o livro secreto do exÉrcito

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.' RESERVADOl ( <,Ii'i 1 1 '" li', , ~1'\\:: I' i( li I i ,li " li !\I , < \:\ \1: li;' . I' - b :] I .~ A presente obra é composta de dois volumes, cujos assun~ tos sao os abaixo discriminados: 19 VOLUME - UMA EXPLICAÇÃO NECESS~RIA INTRODUÇÃO • A VIO~NCIA EM TRES ATOS • A TERCEIRA TENTATIVA DETO~ffiDA DO PODER 1964 - ENGAJAMENTO DAS FORÇAS ARMADAS (1969) ,I 29 VOLUME - 3~ PARTE \ • A TERCEIRA rfENTATIVA DE TOHADA DO PODER 1970 - 1973 4~ PARTE •A QUARTA! TENTATIVA DE'TOMADA DO PODER 1974 - ••• \ , , 11E S E. RV f\ O O\ " ,

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O livro secreto do Exército conta tudo o que você precisa saber, ou seja, saber da verdade. São mais de 900 páginas mas vale a pena ler e saber a verdade.

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  • 1. s pr~tiC"ados pelos lderesda Comuna de Paris.. 15. .-.,..l.n.E S E R v A O 0)_. , tabornba falhada deveria estar sendo vista como um parcial fra- casso no planejamento terrorista. ! Para corrigi-lo, em 20 ~~~_io d~6_6, ~~~i--5 apos esse ensaio geral, foram lanados dois coquet.i~olo.toylle um pe.. --- -- tardo de dinami.t.e.__contra os portes da Assemblia . do Estado de Pernambuco. Legislativa As autoridades, desconcertadas,buscavam os autores dos atos terroristas, sem sucesso. O Governo no dispunha de orgaos estruturados para um eficiente c~~Eate .a.-.?_.~_errorisI)lo. Nao, A estarrecida, vislumbrava tempos difceis que estariam por vir. Em 25 de julho de 1966, nova srie de tr~s bombas, com as mesmas caractersticas das anteriores, sacode Recife. Uma,na sede da Unio dos Estudantes de Pernambuco(UEP), ferindo,com I,... I escoriaes e queimaduras no rosto e nas mos, o civil Jos Lei I t.e.Outra, nos escritrios do Servio de Informaes dos Estados:1 Unidos (USIS), causando, apenas, darios materiais.A terceiraJbomba, entretanto, acarretando vtimas fatais, passou aser oII1 marco balizador do incio da luta terrorista no Brasil.IiNa manh desse dia, o Marechal Costa e Silva, candidato Presid~ncia da Repblica, era esperado por cerca de 300 pessoas que lotavam a estao de passageiros do Aeroporto Internacional . . dos Guararapes. s 8,30 hora~, poucos minutos antes da chegada " do Marechal, o servio de som anunciou que, em virtude de pane no avio, ele estava se deslocando por via terrestre,de joo Pessoa at Recife, indo diretamen~e para o prdio da SUperinte~ dncia do Desenvolvimentodo Nordeste (SUDENE). Esse comunicado provocou o incio da retirada do pblico. o guarda-civil Sebastio Tomaz de Aquino, o "Paraba", o~, . trora popular jogador de futebol do Santa Cruz, percebeu que uma maleta escura estava abandonada junto livraria "SODILERIl, lo- calizada no saguo do aeroporto. Julgando que algum a havia es quecido, pegou-a para entreg-la no balcod~ Departamentode Aviao Civil (DAC). Ocorreu uma forte ex~loso. O som ampliado pelo. recinto, a fumaa, os estragos produzidos e os gemidos dos.. feridos provocaram o pnico e a correria do pblico.Passados os momentos de pavor, o ato terrorista mostrou um trgico saldo de 15 vitimas. ; Morreram o jornalista Edson Rgis de Carvalho~casado e I R E S. E H V A..O. O . 16. XXIInESEnVJD~pai de cinco filhos, com u~ rombo no abdmen, e o Almirantere-formado Nelson Passos Fernandes, com o crnio esfacelado, doi-Ixando viva e um filho menor. O guarda-civil "Paraba" sofreuferimento lcero-contuso no fr~ntal e no maxilar, no membro in-ferior esquerdo e na coxa direita, com exposio ssea,equeresultou na amputao de sua perna direita. O entoTenente-Co-ronel do Exrcito Sylvio Ferreira da Silva sofreuamputaotraumtica dos ,dedos da mo esquerda, fratura exposta no ombrodo mesmo lado, leses graves na coxa e queimadurasdeprimeiroe segundo grau,s. i Ficaram, ainda, gravementefetidos os advogadosHaroldoCollares da Cunha Barreto e Antonio Pedro Moraisda Cunha, os funcionrios pblicos Fernando FerreiraRaposoe Ivancir de Cas tro, os estudantes Jos Oliveira Silvestre e Amaro Duarte Dias, a professora Anita Ferreira de Carvalho, a comerciriaIdallna Maia, o guarda-civil Jos Severino Pessoa Barreto, alm de Euni ce Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de ap~ nas 6 anos de idade. O acaso, transferindo o local da chegada do futuro Presi- dente, impediu que a tragdia fosse maior. O terrorismoindis- criminado, atingindo pessoas inocentes, inclusive mulhers e" I criana~, mostrou a frieza e O.f~natismo de seus executores. Ii Naquela epoca, em Recife, apenas uma organizaosubversi , i va, oP~rtido Comunista Revolucionrio (PCR), defendia a luta armada como forma de tomada do poder. Entretanto " os inquritos abertos nunca conseguiram prov~s para apontar os autores dos atentados. Dois militantes comunistas, ento indiciados, vivem, hqje, no Brasil. Um professor do Departamentode EngenhariaEltrica de uma Universidade Federal. O outro, ex-canqidatoa D~putado Estadual, trabal~ava, em 1985, como engenheiro da pre!eitura de so Paulo.2. Segundo ato ,No dia 16 de abril de 1970, foi preso, no ~io de Janeiro,Celso Lungaretti, militante do Setor de Inteligncia da VanguaEda popular Revolucionria (VRR) , uma das organizaes comunis-.tas que seguiam a linha militaris~acubana.Em seus primeiros depoimentos, Lungaretti revelou a exis- -( R E S E R V~-----------_--I 17. .- ...!----,----------- I~-; S E R V fi O~~ ....I tncia de uma rea de treinamento de guerrilhas, organizada e dirigida pela VPR, localizada num sitio da reg~o de Jacupirn- ga, prxima a Registro, no Vale da Ribeira, a cerca de 250qui- lmetros ao sul da Grande so Paulo. Dois dias depois, foi presa, tambm no Rio de Janeiro, Ma ria do Carmo Brito, militante da VPR, que confirmou a denncia de Lungaretti. Imediatamente,tropas do Exrcito e.da Policia Militar do Estado de so Paulo foram deslocadas para a rea, a fim de apu- rar a veracidade das declaraes dos dois militantes. Desde janeiro de 1970, a VPR, com a colaborao de outras organizaes comunistas,instalara essa area de treinamento sob o comando de Carlos Lmnarcaex-Capito do Exrcito --, abri- gando duas ba~es, num total de 18 terroristas vindos de. so Pau lo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. As primeiras tropas, ao chegarem regio, em 20 de abril, encontraram apenas 9 terroristas na rea, pois 1 j haviasa- do no inicio do ms e os outros 8, inclu~ive um boliviano, reti rarron-se na manh daquele dia,.poro~emde Lamarca, e~ decorr~ cia da priso de Flozino, um dos proprietr.lo,sda rea. Permane ceram apenas os elementos necessrios para desativar as bases."Na noite do dia 21, um tiroteio marcou o primeiro choque, e, no dia seguinte, foram descobertas uma base eumarea de .. treinamento,encontrando-se armamento, munio, alimentos, medi camntos, rdios-transmissores,materiaJ. de acampamento~ mapas, f~rdamentos, bssolas, etc.I Em 26 de abril, foi descoberta nova rea de treinamento. Darcy Rodrigues e Jos Lavecchia haviam permanecido em umPostode Observao,a fim de acompanhar os movimentosdas tropas re- gulares. Entretanto,a quebra de seu rdio-transmissor os isolou dos demais terroristas,levando-os a tentar a fuga da rea cer- ~- cada. No dia seguinte, ambos foram presos, quando pediamcaro na na BR-116. A partir dai, alguns dias passaram sem que houvesse qual- quer contato. Uma parte da ,tropa da Polcia Militar foi retira- da; permanecendo,apenas, um .peloto~ Como voluntrio paraco- mand-lo, apresentou-se um