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O jornal dos alunos da Escola Balão Vermelho para você Julho/2012
Quatro décadas de uma escola “Viva”!Em continuação às comemorações dos 40 anos do Balão o
JB publica carta de pai de alunos que descreve o Balão como uma escola que continua fazendo a diferença.
Sintam-se mais uma vez convidados a fazer parte desta festa na página 03
Repórteres do Balão entrevistam Maria
Antonieta Cunha, Secretária Executiva do
PNLL (Plano Nacional do Livro e Leitura), que
faz uma “radiografia” da leitura no país.
Página 08
Os repórteres do JB investigaram como as
professoras do Balãozinho fazem para
responder as mais incríveis perguntas dos
pequenos.
Leia as páginas 04 e 05 e descubra.
Turma do quarto ano descobre como era a
diversão na época da colonização do Brasil e
reproduz em casa com as famílias. O
resultado? Até uma fábula contando a
experiência!
Está imperdível!Página 11
Como anda a Leitura no Brasil? Infância de Aprendizagens Sarau à moda antiga
Professoras responsáveis:Cláudia Siqueira e Rosvita Kolb.
Diagramação e Setor Gráfico : Marcelo de Oliveira
Direção Pedagógica:Iêda Maria Luz BritoMaria Elena Latalisa de SáMaria Elisabete Lobato
Expediente:Escola Balão Vermelho Av. Bandeirantes, 800 - [email protected] www.balaovermelho.com.br
Tel.: (31)3194.2400
Editora Chefe: Fernanda PimentaRJP: 12.400/MG
Tiragem: 1.000
Edição: Julho de 2012
Coordenação do Jornal Iêda Maria Luz Brito
Alunos : Ana Luisa Diniz,Ana Ribeiro,Anna Luiza
Albuquerque,Bárbara Bueno,Beatriz Dean, Bernardo
Gazinelli,Carolina Marques, Clara Marra, Daniel Bastos, David
Myssior, Felix Potter, Francisco Ferreira, Helena Soares, Isabela
Souza, João Antônio Viola, João Pedro Zarife, Júlia Pimentel,
Juliana Rodrigues, Laura Parreiras, Leo Galsgaard,Letícia
Albuquerque, Lucas Furtado, Luiza Azevedo, Maria Luísa
Tomich,Mariana Mendes, Paula Jacob, Pedro Cipriano, Pedro
Alkmim, Rachel Garzedin,Rafael Leão.
Agradecimentos: Beatriz Leite e Bárbara Coura
02 Editorial Página
Quando falamos de currículo, pensamos em um
programa, metas, objetivos definidos, estágios, etapas,
padrões, níveis, conteúdos, metodologias que estão
organizadas e que podem ser implantadas, de modo direto
sobre os alunos, ou seja, algo que está prescrito em um
documento e será cumprido. A Escola Balão Vermelho,
que assume o slogan: um mundo em transformação - uma
escola em movimento nos convida a entendermos o
currículo como algo que vai além de um documento.
Partimos da ideia de um “currículo rede”, algo que vai
sendo tecido, construído no cotidiano. São redes de
saberes e fazeres que envolvem toda a comunidade
escolar. Dessa forma, praticamos juntos e, de diferentes
modos, os múltiplos espaços e tempos da escola.
Acreditamos num currículo que é tecido no dia a dia da
escola, de algo que é real. Não vivenciamos um currículo
único, mas inúmeros currículos redes, os quais vão se
formando e se constituindo, onde cada participante
imprime sua marca, sua maneira de ser, de aprender e de
se relacionar com o outro. É nesse sentido que parafraseio
a diretora Iêda Brito “sempre temos um bolo, mas os
ingredientes são muito variados.”
Considerar o currículo dessa forma é colocar os alunos
como sujeitos, protagonistas de seu próprio processo de
aprendizagem. E nós, professores, assumimos o papel de
criar alunos arquitetos de tramas na busca do
conhecimento. Incentivamos nosso aluno a projetar, a se
lançar, a seguir adiante...
Organizamos um tempo flexível para construir as
propostas. Buscamos apurar a nossa escuta e o nosso
olhar para os alunos; permitimos que eles se lancem nas
suas curiosidades e dessa forma, alimentamos o desejo
de se envolverem com as questões problemas que eles
próprios se colocam. Eles buscam estabelecer relações,
por vezes de maneira incompleta e confusa, e aos poucos,
cada um elabora a sua própria lógica.
A teia começa a ser tecida através de uma notícia, de um
fato que o colega narrou, de uma observação que o
professor fez, de um pai que nos contou, de um livro que
chegou ou de uma história que se desenrolou...
Essa é uma escola em MOVIMENTO, cheia de
possibilidades e oportunidades. Teias coloridas que se
entrelaçam formando o que denominamos CURRÍCULO.
Algo além do que podemos ver e pegar, que atravessa o
concreto e o objetivo, algo que não conseguimos
apreender em sua totalidade, mas podemos sentir,
reinterpretar e viver intensamente.
Juliana Fenelon Coordenadora do Fundamental
A trama do Currículo
Ana Luiza Braga 10 anos
0340 anos do BalãoPágina
Cara Leninha,
Me tocaram algumas falas durante a reunião
de pais da turma do Antônio e por isso resolvi
escrever alguma coisa sobre isso. Penso que
são assuntos importantes, pois dizem
respeito à encruzilhada entre a educação das
crianças e a questão da diferença entre
autoridade e autoritarismo. De que maneira
o Balão, na figura de seus professores e todos
os demais funcionários, associados aos pais
dos alunos, pode exercer sua função de
modo a transmitir regras e conhecimentos,
preservando, ao mesmo tempo, a
singularidade de cada criança.
Leninha iniciou falando dos 40 anos da escola
e do nascimento da mesma nos anos 70,
durante o período da ditadura militar.
