o insucesso escolar suas causas e processos para a sua desejável erradicação estudos de caso _...

UNIVERSIDADE CATLICA PORTUGUESA

Faculdade de Educao e Psicologia

O INSUCESSO ESCOLAR

SUAS CAUSAS E PROCESSOS PARA A SUA DESEJVEL ERRADICAO:

Estudos de Caso

Dissertao apresentada Universidade Catlica Portuguesa para

obteno do grau de Mestre em Cincias da Educao

- Especializao em Administrao e Organizao Escolar

Zita Maria Pereira Pestana Correia Cardoso

Lisboa, Julho de 2009

UNIVERSIDADE CATLICA PORTUGUESA

Faculdade de Educao e Psicologia

O INSUCESSO ESCOLAR

SUAS CAUSAS E PROCESSOS PARA A SUA DESEJVEL ERRADICAO:

Estudos de Caso

Dissertao apresentada Universidade Catlica Portuguesa para

obteno do grau de Mestre em Cincias da Educao

- Especializao em Administrao e Organizao Escolar

Zita Maria Pereira Pestana Correia Cardoso

Trabalho efectuado sob a orientao do

Professor Doutor Cassiano Maria Reimo

Lisboa, Julho de 2009

O INSUCESSO ESCOLAR SUAS CAUSAS E PROCESSOS PARA A SUA DESEJVEL ERRADICAO: Estudos de Caso

i

memria do meu pai,

a quem devo a minha vida, a honra, o carcter, a dignidade

e a persistncia no conhecimento.

Ao Antnio, meu marido,

constante e exigente mestre,

pela sua dedicao, sabedoria e conselhos avisados constantes

de encorajamento necessidade do conhecimento e profissionalismo

para a consolidao da Sociedade Cientfica

e da Sociedade Global.


ii

Agradecimentos

Tanto como os actos, as palavras tero sempre uma fora de expresso e sero

um meio de comunicar o nosso reconhecimento a todos aqueles que, pela sua

inteligncia e conhecimento, influenciaram o curso e o sucesso das nossas vidas. Por

isso meu dever e obrigao agradecer a todos os que, pela sua especificidade fizeram,

alterando os meus comportamentos e atitudes, guindando-me a lugares de consolidao

no conhecimento.

O meu agradecimento especial terei que o dirigir ao Professor Doutor Cassiano

Reimo pela dignidade e pacincia que colocou na orientao deste meu trabalho, sem

esquecer a sua leccionao na rea curricular de tica das Organizaes, que me levou a

uma nova viso de procedimentos na e para com a Sociedade da qual sou parte.

Ao Professor Doutor Manuel Leite Monteiro pela oportunidade dada para a

minha compreenso das Cincias Matemticas e do valor do capital humano sado das

escolas, necessrio ao desenvolvimento e enriquecimento da Humanidade.

Aos Professores Doutores Sousa Fernandes, Teresa Sarmento e Fernando Ildio

pela implementao da viso sociolgica do ensino que me ofertaram.

Ao Professor Doutor Jorge Adelino Costa pela sua crtica sem imagem que

levou a que reforasse a minha competncia e o meu conhecimento.

Ao Coordenador do Curso, Professor Doutor Jos Afonso Baptista que, pelas

suas reas Curriculares especficas, pela sua interveno e seus conselhos, me levou a

reforar o meu estudo e a sair do labirinto secreto em que, por vezes, se torna a

sociedade.

Secretaria Regional de Educao e Cultura do Governo da Regio Autnoma

da Madeira pelo cumprimento das Normas que conferem aos professores o direito

formao subsidiada e o apoio para a melhoria da Educao e da Formao necessria

s crianas e aos jovens que procuram o seu desenvolvimento cognitivo e formacional

to necessrio ao seu desempenho profissional e econmico futuros.

Uma ltima palavra de apreo para a Universidade Catlica Portuguesa, pela

realizao do Curso de Mestrado. Para o Conselho Executivo, Direco Executiva,

Alunos, Encarregados de Educao, Professores, Conselho da Comunidade Educativa e

Conselho Geral de Escola, da Escola Bsica e Secundria da Regio Autnoma da

Madeira e Agrupamento de Escolas da rea do Municpio de Coimbra, pela sua

disponibilidade na aplicao dos inquritos necessrios ao presente trabalho cientfico.


iii

Resumo

Recorrendo investigao por inqurito, dirigido a elementos dos diversos universos

intervenientes no processo educativo, em duas escolas pblicas, uma na Regio

Autnoma da Madeira e outra da rea de interveno do Municpio de Coimbra,

procuramos, com recurso sua caracterizao e anlise dos resultados conseguidos

nas amostras, identificar possveis factos sociais, metodolgicos, pedaggicos e de

interveno ou falta dela, pela Administrao, tidos como outros factores originrias

do insucesso escolar. Procurou-se, ainda, analisar a falta de rigor na assuno, na

definio das respostas, para alm da distanciao entre todos os intervenientes no

processo, em que os membros dos conselhos, da comunidade educativa e geral de

escola, ainda no sabero bem qual a sua misso em todo o processo, face falta de

comunicao e de interaco, entre si, e com o rgo de gesto da escola e com a

Administrao, o que dificulta a eficincia do processo.

O excesso da presena da Administrao na escola e na falta de respostas suas s

necessidades dos alunos, durante e no final dos estudos, a presso aplicada aos

professores e o seu afastamento normativo dos encarregados de educao, parece

tambm contribuir para o insucesso ou falta de vontade de sucesso por parte dos

alunos.

Palavras-chave: insucesso escolar; sucesso escolar; escola; alunos; pais;

encarregados de educao; professores; solues.


iv

Summary

Using the research investigation directed by the elements of de various universes

involved in education in two schools, one in Madeira and another one of the

intervention area of de city of Coimbra, try, using the characterization and analyses of

results achieved in the samples, identify possible social facts, methodological and

pedagogical intervention or lack thereof by the Administration as they consider other

factors originating school failure. We also sought to examine the lack of accuracy in

taking the definition of responses, in addition to distancing between all stakeholders in

the process, in which members of the councils, community education and general

school, and still not know what their mission throughout the process, given the lack of

communication and interaction between themselves and the governing body of the

school and the Administration, which hampers the efficiency of the process.

The excessive of the presence of management at school and in their lack of response to

the needs of students during and on completion, the pressure applied to teachers and

their remoteness from the legal guardians, also seems to contribute to the failure or

lack the will to succeed by the students.

Keywords: academic failure, school success, school, students, parents, guardians,

teachers; solutions.


v

INDICE:

