o livro do clube dos corações solitários do sargento pimenta

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a engenharia de papel como interpretação gráfica O LIVRO DO CLUBE DOS CORAÇÕES SOLITÁRIOS DO SARGENTO PIMENTA ANA COSSERMELLI

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A engenharia de papel como recurso gráfico

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Page 1: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

a engenharia de papel como interpretação gráfica

o livro do clube dos corações solitários do sargento pimenta

ana cossermelli

Page 2: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta
Page 3: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

São Paulo — 2009

FAAP — Fundação Armando Alvares Penteado

Trabalho de conclusão da graduação como parte

obrigatória para obtenção de grau de Bacharel em

Desenho Industrial com Habilitação em Design Gráfico.

a engenharia de papel como interpretação gráfica

Page 4: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

professores

Page 5: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

tccProfessor Mestre Carlos Perrone

Professora Mestre Maria Cecília Consolo

Professor Doutor Miguel de Frias

Professor Paulo Sampaio

orientadorProfessor Mestre Ivan Bismara

Page 6: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

dedicado à meus pais

Page 7: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

Pelo amor, apoio e dedicação, sempre incondicionais.

Page 8: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

i get by with a little help from my friends

Page 9: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

o livro do clube dos corações solitários não seria nada sem a ajuda de meus

amigos, e todos que sempre mostraram apoio e curiosidade em relação a este projeto maluco.

La, por sugerir a idéia para que esse projeto finalmente se erguesse, pela ajuda em todos os momentos

em que eu ficava desesperada quando não conseguia idealizá-lo e pela amizade de tantos anos. Thá,

pela presença e amizade nesses 4 anos de São Paulo, apoio e ajuda sempre que possível. Kiara, que se

tornou uma amiga muito importante para mim durante os anos de faculdade; eu não poderia imaginá-los

sem ela. Mana, por se tornar uma grande amiga rapidamente, por sempre animar os meus dias e também

por todo o açúcar! Val, pela amizade e por todas as conversas, mesmo à distância. Luisinho, por toda

honestidade e incentivo durante todas as etapas deste projeto, e pela ajuda sempre que eu precisava. Zé,

pelos conselhos-cabeça sempre necessários, pela companhia nos dias de fazer TCC, e por salvar a minha

monografia e me manter sã durante esse dia caótico. Pedro, por todas as dicas e sempre perguntar como

eu estava. Tenho certeza que o livro não seria o mesmo sem o interesse de todos vocês.

Ivan, pois eu não poderia ter escolhido outro professor para me guiar por esse caminho. Além de me

incentivar e até divertir, com certeza me influenciou muito como pessoa. Os professores de TCC Paulo e

Miguel, por serem grande fonte de inspiração e ajuda durante o árduo processo de criação do livro; e ao

professor Julio Freitas, sem as suas aulas eu não conseguiria descobrir o conceito de meu projeto. Não

posso deixar de agradecer Carol Barton e Sally Blakemore, duas autoras que se mostraram muito mais

que prestativas para ajudar em tudo que eu precisava.

E àqueles que criaram um mundo maravilhoso de música: The Beatles.

Page 10: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

10

1.1 introdução

1 a engenharia de papel como interpretação gráfica

1.2 justificativa

1.3 objetivo

1.4 resumo

1.5 abstract 20

19

18

17

16

2.1 contextualizando os livros móveis e a engenharia de papel

2 pesquisa

2.5 fundamentação teórica

2.5.1 livros lidos/relacionados

2.5.2 periódicos 64

61

24

2.5.3 web

2.6 pesquisa de campo

65

2.6.1 público alvo

2.6.2 editoras e engenheiros gráficos

2.6.3 entrevistas 73

68

67

2.6.4 produtos 87

2.2 o pop-up como recurso gráfico

2.3 as possibilidades da engenharia de papel

2.4 a linguagem e a influencia do elemento tridimensional 54

48

42

1.6 palavras-chave 21

2.6.5 análise e síntese 90

Page 11: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

11

3 conceituação

3.3 painel semântico do projeto

3.5 o conceito

103

98

3.4.1 texto

3.4.2 imagem

102

4 o livro do clube dos corações solitários do sargento pimenta

4.1 estudos preliminares

4.1.1 cores 111

4.1.2 linguagem gráfica 112

4.1.3 roteiro 116

4.1.4 tipografia 140

4.1.5 títulos 141

4.1.6 formas 144

4.1.7 personagens 146

3.2 painel semântico da linguagem 94

3.4 definição do conceito

4.1.8 composições e cenários 150

106

Page 12: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

12

4.3 definições projetuais

4.3.1 árvore do projeto 165

4.3.1 produto final 166

4.3.3 componentes 194

5 detalhamento técnico

200

6.1 modelos

6 aplicações

210

6.1.1 bonecos 211

6.1.2 pré-modelo 213

6.1.3 teste de usabilidade 214

5.1 produção gráfica

2015.2 aproveitamento de papel

2065.4 simulação do alinhamento de peças

2075.5 simulação de faca de corte

2025.3 peças

Page 13: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

13

7.1 livros

7 bibliografia

7.2 periódicos e artigos

7.3 web

7.4 índice imagético

8 considerações finais

217218

219

222

228

7.4 referências 221

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14

a engenharia de papel como interpretação gráfica

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15

Page 16: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

16

introdução

Estallido explora a história dos livros móveis, a partir de um artigo escrito pela

historiadora americana Ann Montanaro, de modo à criar uma fonte de pesquisa em

português sobre o desenvolvimento da engenharia de papel durante os séculos.

Procura detalhar a técnica específica do pop-up como um recurso gráfico para

designers, além de evidenciar as possibilidades da engenharia de papel em outros

meios, não apenas o editorial. Também mostra os elementos da engenharia de papel

como uma nova linguagem, a forte influência do elemento tridimensional sobre o

processo de leitura e assimilação de conteúdos, e a importância desses fatores na

mudança da interação entre indivíduo e o objeto livro. E estuda profundamente as

estruturas de papel possíveis de serem criadas, a partir da observação de livros que

ensinam a técnica e livros pop-up já existentes no mercado.

Page 17: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

17

justificativa

A pesquisa visa unir toda a história da engenharia de papel e o estudo da técnica do

pop-up com o tema escolhido, aplicando sobre o projeto a visão do design gráfico,

através da interpretação visual.

Page 18: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

18

objetivo

Criar um livro objeto autoral que consiga passar o conceito do projeto através de

ilustrações desenvolvidas a partir da interpretação de músicas de uma das bandas

mais importantes da história e exploradas com as técnicas da engenharia de papel,

especialmente o pop-up.

Page 19: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

19

resumo

O Livro do Clube dos Corações Solitários: a Engenharia de Papel como Interpretação

Gráfica documenta todo o processo de conceituação e criação do livro O Livro do

Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta. A partir da história dos livros

móveis serão apresentados todos os elementos essenciais para o desenvolvimento

do projeto: os painéis semânticos de conceituação, os estudos iniciais, as cores

escolhidas, o roteiro composto de músicas, os personagens desenvolvidos e a

linguagem gráfica que os influenciou, até os modelos e mock-ups, que culminam no

produto final: O livro.

Page 20: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

20

O Livro do Clube dos Corações Solitários: a Engenharia de Papel como Interpretação

Gráfica documents the concept and production process of the book O Livro do Clube

dos Corações Solitários do Sargento Pimenta. In addition to movable books’s history,

it presents all the elements in the project’s development: the concept’s semantic

boards, the initial sketches, the colors picked, the script made up of music, the

characters created and their graphic influences, to the models and mock-ups that lead

up to the final product: The book.

abstract

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21

palavras-chave

editoriallivro pop-upengenharia de papellivro objetothe beatlesmúsica

Page 22: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

22

pesquisa

Page 23: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

23

Page 24: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

24

contextualizando livros móveis e a engenharia de papel

Os primeiros livros móveis aparecem na história antes da invenção da própria

impressão. Mecanismos interativos feitos em papel estavam presentes na obra de

Ramón Llull, um místico e poeta catalão da região de Majorca, que viveu no século XIII

(aproximadamente de 1235 a 1316). Seus trabalhos continham estruturas conhecidas

como volvelles, que ele utilizava para ilustrar seus ideais filosóficos. Volvelle, palavra

francesa que significa “para girar,” é uma estrutura composta de discos de papel que

permitem a rotação de partes de papel entre sí ou outras partes de

papel em relação à página. Acredita-se ser a primeira parte móvel que

apareceu em livros e foi uma estrutura utilizada desde a época de Llull

até o século XVIII. As volvelles ilustravam uma variedade de tópicos

científicos incluindo astronomia, matemática, navegação e medicina,

além de tópicos não-científicos como o misticismo, a previsão de sorte

e serviam até para o envio de mensagens secretas e codificadas.

Uma das primeiras volvelles foi criada em 1250 pelo monge

Beneditino Matthew Paris (1200-1259), quando constatou que os

livros de sua abadia que determinavam os feriados católicos eram

PETruS APIANuS, vOlvEllE

Page 25: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

25

grandes e pesados, sendo assim difíceis de carregar e manusear. Os livros da época

só poderiam ser lidos quando apoiado no colo dos próprios monges e rotacionados

por inteiro. Portanto, Paris transformou-os em várias tabelas circulares unidas apenas

pelo centro, que rotacionavam independente das outras. Há quem credite Paris como

o criador das volvelles, mas essa afirmação não pode ser comprovada históricamente.

Afinal, ele e Ramón Lull viveram na mesma época.

O surgimento da máquina de impressão, por volta de 1400, é o que torna possível a

produção em larga escala de livros, e qualquer estrutura móvel que fazia parte dos

mesmos. O artista Petrus Apianus foi um dos mestres na área, e criou vários dos mais

belos volvelles em sua época. A característica visual de seu trabalho era simples,

porém a engenharia de papel era sempre bem elaborada, inovadora e revolucionária.

No ano de 1540, Petrus criou um de seus mais desenvolvidos volvelles, o

Astronomicum Caesareum, que era engravado por ele mesmo e pintado a mão com

PETruS APIANuS, ASTrONONOMICuM CAESArEuM, C. 1540

Page 26: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

26

aquarela. Volvelles dessa magnitude eram normalmente grandes livros em tamanho,

pois a estrutura de papel era o foco central do livro, o que resultava em livros muito

caros para produzir, já que o processo manual de engravar a chapa de impressão e a

colorização feita a mão, exemplar por exemplar, era árdua. Não eram livros voltados

para o público em geral e o preço do produto final era estabelecido de acordo com o

caro e complexo processo de produção da época. Normalmente, somente a realeza

ou membros da comunidade científica os adquiriam. Estudantes que precisavam das

volvelles para seu aprendizado não podiam pagar pelos livros grandes e coloridos,

portanto Petrus e outros criadores de livros desse tipo começaram a produzir versões

pequenas e mais baratas de seus livros, que eram impressos em preto e branco e em

maior quantidade.

Outra estrutura de papel conhecida como lift-the-flap (lâminas de papel que,

quando levantadas, revelam alguma informação) foi utilizada desde o século XIV,

especialmente em livros de anatomia. Através de várias lâminas, cada uma com uma

parte do corpo, as estruturas deixavam o leitor explorar a profundidade de um torso,

por exemplo. O livro de anatomia De humani corporis fabrica libroruim epitome, de

Page 27: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

27

Andreas Vesalius, impresso no ano de

1534 em Basel, na Suíça, continha uma

ilustração móvel do corpo humano em

sete camadas detalhadas.

livros móveis não foram criados para o

público infantil até o começo do século

XIX. O primeiro livro de sucesso dessa

época e voltado para esse público foi

o título Harlequin’s Metamorphoses,

criado pelo londrino Robert Sayer. Em

1765, Sayer desenvolveu o livro que ele classificava como “livro metamorfose”, que

utilizava estruturas de papel que mais tarde seriam conhecidas como turn-up ou

como uma derivação do próprio título, harlequinades. O livro era basicamente um

panfleto dobrado em várias partes. Cada parte continha sua própria meia-ilustração,

assim, o ato de virar cada aba produzia variações divertidas nas cenas originais. O

nome do livro derivou-se do Arlequim, personagem da comédia italiana e comum no

ANDrEAS vESAlIuS, DE HuMANI COrPOrIS fABrICA lIBrOruIM

EPITOME, C. 1544

Page 28: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

28

teatro pantomina. O personagem também é figura central dos livros de Sayer, que

logo tornam-se populares entre as crianças, causando muitas cópias do título a serem

vendidas e até plagiadas.

rOBErT SAyEr, HArlEquIN’S METHAMOrPHOSES, C. 1765

Page 29: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

29

Os primeiros livros móveis que atendiam ao público infantil e que foram produzidos

em larga escala eram da editora londrina Dean & Son. fundada em 1800 por Thomas

Dean, a editora se intitula de “a criadora de livros móveis para crianças” pouco

tempo depois de iniciar sua produção. Para a criação e montagem dos livros, Dean

cria um departamento especial na editora, com artesãos preparados e as ferramentas

necessárias para o trabalho manual de produção dos livros e suas complexas peças

móveis. Dean também introduziu nos livros móveis uma estrutura inspirada na cortina

veneziana - em que uma ilustração é dividida em várias partes iguais através de

cortes estreitos e que, a partir do puxar de uma aba no canto da página, a ilustração se

transforma em outra. A editora chega a produzir cerca de 50 títulos infantis, de 1860

a 1900. Os livros eram normalmente chamados de livros móveis ou livros brinquedos

na época, e os títulos da Dean & Son são provavelmente os primeiros da história que

leitores de hoje em dia considerariam como pop-ups.

