o insucesso escolar

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INTRODUÇÃO O insucesso é a acção de fracassar (não ser bem sucedido), o que implica renunciar às suas obrigações e afastar-se das actividades que se costumava fazer. O adjectivo escolar, por sua vez, faz referência àquilo que pertence ou que é relativo ao estudante ou à comunidade escolar. Como tal, o insucesso escolar é um conceito que é utilizado para fazer alusão aos alunos que deixam de assistir às aulas e que ficam fora do sistema educativo. 1

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INTRODUÇÃO

O insucesso é a acção de fracassar (não ser bem sucedido), o que implica renunciar às suas obrigações e afastar-se das actividades que se costumava fazer. O adjectivo escolar, por sua vez, faz referência àquilo que pertence ou que é relativo ao estudante ou à comunidade escolar. Como tal, o insucesso escolar é um conceito que é utilizado para fazer alusão aos alunos que deixam de assistir às aulas e que ficam fora do sistema educativo.

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DESENVOLVIMENTO

Entende-se por insucesso escolar, a impossibilidade dos alunos atingirem as metas pré-fixadas na organização e desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem, e dentro dos limites temporais previstos.

O insucesso escolar é atribuído, não só ao indivíduo, como também a uma grande diversidade de agentes, tais como a escola, a família, a sociedade, entre outros.

O meio sócio-económico e familiar

A origem social dos alunos, ainda tem sido a causa mais apontada para justificar os maus resultados (sobretudo dos alunos provenientes de famílias de fracos recursos financeiros). A nível familiar, tem-se realçado sobretudo, as profissões dos pais, o que está em intima relação com o seu nível sócio-cultural e sócio-económico. Assim, vários autores consideram que é nos alunos oriundos das classes sociais mais desfavorecidas a nível sócio-económico-cultural que há maior incidência de insucesso escolar.

A gestão escolar e curricular

De entre várias variáveis que podem ser apontadas como causa de insucesso escolar, cada vez mais se torna evidente referir a gestão curricular. Ao pretender a homogeneidade, a escola cria currículos universais. No entanto, estes” (…) privilegiam os saberes académicos e não contemplam as aptidões de certos grupos de alunos e os interesses locais” (Martins e Cabrita,1991).

Por um lado, os currículos iguais implicam iguais pedagogias e uniformidade nas exigências focando o aluno “médio” e não tendo em conta a heterogeneidade dos alunos. Por outro, a compreensão dos saberes académicos, pressupõe uma certa abstracção dos conhecimentos empíricos, favorecendo alunos oriundos das classes médias – altas, não contemplando as classes mais baixas. É sobretudo nestes últimos, que incide a maior taxa de reprovação. Neste contexto, a reprovação pode ser vista como algo anti-pedagógico, já que, ” (…) o aluno que reprova uma vez tende para a cronicidade desenvolvendo comportamentos específicos e adquirindo estatuto” (Martins e Cabrita, 1991).

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Contribuindo também, de diferentes formas para o insucesso escolar, tem-se a organização escolar. Neste contexto, pode-se dizer que o elevado número de alunos por escola e por turma e a concepção de turmas demasiado heterogéneas, não só dificulta a gestão da aula pelo professor mas também, a coesão do grupo, o aumento dos conflitos internos e a diminuição do rendimento individual.

Por outro lado, os estabelecimentos de ensino detêm pouca autonomia a nível financeiro, curricular, pedagógico e de gestão dos tempos, bem como pouca preparação específica dos seus elementos encarregues dessas funções. Além disso, a má gestão e escassez de recursos financeiros não permite a criação de melhores recursos, nomeadamente de espaço, equipamentos, material didáctico e a contratação de pessoal auxiliar.

A nível do ensino pós-obrigatório, a taxa de insucesso escolar ainda se pode agravar em virtude de uma deficiente orientação vocacional dos alunos, os quais não dispõem nas escolas de serviços de informação e orientação adequados.

Merece também particular importância, os papéis desempenhados pelos docentes. A estes, não só lhes cabe a função de deter, transmitir saberes e aplicar sanções (quando necessário), como também, deter o poder nos principais órgãos do ensino, não lhes sendo facultada, regra geral, qualquer formação específica nestes últimos cargos.

A falta de preparação técnica, os fracos recursos materiais, a ausência de uma formação contínua dos docentes, entre outros, reflectem-se, geralmente, em métodos de ensino, recursos didácticos e técnicas de comunicação inadequadas, sobretudo quando a turma leccionada é social e culturalmente muito heterogénea.

