhos de JnvestIgação de que dispomossouberam fuzer essas distinções qualitativas de furma precisa; al-gwis, inclusive, utilizam uma terminologia confusa, muito poucoespecífica, f.ilandoder "desajustes"ou de "problemas"psicológicos,fOrnecendo cifras gerais sem maior precísão. Por outro lado, tantoa freqüência como as repercussões qualitativas da tensão a que

-~ submetido o professor são v.uiávels e dependem do tipo e ní-vel da instituição docente, da experiência dosprofessores e de seu~~o; pelo menos entre OS 1àtores'maisimportantes a' considerar.

Em primeiro ,lugar, com respeito ao nível dos estabeleci-mentos, díversos estudos realizados nos Estados Unidos (NCES,

72

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1979 e Her$ling e,qil\iland, 1981) concordam em assinalar umamaior tensão, nwor número de conflitos e maior incidênciá de es-t:resse entre os pn;fessores que trabalham em estabelecimentosde 2°grau do que entre os de ensino de r grau (Brunet; 1982).

Mandnl(1984) com dados franceses e Breuse (1984) comdados belgas cciitlddem em ~inalar uma maior íncídêncía datensão profissional sobre os Pf9fesSores jovens menores ~e 3?anos. N"aOobstante, comosugere Amlel (1972, p, 336), nao háuma tendêncblmêdia significatiW que nos permita afirmar queos Pl;OreSsorestêm súa saúde afetada por esta 'maior tensão atéos seis aaos de exer<;1cloprofissional, situando-se entre os 6 eos 9 anos de experiênciao'periodo em que os professores têm

'sua saúde mais atef:ada.Pelastensões derivadas .de seu tnlhanioprofissionai.' "., ., ,', • "

Noque se ~,.~sao, os dados não sãounâJlimes.Amiel (1972, p. 3~:J)~ que "existem claras ~ças entre' "homens em1J1h~ CQn.Jrárlasa essa'.'.Segundo seus,dados, ob'l;i-dos sobreWml~~4e'659 profe8sores,tq,resen~ da po-puIa.ç~otriwc~:de, prt-eBcQla'e de primário, aparecem .{% dehomens com "wpa.~úçl~ ~'extremamente,fI:á8il";enquanto, nomes~Q ,it~;,.~a;P9,«;~t~"de mulheres, eleva-se a 12%.'TodáVia,KyJiac9u e SQtcllffe(1978,p.166) concluem que "os te-

, sultadosindicani qii~'~, uma rdaçãó muito pequena entre; o es- ', tresse.e as caracteríS#~ b~o~cas de sexo". Embora eles mes-mos inf9rrnem ae:idSt~-cia de diferenças. significativas,já que asmulheres. reconheceram ter sJntomas mais üeqüentes de "dores'de cabeça", "choros" e "esgotamento", Em um trabalho anterior,Kyrlaoou e Sutcliffe ,(19,77)nos falam dos baJxos salários comoa prlriclpai fonte deJnsatisfação entre os homens, e das cl.assesgrandes, para as mulheres. Rudd e WlSeman (1962) propõem aidéia de que' as mulheres parecem afetar-se mais pelos proble-mas cotídíanos que surgem ~o interior da aula. enquanto OIS ho-mens sentem-se mais afetados pelo contexto em que se exercea docêncía.Stanton (1974), utilizando o StateTraitAnxiety Itlven-tory(STAI) encontrou entre as professoras índices de ansiedade'consíderavélmente maís altos que os dos professores.

-Passando agora a considerar os professores como um 81'U"po profissional em seu conjunto, deve-se assinalar a coíncldên-ela dos mais diversos trabalhos, utilizando amostras de profes-

73

Page 9: O Mal-estar Docente

sores de nacionalidades bastante diversas, sobre o aumento datensão entre os professores. Ainda que, como se disse antes, asvariáveis controladas não sejam, àSvezes, comparáveis, por não.estarem clarame .nre definidas.Amiel (1972, p. 336) nos fala de24,15% de professores, sobre uma amostra de 559, preocupadoscom sua saúde nervosa. Esse grupo de professores tem UJ1la~Isaúdefrágil" segundo os índices 'que obtém o T5I"(Test de San-té1btale).Kyriacou e SutcJi.t'k·(l978,p.166) concluem seu ira-

.baJho assegurando que "em tomo de 20% dos 257 professoresda amostra,. tomada de 16 Comprehenstve Schoóls .inglesas(mistas e de tamanho inédio), estavam em uma situação muitoestressante ou estremamente estressante". Newell (1978 .._e

--1979, p. 16), baseando-se nas pesquisas feJ,tasnos BtIA. 'pela Na~'-'. '.' tional EdUcation Association, afirma que 1/27%dos educadores'

queixaram-se de problemas crônicos de saúde produzidos pórseu trabalho". O informe da orr (1981,p. 125) nos ofetece da-