jovem de 23 anos, o Tenente Alberto MendesJnior.Com 5 anos de policial Militar, o Tenqnte Mendes~--------~---JRESERVAOO -- 18. XXIII RESEHVADOera conhecido,entre seus companheiros,por seu esprito afvelc alegre e pelo altrusmo no cumprimento dasmisses.Idealis-ta, acreditava que era seu dever permanecer na rea, ao lado deseus subordinados.o dia 8 de maio marcou a tentativa de fuga dos 7 terro-ristas restantes. Alugaram uma "pick-up"e, no final da tarde, aopararem num posto de gasolina, em Eldorado Paulista, foram abordados por seis policiais militares que lhes exigiram a identifiicao. Apesar de alegarem acondio de caadores, no conseguiram ser convincentes.Os policiais desconfiarame, ao tentaremsacar suas armas, foram alvejados por tiros que partira~ dos terroristas que se encontravam na carroceria do veculo. Aps o tiroteio, sem mortes, a "pick_up" rumou para Sete Barras.Ciente do ocorrido~ o Tenente Mendes organi~ou uma patru-lha, que, em duas viaturas, dirigiu-se de Sete B~rras para Eld~rado. Cerca das 21 horas,. houve o encontro com os terro~istas.Intenso tiroteio foi travadp. O Tenente Mendes, em dado momen-,to, verificou que dversos de seus comandadosestavam feridos bala, necessitando urgentes socorros mdicos.Um dos terroristas, com um golpe astucioso,aproveitando-ise daquele momento psicolgico,gritou-lhes para que seentre-gassem. Julgando-se envolvido, o Oficial aceitou render-se, desde que seus homens pudessem receber o socorro necessrio. Tendoos demais componentes da patrulha permanecidocorno refns, o Te. . .nente levou os feridos para Set~ Barras sob a intim~q de sus- pender os bloqueiosexistentes na estrada.De madrugada, a p e sozipho, o Tenente Mendes b~scou con tato com os terroristas,preocupado que estava com oresta~te de seus homens. Interrogado por Lamarca, afirmou que nohavia neQhum bloqueio na direo de Sete Barras. Todos, entq, gegui- ra~ para l.Prximo a essa localidade, foram surpreenqidQspor.-...- .- . ., um tiroteio. Dois terroristas, ~dmauro Gpfert e Jos ~rajo de Nbrega, desgarraram-sedo grupo(foram presos poucos dias de- ; po;is) e os 5 terroristasrestan:tese61,brenharam-seno m~to~. le-: va~do o Tenente da polcia Militar. Depois de andarem um dia e ~," rne~o, no. incio da tqrde do dia 10.de ma~o de 1970, pararam pa- , . .. ra urndescanso.O Ten~nte.Mend~sfoiacusado de t-los t~ado, e responsabilizadopelo "d~saparecimento"dosseus c?mp~nhei- ros. Por isso, teria que ser executado. Nesse momento,CarlosIIR E S E R V A O .0 . -:-...,. .. ,- -. 19. ... XXIVLamarca, Yoshitane Fugimore e Digenes Sobrosa de Souza afasta-ram-se, ficando Ariston Oliveira Lucena e Gilberto FariaLimatornando conta do prisioneiro.~a"QQ. m~nutQS o~ols,QS trs terroristas retornaram, e,;~:"" "~!!f ~t:f:f~!ti!di:! !?~ ;1,a;L.~~ili" ,"o ~l)~ !;!n" F~l imore de s foa" hou-I J:tl~ ~ 181:~fi~ag iif6I!11! ~lilieitM{~tt ~~~ ill~1l2l1!1~QIt- .1~.... -.!:.do e com a base do crnio partida, o Tenente Mendes gemia e contorcia-se em dores. Digenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe ou- troS golpes na cabea~ esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequena vala e com seus coturnos ao lado da cabea ensanguentada,o Te- nente Mendes foi enterrado .Alguns meses mais tarde, em 8 de setembro de 1970, Ariston Oliveira Lucena, que havia sido preso, apontou o local onde o Tenente Mendes estava enterrado. As fotografias tiradas de seu crnio atestam o horrendo crime cometido.Ainda em setemb~-o meSITO do ano, a VPR emitiu um comunicado "Ao ..Povo Brasiliro", onde tenta justificar o assassinato do Tenen-te Mendes, no qual aparece o seguinte trecho: "A 6en~en~ de mo~~e de um T~ibunalRevoluclon~~i~dev~6eJL cumplLid~ pOIL 6u~ilame.nto.Na entanto, IlOJ.> encoltt~~vamo6 pILxim06 ao inimigo, dint~o de um ce~co ~ue p5de. be~ executado emv~lLtude d~ exi~tnci~ de muita~ e~t~~daJ.> na lLegio. O Te.nenteMende.6 60i c.onden~do ~ ntolLlLelL c.olLonhada.6 de 6~uzil, e. a.6.6im o fio)..,.6ndo depdi.6 entelLlLado".Dos 5 assassinos do Tenente Mendes, sabe-se que: , _ i_ o ex-Cap~tao Carlos: Lamarca morreu na tarde de 17 de se tembro de 1971, no interior da Bahia, durante tiroteio coma foras de segurana; _ Yoshitane Fugimore morreu em 5 de dezembro ~e 1970, emso Paulo, durante tiroteio com as foras ~e segurana;_ Digenes Sobrosa de Souza e Ariston Oliveira Lucena fo-ram anistiados em 1979 e-vivem livremente no Brasil; e_ Gilberto Faria Lima fugiu para oe~terior e desconhece- se o ,seu paradeiro /atual.3 .Terceiro atoA manh de 23 de maro de 1971encontrou o jovem advogado de 26 anos, srgio Moura Barbosa, escrevendo uma .carta; em seU cRESERVADO------- 20. RESERVADO, xxv quarto de pensa0 no bairro de Indianpolis,nacapitalde so Paulo. Os bigodes bem aparqdos e as longas suascontrastavam com o aspecto conturbado de seu rosto, que nao conseguia escon- der a cris~ pela qual estava passando.ITrs frases foram colocadas em destaque na primeira folha. da carta: liA Revoluo nao tem prazo e nem pressa"; "No pedi- mos licena a ningum para prati:ar atos revolucionrios; e "No I devemos ter medo de errar. ~ prercrvelerrarfazendodo que na da fazer". Em torno de cada frase,. todas de Carlos Marighela, o jovem tecia ilaes prpriasptiradas de sua experincia rcvolu cionria corno ativo militante da Ao Libertadora Nacional (AIN).Ao mesmo tempo, lembrava-se dasprofundas transformaesque ocorreramem sua vida e em seu pensamento, desde 1967,quan-do era militante do Partido Comunista Brasileiro(PCB) e estu-dante de Sociologia Poltica da Universidade Mackenzie,em soPaulo.Pensava casar-se com Maria Ins e j estavainiciando amontagem de um apartamento na Rua da Consolao.Naquela epoca, as concepoesmilitaristas exportadas porFidel Castro e Che Guevara empolg~vam os jovens, eMarighelasurgia como o lder comunista que os levaria tomada dopoderatravs da luta armada.Impetuoso,desprendido e idealista, largou o PCB e inte-grou-se ao agrup~mentode Marighela, que, no incio ,de 1968, da-ria origem ALN. ,Naquela manh, a carta servia como repo$it-rio de suas dvidas:"Fao e~~e~ comen~~~o~ a p~op~~to da ~~_~uaio em que no~ encon~~amo~: cornple~a de6en~~va e ab~olu~a6al~a de ~mag~naio pa~a ~a~~mo~ dela. O d~~a6~o, que ~e no~ap~e~en~a no a~ual mornen~o ~. do~ rna~~ ~~~~o~, na med~da em quecon6~ana no m~~odo de luta. que ~dotamo~.e.6~: em jogo a plr..plr..~a :;.O~mpa~~ e em que no~ encon~~amo~ ameaa COmpJLOme~e~ o mov~men~o~evoluc~on~~o - ..b~a.6~le~~o, levando-o, no mZn~mo, .... --".. .. .