Pgina

Dedicatria . i

Agradecimentos . ii

Resumo .. iii

Summary. ... iv

NDICE ...... v

LISTA DE SIGLAS .. xi

LISTA DE QUADROS ... xiii

LISTA DE GRFICOS xv

CAPTULO I - INTRODUO

1.Contexto do estudo. 1

2. Objectivo da investigao. .. 9

3. Questes da investigao. . 10

4. Descrio sumria da investigao. ... 15

5. Importncia da investigao. . 18

6. Limitaes da investigao. .. 19

7. Conceitos utilizados para a definio de insucesso. . 20

CAPTULO II REVISO DA LITERATURA

1.Introduo. . 26

2. Conceitos do insucesso escolar. .... 28

3. Identificao de trabalhos empricos realizados por diversos investigadores. .. 36

4. Teorias consideradas na definio do (in)sucesso escolar. ... 38

5. Teorizao bibliogrfica para a promoo do sucesso escolar. . 40


vi

CAPTULO III MTODOS E MATERIAIS UTILIZADOS NA INVESTIGAO

1.Introduo. .. 46

2. Descrio do plano de investigao. .. 47

3. Apresentao do problema. ... 49

4. Descrio do processo utilizado na amostragem. .. 52

4.1. Localizao da aplicao do questionrio da investigao. .............. 52

4.2. Definio global das amostras. .. 53

4.2.1. Sujeitos intervenientes nas amostras. ..... 58

4.2.1.1. Amostra dos alunos. 59

4.2.1.2. Amostra dos professores. . 69

4.2.1.3. Amostra dos encarregados de educao. . 72

4.2.1.4. Amostra dos membros do CCE / CGE. ... 76

5. Descrio e justificao dos instrumentos escolhidos em funo das hipteses

formuladas. .... 79

6. Descrio dos instrumentos utilizados. . 81

6.1. Nos alunos. . 82

6.2 . Nos professores. . 83

6.3. Nos encarregados de educao. ... 86

6.4. Nos membros do CCE / CGE. 87

7. Discusso da validade e considerandos sobre a fiabilidade da investigao. ... 88

CAPTULO IV RESULTADOS DA INVESTIGAO

1. Descrio dos resultados obtidos. . 90

1.1. Nos alunos. ..... 91

1.1.1. Caracterizao dos alunos respondentes ao inqurito. ...... 91

1.1.2.Anlise dos resultados de interesse emprico / cientfico,


vii

apresentados pelos alunos no inqurito a que foram submetidos. ... 100

1.2. Nos professores. .... 109

1.2.1. Caracterizao dos professores submetidos ao inqurito. ... 109

1.2.2. Anlise dos resultados de interesse emprico / cientfico, apresentados

pelos professores no inqurito a que foram submetidos. . 116

1.3. Nos encarregados de educao. ..... 133

1.3.1. Caracterizao dos EE submetidos ao inqurito. . 133


pelos EE no inqurito a que foram submetidos. .. 139

1.4. Nos membros dos Conselhos da Comunidade Educativa / Geral

de Escola. ... 148

1.4.1. Caracterizao dos membros dos CCE / CGE submetidos ao

inqurito. ...... 148


pelos membros do CCE e do CGE no inqurito a que foram submetidos. .. 154

2. Descrio dos mtodos utilizados no tratamento dos dados. .. 160

3. Identificao dos inquritos utilizados. ... 161

4. Expectativas criadas e confirmao das previses iniciais. ..... 161

CAPTULO V DISCUSSO DOS RESULTADOS. ............................... 163

1.Considerando as questes adoptadas como origem do insucesso escolar. 163

CAPTULO VI CONCLUSES. .................................. 173

1. Introduo. ... 173

2. Discusso das implicaes dos resultados e seu significado. .. 175

3. Sugestes para aplicao de processos e / ou de aces, que podem concorrer

para o sucesso escolar. ..... 179


viii

4. Recomendaes para trabalhos futuros. .. 182

5. Consideraes finais. ... 183

BIBLIOGRAFIA. 187

Legislao consultada. ..................................................................................................196

Sites consultados. ..........................................................................................................196

ANEXOS. 197

ANEXO I

Pedido de autorizao para inqurito DREC / ME. .. 198

ANEXO II

Pedido de autorizao para investigao cientfica. 199

ANEXO III

Pedido de autorizao para submisso do inqurito na Escola L da RAM. 200

ANEXO IV

Ofcio CNPD. ............... 201

ANEXO V

CNPD Resposta a pedido de informao. ............ 202

ANEXO VI

CNPD Resposta a pedido de autorizao. ............ 203

ANEXO VII

Pedido de aplicao em meio escolar. ..... 204

ANEXO VIII

Confirmao do registo de monitorizao de inquritos em Meio Escolar. .... 205

ANEXO IX

Somatrio das quotas de amostragem dos diversos universos existentes na

Escola L, da RAM e da Escola V da rea do Municpio de Coimbra. . 206


ix

ANEXO X

Recomendaes a observar nos preenchimentos dos inquritos. .... 207

ANEXO XI

Questionrio submetido aos professores das Escolas L e V. .... 208

ANEXO XII

Questionrio submetido aos alunos das Escolas L e V. ... 214

ANEXO XIII

Questionrio submetido aos encarregados de educao das Escolas L e V. .... 220

ANEXO XIV

Questionrio submetido aos membros do CCE da Escola V. .. 225

ANEXO XV

Questionrio submetido aos membros do CGE da Escola V. .. 230

ANEXO XVI

Caracterizao dos alunos das Escolas L da RAM e V da rea

de interveno Do Municpio de Coimbra. . 235

ANEXO XVII

Anlise dos resultados de teor emprico / cientfico, apresentados pelos

alunos das Escolas L e V. . 237

ANEXO XVIII

Caracterizao dos alunos da Escola L da RAM. 238

ANEXO XIX

Anlise dos resultados de teor emprico / cientfico, fornecidos pelos alunos da

Escola L da RAM nas respostas ao inqurito a que foram submetidos. .. 240

ANEXO XX

Caracterizao dos alunos da Escola V da rea do Municpio de Coimbra


x

conforme dados colhidos nas respostas ao inqurito a que foram submetidos. .. 241

ANEXO XXI

Anlise dos resultados de interesse emprico / cientfico, apresentados pelos alunos

da Escola V da rea de interveno do Municpio de Coimbra nas respostas

ao inqurito a que foram submetidos. .. 243

ANEXO XXII

Caracterizao da totalidade dos professores. . 244

ANEXO XXIII

Anlise dos resultados com interesse emprico / cientfico, apresentados pelos

professores das Escolas L e V, no inqurito a que foram submetidos. 245

ANEXO XXIV

Caracterizao dos encarregados de educao das Escolas L da RAM

e V da rea de interveno do Municpio de Coimbra. .... 247

ANEXO XXV

Anlise dos dados com interesse emprico / cientfico, apresentados EE

das Escolas L e V no inqurito a que foram submetidos. . 248

ANEXO XXVI

Caracterizao dos membros dos CCE / CGE das Escolas L da RAM

e V da rea de interveno do Municpio de Coimbra. ... 249

ANEXO XXVII

Anlise dos dados com interesse emprico / cientfico, apresentados pelos membros

do CCE / CGE, como resposta aos inquritos a que foram submetidos. . 250

Indicao das Siglas consideradas. ... xi

Listagem dos diversos Quadros inscritos no trabalho. . xiii

Listagem dos Grficos inscritos no trabalho. ........ xvi


xi

SIGLAS

AC Actividades Curriculares

ASE Aco Social Escolar

AV Algumas Vezes

BV Bastantes Vezes

CCE Conselho da Comunidade Educativa

CEB Ciclo do Ensino Bsico

CGE Conselho Geral de Escola

CNPD Comisso Nacional de Proteco de Dados

CRP Constituio da Repblica Portuguesa

CST Contrato de Servio a Termo

DGIDC Direco Geral de Inovao e Desenvolvimento Curricular

DT Director de Turma

DUDH Declarao Universal dos Direitos do Homem

EB Ensino bsico

EDA Estatuto Disciplinar do Aluno

EE Encarregado de Educao

EL Escola L

EO Escolaridade obrigatria

EP Ensino profissional

EPE Ensino Pr-Escolar

ES Ensino Secundrio

EU Ensino universitrio

EV Escola V

FA Frequncia Absoluta


xii

FIP Formao Inicial de Professores

FR Frequncia relativa

IA Inqurito aos alunos

IP Inqurito aos professores

IEE Inqurito aos EE

ICCE/CGE Inqurito aos membros do CCE / CGE

MED Medidas educativas disciplinares

NEE Necessidades Educativas Especiais

NN Nunca

NR/NS No respondeu / No sabe

OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

ONU Organizao das Naes Unidas

p. Pgina

pp. Pginas

QND Quadro de nomeao definitiva

QNP Quadro de nomeao provisria

QZP Quadro de zona pedaggica

RAM Regio Autnoma da Madeira

RR Raramente

SP Sempre

TCO Trabalhador por conta outrem

TCP Trabalhador por conta prpria


xiii

LISTA DE QUADROS

Pgina

Quadro 1 Indicadores e valores considerados para a escala tipo Lickert. .. 54

Quadro 2.1 - Somatrio das quotas de amostragem dos diversos universos

existentes na Escola L da RAM e na Escola V da rea do Municpio de Coimbra. 55

Quadro 2.2 Frequncias relativas e absolutas de sujeitos (actores educativos)