Existiam outras editoras e artistas atuando na época e pode-se notar, em especial, o

despontar de artistas alemães que aproveitavam da técnica da cromolitografia, que

era muito bem desenvolvida em seu país de origem, para seus trabalhos.

Page 30: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

30

Foi o alemão Raphael Tuck quem desafiou a posição até então soberana da Dean &

Son no mercado. Tuck se muda para a europa quando jovem e, em 1870, com seus

filhos, cria em londres a Raphael Tuck & Sons que produzia desde papéis de luxo

a bonecas de papel. No quesito de livros móveis, eles publicam a coleção Father

Tuck’s ‘Mechanical’ Series e várias outras séries de livros tridimensionais. Tuck,

como Dean, também investe na criação de uma equipe editorial e de design para a

produção de um grande volume de trabalho de alta qualidade. A editora tem tanto

êxito no mercado, que Raphael Tuck logo se torna cidadão inglês e a Raphael Tuck

& Sons se torna a editora oficial da rainha vitória. A impressão dos produtos que

oferecia era feita na Alemanha, pois, à partir da metade do século XIX, as técnicas

extremamente aperfeiçoadas de impressão colorida e os equipamentos das gráficas

alemãs produziam a melhor qualidade possível para a época, quando se tratava da

reprodução de artes originais.

Ernest Nister, outro editor alemão do século XIX, também começa a produzir

livros móveis e seus títulos não ficam restritos ao mercado europeu, são também

exportados para os Estados unidos. A empresa que Nister funda em 1877 tinha todos

Page 31: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

31

os recursos para se firmar no mercado editorial, pois ele possuía em seu escritório

as máquinas necessárias para os mais variados processos de impressão. No entanto,

foi por seus livros móveis de 1890 que o autor foi reconhecido. Seus projetos eram

parecidos com os de seus contemporâneos, porém ele desenvolve as técnicas criadas

até então. A diferença principal estava nas ilustrações com estilo característico de

Nister e a sua maneira de montá-las em cada página de modo a criar perspectiva com

as peças.

ErNEST NISTEr, Our PEEPSHOw, C. 1894

Page 32: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

32

O autor mais original do século XIX foi o artista de Munique, Lothar Meggendorfer.

Ele tinha uma visão cômica transpassada em suas ilustrações, e em em suas

engenhosas estruturas e mecanismos de papel. Ele arquitetava rebites e fios de

cobre por trás das peças de papel para que, ao puxar de uma única aba no canto

da página, todas as partes entrariam em movimento, cada uma em seu momento,

dependendo do quanto da aba foi esticada. Suas personagens sempre tinham grande

mobilidade, através de camadas escondidas entre páginas que serviam para facilitar

os mecanismos que criava. O que diferencia Meggendorfer de seus contemporâneos

é que o autor não se contentava com apenas uma ação em cada virar de página.

Ele procurava utilizar das mais variadas técnicas e materiais para criar o elemento

surpresa em cada um de seus livros.

lOTHAr MEGGENDOrfEr, INTErNATIONAlEr CIrCuS, C. 1887

Page 33: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

33

Com o início da Primeira Guerra Mundial, poucos livros móveis foram produzidos.

Grande parte da produção era realizada em gráficas alemãs e era necessário trabalho

intensivo para cada livro ser completo.

Acredita-se que, após 1914, a força de trabalho Alemã das gráficas de

impressão eram exigidas para tarefas menos frívolas. 1

Até esse momento, a presença dos artistas alemães era constante e indispensável

para a criação e produção de novos livros móveis. Esses fatos resultaram em uma

pouca produção na época, já que os ingleses e americanos não possuíam os recursos

para criar livros em grande quantidade e com uma boa qualidade de impressão.

Com tal repercusão no mercado de livros móveis da época, “e a escassez de recursos

resultante, foi levado ao fim o que é considerado a Era Dourada desses maravilhosos

livros móveis e livros brinquedos.“ 2

Os livros móveis ressurgem por volta de 1930, com uma nova série de livros móveis

concebida pelo inglês S. Louis Giraud. foram 16 títulos no total, produzidos entre

1929 e 1949, inicialmente em parceria com o jornal Daily Express e mais tarde

1 MONTANArO, A CONCISE HISTOry Of

POP-uP AND MOvABlE BOOkS

2 CArTEr, DIAz, 1999: 01

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34

independentemente. Cada exemplar possuía cinco páginas com ilustrações que

saltavam para o tridimensional com o abrir das páginas e podiam ser vistos de todos

os lados e ângulos, muito similar aos livros pop-up modernos. Ao contrário dos

livros alemães produzidos e comercializados até então, os livros tinham um preço

moderado e, por isso, os livros de Giraud atingiram um grande público e foram muito

populares.

Em 1930, com a Grande Depressão se aprofundando, as editoras

americanas procuravam maneiras para incentivar a compra de livros. A

Blue Ribbon Publishing, de Nova york, encontra a receita do sucesso:

utilizar a técnica do pop-up para criar livros de contos de fadas e dos

personagens clássicos de Walt Disney. A editora também foi a primeira

a utilizar o termo “pop-up”, que descrevia o efeito que a técnica trazia

para a sua mais nova série de livros.

Entre 1940 e 1950, um novo grupo de artistas e editoras aparecem no mercado

dos livros móveis. uma série de vários livros pop-up inovadores foi produzido pelo

autor Vojtech Kubašta através da editora Artia, de Praga. Em 1960, esses livros iriam

BluE rIBBON PuBlISHING, PuSS IN BOOTS, C. 1934

Page 35: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

35

influenciar o americano Waldo Hunt, que funda a sua própria empresa, a Graphics

International, em los Angeles, para produzir seus próprios livros. Hunt provoca o

ressurgimento dos livros pop-up como conhecemos hoje.

Criando livros domesticamente em Nova York e Los Angeles e

produzindo-os fora dos Estados Unidos, Hunt criou um novo padrão

de livros complexos, porém acessíveis. Utilizando autores, ilustradores

e engenheiros de papel de todas as partes do mundo, Hunt se tornou

o responsável pela criação de milhares de livros pop-up que foram,

subsequentemente, publicados mundialmente. 3

A Graphics International se muda para Nova york em 1964, e a empresa de cartões

mundialmente conhecida Hallmark compra a equipe no final da década. Em 1974,

depois de criar vários títulos para a Hallmark, Hunt volta para a California e funda

a Intervisual Communications, Inc. (ICI) que produz grande parte dos livros pop-up

da atualidade.

3 CArTEr, DIAz, 1999: 01

Page 36: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

36

“O waldo Hunt da Intervisual é conhecido como o padrinho dos livros pop-up,” diz

Ron van der Meer, autor britânico de livros pop-up para adultos e contemporâneo de

Hunt, em uma entrevista para Natalie Avella, autora do livro Paper Engineering. Em

1981, van der Meer ofereceu à Intervisual sua idéia de criar um livro sobre navios,

mas Hunt não aceitou o projeto. “Ele me disse que adultos não eram interessados

em pop-ups - que o livro nunca venderia. Então eu levei o projeto para uma

editora britânica e eles ficaram muito

interessados. quando wally descobriu,

ele retornou para o projeto. Era o primeiro

livro sério sobre navegação através dos

séculos. Mais de 400,000 copias foram

criadas do livro Sailing Ships e ele ainda

está sendo vendido — eu ainda recebo

cheques de royalties. O livro vende em

Nova york por 600 dólares.” 4

rON vAN DEr MEEr, SAIlING SHIPS, 1981

4 AvEllA, 2009: 106

Page 37: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

37

Como diz Ann Montanaro, colecionadora de livros móveis e fundadora da Movable

Book Society:

Por mais de 700 anos, artistas, filósofos, cientistas e designers

tentam desafiar os limites do livro. Eles adicionaram abas, partes que

rotacionam e peças móveis para realçar o conteúdo encontrado nas

páginas simples e bi-dimensionais. 5

Segundo ela, hoje em dia, o número de livros pop-up no mercado

cresceu de forma espetacular, e cerca de 200 à 250 novos livros pop-up

são produzidos em inglês todo ano.

jANE rAy, SNOw wHITE, 2009

PAul wIlGrESS, ElvIS, 1985

lINDA COSTEllO AND BruCE fOSTEr,

lIGHTHOuSES: A POP-uP GAllEry, 2007

5 AvEllA, 2009: 106

Page 38: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

38

Através de observações em algumas das maiores livrarias da cidade de São Paulo,

nota-se que existem muitos títulos disponíveis, especialmente para crianças,

no mercado de livros pop-up brasileiro. Existe uma grande procura por livros da

categoria, afinal a sua característica lúdica transforma as próprias páginas do livro

em brinquedos, fator que atrai as crianças na hora da leitura. No Brasil há poucas

editoras especializadas em livros pop-up, mas várias voltam a sua atenção para esse

segmento, em apenas algumas edições ou projetos específicos.

O gasto com a produção de um livro pop-up é alto, especialmente devido ao

processo manual de montagem, além da necessidade de existir facas especiais para

praticamente todas as páginas do livro, o que encarece ainda mais o projeto. É um

grande investimento para uma editora, por isso é necessário que exista a certeza

que o projeto terá sucesso, tanto na hora de desenvolvimento e montagem como

posteriormente, nas livrarias. uma maneira simples de entender o custo de produção

é calculando a partir do valor de alguns livros no mercado. O livro de Robert Sabuda

Alice’s Adventures in Wonderland, por exemplo, a partir do valor encontrado na

livraria Cultura calcula-se em r$ 14,58/página. Enquanto, em um exemplo surreal,

Page 39: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

39

a edição exclusiva do livro Valentino, da editora Taschen, de 738 páginas e valor

total de r$ 5.775,00, sai r$ 7,82/página. Não existem informações, até a presente

data, sobre quais técnicas dos livros móveis são possíveis de reprodução nos parques

gráficos brasileiros. Ainda não é claro se as impressões e manuseio das edições

brasileiras são feitas em outros países, e qual é o impacto no custo da produção.

Atualmente, no Brasil, a categoria de livros pop-up mais explorada é a infantil por

ser um investimento mais seguro para as editoras. A procura por esses livros é mais

constante por pais que necessitam de livros diferenciados para estimular a leitura

de seus filhos e, muitas vezes, eles mesmos também ficam fascínados pelos pop-ups

infantis. Isso não acontece apenas no Brasil. No mercado internacional, a categoria

infantil também domina o mercado. No entanto, podemos encontrar muitos livros

que são voltados à um público adulto ou jovem, e até para quem é interessado na

ténica da engenharia de papel em si. Os brasileiros que se interessam por esses livros

normalmente tem que importá-los para o país, ou comprá-los por valores muito mais

altos nas livrarias nacionais. livros como o ABC3D, onde o abcedário é transformado

em estudo tipográfico tridimensional que se movimenta na página através da

Page 40: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

40

interação com o usuário; Trail, subtitulado “poesia de papel”, com pop-ups

realizados apenas em páginas brancas; livros de arquitetura em que edificações

perfeitas saltam de suas páginas; ou a edição 55 da revista Visionaire, intitulada

Surprise! e desenvolvida por autores renomados; são ótimos exemplos que o pop-

up é uma técnica em voga, que não necessariamente deve ser voltada apenas para

o público infantil.

O que impulsiona o consumidor a comprar um livro pop-up são as suas próprias

páginas. O efeito das dobraduras é, sem sombra de dúvidas, o que fascína o leitor —

que inicialmente ignora o texto presente nas páginas para observar por mais tempo

como uma certa dobradura acontece, abrindo e fechando o livro múltiplas vezes. O

pop-up traz à página o efeito de realidade; o tridimensional ajuda o leitor a visualizar

determinada cena ou local de uma maneira muito mais fácil do que apenas o texto

corrido. quando existe a junção da visão tridimensional e do texto, isso transforma o

entendimento e a aprendizagem do leitor em algo intuitivo e eficiente. O pop-up não

é somente lúdico, a técnica também pode ser utilizada de maneira informacional.

DAvID PElHAM, TrAIl, 2007

Page 41: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

41

É importante entender o grande potencial da engenharia de papel. A utilização da

técnica influencia o leitor e, para continuar com a evolução que pudemos observar

durante os séculos, é necessario abordar novos temas e atingir novos públicos.

vISIONArE 55: SurPrISE! 2008

Page 42: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

42

o pop-up como recurso gráfico

DEsigN gráfiCo é NormALmENtE PENsADo Como UmA AtiviDADE qUE ACoNtECE Em DUAs DimENsõEs mAs, DE fAto, tUDo qUE é mAis ComPLExo qUE Um simPLEs PostEr fUNCioNA Em três DimENsõEs. Natalie Avella

Page 43: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

43

Existem várias possibilidades que podem ser exploradas por designers para criar

elementos interativos no universo dos materiais impressos. A engenharia de papel

pode e deve ser utilizada quando for de interesse do designer atingir um objetivo

específico que não é possível ser alcançado através das páginas planas de um livro

normal, onde o 2D não é suficiente.

Classificados como aqueles que criam livros pop-up ou livros com projetos gráficos

diferenciados em sua forma e linguagem, os engenheiros gráficos buscam através da

criação de camadas, rasgos ou novas formas e materiais, inovar a estrutura tradicional

do objeto com que trabalham. A idéia principal por trás dessas intervenções é

transformar o processo de leitura em uma experiência única para o leitor. “O virar da

página ou o puxar de uma aba revela novas dimensões ou camadas, criando surpresa

e abrindo para o espectador novos modos perceptivos,” diz a autora Natalie Avella,

“esse tipo de design não funciona sem a participação.” 6

Os engenheiros gráficos acreditam que livros que utilizam elementos de

interatividade entre objeto e leitor são capazes de passar o seu conteúdo de uma

forma muito melhor e mais completa do que as páginas planas de um livro comum.