- - ... i e.6tagnaoe, no m:x~mo, i extino".Esse ~om pessimista est~va muito longe das esperanas quedepositara nos mtodos revolucion~oscubanos. Lembrava-sedesua priso, em fins de julho de 1968, quandof.ora denunciadopor estar pretendendo realizar um curso de guerrilha em Cuba. ~Conseguindoesconder suas lig~9cs com a ALN,empouco~diasfoi liberado. Lembrava-se, taITbm,da sua primeira tentativa p~ra ir a Havana, atravs de ROIt)a, quando foi detido, em ,6 de, ..,a..tI.._ , R E S E li V A D. O I 21. :" RESERVADOXXVIagosto de 1968, no aeroporto do Galeo, no Rio de Janeiro. Con-duzido Policia do Exrcito, foi liberado trs dias depois.F.!,nalmcnte, conseguindo o seu intento, permaneceu quase dois anos,em Cuba, usando o codinome(2) de "Carlos". Aprendeu alidarcom armamentos e explosivos, a executar sabotagens, arealizarassaltos e familiarizou-secom as tcnicas de guerrilhas urbanae rural .Em junho, de 1970, voltou ao Brasil, retornando suas li-gaes com a ALN.Em face desuainteli~ncia:.a~uda-e dos conhecimentosquetrazia de Cuba, rapidamente ascendeu na hierarquia da ALN, pas-sando a trabalhar a nvel de sua Coordenao Nacional. Foi qua!!do, em 23 de outubro de 1970, um segundo golpe atingiu duramen-te a ALN, com a morte de seu lder Joaquim Cmara Ferreira,o"Velho" ou "Toledo", quase um ano aps a morte de Marighel.a (emnovembro de 1969).Lembrava-:-seue, durante 4 meses,. ficou q semligaes com a organizao.Premido pela insegurana, no compareceu a vrios pontos, sendo destitudo da CoordenaoNacio-nal. No ~stava c6ncordando com a direo empreendida ALN eescreveu, na carta, que havia entrado "em e~~endimento com ou-~~o~ companhei~06 igualmente em de6aco~do com a conduc~o . dadaao nOd~o movimenton.No incio de fevereiro de 1971, foi chamado para urna dis-cussao com a Coordenao Nacional e, na carta, assim .. descreveua reunio: nAo toma~em conhecimento de m~u contato pa~alel9, o~comp~nhei~o~ do Comando chama~am-me pa~a uma didriu6d~o, a q~altkan~cok~eu num.clima pouco amidt~~o, includive Com o .emp~ego,pela~ dua~ pa~te~, de palavka~ inconveniente~ paka.umadi6CU~-4~O polZtica. Con6e~~o que 6iquei ~Ukp~~~o c~m a keacio d06 co~panhei~o~ po~ n~o denota~em quklque~ ~en~o de autoc~Ztica e ~o-i men~e en~ende~em a minha condu~a cpmo um ~imple6 a~o de indi6cinp.t..ina No sabia, o jovem, que a ALN suspeitava de que houves-se trado o "Velho":-- _.---- .... .... -- Com o crescimento de suas indecises, no aceitou, depro~to, a funo que lhe foi oferecida de ser o cObrdenadorda ALNna Guanabara. Ao aceit-la, aps um perodo de reflexo, a pro-posta j fora canc~lada. FOi,. ento, int,..eg:r::ado a um "Grupo deFogo" da ALN em so Paulo, no .qual participarade diversosas-saltos~ ati aquela manh. Seu descoritentamento, entretanto, era( 2) Codinome: nome falso usado pelos comunistas em suas. atividades rev~lu- cionrins. SERVADO 22. XXVIIvisi~l: "FuL Ln~egaado nea.e gaupo, eapeaando que, 6 Lmente LnaJ. pudeaae taabaLhaadentao de Uma eEll,~a 6aLxa de autonomLa e apLL.ca4 meu~ conhec~mento~ e tecn~ca~ em p40l do mov~mento. AZ pe~-. ~1 manec~ po~ qua~e doi4 me~e~, e q~al nio 60i a minha decepao aove4i6ica~ que.tambem a1 e~tava ~nulado ... Tive a ~en~ao deca4 i_ t~aio polZt~ca". No ~abia, o jovem, que a ~LN estava conside- rando o seu trabalho, nO"Grupo de Fo~o~ como desgastante e "ain da somado vacilao diante do inimigo". No final da carta, Srgio, mantendo a iluso revolucio_ nria, teceu comentrios acerca de sua sada da ALN:UA~~im, ji nio hi nenhuma p044ibil~dade de cont~nua~ tole 4ando o~ e4~04 e om~4~5e4 polZt~ca~ de uma di~ecio que ji teve a opo~tun~dade de ~e cO~~~9i~ e nao o 6ez. . Em ~i con4c~~ncia, jamai4 pode4ei 4e~ acu4ado de a~~iV~4_ ta, opo~tun~4~a ou de~40ti4ta. coe.~. No vacilo e nao tenho dida4 quanto-a4 m~nha~ conv.lc_ Cont~nua4ei t4abalhando pela Revoluo, PO~4 ela e omeu nico omp40m~~40. P~Ocu4a~e~ onde p044a 4e~ e6et~vamente t~l ao movimente ~ob4e ~4to con0e~4a~emo4 pe440almente".Ao final, assinava "Vicente", o codinome que haVia passa-do a usar depois de. seu regresso de Cuba.Terminada a redao, pegou o seu revlver calibre 38e uma lata cheia de balas com um pavio guisa de bomba caseirae saiu para "cobrir um ponto" (3) com wn militanteda A~N. No s~ bia que seria traido. No sabia, inClusive, que odeSCOntenta_i mento da ALN era tanto que ele j havia sido SUbmetido, e conde I nado, a um "Tribunal ReVOlucionrio". No final da tar~e, circulava, procedendo s costumeiras evasivas, pelas ruas do JardimEu~opa,tradicional bairro listano. Na altura do nmero 405 da Rua Capava,pau- aprpximou-se ,t III um VOlkswagen gren, com dois ocupantes, que dispararam mais de I 10 tiros de revlver 38 e pistola 9rnrn. Um Glaxie,com 3 elemen-~tos, dava cobertura ao. Apesar da reao do jovem, que che- i gou a descarregar sua arma, foiatingido por 8 disparos.Morto (3)~ICobrir um ponto": comparecer a um ponto de encontro (entre mil itantes de uma organizaocomunista). r RESEnVAOQ 23. 1-hESER~AD 0_1na ~alada" seus olhos abertos pareciam traduzir a surpresadeter reconhecidoseus assassinos. Da ao faziam parte seus com-panheiros da direo nacional da organizao subversiva Yuri X~vier Pereira e Carlos Eugnio Sarmento Coelho da Paz (ltClnentelt),este ltimo o autor dos disparos fatais.(4)Ao lado do corpo, ;foram jogadospanfletos, nos quais a.ALN assumia a autoria do "justamento"(5).so sugestivos osseguintes trechos desse "Comunicado":nA. Aco Li.bell..ta.doll.a.Na.c.i.ona..t (ALNl exec.u.tou, d1.a. 23 de ma.,tco de 7977, Mll.c.i.o Lei..te Toledo. E~~a.exec.uo .te~e o ni.m de ll.e~gua.ll.da.1l. oll.ga.ni.za.c.o. a..4.............................................................um Oll.ga.ni.za.c;.o ll.etlo.tuc.i.on.Il.i.a., gtVVta. dec.la.ll.a.da., n.o PE-emde pell.mi.;ti.1l.. quem .tenha. uma. .6.Il.i.ede i.noll.ma.ce.6 c.omo a a.~ que,epo~~uZa., va.c.i.la.ce.6de~ta. e~p.c.i.e, mui..to meno.6 uma. deec.co de.6.,-~e gll.a.u em ~ua~ i.lei.ll.a~ .............- .... ~ . ...... ..... .... . . . ... ... .. .. .. .... . .. ..... . .To!ell.nc.i.a., e c.onc.i.li.a.c;o ,.ti.vell.a.m une~.ta..6 c.on.6eqUnc.i.a..6 na Il.evo!uco bll.a~i.lei.Il.a.. 1empell.a.- nOJ ~ ~a.bell. c.ompll.eendell. o momen.toque pa..6.6a. a.guell.ll.a Il.evoluc.i.onll.i.a e no~~a. ll.e.6pon.6a.bi.li.da.de di.a.n.te dela. enoJ~a palavll.a de oll.dem ll.evoluc.i.on.ll.i.a~A.o M~wn.t ll.e".6pon.6abi.li.dad,!- na." oll.ga.ni.zaco c.ada. quadltodeve anal~all. ~ua. c.a.pac.i.dade e ~eu pltepalto. ~epoi..6 di.~.to no ~e peltmi..tem ltec.ao.6... .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..~.ojovem no era "advogado" e nem se chamava "Srgio Moura. .Barbosa", "Carlos" ou "Vicente". Seu nome verdadeiro era MrcioLeite Toledo.Enterradodias depois em ~auru, seu irmo mais velho, en- I ,to Deputado Federal por so Pablo, declarou sabe~ que ele ha-via sido morto pelos prprios companheiroscomunistas.~. Violncia, nunca mais!so marcos como os descri tos fruto dementesdeturpa:-das pela ideologia -- ~ue balizam o aminho sangrento e estril(4) Justiamento: homicdio qualificado, prat"icado pelos subversivos e terYQristas contra companheiros que tentam evitar uma ao ou que abando:"nam a organizao, ou, ainda~ contra os que, direta ouindiretamente,comhatcma subverso, .(5) Participaram, ainda, da ao, dando-lhe cobertura: Antonio Srgio deMatos,Pnulo de Tal"so C(>1.L1Ct-;:::c..,.1 . (:;,. .Jos HiltonBnrbos.,. .. /R E S E fi V.~ >.. ~-,,--_ _ ,_ 24. XXIXdo terrorismo, que porquase urna dcada enxovalhouaculturanacional,intranquilizando e enchendo, de dor a famliabrasileira. Essas aes degradantes,queacabam de ser narradas, sao itidascomo atosherico~ pelos seguidoresda ideologia que con-sidera~a viol~nciacomo o motor da histria".Para essas pes-soas,todos os meiosso vlidos e justificveis pelosfins polticosque almejamalcanar. Acolitadospor seusiguais,seusnomes,hoje, designamruas, praase at escolasno Rio deJa-neiro e em outroslocaisqo Pas.Os inquritos para apuraodesses atoscriminosos contraa pessoahumanatambm transitaram na Justial1ilitar entreabril de1964 e marode 1979. Porm, e?sas pessoasmortase feridas onde se incluemmulherese at crianase, na maioria,,completamentealheiasao enfrentamento ideolgico --, por sereminocentese noterroristas,no esto incluldas na categoriadaquelasprotegidaspelos "direitoshumands"decertas sinecu-rase nem partilhamde urna "humanidadecomum" de certasigrejas.Nem parece quea imagemde Deus, estampada na pessoahuwana,esempre nica.A razo,porem,e m~i~osimples. EssaIgr~jaest sabida-mente infiltrada, assimcomoo Movimentode DireitosHumanos dominado,P?r agentesdessa mesmaideologia, comoficardocumen-tadoao longo destelivro.Corno gostaramosde podercrerqueessesatos cruisde /: Iassassinatosseqestroscompremeditados,fins pOlticos assaI tos a moe qualquer armada, ate~tadostipode viol~ncia pe~ eI! I , Isoa humananao viessem~ ocorrerno Brasil, nunca mais! i, ; , ! I--_.