. .dos da Suécia, assínaíando que "25% dos educadores estão sub-..•. ';metidos a tais tensões psIcológicas que se podem consíderâ-íos

y,.:·i~';éomo umgrupo de trabalhadores furtemeilte· expostos", Esteve.}j.; (1984, p. 223),utilizandooMISPE com umgriJpo de 246 pro-

. <~..~.fessores espanhóis de EGB, obtém uma porcentagem de 28% de;Y;':~'educadores queexercemsuá' p~fissão sobppredoriúnio da an--: síedade de expectativa. JiméneZ (1984,. p, 291), com uma

'.~r '·.\1(,';mosttade 89 professores. espátlhóis' de EGB. e utilizando o. i:,:~: :~~frMAE,de ~lechano(l975),assinala aesístêncía de 29% de pro-'.' .::'i~%>:.fessoressobre o percentil'75 no' itci:n de "ansiedade perturba-

. ····;dóra",essa porcentagem correspondendo exatamente aos pro-fessorés que o MISPBsitua, em seu trabalho, no grupo que exer-ce a docência sob o predomínio da ansiedade. '

Se refletírmos sobre os dados que acabam de ser mostra.dos,refererites à tensão e à ansiedade dos professores, encontra-mos porcentagens que oscilam em torno de 24-29%,exceto osobtidos no trabalho de Kyriacou e Sutcliffe, que se refere a es-tresse e que, ao referir-se a uma sintomatologia mais restritiva eespecífica na repercussão da docência Sobre os professores, caipara 20%.Se então buscarmos dados teferentes a doenças men-tais que exigem tratamento médico, as cifras caem novamente.Os dados mais con.tiáYeis são os apresentados por Maneira(1984, p. 216), referentes aos franceses e obtidos 'desde seu

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74

..,

cargo no Ministério da Bducação, como Inspetor geral dos ser-viços de apoio ereadaptação: ;~Opessoal. em longa ínterrupçâode sua atividade por razões de doença, (...) deve representar me-nos de 2%dos efetiVos.Se se acrescentam os casos de doençanão declarada, ocultos no funcionamento habitUal da institui-ção, pode-se estimar qu~ o pessoal em dificuldades representade 3 a 4%·da massa docente". Amiel (1972, p. 327) discorda d~s-'tes dados de Mandra, baseando-se 'em um estudo reali2aéloso-bre lima amostra de 559professotCs; representativa da popuJa-ção.1i:anceiJade professores d;eprê-escela e prlmátio, aplicando

. o TST:"No nível do conjuntO da amostra nacíonal de professo-respode-se dizer que êfu torilode~t9% sofrem perturbaçõ.es

~claras, o que é muito:qWuidose lembra que se trata de educa-dores em atlvidade".A difereô.Cjil'existente entre as clt'ra8 de

· Mandta e Amiel·pode; ser·apliêada'peJa furma de construçãodo Thst de Santé 10tale (TST);que considera como doentes boaparte dos indivíduos aktadospelo'que Peleehano define como

,.\lansiedade perturbadora". O conceito de "saúde total" no qualJbaseía-se oTST inclUi,poís, como doentes; muitos desses indM·i dues.que sofrem,'mas ,que,OOnl.'diversos ;custos, mantêm-se··"ocultos no funclonamentototidianó da. inStituição", para utilJ..; zar.amesmae:xpressãode-Mandra. A.discordâncladeclt'nts con-tinuá1'á mantendo, pelo menos enquanto os mêdícos não esta-belecerem mais.claramente.essa tênue Hnba divisória que 1Il1k.

. ·ca a passagem da saúde para a eJúermidade.: Mandra, como ad-ministrador da educação,utiliza·\UDconcclto administrativo dadoença, deãníndo-a operativamente a partir do absentísmo tr.a-bâlhJsta. Andei, como médico, parte de um conceito mais am-ploemaís subjetivo: o conceito de "sofrimento" como base dedefinição dá doença.