intervenientes nas amostras da investigao. ... 56

Quadro 3.1 - Variveis de caracterizao e resultados dos dados pessoais e

situao perante a escola dos alunos respondentes ao inqurito. . 60/91

Quadro 3.2 - Variveis de caracterizao e resultados sobre caractersticas

do agregado familiar dos alunos respondentes ao inqurito. ... 64/94

Quadro 3.3 - Variveis de caracterizao e resultados sobre caractersticas

do agregado familiar dos alunos respondentes ao inqurito. 66/96

Quadro 3.4 - Variveis de caracterizao utilizadas no inqurito dos alunos

e resultados conseguidos. . 67/98

Quadro 3.5. Amostra dos resultados dos alunos s questes de interesse

emprico / cientfico. ... 101

Quadro n. 4.1: Questo n. 1 correspondente varivel Idade dos

professores apresentantes do inqurito. ..... 69/109

Quadro n. 4.2: Questo n. 2 correspondente varivel gnero (Sexo)

dos professores apresentantes do inqurito. .. 70/111

Quadro n. 4.3: Questo n. 3 correspondente varivel

Habilitaes Acadmicas dos professores apresentantes do inqurito. ..70/112

Quadro n. 4.4: Questo n. 4 correspondente varivel Situao

Profissional dos professores apresentantes do inqurito. . 71/113


xiv

Quadro n. 4.5: Questo n. 5 correspondente varivel Nvel que os

professores ensinam. ... 71/114

Quadro n. 4.6: Questo n. 6 correspondente varivel Anos de Servio

que o professor detm. 72/115

Quadro 4.7. Amostra dos resultados de interesse emprico / cientfico,

apresentados pelos professores. .. 117

Quadro 5.1 Caracterizao da varivel Idade da totalidade dos

encarregados de educao. 73/133

Quadro 5.2 Caracterizao da varivel Gnero (sexo) da totalidade dos

encarregados de educao. 73/134

Quadro 5.3 Caracterizao da amostra das Habilitaes Acadmicas

dos encarregados de educao. .. 74/135

Quadro 5.4 Caracterizao da amostra Habitao da totalidade dos

encarregados de educao. . 74/137

Quadro 5.5 Caracterizao da amostra Situao Profissional da totalidade

dos encarregados de educao. .. 75/138

Quadro 5.6. Dados apresentados pelos EE s questes de interesse

emprico / cientfico. ........ 139

Quadro 6.1 Caracterizao da varivel Idade da totalidade dos membros do

CCE / CGE respondentes ao inqurito. .. 76/149

Quadro 6.2 Caracterizao da varivel gnero (sexo) da totalidade dos membros

do CCE / CGE respondentes ao inqurito. . 77/150

Quadro 6.3 Caracterizao da varivel Habilitaes Acadmicas da totalidade

dos membros do CCE / CGE respondentes ao inqurito. ... 77/151

Quadro 6.4 Caracterizao da varivel Situao profissional da totalidade


xv

dos membros do CCE / CGE respondentes ao inqurito. 78/152

Quadro 6.5 Caracterizao da varivel Modo de Nomeao da totalidade

dos membros do CCE / CGE respondentes ao inqurito. ... 79/153

Quadro 6.6 - Amostra dos resultados de interesse emprico/cientfico, apresentados

pelos membros dos CCE / CGE. ......... 154


xvi

LISTA DOS GRFICOS

Grfico 1.1 Frequncias relativas e absolutas dos universos de sujeitos

(actores educativos) intervenientes nas amostras da investigao. ... 56

Grfico 1.2 Frequncias relativas e absolutas, por escola, dos alunos intervenientes

na amostra da investigao. ... 57

Grfico n. 2.1: Distribuio da varivel Idade dos professores apresentantes

do inqurito. . 110

Grfico n. 2.2: Distribuio da varivel gnero (Sexo) dos professores

apresentantes do inqurito. .. 111

Grfico n. 2.3: Distribuio da varivel Habilitaes Acadmicas dos

professores apresentantes do inqurito. ... 112

Grfico n. 2.4: Distribuio da varivel Situao Profissional dos

professores apresentantes do inqurito. ... 113

Grfico n. 2.5: Distribuio da varivel Nvel que os professores ensinam. .. 114

Grfico n. 2.6: Distribuio da varivel Anos de Servio que os professores

detm. .. 115

Grfico 3.1 Distribuio da varivel Idade do universo EE. 134

Grfico 3.2 Distribuio por gnero (Sexo) do universo EE. ... 135

Grfico 3.3 Distribuio da varivel Habilitaes Acadmicas do universo EE. .. 136

Grfico 3.4 Distribuio da varivel Habitao do universo EE. . 137

Grfico 3.5 Distribuio da varivel Situao Profissional do universo EE. ... 138

Grfico 4.1 Distribuio da varivel Idade do universo membros CCE / CGE. .. 149

Grfico 4.2 Distribuio da varivel gnero (sexo) do universo membros CCE

/ CGE. .. 150

Grfico 4.3 Distribuio da varivel Habilitaes Acadmicas do universo


xvii

membros CCE / CGE. 151

Grfico 4.4 Distribuio da varivel Situao Profissional do universo


Grfico 4.5 Distribuio da varivel Modo de Nomeao do universo



1

CAPTULO I INTRODUO

O presente CAPTULO composto por sete pontos. O primeiro aborda o

Contexto do estudo e apresenta alguns conceitos sobre a definio e composio do

fenmeno do insucesso escolar; o segundo ponto refere-se ao Objectivo da

investigao; o terceiro refere-se a Questes da investigao; o quarto ponto inclui a

Descrio sumria da investigao; o quinto ponto refere-se Importncia da

investigao; o sexto ponto aponta as Limitaes da investigao e o stimo ponto

procede identificao de Conceitos utilizados para a definio de insucesso.

1.Contexto do estudo

O tema do insucesso escolar tem-se arrastado no tempo, vindo j desde antes da

massificao e generalizao da necessidade de aprender, o que tem constitudo, entre

outras consequncias, o abandono precoce da escola, a qual aparece como segregativa e

comprometedora definitiva do futuro dos jovens.

No caso portugus, assistimos evoluo desta problemtica, quando, com

Galvo Teles, se verifica a primeira medida de confluncia de alunos na escola, face

utilizao dos meios audiovisuais com a criao da Telescola em 1964, apesar de s a 6

de Janeiro de 1965 o sistema de ensino, via televiso, ter sido implantado. Mas, foi com

a reforma Veiga Simo de 1969 (com a obrigatoriedade do ensino bsico e

secundrio), que se massificou e generalizou a extenso do ensino, tendo, por

conseguinte comeado a agravar-se o insucesso escolar, j que o corpo docente (na sua

grande parte) no se mostrou satisfatrio, para alm de no ser detentor de uma

formao profissional (inicial ou contnua) que lhe permitisse fazer face a um

incremento do sucesso escolar dos alunos.


2

Enquanto problema real e multifacetado, nas trs ltimas dcadas do sculo XX

e na primeira do actual, o insucesso escolar tem vindo a merecer a ateno de uma boa

parte da sociedade cientfica ligada sociologia, psicologia e s cincias da educao.

Esta comunidade, formada por pessoas unidas por objectivos comuns que transcendem

os interesses particulares de cada indivduo e com um sentimento que parece querer

trilhar e assegurar o caminho do sucesso escolar, continua, aparentemente, sem solues

e a afectar a globalidade da sociedade e o seu desenvolvimento a curto, mdio e longo

prazo.