Contou de como o idealismo de algumas
jovens educadoras conseguiu manter e fazer
crescer, de uma maneira destoante do status
quo do ensino da época, um Balão com
menos de duas dezenas de alunos. Nesse
momento pude perceber a diferença entre o
tipo de ensino que pude escolher para meus
filhos e ao que tive acesso quando criança,
nesse período da história do Brasil. Fui um
"excelente" aluno. Lembro-me de todos em
fila, cantando o hino nacional e rezando a
Ave Maria. Era aplaudido por ser obediente e
seguir à risca o que era ensinado. Ia muito
bem nos exercícios de "siga a linha
pontilhada". E assim segui, com um ensino
dissociado da realidade histórica e política do
país e do mundo. Não havia espaço para a
conversação e construção de uma
autoridade respeitada, mas apenas para a
temida. Puro reflexo da época. O problema
apareceu quando era chamado a responder
de forma crítica e criativa às demandas do
outro, ao invés de apenas repetir e copiar.
Optei por alguns bons anos de psicanálise
para conseguir sair um pouco da linha.
Respirar! Para poder enxergar, como nos
mostra Antoine de Saint-Exupery em "O
Na primeira reunião de pais do Infantil, Leninha Latalisa falou da comemoração dos 40 anos da Escola Balão Vermelho e das “ditaduras” que vivemos. Em resposta, ela recebeu uma carta do pai de dois
alunos e o JB resolveu compartilhar com os leitores. Aproveitem!
autoritarismo continua de forma mais sutil e
destrutivo.
E o Balão continua fazendo a diferença,
oferecendo um ensino sustentado por uma
autoridade que consegue associar o desejo e
a lei, ou seja, transmitir regras e
conhecimentos levando em conta a
individualidade de cada criança, seu modo e
seu tempo para aprender. E isso só é possível
para uma Escola se esta , ao contrário do
imperativo , da "ditadura atual", aceitar
"não ser perfeita", e mantiver um espaço
para a conversação, como a reunião de pais e
outros espaços onde as diferenças podem ser
escutadas e discutidas. Assim não estaremos
produzindo uma massa homogênea para o
"mercado", ("eh, ôô vida de gado, povo
marcado, povo feliz”), mas sujeitos
singulares, aptos a se posicionar frente a este
mercado de forma crítica e criativa. Faço
votos para que o Balão continue neste
caminho.
Parabéns pelos 40 anos “vivos”.
Abril de 2012
Ivan Vitova JunqueiraPai da Ana Luisa Junqueira,
7º ano e do Antônio Junqueira, 2º período Infantil
Pequeno Príncipe", em vez de um chapéu,
uma jiboia que engoliu um elefante.
Emocionei-me ao constatar que quando eu
era criança havia um Balão que conseguiu
sustentar uma diferença num meio
homogeneizante, o da Ditadura Militar.
Manter a chama da criatividade e da
singularidade acesas. Como continua a fazer
até hoje.
Leninha, durante a reunião, nos lembrou
também que a ditadura hoje é outra, "a do
ter sempre mais", a do consumo. Uma
ditadura sem generais, insidiosa, acéfala,
sem limites. Contemporânea da queda dos
ideais, da Igreja, do Estado, do Exército, da
autoridade como um todo, inclusive a dos
pais. No lugar dos decaídos, um imperativo
de consumo, de estar sempre bem, sem
defeitos, sempre sorrindo, sem erros. Tudo
pode ser "resolvido" pelo consumo: de
conhecimento, de compras, de viagens, de
drogas (lícitas e ilícitas), etc, etc... Ponto em
comum entre as duas ditaduras: falta de
dialetização, de conversação e imposição de
um modo de vida homogeneizante e sem
pensamento, sem reflexão. Do excesso de
limites ao excesso do "sem limites". O
Anna Luiza BragaClara Marra
Helena Barros 10 anos
04 Infantil Página
Os repórteres do JB entrevistaram todas as professoras do
Infantil e descobriram como são realizados os projetos de
estudo das crianças menores. “Existem pesquisas que
fazemos em curto prazo e que são resolvidas
rapidamente, que não se tornam projeto, outras levam
mais tempo se caracterizando como projeto”, é o que conta
a professora Renata Vidal. Ela também explica que para
selecionar um projeto ou tema de estudo as professoras
utilizam diversas maneiras. Uma delas é estudar sobre o
interesse das crianças, ou estudar o que as professoras
propõem.
Ela fala também que seus alunos de seis anos gostam
muito de saber e entender sobre tudo o que acontece na
vida deles, sobre o que eles leem nos livros e revistas, na
rua, na televisão, nas conversas em família. “Eu percebo
ao longo das aulas que alguns assuntos são mais
frequentes como o espaço e os dinossauros'', cita Renata.
Já Cláudia Rocha, mais conhecida como Claudinha, conta
que uma pesquisa feita no Infantil destacou que nos
últimos anos os animais foram sempre o tema de estudo e
interesse dos alunos do Balãozinho.
E na sua turma deste ano, de um e dois anos, não poderia
ser diferente, pois estudam sobre os peixes e o fundo do
mar. Claudinha explica que o projeto ou estudo acontece a
partir do interesse da meninada. E, como eles são muito
pequenos, ela tem que observar o movimento deles. “Na
minha sala tem uma caixa de animais de brinquedo e, todo
dia as crianças pediam para pegar o peixe e o cavalo. Daí,
eu percebi o interesse das crianças pelos peixes, e
comecei a trazer imagens, depois mandei um informativo
do estudo para casa e nisso a mãe da aluna Laura Cabral
mandou um livro sobre o fundo do mar”, conta Claudinha. A
professora explica que a partir daí também levou imagens
de outros bichos marinhos, como o cavalo-marinho e a
baleia. A surpresa dela foi que muitas das crianças já
sabiam nomear e reconheciam os animais. E a pesquisa
continuou a todo vapor, ela mostrou vídeos na internet de
animais no fundo mar e as crianças adoraram ver aquelas
imagens em movimento na tela. “Uma família também
enviou um aquário com um peixe de verdade para morar
na sala e nós fizemos peixes de papelão e reproduzimos o
fundo do mar, feito de material reciclado, como garrafas
pets, na porta da sala”, comemora a professora. Cláudia
conta também que o projeto não vai parar por aí, pois
convidou a meninada da Nicole para montarem um
aquário de materiais reaproveitáveis junto com sua turma. Nicole Peixoto, professora da turma de dois anos, fala que
na sua turma não é diferente, pois o estudo acontece pela
demanda dos alunos e a observação da professora. “ Um
aluno trouxe um jornal com a notícia de um jogador de
futebol machucado, daí cada vez que algum colega se
machucava na sala, ele mostrava o jornal. E depois disso,
o futebol, os uniformes dos times, entre outros, virou tema
de estudo”, conta.