6 AvEllA, 2009: 08

Page 44: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

44

O leitor participa do design, fazendo os elementos da página entrarem em ação, seja

através do simples movimento de abrir o livro ou o puxar de uma aba, desencadeando

uma cena complexa e interessante.

A técnica de pop-up pode trazer várias funcionalidades para um projeto. Alguns

designers utilizam do pop-up para transformar simples livros em brinquedos

interativos que ensinam coisas importantes para crianças. Outros designers procuram

trazer à vida cenas históricas ou exemplificar edificações complexas, para um público

adulto. A técnica do pop-up pode abranger um público muito variado. qualquer

pessoa é entretida e surpreendida quando existe o uso de elementos tridimensionais

em livros, independente do seu público alvo.

vISIONArE 55: SurPrISE! 2008

Page 45: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

45

A publicação de um livro pop-up é um processo de produção que envolve a habilidade

de um grande número de indivíduos. A criação começa a partir do conceito, do autor,

seu roteiro e das ilustrações de um artista. Com o conceito em mãos, o engenheiro de

papel tem o trabalho de ser imaginativo e prático - dar movimento e ação as idéias

dos outros criadores, cuidando para que as peças móveis não quebrem ou amassem,

determinando os pontos de cola e a altura das peças para que o livro possa fechar

corretamente, sem causar danos à arte. O engenheiro de papel também deve cuidar

para que todas as partes estejam dispostas na folha de impressão corretamente,

para não existir desperdicio de papel e, assim, economizar gastos. Algumas vezes,

pode ocorrer do projeto inteiro ficar nas mãos do próprio engenheiro gráfico, que

desenvolve desde a idéia inicial às ilustrações e montagem das peças.

Os livros pop-up são montados à mão na Colombia, Equador, México ou Singapura.

Depois de impressas, as peças são cortadas das páginas com facas de corte especiais

e agrupadas com suas respectivas páginas. “As linhas de produção são criadas e

muitas vezes o trabalho manual de 60 pessoas é o necessário para completar um

único livro.” 7 Eles seguem a risca o projeto do engenheiro gráfico: fazendo as dobras,

7 MONTANArO: A CONCISE HISTOry Of

POP-uP AND MOvABlE BOOkS

Page 46: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

46

inserindo abas, conectando pivôs de papel, colando e alinhando peças exatamente

com as impressões, mantendo os ângulos precisos para que, quando montados, os

livros abram e fechem corretamente, sem danificar as peças.

“O engenheiro de papel deve ponderar os pop-ups complexos com a realidade da

produção,” diz Andrew Haslam, autor do livro O Designer e o Livro II, “quanto maior

o número de componentes e pontos de colagem, maior a perda de tempo e custo

do acabamento de cada página, além da exigência de técnicos especializados.” 8

É importante que o designer, além de coordenar o projeto visual do livro

completamente, também se preocupe com a arte final, de modo a minimizar os custos

onde possível. O projeto de um livro pop-up é muito caro,já que podem existir o

trabalho do próprio designer, um possível autor da história, e de um ilustrador; além

da impressão para a criação de mock-ups, afinal acertar todos os ângulos e estruturas

é um processo de tentativa e erro. Também é necessário pensar no equilíbrio entre

os vários elementos do livro. É função dos engenheiros de papel fazer com que

estruturas de papel, imagens e texto funcionem em harmonia de modo a criar um

livro com um bom ritmo página a página.

8 HASlAM, 2007: 200

Page 47: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

47

os princípios básicos do pop-up podem ser adaptados e combinados

para fazerem inúmeros modelos tridimensionais. A maioria dos

mecanismos e abas de colagem num livro de pop-up é oculta em

dobras concertina. quando o livro é cuidadosamente aberto com um

bisturi, o segredo de sua construção é revelado. 9

O processo de estudar profundamente livros criados por outros

autores é definitivamente benéfico; observar as maneiras como outros

designers conseguem resolver os possíveis problemas da mecânica das

estruturas de papel ajuda na aprendizagem da técnica. O interessante

da engenharia de papel é que a combinação de estruturas vistas em

diferentes livros podem criar uma nova estrutura, completamente

diferente da original.

9 HASlAM, 2007: 207

AlICE ADvENTurES IN wONDErlAND,

rOBErT SABuDA, 2007

Page 48: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

48

as possibilidades da engenharia de papel

As possibilidades da engenharia de papel são infinitas. Obviamente é necessário levar

em conta os limites do material escolhido, seja papel ou outro material alternativo, e

da matemática, afinal ângulos errados podem estragar completamente uma estrutura.

Partindo de cálculos simples e com a utilização da lógica, é possível idealizar

qualquer estrutura 3D que salte das páginas de um livro. A possibilidade está sempre

presente, porém o custo de um projeto que necessita tanto cuidado, planejamento e

testes é normalmente muito alto.

Os livros pop-up que encontramos nas livrarias são, na sua maioria, infantis. Esses

livros abrangem praticamente todas as principais idades do desenvolvimento de

uma criança, ensinando através de estruturas em papel tarefas básicas do dia-a-dia

ou o estímulo da criatividade e fantasia. Esses livros normalmente possuem uma

linguagem visual mais simples ou comunicam-se através de personagens populares

de filmes ou seriados que são voltados para esse mesmo público.

Em uma parte significativamente menor desse mercado encontra-se livros pop-up

que tratam de assuntos pertinentes a um espectador mais maduro, o público jovem e

adulto. Os assuntos normalmente abrangem arquitetura, design e arte.

Page 49: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

49

livros históricos ajudam o leitor a entender melhor edificações ou pontos

importantes na história, enquanto outros mostram cores e formas abstratas de modo

a fascinar o leitor pela estrutura, não tanto pela história fictícia. Além disso, muitos

artistas independentes utilizam da engenharia de papel para criar artist books, livros

produzidos manualmente e de tiragem limitada a poucos exemplares. um dos livros

mais famosos voltado para esse público era, inicialmente, um artist book: ABC3D de

Marion Bataille, aquisição essencial para qualquer leitor apaixonado por design e,

acima de tudo, tipografia.

Mas a engenharia de papel e o seu aspecto pop-up não aparecem

somente em livros. O designer Stefan Sagmeister criou um convite de

casamento para um casal de amigos que continha um pop-up delicado

e ornamental, que não necessitava nenhuma impressão — a história de

como o casal se conheceu e o convite para o casamento foram cortados

a laser das partes de papel. Sagmeister também criou um cartão de

visita para seu estúdio que, a partir de algumas dobras e cortes, se

tornava um relógio de sol.

SElf PrOMOTIONAl CArD,

STEfAN SAGMEISTEr, 2000

Page 50: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

50

O estúdio de design Trickett & Webb, em parceria com a engenheira de

papel Corina Fletcher, criou um calendário para a Royal Society of Arts

de londres, com o mínimo de impressão possível, cada mês mostra um

elemento da herança cultural da instituição em pop-up.

A característica visual do papel também aparece desde propagandas

publicitárias à animações. O clipe da música Clumsy da artista

americana Fergie, por exemplo. um livro que está sobre uma mesa se

abre para revelar as protagonistas do clipe dentro de um pop-up. Em

cada cena a cantora aparece interagindo com as diferentes páginas do

livro. O cenário é completamente criado em 3D e são dobraduras que

nunca poderiam existir no mundo real pois expandem mais do que o tamanho das

páginas do livro. No entanto, o importante é a característica visual e a movimentação

de pop-up, que está muito bem caracterizada visualmente. Pode-se dizer que é

um processo inverso ao de criar um livro pop-up, enquanto em um livro busca-se

transformar o papel em uma estrutura tridimensional, o clipe marca a utilização de

animação 3D para criar algo que se asssemelha ao papel.

rOyAl SOCIETy Of ArTS CAlENDAr,

COrINA flETCHEr/TrICkETT & wEBB

Page 51: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

51

Também no universo da música, a banda britânica Shitdisco criou um clipe para seu

single OK que envolve um livro pop-up sendo manuseado conforme a música toca. Os

membros da banda são transformados em estruturas que tocam guitarra, bateria e até

cantam. Com a ajuda de pessoas que abrem, fecham e puxam as abas do livro, como

um show de marionetes, a banda em formato de papel atua no clipe, por assim dizer.

No âmbito da multimídia, existem vários curtas de animação com aparência de pop-

up e papel, além de propagandas que utilizam dessa característica visual para passar

quaisquer informações necessárias.

Ok, SHITDISCO, 2007

Page 52: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

52

A publicidade também utiliza da engenharia de papel.

A marca de mobiliário Nha Xinh produz móveis práticos

e dobráveis e, para enfatizar o conceito e a caterística

dos produtos, eles desenvolveram uma campanha com

os móveis da marca que saltam da página de revistas.

No Brasil, a agência Leo Burnet também criou uma

propaganda diferente e inovadora com pop-ups para a

marca de chiclete Arcor.

Além disso, existem muitos artistas que criam obras

de arte a partir do papel. Transformando o material

em esculturas e universos complexos. Alguns dos

principais mestres dessa arte são Jen Stark, Helen

Musselwhite, Ingrid Siliakus e Elod Beregszaszi.

NHA xIHN , 2009

PrOPAGANDA DO CHIClETE ArCOr,

lEO BurNET, 2009

HElEN MuSSElwHITE, 2009

Page 53: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

53

Dois designers muito criativos, Liddy Scheffknecht e Armin B Wagner, mostraram

que não existem limites para a dimensão das estruturas que podem ser criadas com

o papel. Eles desenvolveram o Pop-Up Mobile Office — um escritório móvel, com uma

mesa e cadeira em tamanho real.

Como podemos ver, existem infinitas possibilidades de aplicação das técnicas da

engenharia de papel. Pop-ups gigantes, mundos que surgem de cortes nas páginas e

até um ambiente completamente criado por computador. É uma técnica que atinge e

fascína independente do meio em que está aplicada. E, para que continue a evoluir

é necessário que designers e artistas sempre busquem criar algo diferente quando

deparados com um projeto de papel.

POP-uP MOBIlE OffICE, lIDDy SCHEffkNECHT E ArMIN B wAGNEr2009

Page 54: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

54

a linguagem e a influência do elemento tridimensional

EU fAço UmA foLHA DE PAPEL. Em miNHAs mãos Está Um EsPAço totALmENtE Novo EmErgiNDo DA ágUA, E Lá, Por Um iNstANtE, As PossibiLiDADEs Do mUNDo sE ExPANDEm. Joel fischer

Page 55: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

55

repetimos o movimento do virar de folhas várias vezes ao longo do dia. Manuseamos

jornais, revistas, livros e simples folhetos com olhar indiferente, sem pensar sobre a

informação disposta em folhas que, um dia, estavam em branco. Apenas absorvemos,

muitas vezes inconscientemente, as informações que alí se encontram. O processo de

leitura do mundo contemporâneo se tornou um “ato de absorção e não de interação

com as páginas.” 10

Em um primeiro momento, tal afirmação não parece condizer com os fatores que

observamos a nossa volta: a quantidade de informação disponível para o público é

vasta, seja através da tecnologia ou do bombardeio visual que sofremos todos os dias.

Porém, esses fatores transformaram a leitura de páginas planas em algo obsoleto.

No mundo moderno, o tempo passa mais rápido e, em consequência disso, a

mente dos indivíduos das novas gerações funciona em uma maior velocidade. Os

indivíduos se adaptam com grande facilidade para receber cada vez mais informação

e responder mais eficientemente a cada estímulo desse mundo exterior, que é

extremamente tecnológico e visual. O processo de leitura se tornou ação memorizada

e, a não ser que o assunto interesse profundamente o leitor, ele é capaz de assimilar

10 AvEllA, 2009: 07

Page 56: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

56

o conteúdo de um livro automaticamente. O bloco retangular de papel liso unido

pela espinha com texto disposto nas páginas de maneira homogênea é considerado

lugar comum. O formato do livro é algo que já é conhecido pelo público, é planejado

e previsível.

Keith Smith, autor e encadernador, menciona em seu livro Books Without Paste

or Glue que “tratar um livro como nada além de uma pilha de folhas seria negar o

movimento inerente da evolucão das frentes aos versos. um códice é mais do que um

grupo... Tal estrutura é conectada, cada ideia sucessiva é dependente da anterior. A

ideia não é ‘adicionar’, no sentido de tratar o livro como um recipiente vazio onde as

coisas devem ser presas. Mas sim aprender a ver o poder e potencial de um livro em

branco.” 11 Portanto, é importante entender o grande potencial gráfico de um livro, e

explorar todas as ramificações possíveis que um projeto editorial pode conter para

ser inovador e sobreviver no mundo atual.

