o jogo da democracia

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  • 8/18/2019 O Jogo Da Democracia

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    INFORMAÇÕES

    Para leitoresPara AutoresPara Bibliotecários

    OPEN JOURNAL SYSTEMS

    CAPA SOBRE A CESS O CADA STRO PES QUIS A A TUAL A NTERIORES

    TUTORIAL DE SUBMISSÃO

    Capa > v. 2, n. 19 (2013) > Xavier

    Est. Soc. [online]. 2013, vol. 2, n. 19

    O JOGO DA DEMOCRACIA: impressões sobre os protestos recentes no Brasil1

    GAME OF DEMOCRACY: IMPRESSIONS ABOUT THE RECENT PROTESTS IN BRAZIL

    Roseane Xavier2

    ResumoO artigo trata dos protestos de junho de 2013 no Brasil a partir de algumas impressões dosmanifestantes nas redes sociais, pontuando, a partir delas, os seguintes aspectos: o

     “estranhament o” com a “falta de eixo” do movimento;  as denúncias de cooptação (“golpe”); criseética e apartidarismo; controle social e violência. Tais questões são abordadas à luz de alguns doselementos de teorias clássicas e contemporâneas dos movimentos sociais. O argumento central,porém, traz à baila o conceito derridiano de jogo e seus desdobramentos no conceito de hegemoniapós-gramsciano: a existência de vários conteúdos que disputam o preenchimento de um centro, o

     “significante vazio”; um centro que desempenha o papel simbólico e contingent e de imprimirunidade à pluralidade caótica e angustiante do social; e um social que pode se redefinir jogando asregras do jogo ou indo além do instituído, subvertendo e renovando a própria democracia.

    Palavras-chavesProtestos. Democracia. Discurso.

     _____ ____ _____ ____ _____ _____ _____ ____ _____ ____ _____ ____ _____ __

    AbstractThis article discusses the protests that took place in June 2013 in Brazil. Based on someimpressions of the protesters on social networks, the text points out: the 'strangeness' about thelack of axis in the protests;reports of co-option ('coup'); ethical crisis and non-partisanship; social control and violence. These issues are addressed from the perspectiveof classical and contemporary theories of social movements. The central argument, however, relieson Derrida's notion of game and its consequences on the neo-gramscian concept of hegemony: theexistence of various contents disputing the filling of a center - the ‘empty signifier’; a centerthat plays a symbolic and contingent role of give unity to the chaotic socialplurality; and a social that can redefine itself by playing game’s rules or going beyond of the establishment, subverting and renewingdemocracy.

    KeywordsProtests. Democracy. Discourse.

     _____ ____ _____ ____ _____ _____ _____ ____ _____ ____ _____ ____ _____ __

    1. Introdução

    Logo após os protestos do último dia 20 de junho, que levaram cerca de um milhão de pessoas às

    ruas, acompanhei, como internauta e usuária de redes sociais (Facebook e Twitter), a sensação deestranhamento e incômodo impreciso por parte dos manifestantes. Esse sentimento parecia tereco na perplexidade dos políticos (independente de partidos) e da mídia, que se mostravamsurpresos e atônitos diante da grandiosidade do movimento, seu caráter espontâneo, suaheterogeneidade e horizontalidade.

    Entre parcela dos manifestantes, expressões como “tudo muito estranho” e “abaixo o golpe!” tornaram-se recorrentes. No Facebook e no Twitter, essas “tags” estavam, em geral, associadas àimpressão de falta de rumo e de um eixo comum aos protestos; à confusão e polêmica entreapartidarismo e anti-partidarismo; à violência policial; e à “denúncia” de tentativas de diversosatores (mídia, partidos, outros movimentos) de cooptar e pautar as manifestações com demandas

