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UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA 2017 O Magnetismo e o Passe Espírita

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  • UNIO ESPRITA MINEIRA 2017

    O Magnetismo e o Passe Esprita

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    O Magnetismo e o Passe EspritaEntre os numerosos problemas doutrinrios do Espiritismo, no momento que passa, temos, como dos mais importantes, o da unificao dos mtodos da pratica espiritista, em suas relaes com o Plano Invisvel, em cuja heterogeneidade surgem, por vezes, extravagncias numerosas, frequentemente sugeridas pelos inimigos da verdade, adversrios ferrenhos de todas as expresses do progresso espiritual da humanidade sofredora.

    certo que as interpretaes doutrinrias tero de obedecer posio evolutiva de cada um, no desdobramento da ideia livre, preconizada pela consoladora doutrina dos Espritos, sob a gide do Mestre, Senhor da semeadura e da seara, na evoluo terrestre, mas urge a articulao de um amplo movimento dos estudiosos, convictos da excelncia de sua f, no que se refere ao doutrinaria, na renovao do homem, para o progresso da clula social, na coletividade e na famlia.

    Destinado s mais sublimes tarefas na sociedade moderna, no sentido de se processar a revoluo moral do intimo dos coraes, o Espiritismo necessita do concurso de seus trabalhadores operosos e dedicados, no servio de restaurao da crena pura com o Evangelho de Jesus.

    A grande misso do Espiritismo, luz dos princpios evanglicos, a espiritualizao de tudo o que humano; restabelecendo-se a antiga direo dos crentes sinceros para aquele reino de graas que ainda no deste mundo!...

    Emmanuel Livro Luz no Caminho, Mensagem Unamo-nos em Jesus.

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    ndice

    Esclarecimentos .................................................................................................... 04

    Questes sobre o Magnetismo e o Passe .................................................................... 05

    Mecanismos da Mediunidade ................................................................................... 14

    Nos Domnios da Mediunidade ................................................................................. 16

    Missionrios da Luz ................................................................................................ 19

    Evoluo em Dois Mundos ....................................................................................... 25

    Ao e Reao ...................................................................................................... 26

    A Gnese ............................................................................................................. 27

    O Livro dos Mdiuns ............................................................................................... 30

    Obras Pstumas .................................................................................................... 32

    O Livro dos Espritos .............................................................................................. 34

    O Evangelho Segundo o Espiritismo .......................................................................... 35

    O Consolador ........................................................................................................ 37

    Revista Esprita ..................................................................................................... 38

    Bibliografia ........................................................................................................... 47

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    EsclarecimentosAo organizarmos este material, nossa inteno foi proporcionar a todos os estudiosos e trabalhadores do Movimento Esprita um resumo de ensinamentos a respeito do Magnetismo e da tarefa do Passe. Reunimos textos sobre os temas e os transcrevemos, tendo por fonte de pesquisa a Revista Esprita, as Obras Bsicas, o livro O Consolador e obras ditadas pelo Esprito Andr Luiz.

    Vivemos hoje no Movimento Esprita uma invaso de novas prticas ditas espiritistas, mas que so, na verdade, contrrias aos princpios bsicos da prpria Doutrina Esprita. Devemos lembrar-nos do Movimento Cristo, que no passar dos sculos, se deixou incorporar de vrias prticas/rituais totalmente contrrias aos ensinos de Jesus, desfigurando a pureza do Cristianismo trazido Terra pelo amado Mestre. preciso cuidado para no cometermos os mesmos erros com a Doutrina Esprita.

    E somente conhecendo as diretrizes tericas da Doutrina Esprita poderemos discernir o que Espiritismo do que no o .

    O objetivo deste trabalho proporcionar uma base de conhecimento ao trabalhador do Passe para que esta atividade seja exercida dentro dos ensinamentos da Doutrina Esprita.

    Unio Esprita Mineira

    Ao pr do sol, todos os que tinham enfermos de diferentes molstias lho trazia; e ele os curava, impondo as mos sobre cada um.

    Lucas 4: 40

    Jesus diz aos seus discpulos: se impuserem as mos sobre enfermos eles ficaro curados

    Marcos 16:18

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    Questes sobre o Magnetismo e o Passe 1. O que o Magnetismo?

    Segundo o Dicionrio Houaiss, magnetismo o conjunto de fenmenos associados s foras produzidas entre circuitos em que h uma corrente eltrica, ou entre magnetos.

    Em O Livro dos Espritos, na questo 27 a, a espiritualidade esclarece que O que chamais fluido eltrico, fluido magntico, so modificaes do fluido universal, que no , propriamente falando, seno matria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.

    Segundo informaes trazidas pela Revista Esprita (1869, p. 288/289), Sendo o magnetismo o fluido circulante que cada criatura assimila sua maneira e em graus diferentes, pode-se ver nele esse imenso encadeamento e essa imensa atrao que une e desune, atrai e repele todos os seres criados, fazendo de cada um deles uma pequena unidade que vai, obedecendo mesma lei, confundir-se na majestosa unidade do Universo. O magnetismo que, alis, no passa do processo de que nos servimos para a concentrao e a liberao do fluido, essa associao magnfica de todas as foras criadas. O fluido o circulante que pe os seres em vibrao uns com os outros.

    O nome Magnetismo vem de Magneto (O im, tambm conhecido como magneto, uma substncia que possui a capacidade de atrair substncias magnticas (ferro ou outros metais). Magnetismo, portanto, o processo de atrao e repulso entre energias. Todos os corpos da natureza emitem energia, e, portanto, em contato uma com as outras, essas energias se atraem ou repelem, agem umas sobre as outras, em intensidades diversas, de acordo com variadas circunstncias. Emmanuel esclarece: O magnetismo um fenmeno da vida, por constituir manifestao natural em todos os seres. Se a cincia do mundo j atingiu o campo de equaes notveis nas experincias relativas ao assunto, provando a generalidade e a delicadeza dos fenmenos magnticos, deveis compreender que as exteriorizaes dessa natureza, nas relaes entre os dois mundos, so sempre mais elevadas e sutis, em virtude de serem, a, uma expresso de vida superior.

    Emmanuel O Consolador, questo 26.

    2. Existem vrios tipos de magnetismo?

    Sim. Na Revista Esprita de 1864, pgina 21, temo a seguinte informao: h vrios gneros de magnetismo, em cujo nmero esto o magnetismo animal e 5 o magnetismo espiritual que, conforme a ocorrncia, pode pedir apoio ao primeiro. Um outro gnero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus.

    Com relao Prece, o instrutor Aniceto esclarece que o trabalho da prece mais importante do que se pode imaginar no crculo dos encarnados. No h prece sem resposta. E a orao, filha do amor, no apenas splica. comunho entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo magntico que conhecemos.

    Os Mensageiros, captulo 25.

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    No livro A Gnese, Kardec nos informa que: A ao magntica pode produzir-se de muitas maneiras: 1 pelo prprio fluido do magnetizador; o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ao se acha adstrita fora e, sobretudo, qualidade do fluido; 2 pelo fluido dos Espritos, atuando diretamente e sem intermedirio sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonamblico espontneo, seja para exercer sobre o indivduo uma influncia fsica ou moral qualquer. o magnetismo espiritual, cuja qualidade est na razo direta das qualidades do Esprito; 3 pelos fluidos que os Espritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veculo para esse derramamento. o magnetismo misto, semiespiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstncias, o concurso dos Espritos amide espontneo, porm, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.

    A Gnese, Captulo 14, item 33.

    3. O que o Passe?

    Segundo definio do instrutor ulus (Mecanismos da Mediunidade, captulo 17): O passe uma transfuso de energias, alterando o campo celular. Vocs sabem que na prpria cincia humana de hoje o tomo no mais o tijolo indivisvel princpios subatmicos, e que, antes desses princpios, surge a vida mental determinante... Tudo esprito no santurio da Natureza. Renovemos o pensamento e tudo se modificar conosco. Na assistncia magntica, os recursos espirituais se entrosam entre a emisso e a recepo, ajudando a 6 criatura necessitada para que ela ajude a si mesma. A mente reanimada reergue as vidas microscpicas que a servem, no templo do corpo, edificando valiosas reconstrues. O passe, como reconhecemos, importante contribuio para quem saiba receb-lo, com o respeito e a confiana que o valorizam.

    O Esprito Emmanuel assim define o passe:

    Assim como a transfuso de sangue representa uma renovao das foras fsicas, o passe uma transfuso de energias psquicas, com a diferena de que os recursos orgnicos so retirados de um reservatrio limitado, e os elementos psquicos o so do reservatrio ilimitado das foras espirituais.

    O Consolador, questo 98.

    Os passes, como transfuses de foras psquicas, em que preciosas energias espirituais fluem dos mensageiros do Cristo para os doadores e beneficirios, representam a continuidade do esforo do Mestre para atenuar os sofrimentos do mundo.

    Emmanuel Caminho, Verdade e Vida, captulo 153.

    Andr Luiz ensina que O passe no unicamente transfuso de energias anmicas. o equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos. (Opinio Esprita, captulo 55) O passe, portanto, no possui somente a finalidade de tratamento fsico, mas tambm psquico, pois, como ensina Kardec, sobre os fluidos: Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de dio, de inveja, de cime, de orgulho, de egosmo, de violncia, de hipocrisia, de bondade, de benevolncia, de amor, de caridade, de doura, etc. Sob o aspecto fsico, so excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, suporficos, narcticos, txicos, reparadores, expulsivos; tornam-se fora de transmisso, de propulso, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixes, das virtudes e dos vcios da Humanidade e das propriedades da matria, correspondentes aos efeitos que eles produzem.

    A Gnese, captulo 14 item 17.

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    4. No Passe Esprita, qual o tipo de magnetismo utilizado?

    O magnetismo utilizado no passe o Magnetismo Espiritual ou Misto (humano/espiritual). Sobre este tema Andr Luiz esclarece: Entendemos que a mediunidade curativa se reveste da mais alta importncia, desde que alicerada nos sentimentos mais puros da mais pura fraternidade. claro que no nos reportamos aos magnetizadores que desenvolvem as foras que lhes so peculiares, no trato da sade humana. Referimo-nos, sim, aos intrpretes da Espiritualidade Superior, consagrados assistncia providencial aos enfermos.

    Mecanismos da Mediunidade, captulo 22.

    No livro Nos Domnios da Mediunidade, o instrutor ulus esclarece: Os passistas afiguravam-se como duas pilhas humanas deitando raios de espcie mltipla, a lhes flurem das mos, depois de lhes percorrerem a cabea, ao contacto do irmo Conrado e de seus colaboradores. (Captulo 17) Nesta passagem, ulus nos informa que as energias a flurem das mos dos passistas so energias advindas dos trabalhadores do plano espiritual, Conrado e seus colaboradores, energias estas que foram introduzidas na mente do passista.