A interação entre leitor e página é o que determina a diferença entre a simples

absorção de informação e a criação de um vínculo emocional com o objeto que é o

livro e o assunto que o mesmo trata. Para Smith, a utilização de cortes ou dobraduras

11 AvEllA, 2009: 09

Page 57: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

57

tem a capacidade de transformar um

projeto gráfico em algo dinâmico,

criando uma relação mais substanciosa

com o fator tempo. O autor acredita

que uma única folha de papel possuí

um tempo curto pois ela permite a

visualização completa de algo, de uma

só vez. Enquanto uma página que é

dobrada de maneira que surgem quatro

novas páginas “não podem ser vistas simultâneamente, elas são experimentadas no

tempo como uma peça de quatro atos, uma sinfonia de quatro movimentos. Tempo e

movimento são fatores necessários nesse formato.” 12

Joanna Hoffman, artista polonesa que cria livros em formatos incomuns, estuda em

seu ensaio On the Margins of Time a influência do tempo e espaço no processo de

leitura. Ela acredita que a forma que um livro é apresentado é capaz de passar o seu

conteúdo, e que “invenções estruturais como arranjo e diferenciação de páginas,

12 AvEllA, 2009: 08

Page 58: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

58

rasgos, dobras, cortes, etc. introduzem valores rítmicos e fazem o objeto se tornar a

orquestração de um fragmento definitivo de espaço e tempo.” 13

O leitor presencia uma nova faceta do objeto, interativa

e dinâmica, que pode ser alterada da maneira que

lhe for necessária. Para Hoffman, a inovação no

formato “induz a ativação de tempo e espaço, motivo

e conteúdo, animação e metamorfose.” 14 O ritmo

transforma o leitor em espectador. Muito além disso,

o leitor torna-se colaborador direto para que o livro

funcione, a partir de seu próprio ritmo e ideias. O leitor

torna-se parte do projeto, reforçando ainda mais a

criação de um vínculo extremamente pessoal entre

indivíduo e objeto.

O movimento gerado pela interação do leitor com as páginas é considerado energia

cinética, que é a grande aliada de designers que procuram desenvolver projetos com

os elementos da engenharia do papel. De simples rasgos nas páginas até os pop-

13 AvEllA, 2009: 08/09

14 AvEllA, 2009: 08/09

Page 59: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

59

ups mais complexos, a energia cinética é fator essencial para o efeito desejado ser

realizado e compreendido pelo leitor - quanto mais bem desenvolvidos e planejados

os movimentos das páginas, melhor será a interação e compreensão do conteúdo.

Natalie Avella menciona em seu livro uma pesquisa sobre os livros pop-up do

autor Ron van der Meer. realizada por um professor de psicologia em Amsterdam,

a pesquisa constatou que o leitor retém cerca de 75% de toda a informação dos

livros de van der Meer, enquanto, de um livro normal, o leitor retém apenas 20%.

Portanto, é correto afirmar que o elemento tridimensional tem a capacidade de

mudar a interação e leitura do conteúdo. O processo de leitura de um livro pop-up é

mais complexo, pois requer mais atenção e cuidado. Inicialmente, o leitor interage e

observa os elementos de todas as páginas. Somente em um segundo momento que

o leitor lerá o conteúdo, de maneira mais profunda e atenta, devido aos elementos

tridimensionais presentes na página que provocam o intelecto do leitor. O forte

sentimento de surpresa que ele experimenta a cada página, através da energia

cinética, transforma um livro de engenharia de papel em algo totalmente diferente no

mundo contemporâneo.

Page 60: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

60

fundamentação teórica

O livro e o designer II: Como criar e produzir livros de Andrew Haslam foi o único

livro em português utilizado na pesquisa. Publicado no Brasil pela Editora Rosari, o

livro de Haslam comenta brevemente sobre a engenharia de papel mas foi essencial

para a criação do capítulo O POP-uP COMO rECurSO GráfICO. Até o presente

momento não foram encontrados mais livros que tratam do tema pop-up como

elemento técnico ou recurso gráfico em português. Assim, reunir uma bibliografia

particular com livros na sua maioria em inglês serviu de alicerce para o estudo de um

tema ainda pouco tratado no Brasil.

Page 61: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

61

livros lidos e relacionados

Paper Engineering Revised & Explanded Edition: 3D design techniques for a 2D

material, da autora Natalie Avella, contém alguns dos melhores projetos gráficos que

utilizam as técnicas da engenharia de papel; de pop-ups à facas de corte pensadas

para atingir um objetivo específico. Além de proporcionar um grande repertório

visual, o livro de Avella foi essencial para a fundamentação teórica deste projeto, em

especial os ideais expressos no capítulo A lINGuAGEM E A INfluENCIA DO ElEMENTO

TrIDIMENSIONAl e pela introdução os artistas e autores Ron van der Meer, Joanna

Hoffman, Keith Smith, Kate Farley e Corina Fletcher.

Page 62: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

62

Para a aprendizagem da técnica e criação das estruturas móveis do produto final, foi

consultado, com muita profundidade, o livro Elements Of Pop Up: A Pop Up Book For

Aspiring Paper Engineers de David A. Carter e James Diaz. Esse livro foi essencial

para o entendimento da técnica. Através de muitos detalhes e explicações claras, é

possível entender várias estruturas que podem ser utilizadas individualmente ou em

conjunto para criar pop-ups interessantes. Além desse livro, foram utilizados os livros

de Carol Barton, Paul Johnson e Rob Ives. Esses livros também serviram para embasar

os vários capítulos da pesquisa.

Page 63: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

63

Pop-up Paper Engineering: Cross

Curricular Activities in Desigh

Technology, English and Art de

Paul Johnson.

Paper Engineering & Pop-ups for

Dummies de Rob Ives.

The Pocket Paper Engineer, Volume

I: Basic Forms e The Pocket Paper

Engineer, Volume II: Platforms and

Props, de Carol Barton.

Page 64: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

periódicos

The Artist as Paper Engineer é um artigo escrito por Carol Barton para a publicação

online The Bonefolder: an e-journal for the bookbinder and book artist que mostra,

de um ponto de vista pessoal, a tragetória da autora como engenheira de papel e as

dificuldades enfrentadas para poder publicar o seu primeiro livro. um artigo cedido

pela própria autora, foi uma leitura muito interessante para poder entendê-la e o

mundo contemporâneo em relação a engenharia de papel.

64

Page 65: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

web

A Concise History of Pop-up and Movable Books é um artigo disponível na internet e

escrito pela historiadora de livros pop-up Ann Montanaro. Esse artigo foi de grande

importância para a criação do capítulo CONTExTuAlIzANDO lIvrOS MóvEIS E A

ENGENHArIA DE PAPEl, pois explica a evolução histórica da engenharia de papel de

maneira compreensível e interessante.

65

Page 66: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

66

pesquisa de campo

No mercado atual de livros pop-up, o perfil de usuários

predominante é o infantil. As crianças se divertem com

um objeto lúdico que, como resultado, proporciona

o estímulo da imaginação e da leitura, além do

desenvolvimento da perspectiva e do intelecto. Os pais

compram os livros para seus filhos, esperando esses

possíveis resultados. Assim, devido ao grande interesse

desse público, a produção de livros pop-up infantis e a

quantidade deles no mercado é alta. A qualidade varia,

alguns são muito simples em estilo enquanto outros

possuem um projeto gráfico bem pensado e desenvolvido. Nas livrarias brasileiras,

é comum encontrar opções variadas de livros pop-ups nas áreas especificas para

crianças, porém é mais difícil encontrá-los em qualquer outra categoria ou para

qualquer outro público.

Page 67: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

67

público-alvo

Existem títulos no mercado internacional para jovens e adultos, mas não na mesma

proporção que os livros infantis. Os interessados por pop-up que se encaixam nesse

novo perfil de usuários muitas vezes acabam comprando os livros infantis pois não

existem títulos disponíveis que tratam de outros assuntos. No entanto, leitores de

outros países tem mais facilidade em encontrar esses poucos livros para jovens

e adultos do que os leitores brasileiros, que normalmente tem que importá-los e

esperar semanas para poder ter o livro em mãos.

Portanto, de modo a atender a demanda por livros voltados para outros públicos

no mercado atual, o público alvo escolhido para este projeto é: jovens e adultos,

apreciadores de música, mais especificamente dos Beatles, aproveitando também o

atual ressurgimento da banda na mídia. Para aqueles interessados em livros objeto,

ilustração e interpretação visual.

Page 68: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

68

editoras e engenheiros gráficos

Existem várias editoras que se destacam no segmento de livros pop-up nacionais,

entre elas: Editora Ática, Brinque-book, Editora Caramelo, Ciranda Cultural,

Companhia das Letrinhas, Girassol, Publifolha, Salamandra e Todolivro. No entanto,

os livros publicados em português são, em sua maioria, títulos comprados de editoras

e autores internacionais.

A Ciranda Cultural é a editora mais presente no mercado brasileiro de livros pop-up.

A editora publica os mais variados livros, de infantis à bíblicos e até de literatura

brasileira. Eles possuem 92 títulos em pop-up, classificados como “livros em 3

dimensões”. A maioria desses títulos são de autores internacionais, porém 13 estão

creditados como criação original da Equipe Ciranda Cultural. A renomada editora

Companhia das Letras também entra nesse segmento editorial com 15 títulos sob o

seu selo infantil, Companhia das Letrinhas. A editora Salamandra tem o direito da

publicação da Encicopédia Pre-histórica: Dinosauros, de Robert Sabuda e Matthew

Reinhart, no Brasil. O livro faz parte da coleção de livros Brinquedo da editora,

acompanhado de outros livros infantis interativos, mas desses, apenas 3 livros são

pop-ups. O livro foi impresso na Tailândia, e não no Brasil, segundo as informações

disponíveis no mesmo.

Page 69: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

69

No mercado internacional existem grandes e pequenas editoras que publicam livros

pop-up. Entre as mais conhecidas está a Harper Collins, que possui poucos livros

pop-up em seu catálogo, porém entre esses existem livros voltados para um público

diferenciado de jovens e adultos, como o The Pop Up Book of Phobias do Gary

Greenberg e o The Pop Up Book of Sex do grupo Melcher Media. A Little Simon é o

selo infantil da Simon & Schuster que, segundo a própria editora, se

“especializa em livros inovadores para crianças.” 1 Eles trabalham com

muitos autores e engenheiros de papel, incluindo grandes nomes,

como David A. Carter, David Pelham, Matthew Reinhart e Robert

Sabuda, e são responsáveis por mais de 70 livros pop-up no mercado

atual. A Random House, editora que preza trazer para seus leitores

o melhor das categorias de ficção, não-ficção e infantil, possui cerca

de 40 títulos pop-up em seu catálogo. Eles também trabalham com a

dupla Matthew Reinhart e Robert Sabuda, produzindo os três volumes

da série Encyclopedia Pre-historica: Dinosaurs, Sharks and Other

Sea Monsters, Mega-Beasts (apenas o primeiro foi traduzido para o

português.) Além de publicar alguns títulos pop-up para jovens, como

15 lITTlESIMON.COM, 03/05/2009,

11:00

Page 70: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

70

o Moon Landing, que celebra o 40˚ aniversário da aterrisagem da Apollo 11 na lua, e

adaptações oficiais em pop-up do Homem Aranha, Incrível Hulk e X-Men em parceria

com a Marvel Characters, Inc.

Provavelmente os autores e engenheiros gráficos mais conhecidos e publicados

no ramo dos livros pop-up, Matthew Reinhart e Robert Sabuda, começaram suas

carreiras separadamente. Robert Sabuda estudou arte no Pratt Institute, em Nova

Iorque, e durante um estágio na Dial Books for Young Readers, ele aprendeu

muito sobre livros infantis e descobriu sua paixão por ilustração infantil. Depois

de pequenos trabalhos, ele começou a escrever suas próprias histórias e ilustrá-

las, eventualmente ele re-descobriu os livros pop-up de sua infância e aprendeu a

técnica a partir deles. Em sua biografia, Sabuda diz que “quando seu trabalho é ser

um artista, você pode fazer tanta confusão quanto você quiser!” 16 Matthew Reinhart,

por sua vez, começou seus estudos com aulas focadas em biologia e medicina, porém

conseguiu participar de algumas aulas de arte e criar seu portfólio. Depois de se

formar no colégio e antes de entrar na faculdade de Medicina, Reinhart se mudou

para Nova Iorque, onde conheceu Robert Sabuda e, por indicação do amigo, começou

16 rOBErTSABuDA.COM, 10/04/2009,

15:00

Page 71: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

71

a estudar Desenho Industrial no Pratt Institute. Depois de ajudar Robert Sabuda em

vários de seus livros enquanto ainda estudava, Reinhart resolveu seguir o caminho da

engenharia de papel. Hoje em dia, os dois artistas possuem muitos títulos sob seus

nomes, dividem um estúdio em Nova Iorque e realizam vários projetos em parceria.

Kate Farley é uma artista britânica que escreve e produz manualmente os seus

próprios livros objeto, que normalmente são edições limitadas de 20 cópias. Farley

acredita que o processo de criação de um livro é sobre ”produzir algo que envolve

muitas considerações diferentes que precisam se unir de forma organizada. Não

é questão de jogar imagens em uma estrutura de livro, e sim de considerar todas

as características que um livro oferece. Seqüencia, narrativa, tempo, assim como

conteúdo estrutural e visual.” Para a artista, “quando existe a combinação perfeita do

conteúdo estrutural e visual, você tem um bom livro.” 17

Outro autor que é importante mencionar é Ron van der Meer, o primeiro engenheiro

gráfico que acreditou que adultos podiam ser cativados pelo pop-up tanto quanto as

crianças. Em 1970, Van der Meer se interessava por animação, porém se formou em

Design Gráfico e se especializou na criação de brinquedos. Seus livros normalmente

17 AvEllA, 2009: 38

Page 72: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

72

tratam de assuntos especiais e técnicos, como arquitetura, música e psicologia.

Van der Meer possui um olhar interessantíssimo sobre design gráfico em relação ao

processo de criação de elementos pop-up. O autor diz: “Eu não gosto dos truques que

servem só para se mostrar - as minhas páginas são muito mais pragmáticas. Primeiro,

eu olho para o assunto. Segundo, eu olho para ver se tem algo que eu posso adicionar

a ele como designer para transformá-lo em algo que será melhor compreendido.