Importa também salientar as expectativas positivas ou negativas que os professores criam sobre os alunos. Parece pois, que os alunos baixamente expectados são os que tiram piores resultados, ao contrário dos altamente expectados (o chamdo efeito Pigmalião).

Por fim, a própria avaliação feita pelo professor pode fomentar o insucesso escolar, nomeadamente pelo método de avaliação, os critérios utilizados, os modos pedagógicos, o contexto escolar, entre outros.

A individualidade de cada aluno

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Cada aluno tem características que lhe são próprias e que se reflectem no seu processo de aprendizagem. Neste contexto, a insuficiência dos recursos intelectuais e a insuficiência dos automatismos de base, tais como a dislexia, discalculia e disortografia, têm sido apontadas como bons indicadores das causas individuais do fraco aproveitamento escolar. Todavia, a grande maioria dos alunos com maus resultados escolares, têm um desenvolvimento normal. Neste caso, a falta de gosto e de empenho por parte dos alunos são as causas mais evidenciadas.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a pobreza (com crianças que se encontram desnutridas ou que se vêm forçadas a trabalhar para ajudar ao sustento da família ou para sobreviver), a exclusão e a escassa capacidade de as escolas contornarem a contenção são as principais causas do insucesso escolar.

CAUSAS DO INSUCESSO ESCOLAR

Barulho excessivo. Que o adolescente goste de conversar todo mundo sabe, porém se esse não se controla acaba exagerando e dessa maneira não consegue acompanhar os raciocínios e explicações dos professores que exigem sempre silêncio, atenção e concentração. Exemplo: imagine você numa aula de matemática que fique conversando ou que fique com a cabeça em outro mundo, em outras coisas, se você perde a linha de raciocínio de resolução do problema você não vai entender mais nada. E também não irá adiantar tentar resolver exercícios sozinho, pois se você se perdeu e não pediu ao professor que voltasse, então você não vai conseguir.

Arrogância. Todos sabem que adolescentes são extremamente arrogantes, mas precisam aprender a moderar isso, porque do contrário deixam de aprender e persistem em erros bobos. A arrogância e aprendizagem são totalmente opostas. Se o aluno acredita que já sabe sobre um determinado assunto ou que ele já entendeu tudo que havia para entender de um determinado conteúdo então a partir deste momento ele não aprende mais nada. Exemplos de arrogância: o professor de física, ou filosofia, ou geografia vai corrigir o aluno de um erro de grafia. O aluno imediatamente encontra uma justificativa para não ter que ouvir o que o professor lhe diz: “você é professor de português?”, ou “o professor também não erra?”. Ou seja, o aluno é incapaz de aprender. Está fechado na sua arrogância e não ouve, não aprende.

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Criação de dialetos. Os alunos hoje em dia cada vez menos conseguem entender o português padrão. Seja por causa da linguagem dos bate-papos virtuais, seja por causa das gírias excessivas que criam, seja porque lêem muito pouco e porque escrevem quase nada em português formal. Poderiam muito bem criar um blog e escrever alguns pensamentos e idéias que possuem, ou algum conto, ou poesias, ou mesmo um diário particular, que poderiam criar para praticar.

Não ver sentido no que lê. Os alunos costumam ler passivamente. O que isso significa? Que já se acostumaram a ler um texto sem que esse lhe faça o menor sentido. Os alunos não ficam incomodados que não entendam um texto. Porque se acostumaram que ler e entender são coisas diferentes. Mas aí vai uma novidade meio antiga: Não são! Leitura sem entendimento é como um robô que sabe pronunciar os sons das palavras, mas não sabe o que está dizendo. O aluno precisa se esforçar por entender os textos com todos os recursos que ele possuir: ler o texto se fazendo algumas perguntas e tentando respondê-las mentalmente, ler o texto e escrevendo nele palavras pesquisadas no dicionário, se esforçando para ler uma frase inteira e tentar assim buscar o sentido da palavra desconhecida na frase, pesquisar na internet ou em livros informações desconhecidas, etc.

Excesso de pressa. Os alunos são muito apressados. Acreditam, talvez, que como vivemos numa época muito dinâmica, onde tudo é muito rápido, que aprender também seja assim: pá, pum, tá aprendido! Errado! Pá, pum, nada. É preciso calma, silêncio, TEMPO, para se assimilar conteúdos novos.

Relativismo vagabundo. Hoje em dia o relativismo está na boca do povo. E como não poderia deixar de ser está na boca dos alunos também. O professor ensina algo e o aluno diz: “isso é o que o senhor pensa, professor! “. Isso ainda não chegou na aulas de ciências naturais, ou exatas. Mas em filosofia, sociologia, história, dependendo do que se diga, ou se explique, o aluno crê que pode desqualificar tudo que o professor está dizendo com essa simples frase.