A professora das crianças de dois e três anos, Ana Cristina
Schiavo, diz que para realizar um projeto com a sua turma,
ela escuta as conversas dos alunos, as discussões e as
ideias. Depois de escutar tudo isto, eles fazem uma roda
de conversa para discutir sobre o assunto, como
aconteceu há pouco tempo. Ao ouvir os comentários que a
meninada fazia sobre as sementes na hora do lanche, eles
decidiram plantá-las na horta da escola do jeito que
sabiam, mas infelizmente as mudas não cresceram.
Diante disso, cada criança discutiu sobre o porquê deste
fenômeno acontecer. “Um aluno me disse que ele acha
que choveu demais e a planta não cresceu; o outro falou
que ela ainda vai crescer, mas que a “mudinha” estava tão
pequena que não a enxergávamos. E assim, diante de
todas as questões, visitamos a “feirinha” de hortaliças
realizada pelo Assentamento Pastorinhas, na frente do
Balão, e o atendente nos falou que tinha que colocar
esterco na terra e ver o prazo de validade das sementes,
coisa que a turma não fez, e, que com muita água, as
sementes morriam”, explica Ana Cristina. A professora
conta que ao analisar todas estas “dicas” de plantio,
organizou outra roda de conversa e enviou um informativo
para que os pais dos alunos acompanhassem o projeto.
“Agora, replantamos sementes novas e, desta vez, vamos
ver se nasce alguma coisa”, espera a professora.
Em entrevista, a diretora do Infantil, Leninha Latalisa,
explica em detalhes como funciona o processo dessa
jornada dos estudos e projetos. “O tema a ser estudado ou
pesquisado geralmente é escolhido pela professora
levando em consideração as dúvidas e questões dos
meninos. Entretanto, uma questão muito importante de um
projeto é a formação do aluno, pois na medida que o
projeto se desenvolve as crianças vão buscando
informações, relacionando aquilo que já sabem para
aprender, e as informações são trazidas pela professora e
de casa.Leninha acrescenta que quando uma curiosidade
das crianças não vira projeto é porque não houve a
necessidade de aprofundar no assunto, mas muitas vezes
isso serve para partir para outros assuntos que as crianças
não tenham entendido. Clara Marra Felix Potter,
Júlia Pimentel e Laura Araújo. 5º ano.
As questões dos pequenos
Lívia Galsgaard 4 anos
Antônio Junqueira 6 anos
05Página
A nossa intenção ao propor determinado projeto para as
crianças não é simplesmente que aprendam conteúdos,
mas que tenham a oportunidade de assumir um papel ativo
na busca de respostas para suas inquietações. Os
conteúdos surgem de acordo com o interesse e são
abordados de forma significativa.
Durante uma pesquisa, as crianças têm a chance de
questionar, comparar informações e estabelecer relações
com sua própria experiência, sendo esta sempre
valorizada. Os pequenos são convidados a falar sobre
suas ideias e sempre têm novidade para contar!
Nesse trabalho, a professora não pode decidir todos os
encaminhamentos, porque os passos são definidos de
forma coletiva a partir das questões apontadas pelas
crianças durante o processo. Algumas vezes, o projeto
muda de foco, quando o interesse dos alunos é ampliado e
o tema é modificado. A professora precisa estar atenta às
questões levantadas, pois são elas que darão pistas aos
caminhos que devemos seguir.
Durante uma pesquisa nós criamos condições para que as
crianças lidem com diferentes visões sobre um mesmo
assunto. Um exemplo disso foi quando a meninada de
cinco anos queria saber quantos ossos existem dentro do
nosso corpo. E ao explorar, com a nossa ajuda, as
diferentes fontes que elas mesmas trouxeram para a sala
de aula, deparamos com informações divergentes.
Nesse momento, essas crianças, tão pequenas já
conversavam sobre quais dessas fontes inspiravam mais
segurança. E até concluíam: “A Internet nem sempre fala a
verdade”.
É importante deixar claro que a lógica do professor não é
imposta. À medida que as crianças formulam perguntas e
elaboram hipóteses, nós intervimos, de forma que eles
possam avaliar suas próprias ideias.
Durante uma pesquisa, as crianças vivenciam ricas
experiências e a professora também aprende e se envolve
junto com elas!
Meus alunos de 5 e 6 anos, do turno da tarde, desde o
início do ano, conversaram sobre alimentos saudáveis. E à
partir de uma discussão em roda, definimos o nosso tema
de pesquisa: Alimentação.
Veja um pouco dessa conversa:
– “ A fruta tem vitamina, por isso é bom comer fruta”.
–“ Tem coisa que não é bom de comer, porque tem muito
açúcar”.
–“Ma s o chocolate tem açúcar e é saudável”. “ Onde você
leu isso? O chocolate não é saudável”.
–“A gente pode estudar e descobrir um tanto de comida
boa para a gente comer”.
Com a palavra o professor
Os projetos de estudo no Infantil
Ana Laura Bahia 5 anos
Depois disso, as crianças trouxeram diferentes materiais
para buscarmos respostas às questões que levantaram.
Para registrar o que aprendemos, propus uma tarefa
diferente: construir uma pirâmide alimentar de papelão e
fazer os alimentos em dimensões maiores usando jornal.
Com participação da nossa ajudante Jéssica, amassamos
jornal, moldamos e pintamos.
No final, todos ajudaram a guardar os alimentos no lugar
certo e agora podem brincar com eles!
A próxima questão levantada pelo grupo, foi “ Por onde a
comida passa?”. E a partir dessa investigação o projeto foi
sendo ampliado e ganhou um novo nome: “Corpo
Humano”.