Terceiro, eu me pergunto se é praticavel em termos de custo e dinheiro. E se você não

tem o porque adicionar algo, deixe quieto.” 18 Sua visão transforma as mecânicas que

cria em seus livros em uma lição para outros designers de todas as possibilidades que

a engenharia de papel pode conter quando unida ao design.

Existem muitas editoras, colecionadores, engenheiros de papel e autores importantes

para a continuidade dessa arte e para a criação de novas publicações, como David A.

Carter, David Pelham, Corina Fletcher, Ellen Rubin, entre outros. Seria praticamente

impossível mencionar todos, porém é importante constar que todos são essenciais

para o desenvolvimento e propagação da técnica no mundo atual e para o futuro.

18 AvEllA, 2009: 106

Page 73: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

73

entrevistas

Ann Montanaro é a colecionadora, historiadora e

fundadora da Movable Book Society. Influenciada

pelo hábito de colecionar livros de seu pai, ela

começou a colecionar seus próprios exemplares de

livros pop-up. A partir de sua coleção, ela conseguiu

compilar muitas referências sobre livros pop-up já

publicados. quando ela teve a oportunidade de conhecer um editor, ela comentou

sobre sua pesquisa e, assim, nasceu o livro Pop-Up and Movable Books, uma grande

fonte histórica de pesquisa. Depois da publicação de seu livro, Ann notou um grande

interesse do público sobre a técnica e, em 1993, fundou a Movable Book Society

com a intenção de unir “colecionadores, artistas, curadores, vendedores, produtores

e outros que partilham do entusiasmo e querem trocar informações sobre pop-ups e

livros móveis.” 19 A associação promove convenções bi-anuais, premia engenheiros

de papel com o prêmio Meggendorfer e publica trimestralmente um jornal virtual de

novidades, artigos, informações sobre exibições, entre outros assuntos pertinentes

aos seus membros.

19 THEMOvABlEBOOkSOCIETy.COM,

29/04/2009, 18:00

Page 74: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Entrevista por e-mail

13 de maio de 2009

qUANDo voCê sE torNoU

iNtErEssADA Por Livros PoP-UP?

Em 1986 eu participei de um curso

onde um avaliador de livros estava

discutindo o valor do livro. Meu pai

tinha uma grande coleção de livros e

eu sempre via o prazer que ele tinha

em colecioná-los. Durante a tarde, o

avaliador disse “apenas colecione o que

você ama e nunca pense nisso como

um investimento.” Eu pensei sobre um

livro pop-up que eu tinha dado ao meu

sobrinho de presente e perguntei sobre

colecionar pop-ups. Ele respondeu

com a frase acima e no dia seguinte eu

comecei a procurar por outros pop-ups.

qUAL foi A sUA motivAção PArA

CriAr A movAbLE book soCiEtY?

quando eu comecei a colecionar, existia

pouco que eu conseguia encontrar

escrito sobre pop-ups. Bibliotecas

não os compravam, então eles não

apareciam em seus catálogos. Assim,

como uma bibliotecária, eu comecei a

pesquisar quais livros já haviam sido

publicados. Eu precisava saber quando

eu teria uma coleção “completa.” Eu

colecionei muitas referências de livros

e tive a oportunidade de conhecer um

editor que me perguntou “qual livro

você tem em sua cabeça?” Eu disse a ele

sobre as referências e o meu desejo de

escrever uma bibliografia sobre os livros

pop-up publicados em inglês. Depois

que a primeira bibliografia foi publicada,

as pessoas começaram a me enviar

outras referências e a fazer perguntas.

Parecia ser de grande interesse criar

uma sociedade de colecionadores.

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Em sEU Livro “PoP-UP E movAbLE

books,” qUAL foi o Critério DA

sUA PEsqUisA? voCê iNDExoU

toDos os Livros PoP-UP,

oU ExistiU Um ProCEsso DE

sELEção?

Eu tentei documentar todos os livros

pop-up e livros móveis publicados em

inglês desde 1850.

NA sUA oPiNião, o qUE fAz Um

Livro PoP-UP rELEvANtE? Como

ELE PoDE AtrAir Novos LEitorEs?

um livro pop-up deve ser analisado

do mesmo jeito que um livro plano - a

qualidade da escrita, o encanto, e as

ilustrações adequadas. Porém, em um

pop-up, o outro fator é como o pop-

up pode ajudar contar a história. Eles

acrescentam algo ao conteúdo ou o

sobrepõe? Eles são apenas uma adição

desnecessária, ou eles contribuem ao

contar da história? Eles se movem bem?

Eu acho que crianças se interessam pela

ação na página, e isso as encoraja a ler

o texto para entender o que os pop-ups

estão mostrando.

voCê ACHA qUE os Livros PoP-UP

são, Em sUA mAioriA, APENAs

PArA CriANçAs? PoDEm Livros

PoP-UP sE ExtENDErEm oU sErEm

EsPECifiCAmENtE CriADos PArA

ADULtos?

vários pop ups já foram e ainda

estão sendo criados para adultos. Na

verdade, para mim, vários pop-ups

recentes parecem ser para adultos

e são arquivados erroneamente

nas áreas infantis das livrarias.

Por exemplo, o ABC 3D da Marion

Battaile foi, inicialmente, publicado

como uma edição limitada da própria

artista. quando o livro foi adiquirido e

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publicado por uma editora, como tratava

do abecedário, o livro acabou na sessão

infantil. Porém, é um livro artístico para

ambos, crianças e adultos. Birdscapes

é outro livro para adultos. Apenas o

preço ($75) já o deixaria fora das mãos

de crianças. Existem vários outros livros

com tema adulto - o kama Sutra, vinhos,

moda, etc.

tECNoLogiA E iNtErNEt

iNfLUENCiAm ProfUNDAmENtE

os CoNsUmiDorEs Nos DiAs DE

HoJE, voCê ACHA qUE ExistE o

risCo DE Livros Não ExistirEm

No fUtUro? os Livros PoP-

UP PoDEm CoNfiAr Em sEUs

ELEmENtos iNtErAtivos PArA

ULtrAPAssAr EssE risCo?

Eu não acredito que livros de papel irão

desaparecer. E eu também não acredito

que livros pop-up irão desaparecer

completamente. O elemento surpresa

quando se abre um pop-up não pode

ser substituído por algo online. Muita

coisa pode ser feita online, mas não é a

mesma coisa que elementos de papel

dobrados movendo na página enquanto

ela é aberta.

voCê tEm ALgUmA iNformAção

mErCADoLógiCA sobrE PoP-UPs,

Como qUANtos PoP-UPs são

PUbLiCADos ANUALmENtE?

Minha melhor estimativa é que são

publicados por volta de 200-250 livros

pop-up em inglês anualmente, desde

os mais baratos e simples até os mais

complexos e caros. Muitos dos livros

não tem alta tiragem. Alguns são apenas

impressos em um único país. Os livros

pop-up de alta tiragem, como os do

autor Robert Sabuda, são tipicamente

licenciados para serem vendidos em

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vários países. Eu não posso obter informações de editoras sobre a quantidade de

livros que eles publicam, portanto a minha contagem do número de títulos publicados

anualmente é baseada em minha pesquisa pessoal.

Carol Barton é professora e autora de livros pop-up,

além de fundadora da sua própria editora, a Popular

Kinetics Press. Após 25 anos aperfeiçoando sua técnica

de ensino com aulas e workshops, Carol publicou os

dois volumes do The Pocket Paper Engineer, seus livros

que ensinam a técnica do pop-up, através da Popular

Kinetics Press. O perfil de seus alunos varia em idade, sexo e etnia. O seu método de

ensino é eficaz. Carol acredita que não é difícil aprender a técnica do pop-up, pois até

as construções mais complexas partem de uma série de formas simples e fáceis de

aprender.

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Entrevista por e-mail

27 de maio de 2009

qUANDo voCê sE iNtErEssoU

PELA ENgENHAriA DE PAPEL?

Em relação a datas, me formei no ensino

médio em 1976. Eu comecei a trabalhar

em Glen Echo Park em 1978. Meu

primeiro livro foi publicado em 1981.

NA sUA oPiNião, qUAL é A

imPortâNCiA DE Livros qUE

UtiLizAm A ENgENHAriA DE PAPEL

Nos DiAs DE HoJE? ELEs PoDEm

trANsformAr A PErCEPção Do

LEitor Em rELAção Ao obJEto

Livro?

livros pop-up foram por muito tempo

considerados exclusívos para crianças.

No entanto, hoje existem muitos pop-

ups criados para adultos, assim como

campanhas publicitárias em pop-up

e clipes musicais que utilizam da

aparência visual do pop-up. A surpresa

de virar uma página plana para revelar

a forma dimensinal de um pop-up é o

elemento chave na maioria dos livros

da engenharia de papel. Adicionar uma

página com pop-up em um livro pode

servir para várias funções. Ela pode

trazer o espectador para dentro da

narrativa e solidificar uma idéia com

um modelo tridimensional. Também

pode encorajar leitores a explorar a

página de vários ângulos e perspectivas,

ou desafiá-los a repensar uma idéia

no texto como algo de forma mais

concreta, ou adicionar um novo nível

de interpretação a narrativa. A adição

de um pop-up pode mudar a fluidez e o

ritmo do livro.

E pop-ups podem ser literais ou muito

abstratos, dependendo do que é

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necessário para realçar a totalidade da

experiência de leitura.

Como é o sEU ProCEsso

CriAtivo? No qUE voCê PENsA

PrimEiro, NA HistóriA oU NA

EstrUtUrA?

Cada livro evolui de maneira diferente.

Algumas vezes eu começo com a

estrutura e escolho um tema que

funcione a partir dela. Outras vezes uma

sequência visual, história ou imagem

serve como o meu ponto de partida;

então eu procuro criar uma estrutura de

livro apropriada para contê-la. Algumas

vezes apenas uma palavra, ou lista de

palavras, é o trampolim para um livro

inteiro. Muitas idéias ficam em meu

pensamento por muito tempo antes

de se tornarem realidade, e outras

idéias são abandonadas ao decorrer do

tempo pois elas perdem a graça e são

substituídas por novas idéias.

o qUE A motivoU A EsCrEvEr E

PUbLiCAr os Livros “tHE PoCkEt

PAPEr ENgiNEEr”?

Depois de 25 anos ensinando como

fazer pop-ups, eu desenvolvi um

método de explicar as técnicas de

construção que funcionavam para a

maioria dos meus alunos, independente

de sua idade ou background. A minha

idéia foi colocar essas técnicas em papel

para atingir um público maior.

APós visitAr o sEU bLog PEssoAL

E o wEbsitE DA PoPULAr kiNEtiCs

PrEss, EU rEPArEi qUE voCê LEvA

As sUAs AULAs E worksHoPs

PArA vários LUgArEs Do mUNDo.

o qUE tE motivA A ENsiNAr

oUtros sobrE PoP-UPs? voCê

ENsiNA PoP-UPs, ENCADErNAção

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E vAriADAs EstrUtUrAs DE Livros. ENtrE EssAs téCNiCAs, ExistE

ALgUmA qUE voCê PrEfErE?

Eu acho que a engenharia de papel não é apenas divertida, mas também um ótimo

jeito de aprender geometria, design tridimensional, mecânica e resolução funcional

de problemas. Eu amo ensinar as técnicas na sala de aula, e sou inspirada pelos

trabalhos que meus estudantes criam. Os workshops sobre como fazer pop-ups são

as minhas aulas favoritas, mas também gosto de ensinar estruturas como os livros do

tipo túnel e carrossel.

Sally Blakemore é uma autora de pop-ups comerciais,

diretora da Arty Projects Studio, Ltd. em Santa fé, New

Mexico. Ela já trabalhou com as seguintes editoras:

Simon & Schuster, Disney Press, Harper Collins,

Intervisual Books e White Heat, ltd.

Entrevista por e-mail

23 de novembro de 2009

Page 81: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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voCê Diz qUE AmA o mUNDo Do

PAPEL triDimENsioNAL DEsDE

1994. Como voCê sE iNtEssoU

Por EssE mUNDo?

Em 1979, eu deixei o departamento de

zoología da universidade do Texas, onde

eu era uma ilustradora científica. Eu

mudei para washington, DC e conheci

meu terceiro marido 3 meses depois da

mudança.

Nós fomos apresentados por minha

colega de apartamento na faculdade

que era, na época, editora na Iowa Press.

Rusty trabalhava na Library of Congress

como tradutor russo. Em nosso primeiro

encontro, ele me levou para ver a bíblia

de Gutenberg que fica na Library of

Congress e nós fomos e uma fabulosa

livraria. Eu encontrei o livro de Tor

Lokvig e Jim Diaz, The Haunted House

de Jan Pienkowski, e comprei 20 cópias.

Eu desmontei e reconstrui algumas

para entender como a engenharia

funcionava. Eu nunca havia visto um

livro pop-up antes disso. quando eu era

criança, em ft. worth, Texas, eu tinha

apenas Golden Books. Nós eramos uma

família pobre e não podiamos comprar

livros infantis luxuosos.

Eu já havia trabalhado com impressos

e publicidade em Nova Iorque, na New

York Magazine e também já havia

ilustrado para designers de livro.

quando nos mudamos para Santa fé,

eu era diretora de arte e ilustradora da

John Muir Publications.

quando saí da John Muir que eu

descobri que Jim Diaz tinha levado a

White Heat. Ltd para Santa fé.