Por isso, temos vindo a constatar a presena de diversos estudos e artigos

cientficos que procuram interpretar as causas dos problemas sentidos e vividos pelos

alunos (e, por arrastamento, pelas suas famlias) que frequentam os diversos nveis de

ensino e que os desviam da cognio e da competitividade necessria ao

desenvolvimento econmico-social dos pases e do Mundo Global.

Pautado pela generalizao, conforme se referiu, tem-se arrastado no tempo,

apesar do diversificado manancial de solues que trabalhos cientficos e empricos tm

anotado, aps anlise das concepes e percepes anotadas enquanto suas possveis

causas.

Tem sido a sua massificao e a generalizao do ensino que tm levado ao

reforo das preocupaes de todos os actores educativos, face ao disparar das

estatsticas do insucesso em todas as suas vertentes e ao avolumar do abandono escolar,

a que no sero alheios os nveis socioeconmico e cultural das famlias, facto que

constitui uma desigualdade logo porta da escola. Para uma grande maioria dos

cidados, o insucesso significa que o aluno no atingiu os objectivos mnimos

requeridos para concluir, com xito, determinada etapa da sua escolaridade.


3

Aumentou, ultimamente, a falta de xito demonstrada pelos resultados obtidos

que, anualmente, so largamente publicitados, como se de pandemia se tratasse.

Pelo que temos vindo a verificar, ser, que o insucesso tem sido obstinadamente

consentido e promovido? Assistimos, no entanto, a uma necessidade de demonstrao

estatstica do sucesso, a que no ser alheia a existncia de uma selva sem identidade

em que os modelos de referncia e de diversificao escolar no contribuem para a

integrao (Azevedo J., 2000), nem para o sucesso efectivo que vise a necessidade de

competitividade e de rigor sem limites.

Razo suficiente para que, face sua abrangncia na sociedade e por se estender a

todas as idades escolares, Benavente (1990, 1998) tenha classificado o fenmeno do

insucesso escolar como problema massivo, tambm por se alargar a uma considervel

faixa da populao em idade escolar; selectivo, face aos maiores nveis de ocorrncia

nas classes socialmente mais desfavorecidas; precoce, por se verificar desde os

primeiros nveis de ensino; constante, tendo em conta que abrange todos os graus e

tipos de ensino; e cumulativo, pela incidncia da probabilidade de repetncia na

reprovao de algum, anteriormente j retido. Fenmeno que, quanto a ns, continua a

proliferar por ainda no se terem tomado as medidas de rigor adequadas para que se

opere a sua inverso.

Foi pela necessidade de pensar e de reflectir para alm do emprico e para

procurar comungar e contribuir para o diagnosticar das suas causas que nos

abalanmos no presente trabalho de investigao, apresentando a quatro tipos de

sujeitos, que compem alguns universos participantes no processo educativo, diversas

questes que, isoladamente, podero, tambm elas, precipitar as dificuldades e

contribuir para o (in)sucesso. Procurmos, desta forma, constituir mais uma tentativa de

poder contribuir com outras solues, comungando com Azevedo (2003, p. 35) a ideia


4

de que no so os decretos que mudam as relaes (), nem alteram os coraes

humanos e as suas atitudes.

Contribuiu tambm para a deciso de abordarmos esta problemtica, a percepo

colhida no que fomos observando nas escolas onde exercemos funes ao longo dos

anos, por detectarmos que o insucesso escolar pode ter, para alm das causas j

institudas nas diversas publicaes e trabalhos realizados, origem na interveno, ou

falta dela: da sociedade e da famlia, pois que, mesmo que os pais no consigam ajudar

os seus filhos na resoluo das tarefas podero contribuir para que eles criem hbitos de

pensar, de estudar e de organizao, bem necessrios ao trabalho eficaz dos professores;

pela falta e interveno dos alunos, ao que se acrescentaro a ausncia de polticas

educacionais de controlo e de regulao, constitudas pela ausncia de apoios, opinio

vinculada nas respostas aos inquritos de que daremos conta na discusso dos

resultados.

De forma alguma, quer o poder poltico, quer a escola podero esquecer que o

insucesso mais evidente nos alunos com determinadas caractersticas. Os que revelam

carncias nos nveis diagnosticados so os que sentem maior dificuldade no

cumprimento da escolaridade obrigatria e consequentemente, naqueles em que se

acentua maior insucesso e abandono escolar.

Opinio firmada pelo que temos vindo a analisar nos diversos trabalhos a que

temos tido acesso, pois o insucesso escolar tem, na ptica dos diversos investigadores

que analismos, vrias faces e vrias origens.

Na linha de definio das causas do insucesso escolar, Rovira (1998, p. 83) refere

que no se trata de um desastre natural, mas sim de um trabalho produzido em que

ningum assume a sua autoria. Neste contexto, equaciona quem de facto o autor de tal


5

produo fracassada e questiona se fracassam os indivduos, ou fracassa a sociedade, a

escola e as polticas educativas?

No entanto, parece que devemos assumir como assente, que estamos perante um

problema complexo ocasionado por um conjunto de factores que actuam de forma

comum. Mesmo no coexistindo e no conseguindo isoladamente impor tal marca, por

certo conseguiro precipitar as dificuldades.

S em assimilao que os diversos factores que rodeiam e emergem da

sociedade (sociais, culturais e econmicos, entre outros) provocam tal desiderato. Por

isso, Rovira (1998, p. 84), citando Morin (1994), anota que as situaes sociais,

familiares e escolares, actuando entrelaadas, provocam o insucesso escolar. Para

Pires (1994), tido como visvel, pelo facto de se poder quantificar pelas estatsticas

de reprovaes, de repetncias sucessivas e de abandonos consumados sem retorno.

Pessoalmente, enquanto agente interveniente no processo educativo, todos os

tipos de insucesso me preocupam. No entanto, enquanto aprendiz de investigador social

e cidad de uma sociedade dita democrtica, o que merece a nossa maior preocupao

o invisvel. Pois torna-se evidente como mancha espelhada no universo das

incompetncias resolutivas. Esse insucesso -nos demonstrado, todos os dias, pela falta

de qualificao dos nossos trabalhadores, dos nossos tcnicos especializados e, por que

no, da(o)s nossa(o)s professora(e)s pela forma inadequada e insuficiente como se

prepara a sua formao cognitiva e social, enquanto responsveis pelo normal

desenvolvimento do mundo global.

Algumas das possveis causas tidas como factores do insucesso escolar j foram

indicadas. A origem desta investigao deveu-se percepo colhida, no que fomos

observando nas escolas onde exercemos funes ao longo dos anos, e por detectarmos

que o insucesso pode ter, alm das razes j referidas, origens pela interveno, ou falta


6

dela, da sociedade, na interveno ou no da famlia, nas atitudes preconizadas pela

Escola, na falta e interveno dos alunos, ao que se acrescentaro as depresses

sociopolticas, na ausncia de polticas educacionais de controlo e de regulao,

constitudas pela ausncia de apoios, segundo opinio vinculada nas respostas aos

inquritos de que daremos conta na discusso dos resultados.

Essas outras causas que tm vindo a ser apontadas prendem-se com a aceitao

ou no, por parte dos alunos, da panplia de ofertas que nem sempre visam a sua

satisfao para a vida, a sua capacidade de recuperao atravs de possveis mudanas

de atitudes, e bem assim, as questes sociopolticas, onde figuram ausncias e omisses

de polticas resolutivas de crises que se vo instalando, em que algumas delas redundam

em fortssimos factores estruturais do insucesso, onde nem as possveis elites do

conhecimento conseguem impor a sua marca.

Uma pergunta se impe. Ser que os alunos (filhos) sentem sua volta modelos

de conduta que consigam reproduzir, em toda a sua essncia, ou tendero a reproduzir

os modelos com falta de autoridade e de rigor que vem, sem limitaes, em todos os

agentes intervenientes no processo educativo e na Administrao, avalizadora de tais

modelos?