Durante toda a pesquisa, as crianças tiveram
oportunidade de consultar livros, revistas, jornais,
visitaram o laboratório da escola e receberam o médico
Alexandre, pai da aluna Bruna, para tirar dúvidas. Também
fizeram trabalhos de arte, participaram de jogos e até
construíram um jogo da meninada, que ganhou o nome de
“Restaurante Maluco”. Assim, elas continuaram
abordando o mesmo tema, o que contribuiu para que cada
criança, com suas características individuais, pudesse
compreender melhor o assunto e atuar.
Bárbara CouraProfessora do Infantil
Nicole Borrelli 5 anos
06Página
Notícia
Neste semestre, a turma da Virgínia Peret, do segundo
ano, fez um trabalho de reescrita do clássico O Lobo e os
Sete Cabritinhos.
O JB entrevistou a professora Virgínia para saber como foi
esse trabalho. Ela conta que escolheu um conto de fadas
porque os meninos já conhecem a história e assim fica
mais fácil fazer a reescrita. E explica que como eles já têm
esse texto garantido, apenas se preocupam com a
linguagem que vão usar para colocar a ideia no papel.
“Quando vamos escrever um texto temos que pensar no
que escrever e em como escrever e quais são as melhores
palavras. Isso tudo junto é muito difícil para as crianças
pequenas, não é mesmo?”, questiona a professora.
Virgínia ainda explica que, com a ajuda dela, as crianças
percebem a importância de escrever um texto legível,
bonito e coerente para que o leitor da história entenda e
aprecie o que o autor quer dizer.
A professora afirma também que escolheu três versões
diferentes desta história para fazer a leitura para as
crianças. O objetivo da leitura é as crianças analisarem as
palavras que o autor usou e trocá-las por outras para não
repetir os mesmos termos e também as melhores formas
de começar, desenvolver e terminar as histórias. “Assim o
Lobo pode ser o malvado, o animal, a fera, o fracassado e
assim por diante”, cita Virgínia.
Reescrita no Balão
Virgínia conta que colocou cartazes na sala com essas
palavras que se referem ao lobo, para que as crianças as
utilizem na hora da escrita. “É impressionante como eles
utilizam este material para melhorar sua escrita. E
escrevem em dupla para que um possa ajudar o outro
dando ideias e até na ortografia de palavras”, relata a
professora.
Para Virgínia outra ajuda importante é a da Sandra
Rancanti, professora de dramatização. Sandra também lê
uma versão com os alunos e em seguida pede que eles
façam cenas de acordo com a história. “Outro dia assisti a
uma dessas cenas que o grupo tinha que mostrar o
barrigão do lobo... foi muito divertido!'',comemora Virgínia.
Para a professora do segundo ano o maior ganho é
aprender a escrever um texto com qualidade, usando boas
versões como modelo. Bernardo Gazzinelli
e Daniel Moreira5º ano
Amizades Você já viu na TV aquelas explosões magníficas aonde
cientistas “malucos” fazem experiências científicas,
químicas, entre outras?
Os repórteres do JB descobriram que aqui no Balão, as
turmas do terceiro e quarto anos fazem o papel de
“cientistas” e os repórteres cobriram com exclusividade o
que aconteceu nessas experiências.
As professoras Bárbara Coura, do terceiro ano, e Kátia
Mendonça, do quarto ano, revelaram mais sobre as
experiências.“Nós usamos revistas atuais da CHC
(Ciência Hoje das Crianças) para escolher as
possibilidades de experiências”, contam.
Kátia explica que a ideia de fazer essas experiências com
as crianças surgiu porque os alunos do terceiro e quarto
anos são assinantes da revista Ciência Hoje e toda edição
da revista traz uma experiência. “Então, nós, professoras e
as tutoras, tivemos a ideia de fazer essas experiências em
sala de aula em vez de acontecer em casa, como sugere a
revista, porque na sala temos mais oportunidades de
discutir as experiências”, explica Kátia. Ela fala também
que para a realização da atividade as professoras
juntaram as turmas do terceiro e do quarto ano e dividiram
em quatro grupos acompanhados por um adulto. “Antes de
realizarmos a experiência com a turma tomamos o cuidado
de fazermos sozinhas para checar se funciona mesmo
como está escrito na revista. Depois fazemos com os
alunos para comprovar”, fala Kátia.
Na opinião dos alunos, essas experiências são muito
boas. É o que conta Alvaro Fiuza, de nove anos. “Eu acho
as experiências legais porque elas nos ensinam muita
física. A que eu mais gostei foi a da vela que atrai água”,
conta o aluno.
Bárbara acrescentou também que esse é um momento
muito rico para os dois grupos trocarem ideias , pois antes
de realizar a experiência as crianças levantam hipóteses
sobre o que pode acontecer. Depois, têm a oportunidade
de comprovar ou não, suas ideias. E com essa interação
fazem também novas amizades.
Mas não se preocupem, as experiências são seguras e a
escola não vai explodir!
Anna Luiza Braga, Bárbara Bueno Letícia Ferreira e Helena Barros
5º ano
Eduardo Cambraia7 anos
Thomas Maciel 9 anos
07Notícia Página
Um ano de desafios
O Clhar para a idadeO Jornal do Balão descobriu que a turma do segundo ano
desenvolve o Projeto Cidades. A professora Ana Amélia
Turra conta que assim as crianças têm a oportunidade de
descobrir mais sobre Belo Horizonte.
O JB investigou como é feito este trabalho e onde tudo
começou. No início do ano, Ana Amélia estava com
vontade de propor um projeto sobre Belo Horizonte para os
seus alunos conhecerem melhor a cidade onde vivem.
Rosvita Kolb,professora de arte, conta que também já
tinha vontade de fazer este projeto desde quando foi a
Porto Alegre e conheceu um projeto chamado Cartografia
da Infância, que tem objetivo criar um portal na internet que
mostre a cidade de Porto Alegre a partir do olhar de alunos
de escolas públicas e privadas da cidade.
Então Ana Amélia, Rosvita e a também professora de arte,
Beatriz Leite juntaram suas ideias e colocaram seu projeto
na estrada!