-- .. ~.---.- -.---~.~.RESERVADO" 25. ~ S E fi V A O O).. AEROPORTO DE GUARARAPESNOSAGUfO o JORNALISTA Rf:Grs DE CARVALHO NfD RESISTIRIAAOS FERIMENTOS!It1I1O TENENTE-CORONEL SYLVIO FERREIRA.1 SOLIDAREDADE CCM os FERIOOSDA SILVA AGUARDANIX> SOCORROoCORPO 00 JI1.lIRANTE WILSCNro-O GUlr.J)~ CIVIL SEI3lSTrJi.O TCWZ DEJ.m5 FERNANDES SENOO ru::rrRAOOm1OUTNn E"1 ESTAOO DE CIlOQUE E l-lUrrI.JOOIRESEnVA~ --- 26. IRES E nvA O O] 111,1 ,.O CRIME DE SETE B~RRAS"!JliI i I I I. I:~ .i 1 SErE BARRAS,REGISTRO/SP: CENRIODO ASSASSINATO 00 TE!! PMSP ALBERIO HENDES JNIOR.TEN MENDES JNIOR,M)RIQ A CORONHADAS, AOS 23 AIDS DE IDADE.~. ~:,, ..JJ --:;~-"__-i~ ." Ir. - . ~I.;ls.;,:~ ".;, :!.;.:v~""~/.;.~~~,;.,..:..: ~rr~..-~~tH.. . ..!-..::1~;7.-;:~- . v ~-,.., ,,~ "-~ .. ~. "-- t :~ t I.y:i.-:~~ t.:r:r~_~.~~-:: .. :.. .. ~~ . .,. " . ~ -" . ";c":--~~."~~~ t#~ ~ ~~n i.-.....-1 ~;~....:,,~;-: o/) de plLimei~o~ in~.tante~ .tenho dado a voc.~ minha opini.o quanto ao que 6azeIL c.om ela. Em minha c.alLta de 16, ~ou c.ate9;~ic.o e nada. mai.& tenho a. ac.lLe~c.entalL "........ ...... . ... .... . . . . . .... ..... . ..... . .. . . .. ... . . . .. . ...... ~ ."Uma. tal linguag em no ,e dig na do~ c.he e~ do no~~ o PalL.ti-do, pOIL que ~ a lin9uagemdo~ medlLo~o~, inc.apaze~ de uma dec.i-/).o,temelLo~o~ ante a. lLe~pon~abLe.idade. Ou bem Que voc.~ c.onc.o/tdam c.om a.~ medida~ extlL~ma~, e ne~te c.a~o j~ a~ deviam te~ ~e-e /)olutamente po~to em lM~tic.a, ou ento di~c.olLdam mal.l n.o de6e!.::.dem c.omo devem .tal opini.o" ..Ant tal intimao e reprimenda, acabaram-se as dvidas. .Lauro Reginaldo da Rocha, um dos "tribunos vermelhos",. respon-deua Prestes: "AgolLa, n.o tenha c.uidado QUe. a c.oi~a ~elt~6ei.ta dilLeitinho, poi~ a Que~t.o do .&entimentalil.lmo n.o ~ii6tepOIL.aQui. Ac.ima de. tudo c.oloc.amo~ o~ .inte.~el.l~ do P.".e.~ Decidida a execuo, Elza foi levada, por Eduardo RibeiroXavier, para uma casa da Rua Mau Bastos, n9 48-~~. na Estradado Camboat,onde j se encontravam Honrio deFreita$ Guima-.res, Adelino Deycola dos Santos, Francisco Na~ividade Lira e Manoel Severino Cavalcanti. Ela, que gostava dos servioscasei-rop, foi fazer caf. Ao r~tornar, Honrio pediu-lpe que"senta~se a seu lado. Era o sinal con~cncionado. Os ou~ros quatro com~nistas adentraram sala e Lira passou-lhe uma corda de SOcm p~lo pescoo, iniciando o estrangulamento. Os demaisseguravam a II garota" que, mesmo jovem, tentava. salvar-se. Poucos minutos de,~. -pois, com os ps junto" cabea, oicorpo deElzafo~ etlfiadonum saco e enterrado nos fundos da casa. Perpetrara-se o }1ediondo crime, em nome do Partido Comunista. Logo aps este fato, em 5 de"maro, Prestes foi presoem seu esconderijo no Hier. Ironicarnnte, iria passar pelas mes-mq.s angGstias~ . quandosua mulher,.Olga Benrio,foi eeportadapara a Alemanha nazista.Alguns anos depoi~, em "~4O, Luiz CUpelo Colnio, o mesmoi que auxiliarao secrctrio-gcr~l na tcn~ativa de assassinato do"-"in E S E fi V A D~r-, ------------"i,I 65. .---- __ rnE S E n V A ~ Q. . - "Dino Padeiro", participou d~ exumao do cadver de suairm.O bilhete qttee~creveu a "Miranda~ o 1I11an de Elza, retrata al-teguem que, na pr6pria dor, percebeu a viru16ncia comunista: "R.i.o 17 - 4 - 4 O -IMeu c.alto Bon-i.miAc.abo de add.i.4t.i.1t exumdc~oIdo c.ad~velt de minha -i.ltmiElvilta. Rec.onhec.-i.ainda a 4ua dentadulta e ~eUd c.abelod. Soube tamb~m da c.on6-i.4d~0 que elementod de Itedpondabil.i.dade do PCB6-i.ze-Itam na polZC..i.d de que hav.i.am a4da~dinadominha iltma Elvilta.O-i.ante d-i.6do, Itenego meu pad6adoItevoluc.-i.on~ltio e enc.elt-Ito ad minhad at-i.vidaded c.omuni6ta6.00 teu demplte amigo Luiz Cupelo Col5nio".4. Maria Silveira e Domingos Antunes AzevedoElisirio Alves Barbosa, militante do PCB, quando estavana clandestinidade em so Carlos, cidade do interior paulista,apaixonou-se pela tambm militanteMaria Silveira, conh~cida com6 "Neli". Indo para o Rio de Janeiro, o pr8prio Elisirio,ap6salsum tempo de militncia, acusou Neli de no mai~ merecer.a confiana do Partido. O "Tribunal Vermelho" condenou-a morte. Planejado o crime, os militantesRicarte Sarrun,Antonio,Vitor da Cruz e Antonio Azevedo Costa, levaram-na, em 6 deno-. .vembro de 1940, at a Ponte do Diabo, na Estrada do Redentor, naFlor~sta da Tijuca. No transporte, usaram o txidirigidoporDomingos Antunes. Azevedo, conhecido por "Paulista". Logo ao ch~.gar, Neli foi atirada da Ponte do .Diabo por Diocesano Martins,que esperava no local. Mas, havia a poss.ibilidade dequeelano morresse com a queda. Para certificar-se da morte, Danielda Silva Valena aguardava no fundo do abismo.Neli, entretan-to, j chegou .~ofta..~~i e~quartejada por Valena, que procuroutorn-la irreconhecvel a fim de dificultar a identif~caoeapagar possiveis pistas.Dois meses depois, os assassinos de Nel~. estavam preocupados com a possivel descoberta do crime. Em 20 de janeiro de 1941 ,reunidos, verificaram que o ponto fraco ~ era o motorista. dot-xi, Domingos Antunes Azevedo. Decidiram elimin-lo.Antonio Vitor da Cruz e Antonio Azevedo Costa, "amigos" domotorista, atraram-no para um passeio na Estrada da Tijuca. Fo En V_~_~--_"":-_._. -------- 66. [ROE S E R V A~ O 39ram, tambm, Diocesano Martins e Daniel da Silva Valena, estesentado ao lado do motorista. Num local em que o txi andava bemdevagar, Diocesano desfechou trs tiros na vtima, que tanboudebruos sobre o volante. Valena freiou o carro e o cadver foiatirado margem da estrada.Segundo eles,os assassinatos de "Neli" e do "Paulista",em nome do Partido Comunista, jamais seriam descobertos. - ..-- ---.- , . 67. OS REFLEXOS ~E S E R V A ~~,___________DA DERROTA COMUNISTAlt1OmIONIOMACIEL OONFIH, O "MIRANDA" _ O SECRE-T1Iuo.:cEIfU...[X) PC NO DEN.)NSffi:)ULlDEM:J IDURAl"TEA TENrAlIVA DEQ)LPE(x):01UNISrJ.H).RR.EU DESAMI?ARAIX),ABANOONACO PEIDS11 (x):1PA-NIIEIRJS" ELVIRA COrDNIO, A "ELZA FERNANDESlI - A (X)H-PANHElRA DE lIt-lIRANDAlI FOI ASSASSlliADA,PORORDENS DE PRESTES,SOB SUSPEITA DEESTAR(IABJR1NIX) (X)H A POLICIA. 68. . I RE S E R V A-..:.~ 41 ,.0 2~ P A RT EA SEGUNDA TENTATIVA DE TOMADA DO PODER . Iii I 69. IR E S EII V A O .. 3 42 .CAP1TULO I AS DIVERG~NCIAS NO MOVI~mNTO COMUNISTA1. A IV Internacional Os dois ltimos anos de Lenin, acometido por grave doena,form marcados por divergncias no PCUS, em torno da luta pelopoder e contra a sua concentrao nas mos de Stalin. Uma des-sas divergncias, encabeada por Trotsky, recebeu a denominaode "Oposio de Esquerda".i A morte de Lenin, em ~aneiro de 1924, e uma grave!doenade Trotsky facilitaram a tarefa de Stalin, que, aps o XIVCon-gresso do PCUS, em 1925, conseguiu assumir, com todos os pode-res, .0 dominio do Partido e do Estado russo, demitindoTrotsk"do cargo de Comissrio de Guerra(dirigente do "Exrcito Verme-lho"). Durante alguns anos, escudado em seu grande prestigio,Tr~tsky conseguiu liderar a oposio a Stalin. Entretanto,a par-tir do XV Congresso do PCUS, em novembro de 1927, os fatos atropelaram-se. Trotsky foi expulso do partido, presoc dpportadopara a Sibria. Em 1929, foi banido da Rssia, seguindo para ailha de Prinkipo, pxxima a Constantinopla. Depois seguiu paraa Frana, Noruega, Espanha e, finalmente, para o Mxico, onde,em 25 de agosto de 1940, foi assassinado, a golpes de picaretana cabea, por Ramon Mercader Del Rio, considerado como.um age~te de Stalin.Alm da luta bsica pelo poder, as concepes de Stalin ede Trotsky eram divergentes, embora ambos se tenham declaradtt"marxistas-Ieninistas". Em sua viso original, podem-se alinharas seguintes premissas bsicas do trotskismo: pela defesa da t~mada violenta do poder, tipo golpe de Estado,considerando guerarilha urbana como elemento essencial para a transformao revo-lucionria; contra o burocratismo rgido na direo partidria,defendendoo "fracionismo",isto , o direi to de formar grupos, .