    No livro dos Mdiuns, Kardec nos informa que a fora magntica reside, sem dvida, no homem, mas aumentada pela ao dos Espritos que ele chama em seu auxlio. Se magnetizas com o propsito de curar, por exemplo, e invocas um bom Esprito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua fora e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe d as qualidades necessrias.

    Livro dos Mdiuns, item 189.

    No livro Obras Pstumas, no texto Ligeira resposta aos detratores do Espiritismo, Allan Kardec explica que O Espiritismo tem por objeto o estudo do elemento espiritual em suas relaes com o elemento material e aponta na unio desses dois princpios a razo de uma imensidade de fatos at ento inexplicados. O Espiritismo caminha ao lado da Cincia, no campo da matria: admite todas as verdades que a Cincia comprova; mas, no se detm onde esta ltima para: prossegue nas suas pesquisas pelo campo da espiritualidade.

    Na revista Esprita encontramos a seguinte instruo, do Esprito Mesmer, fundador da teoria do magnetismo animal, chamada Mesmerismo: Tambm 8 por isto que o magnetismo empregado pelos mdiuns curadores to potente e produz essas curas classificadas de miraculosas, e que so devidas simplesmente natureza do fluido derramado sobre o mdium; enquanto o magnetizador ordinrio se esgota, muitas vezes inutilmente, em dar passes, o mdium curador infiltra um fluido regenerador pela simples imposio das mos, graas ao concurso dos Espritos bons. Mas esse concurso s concedido f sincera e pureza de inteno.

    Mdium: Sr. Albert Revista Esprita 1864, p. 21/22.

    Sendo a Doutrina Esprita uma Cincia Nova (O Espiritismo a cincia nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusveis, a existncia e a natureza do mundo espiritual e as suas relaes com o mundo corpreo. Evangelho Segundo o Espiritismo, captulo 1, item 5), ela vem revelar aos homens um novo tipo de magnetismo, o Magnetismo Espiritual.

    A par da medicao ordinria, elaborada pela Cincia, o magnetismo nos d a conhecer o poder da ao fludica e o Espiritismo nos revela outra fora poderosa na mediunidade curadora e a influncia da prece.

    O Evangelho Segundo o Espiritismo captulo 28, item 77.

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    O Passe esprita, portanto, somente o , quando utilizado Magnetismo espiritual em sua aplicao, seja diretamente aplicado pelos Espritos (magnetismo espiritual), seja pela mediunidade curadora, onde h a utilizao do magnetismo humano (mdium) e espiritual (fornecido pelos Espritos).

    Vrios textos da Revista Espirita nos esclarecem sobre o tema:

    Com relao ao Espiritismo, Kardec afirma: Tornando conhecida a magnetizao espiritual, que era desconhecida, abre novo caminho ao magnetismo e lhe traz um novo e poderoso elemento de cura.

    Revista Esprita 1865, p. 308.

    O magnetismo , pois, um grau inferior do Espiritismo, e que insensivelmente se confunde com este ltimo por uma srie de variedades, pouco diferindo um do outro, como o animal um estado superior da planta, etc. Num caso, como no outro, so dois degraus da escada infinita, que liga todas as criaes, desde 9 o nfimo tomo at Deus criador! De tudo isto concluo que o magnetismo, desenvolvido pelo Espiritismo, a pedra angular da sade moral e material da Humanidade futura.

    Revista Esprita 1867, p. 264, 265.

    Assim, o Espiritismo no seno magnetismo espiritual.

    Revista Esprita, 1867, p. 263.

    Quem diz mdium diz intermedirio. H uma diferena entre o magnetizador propriamente dito e o mdium curador: o primeiro magnetiza com seu fluido pessoal, e o segundo com o fluido dos Espritos, ao qual serve de condutor. O magnetismo produzido pelo fluido do homem o magnetismo humano; o que provm do fluido dos Espritos o magnetismo espiritual.

    Revista Esprita 1865, p. 346.

    No devemos esquecer-nos da definio de Espiritismo, contida no livro O que o Espiritismo, Prembulo: O ESPIRITISMO , AO MESMO TEMPO, UMA CINCIA DE OBSERVAO E UMA DOUTRINA FILOSFICA. COMO CINCIA PRTICA ELE CONSISTE NAS RELAES QUE SE ESTABELECEM ENTRE NS E OS ESPRITOS; COMO FILOSOFIA, COMPREENDE TODAS AS CONSEQNCIAS MORAIS QUE DIMANAM DESSAS MESMAS RELAES. A prtica do passe abrange a parte cientfica da Doutrina, e, portanto, atividade que envolve relao entre os Espritos e os encarnados. Realizar a tarefa do passe sem levar em conta o auxilio dos benfeitores espirituais, com o objetivo de utilizar somente o magnetismo humano, realizar, nas instituies espritas, prticas no espritas.

    5. Em alguma situao o Passe esprita (magnetismo espiritual ou humano/espiritual), pode fazer mal quele que recebe?

    No. Em nenhum caso o passe esprita pode fazer mal quele que recebe. Esta informao nos dada pelo Esprito Andr Luiz: O passe, como gnero de auxlio, invariavelmente aplicvel sem qualquer contra-indicao, sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe, desde as criancinhas tenras aos pacientes em posio provecta na experincia fsica, reconhecendose, no entanto, ser menos rico de resultados imediatos nos doentes adultos que se mostrem jungidos inconscincia temporria, por desajustes complicados do crebro.

    Mecanismos da Mediunidade, captulo 22.

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    6. A magnetizao, quando utilizado magnetismo puramente humano, pode fazer mal quele que recebe?

    Sim. Conforme informao contida na Revista Esprita de 1864, p. 23, Na ao magntica propriamente dita, o fluido pessoal do magnetizador que transmitido, e esse fluido, que no seno o perisprito, sabe-se que participa sempre, mais ou menos, das qualidades materiais do corpo, ao mesmo tempo que sofre a influncia moral do Esprito. , pois, impossvel que o fluido prprio de um encarnado seja de pureza absoluta, razo por que sua ao curativa lenta, por vezes nula, por vezes at nociva, porque pode transmitir ao doente, princpios mrbidos.

    Pela mesma razo, as qualidades do fluido humano apresentam matizes infinitos, conforme as qualidades fsicas e morais do indivduo. evidente que o fluido emanado de um corpo malso pode inocular princpios mrbidos no magnetizado.

    Revista Esprita 1865, p. 347.

    Devido possibilidade de o magnetismo puramente humano ser nocivo ao magnetizado, devemos, nas casas espritas, utilizar o magnetismo espiritual ou humano/espiritual: O mdium curador pouco emite de seu prprio fluido; sente a corrente do fluido estranho que o penetra e ao qual serve de conduto; com esse fluido que magnetiza, e a est o que caracteriza o magnetismo espiritual e o distingue do magnetismo animal: um vem do homem; o outro, dos Espritos. Como se v, nada h nisso de maravilhoso, mas um fenmeno resultante de uma lei da Natureza, que no se conhecia.

    Revista Esprita de 1864, p. 23.

    7. Quais as qualidades que o tarefeiro do Passe deve possuir para melhor desempenho de suas tarefas?

    H, pois, para o mdium curador necessidade absoluta de atrair o concurso dos Espritos superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade, seno, em vez de crescer, ela declina e desaparece pelo afastamento dos Espritos bons. A primeira condio para isto trabalhar em sua prpria depurao, a fim de no alterar os fluidos salutares que est encarregado de transmitir. Esta condio no poderia ser preenchida sem o mais completo desinteresse material e moral. O primeiro mais fcil; o segundo mais raro, porque o orgulho e o egosmo so os sentimentos mais difceis de extirpar e porque vrias causas contribuem para os superexcitar nos mdiuns. O poder de curar independente da vontade do mdium; um fato constatado pela experincia. O que depende dele so as qualidades que podem tornar esse poder frutuoso e durvel. Essas qualidades so, sobretudo, o devotamento, a abnegao e a humildade. O egosmo, o orgulho e a cupidez so pontos de parada, contra os quais se quebra a mais bela faculdade.

    Revista Esprita 1866, Consideraes sobre a Mediunidade Curadora.

    O missionrio do auxilio magntico, na Crosta ou aqui em nossa esfera, necessita ter grande domnio sobre si mesmo, espontneo equilbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreenso da vida, f vigorosa e profunda confiana no Poder Divino. Cumpre-me acentuar, todavia, que semelhantes requisitos, em nosso plano, constituem exigncias a que no se pode fugir, quando, na esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficincia, o que se justifica, em virtude da assistncia prestada pelos benfeitores de nossos crculos de ao ao servidor humano, ainda incompleto no terreno das qualidades desejveis.

    Missionrios da Luz, captulo 19.

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    Decerto, o estudo da constituio humana lhes naturalmente aconselhvel, tanto quanto ao aluno de enfermagem, embora no seja mdico, se recomenda a aquisio de conhecimentos do corpo em si. E do mesmo modo que esse aprendiz de rudimentos da Medicina precisa atentar para a assepsia do seu quadro de trabalho, o mdium passista necessitar vigilncia no seu campo de ao, porquanto de sua higiene espiritual resultar o reflexo benfazejo naqueles que se proponha socorrer. Eis porque se lhe pede a sustentao de hbitos nobres e atividades limpas, com a simplicidade e a humildade por alicerces no servio de socorro aos doentes, de vez que semelhantes fatores funcionaro maneira do tungstnio na lmpada eltrica, suscetvel de irradiar a fora da usina, produzindo a luz necessria expulso da sombra. O investimento cultural ampliar-lhe- os recursos psicolgicos, facilitando-lhe a recepo das ordens e avisos dos instrutores que lhe propiciem amparo, e o asseio mental lhe consolidar a influncia, purificando-a, alm de dotar-lhe a presena com a indispensvel autoridade moral, capaz de induzir o enfermo ao despertamento das prprias foras de reao.

    Andr Luiz Mecanismos da Mediunidade, captulo 22.

    Com relao aos trabalhadores do plano espiritual, a tarefa do passe possui exigncias mais rgidas, conforme esclarece Anacleto: - Aqueles nossos amigos so tcnicos em auxlio magntico que comparecem aqui para a dispensao de passes de socorro. Trata-se dum departamento delicado de nossas tarefas, que exige muito critrio e responsabilidade. - Esses trabalhadores - interroguei - apresentam requisitos especiais? - Sim - explicou o mentor amigo -, na execuo da tarefa que Lhes est subordinada, no basta a boa vontade, como acontece em outros setores de nossa atuao. Precisam revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo desencarnado, no pode satisfazer em semelhante servio, se ainda no conseguiu manter um padro superior de elevao mental continua, condio indispensvel exteriorizao das faculdades radiantes.