Ana Amélia explica o porquê da parceria com as
professoras de arte. “Para que as crianças conheçam
melhor a cidade em que vivem, é interessante que elas
observem muito e com atenção. E eu acredito que
podemos aprender a observar melhor o que nos cerca e a
ter um novo olhar em relação àquilo que já estamos
acostumados a ver. E isso faz parte da arte e do ensino da
arte” relata Ana.
De acordo com Rosvita o intuito é a cidade funcionar como
educadora e se tornar um ateliê aberto, assim as crianças
têm oportunidade de conhecer ou até mesmo revisitar
lugares da cidade onde moram. Já Beatriz, mais
conhecida como Bia, explica que as três professoras
fizeram um passeio pela cidade e chamaram atenção das
crianças para as estátuas da Avenida Afonso Pena, para o
Edifício Acaiaca, para a Praça da Estação e a do Papa.
“Aproveitamos a oportunidade da saída e procuramos
também as intervenções de um grupo de São Paulo,
chamada “Aqui bate um coração”, cita Bia. Ela explica que
o projeto paulistano propõe exatamente o que estão
trabalhando no Balão, um olhar diferenciado para as
estátuas e monumentos da cidade colocando esculturas
de corações em miniatura nestas obras.
Os alunos contaram sobre o que já aprenderam com o
projeto, o que mais gostam e o que ainda querem saber.
Laura Alkmim, de sete anos, falou que gosta muito das
praças e das esculturas, principalmente da Praça da
Liberdade. Já Igor Toledo, também de sete, disse que quer
conhecer e aprender o nome das praças de Belo
Horizonte. Ele acha interessante essas estátuas que ficam
nas praças, e gosta muito da Praça do Papa.
Ana Ribeiro Alvarenga, Ana Luísa Mechetti, Bárbara
Moreira, Pedro Alkmim Rocha. 5º ano.
Maria Eduarda Soares 8 anos
Os alunos do quinto ano, pela primeira vez, têm três
professoras. Carolina Alvarez , mais conhecida como Lina,
professora de matemática,Cláudia Siqueira ,professora
de português, e Fernanda Pimenta,professora de mídia e
jornalismo. De acordo com os alunos são muitas
novidades em um ano só; as novas dinâmicas de aula,
novos desafios e muito mais para casas. Os alunos do
quinto ano dizem que agora está muito mais difícil do que
antigamente, porque têm três professoras ao invés de
uma e conteúdos diferentes. Para eles, ainda é desafio
organizar os deveres e mantê-los em dia.
De acordo com Iêda Brito, diretora da Escola, o quinto ano
realmente é diferente dos outros anos. “O maior impacto
para essa turma é ter três professoras, mas isso já é uma
preparação para o Colégio Mangabeiras, é como se
estivessem experimentando um pouquinho do que será o
sexto ano”, completa Iêda.
Neste semestre, Cláudia Siqueira trabalha com o Projeto
Espionagem. Nele, as crianças têm que criar uma história
de suspense onde se deve deixar o leitor à procura de
desvendar o mistério. O primeiro capítulo já foi feito pela
professora e os alunos continuam a história.
Já Fernanda Pimenta desenvolve o Projeto “O que é
Lixo?” em parceria com a coordenadora Juliana Fenelon
e as professoras de arte Rosvita Kolb e Bia Leite.
Fernanda conta que esse projeto surgiu a partir das
notícias sobre a Rio+20.
A professora Lina trabalha as expressões aritméticas com
o quinto ano e diz que este trabalho ajuda muito em todas
as contas, e isso requer muito estudo dos fatos e atenção.
Beatriz Zeh Dean, Luiza Godoi, Pedro Cipriano e Rachel Garzedin
5º ano.
Sophia Brum 9 anos
08 EntrevistaPágina
EntrevistaA convite do Jornal do Balão, a Secretária Executiva do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), Maria
Antonieta Cunha, conta através de entrevista sobre a importância do seu trabalho no Ministério da Cultura,
o PNLL, que visa levar a leitura a milhões de brasileiros
que ainda não têm acesso ao livro.
Jornal do Balão: O que é PNLL (Plano Nacional do
Livro e Leitura)?
Maria Antonieta Cunha: Este Plano cria uma lei em torno
do livro e da leitura. E quando você cria uma lei, nem o
Prefeito, ou o Governador, e nem o Presidente da
República podem desmanchar essa lei. Então o que
acontece, entra governo sai governo, entra prefeito, sai
prefeito, a lei do livro continua a existir. Então é obrigatório
que haja um recurso para comprar livro, para construir
bibliotecas, que se tenha cursos para que os professores
fiquem mais ligados à leitura. Dessa maneira, como agora
se tem um plano geral, não é mais como era antigamente,
se mudava o governo, começava tudo de novo, do zero, e
cada escola, cada grupo tinha a sua própria política. Agora
tudo funciona de uma maneira mais geral. E eu sou a
pessoa responsável por criar uma maneira de todas as
pessoas lerem no Brasil.
JB: Nem sempre o livro chega a todos no Brasil. O que
tem sido feito para melhorar isso?
MAC: Os brasileiros geralmente não leem nem sequer um
livro por trimestre, às vezes nem um livro no ano. Então o
governo brasileiro achou que era importante criar formas
de todo mundo ler. E essa forma de trabalhar a leitura e
conseguir que todo mundo leia está no Plano Nacional do
Livro e Leitura.
JB: E há quanto tempo que você trabalha nele?
MAC: O Plano começou em 2005, e de alguma forma eu
sempre trabalhei nele, porque nos cargos que tive, sempre
trabalhava essencialmente com a leitura. Em 2011, eu
passei a ser a Secretária Executiva do Plano, que quer
dizer que sou a pessoa responsável por desenvolver no
Brasil as formas de criar essa possibilidade da leitura para
todo brasileiro. E agora, além desse trabalho com o PNLL,
eu tenho uma outra função no Ministério da Cultura, que é
dirigir um grande departamento que se chama Diretoria do
Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca. É essa Diretoria que
executa o Plano e define ações importantes para a leitura
no Brasil.
JB: Vocês viajam e visitam escolas conversando com
os professores, fazem cursos e aí levam livros?