Dentro deste grupo de professores em tratamento médicopermanente.ou periódico, até 75%, segundo Mandra, tem umdíagnõstíco referente a "doenças psicológicas e mentais". O es-tudo epídemíolôgíco feito por Amiel (1972, p, 349) sobre asdoenças dos professores submetidos a tratamento nos centrosassistenciais da Mutuelle Générale de L'Éducacion ,Nationale,50-

·bre amostra de 1.294 professores doentes conclui: "entre oseducadores (1.294 ), os diagnóst!cosmais freqüentes são:esta-dos neuróticos (27%), estados depressivos (26,2%), personaíída-

75

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Page 10: O Mal-estar Docente

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des e caracteres patológicos (17,6%);os estados' psicóticos taiscomo psicoses maníaco-depressivas 0,4%) e as esquízofrenías'(6,6%) continuariam muito mais distantes". F.rançoiseAmid-I.e.bigre (1980, p.179) coloca-se a pergunta sobre o significado des-tes dados comparados a outros grupos profissionais ou ao res-tante da população. A resposta da autora - médica psiquiatra - .baseia-se em um estudo epídemíolôgíco, de tipo clínico, realiza-do por ela mesma (Amiel-Lebigre,1973), chegando à conclusão ."de que a freqüência dos casas psiquiátricos é claramente maJsalta nos mestres -analisados do que nos sujeitos dos grupos de .controle. &lta grande diferença se dá sejam quais forem os cri-térios adotados. (...) Os antecedentes psiquiátricos dos mestressão sumamente freqüentes e os distinguem muito claramente

. dos outros dois grupos analisados". O estudo epídemíolégíco qeRogerAmicl (1972, p. 327) é mais ~ciado em suas conclu-sões. Segundo ele, a saúde' mental dos educadores seda ligeira-me,llte pior doquea de um grupo de conll.'Õlecomposto porsujeitos dos qu'àdro5~édiosdo setor privado da região pari-slense; não obstante, âS pesquisas de.doisdisclpulosseus na cá-tedra de.Medícína do trabalho da Universidade Livre de Bruxe-las (Wanet, 1971 ~ GfégOire, 1971),concluem que"a saúde men-tal do professorê, em termos médíos.melhor do que a dos·tra-balhadores. braçais",.após a comparação com umgrupo de ope-rârlos:metalêrgícose outro' de vendedoras de grandes lojas dedepartamentos. .

No entanto, apesar de que, como vimos, os professores pa-recem expostos a uma ansiedade considerável que acaba pro-duzindo altas taxas de estresse e casos de doença mental, omesmo trabalho deAmlel (1972) nos adverte de que os profes-seres têm as taxas de mortalidade diferencial mais baixas aos 70anos, em comparação aos quadros médios do setor público, osagricultores-proprietários, administradores do setor público,empresários da indústria e do comércio, admínístradores do se-tor privado, operários especialiZados e operários braçais.

. Definitivamente. os professores, pelo conjunto de fatoresI sociais e psicológicos que analisamos, sofrem as conseqüências~ de estarem expostos a um aumento da tensão no' exercício deI seu trabalho; çula dificul~ade aumentou, fundamentáJmente,.\,.pela fragmentaçao da atívídade do professor e o aumento de'

..76

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t .responsabilidades que lhes.são exigidas, sem que se íhestenhaidotado dos meios e condições necessários para responder ade-i quadamente. Não obstante, os professores se defendem do au-.mento de tensão em seu trabalho por diferentes meios. que lhos· permitem recuperar-se. Entre eles, a ocorrência periódicá de fé-' .riaS cumpre um papel fundatn&ta1, rompendo os ciclos de es-4'e8Se.como se observa claramçnte na pesquisa de HembUng e:GÍlliland (1981), e nos dados sobre doenças docentes recolhidos'

! por nós na Inspeção médica; Outros mdos, como os esquemas '· de inibição e rotina ou o 'absentismo trabalhista, apresentamoaspecto negativo de rebaixár a qualidade da educação, mas se.t:...

"vêm igualmente comomecanísmos de d~ para a1iv1ara' ten-' .:" ..•i' 'sãodo professor. O grop6deprofessoresque en.frenwn diarJa..·· .~: ",

mente a docência, domínados por ~uemas de ansiedade que '.' .: podem multípíícaese entreseus alunos, requer. apesar de tudo, :...., '.'

'." uma atenção especial (DoyaI e ForSyth, 1973: Stanton, 1974). ".:': .Definitivamente, convém destacar a idéia de que é neces-

·sário matizar nossas expressões na' hora. de estudar as coo,se.'~ .. .qüêneías do' mal-estar docente sobre a personalidade dos pro- .fessóres:Sob~<to nà hora deprocurar quantificar o alcance e ;as repercussões qúa1itatlvas das fontes de tensão evídentemen- .te existentes no exercício da decêncía. .,

. Nem todos. os trabalhos de pesquisa de que dispomos-como vimos - souberam fazer estas distinções qualitativas deforma precisa; 'oferecendo, 'portanto; cifras nas quaís se místu-ram dados dificilmente equíparãseís.

É muito importante esclarecer que as repercussões psico-lógicas da tensão a que estão submetidos os professores são

• i' qualitativamente variáveis e operam de forma distintá CODNr-me diversos fatores, entre os quais a experiência do professor, .seu status socioeconômico, seu sexo e o tipo de instituição. em

- que ele ensina, parecem os mais relevantes. Portanto, é precisorejeitar as abordagens muito genéricas que estabelecem uma re-lação linear e simplista entre esse complexo fenômeno socioló-gico que descrevi com a expressão mal-estar docente e a saúdemental do professor.