     “vazias” ou “partidárias”, neste últ imo caso voltando-o contra a presidente. Assim, em meio àpluralidade do que o movimento buscava, emergia algo que (na visão de uma parcela) ele nãodefendia: “Não é contra Dilma”. A essa altura, as atenções de manifestantes e da mídia voltavam-se para o esperado pronunciamento oficial da presidente sobre as manifestações.A mim, provocava certo estranhamento o dito “estranhamento”, uma vez que a pluralidade e opoder das redes sociais já se faziam notar no Brasil, por exemplo, nas marchas contra a corrupção emarchas das vadias entre 2011 e 2013. Mais que a intensidade das recentes manifestações,causava-me consternação o fato de os políticos mostrarem-se tão profundamente surpresos edesconhecedores não apenas dessas tendências, mas, sobretudo, do nível de insatisfação popular,

    num tempo em que a política institucional se faz pautada, em grande parte, por pesquisas deopinião pública – aí incluídas, notadamente após as eleições de Barack Obama, as pesquisas de “conteúdo” e “sentimento” das mídias sociais. Sem dúvida, o “ susto” decorreu tam bém da rapidezde articulação e da proporção que assumiram os atuais protestos. Ainda assim, é surpreendenteque a classe política tenha se revelado tão embaraçada diante do fenômeno e aparentemente tãodistante desse universo.

    Essas questões, seguidas das críticas ao esperado pronunciamento, puseram-me a pensar sobre opapel da imprensa, o poder das redes sociais (seja para a mudança, seja para a manutenção dostatus quo) e, especialmente, sobre democracia no Brasil: qual a que temos (sim, temos uma) e

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    qual a queremos?

    Sem a pretensão de dar resposta a essa pergunta, ao escrever este texto penso principalmente naameaça de golpe propalada por parcela dos manifestantes e no que entendo como jogodemocrático. Com o conceito de jogo, não pretendo uma referência ao racionalismo estratégico(ELSTER, 1989; McADAM et al, 2009), embora não o menospreze. Considero antes a ideia de jogode Derrida e seus desdobramentos no conceito de hegemonia pós-gramsciano: a existência devários conteúdos que disputam o preenchimento de um centro, o “significante vazio”; um centroque desempenha o papel simbólico e contingente de imprimir unidade à pluralidade caótica eangustiante do social; e um social que pode se redefinir jogando as regras do jogo ou indo além doinstituído, subvertendo e renovando a própria democracia (DERRIDA, 1971; LACLAU e MOUFFE,1987; LACLAU, 2008).

    2. Qual crise?

    Tornou-se reconhecido que a revolta com a repressão policial aos primeiros protestos (cujo estopimfoi o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo e no Rio) explicaria, em parte, aampla adesão às manifestações seguintes. A intensidade dessa adesão, porém, não seria possívelsem um sentimento latente comum que funcionasse como combustível. Essa foi, aliás, umamenção corrente nas primeiras leituras sobre os protestos nas redes sociais e nas colunas dosprincipais jornais de circulação nacional: a manifestação estaria movida por “um sentimento”, maisque “uma causa” definida, diferente de experiências como o Movimento Diretas Já e o Fora Collor.Qual sentimento? É a pergunta que muitos ainda fazem, procurando a “unidade” do que chegou aser chamado de “massa amorfa e sem rumo”.

    Num primeiro pronunciamento sobre as manifestações, a presidente Dilma Rousseff defendeu quea insatisfação generalizada é resultado de conquistas recentes, em alusão a supostos avançosalcançados durante os governos do PT.3 “Feliz é um país que tem um povo que se manifesta e quevai às ruas querendo mais”, disse também o ex-presidente Lula.4 Voltemos aos clássicos: paraJames Davies (1971), ações revolucionárias ou de protesto são mais comuns quando, após umafase de desenvolvimento econômico e social (ou percepção de), ocorre um período de retrocesso ouameaça de perdas, provocando o sentimento de privação relativa. Na mesma linha, Robert Merton(1970) defende que o sentimento de privação relativa é formado a partir dos grupos de referência:quanto maior a heterogeneidade na distribuição de benefícios e recursos – isto é, quanto maioresos contrastes –, maior a frustração, o sentimento de injustiça e a possibilidade de eclosão. Como

    mostram os estudos contemporâneos da ação coletiva5

    , essas teses não explicam por que nasmesmas situações um grupo se manifesta e outro não. Mas, na atual conjuntura nacional,sinalizam a importância de alguns dos temas frequentes nas manifestações, particularmente ocontraste entre, de um lado, o retorno da inflação, aumento do custo de vida, perda de qualidadede vida relacionada à mobilidade social e precariedade dos serviços públicos; e, de outro, asuntuosidade das obras para a Copa e os benefícios usufruídos pela classe política.