MAC: Não é bem assim. Eu estou vindo à escola Balão
Vermelho porque é um caso especial para mim, é um caso
de amor meu, aqui em Belo Horizonte. A função principal
do Plano é falar com os Governos, Prefeituras, com
Conselhos de biblioteca, de Economia. Ou seja, com
aquelas pessoas que podem influenciar na criação desta
política do livro. Eventualmente você vai à escola, você
conversa com editoras, isso varia muito. A ideia do Plano é
que cada estado e cada município no Brasil tenha o Plano
do Livro e Leitura. Por quê? Porque é assim no Brasil.
Então se entrar um novo Governador, ou Prefeito, eles
costumam não dar nenhuma atenção a tudo que foi
decidido pelo governador ou pelo prefeito anterior, aí
começa tudo de novo, do zero.
JB: Como surgiu o convite para você trabalhar com o
PNLL?
MAC: Digamos que o Plano Nacional do Livro e Leitura é
um órgão ou uma instituição que junta o Ministério da
Educação e o Ministério da Cultura. Então para alguém
dirigir o Plano Nacional é preciso que essa pessoa tenha
uma atuação na educação e na cultura. E os dois
Ministérios analisam nomes, o currículo das pessoas e
escolhem. E foi assim que o Ministério da Cultura e o
Ministério da Educação me chamaram para ser a
Secretária do Plano.
JB: E como é o seu trabalho no PNLL?
MAC: O que eu faço não é ligado a nenhum partido
político. O que eu faço é definir uma política para o livro, ou
seja, um conjunto de ações que o governo quer implantar
com relação à leitura. Quando se fala que o Plano faz a
política não quer dizer que o plano é de um partido ou que
depende de estar atrelado a um político.
JB: O que você acha que pode ser feito para que todos
tenham acesso aos livros?
MAC: O PNLL se preocupa com isso. Ele o tempo todo
trabalha com prefeitos e com governadores para que nas
cidades cada vez mais existam bibliotecas. Porque quem
não pode comprar livro pode pegar emprestado na
biblioteca. Então há uma grande preocupação de
Bernardo Gazzinelli e Pedro Cipriano
10 anos
09EntrevistaPágina
multiplicar as bibliotecas no Brasil. E vocês sabem que há
muitas escolas no Brasil, mais de 100 mil, que não têm
biblioteca. Vocês acreditam? Pois há. No Brasil, que é
considerado um país muito rico, que tem uma economia
muito forte, não se pode imaginar uma escola sem
biblioteca! Então nós trabalhamos no sentido de haver
mais bibliotecas públicas e mais bibliotecas dentro das
escolas. Mas também nós temos um plano de baratear o
preço do livro. Porque se você fizer uma média, o livro é
caro se você pensar no quanto ganha um trabalhador
brasileiro. Ele ganha bem pouco, por volta de 650 reais, um
salário mínimo. Com 650 reais de salário não sobra para
comprar um livro. Então a gente está criando uma porção
de projetos de barateamento de livro. E o livro vai custar
em muitos programas, no máximo 10 reais. Aí, já dá para
comprar; se o livro passar de 40 para oito reais já ajuda
muito, não é? E é também uma forma de fazer com que o
livro chegue a todo mundo. Mas vocês sabem que tem
gente que tem uma biblioteca enorme em casa e não lê de
jeito nenhum? A média da leitura dos brasileiros é de
menos de dois livros por ano!
JB: Como é feito o trabalho com os mediadores?
MAC: Vocês sabem que professores são mediadores de
leitura, ou seja, eles ajudam outras pessoas a se
aproximarem do livro e da leitura. O professor faz um
trabalho entre o livro e o aluno. O mediador é a pessoa que
ajuda outras a se aproximarem e a gostarem do livro. Uma
coisa importante que esse Plano faz é criar muitos cursos
de mediadores de leitura. A gente prepara melhor os
profissionais para que eles tenham a capacidade de levar
o livro para outras pessoas que podem ser crianças,
podem ser pessoas que estão presas, podem ser pessoas
que estão nos hospitais, pode ser nas fábricas. Porque
nesses lugares muitas vezes a leitura é muito difícil,
porque não há livros. Essas pessoas que gostam muito de
ler, vão ao presídio ou à fábrica e leem para outros que não
sabem ler, ou fazem teatro, contam histórias, enfim,
ajudam essas pessoas a descobrirem essa leitura como
alguma coisa boa para a vida delas.
JB: Por isso é que você escreve livros de formação
para professores?
MAC: Vocês sabem, cá entre nós, que há professores no
Brasil que não gostam de ler. Imagina! Existe até
bibliotecário que não gosta de ler! Não é o caso da Sônia,
daqui do Balão, que eu conheço muito bem e sei que adora
ler. Então se um bibliotecário, ou um professor não gosta
de ler, essas pessoas não têm condição de levar a leitura
para os seus alunos ou pessoas que frequentam as
bibliotecas. Então tem que dar curso mesmo, conversar,
criar um jeito de esses adultos entenderem a importância
da leitura e de gostarem de ler.
JB: Você já pensou em escrever livros literários?
MAC: Eu tenho um filho que escreve histórias e poesias
para crianças. Eu só escrevo para professores e sempre
faço pesquisa ou escrevo como eles podem desenvolver o
gosto da leitura nos seus alunos. É uma tentativa de o
próprio professor ser melhor leitor. Esse é o meu assunto
preferido. Eu tenho certeza que não tenho talento para
escrever literatura. Porque é preciso ser artista da palavra
e eu não sou. Eu acho que eu consigo falar bem com
professores e escrever para eles. E dar essa contribuição
de ajudar o professor a ser um melhor leitor. O talento para
escrever literatura foi todo para o filho!
JB: No Balão os alunos leem desde muito pequenos.
Mas também leem muitos Best Sellers. O que você
pensa disso?
MAC: Não tem problema! A pessoa pode ler Best Sellers e
é importante porque estes muitas vezes viram filme, estão
na televisão, e além disso não deixa de ser também uma
leitura. O que a gente não deve é só ler Best Sellers.