    Missionrios da Luz, captulo 19.

    Jamais devemos esquecer-nos que antes de sermos trabalhadores do Passe, somos Espritas e devemos nos esforar para sermos verdadeiros espritas. Kardec assim define o Esprita: Reconhece-se o verdadeiro esprita pela sua transformao moral e pelos esforos que emprega para domar suas inclinaes ms. (Evangelho Segundo o Espiritismo, captulo 17, item 4); e em outra definio Kardec esclarece que o Espiritismo no reconhece como seus adeptos seno os que lhe praticam os ensinos, isto , que trabalham por melhorar-se moralmente, esforando-se por vencer os maus pendores, por ser menos egostas e menos orgulhosos, mais brandos, mais humildes, mais caridosos para com o prximo, mais moderados em tudo, porque essa a caracterstica do verdadeiro esprita.

    Obras Pstumas, Ligeira Resposta aos Detratores do Espiritismo.

    8. Existem tcnicas (maneiras, formas, procedimentos) para aplicao do Passe? Para determinadas enfermidades, existem tcnicas especficas no modo de aplicao do Passe?

    No. Conforme ensinamento trazido pelo Esprito Emmanuel, O passe poder obedecer frmula que fornea maior porcentagem de confiana, no s a quem o d, como a quem o recebe. Devemos esclarecer, todavia, que o passe a transmisso de uma fora psquica e espiritual, dispensando qualquer contacto fsico na sua aplicao.

    O Consolador, questo 99.

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    Conforme explicao de Emmanuel, o passe transmisso de fora psquica e espiritual, no necessitando de gestos especficos para sua realizao. O pensamento, a vontade e os bons sentimentos so tudo.

    Sobre os Mecanismos do Passe, Andr Luiz, demonstrando que tudo est nvel de pensamento e sentimento, esclarece: Tendo mencionado o fenmeno hipntico em diversas passagens de nossas anotaes, a ele recorreremos, ainda uma vez, para definir o medianeiro do passe magntico por autntico representante do magnetizador espiritual, frente do enfermo. Estabelecido o clima de confiana, qual acontece entre o doente e o mdico preferido, cria-se a ligao sutil entre o necessitado e o socorrista e, por semelhante elo de foras, ainda imponderveis no mundo, verte o auxlio da Esfera Superior, na medida dos crditos de um e outro. Ao toque da energia emanante do passe, com a superviso dos benfeitores desencarnados, o prprio enfermo, na pauta da confiana e do merecimento de que d testemunho, emite ondas mentais caractersticas, assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na prpria constituio fisiopsicossomtica, atravs das vrias funes do sangue. O socorro, quase sempre hesitante a principio, corporifica-se medida que o doente lhe confere ateno, porque, centralizando as prprias radiaes sobre as provncias celulares de que se serve, lhes regula os movimentos e lhes corrige a atividade, mantendo-lhes as manifestaes dentro de normas desejveis, e, estabelecida a recomposio, volve a harmonia orgnica possvel, assegurando mente o necessrio governo do veculo em que se amolda.

    Mecanismos da Mediunidade, captulo 22.

    Quando Andr Luiz, nas obras por ele ditadas, nos descreve vrios modos (Mecanismos) de realizar a aplicao do passe pelos benfeitores espirituais, ele est nos esclarecendo sobre os procedimentos realizados no plano espiritual. No significa que os passistas encarnados devam agir da mesma forma, pois conforme ensina Emmanuel, no h mtodo especifico para aplicao do passe.

    O Consolador, questo 99.

    O objetivo de Andr Luiz fornecer-nos elementos para que compreendamos o mecanismo do passe e o processo da cura, aumentando assim a nossa f no trabalho do passe, pois, a f uma das condies bsicas para a eficcia no tratamento do passe, e, como nos ensina Kardec: A f raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lgica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura ento cr, porque tem certeza, e ningum tem certeza seno porque compreendeu.

    O Evangelho Segundo o Espiritismo, captulo 19 item 7.

    9. Como se processa a cura fsica na aplicao do Passe?

    Como se h visto, o fluido universal o elemento primitivo do corpo carnal e do perisprito, os quais so simples transformaes dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perisprito, pode fornecer princpios reparadores ao corpo; o Esprito, encarnado ou desencarnado, o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substncia do seu envoltrio fludico. A cura se opera mediante a substituio de uma molcula mals por uma molcula s.

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    O poder curativo estar, pois, na razo direta da pureza da substncia inoculada; mas, depende tambm da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emisso fludica provocar e tanto maior fora de penetrao dar ao fluido. Depende ainda das intenes daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou Esprito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura so quais substncias medicamentosas alteradas.

    A Gnese - captulo 14 item 31.

    Andr Luiz esclarece sobre a importncia da receptividade por parte de quem est recebendo o tratamento do passe para sua eficcia: O processo de socorro pelo passe tanto mais eficiente quanto mais intensa se faa a adeso daquele que lhe recolhe os benefcios, de vez que a vontade do paciente, erguida ao limite mximo de aceitao, determina sobre si mesmo mais elevados potenciais de cura. Nesse estado de ambientao, ao influxo dos passes recebidos, as oscilaes mentais do enfermo se condensam, mecanicamente, na direo do trabalho restaurativo, passando a sugeri-lo s entidades celulares do veculo em que se expressam, e os milhes de corpsculos do organismo fisiopsicossomtico tendem a obedecer, instintivamente, s ordens recebidas, sintonizando-se com os propsitos do comando espiritual que os agrega.

    Mecanismos da Mediunidade, captulo 22.

    Lembramos que existem enfermidades que, por necessidade do Esprito, no so passveis de serem curadas. Emmanuel, no livro Pensamento e Vida, captulo 28, esclarece: H molstias que tm, sem dvida, funo preponderante nos servios de purificao do esprito, surgindo com a criatura no bero ou seguindo-a, por anos a fio, na direo do tmulo. Neste mesmo texto o benfeitor espiritual nos alerta, com respeito s doenas: contudo, os sintomas patolgicos na experincia comum, em maioria esmagadora, 15 decorrem dos reflexos infelizes da mente sobre o veculo de nossas manifestaes, operando desajustes nos implementos que o compem. Toda emoo violenta sobre o corpo semelhante a martelada forte sobre a engrenagem de mquina sensvel, e toda aflio amimalhada como ferrugem destruidora, prejudicando-lhe o funcionamento. Sabe hoje a medicina que toda tenso mental acarreta distrbios de importncia no corpo fsico. O pensamento sombrio adoece o corpo so e agrava os males do corpo enfermo. Se no aconselhvel envenenar o aparelho fisiolgico pela ingesto de substncias que o aprisionem ao vcio, imperioso evitar os desregramentos da alma que lhe impem desequilbrios aviltantes, quais sejam aqueles hauridos nas decepes e nos dissabores que adotamos por flagelo constante do campo ntimo. Cultivar melindres e desgostos, irritao e mgoa o mesmo que semear espinheiros magnticos e adub-los no solo emotivo de nossa existncia, intoxicar, por conta prpria, a tessitura da vestimenta corprea, estragando os centros de nossa vida profunda e arrasando, conseqentemente, sangue e nervos, glndulas e vsceras do corpo que a Divina Providncia nos concede entre os homens, com vistas ao desenvolvimento de nossas faculdades para a Vida Eterna. Guardemos, assim, compreenso e pacincia, bondade infatigvel e tolerncia construtiva em todos os passos da senda, porque somente ao preo de nossa incessante renovao mental para o bem, com o apoio do estudo nobre e do servio constante, que superaremos o domnio da enfermidade, aproveitando os dons do Senhor e evitando os reflexos letais que se fazem acompanhar do suicdio indireto.

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    Este texto de Emmanuel nos leva a uma concluso de suma importncia: mesmo que uma pessoa consiga a cura atravs da aplicao do Passe, se ela no se modificar intimamente, buscando a cura espiritual, ela adoecer novamente. A verdadeira cura a do Esprito.

    10. Como se processa o magnetismo nos fluidos espirituais?

    Os fluidos se combinam pela semelhana de suas naturezas; os dessemelhantes se repelem; h incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos, como entre o leo e a gua. Que se faz quando est viciado o ar? Procede-se ao seu saneamento, cuida-se de depur-lo, destruindo o foco dos miasmas, expelindo os eflvios 16 malsos, por meio de mais fortes correntes de ar salubre. invaso, pois, dos maus fluidos, cumpre se oponham os fluidos bons e, como cada um tem no seu prprio perisprito uma fonte fludica permanente, todos trazem consigo o remdio aplicvel. Trata-se apenas de purificar essa fonte e de lhe dar qualidades tais, que se constitua para as ms influncias um repulsor, em vez de ser uma fora atrativa.

    A Gnese captulo 14 item 21.

    O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se transmite de Esprito a Esprito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes. Sendo o perisprito dos encarnados de natureza idntica dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um lquido. Esses fluidos exercem sobre o perisprito uma ao tanto mais direta, quanto, por sua expanso e sua irradiao, o perspirito com eles se confunde. Atuando esses fluidos sobre o perisprito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contacto molecular.

    A Gnese, captulo 14 item 18.

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    Mecanismos da Mediunidade Compreendendo-se o envoltrio psicossomtico por templo da alma, estruturado em bilhes de clulas a se caracterizarem por atividade incessante, natural imaginemos cada centro de fora e cada rgo por departamentos de trabalho, interdependentes entre si, no obstante o carter autnomo atribuvel a cada um.

    Semelhantes peas, no entanto, obedecem ao comando mental, sediado no crebro, que lhes mantm a coeso e o equilbrio, por intermdio das oscilaes inestancveis do pensamento. Temos, assim, as variadas provncias celulares sofrendo o impacto constante das radiaes mentais, a lhes absorverem os princpios de ao e reao desse ou daquele teor, pelos quais os processos da sade e da enfermidade, da harmonia e da desarmonia so associados e desassociados, conforme a direo que lhes imprima a vontade.