As repercussões psicológicas do mal-estar docente percor-rem uma ampla escala, dívídída em pelo menos doze níveis, dosquais só se referem à saúde mental. cioprofessor, claramente, os

II

77

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Page 11: O Mal-estar Docente

três últimos,. qualitativamente Importantes, mas com uma íncí-dêncía reduzida no número de professores afetados.. Efetivamente, diante do .avanço do mal-estar docente, osprofessores colocam em jogo diversos mecanismos de defesa,

~ como são os esquemas de inibição e rotina ou o absentiSmo tra-. balhista, que.aprçsentam o aspecto negativo derebahar a qua-

.; lldade da educação, mas que seivedt, igualmente, para aliviara!, tensão a que o' professor está submetido. Do ponto de. vista es-

tatístico, estas são as repercussões mais freqüentes, milito maisque os problemas reais de saúde mental, qualitativamente redu-zidos. . '.' .

Em ordem crescente doponto de vista qualitativo, mas de-crescente com respeito ao número de professores 8fetados, asprincipais conseqüências do mal-estar docente poderiam sergraduadas assim: '

.,111."r-

111.

1. SentimentOs de desconcerto e insat:fsfilção ante os pro-l>lemasreais da prática do. tnagistério; em franca contradi-ção com l!-inlagc:m ídeal.do mesmo que os professores gos-t~ de reali%aí:.. . . .:2. Desenvolvimento de esquemas de f.tlibição, como formade cortar a bnpliçação pessoal no trabalho realizado.3. PedldoS de transferênda como torma de fuglE de situa- .ções conflltlvas. .4. ~Jo,tnalii(cstode abandonar a docêneía (realizadoou não); '5. Ábsentismotrabalhi$a como mecanismo. para cortar atensão acumulada ..6. Bsgotameilto~cansaço físico permanente.7. Ansiedade como traço ou ansiedade de expectativa.8. Bstresse.9. Deptedaçãodo ego, Autoculpabllização ante a incapa-cidade para melhorar o ensino.10. Ansiedade como estado permanente, associada comocausa-efeíto. a diver$os diagnósticos de doença mental11. Neuroses reativas.12. Depressões.

Na hora de qualitificar o número de professores incluídosem cada uni desses ní,yeis. teríamos de misturar cifras muíto va·riáveis em função dos fatores antes assinalados (nível escolar,sexo, tempo de experiência etc.), mas que, de modo índícatívo,

78

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flutuam entre 91%' de professores iniciantes desnorteados e'submergidos oa'contradição ~~te seu prhtteiro ano de ma-gistério, segundo os trabalho~ de Waltet (1974) e Veenman·(1984), até somente 0,76 ou 0,77 % de professores 'que, segun-do nosso próprio estudo, causam licença trabaJhlsta por doen-ças mentais diagnostica das e aceitas administrátivamerite' como-tais. Em qualquer caso, as tentativas de quantificaçãO tropeçamsempre no problema da disparldade dos instrumentos de inves-tigação utiliZados e na falta de' acordos sobre os critérios segun- .do OS quais estabelecer essa tênue Unha divisória que Indka apassa~~ da saúde à doença.

3.3.AS' DOENÇAS DOS PROFESSORES.

Os problemas de saúde dos professores foram estudadosexaustivamente ao longo' dos períodos de 1982-1983 e 1983-1984, utillZando os arqúivos da Inspeção médica .da delegaçãode Educação'e Ciência em Máiaga. '.

O estudo inclui ototal de professores que obtiveram J.t..cenças oficiaJs por doença entre Uma popu1açãototal de 6.483professores no período de 1982-1983 e de 6.700 no.período de1983-1984. . .•

Os resultados maís si8ll;ificati'VOSaparecem expressos .nasfiguras 7 e 8., .

Posteriormente à publicação das duas primeiras ediçõesdeste livro seguiram-se as pesquisas estatísticas, abrangendo o

. período compreendido entre,1982 e 1989icomo amostra com-parativa, são fornecidos os dados da figura 9, na qual se podemcontrastar os dados cottespondentes ao período de 1988-1989aos que aparecem nas' figuras 7 e 8.

Segundo estes dados, as licenças oficiais afetaram 6,55~dos professores durante o período de 1982-1983 e somente4.71% durante o período seguinte.