-tendncias e fraes dentro da estrutura da organizao;peladefesa da "revoluo mundial"" em contraposioao conceito st~linista do "socialismo num s,pas" ,..ubstis tuindo o fator"na-cional" pelos principios intern~cionalistas;e pela defesa da."revoluo permanente", contnua, no admitindo, uma etapa inter ----.[:~ E s ~~~_~~J ".. 70. !43 ,I"mediriapara atingir o socialismo(ditadura do proletariado).te,.DesseCapo I, modo, modifica~se o quadro apresentado item 1., deste livro, acrescentando-sena 1~ Par- a linha trotskista:,. rIli TROTSKISMO ,I I IEm 3 de setembro de 1938, em Prigny, aldeia prxima a Paris, foi fundada a IV Internacional,tambm conhecida comoIn-ternacional Trotskista, que aprovou o seu documento bsico, ._,, . o"Programa de Transio". , .As resolues desse Congresso d~ Funda )o foram consideradas como "secretas" e, por ~rdem de Trotsky,guardadas na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, parasomente serem reveladas 40 anos aps sua morte(1).De 1938 para c, dificil esfabelecer,em linhas pre-cisas, o histricodo trotskismo. O principio do ~fracionismo"eo "direito de tend6ncia" provocaraminGmeras cises e dissidncias, formand um verdadeirp la~irinto de linhasid~pl~icas,que se dizem, cada uma, representar o real pensamento. de Tfotsky. I ~ I ,No entanto, apesar da fr~quezaacarretadapor espas cons-tantes divises e por no ter Gonseguido,at hoje,afsumiropo~er e~ nenhum paIs, inques~ionvel a cresce~teipfl~6nciado~ movimentos trotskist~s no mundo ,inteiro. Por seu ap4rente"l~.beralismo", s vezes, at confundido com o anarquis~no,vemcopseguindo empolgar setores d~s massas, particularmen~e 9s es-tupantes e os intelectuais. E, mais uma vez, copiand?~ queaconteceu com a 111 Internacional, no Brasil, o trotskismonoconseguiu estabelecer uma linha prpria, limitando-se a seguir, , .quase que mecanicamente,o que os grandes ide6logosdecidir~mno ,exterior. I 2. O PORT quebra o exclusivism~doPCBAo Congresso de Fundao daIV Inter~acional, em 1938, com- ..(1) Em 1980 houve onCC5SOno documento, que continha textos em russo e alemo, mas no h noticia de scu contedo.i In f. S E n V 1 0,.01, 71. ~SE:nVhOO44! pareceram11 paises. 21 delegados,Entre eles, representanteso brasileiro Mrio de grupos pedrosa trotskistasreprcselltavadeo con~inentesui-amcricano. Em 1926, Mrio pedrosa ingressarano PC-SBIC. No ano se-guinte,ao dirigir-se para fazer um curso em Moscou, adoeceuaopassar pela Alemanhae, por l ficando,tomou conhecimentodastesesda "oposiode esquerda" ~Convertidos idiastrots-kistas,passoua enviar documentospara seus companheiros do Comit~Estadualdo PC de so Paulo.No foi a Moscou, retornouaoBrasil e, em 1929, formou o GrupoBolchcviqueLenin (GBL), aindadentro da estrutura do PC-SEIC.Em 1931,HrioPedrosa, j afastadodoPC, transformou oGBL na Liga Comunista Internac~onalista (LCI) , que reunia al-guns intelectuais como Ffilvio Abramoe Edmundo Ferro MunizdeArago.Em 1935/36/37,diversasprisesdesarticularam,a LCI. M4t rio pedrosafugiu para o exterior e Muniz de A~ago,. com rema- nescentesda LCI, criou o Partido Operrio Leninista(POL) , em 1937,. que nunca chegou a ter real i~portncia.Nessa poca,no Comit~Estadualde S~ Paulodo,PC-SBIC, surgiu um novo grupotrotskista, liderado po~ HerminioSacheta, que recebeua denominaode Tendncia de Esquerda.Internacio- nalmente,este grupo orientava-se peloidelogo trotskista Hugo .. NiguelBressano, conhecidopor"NahuelMoreno" ou,simplesmente, "Moreno".Nos primeirosanos .. dcada da de 40, a Tendnciade Es querdatransformou-se no Partido SocialistaRevolucionrio(PSR), que, logodepois,se filiouoficialmente IVInternacional~ cons tituindo-scna linha Moreno ou linha morenista. Em 1952,o PSR dissolveu-se e seusremanescentes criaram, em soPaulo,a Liga SocialistaIndependente(LSI). Em 1954/55, "J. posadas",outroidelogo trotskistade nivelinternacional, veio ao Brasil e provocoua extino da LSI.Homero Romulo Cris talli Frasnelli, conhecido por"J. Posadas"ou, simplesmente,"posadas",era um argentino que cu sua juventudefora jogadordefut~bol profissionalem BuenosAires. Considerado COlro um dos gran....; des idclogos trotskistas, era dirigentemnximo80 "Burcau Latino-Americano", comsede em Montevidu e vinculadoao SecretariadoInternacional.Em 1955, criouno Brastlo Partido Operrio RevolucionrioTrotskista(PORT), quese desenvolveu apoiado no jOEnal"A Frente Operria".~-----------r.~ fF. S E n V A () O 72. 45 Quebrando o exclusivismo do PCD, o PORT, desde o iniciode suas atividades, optou pelo caminho violento. Nos primeirosanos da dcada de 60,atuou nas Ligas Camponesas,no Movimentodos Sargentos e nos Grupos dos Onze, de Brizola.3. O XX Congresso do PCUS Em fevereiro de 1956,~ealizou-se o XX Congresso d6 PCUS,no qual o seusecretrio-geral, Nikita Kruschev, apresentouum"relat5rio secreto" abordando duas idias bsicas, o combate aoculto personalidade e a coexistncia pacifica, que traaramnovos rt~os para a conduo do Movimento Comunista Internacio-nal(MCI) e acentuaram as divergnciassino-soviticas.O combate ao culto personalidadecentrou-se na dennciadosc~imescometidos por Stalin e na critica a seus "mtodos autoritrios"e "concepes sectrias". O combate ao"dogmatismostalinista" foi acentuado e a sua poltica execrada. Na prti-ca, chegou-se ao requinte de derrubar as esttuas do ex-lider ede modificar o nome da cidade de Stalingradopar~ Lenipgrado. Adesmitificaode Stalin foi completa. O "grande pai" ~ra~sfor-mou-se e~ filho bastardo.A politica de coexistnciapacifica, lanada no Cong~es- . .so, previa a convivncia simultnea e lado a lado ent~~pasescom sistemas polticos, econmicos e sociais diferentes. Abdicando, peio menos em tese, da linha de expanso do comunismop~lafora e da inevitabilidade do Gho~ue armado entre o mupdo demo~cr~tico e o mundo comunista, procurava estabelecer uma "c9mpeti>econmica com o capitalismo", em busca da hegemoniannmd~aLA luta armada era substituda pela luta ideol5gica, atrav~s dapropaganda e-da infiltrao,a fim de ganhar as massas. Talvez Kruschev no tenha estimado corretamente os poss-veis efeitos exteJ;nos de sua deciso. Havia dirigentes comunis-tas que concordavam com os mtodos stalinistasc ,havia dirigen-tes que julgavam que.o erro nao estava em Stalin c sim no nistema sovitico, que permitira s~a ascensaoe transformaonum ferrenho ditador.. ;IR E S fi fl V A O/~ 1 1-, __,, ----1 73. IIG As con-seql1nciasdo XX Congressoforam imcdiatils. As di-vcrg5ncins 5ino-sovi~ticas, que j~ existiam h a~gum tempo porquestcs geopolticas, acentuar~-se nas questes ideolgicas.Reaes e dissidncias surgiram em todosos partidos oamrrds~,pois muitos dirigentes no aceitaram a descstaliniza5o Os