    Naturalmente no podemos esquecer que o alimento comum garante a subsistncia do corpo fsico, atravs da permuta contnua de substncias com a incessante transformao de energia, e isso acontece porque a fora mental conjuga substncia 17 e energia na produo dos recursos de apoio existncia e dos elementos reguladores do metabolismo. Alm desses fatores, cabe-nos contar com os fatores mentais para a sustentao de todos os agentes da vida, que se far dessa ou daquela forma, segundo a qualidade desses mesmos ingredientes. Conforme a integridade desses princpios, resultar a integridade do poder mecnico da mente para a formao dos anticorpos na intimidade das foras componentes do sistema sanguneo.

    Salientando-se que o sistema hemtico no corpo fsico representa o conjunto das energias circulantes no corpo espiritual ou psicossoma, energias essas tomadas em princpio pela mente, atravs da respirao, ao reservatrio incomensurvel do fluido csmico, para ele que nos compete voltar a ateno, no estudo de qualquer processo fluidoterpico de tratamento ou de cura. Relacionados com os centros psicossomticos, os variados ncleos da vida sangunea produzem as grandes coletividades corpusculares das hemcias, dos leuccitos, trombcitos, macrfagos, linfcitos, histicitos, plasmcitos, moncitos e outras unidades a se dividirem, inteligentemente, em famlias numerosas, movimentando-se em trabalho constante, desde os fulcros geradores do bao e da medula ssea, do fgado e dos gnglios, at o mago dos rgos.

    Fcil entender que todo desregramento de natureza fsica ou moral faz-se refletir, de imediato, por reaes mentais conseqentes, sobre as provncias celulares, determinando situaes favorveis ou desfavorveis ao equilbrio orgnico. O pensamento a fora que, devidamente orientada, no sentido de garantir o nvel das entidades celulares no reino fisiolgico, lhes facilita a migrao ou lhes acelera a mobilidade para certos efeitos de preservao ou defensiva, seja na improvisao de elementos combativos e imunolgicos ou na impugnao aos processos patognicos, com a interveno da conscincia profunda. Deduzimos, sem dificuldade, que se possvel a hipnotizao da mente humana, com vistas a certos fins, com mais propriedade operar-se- a magnetizao das entidades corpusculares, para efeitos determinados, no ajustamento das clulas.

    Entendemos que a mediunidade curativa se reveste da mais alta importncia, desde que alicerada nos sentimentos mais puros da mais pura fraternidade. claro que no nos reportamos aos magnetizadores que desenvolvem as foras que lhes so peculiares, no trato da sade humana. Referimo-nos, sim, aos intrpretes da Espiritualidade Superior, consagrados assistncia providencial aos enfermos, para encorajar-lhes a ao.

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    Decerto, o estudo da constituio humana lhes naturalmente aconselhvel, tanto quanto ao aluno de enfermagem, embora no seja mdico, se recomenda a aquisio de conhecimentos do corpo em si. E do mesmo modo que esse aprendiz de rudimentos da Medicina precisa atentar para a assepsia do seu quadro de trabalho, o mdium passista necessitar vigilncia no seu campo de ao, porquanto de sua higiene espiritual resultar o reflexo benfazejo naqueles que se proponha socorrer.

    Eis porque se lhe pede a sustentao de hbitos nobres e atividades limpas, com a simplicidade e a humildade por alicerces no servio de socorro aos doentes, de vez que semelhantes fatores funcionaro maneira do tungstnio na lmpada eltrica, suscetvel de irradiar a fora da usina, produzindo a luz necessria expulso da sombra. O investimento cultural ampliar-lhe- os recursos psicolgicos, facilitandolhe a recepo das ordens e avisos dos instrutores que lhe propiciem amparo, e o asseio mental lhe consolidar a influncia, purificando-a, alm de dotar-lhe a presena com a indispensvel autoridade moral, capaz de induzir o enfermo ao despertamento das prprias foras de reao.

    Tendo mencionado o fenmeno hipntico em diversas passagens de nossas anotaes, a ele recorreremos, ainda uma vez, para definir o medianeiro do passe magntico por autntico representante do magnetizador espiritual, frente do enfermo. Estabelecido o clima de confiana, qual acontece entre o doente e o mdico preferido, cria-se a ligao sutil entre o necessitado e o socorrista e, por semelhante elo de foras, ainda imponderveis no mundo, verte o auxlio da Esfera Superior, na medida dos crditos de um e outro. Ao toque da energia emanante do passe, com a superviso dos benfeitores desencarnados, o prprio enfermo, na pauta da confiana e do merecimento de que d testemunho, emite ondas mentais caractersticas, assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na prpria constituio fisiopsicossomtica, atravs das vrias funes do sangue. O socorro, quase sempre hesitante a principio, corporifica-se medida que o doente lhe confere ateno, porque, centralizando as prprias radiaes sobre as provncias celulares de que se serve, lhes regula os movimentos e lhes corrige a atividade, mantendo-lhes as manifestaes dentro de normas desejveis, e, estabelecida a recomposio, volve a harmonia orgnica possvel, assegurando mente o necessrio governo do veculo em que se amolda.

    O processo de socorro pelo passe tanto mais eficiente quanto mais intensa se faa a adeso daquele que lhe recolhe os benefcios, de vez que a vontade do paciente, erguida ao limite mximo de aceitao, determina sobre si mesmo mais elevados potenciais de cura. Nesse estado de ambientao, ao influxo dos passes recebidos, as oscilaes mentais do enfermo se condensam, mecanicamente, na direo do 19 trabalho restaurativo, passando a sugeri-lo s entidades celulares do veculo em que se expressam, e os milhes de corpsculos do organismo fisiopsicossomtico tendem a obedecer, instintivamente, s ordens recebidas, sintonizando-se com os propsitos do comando espiritual que os agrega.

    O passe, como gnero de auxlio, invariavelmente aplicvel sem qualquer contra- indicao, sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe, desde as criancinhas tenras aos pacientes em posio provecta na experincia fsica, reconhecendo-se, no entanto, ser menos rico de resultados imediatos nos doentes adultos que se mostrem jungidos inconscincia temporria, por desajustes complicados do crebro. Esclareamos, porm, que, em toda situao e em qualquer tempo, cabe ao mdium passista buscar na prece o fio de ligao com os planos mais elevados da vida, porquanto, atravs da orao, contar com a presena sutil dos instrutores que atendem aos misteres da Providncia Divina, a lhe utilizarem os recursos para a extenso incessante do Eterno Bem.

    Mecanismos da Mediunidade, Captulo 22.

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    Nos Domnios da Mediunidade - Nesta sala explicou ulus, amigavelmente se renem sublimadas emanaes mentais da maioria de quantos se valem do socorro magntico, tomados de amor e confiana. Aqui possumos uma espcie de altar interior, formado pelos pensamentos, preces e aspiraes de quantos nos procuram trazendo o melhor de si mesmos. Meu colega passeou o olhar inquieto pelos dois companheiros encarnados, em orao, e continuou: - Preparam-se nossos amigos, frente do trabalho, com o auxlio da prece?

    - Sem dvida. A orao prodigioso banho de foras, tal a vigorosa corrente mental que atrai. Por ela, Clara e Henrique expulsam do prprio mundo interior os sombrios remanescentes da atividade comum que trazem do crculo dirio de luta e sorvem do nosso plano as substncias renovadoras de que se repletam, a fim de conseguirem operar com eficincia, a favor do prximo. Desse modo, ajudam e acabam por ser firmemente ajudados. - Isso significa que no precisam recear a sua exausto...

    - De modo algum. Tanto quanto ns, no comparecem aqui com a pretenso de serem os senhores do benefcio, mas sim na condio de beneficirios que recebem para dar. A orao, com o reconhecimento de nossa desvalia, colocamos na posio de 20 simples elos de uma cadeia de socorro, cuja orientao reside no Alto. Somos ns aqui, neste recinto consagrado misso evanglica, sob a inspirao de Jesus, algo semelhante singela tomada eltrica, dando passagem fora que no nos pertence e que servir na produo de energia e luz.

    Enfermos de variada expresso entravam esperanosos e retiravam-se, depois de atendidos, com evidentes sinais de reconforto. Das mos de Clara e Henrique irradiavam-se luminosas chispas, comunicando-lhes vigor e refazimento. Na maioria dos casos, no precisavam tocar o corpo dos pacientes, de modo direto. Os recursos magnticos, aplicados a reduzida distncia, penetravam assim mesmo o halo vital ou a aura dos doentes, provocando modificaes subitneas.

    Os passistas afiguravam-se como duas pilhas humanas deitando raios de espcie mltipla, a lhes flurem das mos, depois de lhes percorrerem a cabea, ao contacto do irmo Conrado e de seus colaboradores - Por que motivo a energia transmitida pelos amigos espirituais circula primeiramente na cabea dos mdiuns?

    - Ainda aqui disse ulus -, no podemos subestimar a importncia da mente. O pensamento influi de maneira decisiva, na doao de princpios curadores. Sem a idia iluminada pela f e pela boa-vontade, o mdium no conseguiria ligao com os Espritos amigos que atuam sobre essas bases.

    - Entretanto ponderei -, h pessoas to bem dotadas de fora magntica perfeitamente despreocupadas do elemento moral!... - Sim redarguiu o Assistente -, refere-se voc aos hipnotizadores comuns, muita vez portadores de energia excepcional. Fazem belas demonstraes, impressionam, convencem, contudo, movimentam-se na esfera de puro fenmeno, sem aplicaes edificantes no campo da espiritualidade. imperioso no esquecer, Andr, que o potencial magntico peculiar a todos, com expresses que se graduam ao infinito.

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    - Mas semelhantes profissionais podem igualmente curar! frisou meu companheiro, completando-me as observaes. - Sim, podem curar, mas acidentalmente, quando o enfermo credor de assistncia espiritual imediata, com a inteno de amigos que o favorecem. Fora disso, os que abusam dessa fonte de energia, explorando-a ao seu bel-prazer, quase sempre resvalam para a desmoralizao se si mesmos, porque interferindo num campo de foras que lhes desconhecido, guiados to-somente pela vaidade ou pela ambio inferior, fatalmente encontram entidades que com eles se afinam, precipitando-se em difceis situaes que no vm baila comentar. Se no possuem um carter elevado, suscetvel de opor um dique influnciao viciosa, acabam vampirizados por energias mais acentuadas que as deles, porquanto, se 21 considerarmos o assunto apenas sob o ponto de vista da fora, somos constrangidos a reconhecer que h imenso nmero de vigorosos hipnotizadores espirituais, nas linhas atormentadas da ignorncia e da crueldade, de onde se originam os mais - Ento disse Hilrio -, para curar, sero indispensveis certas atitudes do esprito...