, Os dados mais significativos da figura 7 a serem comenta-• dos são os seguintes: tanto pelo número total de professores a, quem afetam, como pelo número total de dias de licença que

produzem, as causas de licença mais importantes· são os diag-. nósticos de traumatologia, os geniturinários e obstetríclos e os

79

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neuropsiquiátricos,nesta ordem. Entre os três diagnósticos acu-mula-seum número de dias de licença que supõe 59.75% do to-tal de diás de licença contabilizados, tal como se pode observarnas 1iguras 10 é 11.

Estes dados nos permitem criticar aqueles publicados deforma alarmista por alguns jomats (ABC, 15.9.1983) sobre a saú-de, mental dos PrQfessores. Bnquanto isso, as licenças neuropsí-quiátricas estão atrás das traumatolôgícas, éuja maior parte é:prOduzida por acidentes; e das gínecolõgícas.A extensão, por-tanto, das lícenças neuropsiqúiátricas é redpzida. No período de1982-1983,nãQ alcança mais do que 11,76%dos,professores em

.-;licença ofiCiale 0,77% do total de professores estudados.Aléiii",disso, utilizando estes .mesmos argumentos podemos aBnnár, '.,que é a segunda causa de licença dos professores, descartando' 'os acidentes por fatos fortuitos.

Ao passar ao estudo da evolução destes dados no período ~ ,de 1983-1984. observamos uma redução significativa das licen- ':ças, dos 6.56% do ano anterior aos 4,71% do total d.e professo- 'tres estudados. Como, um novo fator que poderia iD.cidit nesta."redução das licenças escolares, deve-se ter em mente o fato, já >comentado, de que no período de 1983-1984.os prófessores de,~.Málaga e região desfrutaram de uma semana e:irtra de férias, Si-',!tuada no final do mês-de fevereiro. Como se pode observar na:~ ,figura 3,essa semana quebra à linha ascendente das licenças do-: ",centesque, até esse momento, era superior à do período de .:'1982-1983. ' "

) Ao estudar as causas de doença, observamos que as lícen-; ças neuropslquíâtrícas, ainda que se mantenham em' tercéiro lu-'\ gar pelo número de professores a que afetam, passam ao segun-

do lugar pelo número de dias de licença que provocam. De fatoalcançam, nesse período, 16,13% dosproíesscres em licençaoficial e Ó,76%do total de professores estudados. Portanto, ape-sar da queda significativa das licenças por doença, a porcenta-gem de licenças de etiologia neuropsíquíâtrlca se mantém semdiferenças slgnlâeatívas,

80

, FlGUL\7ESTATfsncA.ANUAL DllllCBNÇAS DOCBNTIl'l. PtndODO 198z..1983· N = 6.483

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BSrATIsnCAANuAL Dil UClINC4S DOCIINl'BS~ PmdÓDO ,i983-1984 - N= 6.700. . . .: .,i.· .;

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'.~,~ ... :!:. DIJIIAÇAO l'I.rorAL~DIMDOuNÇA , N.TéII'AL .11GB BUP FI HOMIM MUlHBR ÓlÍ! ,DBJl~I.OBL ' " 34 31 " 3 12 ' 22, 39,s " 26,3' 8'J6z.Ql'TAl.M0I.óGIA ' 9 8 I 1 8 44,2 , so.« ~543.DI!IIMATOLOGIA 3, 2 1 - 1 2 40 50 ISO4.INPECCIOSAS 2.S 20 2 3 ' 7 ' 18 34,6 35,68 892S. DIGBSl'MS 14 13 ' 1 10 4. 47 36,71 S146. NBtJRCPSlQL\TBIC. Sj 42 8 1 10 ~1 36,9 46.68 13817. GI!N1t.oBS'I!lll ' S$ 4.7 6 2 ' 9 46 34,2 3'MS 2,0718.TRAUl4A'l'OlOGJA 7' 66 5 4 32 ,{3 38,1 41,25 3.0949.l1I!SPIlIATÓlUAS 20 16 3 1 6 14 41,3 30,45 609"iõ.CÃiiDiÕvASCllL 18 17 1 . 11 7 46.6 45,3 8161l.llI!MATOlOGIA 3 3 - - 'I 2 34 70 210U.ODONI'O!.OGL\ 2 Z - .' 2 ' 34 52 10413.1INDÓClIJN()MBr 7 7 . - 'z ' ''c 5 31,7 55,14 386TOl'AL 316, 214 28 14 102 214 39 44 12,571

7. !1A'l1RNlDADB s.eI. •.d. •• eI. lei. '.4. s.e!. lei. lei.