Eu bati na porta da empresa e virei

diretora de arte e montadora de livros

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inovadores e aprendi diretamente de

Jim, como meu mentor. Indiretamente,

através da verificação de imprensas

internacionais e supervisionar o

departamento de arte, eu aprendi como

o negócio funcionava em apenas um

ano e meio. Também conheci Tor Lokvig

em 1994 e sua irmã Jytte (ela vive

em Glorieta, em um famoso campo de

batalha da Guerra Civil). Eu e ela somos

como irmãs agora e eu adorava o pai

de Tor, Gaston, que trabalhava com

papel pela diversão, fazendo flores de

guardanapos para entreter suas crianças

durante o jantar, na Dinamarca.

voCê ACHA qUE CriAr ELEmENtos

triDimENsioNAis Em Um Livro

PoDE trANsformAr A PErCEPção

Do LEitor?

Eu tenho dislexia e sinestesia. Essas

são deficiências que interferem com a

transmissão de texto pelos olhos para

o cérebro. Muitas pessoas criativas tem

essas condições. quando criança, eu

era castigada por não ser capaz de ler, e

chamada de “estupida.” Eu encontrava

conforto em quartos escuros. Eu

descobri que ler no escuro diminuia a

brincadeira de cores criadas pelo texto

preto na página branca.

Eu fui colocada em uma classe de leitura

para “retardados” quando tinha 9 anos

e era excruciante tentar entender a

leitura. Mas eu adorava livros e tudo

que era impresso. quadrinhos, livros de

imagens e até a Biblia de king james,

que mostrava as palavras de jesus em

vermelho na página, que pareciam

quebrar a cor para que eu pudesse ler

com menos dificuldade. Para mim, a

mágica que é encontrada nas capas

de livros, seja ela palavras, illustração

ou arte móvel tridimensional, é a

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fascinação primária ao abrir um livro.

quando uma criança abre um livro

que salta, cria ambientes e mundos

tridimensionais, ela se torna viva. Elas

são imediatamente levadas para uma

fantasia de illusão e maravilha. Minha

função principal é criar qualquer mágica

para uma mentes jovens e velhas. O

lema da Arty Projects Studio, Ltd.

é “manter o espírito infantil vivo.”

Embora video games de fantasia

sejam fascinantes, a mágica de um

livro animado com esculturas cria um

mundo de animação na mente. Se um

ser humano pode segurar um mundo em

suas mãos, fechar o mundo e colocá-

lo em uma estante para ser revisitado

depois, o objeto cria um espaço privado

de um mundo incrível, tátil e interativo.

Eu gosto de fazer livros com espaços

pequenos de texto, para crianças que

tem deficiências de aprendizado possam

receber informações em pequenas

doses.

Como é o sEU ProCEsso CriAtivo

qUANDo voCê CriA Um DE sEUs

Livros? E, sE voCê CoNsEgUir

EsCoLHEr Um, qUAL é o sEU

fAvorito?

Eu gosto de criar livros que tem um

conceito pesado. O que eu quero dizer

é que eles não são conduzidos apenas

pela história, mas também pelo ritmo

do design de papel, que envolve o leitor.

Eu gosto de utilizar a frente e o verso

das peças de pop-up para criar um novo

ambiente visual dentro das páginas.

Eu crio um conceito e um storyboard

para mostrar o fluxo das peças e dar

o ritmo da história através de abas,

dioramas, pop-ups, e uma variedade de

combinações da engenharia de papel.

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Eu recebo uma história, se acredito que

ela seria um bom design inovador, crio

um storyboard para o ilustrador, peço

que eles desenvolvam alguns rascunhos

para que eu possa trabalhar no design

tridimensional. Como em Circus: a

Pop-up Adventure que eu criei para

Simon and Schuster, eu vi as ilustrações

de Meg Davenport antes. Ela adorava a

idéia de design de papel e um tema de

circo. Nós fizemos um brainstorm, junto

com dois outros parceiros, e escrevemos

o storyboard.

Em alguns casos eu tenho um conceito,

como um livro que contém elementos

que aparecem e desaparecem e

escrevem a história, ou desenvolvido

especificamente para determinada

estrutura de papel. Eu amo Aesop’s

Fables que criei com Eileen Banashek

para o The Getty Museum de arte

selvagem e design moderno. Circus:

a Pop-Up Adventure é um de meus

favoritos, devido a arte e história. Para a

Disney Press, eu criei um pequeno gift

box no verso do livro Pooh’s Christmas

Box que continha toda uma festa na

parte de dentro. Era um bom elemento

para um livro não muito caro. O NASCAR

Pop-up Guide to the Sport, 2009, é um

livro excitante em que as ilustrações

digitais de Doug Chezem realmente

trouxeram à vida o dia que passei nas

corridas em Phoenix.

quando é necessário lidar com a

manufatura e quem publica, o primeiro

objetivo é atingir o orçamento de

varejo da editora. Então, ser criativo

e ser criativo na manufatura são duas

dinâmicas diferentes de nosso trabalho.

O primeiro é a criação divertida e livre

enquanto o outro é trabalho duro,

fazendo papel caber em uma folha

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85

gráfica e desenhar para que a história

flua e a fábrica de montagem possa

fazer o livro “funcionar” para o público

alvo.

Como os PArqUEs gráfiCos

fUNCioNAm NA CHiNA E

tAiLâNDiA?

Eu supervisionei impressões na

Colômbia, Equador, Tailândia, China,

Hong kong, Singapura e Malásia. Embora

eu não fale essas línguas, existe um

entedimento comum na linguagem da

impressão e da engenharia de papel.

Nos comunicamos através de dobras,

trabalhando em conjunto com nossas

mãos como um guia de comunicação. É

muito divertido e recompensador criar

relações com pessoas de todas essas

cultura. Assim que eu completo uma

composição, cortada e montada à mão,

eu envio para a fábrica. Eles fazem um

alinhamento de todas as peças e um kit

de peças é feito para que o ilustrador

possa trabalhar sobre. O alinhamento é

um grande quebra-cabeça com todas as

páginas e peças em uma folha de 101,6

cm x 71,12 cm.

No caso de existirem módulos de som

ou luz, esses serão desenvolvidos

na fábrica, apenas devemos enviar

o som masterizado. Meu irmão, Paul

Blakemore, um engenheiro do som da

Concord Recording, cria arquivos de

som desse tipo. Assim que a fábrica

fecha o preço da composição, nós

sabemos se podemos realizar o projeto

pela quantidade de dinheiro que a

editora quer gastar. Se o valor não está

dentro do orçamento, então temos

que cortar partes de papel do projeto;

modificar as mecânicas para simplificar

a montagem e durabilidade; nós

redesenhamos e cortamos os custos dos

recursos extras como lenticulars (folhas

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brilhantes, holográficas e adesivas),

lâminados interessantes com textura

ou glitter; portanto, removemos esses

extras ou modificamos a manufatura. É

um processo que dura um ano, as vezes

até dois, para completar.

A fábrica recebe todos os meus arquivos

de arte em alta resolução através do

fTP ou por discos. quando temos nosso

design final, eles imprimem uma prova

do livro. Eles fazem uma cópia impressa

em plotter de verificação das facas.

Se o autor e o editor aprovam, então

os fotolitos são feitos. Eu costumo

viajar para encontrar com os grupos

de estudos preliminares, normalmente

um grupo de 14 mulheres que irão

aprender a montagem e, então, ensinar

mais de 2000 outros em uma das

várias tarefas na linha da montagem.

Eu fiquei em uma fábrica por um

mês, morando nas acomodações para

trabalhadores. Trabalhei diretamente

com algumas garotas chinesas

incríveis, talentosíssimas em dobrar

papel. As fábricas eram enormes e os

trabalhadores tinham de 16 a 24 anos.

Alguns dos 4,000 trabalhadores que

moram lá durante o ano se alimentam

nas praças de alimentação das fábricas,

possuem moradia e são levados em

viagens culturais de curta duração como

parte de seu pagamento. Os salários

são pequenos, mas a cultura serve

de incentivo para os trabalhadores. É

realmente uma indústria incrível.

Não podemos fazer esse trabalho na

América pois a maioria dos americanos

não tem coordenação motora ou visual e

exigem salários inflacionados. Portanto,

não poderíamos produzir esses tipos de

livros.

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87

produtos

Não foi realizada uma análise de produtos congêneres, mas sim uma observação de

alguns livros pop-ups inspiradores para a criação do produto final

Os livros Alice’s Aventure in Wonderland e The Chronicles of Narnia de Robert

Sabuda e Enciclopédia Pré-Histórica de Robert Sabuda com Matthew Reinhart são

livros muito similares em estilo por serem do mesmo autor. As ilustrações são bem

desenvolvidas e os pop-ups complexos. O Pequeno Príncipe publicado no Brasil pela

editora Agir, possuí estruturas simples, porém combinam com o estilo das ilustrações

de Antoine de Saint-Exupéry. Wall-E Saves The Day da Disney é um dos livros

com estruturas mais simples, e voltado para o público infantil. The Pop-Up Book of

Phobias de Gary Greenberg, ABC3d de Marion Bataille e The Art of Paper Folding for

Pop-Up de Miyuki Yoshida são alguns dos livros para o público jovem e adulto.

Até o presente momento, a pesquisa encontrou apenas um

outro livro pop-up no qual o tema é os Beatles. O livro foi

lançado em 1985: The Beatles, a story. Através de ilustrações,

ele mostra em pop-ups todas as eras importantes dos Beatles.

No entanto, não foi encontrada uma cópia para análise.

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análise e síntese

EssEs Não são Livros, bLoCos DE PAPEL sEm viDA, mAs mENtEs vivAs NAs EstANtEs.gilbert Highet

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A partir da pesquisa de campo, foi constatado a falta de livros pop-ups dedicados a

o público jovem e adulto. Não significa que esses títulos não existam no mercado,

mas eles se perdem no meio de tantos títulos infantis. Também foi possível descobrir

com a pesquisa quais são os nomes mais conhecidos da engenharia de papel —

eles publicam vários títulos, que são sempre os mais procurados nas livrarias. As

entrevistas com as autoras que trabalham no mercado foi muito esclarecedora.

A parte pessoal sobre a criação de projetos é interessante, porém os aspectos

técnicos são ainda mais, já que são informações não encontradas durante a pesquisa

em nenhuma outra fonte. foi importante estudar vários livros pop-up, que abordam

os mais diferentes assuntos e públicos, para que a inspiração pudesse ficar na hora de

desenvolver o projeto final.

O professor Gilbert Highet disse a frase ao lado sobre a sua própria obra, porém ela

pode ser aplicada a qualquer livro que tenha um projeto gráfico diferenciado.

O livro que tem a preocupação com a engenharia de papel é capaz de criar um mundo

completo em que o leitor pode desviar sua atenção por quanto tempo desejar. O livro

é um mundo vivo, esperando na estante para ser descoberto.

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conceituação

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painel semântico da linguagem

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painel semântico do projeto

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texto

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imagem

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o conceito

lem.bran.çaato ou efeito de lembrarmemóriarecordação que a memória conserva por certo tempopresente

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A partir do primeiro painel semântico, sobre a linguagem, foi possível definir imagens

e palavras que definem o estilo que a autora busca para o projeto no quesito da

ilustração: delicadeza, felicidade, nostalgia, fantasia. foi possível definir algumas

cores iniciais, que não eram as corretas para o projeto. Com o auxílio de um segundo

painel semântico, sobre o tema escolhido para ser abordado no livro, foi possível

aprimorar e adequar as cores ao projeto. Partindo desses primeiros estudos, foi

possível chegar a uma única palavra que resumisse o conceito: lembrança.

O conceito deste projeto é a lembrança. Através da criação de um artist book — um

livro objeto autoral — de edição limitada (apenas 5 edições na primeira tiragem), a

autora busca apresentar uma visão pessoal sobre o tema escolhido e criar um produto

artístico exclusivo. A afinidade com o tema vem do passado, da família, da recordação.

Todas as ilustrações foram desenvolvidas a partir das músicas dos Beatles, que

remetem a lembrança da própria autora, e deverão remeter também a vida de muitos

dos futuros leitores do produto. A banda dispensa apresentações formais, por serem

uma das maiores influências da música de todos os tempos.

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o livro do clube dos corações solitários do sargento pimenta

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estudos preliminares

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cores

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linguagem gráfica

Como referência de linguagem gráfica, para este projeto, foram escolhidos três

ilustradores: Gemma Correll e Anke Wekmann, duas ilustradoras freelancers de

londres e Marc Johns, um ilustrador canadense, de traço simples e humorístico.

Os ilustradores tem em comum seu traço aparentemente infantil, porém seus

desenhos transmitem maturidade. Crianças podem se identificar, no entanto esses

desenhos não foram feitos especificamente para esse público. A mensagem é melhor

entendida por destinatários jovens e adultos.

Tais caracteristicas enquadram-se perfeitamente no objetivo do livro, uma vez que

trata-se de um tema que abrange um público jovem e adulto, que busca a nostalgia.

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gemmacorrell

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marc johns

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anke wekmann

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roteiro

all you need is lovestrawberry fields foreveryellow submarinethe fool on a hillthe long and winding roadeleanor rigbynowhere manblackbirdhey judelucy in the sky with diamondssgt. pepper’s lonely heart club band

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O roteiro foi desenvolvido a partir da escolha pessoal de uma lista com mais de 30

músicas. Como o projeto seria autoral, era necessário que as músicas transmitissem

algum sentimento à autora, para facilitar na hora da interpretação ilustrativa de cada

uma. No entanto, também era necessário avaliar o potencial de cada música como

um pop-up, quais delas funcionariam e quais não funcionariam. As músicas que

contavam uma história ou descreviam um personagem eram mais propícias para esse

desenvolvimento. Enquanto músicas muito abstratas seriam difíceis de interpretar

corretamente.

logo, a lista de 30 músicas foi reduzida a 11. Não foi seguido nenhum critério

com relação a qual album pertenciam as músicas, ou as datas específicas em que

elas foram lançadas. A idéia foi criar uma progressão natural entre as músicas e as

ilustrações, através dos personagens, das estruturas de papel e das cores utilizadas.