    Para Marx, necessidades humanas, consciência das contradições e consciência de si estão na basedas revoluções. Para Durkheim, é a anomia uma das principais razões de crises individuais ecoletivas. Considerando que há uma crise subjacente às manifestações, ao que parece, ela agregatodos esses elementos. O termo crise é recorrente nos esquemas conceituais clássicos da teoriasociológica e, em particular, das teorias da ação coletiva. Entre crise econômica e crise moral,instabilidade política ou a noção de crise sistêmica, um mapeamento do termo nos levaria deAristóteles (lei como produto da crise e da divisão da vida ética) ao Iluminismo:

    [...] Marx se encontra também na raiz das teorias sociais científicas sobre crise. Àmedida que estas se desenvolvem, a separação entre teoria e crítica é ressaltada deforma ainda mais aguda do que na filosofia da história do próprio Marx. Mas o quefoi separado na teoria ainda se une na prática política: não pode haver crise semdiagnóstico de crise. Um diagnóstico de crise representa uma vigorosa posição

    explicativa. Ele não visa um fim da história, mas uma história capaz de funcionarcomo justificativa para ações políticas dos que vivenciam a crise. Nesse sentido, afilosofia de Kant já era uma filosofia da história, pressupondo que o tribunal darazão crítica julga argumentações e não pessoas. De agora em diante, crise e críticaencaixam-se em diferentes categorias. [...] Enquanto a crise diz respeito a se umaforma de vida social pode ser ou não ser, a crítica só se preocupa com a validadedos argumentos, se são “verdadeiros ou falsos”, “precisos ou imprecisos”. Essadistinção é notoriamente ignorada pela metacrítica conservadora do Iluminismo.Essa crítica fundamental, presente em Nietzsche, Carl Schmitt e Michel Foucault,concebe a argumentação e a crítica como guerra (polemos), como luta porexistência e poder. Tal como a filosofia da história que critica, ela combina crítica ecrise e, assim, vê na crítica a verdadeira crise dos tempos modernos.(BRUNKHORST in OUTHWAITE e BOTTOMORE, 20 00:157).

    A crise, portanto, não pode ser compreendida em termos meramente econômicos, mas numsentido complexo que envolve as dimensões política, ética e cultural. O apartidarismo domovimento chamou a atenção para um aspecto mais profundo, que vai além da questão urbana eaponta para o dito “sentimento”: a baixa confiança nas instituições políticas que atinge asdemocracias em todo o mundo. As manifestações nacionais e internacionais forjadas através dasmídias sociais nos últimos anos são marcadas pela rejeição aos modelos formais de participação e

    pela descrença na política em sua forma institucionalizada (Estado e partidos). Estudiosos dosmovimentos sociais destacam que, no Brasil e fora dele, as décadas de 1980 e 1990 presenciaramuma forte incorporação dos discursos dos movimentos sociais pelo Estado, findando nainstitucionalização de suas demandas, na anexação de seus líderes às instituições governamentaise na transformação de identidades políticas (inovadoras, espontâneas) em políticas de identidade(institucionalizadas, padronizadas, mediadas pelo Estado) (BURITY, 2002). No Brasil, a corrupçãopolítica, percebida de forma estanque da cultura do “jeitinho brasileiro”, surge como vetor dessedescrédito e do desencanto com a política partidária. Diante da descrença nos partidos, umaquestão a ser posta, já antecipada por Claus Offe em meados dos anos 1970, é: quais os canais emediadores legítimos entre Sociedade e Estado? Quais as alternativas ou modelos viáveis?

    Más que especular sobre la deseabilidad comparable de modelos de no-partido o departidos no competitivas anarquistas, sindicalistas, de democracia de consejos oleninistas, analicemos ahora la viabilidad futura de esta forma de organización en simisma – su potencial para construir e actuar de mediador, su tipo de autoridadpolítica que no interfiere con los presupuestos institucionales de la economíacapitalista. La question es, en otras palabras, si el lazo institucional que hapermitido coexistir al capitalismo y la democracia política en los países capitalistasmás avanzados durante la mayor parte de los últimos años, es previsible quecontinúe permitiéndolo en el futuro. (OFFE, 1990:66)

    Estas questões reforçam a importância da sociedade civil e remetem àquilo que Ernesto Laclau eChantal Mouffe chamam de “democracia radical”. Aliando os conceitos de jogo das diferenças deDerrida e de hegemonia de Gramsci, esses autores reabilitam em um novo esquema conceitual asnoções de discurso e sociedade civil, integrando-os a uma teoria da identidade que enfatiza apluralidade do social e a autonomia das esferas sociais como traços das sociedadescontemporâneas. Para eles, o político, espaço de luta pela fixidez de sentido, constitui-se pelacomplementaridade entre duas lógicas complementares: a diferença e a da equivalência. Por umlado, há uma tendência no sentido de autonomia da parte de posições distintas de sujeito; de

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    outro, existe a tendência a fixá-las, através de práticas articulatórias, como momentos de umaestrutura discursiva unificada.