O insucesso escolar ter que merecer a ateno, em unssono, de todos, pois

sendo, como o referem Corteso e Torres (1990, p. 33), um fenmeno muito complexo

que tem manifestaes a nvel da escola e da sociedade, s se conseguir reverter em

sucesso educativo quando a escola e os seus agentes se sentirem capazes de promover o

progresso dos alunos nos seus objectivos intelectuais, sociais, morais e at afectivos

(Bolvar, 2003, p. 20). No entanto, nesse processo, dever ser tido em conta o seu nvel

socioeconmico, o seu meio familiar, bem como a aprendizagem prvia que at ali foi

desenvolvida.


7

Nessa conformidade, torna-se necessrio que todos os intervenientes no processo

reforcem as suas capacidades de comunicao e de interaco, ao mesmo tempo que o

professor, que deixou de ser o agente regulador e mais interveniente em todo o processo

educativo, para passar a ser o centro de todas as presses e de todas as explicaes para

o insucesso, reforce a sua competncia atravs da formao continuada, para a qual a

Administrao dever dar o seu contributo facultando os meios que levaro sua

prossecuo.

A escola, bem como todos os seus demais actores educativos nela intervenientes,

esto na obrigao de preparar os alunos para a vida activa, consciencializando-os para

a realidade que se vive no meio envolvente, de modo a poderem desempenhar o papel

que lhes cabe na comunidade enquanto parte integrante e participativa.

O professor, apesar das alteraes de influncia de secundarizao a que tem

sido sujeito, ter que assumir a sua incumbncia no acompanhamento das mutaes com

destino ao progresso do aluno, como uma adeso reflexiva sobre a sua prtica. Os

motivos so evidentes.

O aluno, como ser humano, situado no topo da escala zoolgica, ter de assumir

definitivamente a sua auto-estima, em vez de ser o explorador nato das incoerncias dos

pais, da escola e da sociedade, retirando da, sistematicamente, modelos de condutas de

desvalorizao. Dever apoiar-se com afinco e referncia na Escola por esta (ainda)

constituir um dos bens supremos da promoo da realizao do seu sucesso e da

construo de processos que levam ao seu desenvolvimento cognitivo e de progresso

para a sua vida social futura. No a deve sentir como uma continuidade do seu ambiente

de lazer e de falta de responsabilizao que, porventura, possa viver-se no seu seio

familiar que, eventualmente, nem sempre optar pela responsabilizao de meios.


8

Assim, tendo como certo que o insucesso escolar atinge todos os nveis de

ensino de forma assustadora, parece estar demonstrado que as atitudes de desinteresse

dos alunos tero, entre outros factores, a sua origem no s nos resultados extrados dos

trabalhos estatsticos da avaliao interna que parecem resultar na no consequncia,

como tambm dos resultados da avaliao externa, facilitada ou no, conseguida nos

exames nacionais no final do ensino bsico, do ensino secundrio e nas provas de

aferio realizadas no 4 ano, 6 ano e 9 ano de escolaridade, aos quais no produzem

qualquer efeito directo na progresso ou na reteno dos alunos, no traduzindo o efeito

de marca de rigor necessrio ao sucesso em educao.

Atravs de que processos seremos capazes de contribuir para a inverso desta

realidade, qual no ser alheio o excesso de interveno e de protagonismo da

Administrao que sobrevaloriza a sua interveno directa na Escola e na educao

familiar dos alunos, procurando substituir, sem xito, o lugar cativo dos encarregados de

educao?

Estamos convictos de que a promoo do sucesso s se conseguir atravs do

combate ao abandono e ao insucesso, bem como ao erradicar de algumas causas

estruturais ou conjunturais, sem descurar a promoo, entre outras aces, da interaco

aluno / professor / escola, escola / professor / encarregado de educao / aluno,

reconhecendo, com relevo, a necessidade de uma cultura da criana e do adolescente,

em que a verdadeira estratgia residir na concepo de uma outra atitude por parte da

Administrao, da Escola e seus agentes, da Famlia e da Sociedade, de forma a

compreender-se que o sucesso dos alunos de interesse superior, pelo que,

procuramos, atravs da presente investigao, criar um campo de possveis novas

tomadas de posio perante o insucesso.


9

Alm disso, o tema exige que tenhamos em considerao outras diversas causas

intervenientes, umas de natureza intrnseca, outras extrnsecas prpria Escola, como a

distanciao da sociedade, a atitude da famlia perante a escola e perante os alunos, os

comportamentos de rejeio ou de desinteresse dos alunos face escola e face aos

professores, as suas atitudes pedaggico-didcticas e a ausncia de eficientes polticas

educativas, que podero assumir a grande quota-parte das responsabilidades em todo o

processo.

2. Objectivo da investigao

O fenmeno do insucesso escolar no se prefigura como um problema

localizado, mas, antes, como uma problemtica generalizada, porventura presente,

desde o nascimento da instituio escolar (Rangel, 1994, p. 20), apresentando-se,

aparentemente sem solues.

A ideia que vem firmando nos diversos investigadores que o insucesso tem,

ultimamente, vindo a aumentar. Por se tratar de um problema real que afecta a

globalidade da sociedade, o seu desenvolvimento e a sua estabilidade a curto, mdio e

longo prazo, foi, como j se referiu, razo mais do que suficiente para se levar a cabo a

presente investigao.

O tema em anlise tem feito parte da agenda poltica, como tambm do estudo

analtico dos investigadores das cincias da educao. Estes inscrevem, nas diversas

teorias explicativas do fenmeno escolar, vrios factores sociais. Alm disso, esta

investigao pode vir a contribuir para acrescentar algo mais aos diversos trabalhos

empricos, estudos de caso, estudos e artigos cientficos, j publicados (que nos

fornecem conhecimento aprofundado); e que procuram, numa enorme mole de variveis

e de factores sociais, mais ou menos directamente inter-relacionados, interpretar as


10

causas que intervm no desenvolvimento da aprendizagem e no rendimento escolar dos

alunos. Constituem, assim, os problemas sentidos e vividos pelos alunos (por

arrastamento as suas famlias, a sociedade civil e a sociedade poltica) que frequentam

os diversos nveis de ensino; tais problemas desviam-nos da cognio e da

competitividade necessria ao desenvolvimento econmico-social dos pases e do

Mundo Global.

A presente investigao tem, assim, como objectivo, procurar compreender se

algumas das causas do insucesso escolar assentam nas questes do inqurito

apresentado aos alunos, aos professores, aos EE e aos membros dos CCE / CGE. Por

conseguinte, para alm das respostas de caracterizao do agregado familiar dos alunos

/ EE, as quais j nos fornecem algumas causas sociolgicas para o insucesso, iremos

procurar identificar nas respostas s questes de teor emprico / cientfico, conseguidas

dos diversos actores educativos envolvidos na investigao, possveis aces e / ou,

processos, capazes de minimizar o insucesso escolar.

Apesar de no nos aparecerem como causas sintomticas na construo do

insucesso, so e / ou, podem ser, classificadas como factos sociais capazes de precipitar

fenmenos que levem ao insucesso escolar. Bastar, para isso, revisitarmos as respostas

fornecidas pelos alunos, pelos EE e at pelos professores e pelos membros dos CCE /

CGE, nas amostras conseguidas nas respostas ao inqurito, para convergirmos nessa

concluso.

3. Questes da investigao

O objecto principal desta investigao (que tem sido uma das nossas mais

prementes inquietaes, desde os bancos da universidade, onde, muitas das vezes, no

nos foi possvel a consecuo de objectivos, talvez por deficiente formao cognitiva


11

anterior, ou por deficiente transmisso de mtodos que levassem ao conhecimento) ,

para alm do citado em Objectivos da investigao: procurar compreender a possvel

ligao entre o insucesso escolar a que os alunos esto sujeitos, quer nos grandes

centros urbanos, quer nas zonas ruralizadas, e a aco didctico-pedaggica dos

professores; procurar compreender a possvel ligao entre o insucesso escolar e a

organizao do processo curricular por parte da Escola e por parte da Administrao e

dos seus responsveis e procurar as respostas ou falta delas sobre o insucesso escolar,

que a sociedade poltica e a sociedade civil envolvente conseguem dar aos alunos no

final de cada ciclo de estudos.