    - Indiscutivelmente no prescindimos do corao nobre e da mente pura, no exerccio do amor, h humildade e da f viva, para que os raios do poder divino encontrem acesso e passagem por ns, a benefcio dos outros. Para a sustentao de um servio metdico de cura, isso indispensvel.

    - Entretanto, para o esforo desse tipo precisaremos de pessoas escolhidas, com a obrigao de efetuarem estudos especiais? - Importa ponderar disse ulus, convicto que em qualquer setor de trabalho a ausncia de estudo significa estagnao. Esse ou aquele cooperador que desistam de aprender, incorporando novos conhecimentos, condenam-se fatalmente s atividades de subnvel, todavia, em se tratando do socorro magntico, tal qual administrado aqui, convm lembrar que a tarefa de solidariedade pura, com ardente desejo de ajudar, sob a invocao da prece. E toda orao, filha da sinceridade e do dever bem cumprido, com respeitabilidade moral e limpeza de sentimentos, permanece tocada de incomensurvel poder. Analisada a questo nestes termos, todas as pessoas dignas e fervorosas, com o auxlio da prece, podem conquistar a simpatia de venerveis magnetizadores do Plano Espiritual, que passam, assim, a mobiliza-las na extenso do bem. No nos achamos frente do hipnotismo espetacular, mas sim num gabinete de cura, em que os mdiuns transmitem os benefcios que recolhem, sem a presuno de do-los de si mesmos. importante no esquecer essa verdade para deixarmos bem claro que, onde surjam a humildade e o amor, o amparo divino seguro e imediato.

    Obsidiados ganhavam ingresso no recinto, acompanhados de frios verdugos, no entanto, com o toque dos mdiuns sobre a regio cortical, depressa se desligavam, postando-se, porm, nas vizinhanas, como que espera das vtimas, com a maioria das quais se reacomodavam, de pronto.

    Alinhando apontamentos, comeamos a reparar que alguns enfermos no alcanavam a mais leve melhoria. As irradiaes magnticas no lhes penetravam o veiculo orgnico. Registrando o fenmeno, a pergunta de Hilrio no se fez esperar. - Por qu? - Falta-lhes o estado de confiana esclareceu o orientador. - Ser, ento, indispensvel a f para que registrem o socorro de que necessitam?

    - Ah! Sim. Em fotografia precisamos da chapa impressionvel para deter a imagem, tanto quanto em eletricidade carecemos de fio sensvel para a transmisso da luz. No terreno das vantagens espirituais, imprescindvel que o candidato apresente uma certa tenso favorvel.

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    Essa tenso decorre da f. Certo, no nos reportamos ao fanatismo religioso ou cegueira da ignorncia, mas sim atitude de segurana ntima, com reverncia e submisso, diante da Leis Divinas, em cuja sabedoria e amor procuramos arrimo. Sem recolhimento e respeito na receptividade, no conseguiremos fixar os recursos imponderveis que funcionam em nosso favor, porque o escrnio e a dureza de corao podem ser comparados a espessas camadas de gelo sobre o templo da alma.

    - O passe uma transfuso de energias, alterando o campo celular. Vocs sabem que na prpria cincia humana de hoje o tomo no mais o tijolo indivisvel princpios subatmicos, e que, antes desses princpios, surge a vida mental determinante... Tudo esprito no santurio da Natureza. Renovemos o pensamento e tudo se modificar conosco. Na assistncia magntica, os recursos espirituais se entrosam entre a emisso e a recepo, ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma. A mente reanimada reergue as vidas microscpicas que a servem, no templo do corpo, edificando valiosas reconstrues. O passe, como reconhecemos, importante contribuio para quem saiba receb-lo, com o respeito e a confiana que o valorizam.

    Nos Domnios da Mediunidade, captulo 17.

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    Missionrios da Luz - Aqueles nossos amigos1 so tcnicos em auxlio magntico que comparecem aqui para a dispensao de passes de socorro. Trata-se dum departamento delicado de nossas tarefas, que exige muito critrio e responsabilidade.

    - Esses trabalhadores - interroguei - apresentam requisitos especiais? - Sim - explicou o mentor amigo -, na execuo da tarefa que Lhes est subordinada, no basta a boa vontade, como acontece em outros setores de nossa atuao. Precisam revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo desencarnado, no pode satisfazer em semelhante servio, se ainda no conseguiu manter um padro superior de elevao mental continua, condio indispensvel exteriorizao das faculdades radiantes. O missionrio do auxilio magntico, na Crosta ou aqui em nossa esfera, necessita ter grande domnio sobre si mesmo, espontneo equilbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreenso da vida, f vigorosa e profunda confiana no Poder Divino. Cumpre-me acentuar, todavia, que semelhantes requisitos, em nosso plano, constituem exigncias a que no se pode fugir, quando, na esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficincia, o que se justifica, em virtude da assistncia prestada pelos benfeitores de nossos crculos de ao ao servidor humano, ainda incompleto no terreno das qualidades desejveis.

    - Os amigos encarnados - perguntei -, de modo geral, poderiam colaborar em semelhantes atividades de auxlio magntico? - Todos, com maior ou menor intensidade, podero prestar concurso fraterno, nesse sentido respondeu o orientador -, porquanto, revelada a disposio fiel de cooperar a servio do prximo, por esse ou aquele trabalhador, as autoridades de nosso meio designam entidades sbias e benevolentes que orientam, indiretamente, o nefito, utilizando-lhe a boa vontade e enriquecendo-lhe o prprio valor. So muito raros, porm, os companheiros que demonstram a vocao de servir espontaneamente. Muitos, no obstante bondosos e sinceros nas suas convices, aguardam a mediunidade curadora, como se ela fosse um acontecimento miraculoso em suas vidas e no um servio do bem, que pede do candidato o esforo laborioso do comeo. Claro que, referindo-nos aos irmos encarnados, no podemos exigir a cooperao de ningum, no setor de nossos trabalhos normais; entretanto, se algum deles vem ao nosso encontro, solicitando admisso s tarefas de auxlio, logicamente receber nossa melhor orientao, no campo da espiritualidade.

    - Ainda mesmo que o operrio humano revele valores muito reduzidos, pode ser mobilizado? interroguei, curioso. - Perfeitamente - aduziu Alexandre, atencioso. - Desde que o interesse dele nas aquisies sagradas do bem seja mantido acima de qualquer preocupao transitria, deve esperar incessante progresso das faculdades radiantes, no s pelo prprio esforo, seno tambm pelo concurso de Mais Alto, de que se faz merecedor. No longe de ns, permaneciam os tcnicos espirituais do auxlio magntico, em atividade metdica. Reconhecia-lhes nos trabalhos silenciosos um mundo novo de ensinamentos, convidando-me a experincias proveitosas.

    1 Refere-se aos trabalhadores do plano espiritual. Em fala anterior informado: O trabalho era atendido por seis entidades, envoltas em tnicas muito alvas, como enfermeiros vigilantes. Falavam raramente e operavam com intensidade.

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    - Quando na Crosta, envolvidos pelos fluidos mais densos, como poderemos desenvolver a capacidade radiante, depois da edificao de nossa boa vontade real, a servio do prximo? O orientador percebeu-me a inteno e elucidou, de pronto: - Conseguida a qualidade bsica, o candidato ao servio precisa considerar a necessidade de sua elevao urgente, para que as suas obras se elevem no mesmo ritmo. Falaremos to-s das conquistas mais simples e imediatas que deve fazer, dentro de si mesmo. Antes de tudo, necessrio equilibrar o campo das emoes. No possvel fornecer foras construtivas a algum, ainda mesmo na condio de instrumento til, se fazemos sistemtico desperdcio das irradiaes vitais um sistema nervoso esgotado, oprimido, um canal que no responde pelas interrupes havidas. A mgoa excessiva, a paixo desvairada, a inquietude obsidente, constituem barreiras que impedem a passagem das energias auxiliadoras. Por outro lado, preciso examinar tambm as necessidades fisiolgicas, a par dos requisitos de ordem psquica. A fiscalizao dos elementos destinados aos armazns celulares indispensvel, por parte do prprio interessado em atender as tarefas do bem. O excesso de alimentao produz odores ftidos, atravs dos poros, bem como das sadas dos pulmes e do estmago, prejudicando as faculdades radiantes, porquanto provoca dejees anormais e desarmonias de vulto no aparelho gastrintestinal, interessando a intimidade das clulas. O lcool e outras substncias txicas operam distrbios nos centros nervosos, modificando certas funes psquicas e anulando os melhores esforos na transmisso de elementos regeneradores e salutares. O mentor fez uma pausa mais longa, observando em mim o efeito de suas palavras, e concluiu: - Levada a efeito a construo da boa vontade sincera, o trabalhador leal compreende a necessidade do desenvolvimento das qualidades a que nos referimos, porquanto, em contacto incessante com os benfeitores desencarnados, que se valem dele na misso de amparo aos semelhantes, recebe indiretas sugestes de aperfeioamento que o erguem a posies mais elevadas.

    - Consideremos, todavia, que surja a necessidade imediata de socorrer algum, no crculo dos encarnados, e examinemos a hiptese da imprescindibilidade dum instrumento humano. Imaginemos que no exista, de pronto, em derredor de nossa tarefa, o rgo completo e adequado a influenciao das potncias superiores. Existir, certamente, porm, ao nosso lado, um companheiro em condies comuns, que, mergulhado na ignorncia, ainda no percebe os perigos a que expe o prprio corpo, mas que se deixar aproveitar pelo nosso esforo espiritual em benefcio de outrem. Ser crvel que no possa ser aproveitado? O instrutor sorriu bondosamente, e considerou: - Seria demasiado rigor. Em todo lugar onde haja merecimento nos que sofrem e boa vontade nos que auxiliam, podemos ministrar o benefcio espiritual com relativa eficincia. Todos os enfermos podem procurar a sade; todos os desviados, quando desejam, retornam ao equilbrio. Se a prtica do bem estivesse circunscrita aos Espritos completamente bons, seria impossvel a redeno humana. Qualquer cota de boa vontade e esprito de servio recebe de nossa parte a melhor ateno.

    Imprimiu Alexandre pequeno intervalo palestra, e, depois de pensar um minuto, esclareceu: - Quando nos referimos s qualidades necessrias aos servidores desse campo de auxlio, a ningum desejamos desencorajar, mas orientar as aspiraes do trabalhador para que a sua tarefa cresa em valores positivos e eternos.