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Inversão de cobrança. Há uma tirinha que mostra como era a escola há 30, 40 anos atrás onde o aluno quando tirava notas ruins os pais cobravam dele e hoje em dia quando o aluno tira notas ruins os pais, os alunos, a direção, os secretários da educação e se bobear até o ministro da educação cobram dos professores que se atualize, que mude seus métodos, que valorize mais o que o aluno já traz, que reveja seu método de ensinar, avaliar, que compreenda os “tempos modernos”, etc.

Trabalho e aprendizagem. Os pais costumam em um bom número achar que trabalhar é mais importante do que os estudos, do que aprender. O conhecimento para os pais possui um valor superficial. Eles defendem e aparentemente se importam com a escola, com os estudos, porém tudo apenas com o objetivo de que seus filhos consigam sair de casa e tenham um bom emprego. Tanto assim que se surgir a oportunidade de um bom emprego para um aluno de escola pública de comunidade mais simples o pai fará de tudo para que o aluno consiga o emprego e se der para estudar, tudo bem, porém se não der, paciência.

Ausência de material adequado ao nível cultural dos alunos. Com alunos analfabetos funcionais, ou semi-alfabetizados, acostumados com linguagem de internet, gírias, completamente desacostumados com a leitura, que ainda não perceberam que escrita e fala são coisas diferentes, com vocabulário pobre, com informações muito precárias, ou pouco ricas, não há um livro que seja capaz de servir perfeitamente para um aluno assim. Não há, simplesmente não há.

Falta de autonomia. Ou seja, o aluno não é autônomo. Depende sempre que cobrem dele, exijam dele constantemente.

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Ausência de sonhos. Um aluno de ensino médio de escola pública está muito desanimado, desmotivado na maioria das vezes. As coisas que o motivam são: parafernálias tecnológicas (celular, videogames, televisões de última geração, ipods, computadores etc), namorar, festinhas, a possibilidade de algum trabalho. Um aluno de ensino médio de escola pública não costuma pensar em universidade.

Estudo como valor. Houve épocas que o estudo era um valor importantíssimo. Para alguns era importante porque fazia com que a pessoa se destacasse na sociedade como alguém culto, inteligente, respeitável. Para outros era importante porque realmente motivava a conhecer mais as coisas: aprender um novo idioma, ler um clássico da literatura, conhecer melhor o universo, entender o que disseram os grandes pensadores da humanidade, dialogar com as mentes mais instigantes que a raça humana já produziu, etc.

Conhecimento como prazer. É impossível que os alunos não consigam se motivar pelo prazer que o estudo proporciona. Aprender uma nova língua (seja ela qual for), ler um livro clássico que comoveu milhões de pessoas e se tornou uma peça rara e importante para uma nação, ou que tenha se tornado imortal e se leia até hoje (lembrem de livros como a Ilíada e a Odisséia de Homero, com mais de dois mil anos e que até hoje são clássicos importantíssimos).

A ideia de adolescência. Em outras épocas não havia um respeito pela idade da adolescência. Nem existia essa idéia. A criança era vista como um pequeno adulto que já podia realizar tarefas de adultos. Meu avô aos oito anos trabalhava como pequeno adulto. Tinha lá algum brinquedinho, quando tinha, não podia de maneira alguma participar das conversas dos adultos (hoje há adolescentes dizendo aos pais como devem viver, agir, etc), não havia uma moda específica para essa idade (roupas próprias), livros próprios escritos para adolescentes (isso nunca existiu!), mas de maneira geral era educado para ser uma pessoa séria, para não falar bobagens, ouvir mais do que falar.

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Consequências

Contudo, os jovens nem sempre encaram a escola de uma forma positiva e o insucesso escolar pode provocar uma multiplicidade de consequências como: a desmotivação do aluno, o desinteresse ou mesmo o abandono da escola, uma baixa auto-estima, o afastamento de colegas e amigos, a entrada para o caminho das drogas, tabaco ou álcool e a tendência para a criminalidade.

CONCLUSÃO

Com a pesquisa feita concluímos que o insucesso escolar caracteriza-se pela incapacidade de uma criança corresponder aos objetivos da escola

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em termos escolares. É a partir dos anos sessenta que encontramos as suas primeiras manifestações, quando se começou a exigir que as escolas, por razões económicas e de igualdade, encontrassem formas de garantir o sucesso escolar de todos os seus alunos

Referência bibliografia

http://problemas-jovens.blogspot.com/2009/03/as-causas-do-insucesso-escolar-estao.html

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