Porque a literatura brasileira é muito rica, mas raramente
um livro da literatura brasileira está na lista dos mais
vendidos (Best Sellers). Este tipo de publicação
normalmente é um livro estrangeiro, mas também pode ser
brasileiro, como por exemplo, o livro do Padre Marcelo
Rossi que é um Best Seller. Mas o Best Seller pode ser
também um livro muito bom. O que a gente tem que fazer é
ler o Best Seller, se quiser, mas ler também os livros que
não chegam a essa lista de mais vendidos, e normalmente
os melhores livros não chegam à categoria de Best Seller.
JB: O que acha do jeito do Balão ensinar literatura?
MAC: Eu prefiro que a gente não fale em ensinar literatura,
porque antes de mais nada, o que o Balão faz é criar a
oportunidade para o seus alunos entrarem em contato
com muita literatura, com muito autor e com muitas formas
importantes de trabalhar com a literatura. O que o Balão
faz muito bem é colocar a literatura na vida das crianças.
As crianças daqui gostam da literatura, e isso é o principal
porque gostando de literatura a criança vai virar jovem, e
depois adulto gostando de ler. É sobretudo pela literatura
que as pessoas criam o gosto de ler e depois vão ler pela
vida inteira. Eu sempre digo que uma das escolas que eu
conheço, no Brasil, que melhor trata o livro é exatamente o
Balão Vermelho.
Por Ana Luisa Diniz, Isabela Souza, Juliana Rodrigues e Laura Araújo
5º ano.
Helena Barros 10 anos
10 Notas Página
Os Jogos Internos existem desde que a escola foi fundada.
A cada ano eles são organizados de forma diferente, mas
sempre com o mesmo propósito; conhecer novas
pessoas, fazer amizades, aprender a trabalhar em equipe
e aprender a ter espírito competitivo.
Neste ano eles aconteceram de 23 a 27 de abril, na Escola
Balão Vermelho, com muitas novidades, como o xadrez, a
dama, bolinha de gude, e zênite polar. Os recreacionistas
Rafael Pinheiro e Nilva de Sales e Olavo Malta contam que
escolheram esses jogos para exercitar também o cérebro
e o pensamento, e não somente o corpo.
Outra novidade foram as medalhas; “ouro, prata e bronze”.
Nos anos anteriores as medalhas eram todas iguais,
independentemente da classificação da equipe.
Rafael também conta que a divisão dos times foi feita pelos
próprios recreacionistas. “A separação é feita de acordo
com o potencial das crianças, para o time não ficar nem
fraco e nem muito forte”, explica o recreacionista.
Durante os cinco dias de competição as crianças
participaram dos jogos com muita alegria e diversão.
Carolina Maranhão, Francisco Ferreira, Lucas Vieira e Rafael Leão.
5° ano
Há cerca de cinco anos a Festa Junina do Balão é
organizada pelo professor de música Flavio Fonseca, com
a ajuda dos professores. O JB conversou com alguns
deles para saber mais sobre o assunto.
De acordo com o Flavio, a Festa Junina não foi tão
diferente dos outros anos. “Porque sempre que a gente faz
algo, queremos melhorar ainda mais, para não perdermos
as coisas boas que nós já fizemos. Mas este ano, o Brasil
comemora os 100 anos de Luiz Gonzaga, o Gonzagão, e
fizemos uma homenagem a ele durante o festejo, por isso
a festa foi muito especial, principalmente o repertório que
foi todo de Gonzagão”, fala Flavio. De acordo com o
professor de música, a ideia de escolher Luiz Gonzaga é
por ele ser o Rei do Baião e o mais importante divulgador
da música nordestina.
Este ano, como já aconteceu em anos anteriores, a Festa
Junina foi na ASBAC , no bairro Serra, pois lá tem um
espaço agradável.
Já o professor de teatro Manuel Bylaardt preparou os
alunos do quinto ano para fazer bonito na festa. As
crianças fizeram um casamento na roça, aplicando as
técnicas de improvisação que aprenderam durante o
semestre e escolheram a música Boiadadeiro para dançar
forró, porque é uma música de Luiz Gonzaga bastante
conhecida. Manuel afirma que ama o Gonzagão, porque o
seu ritmo é bom e empolgante. “O importante é
principalmente a confraternização dos alunos,
professores, e da comunidade.”, fala Manuel.
Festa Junina: 100 anos de GONZAGÃOMuitos alunos do Balão afirmam que
gostam deste evento e principalmente
das comidas típicas.
Alguns alunos que já são veteranos na
escola acreditam que este ano foi
diferente. “Nunca fui tão fã de Festa
Junina, mas este ano foi muito legal,
mesmo não gostando muito de dançar
com meninos”, fala Carolina Maranhão,
de 10 anos. Já alguns alunos do quarto
ano não se importam tanto com o
desafio de dançar com os colegas. “Eu
amo dançar. Principalmente com
meninos”, explica Sofia Brun, de 9 anos.
As danças foram organizadas pelas
professoras e cada turma escolheu uma
ou duas músicas do Gonzagão.
Vítor Magalhães, de 9 anos, disse que
aprendeu sobre Luiz Gonzaga e que ele
levou a música do Nordeste para o
Brasil inteiro. Já Sofia Brun disse que
aprendeu que ele tinha uma sanfona
branca que não funcionava, mas já
conhecia a música Asa Branca.
David Myssior,Isabela Souza,Maria
Luísa Tomich e Paula Jacob 5º ano
Letícia Ferreira 9 anos
Mariana Givisiez10 anos
11OpiniãoPágina
Os alunos do quarto ano da tarde desenvolvem um novo projeto, desde março deste ano, com fábulas e saraus para melhorar a escrita.
A professora deles, Cínthia de Paula, escolheu dois livros de fábulas. Um recontado por Monteiro Lobato e outro pela Ruth Rocha. De
acordo com a professora é muito importante a escolha de bons autores para ter como referência.
Cínthia leu um livro que falava sobre o tempo da colonização do Brasil e contou sobre o “lazer” da época. Assim ela explicou que o
Sarau era a alternativa de distração. Eles conversaram e decidiram fazer um sarau no início de maio, cada um em sua casa, no final
de semana. Fizeram também convites e um “cardápio de fábulas” onde cada convidado poderia escolher a fábula que queria.