    - Vejamos esta irm - exclamou Anacleto, prontificando-se ao auxilio afetuoso -, observe-lhe o corao e, principalmente, a vlvula mitral. Detive-me em acurado exame da regio mencionada e, efetivamente, descobri a existncia de tenussima nuvem negra, que cobria grande extenso da zona indicada, interessando ainda a vlvula artica e lanando filamentos quase imperceptveis sobre o ndulo sinoauricular. Expus ao novo amigo minhas observaes, ao que me respondeu:

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    - Assim como o corpo fsico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, tambm o organismo perispiritual pode absorver elementos de degradao que lhe corroem os centros de fora, com reflexos sobre as clulas materiais. Se a mente da criatura encarnada ainda no atingiu a disciplina das emoes, se alimenta paixes que a desarmonizam com a realidade, pode, a qualquer momento, intoxicar-se com as emisses mentais daqueles com quem convive e que se encontrem no mesmo estado de desequilbrio. As vezes, semelhantes absores constituem simples fenmenos sem maior importncia; todavia, em muitos casos, so suscetveis de ocasionar perigosos desastres orgnicos. Isto acontece, mormente quando os interessados no tm vida de orao, cuja influncia benfica pode anular inmeros males.

    Indicou o corao de carne da irm presente e continuou: - Esta amiga, na manh de hoje, teve srios atritos com o esposo, entrando em grave posio de desarmonia ntima. A pequena nuvem que lhe cerca o rgo vital representa matria mental fulminatria. A permanncia de semelhantes resduos no corao pode ocasionar-lhe perigosa enfermidade. Atendamos ao caso. Sempre sob minha observao, Anacleto2 assumiu nova atitude, dando-me a entender que ia favorecer suas expanses irradiantes e, em seguida, comeou a atuar por imposio. Colocou a mo direita sobre o epigstrio da paciente, na zona inferior do esterno e, com surpresa, notei que a destra, assim disposta, emitia sublimes jatos de luz que se dirigiam ao corao da senhora enferma, observando-se nitidamente que os raios de luminosa vitalidade eram impulsionados pela fora inteligente e consciente do emissor. Assediada pelos princpios magnticos, postos em ao, a reduzida poro de matria negra, que envolvia a vlvula mitral, deslocou-se vagarosamente e, como se fora atrada pela vigorosa vontade de Anacleto, veio aos tecidos da superfcie, espraiando-se sob a mo irradiante, ao longo da epiderme. Foi ento que o magnetizador espiritual iniciou o servio mais ativo do passe, alijando a maligna influncia. Fez o contacto duplo sobre o epigstrio, erguendo ambas as mos e descendo-as, logo aps, morosamente, atravs dos quadris at aos joelhos, repetindo o contacto na regio mencionada e prosseguindo nas mesmas operaes por diversas vezes. Em poucos instantes, o organismo da enferma voltou normalidade.

    O novo companheiro dirigiu-se a diferente setor. Postvamo-nos, agora, ao lado de um cavalheiro idoso, para cujo organismo Anacleto me reclamou ateno. Analisei-o acuradamente. Com assombro, notei-lhe o fgado profundamente alterado. Outra nuvem, igualmente muito escura, cobria grande parte do rgo, compelindo-o a estranhos desequilbrios. Toda a vescula biliar permanecia atingida. E via-se, com nitidez, que os reflexos negros daquela pequena poro de matria txica alcanavam o duodeno e o pncreas, modificando o processo digestivo. Alguns minutos de observao silenciosa davam-me a conhecer a extrema perturbao de que o rgo da bile se sentia objeto. As clulas hepticas pareciam presas de perigosas vibraes. Enderecei ao amigo espiritual meu olhar de admirao. - Observou? - disse ele, bondosamente toda perturbao mental ascendente de graves processos patolgicos. Afligir a mente alterar as funes do corpo. Por isso, qualquer inquietao intima chama-se desarmonia e as perturbaes orgnicas chamam-se enfermidades. Colocou a destra amiga sobre a fronte do cavalheiro e acrescentou:

    - Este irmo, portador dum temperamento muito vivo, est cheio dos valores positivos da personalidade humana. Tem atravessado inmeras experincias em lutas passadas e aprendeu a dominar as coisas e as situaes com invejvel energia. Agora, porm, est aprendendo a dominar a si mesmo, a conquistar-se para a iluminao interior.

    2 Trabalhador do plano espiritual.

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    Em semelhante tarefa, contudo, experimenta choques de vulto, porquanto, dentro de sua individualidade dominadora, compelido a destruir vrias concepes que se lhe figuravam preciosas e sagradas. Nesse empenho, os prprios ensinamentos do Cristo, que lhe serve de modelo renovao, doem-lhe no ntimo como marteladas, em certas circunstncias.

    Este homem, no entanto, sincero e deseja, de fato, reformar-se. Mas sofre intensamente, porque obrigado a ausentar-se de seu campo exclusivo, a caminho do vasto territrio da compreenso geral. No circulo dos conflitos dessa natureza, vem lutando, desde ontem, dentro de si mesmo, para acomodar-se a certas imposies de origem humana que lhe so necessrias ao aprendizado espiritual, e, no esforo mental gigantesco, ele mesmo produziu pensamentos terrveis e destruidores, que segregaram matria venenosa, imediatamente atrada para o seu ponto orgnico mais frgil, que o fgado.

    Ele, porm, est em prece regeneradora e facilitar nosso servio de socorro, pela emisso de energias benficas. No fosse a orao, que lhe renova as foras reparadoras, e no fosse o socorro imediato de nossa esfera, poderia ser vtima de doenas mortais do corpo. A permanncia de matria txica, indefinidamente, na intimidade deste rgo de importncia vital, determinaria movimentos destruidores para os glbulos vermelhos do sangue, complicaria as aes combinadas da digesto e perturbaria, de modo fatal, o metabolismo das protenas.

    Anacleto fez uma pausa mais longa, sorriu cordialmente e acentuou:

    - Isto, porm, no acontecer. Na luta titnica em que se empenha consigo mesmo, a vontade firme de acertar a sua ncora de salvao. Permanecia to surpreso com o ensinamento, que no ousei dirigir-lhe qualquer interrogao. Anacleto continuou de p e aplicou-lhe um passe longitudinal sobre a cabea, partindo do contacto simples e descendo a mo, vagarosamente, at regio do fgado, que o auxiliador tocava com a extremidade dos dedos irradiantes, repetindo-se a operao por alguns minutos. Surpreendido, observei que a nuvem, de escura, se fizera opaca, desfazendo-se, pouco a pouco, sob o influxo vigoroso do magnetizador em misso de auxlio. O fgado voltou normalidade plena.

    Mais alguns minutos e nos encontramos diante de uma senhora grvida, em srias condies de enfraquecimento. Anacleto deteve-se mais respeitoso. - Aqui - disse ele, sensibilizado - temos uma irm altamente necessitada de nossos recursos fludicos. Profunda anemia invade-lhe o organismo. Em regime de subalimentao, em virtude das dificuldades naturais que a rodeiam de longo tempo, a gravidez constitui para ela um processo francamente doloroso. O marido parcamente remunerado e a esposa obrigada a viglias, noite adentro, a fim de auxili-lo na manuteno do lar. A prece, porm, no representa para este corao materno to-somente um refgio. A par de consolaes espontneas, ela recolhe foras magnticas de substancial expresso que a sustentam no presente drama biolgico.

    Em seguida, indicou a regio do tero e ponderou: - Observe as manchas escuras que cercam a organizao fetal. Efetivamente, aderindo ao saco de liquido amnitico, viam-se microscpicas nuvens pardacentas vagueando em vrias direes, dentro do sublime laboratrio de foras geradoras. Dando-me a perceber seu fundo conhecimento da situao, Anacleto continuou: - Se as manchas atravessarem o liquido, provocaro dolorosos processos patolgicos em toda a zona do epiblasto. E o fim da luta ser o aborto inevitvel. Comovidssimo, contemplei o quadro divino daquela me sacrificada, unida organizao espiritual daquele que lhe seria o filho no porvir. Foi o chefe da assistncia magntica que me arrebatou daquela silenciosa admirao, explicando: - No obstante a f que lhe exorta o carter,

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    apesar dos seus mais elevados sentimentos, nossa amiga no consegue furtar-se, de todo, tristeza angustiosa, em certas circunstncias. H seis dias permanece desalentada, aflita. Dentro de algum tempo, o esposo deve resgatar um dbito significativo, faltando-lhe, porm, os recursos precisos.

    A pobre senhora, contudo, alm de suportar a carga de pensamentos destruidores que vem produzindo, compelida a absorver as emisses de matria mental doentia do companheiro, que se apia na coragem e na resignao da mulher. As vibraes dissolventes acumuladas so atradas para a regio orgnica, em condies anormais e, por isso, vemo-las congregadas como pequeninas nuvens em torno do rgo gerador, ameaando, no s a sade maternal, mas tambm o desenvolvimento do feto. Estupefato, ante os novos ensinamentos, reparei que. Anacleto chamou um dos auxiliares, recomendando-lhe alguma coisa.

    Logo aps, muito cuidadosamente, atuou por imposio das mos sobre a cabea da enferma, como se quisesse aliviar-lhe a mente. Em seguida, aplicou passes rotatrios na regio uterina. vi que as manchas microscpicas se reuniam, congregando-se numa s, formando pequeno corpo escuro. Sob o influxo magntico do auxiliador, a reduzida bola fludico-pardacenta transferiu-se para o interior da bexiga urinria. Intensificando-me a admirao, o novo companheiro, dando os passes por terminados, esclareceu: - No convm dilatar a colaborao magntica para retirar a matria txica de uma vez. Lanada no excretor de urina, ser alijada facilmente, dispensando a carga de outras operaes. Foi ento que se aproximou de Anacleto o servidor a quem me referi, trazendo-lhe uma pequenina nfora que me pareceu conter essncias preciosas. O orientador do servio tomou-a, zeloso, e falou: - Agora, preciso socorrer a organizao fetal. A alimentao da genitora, por fora de circunstncias que independem de sua vontade, tem sido insuficiente.

    Anacleto retirou do vaso certa poro de substncia luminosa, projetando-a nas vilosidades uterinas, enriquecendo o sangue materno destinado a fornecer oxignio ao embrio. Expressando minha profunda admirao pelo concurso eficiente de que fora testemunha, considerou o generoso auxiliador: - No podemos abandonar nossos irmos na carne, ao sabor das circunstncias, mormente quando procuram a cooperao precisa atravs da prece. A orao, elevando o nvel mental da criatura confiante e crente no Divino Poder, favorece o intercmbio entre as duas esferas e facilita nossa tarefa de auxilio fraternal. Imensos exrcitos de trabalhadores desencarnados se movimentam em toda parte, em nome de Nosso Pai. Em vista disto, meu irmo, o homem de bem encontrar, depois da morte do corpo, novos mundos de trabalho que o esperam e onde desenvolver, infinitamente, o amor e a sabedoria, de que possui os germens no corao.