defensores da poltica do XX Congresso -- a coexistn-cia pacifica -- receberam os eptetos de "revisionistas" ede"reformistas". o policentrismo ganhou vulto. lniciva-se o fim do blocomonoltico do MCl e da hegemonia do PCUS.4. O V Congresso do PCB As denncias do sistema do culto personalidade e dos crimes do "camarada" Stalin, fqitas noxx Congressodo PCUS,aca~Iretaram a para.lisao doPCB. A sua direonacionalbuscou adiar oquanto ,pde a discusso em torno desses fatos. Em julho dc"956,houve. uma. ConfernciaNacional do Par-tido, a V, mas o assunto simplesmente no foi abordado. SegundoPeralva; o PCB "estava atordoado e no sabia ou no podia discutir um tema, para o qual no existiam ainda as muletas ~o proj~to de frase feita e das f6rmulas c~nsagradas.Porquc era ~is-so, a um repetidor rle frases feitas, que se havia reduzido o antigo Cavaleiro da Esperana" (2). Em agosto, realizada uma reunio do CC,. na guala direodo Partido duramente criticada, ~as a discusso envolvendooPCB como um todo ou o fulcro do problema continuou,na prti-ca, proibida.O crtico mais contundente fora Agildo BaratattDesde o inicio dessa reunio, constatou-se que as divergnciascom o trabalho de direo do Partido eram irreconciliveis. Em fins de setembro, convocada uma nova reunio do CC,o~de,muito mais ntidas do que o rumo que o PCR tomaria, comeama delinear-se correntes, que iriam, dali para frente,digla-dia~-se pelo poder. , Em novembro, a Comisso Executiva, atravs da "Carta Abe.!:.ta de Luiz Carlos Prestes aos Comunistas"~ que se tornou conhe-cida como "carta-rolha", estabeleceJo fim da discusso. Esta-(2) Pcrnlva, O.: "O Retrato"/:Ed. ltatiaio Ltda, nn., 19~O. p~.255. ~~lE S E 11 v~-,--".--- ....I 74. IRE S E R V A O~ . ataqucsa Unio varo proibidos, cntre outras coisas, "quaisqucr Sovitica e ao Partido Comunista da Unio Sovitica".parti- Eram cada vez mais ntidas as tendncias dentro do~ do: de um lado, Agildo Barata e boa parte dos intelec~uais, de- sejando que~fosse feita uma autocritica radical, exigindo mesmo o afastamentodos membros da direo partidria; de outro lado, a maioria da Comisso Executiva, extremamente comprometida com o "status quo", resistindo is mudanas a qualquer preo. Havia, ainda, os conciliadores, que, num primeiro momento,reforam a "esquerda" para derrotar a"direita" e, uma vez liquidada esta, do o golpe de misericrdianaquela. Vinhas assim retrata essa situao e a posio do secret rio-geral do Partido: liAcrise polticaaparece,assim,comoecrise de direo. A posio de Prestes no foi univoca nem retilinea. Inicialmente perplexo e sem saber o que fazer, foi sendoaos poucos ganho para a autocrtica"; A seguir, Agildo Barata afastado do PCB e com elesaemin6mer6s militantes, {ncltisive Bruzzi Mendona, o seu Qnico de~putado federal.Prestes, . saindo da clandes~inidade a que se impusera.com I Io auxlio do n6cleo dirigente, d~pois de 10 anos, e~ agosto de1957, comparece reunio do CC. Nessa reunio, s~ qestituidosqa Executiva: Arruda Cmara, JO~O Amazo~as, Srgio Hoimos e Mauricio Grabois. aprovada uma resoiuo contra a "atividade an-tipartidriade.Agildo Barata" e seu grupo e nom-eada um~ comis:"~o que deveria preparar um documento analisando o~ +ef+exos do~X Congresso do PCUS no PCB, o qual deveria ser di~cutido naeplenria marcada para maro qe 1958.Esse documento, entretanto, nasceu morto.Na re~nio de~aro de 1958, o CC no o ColOC nem na ordem do dia caprova outro documento, que ficou conhecido como a "Declaraode Mar~O". Essa declara6 representou, na realidade, um ppnt~ de in- flexo na linha poltica do ~CBf modificando as resolu~esdo IV Congresso e aprovando a t~se da poexistnciapacfica. Delinearam-se os grupos. De um lado, Prestes qomandavao I CC, de ,acordo com a nova linpa de Kruschev. Do outrq,pigenes Arruda, Joo Amazonas, Maurcio Grabois, ~edro Pomar e outros, ainda stalinistas, deferidia~ as resolues do IV Congressoc,t R E S E n V A 0,...,0 75. _-....,---.---------1 HE S E ~fi O O nas divergnciassino-sovitica5,posicionavam-Gc pr-China.Em setembro de 1960, em pleno centro do RiodeJaneiro, usufruindo de uma situao de 1I1egalidadede fato""o PCB reali-llzou o seu V CongressoNacional. A lIResoluo Polticaaprovadanes~cCongressofoi estabelecidatendo por basea concepao doXX Congressodo PCUS. Para o lInovo" PCB,no Pas nao havia mais "condies para lltransformaessocialistasimediatase a "atual etapa histri-ca" no exigiasoluesradicais. Era vivel a obteno de con-tinuas reformaseconmicas e polticas, que poderiam ser alcan~das atravsda luta de massase da polticade frente nica.Ocarter da revoluo brasileira erallnacional-democrtico" e deveria ser buscadauma slida alianaentreo proletariadoeo campesinato.As tendnciasdogmticase sectrias teriamque ser combatidas e a lutaideolgicaintensificada. O caminho da revoluoseria "pacfico",s~m que, entretanto,fosseabsoluti-I I zado.A luta armada foi colocadaem segundo planoe nao mais consideradacomo um "princpio". O Congressoaprovouum novoEstatuto e deveriamser toma- das providnciasjurdicas a fim de legalizar o Partido: Foi eleito um novoCC e ,os principaisstalinistas, como Digenes AE ruda, JooAmazonas,Maurcio Grabois e Orlando Pioto,foram afa~ tados. Estacorrente,entretanto,ainda continuavarepresentada o no CC atravsde PedroPomar, ngelo Arroio,CarlosDanielli. eHenrique Cordeiro Oes~, eleitossuplentes.Dos sete membrosdacomisso Executiva,doisdeles,Mrio Alvese CarlosMarighela,trariam,no futuro, novasdivergncias ideolgicas.5. PC do D: a primeiragrande ciso no PCB Vencidas as incertezasid~olgicasindividuais} os stali-nistas,que no aceitavamas resoluesdo. XX Congresso do PCUS,constituram-secomo um grupoorganizadoa partirdo V Congres-so do PCD,de setembro de- 1960.,Em maro/abril de 1961, umareunio da cpula do partido, realizada em so Paulo, colocpuem prtica ,as resoluesdaque- le CongressO, as quais autori~avam~CC a proc~der modifica- es,a fim degueo PCB pudesseser legalizado juntoao Tribu- nalsuperiorEleitoral (TSE). Dessemodo,alterou-seo nome pa-oo ra I>artido ComunistaBrll~~"""""~lndo-sc, todavi, a si-.1~_~~!~iJ o 76. /RI:SERVADD 49- gla.Retirou-se, do Estatuto, os termos "marxismo-leninismo" e "internacionalismo proletrio" e aprovou-se novoPrograma,on-de noconstaque o objetivofinalseria o estabelecimento deuma "sociedade comunista". Em 11 de agostode 1961,a publicaodessasmodifica- oesno suplementodo jornal "Novos Rumos" provocouoacirra-mento das diverg6ncias.No mesmo mas,cercade100dirigentes. e militantesstalinistas encaminharam um vigorosoprotestoaocc/pcn.Nessedocumento, conhecidocomo a "Carta dos Cem", pro-testamcontrao CC por ter violadoas decises do VCongresso,afirmandoqueelass poderiam ser modificadas por outro Con-gresso.Chamama alter~ode "ridcula",criticam o Programaenao concordam com a retiradadas expresSes"marxismo-leninis-e mo" e "internacionalism proletrio"do Estatuto(3). Finalmen-te, consideramque o novoPartidoComunista Brasileiro no eo IverdadeiroPartido Comunista do Brasil e apelam ao CC paraqueconvoqueum Congresso Extraordinrio... ., Em outubro, os stalinistas so expulsos do PCB. No ano seguinte, de 11 a 18 de fevereiro,em so Paulo, realiza~ u~a Conferincia Nacional Extraordinriae fundam o PartidoComunistado Brasil,com a siglaPC do B. Consideram-seos r~ais continuadores do antigo PC e, a essaConfer6ncia, do o n6meroV ~ o nome de Confer6nciade Reorganiz~Q do Partido. Fazemp~bl~car odocumento"Em Defesa do Partido"e aprov~m o ES,tatuto ~ um l-lanifesto-Programa.Finalmente,elegemum