Depois, os pais e parentes escreveram depoimentos. Os pais do Gabriel Chaimowicz fizeram o comentário no formato de uma fábula.
Confiram o sucesso do Sarau!
Sarau
Em uma bela e ensolarada manhã de domingo, uma criança lia fábulas para seus pais.
O programa havia sido preparado c u i d a d o s a m e n t e , c o m m u i t a antecedência.
Os pais ouviam com muita atenção e interesse:
- “Então o ladrão deu um pedaço de carne suculenta e macia...”.
- “Um belo e trágico dia...”
- “Quem nasce para dez réis nunca vai
ser vintém”.
Os textos, redigidos de maneira clara e sequenciada e a entonação fabulosa, conduziam os ouvintes através de um mundo distante. O universo do menino também se revelava nos animais coloridos e animados que povoavam o caderno.
Então o pai se ajeitou no sofá e disse para a mãe:
- “Estou gostando muito da riqueza de adjetivos; são sempre criativos e oportunos”.
A mãe respondeu:
- “Isto mesmo! E todas as histórias têm começo, meio e fim”.
O Sarau de Fábulas tornou aquele domingo inesquecível. O caderno entrou para a lista de preciosidades da família. Moral da história:
Mais vale um vovô lendo histórias toda quinta-feira de manhã, que um “Nintendo S” ligado na telinha todo dia.
Flávio e Silvia Pais do Gabriel Chaimowicz
Nosso Sarau foi um sucesso!!!Aconteceu na casa dos
avós, com os tios e outros parentes! Colocamos muitas
velas no ambiente e todos leram com muita expressão!
Um pau de chuva marcava o intervalo entre as fábulas. E
todas foram lidas! Parabéns pela iniciativa, foi muito
legal!Ana Paula
Mãe da Luana e Mariana Pretti
Adorei! Adorei a ideia, o capricho do caderno, as
fábulas bem escritas, o convite para o Sarau, a postura
para a leitura e a evolução da pontuação. Foi tudo uma
grata surpresa.
Ana Paula Mãe da Daniela Belezia
Letícia Ferreira 9 anos
12 Carta do LeitorPágina
Precisei escrever imediatamente para agradecer esse presente que recebi de vocês.
Oi Laura e Anita!
Eu também sinto saudades! Mas agora vocês fazem teatro e têm outros desafios.
Inclusive o desafio de crescer, ser grande e enfrentar coisas novas.
Apesar de parecer que as oficinas são mais para o público infantil, acreditam que até
os adultos se envolvem? É faz de conta. É de mentirinha. Mas é feita por gente que
quer se divertir. Isso é pura verdade. Faz bem e não tem idade, concordam?
Vejam só!
Saber que alguns alunos sentem “emoção e felicidade”, é muito bom!
Eu é que estou emocionada e feliz com essa reportagem. Que belas professoras
vocês tem!
Com ou sem histórias, vocês sempre dão um show de alegria, entusiasmo, interação,
competência e até atuação. Por que não?
Ai, ai, ai... Clara Marra!
Vocês são mesmo muito especiais na minha vida!
Saber que nosso trabalho traz algum tipo de transformação é como receber um
prêmio por ter cumprido a profissão escolhida.
Quanto à magia, Iêda...
Saiba que você tem muito a ver com isso. Afinal você sabe que tentamos fazer
sempre algo mais, algo “além” daquilo para o qual fomos contratadas, não é? E nas
entrelinhas dessa nossa longa história, você, Leninha e Bete sempre me deixaram
livre para saber usar alguma varinha mágica qualquer, escondida em algum canto
desse Balão.
Sempre desconfiei que ela está com as crianças.
Alunos queridos há muitos e muitos anos
Carol e Pedro, vocês também são muito divertidos!
Eu estou, de verdade, sempre aprendendo um pouco mais nesses encontros. Fico
pesquisando suas ações, reações para tentar criar algo novo.
Concordo com você que dá pra esquecer os problemas da vida, pois eu sempre os
esqueço quando estamos juntos. Eles são como os capítulos das histórias, acabam
levando a gente ao encontro de um final. Que de vez em quando pode até ser feliz,
não é?
Oi, Luiz Felipe!
Fico contente com esse seu comentário que as aulas de dramatização não são
apenas pura diversão. – O que já seria muito bom, você não acha?- pois até ajudam
a enriquecer o vocabulário, como você disse.
Com tantas histórias lidas, repetidas, dramatizadas, comentadas e curtidas, a gente
acaba encontrando outros significados para tanta trama, tramóia, drama e comédia
vivida.
E você,Gabriel !
Tocou num ponto que é um dos meus objetivos nas oficinas e que é algo que para
mim tem a marca do Balão: a interação entre os colegas. Conhecer alguém que a
gente já conhece, mas às vezes nem conversa ou brinca junto em outros momentos.
Na oficina, acaba se encontrando para combinar as cenas e pode fazer amigos.
Como muito bem disseram o Ian Brito e o Gabriel Myssior, a dramatização ajuda a
conviver melhor com os colegas.
Agradeço de coração a Anna Luiza Braga, Daniel Moreira, Juliana Rodrigues e
Luiza Godoy do 5º ano que assinaram essa reportagem tão bem feita e que tanto
mexeu comigo.
Também a Bárbara Castro, Anna Luiza e Luiza Azevedo pelos desenhos com
detalhes tão verdadeiros dos nossos encontros fantásticos, dramáticos, engraçados e
recheados de tanta disponibilidade para a criação e realização de fantasias com
gostinho de “quero mais”.
“Professora querida há mais de 40 anos...”
Me dá vontade de rir e chorar ao mesmo tempo sem nenhuma máscara da comédia
ou da tragédia,mas com a responsabilidade de saber que “dia de Sandra”é mais um
dia no dia a dia de todos vocês.
Parabéns à Fernanda, Claudinha e todos os responsáveis por mais este JB.
Beijos
Sandra Rancanti
17/05/12
Anna Luiza Braga 10 anos
Francisco Ferreira 10 anos