    Em seguida, Anacleto passou a atender um cavalheiro, cujos rins pareciam envolvidos em crepe negro, tal a densidade da matria mental fulminante que os cercava. Aplicou-lhe passes longitudinais, com muito carinho, e, finda a operao, observou-me: - Um dia, compreender o homem comum a importncia do pensamento. Por agora, muito difcil revelar-lhe o sublime poder da mente.

    O chefe da assistncia magntica ia estender-se, talvez, em consideraes educativas, mas um dos cooperadores do servio aproximou-se e notificou-lhe, atencioso: - Estimaria receber a sua orientao num caso de dcima vez. Trata-se do nosso conhecido, que apresenta graves perturbaes no bao. Extremamente surpreendido, acompanhei Anacleto, que se dirigiu para um dos recantos da sala. A nossa frente estava um cavalheiro idoso, que o orientador examinou com ateno. Por minha vez, observei-lhe o fgado e o bao, que acusavam enorme desequilbrio. - Lastimvel! - exclamou o chefe do auxilio, depois de longa perquirio. - Entretanto, apenas poderemos alivi-lo. Agora, aps dez vezes de socorro completo, preciso deix-lo entregue a si mesmo, at que adote nova resoluo.

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    E, dirigindo-se ao auxiliar, acentuou: - Poder oferecer-lhe melhoras, mas no deve alijar a carga de foras destruidoras que o nosso rebelde amigo acumulou para si mesmo. Nossa misso de amparar os que erraram, e no de fortalecer os erros. Percebendo-me o espanto, Anacleto explicou: - Nosso esforo tambm educativo e no podemos desconsiderar a dor que instrui e ajuda a transformar o homem para o bem. Nas normas do servio que devemos atender, nesta casa, imprescindvel ajuizar das causas na extirpao dos males alheios. H pessoas que procuram o sofrimento, a perturbao, o desequilbrio, e razovel que sejam punidas pelas consequncias de seus prprios atos.

    Quando encontramos enfermos dessa condio, salvamo-los dos fluidos deletrios em que se envolvem por deliberao prpria, por dez vezes consecutivas, a titulo de benemerncia espiritual. Todavia, se as dez oportunidades voam sem proveito para os interessados, temos instrues superiores para entreg-los sua prpria obra, a fim de que aprendam consigo mesmos. Poderemos alivi-los, mas nunca libert-los. Depois de ligeira pausa e sentindo que eu no me atreveria a interromper-lhe os preciosos ensinamentos, Anacleto prosseguiu: - Este homem, no obstante simpatizar com as nossas atividades espiritualizantes, portador dum temperamento menos simptico, por extremamente caprichoso. Estima as rixas frequentes, as discusses apaixonadas, o imprio de seus pontos de vista. No se acautela contra o ato de encolerizar-se e desperta incessantemente a clera e a mgoa dos que lhe desfrutam a companhia. Tornou-se, por isso mesmo, o centro de convergncia de intensas vibraes destruidoras.

    Veio ao nosso grupo em busca de melhoras, e, desde h muitas semanas, buscamos orient-lo no servio do amor cristo, chamando-lhe a conscincia prtica de obrigaes necessrias ao seu prprio bem-estar. O infeliz, porm, no nos ouve. Adquire dios com facilidade temvel e no percebe a perigosa posio em que se confina. Frequenta-nos h pouco mais de trs meses e, durante esse tempo, j lhe fizemos as dez operaes de socorro magntico integral, alijando-lhe as cargas malignas, no s dos pensamentos de angstia e represlia que ele provoca nos outros, mas tambm dos pensamentos cruis que fabrica para si. Agora, temos de interromper o servio de libertao, por algum tempo. A ss com a sua experincia forte, aprender lies novas e ganhar muitos valores. Mais tarde, receber, de novo, o socorro completo. Profundamente edificado com o processo educativo, ousei perguntar: - Qual a medida de tempo estipulada para os casos dessa natureza? O interlocutor, porm, assumindo atitude discreta, contornou a pergunta e respondeu: - Varia de acordo com os motivos. O efeito obedece causa.

    Missionrios da Luz, captulo 19.

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    Evoluo em Dois Mundos- Em verdade, para conseguirmos alguma idia precisa no dicionrio terreno, com respeito ao poder do fludo magntico, que constitui por si emanao controlada de fora mental sob a alavanca da vontade, ser interessante figurar o nosso veculo de manifestao como sendo o Estado Orgnico em que nos expressamos na condio de Espritos imortais, em multifria graduao evolutiva.

    Reconhecendo-se a capacidade do fludo magntico para que as criaturas se influenciem reciprocamente, com muito mais amplitude e eficincia atuar ele sobre as entidades celulares do Estado Orgnico particularmente as sanguneas e as histiocitrias , determinando-lhes o nvel satisfatrio, a migrao ou a extrema mobilidade, a fabricao de anticorpos ou, ainda, a improvisao de outros recursos combativos e imunolgicos, na defesa contra as invases bacterianas e na reduo ou extino dos processos patognicos, por intermdio de ordens automticas da conscincia profunda.

    Toda queda moral nos seres responsveis opera certa leso no hemisfrio psicossomtico ou perisprito, a refletir-se em desarmonia no hemisfrio somtico ou veculo carnal, provocando determinada causa de sofrimento. A dor, portanto, dessa ou daquela forma, sempre uma situao de alarme ou emergncia, mais ou menos durvel no imprio orgnico, requisitando o socorro externo da medicina do corpo ou da alma, na execuo do alvio ou da cura.

    Pelo passe magntico, no entanto, notadamente naquele que se baseie no divino manancial da prece, a vontade fortalecida no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem para que essa vontade novamente ajustada confiana magnetize naturalmente os milhes de agentes microscpicos a seu servio, a fim de que o Estado Orgnico, nessa ou naquela contingncia, se recomponha para o equilbrio indispensvel.

    Assim que orar em nosso favor atrair a Fora Divina para a restaurao de nossas foras humanas, e orar a benefcio dos outros ou ajud-los, atravs da energia magntica, disposio de todos os Espritos que desejem realmente servir, ser sempre assegurar-lhes as melhores possibilidades de auto reajustamento, compreendendo-se, porm, que se o amor consola, instrui, ameniza, levanta, recupera e redime, todos estamos condicionados justia a que voluntariamente nos rendemos, perante a Vida Eterna, justia que preceitua, conforme o ensinamento de Nosso Senhor Jesus-Cristo, seja dado isso ou aquilo a cada um segundo as suas prprias obras, cabendo-nos recordar que as obras felizes ou menos felizes podem ser fruto de nossa orientao todos os dias e, por isso mesmo, todos os dias ser possvel alterar o rumo de nosso prprio roteiro.

    Evoluo em dois Mundos, captulo 15, segunda parte.

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    Ao e ReaoNa obra Ao e Reao Andr Luiz relata a histria de Antnio Olmpio que desencarnara e fora recolhido na Manso da Paz em situao deplorvel. O instrutor Druso vinha submetendo Antnio Olmpio ao tratamento do passe magntico. Certo dia porm, Alzira, que foi esposa de Antnio Olmpio na ltima encarnao foi visita-lo:

    Registrando-lhe a runa mental, a notvel mulher pediu a Silas permisso para orar, em nossa companhia, junto do esposo, o que lhe foi concedido prazerosamente. Diante da nossa surpresa, Alzira ajoelhou-se cabeceira, conchegou-lhe o busto de encontro ao colo, maneira de abnegada me procurando conservar entre os braos um filhinho doente, e, levantando os olhos lacrimosos para o Alto, clamou, humilde, segundo a sua f: Me Santssima! Anjo tutelar dos nufragos da Terra, compadece-te de ns e estende-nos tuas mos doces e puras!... (....) A prece de Alzira lograra um xito que as operaes magnticas de Druso no haviam conseguido alcanar. Antnio Olmpio descerrou desmesuradamente as plpebras e mostrou no olhar a lucidez dos que despertam de longo e torturado sono... Agitou-se, sentindo na face as lgrimas da esposa que o beijava, enternecida, e bradou, tomado de selvagem contentamento: Alzira! Alzira!... Ela conchegou-o, de encontro ao peito, com mais ternura, como quem quisesse pacificar-lhe o esprito atormentado, mas, a um sinal de Silas, dois enfermeiros aproximaram-se, restituindo-o ao sono.

    Ao e Reao, captulo 8.

    Nesta passagem vemos que a f e o amor de Alzira foram mais potentes que o tratamento magntico que era aplicado pelo instrutor Druso ao paciente. Esta passagem ensina-nos que o passista esprita, deve, acima de tudo ter f e um sentimento puro de amor ao prximo. Com estas qualidades realizar, juntamente com a espiritualidade maior, grandes trabalhos junto aos sofredores.

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    A GneseO fluido csmico universal , como j foi demonstrado, a matria elementar primitiva, cujas modificaes e transformaes constituem a inumervel variedade dos corpos da Natureza3. Como princpio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterizao ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materializao ou de ponderabilidade, que , de certa maneira, consecutivo quele. O ponto intermdio o da transformao do fluido em matria tangvel. Mas, ainda a, no h transio brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderveis como termo mdio entre os dois estados.

    A Gnese, captulo 14 item 2.

    No estado de eterizao, o fluido csmico no uniforme; sem deixar de ser etreo, sofre modificaes to variadas em gnero e mais numerosas talvez do que no estado de matria tangvel. Essas modificaes constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princpio, so dotados de propriedades especiais e do lugar aos fenmenos peculiares ao mundo invisvel. Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos tm para os Espritos, que tambm so fludicos, uma aparncia to material, quanto a dos objetos tangveis para os encarnados e so, para eles, o que so para ns as substncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.

    A Gnese, captulo 14 item 3.

    No rigorosamente exata a qualificao de fluidos espirituais, pois que, em definitiva, eles so sempre matria mais ou menos quintessenciada. De realmente espiritual, s a alma ou princpio inteligente. D-se-lhes essa denominao por comparao apenas e, sobretudo, pela afinidade que eles guardam com os Espritos. Pode dizer-se que so a matria do mundo espiritual, razo por que so chamados fluidos espirituais.

    A Gnese, captulo 14 item 5.

    Tem conseqncias de importncia capital e direta para os encarnados a ao dos Espritos sobre os fluidos espirituais. Sendo esses fluidos o veculo do pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades, evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou ms dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletrios corrompem o ar respirvel. Os fluidos que envolvem os Espritos maus, ou que estes projetam so, portanto, viciados, ao passo que os que recebem a influncia dos bons Espritos so to puros quanto o comporta o grau da perfeio moral destes.