Durante a investigao, a nossa preocupao primeira foi questionar-nos sobre

as possveis ligaes existentes entre as atitudes (consideradas factos socioprofissionais)

desencadeadas, ou no, pelos diversos actores educativos, para alm da interferncia de

algumas variveis caracterizadoras do agregado familiar, tendo em considerao o

afirmado por Le Gall (1978, p. 27) de que A profisso dos pais, que sugere o nvel

socioeconmico e sociocultural, intervm de modo importante no sucesso escolar e o

referido por Formosinho (1987, p. 17) que O baixo nvel econmico da famlia pode

exigir que os filhos comecem a vida o mais cedo possvel para que mais remuneraes

entrem para o oramento familiar, influenciaro o insucesso escolar. Factores

socioeconmicos responsveis, a maior parte das vezes pelo abandono escolar e pelos

maus resultados escolares, so efectivamente, a razo dinamizadora da identificao de

processos do sucesso / insucesso.

Neste sentido, a problemtica deste estudo centra-se em torno das questes de

investigao que abaixo inscreveremos, aps a anlise dos resultados das amostras

conseguidas, nas respostas aos inquritos, constantes dos ANEXOS XI, XII, XIII, XIV

e XV, aps a elaborao do ponto nmero 1 e nico Considerando as questes


12

adoptadas como origem do insucesso escolar do CAPTULO V - DISCUSSO DE

RESULTADOS OBTIDOS; atravs delas, procuraremos equacionar as suas

repercusses na contribuio para a desejvel erradicao do problema do insucesso

escolar.

Para fundamentar a pertinncia da problemtica desta investigao recorremos a

algumas dissertaes, teses de doutoramento, bem como a trabalhos cientficos

publicados e referidos na BIBLIOGRAFIA. S assim foi possvel proceder a novas

propostas que, de alguma maneira, dessem um contributo na batalha do insucesso

escolar, cujo fim est, ainda, longe da vista. Pelo menos enquanto no se conseguir a

unio de esforos que contemple a soluo que encaminhe os alunos para a realizao

da sua auto-estima, de modo a que o sucesso escolar tenha uma incidncia directa na sua

vida activa, em prol da competitividade.

Foram os considerandos j apresentados que nos levaram, tambm, a interrogar-

nos sobre a forma pela qual a sociedade na sua interveno, a escola, os professores, os

encarregados de educao e a administrao, na sua aco, podero contribuir para a

soluo deste problema.

A aplicao das questes, nos questionrios utilizados na nossa investigao,

est reforada pela confluncia de respostas semelhantes nos alunos, nos professores,

nos encarregados de educao e at nos membros dos CCE / CGE. O que indica que

emerge, nas suas conscincias, a incapacidade das diversas polticas educativas,

alteradas ou levadas a cabo, em debelarem as dificuldades, para alm de no

concorrerem para a resoluo dos problemas, intra e extra-escolares, que tm elevado os

ndices do insucesso escolar.

Muitas das razes de sua existncia vo da manipulao do facilitismo, visando

as estatsticas do fcil sucesso s presses de vrios quadrantes sociopolticos que se


13

tornaram molstia abrasiva da competncia e do sucesso, falta de interaco e falta

de solidariedade institucional e profissional de muitos dos professores que, muitas vezes

fogem s suas responsabilidades de influncia social, cognitiva e formacional.

O emaranhado de polticas sem sentido, reformadoras de outras de igual ndole,

levaram a que crissemos as nossas prprias motivaes e que aprofundssemos e

tentssemos envolver-nos numa investigao que, com o rigor apoiante de grande parte

dos trabalhos cientficos e com alguns trabalhos empricos at hoje aprovados, que

iremos abordar em Reviso da literatura. Procurmos, deste modo, desenvolver mais

uma tentativa de, no respeito pelos saberes diversificados, caminhar para a desejvel

erradicao do insucesso escolar.

No sentido de o minimizar, seleccionmos, nos vrios questionrios submetidos,

algumas questes que, quanto a ns, contribuem para o problema em anlise, neste

estudo.

Assim, como j se referiu, para alm das respostas s questes de caracterizao

dos alunos (ncleo central do nosso estudo), iremos centrar a problemtica desta

investigao, tendo em considerao as seguintes questes:

Contribuiro as categorias das variveis composio do agregado familiar, habitao,

situao profissional dos pais, as suas habilitaes acadmicas, bem como seu escalo

etrio, para o insucesso escolar?

Contribuir a falta: de gosto em frequentar a escola; de estudar diariamente; de hbitos

e mtodo de estudo; de ateno e de concentrao nas aulas, por parte do aluno, para o

insucesso escolar?

Contribuiro: o rpido esquecimento, a dificuldade de percepo dos contedos

leccionados, a deficiente formao cognitiva anterior e a falta de compreenso para o

insucesso escolar?


14

Constituir a indisciplina na turma e na escola, bem como o EDA, factor para a

manuteno do insucesso escolar?

Face s suas decises polticas e sua preocupao (ou falta dela) em relao ao

insucesso escolar, contribuiro a Administrao e a Escola para a eficcia cognitiva e

para uma formao que vise a empregabilidade no final dos diversos ciclos de estudos?

Contribuir a presena de um professor exigente e que presta ateno aos alunos

isolados, para o sucesso escolar?

Contribuir o -vontade na relao pedaggico-didctica, a motivao

profissional, a correcta integrao no Corpo Docente, a participao do professor nas

actividades, a validade da sua opinio junto dos rgos da Escola e o reconhecimento e

valorizao do seu trabalho para o sucesso escolar?

Contribuir a responsabilizao, o bom trabalho, o desempenho, o

encorajamento dos professores e a sua exigncia para com os alunos, para o sucesso

escolar?

Contribuir a falta de interaco, de solidariedade entre os professores e a falta

de trabalho em equipa para o insucesso escolar?

Contribuiro: o (des)interesse dos pais / Encarregados de Educao; de alguns

professores desajustados na sua misso; o ambiente circundante (cultural e geogrfico)

para o (in)sucesso escolar?

Contribuir a deficiente formao inicial e continuada dos professores para o

favorecimento do insucesso escolar?

Contribuiro: a actualizao cientfica, pedaggica, didctica e cultural dos

professores; a sua formao contnua e acadmica; a sua evoluo cognitiva e o

contributo da Administrao para a formao em servio dos professores, para o

sucesso escolar?


15

Contribuir a falta de concertao e de interaco entre os diversos actores

educativos e dos mesmos entre si, para o prosseguimento do insucesso escolar?

Contribuiro as decises e as medidas polticas para o insucesso escolar?

Contribuiro as diversas medidas normativas publicadas sobre autonomia da

escola para o apagar da influncia do professor no desenvolvimento e no sucesso de

todo o processo educativo?

4. Descrio sumria da investigao

Como acima referimos, esta investigao destina-se a conhecer, recorrendo a

inquritos aos alunos, aos professores, aos EE e aos membros do CCE / CGE, e / ou

possveis causas que precipitem e / ou agravem o fenmeno do insucesso escolar. Na

medida do possvel, a nossa investigao conduziu-nos apresentao de processos que

possam contribuir para a sua desejvel erradicao. Ou, pelo menos, contribuir com

propostas de estratgias para o minorar.

Para isso, conforme se pode verificar, definimos as estratgias a prosseguir e

elabormos, recorrendo aos diversos pontos do CAPTULO III - MTODOS E

MATERIAIS UTILIZADOS NA INVESTIGAO, a metodologia a utilizar (e de facto

utilizada) neste estudo, o qual incluiu todos os procedimentos ali referidos.