    Fugindo de uma rigidez conceitual que ofusque tanto a apreensão do “novo” quanto de suasrelações com o “antigo”, parece-me profícua a leitura de Breno Bringel (2011). RetomandoCastoriadis, o autor propõe tratar a polêmica entre institucionalização e autonomia a partir darelação instituído e instituinte, considerando igualmente importantes tanto os movimentos sociaisque promovem mudanças nas democracias já existentes (por exemplo, através da cooperação eintegração nas políticas públicas) quanto aqueles que visam criar novas formas de participação oude democracia, o que coloca esta última como produção social e coletiva.

    3. “Saímos da rede e fomos às ruas”

    Num retrato parecido com o fim da história, Augé (1992) aborda a supermodernidade como osurgimento de um “não-lugar”, espécie de esfera pública onde transitam sujeitos organicamenteconectados pela complexa rede do desenvolvimento tecnológico, individualizados pela fluidez doslaços, pela urgência do tempo e pela flexibilidade e impessoalidade de locais. Uma espécie de grandee agitada avenida por onde passam todos e todos são ninguém – transeuntes anônimos,identificados apenas pelos equipamentos institucionais de regulamentação e sistematização da vida(senhas pessoais, documentos, cartões, sinais de trânsito, placas indicativas etc.). Essa dicotomiaparece bastante representativa de como concebemos o online e o off-line, como a referência a umduplo. Mas, embora seja o traço distintivo da supermodernidade, o não-lugar bebe do lugar sualinguagem. Lugar e não-lugar, diz Augé, nunca existem em sua forma pura.

    Os estudos sobre identidades na internet apontam-nas como mais fluidas, inclusive porque podemser “mascaradas”. Essa característica não seria uma particularidade do ciberespaço, e sim umdefinidor do sujeito na pós-modernidade, marcado pela pluralidade, entrecortado pela participaçãoem diversas esferas sociais (trabalho, igreja, grupos de referência) cuja força e expressão não sãopré-determinadas – a autonomia de que falam Laclau e Mouffe. Por isso mesmo, segundo Melucci(2001), o acesso à conexão em rede tanto potencializa as possibilidades de agregação e mobilizaçãoe o seu alcance, como as torna mais fracas e efêmeras.

    Admitir a autonomia das esferas sociais e a fluidez das identidades, entretanto, não implica emconceber o universo online como uma dimensão paralela e caótica sem vínculos com o mundoconcreto. O sujeito online tecla de algum lugar, entendendo-se por isso não uma trajetória linear

    no mundo vivido, mas posições sociais no momento em que ele se relaciona e se comunica (ou quese isola, emudece e se torna invisível). As manifestações recentes no Brasil contrariam a noção denão-lugar de Augé e transbordam para lugares com identidades próprias: as cidades, as praças, ossímbolos de poder político ou econômico. As dimensões cultural, política e econômica permanecementrelaçadas por trás das identidades fluidas características das redes sociais.

    Ainda assim, responder quem são e quais as posições de sujeito dos manifestantes pode ser umatarefa hercúlea, mesmo quando eles se mostram nas ruas. Sem mencionar os movimentosidentitários (gênero, raça) e de luta pela terra, a história dos protestos e movimentos sociais noBrasil mostra que jovens, universitários e classe média aparecem como importantes categorias.Dessa vez, nenhuma dessas categorias assumiu centralidade. As “redes sociais” é que surgiramcomo o sujeito, este que não se sabe quem é, como se formou e, para muitos, a que veioprecisamente. Contudo, algumas distinções podem ser importantes, exatamente para evitar ahomogeneização do que se destaca pela heterogeneidade.