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Page 13: O Mal-estar Docente

flIGURA9BSTAmnCAANUAL DE UCBNÇAS OOCBNTBS. PlIRÍODO 1988-1989 - N = 8.312

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Dom!'..\. OOIlJIEI.IDADE D=~o N.~~~LIS, N.TCJJ'AL BGB B\JP pp HOMBN MmIA DBU

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9. mPIRKlÓRJAS 50 40 10 13 37 42.8 2672 133610. 47 42 I 4 12 ao ,/'u, 4S.l4 it22 "

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7. MATIIIUIIOADB 167 14J 14 10 167 ~l.\ 100 16.~

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:11!l1:;•.!~!l!!::I1Pt••~!!;;:::1'"IIU I! ,'111'"••• t',imuUii':!t';::::,iiiiU1h!w:r",' :lIl1h:; Mantém-se também o dado de que as três fontes de Iicen-I••'i.II''''I':Ii!!::;~::; ça mais importantes. sejam de-origem traumatol6gica, genituri-.11 ,. til..... nãria:Obstetrieta. eneuropsíquíâtríca, acumulando entre essesj:lllna:~H .

,I, 'Ir trêscUagriÕstkos 59.99% do número total de dias de Iícença,

;::;!~!~~:~\"'"~~."j:tt,;.!.~.··"I.:,:,;.~·".·.'O,76:~~=:::' :~:~~::~~;~~!=q::, concemem.à suasaúdemental,teríamos que dispor de indica-

dores similares com respeito à pop~1ação geral ou a qualqueroutro grupo profissional equiparável.

Um dadu a ser levado em conta pata não enviesar tal com-paração é o de que alguns dos professores, considerados pelaInspeção médica como doentes mentais crônicos, são desdna-dos, ao final de cada ano, a tarefas administrativas, aíastando-se,assim, das aulas. lssosupõe que, ao se contabillzarem as licençasdo período letivo de 1983-19~jnos demais diagnõstícos, volQ1 a,aparecer a maioda dçs doeatescrônícos do aparelho respirató-rio ou digestiYojá contabílízados no ano anterior; enquanto nosdiagnósticos neuropslquiátrlcos uma parte dós doentes crôní-cos é de cara elímínada da estatística no ano seguinte.

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82

Como puro ~ercíclo de estrapolação, sem maior valor es-tatístico e partindo do sUposto .de que a população docente de·Mála8a e províncía fora represet1tativa dos quase 400.000pro-fessores do país (González Anleo, 1985), poçler-se-ia (alc~ aexistência de 3.040professores com problemas sérios de saudemental (sobre a base de 0,76%,utilizando uma média de 34álU.-·nOS por aula), cujos problemas poderiam, repercutir sobre103.360alunos. ' ,

Como se podeobservar nas figuras 10e lI, a próxi:tnafon- .te de nctnças, nos dois cursos estudados, tanto pelo número to-tal de professores afetados quanto pelo número total de dias delicença que geram, são as afecções otorrinolaringo16glca8. Jfife.lizmente, não é possivcl~maior particuIarlzação ~ itlterpre-taçâo dos dados contidos nas .6g\mls 7, 8, 10e N11. ja que pode-riam ser questionados os' critérios ~,c1asSificaçao. mas nosso es-tudo teve de se limitat a "ttabalhar com os dados tegistrados no

· arquivo da Inspeção médica; tal como .estavam reéolhidos.

83

Page 14: O Mal-estar Docente

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8.000 I I4.7$0

4.5t10

4,250

4.000

3.750

3.500

j ::::!,USOtuooj,U5Ó-8.' 2~OOO~ ",.150-8B' '1.600

B 1.250

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750

. 500

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FIGURA 10PBlÚODO tsnvo DB 1982-1983

DIAS DE liCENÇA POR DIAGNÓSTICOS

o I v. ' I

~II11 I J J"I II 1I IFonte: Inspeção médica da delegacía regíona! delkIucação e Ciência. Málaga.

84

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FIGURA 11 .:PElÚODO umvo DB 1983-1984 .

DIAS DE JJCBNÇA POR DIAGNÓSTICOS

a~1 I4,760

4.500

4.250 I.

4,000

3.750

3.500

J3.250-

·.3.000

·2,750

1; 2.600J2~50

~ 2.000

i 1.75008!.1.500

I,'1.250

1.000

'160

500

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Fonte: Inspeção médica da deIegacla regional deEducação e Ci.êncià. Málaga.

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Page 15: O Mal-estar Docente

N"aoé-tão significatiVo,o estudo dos dados gerais das lícen-ças docentes que compaia os professores em função do nívelno qual exercem a docêncía, cii como se poderia supor ao seobservarem os gráficos' das fjguras 13 e 14, já que há um maiornúmero de professores de EGB do que de ensino médio.

Durante o penado letivo de 1982-1983, houve em Málagae tnteríor um total de 5.4n protessores de EGB e 1.006 profes-sores de ensino médio, enquanto 'no período letivo de 198~1984 essas cifras aumentaram até 5.660 professores na EGB e1.040 no ensino médio. A Interpretação percentuaí das licençasmêdíoas por níveis é. a que se reflete no quadro seguinte.