CC, composto,e~trqou-tros, por JooAmazonas,Maurcio Grabois,PedroPomar,CarlosDa~ielli,Calil Chade, Llncoln Cordeiro Oest, ngeloAFro~o,Jos Duarte,Elza Monerate Walter Ma~tins. Digenesde ~rryda cma~a so ingressouno PC do B apsa Revoluode maro de 1964. " "!.o documento"Em Defesa do Partido" limita-se a diyul;1ar o.smesmos conceitosemitidosna "Cartados Cem", de agosto de 1961 ,no sentidode justificara dissid6nciaformada no PCD. No "Hani., i.fe?to-Programa", o PC do B traaas bases de sua linha polti-ca, num retornoao preconizado no IV ~ongresso do PCD, de 1954.Or:+entando-sepelomarxismo-leI)inismoc objetivando atingir o s2 i Icialismoafirma que qS cla~ses daninantes "voIUJ~tilr~an-ente e o cqrnunis!1"O,. ,.nao cederosuas POSi2S" e "~D;lam jnviiivel o caminhopacfico da(l) Em 1985, O PC do B, parndoxnlmcn~c, a fim de se lcr,alizr.rctir~ ~s-sas cxprcssoes de seu Estatuto. R f. S ( n V :. O O./I 77. . ()revolu50". Defende "a luta decidida e en6rgica e a6es revolu-cionrias de envergadura", desencadeadaspelos operrios e peloscamponeses,junto com os estudantes, os intelectuais progrcssistas, os soldados e marinheiros, os sargentos e oficiais democratas, os artesos, os pequenos e mdios industriais e comercian-tes e os sacerdotes ligados s massas.Tais segmentos da sociedade, ainda segundo o "Manifesto- Programa", deveriam "instalar um governo popular revolucion- rio" que instaurasse "um novo regime1 um regime antiimperialista,.antilatifundirioe antimonopolista".Nesse documento, o PC do B elogia a China popular e no ataca a Unio Sovitica. Somente no ano seguinte, em julho de 1963, no documento intitulado "Pro posta a Kruschev", o Partido definir sua posio internacional, apoiando o PC da China (PCCh) e o Partido do Trabalho daAlb- nia (PTA), e atacando o PCUS.Na realidade, o PC do B constituiu-se na primeira grandeciso. do PCB, c~ntriria i via pacifica e favorvel ~ luta arma-da. Em seus primeiros dois anos de existncia,I. limitou-se a or- .ganizar-se e a atacara poltical "revisionista" do PCD.Tentou,tambm, influir no mov~mento de mas~a, particul~rme~te, com aincorporao, no final de 1962, de cerca de meia centena de mi-litantes das Ligas. Camponesas de Gois e Pernambuco. Elegeu Stalin como o 49 grande pensador comunista, depois de Marx, Engelse Lenin. s6 alguns anos mai~ tarde, o PC do Dassumiu o pensa-mento de Mao Tsetung, q~e o levaria a aventura do Araguaia.6. POLOP: uma criao da esquer~a independente No Brasil, na segunda metade da dcada de 50, vivia-seoperiodo do governo Juscelino Kubitschek, cercado pela euforiado nacionalismo, no qual a emancipao econmica seria consegui da pelo desenvolvimentoindustrial. A maioria dos partidos poli ticos, inclusive o PCD, partilhava dessa posio, cujo p6lo de difuso era o Instituto Superior de E~tudos Brasileiros (ISEB).Na evoluo do processo, comearam a $urgircrticasa ideologia nacionalista, partidas de uma nova corrente a es- querda marxista. independent~. Segundg ela, a crise do naciona- lismo viria embutida no pr6prio desenvolvimento industrial, que n50 iria conseguir resolver o .co~flito da explora~o da fora de trabalho. A emancipao econ6micatamb6m ficaria anulada pelalI! r: S E I!~ A ;;;1------.-.------ .... 78. 51presena do capital estrangeiro, que, fomentando o dcscnvolvimc~ito industrial,inviabilizaria qualquer modificao na estrutura",:fundiria.Infenso as criticas, o PCB continuava apoiando a politicanacionalista, com a ressalva de que~estn sose complementariaquando as reformas de base acabassem com o latifndio e coma"explorao imper ialis ta" representadapelo capital estrangeiro.A esquerda marxista independenteresolveu organizar-se,buscando, ideologicamente, uma posio intermediria entre alI revoluo nacional-democrtica 11 do PCB e a IIrevoluosocialista" dos trotskistas,representada,no Brasil, pelo PORToA n1-vel internacional,.jhavia essa posio intermediria, denomi-nada decentrista".II.Na dcadn de 20, Thaelheimer, dirigente do PC a~emo, co-meou a difundir suas idias, que Iprocuravam fugir ao dilema Stalin X Trotsky. Na dcada de 30,i o bolchevista Bukharin paE. sou a defender as idias de Thaelheimer. Caindo em desgraa, foi fuzilado, em 1938, por ordem de Stalin.Na Espanha, 1ndrs Nin, dirigepte do Partido Operrio de UnificaoMarxista(POUM), passou a implantar as concepocs de Thaelheimer.Aps a Fevolu- ao Espanhola,foi assassinado a mando de Stalin. Em 1960, baseado nessa posio centrista de Thael~eimer, Bukharin e Nin, o ncleo leninista do Rio de Janeiro, que repr~ sentava a corrente da esquerda marxista independente e publica- va a revista "Movimento Socialista", juntando-se adissidentes do Partido Socialista Brasileiro (PSB), elaborou um docum~nto propondo a criao de um partido revolucionrio da cla~se ope-II rria" e apresentou um projeto de estatuto. I, proposta do grupo do Rio de Janei.ro, juntaram-se a "Li_" IIga Socialista"de so Paulo (4), membros da IIMocidadq Trabalhista de Minas Gerais, e elementos da Bahia, deGois,de Bra~i-lia, de Pernambuco e do Paran. Num verdadeiro cadinho ideolgi "!co, independentes e dissidentes trotskistas do PCB reuniram-se ,no interior de s Paulo, em fevereiro de 1961, e realizaramoCongresso de Fundao da OrganizaoRevolucionria Hnrxista-po litica Operria(ORI1-PO),mais conhecida como POLOP ou, simple,!mente, PO. Seus principais idclogos cr~ Erico C:ac.~zes $I~~ i",.. (4) o r,l."UpO dc S;10 P:lUlo, quc seGuia ~ oricM.;t~~ ~al~oUt,.,jjct.ll411.-1I~~~8t3rde, ,,(3star-se-la "a orr,.J1tlllll::::(JIItl> ~,.r 1 .~ ,., xemburgo, m3is I (pOLOr). IRf.SEnVf.lJ.J) 79. 57. .l~ESE.HIAG~ .. S.:u:1cr,!.";,;!(.~:. $.irn:ioRui Hauro. de ArajoHarinie Teotnio dos 5en.ta-l>e del>tamane.t/la um qlladlwem qlte. aI.> p~.!ll.>pect.t val> l>aO denovaI.> lutal>e, tamb~I,de novaI.> v.t.t61t.tal.>.A6~en.te d,e. mal>l>al>, cabeaOl> comult.tl.>.ta,~ I.>abelt oJl.ten.t.-la pa1ta l{lte. I.> un.ae elute oltgal1.tzadamen.te., e.m de.6e.l>a. de. .6ua.l> Iteiv.tlldic.a.el>..tllled.ta ""al> " + Ao mesmo tempo, o PCB nao descartou a possibilidade de utilizar outras formas de luta, alm da politica(3):~"COIIIO enl>.tlta o 9!lande Lll.t11,ah.tl>t6!l..taem 9 eltaleadal> Ite.volu.el>, eln, paltt..tc.ulalt, deb..t.e..tdadel>e. eltltol> c.omet..tdol>pelol> ,!-evo.e.uc...tonlt..tol> de 193,5, l>.emplte. muLtol>.o .... maL6 It..tc.a.l> do que. .tllla Novo!> Rumos n9 143,ele 3 a 9 d~ nov(;mhrode19?1, p:1G. 8. Doutrinariamente,os marxistns~lcninistris ndotam 4 formas da lutas: as polticns,as idcolr.ip~:1,."n~";"o c a luta mom:nln.iH I: S E ~ V A U..9 t. 85. 589lna~ o~ illelho~epa~tido de van9u~~d~, d~ndoa d~pla conclu-~ao dequ~op~olet~~i~do, e p~~tlcu!a~mente ~eu P~~tido, p~ecl~am ~abe~ utili~~~ toda ~ 6o~maJ de luta e acha~-Je em condi-~e de ubtitui~,de uma m~nei~a ~~pida e inepe~ada, uma 6o~nla po~ out~a. Vevemo eta~ emp~e p~epa~a.do pa~a ~H6~eHtalt toda~ a. c.on e.qUnc.ia do agua.l1l(?ntoda. e.u.tade. cla. e,~ e da Cll.i..~e. polZ.tic.a, e, pOIL.tan.to, pa~a ~.pida lllu.dal1a. Ha 6o~Illa.~ deluta". Nas, alm do caminho pacifico ser um processo dechoquese conflitos sociais, errados estavam aqueles que pensavamqueessa estratgia do PCB, do trabalho constantede mobilizaodas massas, era a nica possvel. Se nao, vejamos o que ~ meSloa"Novos Rumos" afirma a r.espeito: "t ne.c.e..ILioc.ha.ma~ a. a..te.no pa.~a du.a. il1c.olllp~ee.lte.,~quanto ~noa linha polZ.tic.a., a. quai tm a.ca.~~etado e~~o naatuao de. algul1 c.a.ma.