    Primeiro, e parece óbvio, tratou-se de um movimento urbano; se a questão é a redefinição dopolítico e da democracia desejada, vale lembrar que as aspirações do campo não estiverampresentes, e não sabemos em que medida o campo se sente representado.

    Segundo, embora não tenha sido caracterizado como um movimento de classe, não se podeignorar que os menos escolarizados e as classes mais baixas (C2 ou baixa classe média e D/Eou faixa vulnerável, com renda até dois salários mínimos 6  e principais beneficiários dosprogramas sociais do governo), foram minoria nas manifestações, segundo pesquisa doIbope.7 

    Por fim, importa mencionar os problemas de acesso. Segundo dados do Centro de EstudosSobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), em 2012 apenas 40% dosdomicílios dispunham de internet , com distribuição que acompanha as desigualdadesregionais: 48% no Sudeste, 47% no Sul, 39% no Centro-Oeste, 27% no Nordeste e 21% noNorte.8

    4. “Tentativa de golpe” ou jogo da democracia?

    Pergunto-me se os manifestantes dos Caras Pintadas não experimentaram estranhamentosemelhante aos mencionados pelos manifestantes de junho desse ano e se não notaram asmesmas contradições.9 Naquele momento, não existiam redes sociais onde todos pudessem

     “pensar alto”, expressando livremente e em profusão suas impressões, leituras e registros. O CarasPintadas tinha as marcas dos movimentos de sua época: lideranças definidas; organização de basevinculada a entidades de esquerda (União Nacional dos Estudantes, partidos, sindicatos);manifestações com mais tempo de maturação; e, sobretudo, girava em torno de um momentâneoconsenso, uma demanda pontual e clara: o Fora Collor, com legitimidade pautada em denúncias decorrupção. Estive nas passeatas daquele ano e lembro o incômodo frente ao que a mim e a outrosàs vezes parecia mero efeito da moda/onda, com exaltação de uma brasilidade construída pelamídia: verde e amarelo no rosto, bandeira em punho e hino nacional aos quatro ventos. Comoagora, muitos acusavam a Rede Globo de num momento construir Fernando Collor como produto edepois, diante da insatisfação crescente, promover sua retirada em favor próprio. Entre os cidadãoscomuns, há quem considere, até hoje, que o movimento foi um golpe, uma manipulação da mídiae dos partidos de oposição, que teriam usado o ex-presidente como bode expiatório. Apesar dabaixa incidência de episódios violentos, manifestantes foram chamados de arruaceiros ebaderneiros. Entre alguns mais antigos e menos escolarizados, o medo, a imprevisibilidade e asensação de desordem fomentavam a nostalgia pela Ditadura. A rigor, o Caras Pintadas promoveupoucas mudanças formais e a mesma linha de governo permaneceu no poder por mais doze anos(saindo o presidente, assumiu o vice Itamar Franco, que elegeu o então Ministro da EconomiaFernando Henrique Cardoso). Mudanças mais profundas, entretant o, puderam ser percebidas maistarde: a confiança crescente da população em seu próprio poder e direito de mudança.

    Após as manifestações de junho, a referência de alguns manifestantes à tentativa de golpe

    denunciava, além da violência policial, tentativas de atores alheios ao protesto (mídia, partidos,outros movimentos) de pautar as manifestações a partir de fora e subvertê-las ora nummovimento vazio, ora num manifesto contra o governo e a presidente. Nessa parcela, a reação foicuriosa: a reafirmação da importância dos partidos, da legitimidade do atual governo na figura dapresidente e, subliminarmente, do projeto político-partidário que a levou ao poder. Ao mesmotempo, certo desalento ou orfandade pareciam tomar conta de outra parte. Nesse caso, destacou-se a aclamação do presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa como nome preferidoà Presidência da República, confirmada em pesquisa do In stituto Datafolha.10 Eram o novo e ovelho convivendo no mesmo cenário: apartidarismo, força das redes sociais e empoderamento dasociedade civil; ao lado da confirmação do nosso modelo de democracia e da persistência de uma

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    cultura política paternalista e personalista, que procura um novo redentor.