PHRfODO LBTIVO 1982-1983

. :,...

N'to~deprofessores N' total de Hcenças Pon;entagefn

11GB s.en 371 6.m.. Bll.MM. 1.006 54 5,36"

l= 1.66

~..~I..~

." . ~ Óiferen.ça~ignificatlva para: p =.0,05I>~ça não-significativapara: p = 0,01

PHlÚODO LB1lVO 1983-1984 '

5.660 274, Pon;enlllgeOl

4,03%,1.040 42z = 1.13 '

Diferença não-significativa

Comparando-se a diferença na porcentagem de professo-res afetados por licenças trabalhistas encontramos uma maiorincidência, pequena .mas significativa, entre os professores deEGB e os de ensino médio no ;Penodo letivo de 1982-1983.'Iâldiferença poderia ser interpretada com base nas condições detrabalho distintas de ambos. oS grupos de professores, commaior p~ssão de horas letivas e remunerações mais baixas para

86

os prcíessores de EGB. ÂSsim, seria: tatnbéin: veríãcáda, nâmbito 'do magístêrlo, a relação inversa entre, doença e stasodal.1à1 diferençá se mantém tio período letivo de 19.83:1984

:'- com uma maior incidência (0,81%)deliéenÇàs para. os pIO., sares de HGB. N"'aoobstante, essa diferença não pode ser cons

derada Significativa ao se calcular o signiftcado'estatístico da diferença enti'e ambas as porcentagens',

'.Ao comparar os dados de enferinidade em. futtção do sex

.' dos professores, encontramos, sim, diferenças significativas a.'.I cotejar a porcentagem total de licenças. de um e outro sexo

As difereaças que se observam nos gráJicos das fíguras 15 e 1

:não podem ser explícadas somente pela presença de um maio

: Ji'4mcro de m~eres do que de homens nos corpos docentes.- 'segundo se observa no quadro seguinte . ..

PBIÚODOLBTIVÓ 1982-1983

: N". total de protenorCIJ N° total de Ucenças Pon:en~

M1JLHBRES . 3.599 283 7,86%··, HOMENS ~.884 142 '4,92%l z:;::4.75.(

.,DJIerençasignificativa para: p = 0,05 e 0,01

;

.PElÚODOLETIVO 1983-1984N" total de pio&ssOl'C3 N" total de; licenças 1'otcciltllgem

i,5.477 6,77%, MULHBltBS 371,

HO~BNS 2.981 102 3.42%; z;:: 4.47

Diferençasignificativa para: p = 0.05 e 0,01

POdeJ!lOSobservar claramente uma maior freqüência de U-. eenças das mulheres sobre os homens que se dedicam ao ensí-

no; se bem que se deva considerar o peso das licenças gíneco-lógicas como parte importante no viés desses resultados.

1- N.À.: Sobreesse tema.o capítulo4.acrescentado a esta, edícâo, traz novosdados.!

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Page 16: O Mal-estar Docente

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Também se observam diferenças sJ8nificativas ao se consí-derarem certos diagnósticos específicos, Já que os professoreshomens são mais afetados pordoenças classificadas como di-gestivas e cardiovascuIares. Ao contrârío, as licenças por' díag-nôstlcos genitiuinários e obstetrícios disparam em direção àsmulheres, No caso concreto das doenças neuropsíquíâtrícas en-contramos, igualmente, diferenças significativas, no sentido deuma maior incidência, proporcionalmente, sobre as mulheresque sobre os homens, tanto no período letivo de 1982-1983como no de .1983-1984(z:= 3,61. Diferença sJgnificativa tanto,para p = 0,05 como para p = 0,01).

N!L~ontinuação 'do estudo estatístíco durante o períodoletivo de 1982-1989.tirmaram-se as diferenças significativas en-tee os professores da EGB e os da BE.MM., da mesma maneiraque' na comparàção por sexos entre mulheres e homens. 'làlcomo podemos observar na figura 12, correspondente ao peno-do letivo 'de 1988-1989, a porcentagem de licençás registrada é: "signl,ficativamente maior nos professores de EGB eno grupo demulheres. '

Para completar esses dados sobre as licenças' dos proks-sores, pode ser interessante compará-Ias com as citadas no in-forme Rancurel, elaborado pelo MiÍiistério francês de Educaçãoem'1982. '

. FIGURA 12PERíODO LETIVO 1988-1989

Significação estatística dasdiferenças por nível escolar

N" tot:a1de professores N" total de llcenças Porcenlllg'em

J!.GB 5,951 1.268 21,31%BB.MM. 2,361 225 9,53%

z = 12,66

Difetença significativa para: pp :::0,05 .e 0,01

88

Significação estatÍstica dasdiferenças por sexo"