Para facilitar a criação e composição de cada “cena” foi criado um colorscript — uma

paleta de cores para cada música, mostrando as cores principais a serem utilizadas

nas respectivas ilustrações. foi importante que as cores também fluissem de uma

página a outra, criando harmonia entre as músicas e a narrativa do livro.

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all you need is love

Page 119: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

LovE, LovE, LovE. LovE, LovE, LovE. LovE, LovE, LovE. tHErE’s

NotHiNg YoU CAN Do tHAt CAN’t bE DoNE. NotHiNg YoU CAN

siNg tHAt CAN’t bE sUNg. NotHiNg YoU CAN sAY bUt YoU CAN

LEArN How to PLAY tHE gAmE. it ’s EAsY. NotHiNg YoU CAN

mAkE tHAt CAN’t bE mADE. No oNE YoU CAN sAvE tHAt CAN’t

bE sAvED. NotHiNg YoU CAN Do, bUt YoU CAN LEArN How

to bE YoU iN timE. it ’s EAsY. ALL YoU NEED is LovE. ALL YoU

NEED is LovE. ALL YoU NEED is LovE, LovE. LovE is ALL YoU

NEED. ALL YoU NEED is LovE. ALL YoU NEED is LovE. ALL YoU

NEED is LovE, LovE. LovE is ALL YoU NEED. tHErE’s NotHiNg

YoU CAN kNow tHAt isN’t kNowN. NotHiNg YoU CAN sEE tHAt

isN’t sHowN. NowHErE YoU CAN bE tHAt isN’t wHErE YoU’rE

mEANt to bE. it ’s EAsY. ALL YoU NEED is LovE. ALL YoU NEED

is LovE. ALL YoU NEED is LovE, LovE. LovE is ALL YoU NEED.

ALL YoU NEED is LovE. ALL YoU NEED is LovE. ALL YoU NEED is

LovE, LovE. LovE is ALL YoU NEED. LovE is ALL YoU NEED. LovE

is ALL YoU NEED. LovE is ALL YoU NEED. LovE is ALL YoU NEED.

LovE is ALL YoU NEED. . .

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Page 120: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

120

strawberry fields forever

Page 121: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

LEt mE tAkE YoU DowN, ‘CAUsE i ’m goiNg to strAwbErrY

fiELDs. NotHiNg is rEAL, AND NotHiNg to gEt HUNg AboUt.

strAwbErrY fiELDs forEvEr. LiviNg is EAsY witH EYEs CLosED,

misUNDErstANDiNg ALL YoU sEE. it ’s gEttiNg HArD to bE

somEoNE, bUt it ALL works oUt; it DoEsN’t mAttEr mUCH to

mE. LEt mE tAkE YoU DowN, `CAUsE i ’m goiNg to strAwbErrY

fiELDs. NotHiNg is rEAL, AND NotHiNg to gEt HUNg AboUt.

strAwbErrY fiELDs forEvEr. No oNE i tHiNk is iN mY trEE, i

mEAN, it mUst bE HigH or Low. tHAt is , YoU CAN’t, YoU kNow,

tUNE iN, bUt it ’s ALL rigHt. tHAt is , i tHiNk it ’s Not too bAD.

strAwbErrY fiELDs forEvEr. LEt mE tAkE YoU DowN, ‘CAUsE

i ’m goiNg to strAwbErrY fiELDs. NotHiNg is rEAL, AND

NotHiNg to gEt HUNg AboUt. strAwbErrY fiELDs forEvEr.

LiviNg is EAsY witH EYEs CLosED, misUNDErstANDiNg ALL

YoU sEE. it ’s gEttiNg HArD to bE somEoNE, bUt it ALL works

oUt; it DoEsN’t mAttEr mUCH to mE. LEt mE tAkE YoU DowN,

‘CAUsE i ’m goiNg to strAwbErrY fiELDs. NotHiNg is rEAL, AND

NotHiNg to gEt HUNg AboUt. strAwbErrY fiELDs forEvEr.

ALwAYs kNow, somEtimEs tHiNk it ’s mE. bUt YoU kNow, i

kNow wHEN it ’s A DrEAm. i tHiNk A “No,” i mEAN A “YEs,” bUt

it ’s ALL wroNg. tHAt is , i tHiNk i DisAgrEE. LEt mE tAkE YoU

DowN, ‘CAUsE i ’m goiNg to strAwbErrY fiELDs. NotHiNg is

rEAL,AND NotHiNg to gEt HUNg AboUt. strAwbErrY fiELDs

forEvEr. strAwbErrY fiELDs forEvEr, strAwbErrY fiELDs

forEvEr, strAwbErrY fiELDs forEvEr.

121

Page 122: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

122

yellow submarine

Page 123: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

iN tHE towN wHErE i wAs borN, LivED A mAN wHo sAiLED tHE

sEA. AND HE toLD Us of His LifE, iN tHE LAND of sUbmAriNEs

so wE sAiLED oN to tHE sUN, tiLL wE foUND tHE sEA of

grEEN, AND wE LivED bENEAtH tHE wAvEs, iN oUr YELLow

sUbmAriNE. wE ALL LivE iN A YELLow sUbmAriNE, YELLow

sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE, wE ALL LivE iN A YELLow

sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE, AND

oUr friENDs ArE ALL AboArD, mANY morE of tHEm LivE NExt

Door, AND tHE bAND bEgiNs to PLAY. wE ALL LivE iN A YELLow

sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE, wE ALL

LivE iN A YELLow sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE, YELLow

sUbmAriNE, As wE LivE A LifE of EAsE, Ev’rYoNE of Us HAs

ALL wE NEED, skY of bLUE AND sEA of grEEN, iN oUr YELLow

sUbmAriNE. wE ALL LivE iN A YELLow sUbmAriNE, YELLow

sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE, wE ALL LivE iN A YELLow

sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE, YELLow sUbmAriNE.

123

Page 124: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

124

the fool on the hill

Page 125: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

DAY AftEr DAY, ALoNE oN A HiLL, tHE mAN witH tHE fooLisH

griN is kEEPiNg PErfECtLY stiLL. bUt NoboDY wANts to kNow

Him, tHEY CAN sEE tHAt HE's JUst A fooL. AND HE NEvEr givEs

AN ANswEr, bUt tHE fooL oN tHE HiLL sEEs tHE sUN goiNg

DowN, AND tHE EYEs iN His HEAD sEE tHE worLD sPiNNiNg

'roUND. wELL oN tHE wAY, HEAD iN A CLoUD, tHE mAN of A

tHoUsAND voiCEs tALkiNg PErfECtLY LoUD. bUt NoboDY

EvEr HEArs Him, or tHE soUND HE APPEArs to mAkE. AND HE

NEvEr sEEms to NotiCE, bUt tHE fooL oN tHE HiLL sEEs tHE

sUN goiNg DowN, AND tHE EYEs iN His HEAD sEE tHE worLD

sPiNNiNg 'roUND. NoboDY sEEms to LikE Him, tHEY CAN tELL

wHAt HE wANts to Do, AND HE NEvEr sHows His fEELiNgs,

bUt tHE fooL oN tHE HiLL sEEs tHE sUN goiNg DowN, AND

tHE EYEs iN His HEAD sEE tHE worLD sPiNNiNg 'roUND. HE

NEvEr ListENs to tHEm, HE kNows tHAt tHEY'rE tHE fooLs,

tHEY DoN't LikE Him. bUt tHE fooL oN tHE HiLL sEEs tHE

sUN goiNg DowN, AND tHE EYEs iN His HEAD sEE tHE worLD

sPiNNiNg 'roUND.

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Page 126: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

126

the long and winding road

Page 127: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

127

tHE LoNg AND wiNDiNg roAD tHAt LEADs to YoUr Door,

wiLL NEvEr DisAPPEAr, i ’vE sEEN tHAt roAD bEforE it ALwAYs

LEADs mE HErE, LEAD mE to YoUr Door. tHE wiLD AND wiNDY

NigHt tHAt tHE rAiN wAsHED AwAY, HAs LEft A PooL of

tEArs CrYiNg for tHE DAY. wHY LEAvE mE stANDiNg HErE, LEt

mE kNow tHE wAY. mANY timEs i ’vE bEEN ALoNE AND mANY

timEs i ’vE CriED, ANYwAY YoU’vE ALwAYs kNowN tHE mANY

wAYs i ’vE triED, bUt stiLL tHEY LEAD mE bACk to tHE LoNg,

wiNDiNg roAD, YoU LEft mE wAitiNg HErE A LoNg, LoNg timE

Ago. DoN’t LEAvE mE stANDiNg HErE, LEAD mE to YoUr Door.

DA DA, DA DA. . .

Page 128: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

128

eleanor rigby

Page 129: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

AH, Look At ALL tHE LoNELY PEoPLE! AH, Look At ALL tHE

LoNELY PEoPLE! ELEANor rigbY PiCks UP tHE riCE iN tHE

CHUrCH wHErE A wEDDiNg HAs bEEN, LivEs iN A DrEAm. wAits

At tHE wiNDow, wEAriNg tHE fACE tHAt sHE kEEPs iN A JAr

bY tHE Door, wHo is it for? ALL tHE LoNELY PEoPLE, wHErE

Do tHEY ALL ComE from? ALL tHE LoNELY PEoPLE, wHErE Do

tHEY ALL bELoNg? fAtHEr mCkENziE writiNg tHE worDs of A

sErmoN tHAt No oNE wiLL HEAr, No oNE ComEs NEAr. Look At

Him workiNg, DArNiNg His soCks iN tHE NigHt wHEN tHErE’s

NoboDY tHErE, wHAt DoEs HE CArE? ALL tHE LoNELY PEoPLE,

wHErE Do tHEY ALL ComE from? ALL tHE LoNELY PEoPLE,

wHErE Do tHEY ALL bELoNg? AH, Look At ALL tHE LoNELY

PEoPLE! AH, Look At ALL tHE LoNELY PEoPLE! ELEANor rigbY,

DiED iN tHE CHUrCH AND wAs bUriED ALoNg witH HEr NAmE,

NoboDY CAmE. fAtHEr mCkENziE, wiPiNg tHE Dirt from His

HANDs As HE wALks from tHE grAvE, No oNE wAs sAvED. ALL

tHE LoNELY PEoPLE, wHErE Do tHEY ALL ComE from? ALL tHE

LoNELY PEoPLE, wHErE Do tHEY ALL bELoNg?

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Page 130: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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nowhere man

Page 131: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

131

HE’s A rEAL NowHErE mAN, sittiNg iN His NowHErE LAND,

mAkiNg ALL His NowHErE PLANs for NoboDY. DoEsN’t HAvE A

PoiNt of viEw, kNows Not wHErE HE’s goiNg to, isN’t HE A

bit LikE YoU AND mE? NowHErE mAN PLEAsE ListEN, YoU DoN’t

kNow wHAt YoU’rE missiNg, NowHErE mAN, tHE worLD is At

YoUr CommAND. LA, LA, LA, LA, HE’s As bLiND As HE CAN bE,

JUst sEEs wHAt HE wANts to sEE, NowHErE mAN CAN YoU

sEE mE At ALL? NowHErE mAN DoN’t worrY, tAkE YoUr timE,

DoN’t HUrrY, LEAvE it ALL tiLL somEboDY ELsE, LENDs YoU

A HAND. DoEsN’t HAvE A PoiNt of viEw, kNows Not wHErE

HE’s goiNg to, isN’t HE A bit LikE YoU AND mE? NowHErE

mAN PLEAsE ListEN, YoU DoN’t kNow wHAt YoU’rE missiNg,

NowHErE mAN, tHE worLD is At YoUr CommAND. LA, LA, LA,

LA, HE’s A rEAL NowHErE mAN, sittiNg iN His NowHErE LAND,

mAkiNg ALL His NowHErE PLANs for NoboDY. mAkiNg ALL

His NowHErE PLANs for NoboDY. mAkiNg ALL His NowHErE

PLANs for NoboDY.

Page 132: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

132

blackbird

Page 133: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

bLACkbirD siNgiNg iN tHE DEAD of NigHt, tAkE tHEsE brokEN

wiNgs AND LEArN to fLY. ALL YoUr LifE, YoU wErE oNLY

wAitiNg for tHE momENt to ArisE. bLACkbirD siNgiNg iN tHE

DEAD of NigHt, tAkE tHEsE sUNkEN EYEs AND LEArN to sEE.

ALL YoUr LifE, YoU wErE oNLY wAitiNg for tHE momENt to

bE frEE. bLACk birD fLY, bLACk birD fLY iNto tHE LigHt of

tHE DArk bLACk NigHt. bLACk birD fLY, bLACk birD fLY iNto

tHE LigHt of tHE DArk bLACk NigHt. bLACkbirD siNgiNg iN

tHE DEAD of NigHt tAkE tHEsE brokEN wiNgs AND LEArN to

fLY.ALL YoUr LifE YoU wErE oNLY wAitiNg for tHis momENt

to ArisE. YoU wErE oNLY wAitiNg for tHis momENt to ArisE.

YoU wErE oNLY wAitiNg for tHis momENt to ArisE.

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Page 134: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

134

hey jude

Page 135: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

HEY JUDE, DoN’t mAkE it bAD, tAkE A sAD soNg AND mAkE it

bEttEr. rEmEmbEr to LEt HEr iNto YoUr HEArt, tHEN YoU

CAN stArt to mAkE it bEttEr. JUDE, DoN’t bE AfrAiD, YoU

wErE mADE to go oUt AND gEt HEr. tHE miNUtE YoU LEt

HEr UNDEr YoUr skiN, tHEN YoU bEgiN to mAkE it bEttEr.