    Torcendo para estar correta, não vejo ameaça de golpe no Brasil. O que vejo é uma sociedade emcrise e, como já foi assinalado, esse aspecto não é menos preocupante: crises são, de fato,momentos oportunos tanto para mudanças quanto para retrocessos conservadores – o projeto da

     “Cura Gay” que o diga.11 Com o termo crise, refiro-me à presença de uma enorme e heterogêneacamada insatisfeita, cujo timing chegou ao limite, descrente das instituições políticas, num paíssem uma oposição forte, sem um grupo, partido ou carisma que capitalize e represente o conjuntode suas demandas. E, se de um lado a pluralidade é importante, por outro, como ensina Derrida, épossível que toda sociedade precise acreditar em algo que lhe dê unidade, que a faça sentir umconjunto. Ao que parece, nem a dita identidade nacional aclamada pelos meios de comunicaçãoatravés de símbolos como o futebol conseguiu isso dessa vez. A tentativa de identificar (ou eleger)

     “a” pauta das m anifestações ecoa nas novas e velhas mídias como sintoma dessa necessidade: “um movimento contra tudo vai ao encontro do nada”. Não deixamos de ser nação, e isso em sirepresenta uma unidade. Mas paira uma orfandade, uma sensação de vazio que talvez traduza a

     “estranheza” de que falaram muitos n as redes sociais após as manifestações: “Voltei com u masensação esquisita”; “Atenção para o golpe!”; “Mídia reaça querendo pautar o movimento!”; “Tudomuito estranho”.

    Talvez por acreditar ingenuamente na relativa solidez da nossa democracia, talvez por serpessimista em relação a ela, não considero “estranho” que governo, partidos em geral e grupos deinteresse tentem capitalizar e pautar o discurso das manifestações. Antes, vejo isso como parte doprocesso discursivo, que ocorre conforme as regras e práticas da cultura política. No nosso caso,uma cultura marcada pela juventude da nossa democracia e fragilidade das nossas instituições; poruma distribuição dos meios de comunicação fortemente atrelada a posições econômicas e políticas;por uma polícia herdeira do regime militar, que não se modernizou e não acompanhou a mudançado Regime. A referência a golpe parece-me, assim, uma confusão com as ideias de oportunismo efalta de ética na política. Um questionamento de como o jogo deveria ser jogado, mas ainda semuma reflexão sobre as regras do jogo.

    Na mesma linha, não me surpreende que partidos em geral e grupos de interesse procuremidentificar e ocupar o “vazio” (ou transbordamento?) do social, façanha que, desde a eleição deLula, a oposição não conseguiu realizar. Para os que competem pelo poder institucional, nada maisoportuno que as insatisfações se coadunem em direção a um adversário comum – nesse caso, ogoverno e a presidente. Sendo a democracia o lugar por excelência da articulação discursiva, o uso

    de militares e de repressão seria (assim espero) um suicídio político. Talvez, no momento, aprojeção na presidente nem precisasse ser artificialmente construída pela mídia: diante do vazio(estranhamento, angústia de não unidade, orfandade representativa), é possível que o desejo depreenchimento de parcela dos manifestantes e da população em geral tenha, espontaneamente, sevoltado ao pronunciamento de Dilma Rousseff. Num contexto de perplexidade política frente aolevante e desprovida do carisma de Lula (que conseguiu sair quase ileso do Escândalo doMensalão), dificilmente ela conseguiria numa fala aplacar todas as expectativas. Quando digo todas,incluo também a parcela institucional que sustenta sua governabilidade: base aliada e grandesempresários. O governo e a presidente parecem ter percebido essa tendência “em tempo”, aocolocar em pauta a reforma política e dividir a responsabilidade com as demais instâncias do poder.

    5. Controle social e violência

    É mais ou menos assim que aprendemos na escola: os aparatos de controle social (explícitos eimplícitos) servem à manutenção da “ordem”; esta preza o bem coletivo; e este último érepresentado pelo Estado. Contudo, muito já foi teorizado sobre o uso do controle social comoferramenta de manutenção do status quo (Foucault, Althusser, entre outros). Num Estado deDireito e numa democracia madura, consolidada, as instituições devem garantir que osmecanismos de “controle” se apliquem igualmente a todos e que os Direitos Humanos, no que seinclui a liberdade, sejam preservados. Numa democracia jovem e frágil, essas questões podem ser

    de fato temerárias, assim como seria um levante contra a existência de partidos políticos. Oapartidarismo do movimento trouxe à tona a importância dos partidos no nosso modelo dedemocracia, como mecanismo de representação plural e – ironicamente – proteção contra o riscode totalitarismo e oligarquia.