'N" tóiaI de pi:ofcssores N" toIaI de lIcença.'fl PorcentJ8C1llMULHERES ·4.;73. 914 20,9%HOMENS 3.939 432 10,97~

z= 12.26, . , I,

• Excluídas as Iicenças..Jilatc:rnldade.Diferença sJgnifica~ Para,: P := 0,05 e 0,01

. .~"Suas cifras mais isignUi~tivas são observadas na figura 17·Se tomarmos comoreterêncla os dados-obtidos por Ran-

curel, podemos nos aproxbnar de avaliar as cifras dadas ante- .ríormente sohre licenças·()~clais. Supondo que na Espanha te-nham ocorrido as mesmas tendências, as licenças bficlais às .'quaís se tem feito referência - não it1c1Uindo as llce.i:i.çasde CUl'- ;

ta duração, que não passam pelo controle da Inspeção médiça .. não incluíram mais do que 25% do total das licenças reais, ain-da que nos tenham servido 'para explicar. os 79% do total dedias perdidos.

O informe .Rancurel c.~incldecom os. dados explicadospreviamente em duas tendências: a distribuição desigual das li-cenças segundo osperíodos letivos do: ano escolar e o maioracümulo de lícençasuas muíhérea; iuriá vêi eHminadaa influên-cia das licenças-sru,úernidade. Com respeito às ausências de 'CUl"- . '

{ ta duração, não contempladas' nas' cifras que vêm sendo dadas! até agora, destaca seus elevados números: 75% do total de licen-

ças tem uma duração menor do que oito dias . a maior parte de-i' las dura dois ou três dias . e, segundo comentam Hàmon e Rot-:, .man (1984, p.166), tendem a se concentrar em torno dos finais'

de semana, de tal forma que o professor "queimado" as utiliza, como um alívio, conjugando esses pequenos períodos de .ab-: sentismo com seus descansos semanais, em maior relação com;, sua fragilidade psíquica do que com sua saúde física (p. 1(8).

89~

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Page 17: O Mal-estar Docente

FIGURA 13ANO umvo DE 1982-1983

UCENÇAS Ml1DICAS OFICIAS: N "" 425DIAGNÓSTICOS POR NÍ'IEL ~IAR

~77 _•••••••••••, 1.006 . C::JWlr--------------- ~ ~

10

.Ponte: l!sIa!Í!idca furmulada COIno arquivo de Jk:ençu da lnspeçiD m6llca da delega-cia n:g\0JI81 de ~çio e Ciênda. Mtlaga.

i:

". J

FIGURA 14ANOLBTIVt> DB 1983-1984

·UCENÇAS MÉDICAS OFIClAS: N = 316.OIAGNÓSTICOSPORNÍVBL ESCOLAR.~-~1.040c::J

PoIqu •. 'f"'l'. 'Ib ••• 1oopI<. CoidIo. _. __

Ponte: IIstatísl1ca 1'om1ulada com o arquivo de licenças da lMpcção médica' da dele-. gacfa ~gIonal de Bduc:ação e aenda. Milaga.

90

...! .~~:.~.

91

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FIGU1tA 15ANO LBlTVO DB 1982-1983

UCIlNÇAS Mm>ICAS OFICIAS: N = '425DIAGNÓsTICOS POR SEXO

=2.884 _Mulheres: '.591 c::J

,~r--------- ------ -------------------~------,

lIo.nte:IIstatlltla.6mnuladl\ com " ~ de 1Ice~ da lnapc~ m6lll:a di! deJo.pela nlgIodat de Ed\lcação e C1encla. Málaga.

. FIGURA 16 ;. ANO lBI'IVO DE 198~-1984

IJCJ!NÇAS MIDlCAS OFICIAS: N = 316DIAGNÓSTICOS POR SEXO

;:.

100

li'"I80

~ Í=-8 40~ 1=

10

I'ç)nle:Bstatístlca furmuladl! com o arquivo de llCCllça&da Inspeção mEdica da delega-cia rcl\lonaI de lIducaçao e Glenda. Málaga.

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Page 18: O Mal-estar Docente

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FIGURA 17FREQüaNCIA B DURAÇÃO DASAUSnNCIAS

DOS PROFESSORES

D;tdos correspondentes a todos os COl'poB docentes .

.: ;;(2116)

n<8d1as 8-15 16.-30 31'90 n > 90 dia.

DURAÇÃO DAS AUSêNClAS

Ponte: Rapport de MilrcRaacurel, Inspecteur General: "M~.lades etAnclens MaJades:Réadltptatlon, adaptatfon,pl"~n.tion'i, in: Hamon, H. e Ratman, P.(comp.), Tant qu '11y aurades proJs,"'Paris, 1984, Seúil, p. 167.

92

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