Determinou-se a escolha aleatria dos sujeitos a serem submetidos ao inqurito e

utilizou-se o mtodo quantitativo para a recolha de dados para a investigao.

O mtodo quantitativo, tendo em conta estarmos perante vrios questionrios

(quatro): um dirigido aos alunos; outro aos professores; o terceiro aos EE e o quarto aos

membros do CCE / CGE. O que nos permitiu, para alm dos diversos itens de

caracterizao, evidenciar as percepes, vivncias e sugestes, de todos eles. No

entanto, atravs desses mesmos inquritos foi possvel lev-los a estabelecer um


16

contacto real com a problemtica do insucesso, bem como sensibiliz-los para a

abordagem de solues, algumas delas tambm ao seu alcance.

Em paralelo (como tambm, pelo menos, desde o incio da actividade curricular

do Curso de Mestrado), procedemos pesquisa da existncia e anlise de estudos

empricos, cientficos e obras publicadas sobre o tema, como forma de reviso de

literatura. Procurmos, nessa via, contactar com as diversas perspectivas de como se nos

apresenta o insucesso escolar; quais as suas origens e quais os caminhos (processos)

que se tm prosseguido para fornecer uma viso de todos os factos sociais e outros que

podem estar relacionados com a problemtica.

Procuramos ainda diagnosticar e compreender qual o tipo de interveno (ou

falta dela), por parte dos alunos, dos professores, dos EE, dos membros da CCE / CGE,

da Escola e da Administrao, na construo do insucesso escolar. De igual modo,

tomando em considerao a realidade galopante do problema do insucesso, iremos

sugerir possveis estratgias, a desenvolver pelos diversos Actores acima referidos, que

se apresentam como capazes de contribuir para o colmatar, ou, tanto quanto possvel, o

amenizar.

Neste contexto no CAPTULO IV - RESULTADOS DA INVESTIGAO

procedemos apresentao dos dados e sua descrio nas diversas caracterizaes dos

sujeitos (actores educativos) envolvidos nas amostras e na anlise dos resultados de

interesse emprico / cientfico, conseguidos;

No CAPTULO V DISCUSSO DE RESULTADOS OBTIDOS, elabormos

a anlise de alguns resultados conseguidos; a discusso dos resultados das questes de

pendor emprico / cientfico que inscrevemos como novas questes que contribuem

para o problema do insucesso escolar, por nos pareceram resultar de alguns dos

comportamentos dos alunos, dos professores, dos encarregados de educao e dos


17

membros dos conselhos da comunidade educativa / conselho geral de escola. Sendo

alterados, em estrita observao de algumas teorias invocadas em sede de reviso da

literatura, podero constituir-se como determinantes na prossecuo de processos que

visem alterar o insucesso com que nos debatemos, e promovam o sucesso educativo, o

qual aguardado e desejado pelos diversos vaticnios tericos que se nos vo

apresentando.

S com recurso s fases referidas nos foi possvel inscrever e aprofundar no

CAPTULO II - REVISO DA LITERATURA a definio do Conceito de insucesso

escolar; proceder Identificao dos trabalhos empricos realizados por diversos

investigadores; identificao de Teorias consideradas na definio do (in)sucesso

escolar e, aps isso, proceder Teorizao bibliogrfica para a promoo do

sucesso escolar que se pretende defenda os conceitos por ns adoptados, os quais

podem desencadear fenmenos de insucesso, ou, de sucesso escolar.

No CAPTULO VI CONCLUSES, procedemos: no ponto 1, Introduo

do captulo; no ponto 2, Discusso das implicaes dos resultados e seu

significado; no ponto 3, apresentamos os possveis factores e / ou, aces que, aps

anlise das amostras da investigao, julgarmos poderem concorrer para a possvel

promoo do sucesso escolar; no ponto 4, inscrevemos algumas recomendaes a serem

consideradas em estudos e / ou investigaes futuras e, no ponto nmero 5, elaboramos

as consideraes finais que consideramos participativas, ou no, para a soluo do

problema, bem como outras, mesmo que incomodativas e pouco formatadas, que

possam concorrer para tal necessidade premente que, todos os dias, vai ampliando o

fosso degradante em que o insucesso escolar se tornou.


18

5. Importncia da investigao

Aps a leitura de vrios trabalhos de investigao cientfica, teses de

doutoramento e dissertaes, para alm de diversos artigos, que vm tratando o

(in)sucesso na educao, pareceu-nos que a problemtica a tratar poder ainda consentir

muitas outras definies a descobrir, pois que so muitos os factores que intervm e que

condicionam o processo de ensino-aprendizagem, necessariamente envolvidas na

problemtica em causa. Algumas das definies e dos factores condicionantes inserimo-

los no rol de questes do problema, as quais esto ligadas ao papel do professor, da

escola, dos EE e da prpria Administrao. Tais pressupostos, sendo alterados e

direccionados a processos regulados, levaro, por certo, diminuio do insucesso

escolar generalizado.

Por isso, todas as investigaes destinadas a contribuir para a motivao dos

diversos actores educativos (mesmo que sejam classificadas como controversas) so

teis e pertinentes. Pois quem investiga procura levar mais alm o seu conhecimento e

partilh-lo, mesmo que incipientemente, com a sociedade cientfica e com a sociedade

civil.

Ao depararmo-nos com situaes de insucesso calamitosas (bem patentes, nas

diversas estatsticas elaboradas para o efeito, bem como nos resultados obtidos nos

Estudos PISA) resultantes porventura (para alm de outros factores) da consequncia

dos diversos processos de ensino/aprendizagem implementados, procurmos, atravs

desta investigao, empreender possveis solues a serem aplicadas pelos diversos

actores educativos, que os levaro a saber prosseguir processos e atitudes que confluam

para o sucesso escolar dos alunos e, com isso, para o desenvolvimento da sociedade.

Para a realizao deste trabalho (que no incidiu apenas numa reflexo sobre o

insucesso numa nica rea disciplinar), recorremos s respostas, dos diversos actores,


19

aos inquritos e procurmos criar a possibilidade de interveno em todas elas (apesar

de continuar a haver inmeras concepes a descobrir e a investigar). Procedeu-se,

assim, interpretao dos diversos factos sociais (segundo a concepo de facto social,

definida por Durkheim) e procurmos, com a presente investigao, contribuir para

saber como se deve proceder a uma investigao no campo da educao e do ensino e,

assim, poder contribuir para o reforo do esclarecimento e minimizao da problemtica

com que a comunidade educativa e a sociedade se tm confrontado ao longo dos

tempos.

Atravs delas procuramos prestar um modesto contributo para que a sociedade

veja a escola como garante da alfabetizao dos estudantes, de modo a que seja capaz de

prolongar a sua aprendizagem com eficcia e os direccione eficcia dessa mesma

sociedade, numa viso global de resposta aos desafios do futuro.

6. Limitaes da investigao

Ao longo da vida, as nossas limitaes so de diversa ordem. Umas internas,

outras externas s situaes que se nos apresentam. por isso que, naturalmente,

surgem contratempos. A concretizao deste trabalho no fugiu regra. A maior

limitao na concretizao eficaz da investigao foi a questo do tempo, face aos

espaos, distantes entre si, em que a mesma decorreu.

Alm disso, a disponibilidade perante prazos de entrega pr-estabelecidos para

tirar concluses tem limitaes.

Limitaes idnticas decorreram do regresso actividade lectiva numa regio

ultraperifrica do nosso Pas. Mas, no foram s ocasionadas pelas prprias motivaes

(ou falta delas); foram-no, tambm, pelas limitaes inerentes ao prprio trabalho: umas

face ao seu percurso interno; outras, devido aos condicionamentos externos na aplicao


20

dos instrumentos de anlise. O nmero de sujeitos e a quantidade de inquritos

envolvidos obrigou a diversas deslocaes, custos pecunirios que se excederam e

partilha de tempo que, cada vez mais, escasseava.