    Apartidário, entretan to, difere de apolítico, anti-partidário e anárquico. Até onde en tendo, asmanifestações de junho e as mais recentes não propõem o fim dos partidos, o fim do Estado, nemuma nova ordem. Não parecem negar o “sistema” político e econômico. Não se trata de umaruptura ou luta pelo poder institucional. Em vez disso, a sociedade civil resgata seu poder como tal.Trata-se, antes, da exigência de cumprimento de papéis e direitos já garantidosconstitucionalmente. Noutros term os: da exigência, pelos m anifestantes, do reestabelecimento daordem desvirtuada não por eles, mas pela classe política  (através de práticas como a corrupção).

    O comportamento violento da polícia num país que se orgulha por ser reconhecido como pacífico edemocrático é assustador e preocupante, sobretudo se considerarmos que a Ditadura, representadapela imagem do Estado como um pai severo/carrasco, mas protetor, ainda perpassa nossoimaginário político e nossas instituições. Por outro lado, não vejo (e de novo torço para ter razão)relação direta entre a reação policial e a suposta “tentativa de golpe” nos termos expostos pelosmanifestantes. Não sou especialista em (des)militarização, mas enxergo a reação policial, primeiro,como resultado da inabilidade dos líderes para o gerenciamento de crises; segundo, como já

    mencionei, como evidência de despreparo da própria polícia, arcaica e inadequada aos tempos dedemocracia política e social.

    No que se refere ao “quarto poder”,12  é sabido que a política de comunicação no Brasil se constituie é pautada pelas redes de poder econômico e político. Nesse contexto, a mídia é, de um lado, agrande defensora da liberdade de expressão; de outro, tende a abordar as manifestações emtermos de legalidade, ignorando que alguns dos movimentos sociais mais tran sformadoresprecisaram ir além do instituído. E ir além do instituído, mesmo nas sociedades democráticas,tende a ser classificado como crime. Embora possa ser entendido como reflexo de revolta,descontrole da “massa” ou simplesmente “baderna”, o comportamento desviante (quebra-quebra,depredação, máscaras, pinturas no corpo) é um mecanismo historicamente usado pelosmovimentos sociais para obter visibilidade. Esse aspecto é paradoxalmente reforçado pela mídia,para quem só é notícia o conflito que se transforma em confronto. Ao dizer isso, não pretendodefender o uso da força por quaisquer das partes, nem afirmo que a violência constituiu ou nãoestratégia dos diversos grupos de manifestantes. Apenas chamo a atenção para o risco decriminalização de ações coletivas legítimas sob o rótulo de “perturbação da ordem”.

    As contradições da mídia tradicional ampliam a relevância das novas TICs como ferramenta e dasmídias sociais como campo de atuação e articulação política dos novos movimentos sociais. Mas ébom lembrar que a internet, ora idealizada, ora demonizada, também não está isenta decontradições e, ao contrário do que pregam alguns, não é uma plena democracia.

    6. Um campo aberto

    Do ponto de vista teórico e metodológico, os protestos recentes no Brasil reforçam os desafios e aagenda de pesquisas sobre movimentos sociais que vem sendo desenhada na América Latina nosúltimos anos. Nela, destaca-se o papel das redes como elemento agregador e formador deidentidades e das mobilizações sociais (ou “confrontos políticos”)13 como possível formato distintivodos novos movimentos sociais na “sociedade em rede”. Conclusões generalizantes, porém, tendem

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    apenas a empobrecer o debate num momento em que parece mais profícuo o mapeamento, aetnografia dos protestos e o esforço de experimentar, desenvolver e adequar ferramentasconceituais e metodológicas que deem conta da complexidade e fluidez desses (novos?) sujeitoscoletivos.

    Do ponto de vista empírico, a longevidade e alcance de um movimento com as feições aquiesboçadas são difíceis de prever. Os acontecimentos recentes deixarão vários aprendizados, e umdeles poderá incidir no comportamento político institucional, gerando representantes mais

     “conectados”, mais presentes na e observadores da  rede, mais cientes do poder efetivo daquelesque eles representam. No nível institucional, conquistas pontuais, mas importantes, já foramregistradas, e a proposta de reforma política pode ser um novo capítulo dessa história.