    A Gnese, captulo 14 item 16.

    Qualidade dos Fluidos: Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de dio, de inveja, de cime, de orgulho, de egosmo, de violncia, de hipocrisia, de bondade, de benevolncia, de amor, de caridade, de doura, etc. Sob o aspecto fsico, so excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, suporficos, narcticos, txicos, reparadores, expulsivos; tornam-se fora de transmisso, de propulso, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixes, das virtudes e dos vcios da Humanidade e das propriedades da matria, correspondentes aos efeitos que eles produzem.

    A Gnese, captulo 14 item 17. 3 Na realidade, a solidificao da matria no mais do que um estado transitrio do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condies de coeso. A Gnese CAP. 14 Item 6

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    Pela sua unio ntima com o corpo, o perisprito desempenha preponderante papel no organismo. Pela sua expanso, pe o Esprito encarnado em relao mais direta com os Espritos livres e tambm com os Espritos encarnados. O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se transmite de Esprito a Esprito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes. Sendo o perisprito dos encarnados de natureza idntica dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um lquido. Esses fluidos exercem sobre o perisprito uma ao tanto mais direta, quanto, por sua expanso e sua irradiao, o perspirito com eles se confunde. Atuando esses fluidos sobre o perisprito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflvios so de boa natureza, o corpo ressente uma impresso salutar; se so maus, a impresso penosa. Se so permanentes e enrgicos, os eflvios maus podem ocasionar desordens fsicas; no outra a causa de certas enfermidades.

    A Gnese, captulo 14 item 18.

    Quando se diz que um mdico opera a cura de um doente, por meio de boas palavras, enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento bondoso traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o fsico, tanto quanto sobre o moral.

    A Gnese, captulo 14 item 20.

    Como se h visto, o fluido universal o elemento primitivo do corpo carnal e do perisprito4, os quais so simples transformaes dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perisprito, pode fornecer princpios reparadores ao corpo; o Esprito, encarnado ou desencarnado, o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substncia do seu envoltrio fludico. A cura se opera mediante a substituio de uma molcula mals por uma molcula s. O poder curativo estar, pois, na razo direta da pureza da substncia inoculada; mas, depende tambm da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emisso fludica provocar e tanto maior fora de penetrao dar ao fluido. Depende ainda das intenes daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou Esprito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura so quais substncias medicamentosas alteradas.

    A Gnese, captulo 14 item 31.

    A ao magntica pode produzir-se de muitas maneiras:

    1 pelo prprio fluido do magnetizador; o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ao se acha adstrita fora e, sobretudo, qualidade do fluido;

    2 pelo fluido dos Espritos, atuando diretamente e sem intermedirio sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonamblico espontneo, seja para exercer sobre o indivduo uma influncia fsica ou moral qualquer. o magnetismo espiritual, cuja qualidade est na razo direta das qualidades do Esprito;

    4 O perisprito, ou corpo fludico dos Espritos, um dos mais importantes produtos do fluido csmico; uma condensao desse fluido em torno de um foco de inteligncia ou alma. J vimos que tambm o corpo carnal tem seu princpio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matria tangvel. No perisprito, a transformao molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etreas. O corpo perispirtico e o corpo carnal tm pois origem no mesmo elemento primitivo; ambos so matria, ainda que em dois estados diferentes. - A Gnese, captulo 14 Item 7

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    3 pelos fluidos que os Espritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veculo para esse derramamento. o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstncias, o concurso dos Espritos amide espontneo, porm, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.

    A Gnese, captulo 14 item 33.

    Os fluidos se combinam pela semelhana de suas naturezas; os dessemelhantes se repelem; h incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos, como entre o leo e a gua. Que se faz quando est viciado o ar? Procede-se ao seu saneamento, cuidase de depur-lo, destruindo o foco dos miasmas, expelindo os eflvios malsos, por meio de mais fortes correntes de ar salubre. invaso, pois, dos maus fluidos, cumpre se oponham os fluidos bons e, como cada um tem no seu prprio perisprito uma fonte fludica permanente, todos trazem consigo o remdio aplicvel. Trata-se apenas de purificar essa fonte e de lhe dar qualidades tais, que se constitua para as ms influncias um repulsor, em vez de ser uma fora atrativa.

    A Gnese, captulo 14 item 21.

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    O Livro dos MdiunsDiremos apenas que este gnero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicao. Dir-se-, sem dvida, que isso mais no do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magntico desempenha a importante papel; porm, quem examina cuidadosamente o fenmeno sem dificuldade reconhece que h mais alguma coisa. A magnetizao ordinria um verdadeiro tratamento seguido, regular e metdico; no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso5. Todos os magnetizadores so mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos mdiuns curadores a faculdade espontnea e alguns at a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A interveno de uma potncia oculta, que o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razo, ser qualificadas de mdiuns curadores recorre prece, que uma verdadeira evocao.

    O Livro dos Mdiuns, item 175.

    1 Podem considerar-se as pessoas dotadas de fora magntica como formando uma variedade de mdiuns? No h que duvidar.

    2 Entretanto, o mdium um intermedirio entre os Espritos e o homem; ora, o magnetizador, haurindo em si mesmo a fora de que se utiliza, no parece que seja intermedirio de nenhuma potncia estranha. um erro; a fora magntica reside, sem dvida, no homem, mas aumentada pela ao dos Espritos que ele chama em seu auxlio. Se magnetizas com o propsito de curar, por exemplo, e invocas um bom Esprito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua fora e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe d as qualidades necessrias.

    3 H, entretanto, bons magnetizadores que no crem nos Espritos? Pensas ento que os Espritos s atuam nos que crem neles? Os que magnetizam para o bem so auxiliados por bons Espritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas ms intenes, chama os maus.

    4 Agiria com maior eficcia aquele que, tendo a fora magntica, acreditasse na interveno dos Espritos? Faria coisas que considerareis milagre.

    5 H pessoas que verdadeiramente possuem o dom de curar pelo simples contacto, sem o emprego dos passes magnticos? Certamente; no tens disso mltiplos exemplos?

    6 Nesse caso, h tambm ao magntica, ou apenas influncia dos Espritos? Uma e outra coisa. Essas pessoas so verdadeiros mdiuns, pois que atuam sob a influncia dos Espritos; isso, porm, no quer dizer que sejam quais mdiuns curadores, conforme o entendes.

    5 O Espiritismo a cincia nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusveis, a existncia e a natureza do mundo espiritual e as suas relaes com o mundo corpreo. Ele no-lo mostra, no mais como coisa sobrenatural, porm, ao contrrio, como uma das foras vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenmenos at hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domnio do fantstico e do maravilhoso. - Evangelho Segundo o Espiritismo, captulo 1 Item 5.

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    7 Pode transmitir-se esse poder? O poder, no; mas o conhecimento de que necessita, para exerc-lo, quem o possua. No falta quem no suspeite sequer de que tem esse poder, se no acreditar que lhe foi transmitido.

    8 Podem obter-se curas unicamente por meio da prece? Sim, desde que Deus o permita; pode dar-se, no entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e ento julgais que a vossa prece no foi ouvida.

    9 Haver para isso algumas frmulas de prece mais eficazes do que outras? Somente a superstio pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e somente Espritos ignorantes, ou mentirosos podem alimentar semelhantes idias, prescrevendo frmulas. Pode, entretanto, acontecer que, em se tratando de pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o uso de determinada frmula contribua para lhes infundir confiana. Neste caso, porm, no na frmula que est a eficcia, mas na f, que aumenta por efeito da idia ligada ao uso da frmula.

    O Livro dos Mdiuns item 176.

    Mdiuns curadores: os que tm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela s imposio das mos, ou pela prece. Esta faculdade no essencialmente medinica; possuem-na todos os verdadeiros crentes6 , sejam mdiuns ou no. As mais das vezes, apenas uma exaltao do poder magntico, fortalecido, se necessrio, pelo concurso de bons Espritos.

    O Livro dos Mdiuns, item 189.

    6 Os verdadeiros crentes, em consequncia de sua pureza perispiritual, possuem fluidos em condies melhores de efetuar a cura, no necessitando da atuao de um Esprito desencarnado para intensificar a potencia do fluido. Exemplo: Jesus.

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    Obras PstumasEm diversos outros Centros do Meio-dia, ouvi discutirem a seguinte opinio externada por alguns magnetizadores: que muitos fenmenos, ditos espritas, so simples efeitos de sonambulismo e que o Espiritismo mais no fez do que se substituir ao magnetismo, ou, antes, do que lhe substituir ridiculamente o nome. , como vedes, um novo ataque dirigido contra a mediunidade. sempre errneo cair nos extremos e tanto exagero h em tudo atribuir-se ao Magnetismo, quanto haveria, da parte dos espritas, em negarem as leis do Magnetismo. No se poderiam arrebatar matria as leis magnticas, como no se poderiam arrebatar ao Esprito as leis puramente espirituais.

    Obras Pstumas - Controvrsias sobre a idia da existncia de seres intermedirios entre o homem e Deus

    Mdiuns curadores Consiste a mediunidade desta espcie na faculdade que certas pessoas possuem de curar pelo simples contacto, pela imposio das mos, pelo olhar, por um gesto, mesmo sem o concurso de qualquer medica mento. Semelhante faculdade incontestavelmente tem o seu princpio na fora magntica; difere desta, entretanto, pela energia e instantaneidade da ao ao passo que as curas magnticas exigem um tratamento metdico, mais ou menos longo. Todos os magnetizadores so mais ou menos aptos a curar, se sabem proceder convenientemente; dispem da cincia que adquiriram. Nos mdiuns curadores, a faculdade espontnea e alguns a possuem sem nunca ter ouvido falar de magnetismo.

    A faculdade de curar pela imposio das mos deriva evidentemente de uma fora excepcional de expanso, mas diversas causas concorrem para aument-la, entre as quais so de colocar-se, na primeira linha: a pureza dos sentimentos, o desinteresse, a benevolncia, o desejo ardente de proporcionar alvio, a prece fervorosa e a confiana em Deus; numa palavra: todas as qualidades morais.

    A fora magntica puramente orgnica; pode, como a fora muscular, ser partilha de toda gente, mesmo do homem perverso; mas, s o homem de bem se serve dela exclusivamente para o bem, sem idias ocultas de interesse pessoal, nem de satisfao de orgulho ou de vaidade. Mais depurado, o seu fluido possui propriedades benfazejas e reparadoras, que no pode t