~ada. A phimeiha c.ol1i.te. na. abolu.tiza-Ico da poibi~ida.de. da. aZda pac.Z6ic.a.da. noa ~e.voluo, i.toe, na. eic.luo ela.poibilida.de..de. u.ma a.Zda no pac.Zic.a. da. ~!!:.voluc~ob~a.ilei~a. A out~a inc.olllpheenoeo en.tendime.nto de.(lu.e o a.mil1ftopac.Zic.o igni6ic.a um p~oce.6b idZlic.o, ,~em cho-que.J e. c.on6li.to oc.iai, e que., p04 tal motivo,no d~vellloagu~/L ~ c.ont~~dice de c..e.~e e Cl;p~o6(U1da~ .e.(L;(:a acOl1t~a oinimigo". Estabelecidos os objetivos e a estrat~gia priorit~~ia,~i~da nesse documento, o PCB traa a sua t~tica: - defender a realizao de u~ plebiscitosobre as modifi- . ica?es introduzidas na Const~tuio;- apoiar o lanamento da Frentede Lib~rtaoNacional,primeira tentativa de vul.to para o est.abclecilnento uma frente- denica das esquerdas; - apoiar os movimentosgrevistas; - buscai 6domiriio sindic~l; e mobilizar as massas em torno de diversos eixos tticos,tais como: o restabelecimento de relaes diplomticas comaURSS, a solidariedade ao povo cubano, a susp~nso da remessa de lucros para o exterior, o combate carestia comuma politica financeira li~re das imp?sic~s do FM~ o ~ongclamento d~ pre- os dos produtos de consumo popular, a d,cfesa das estutais, a liberdade e a autonomia sindicai~, a reforma agr5~iaradical, o registro legal do Partido e o direito de voto aos analfabetos -----fHf: SEn V l ~~ 86. r-------------fR E fl V~ SEo 59 e aos soldados. No desenvolvimentodessa linha poltica, o PCD colocar-s~ ia, sistemtica e fundamentalmente,contra os gabinetes dogo- verno parlamentarista e contra o Congresso, sempre exigindo no- vas e crescentes reivindicaes. 3. Reforma ou Revo~uo? Desde que assumiu o poder, em 7 de setembro de 1961,j sob um sistema parlamenta~ista, J;ango manobroupararecuperar os poderes constitucionais,procurando equilibrar-seentreos choques de foras opostas, ora apoiando uma, ora outra.A essapoltica, vieram juntar~se as vacilaes de sua pers6nalidade,conduzindo a vida politica brasileira afrav~s de um caminho in-certo e sinuoso.Em novembro de 1961, a lei de remessa de lucros para o ex..terior dividiu o Congresso Nacional, com a cmara dos Deputadostomando uma posio mais radical e "nacionalista" e o Senadd Federal, outra, mais, "conservadora,.Aps a rejeio do Senado, alei foi aprovada pela Cmara e enviada para a sano pr~sideaeial. Pressionado pelo Ministro da Fazenda, Jango aceitou que oSenado apresentasse outro projeto, emendando essa ~esma lei,pr~metendo para, ri ocasio seu apoio emenda. No momento oportuno, entretanto, Jango, sem coragem de enfrentar a Cma.ra,ho apoi~ua emenda enviada pelo Senado.Em 24 de novembro de 1961, o restabelecimento das relaesdiplomticascom a URSS aproximou Jango dos comunistas. No incio de 1962 (j estando infiltrado na UNE e na PEfRODHS),o PCDttalcanou a presidncia da poderosa ConfederaoNacional dosTrabalhadores na Ind6stria(CNTI), com a eleiode ClodsmitllRiani, cuja posse contou com a presena de Jango. Coerentecomo principio marxista-leninistade que a classe operria eraoprincipal agente da revoluo,o PCD sempre procurou conduzi-la,atravs de suas entidades representativas, os sindicatos, as federaes e as confederaes,dominando-as ou infiltrando-as. ,Naquela,poca, os comunistas dominavam diversosI sindica-tos das reas de comunicaes e de transportes e estavam infil-,.,trados rios sindicatos de bancrios e dos empregados nas ind6s-trias. Em variados graus .de controle, o PC~ atu~va,nas seguin-tes ConfederaesNacionais de lraba.lh"dores:o Cari:cio(CNTC),d a.-------------LnI E S EnV A ~n () I 87. ..- lRES [1 V" D ~1----------6-0-tdos Estabelecimentos de Crdito(CONTEC), dos TransportesTer-restres(CNTTT) e dos Transportes Maritimos, Fluviais eA~reos(CNTTMFA) ogrande objetivo nessa area, entretanto, era o decriarum organismo centralizador, a fim de desencadear as grevesge-rais, transformando-as em instrumento de presso politica.Nesse aspecto, j existiam dois organismos aglutinadores,o Pacto de Unidade e Ao(PUA), que reunia os sindicatos vinculados aos transportes, e a Comisso Permanente das OrganizaesSindicais (CPOS), que englobava vrias categorias, emparticu--lar, a dos metalrgicos.A conquista da CNTI forneceu, ao PCB,ahegemonia no meio sindical e a base para a criao de uma enti- dade acima das confederaes.Em fevereiro de 1962, Brizola,ento Governador do Rioe Grande do Sul e contando com o apoio do PC~ c da.UNE, encampou a Compa~hia Telefnica, criando atritos nas relaes econmicas entre o Brasil e os Estados Unid9s da Amrica. Tal episdio se.!:. viu como estopim para o nicio, pelos comunistas, de uma campa- nha pela encampao de outras empresas, particularmente as con- cessionrias de servios pblicos.Em maro de 1962, ascomemoraesdos 40 anos de fundao do PCB provocaram uma intensa atividade de agitao epropaga~ da. Foi organizada uma exposio sobre a URSS e realizaram-se .comicios e festas, culminando com o canto da Internacional no Estdio do pacaembu, em so Paulo. 10mesmo tempo,dezcnas de pronunciamentosde politicos e de intelectuais procuravam cha- mar a ateno para os comunistas.Em abril de 1962, a~ndal em pleno desenvolvimento da camp~ tt .nha pela encampao das subsidirias de servios pblicos, Jan-go viaja para os Estados Unidos da Amrica em busca de apoio f!nanceiro para ~eu plano de governo. Mas, apesar de se ter ~ecl~rado, em discurso pronunciado no Congresso norte-americano, con ~-trrio ao regime totalitrio de Fidel castro, nos problemas in-ternos o Presidente mais e mais se aproxImava das esquerdas. A campanha pelas "reformas de base" ofereceram a Jangoaoportunidade de obter o apoio das massas. Reforma ou Revolu50? .Para os comunistas, as reform~s serviam para prepa~-are flcclcrara revoluo; para Jango, asreformas poderiam dar-lhe umnomena histria,ao estilo PQ~listp....-.------------LnE S E ,~~_~~~~l---,--------- 88. .[nES_E n v ~~ 6__Seus discursos de 19e 13 de maio aproximaram-no m~i5 das esquerdas.Ainda em maio, Brizola lanou o IIslogan" "Reforma ou Revoluo",com muito maior repercusso do que o. fizera Francis co Julio, no I Congresso das Ligas Camponesas,.em novembro de - 1961. 4. As Ligas Camponesas No fim da dcada de 50, as Ligas Camponesas haviam-se pr~ jetado nacionalmente c, no incio dos anos 60, sofreriam uma virada ideol6gica. Afastar-se-iamdo PCB e abraariam uma concep-o revolucionria .calcada na experincia cubana, definindo-sepela reforma agrria radical ("na lei ou na marra").o afastamento do PCB deu-se com a derrota, no V Congresso. .do Partido, das teses dos comunistas vinculadoss Ligas que viamno campesinato a principal fora revolucionria.O Partido, ne~se Congresso, realizado em 1960, consagraraa tesedo carter nacional-democrtico da revoluo, atrelando a reformaagrria e o movimentocampon~s s necessidades tticas dessa etapa, ali cerada numa frente nica constituda de operrios, estudantes e camponeses. Esse fato agravara as relaes entre o Partido e as . Ligas, j tensas desde a campan~a presidencial, qu~ndo estas li deravam uma campanha de solidariedade a Cuba, durante o blo- queio ilha, por ocasio da chamada "crise dos msseis soviti COSi (6 Partido, que apoiava Lott,considerou o movimentoino- portuno). O rompimento viria no final do ano seguinte.I~ o ano de 1961 marcado pela aproximao de Franciso Ju- li50 e das Ligas som as conccpcp~srevolucionrias --.. de C,uba..Ju- . ~ -- lio era um advogado, casado c~--militantecomunista Alexil)a v~ ~respo e que, atuando nas Ligas desde 1955, tornara-se seu prin