    1  Uma primeira versão deste texto foi publicada no blog da Revista Será(http://revistasera.info) em 19 de julho deste ano. O termo “impressões”, notítulo, reflete o momento em que o texto foi escrito, ainda sob o calor doseventos de junho, dos debates decorrentes e da profusão de informações nasredes sociais.2  Socióloga, aluna do Doutorado em Sociologia da Universidade Federal dePernambuco. E-mail: [email protected] Dilma Rousseff fez um primeiro pronunciamento oficial sobre as manifestaçõesem 21 de junho, em cadeia nacional de rádio e televisão. Nele, a presidentecentrou sua fala em questões relacionadas aos serviços públicos, propondo umPlano Nacional de Mobilidade Urbana para privilegiar o transporte coletivo; adestinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação e o polêmicoprojeto “Mais Médicos”, baseado na contratação de médicos do exterior paraampliar o atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde). O discurso, em lugarde acalmar, parece ter exaltado ainda mais os ânimos, com fortes repercussõesnegativas e pressões sobre o governo. Em novo pronunciamento em 24 de

     junho, Dilma ampliou politicamente seu discurso, propondo um “pacto pelaresponsabilidade fiscal” e um “pacto em torno da construção de uma ampla eprofunda reforma política”.4  UOL NOTÍCIAS. Em discurso na África, Lula elogia Dilma e diz que "feliz é opovo que vai às ruas querendo mais". São Paulo, 30/06/2013. Disponível em:http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/06/30/apos-se-envolver-em-polemica-lula-elogia-dilma-e-manifestacoes.htm   Acesso em:

    30/06/2013.5  Refiro-me, principalmente, às seguintes abordagens: Teoria do ProcessoPolítico (McCARTHY e ZALD, 1977; McADAM, McCARTHY e ZALD, 1996; OLSON,1999), Teoria da Mobilização de Recursos (TILLY, 1978; TARROW, 1998, 2005;McADAM, TARROW e TILLY, 2001, 2009) e Teoria dos Novos Movimentos Sociais(HABERMAS, 1987; MELUCCI, 1996; TOURAINE, 1989).6  ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EMPRESAS DE PESQUISA (ABEP). Critério deClassificação Socioeconômica Brasil 2012. Disponível em:http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=83 5. Acesso em:20/06/2013.7  G1 BRASIL. Veja Pesquisa completa do Ibope sobre os Manifestantes. SãoPaulo, 24/06/2013. Disponível em:http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/06/veja-integra-da-pesquisa-do-ibope-sobre-os-manifestantes.html. Acesso em: 24/06/2013.8 CETIC.BR. TIC Domicílios 2012. Coletiva de Imprensa. São Paulo, 20 de junhode 2013. Disponível em: http://www.cetic.br/usuarios/tic/2012/apresentacao-tic-domicilios-2012.pdf . Acesso em: 16/08/2013.9 O Caras Pintadas surgiu em 1992 e teve papel fundamental no impeachment de Fernando Collor de Melo. Sua história tem estreita relação com o MovimentoPela Ética na Política, daquele mesmo ano. Este, nascido entre intelectuais,

    sindicalistas, universitários, militantes de partidos e membros de ONGs, deuorigem à Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, sob a liderançado sociólogo Herbert de Souza.10  FOLHA PODER. Joaquim Barbosa lidera corrida presidencial entremanifestantes, aponta Datafolha. 21/06/2013. Disponível em:http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/12990 95-joaquim-barbosa-lidera-corrida-presidencial-entre-os-manifestantes.shtml. Acesso em:22/06/2013.11  G1 POLÍTICA. Câmara Decide Arquivar Projeto que Autoriza Cura Gay.02/07/2013. Disponível em:http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/07/camara-decide-arquivar-projeto-que-autoriza-cura-gay.html. Acesso em: 03/07/2013.12  Referência ao filme Mad City (título no Brasil: O Quarto Poder), de 1997,direção de Costa-Gavras.13  McADAM, D.; TARROW, S.; TILLY, C. Para Mapear o Confronto Político. LuaNova. v. 76. São Paulo, pp. 11-48, 2009.

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    @ 2012 - PPGS - Revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia daUFPE.

    ISSN Impresso 1415-000X

    ISSN Eletrônico 2317-5427

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