AND ANYtimE YoU fEEL tHE PAiN, HEY JUDE, rEfrAiN, DoN’t

CArrY tHE worLD UPoN YoUr sHoULDEr. for wELL, YoU

kNow tHAt it ’s A fooL wHo PLAYs it CooL bY mAkiNg His

worLD A LittLE CoLDEr. NA, NA, NA, NA, NA NA, NA, NA. NA.

HEY JUDE, DoN’t LEt mE DowN. YoU HAvE foUND HEr, Now

go AND gEt HEr. rEmEmbEr to LEt HEr iNto YoUr HEArt,

tHEN YoU CAN stArt to mAkE it bEttEr. so LEt it oUt AND

LEt it iN, HEY JUDE, bEgiN, YoU’rE wAitiNg for somEoNE

to PErform witH. AND DoN’t YoU kNow tHAt it ’s JUst

YoU? HEY JUDE, YoU’LL Do, tHE movEmENt YoU NEED is

oN YoUr sHoULDEr. NA, NA, NA, NA, NA NA, NA, NA. NA. HEY

JUDE, DoN’t mAkE it bAD, tAkE A sAD soNg AND mAkE it

bEttEr. rEmEmbEr to LEt HEr UNDEr YoUr skiN, tHEN YoU

bEgiN to mAkE it bEttEr, bEttEr, bEttEr, bEttEr, bEttEr,

bEttEr, oH! NA, NA, NA, NA, NA, NA, NA, NA, NA, NA, NA, NA,

HEY, JUDE.

135

Page 136: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

136

lucy in the sky with diamonds

Page 137: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

137

PiCtUrE YoUrsELf iN A boAt oN A rivEr, witH tANgEriNE trEEs

AND mArmALADE skiEs. somEboDY CALLs YoU, YoU ANswEr

qUitE sLowLY, A girL witH kALEiDosCoPE EYEs. CELLoPHANE

fLowErs of YELLow AND grEEN, towEriNg ovEr YoUr HEAD.

Look for tHE girL witH tHE sUN iN HEr EYEs, AND sHE’s

goNE. LUCY iN tHE skY witH DiAmoNDs, LUCY iN tHE skY witH

DiAmoNDs, LUCY iN tHE skY witH DiAmoNDs, AH. foLLow HEr

DowN to A briDgE bY A foUNtAiN, wHErE roCkiNg HorsE

PEoPLE EAt mArsHmALLow PiEs. Ev’rYoNE smiLEs As YoU

Drift PAst tHE fLowErs, tHAt grow so iNCrEDibLY HigH.

NEwsPAPEr tAxis APPEAr oN tHE sHorE, wAitiNg to tAkE YoU

AwAY. CLimb iN tHE bACk witH YoUr HEAD iN tHE CLoUDs, AND

YoU’rE goNE. LUCY iN tHE skY witH DiAmoNDs, LUCY iN tHE

skY witH DiAmoNDs, LUCY iN tHE skY witH DiAmoNDs, AH.

PiCtUrE YoUrsELf oN A trAiN iN A stAtioN, witH PLAstiCiNE

PortErs witH LookiNg gLAss tiEs. sUDDENLY somEoNE is

tHErE At tHE tUrNstiLE, tHE girL witH kALEiDosCoPE EYEs.

LUCY iN tHE skY witH DiAmoNDs, LUCY iN tHE skY witH

DiAmoNDs, LUCY iN tHE skY witH DiAmoNDs, AH.

Page 138: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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sgt. pepper’s lonely heart club band

Page 139: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

it wAs twENtY YEArs Ago toDAY, sErgEANt PEPPEr tAUgHt tHE

bAND to PLAY. tHEY’vE bEEN goiNg iN AND oUt of stYLE, bUt

tHEY’rE gUArANtEED to rAisE A smiLE. so mAY i iNtroDUCE to

YoU tHE ACt YoU’vE kNowN for ALL tHEsE YEArs? sErgEANt

PEPPEr’s LoNELY HEArts CLUb bAND. wE’rE sErgEANt PEPPEr’s

LoNELY HEArts CLUb bAND, wE HoPE YoU wiLL ENJoY tHE

sHow, wE’rE sErgEANt PEPPEr’s LoNELY HEArts CLUb bAND,

sit bACk AND LEt tHE EvENiNg go. sErgEANt PEPPEr’s LoNELY,

sgt. PEPPEr’s LoNELY, sErgEANt PEPPEr’s LoNELY HEArts CLUb

bAND. it ’s woNDErfUL to bE HErE. it ’s CErtAiNLY A tHriLL.

YoU’rE sUCH A LovELY AUDiENCE, wE’D LikE to tAkE YoU HomE

witH Us. wE’D LovE to tAkE YoU HomE. i DoN’t rEALLY wANt

to stoP tHE sHow, bUt i tHoUgHt YoU migHt LikE to kNow

tHAt tHE siNgEr’s goNNA siNg A soNg AND HE wANts YoU ALL

to siNg ALoNg. so LEt mE iNtroDUCE to YoU, tHE oNE AND

oNLY biLLY sHEArs, AND sErgEANt PEPPEr’s LoNELY HEArts

CLUb bAND, YEAH.

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Page 140: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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tipografia

hvd rowdyaller aller lightPara representar as letras das músicas e fazer parte do projeto foram escolhidas

duas tipografias distintas. A tipografia HVD Rowdy, da HVD Fonts, foi escolhida por

sua característica desconjuntada. Na maioria das vezes é utilizada nas músicas mais

psicodélicas, seu alinhamento depende das ilustrações na página e o tamanho dos

caracteres variam entre si. Aparece, às vezes, em pequenas frases quando utilizada

com a Aller. Também foi a tipografia escolhida para representar o título do livro, e

as páginas com os títulos de cada música. A tipografia Aller e sua variação light, da

Dalton Maag Ltd, são utilizadas nas letras das músicas em que existe a necessidade

de clareza na interpretação. O corpo da letra varia de 11pt à 24pt, dependendo de

como a tipografia é aplicada na página. É normalmente alinhada a esquerda, com

grande espaçamento entre linhas. As duas tipografias funcionam bem, em conjunto

ou separadamente e ambas estão de acordo com a linguagem gráfica do projeto.

Page 141: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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títulos

O título do livro, O Livro do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta,

é uma brincadeira com o título da música dos Beatles que encerra o projeto: Sgt.

Pepper’s Lonely Heart Club Band. Como trata-se de um livro em que todas as músicas

fazem parte do repertório dessa banda fictícia em pop-up, a palavra “livro” substitui a

palavra “banda” na tradução para o português.

Seguindo essa idéia, todos os nomes das músicas que aparecem nas páginas antes

de cada pop-up também foram traduzidas de maneira similar, e sempre aparecem

acompanhados de um símbolo da música.

Page 142: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Page 143: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Page 144: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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formas

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Page 146: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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personagens

Os personagens principais foram desenvolvidos a partir da narrativa das músicas.

Acima: a menina que representa o Amor em All You Need Is Love, o Marinheiro de

Yellow Submarine, O Louco de The Fool on the Hill, Eleanor de Eleanor Rigby, Zé

Ninguém de Nowhere Man, Melro de Blackbird. Ao lado: Jude de Hey Jude, Lucy de

Lucy in the Sky with Diamonds, e os quatro Beatles, Paul, John, Ringo e George.

Page 147: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Apenas duas músicas do roteiro não precisaram de personagens principais,

Strawberry Fields Forever e The Long and Winding Road. Na página seguinte, os Beatles

como Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band.

Page 148: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Page 149: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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composições e cenários

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all you need is love

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strawberry fields forever

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yellow submarine

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fool on the hill

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the long and winding road

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eleanor rigby

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nowhere man

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blackbird

Page 159: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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hey jude

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lucy in the sky with diamonds

Page 161: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Page 162: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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sgt. pepper’s lonely heart club band

Page 163: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Page 164: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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definições projetuais

capa títuloall you need is

love

fool on the hill

the long and winding

road

yellowsubmarine

eleanor rigby

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árvore do projeto

sgt. pepper

blackbirdnowhere

man

hey jude lucy in the sky

contracapa

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produto final

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Page 168: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Page 169: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Page 170: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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tudo que você precisa é amor

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campos de morango para sempre

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Page 174: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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submarino amarelo

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Page 176: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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o louco na colina

Page 177: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Page 178: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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a longa e tortuosa estrada

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eleanor rigby

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Page 182: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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zé ninguém

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Page 184: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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melro

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Page 186: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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ei, jude

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Page 188: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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lucy no céu com diamantes

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Page 190: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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a banda do clube dos corações solitários do sargento pimenta

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193

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194

componentes

20.6

cm

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195

58 cm

sobrecapa

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196

capa

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197

ex libris

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198

detalhamento técnico

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199

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200

Sobrecapa

Impressão: Offset

Papel: Offset, Suzano, 180g/m2

Cores: 4x0

Acabamento: laminação BOPP brilhante

Capa

Impressão: Offset

Papel: Offset, Suzano, 180g/m2

Cores: 4x0

Acabamento: laminação BOPP brilhante

Guarda: Arjowiggins Skin lavender, 270g/m2

Miolo

Impressão: Offset

Papel: Offset, Suzano, 240g/m2

Cores: 4x0

produção gráfica

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201

aproveitamento de papel

96 cm

66 c

m

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202

peças

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203

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204

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205

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206

simulação do alinhamento de peças

96 cm

66 c

m

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207

simulação da faca de corte

96 cm

66 c

m

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208

aplicações

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209

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210

modelos

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bonecos

Ao lado: primeiro mock-up em tamanho reduzido (12 cm x 12 cm) e primeiro teste de

peças. Teste de capa vermelha com o logo em branco. Abaixo: segundo mock-up, em

tamanho real (19 cm x 19 cm) e peças ainda com erros. Teste de capa em tecido preto.

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212

Acima: terceiro mock-up, em tamanho real (19 cm x 19 cm), ainda com pequenos

erros nas peças. Teste de capa em papel lâminado. Ao lado: pré modelo, em tamanho

real (19 cm x 19 cm), já com sobrecapa. Detalhe lateral das páginas montadas.

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pré-modelo

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teste de usabilidade

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O livro é ergonomicamente correto. Todas as peças funcionam como deviam, cada

uma interpretando a sua música. Os usúarios que testaram o livro não encontraram

nenhum problema.

A maioria dos leitores não leu a letra das músicas em um primeiro momento. Pode-se

notar que fãs de Beatles, já familiares com as músicas tem a mesma atitude. A letra

passa a ser secundária para esse segmento do público. Porém, também existe uma

minoria que faz o processo inverso, começando pela letra e observando o pop-up

depois.

Algo interessante que foi percebido é que até leitores que conhecem

superficialmente a obra da banda, acabam cantarolando as músicas enquanto

observam o livro. Portanto, o livro atende ao público proposto e também é capaz de

cativar aqueles que não são fãs de Beatles através das ilustrações.

Page 216: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

216

bibliografia

Page 217: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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BArTON, Carol. The Pocket Paper Engineer, Volume 2: Platforms and Props. Glen

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IvES, rob. Paper Engineering & Pop-ups For Dummies. New jersey: for Dummies,

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jOHNSON, Paul. Pop-up Paper Engineering: Cross curricular Activities in Design

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livros

Page 218: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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Comunicadores

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web

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Anke Wekmann — página 115

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Danielle Moer — página 94/95

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Leo Burnet — página 52 http://www.thecoolhunter.net/article/detail/1199/

arcor-bubble-gum-ad

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Mia Nolting — página 94/95

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Pop-up Calendar — página 57, 58http://www.fubiz.net/2009/09/03/pop-up-calendar/

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Pop-up Mobile Office — página 53http://www.fubiz.net/2009/09/21/pop-up-mobile-

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Robert Sayer — página 28 http://theconveyor.wordpress.com/2008/05/27/

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World Treasures of the Library of Congress — página 27 http://www.loc.gov/exhibits/world/earth.html

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Trail — página 40 http://www.amazon.com/Trail-Poetry-Pop-Up-David-

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Yoshiyasu Nishikawa — página 27

http://www.flickr.com/photos/mitikusa/

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Puss in Boots — página 34 http://www.library.unt.edu/rarebooks/exhibits/

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Page 227: O livro do clube dos corações solitários do Sargento Pimenta

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considerações finais

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O Livro do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta foi, às vezes, um projeto árduo e

estressante. No entanto, acredito que o aprendizado que adquiri da engenharia de papel foi muito grande.

Muitos autores dos livros que compõem a bibliografia deste projeto falam que a técnica é essencial para a

resolução de problemas e depois de um ano imersa neste projeto, eu não poderia deixar de concordar.

Montado completamente a mão, para alcançar um resultado satisfatório no produto final, foram

necessários muitos testes. A compreensão da engenharia de papel é baseada na tentativa e erro. um

ângulo errado ou a cola que escapa do local correto podem estragar o pop-up rapidamente. É o que chamo

de “acidentes invisíveis”. Se tudo está dando certo, algo inesperado acontecerá. As vezes este era um

insight que viria por resolver o problema, outras vezes um erro que resultava numa página amassada.

A criação desse livro me deixou muito feliz. Descobri uma área do design que não sabia que existia,

aprendi muitas lições durante este ano todo e me apaixonei por esses maravilhosos livros e o efeito que

proporcionam as pessoas. Espero que, no futuro, possa expandir a minha coleção e idealizar um novo

projeto de pop-up, que gerem frutos tão maravilhosos quanto esse.

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