Apesar dos contratempos surgidos na sua concretizao, contmos, para a sua

superao, com o precioso contributo das presidentes do conselho executivo da Escola

L, da RAM e da direco executiva da Escola V, implantada na rea de interveno

do Municpio de Coimbra que, nas suas instituies protagonizaram um importante

papel de entreajuda, e no encaminhamento dos inquritos e, bem assim, na sua

recepo, cumprindo com os considerandos, por ns definidos, para a sua aplicao, o

que reduziu uma das nossas maiores dificuldades.

Outro factor de contratempo considervel ocorreu com a necessidade imperiosa

do tratamento dos diversos dados conseguidos nas amostras. O elevado nmero de

variveis e o nmero de amostras a serem tratadas obrigaram-nos a abandonar a ideia

pr-concebida de utilizar o tratamento dos dados via SPSS e a optar pelo recurso a

outras vias que envolveram a utilizao da folha de clculo Microsoft Office Excell e

Word, para assim podermos cumprir, em tempo til, com a etapa de redaco e de

verificao do trabalho, bem como elencar as concluses elaboradas.

A desmotivao verificada na resposta ao inqurito, pelos dois universos de

sujeitos respondentes j mencionados, reduziu o seu suporte, levando-nos, com isso, a

ter alguma prudncia na possvel generalizao das propostas.

7. Conceitos utilizados para a definio de insucesso

O objectivo deste ponto do CAPTULO I INTRODUO destina-se

apresentao, pela aprendiz de investigadora social, da definio dos diversos


21

conceitos de insucesso escolar, bem como aos procedimentos que a mesma adoptou

para o definir.

Como j referimos no ponto 1. Contexto do estudo, o conceito de insucesso

escolar demasiado vasto e complexo. Porque dependente da interveno dos actores

educativos, o significado que lhe tem sido atribudo apresenta-se multifacetado. Tendo

em considerao as diversas definies, tecidas em concluses divergentes, torna-se,

para ns, um perfeito desfasamento promover uma definio que no tenha em

considerao os diversos fenmenos que para ele concorrem.

Se a interveno dos dicionrios no estivesse demasiado gasta, na definio

da origem etimolgica do termo insucesso, teramos recorrido ao Novo Dicionrio

Etimolgico de Lngua Portuguesa ou, ento, ao dicionrio de Lngua Portuguesa de

(Costa e Melo, 1999). Por isso, iremos limitar e apoiar a nossa abordagem s definies,

a que se tm chegado, sem menosprezo dos demais, a alguns dos diversos

investigadores das cincias da educao, nos estudos que colheram opinio firmada

pelos seus pares.

O conceito apresenta-se como extremamente complexo, j que depende do

significado que lhe atribudo e dos intervenientes no processo.

Deste modo, medida que as investigaes decorreram assistimos ao

aparecimento de vrias teorias. Pires (1987, p. 11) no admitia a existncia de

qualquer definio para o insucesso escolar, porque no pode existir!. Ao mesmo

tempo, na sua argumentao, afirmava que no existe um, mas vrios insucessos

escolares. Medeiros (1990, p. 45) afirma que se torna tarefa inglria procurar uma

definio que () rena consenso. Muitas vezes, a definio do conceito oscila entre a

parte e o todo, a(s) causa(s), consequncia(s), o sndroma com diferenas de graus.


22

O insucesso escolar que segundo Perrenoud (2002, p. 19), definido como

fracasso escolar, nasce, como tambm refere (Ibidem, 2002, p. 19, cit. em Bourdieu,

1966), da indiferena s diferenas. Razo pela qual, segundo uns, se apresenta como

um conceito muito lato, concorrendo, na nossa opinio, confirmando o referido por

Jesus (1998) para duas dimenses, a objectiva (classificaes negativas nalgumas

disciplinas, reprovao ou abandono escolar) e a subjectiva (classificaes inferiores

aos objectivos estipulados), levando ao insucesso funcional do aluno (Idem, ibidem,

1996), inibindo-o, como parece implcito nos relatrios PISA, nas suas competncias

no saber, no saber-fazer e no saber-ser (Jesus, 1996).

Alm disso, comungando do defendido por Benavente (1990, p. 716), existe um

rol de mecanismos mais vastos na produo do sucesso / insucesso; afirma tambm

que as desigualdades sociais se transformam em desigualdades escolares as quais

legitimam, por sua vez, as desigualdades sociais, que intervm na produo do

insucesso.

Torna-se, contudo, evidente que o insucesso aparece, tambm, ligado

massificao e democratizao do ensino, em Portugal e no Mundo. Por isso, antes da

dcada de setenta, do sc. XX em Portugal, por no estarmos perante o ensino

obrigatrio total, era um fenmeno reduzido e no tema de anlise, por ser escassa a

quantidade de crianas e jovens estudantes [Mart e Guerra (dir.), 1997, p.72] que o

frequentava.

Por isso, concordando com o defendido por Roazzi e Almeida (1988, p. 54) que

sugerem que o insucesso escolar deve ser analisado por prismas diferentes, ser

razo mais do que suficiente que a escola, atravs da aco de todos os actores

educativos, deva respeitar os padres culturais, a linguagem e o prprio processo de

socializao das crianas no seio da famlia e da comunidade de pertena, assim como o


23

grau em que se aproximam ou se afastam das prticas e dos padres exigidos e

estimulados no seu seio (Almeida, L, 2005, p. 3629).

Apesar da existncia de trabalhos, versando diversos prismas sobre o insucesso

escolar e considerando as dissertaes e teses que analismos, temos que aceitar e

comungar da opinio defendida por Benavente (1990, p. 718) que, num dos seus artigos,

fundamenta que, apesar dos diversos trabalhos e artigos cientficos, as publicaes

relativas educao nas diversas revistas cientficas e editoras tm sido em nmero

muito inferior ao esperado.

Essas outras causas, que procurmos anotar na investigao, podem constituir-

se, dilemas para a sociedade e prendem-se com a aceitao, ou no, por parte dos

alunos, da panplia de ofertas que nem sempre visam a sua satisfao para a vida, nem a

sua capacidade de recuperao atravs de possveis mudanas de atitudes; por outro

lado, algumas ausncias e omisses de polticas resolutivas de crises, que se vo

instalando, redundam em fortssimos factores estruturais de insucesso, onde nem as

possveis elites do conhecimento tm, ao que parece, conseguido impor a sua marca.

Ora, o sucesso escolar que deveria constituir uma das mais significativas vitrias

da vida de todas as crianas, aparece, todavia, numa elevada percentagem de alunos ao

longo do seu percurso escolar, com vrios momentos de insucesso, de abandono

precoce da escola e de amargura (bem como dos seus pais). Leva esta situao a que a

escola seja vista, por uma significativa percentagem de alunos (e at da sociedade),

como altamente segregadora, comprometendo o futuro das suas vidas.

Por isso, no nosso trabalho, enveredamos por esta linha de investigao, seguida

h muito por variados peritos, nesta rea, j que, como nos refere Bolvar (2003, p. 20),

a linha de investigao, ao nvel micro (aula), que procedia investigao sobre as

causas do insucesso / sucesso educativo, parece (Ibidem, p. 20) j esgotada.


24

Tomando como evidente e aceitando que a erradicao do insucesso s se

conseguir quando a escola e os seus agentes se sentirem capazes de promover o

progresso dos alunos nos seus objectivos intelectuais, sociais, morais e at afectivos

(Bolvar, 2003, p. 20), tornando-se necessrio que se tenha em conta o seu nvel

socioeconmico, o seu meio familiar, bem como a aprendizagem prvia que at ali foi

desenvolvida, para se aplicarem os processos de desenvolvimento cognitivo e

formacional necessrios ao seu sucesso.

Contudo, convir que todos os intervenientes no processo educativo reforcem as

suas capacidades de comunicao e de interaco, ao mesmo tempo que o professor,

que deixou de ser o agente regulador e mais interveniente do processo educativo (para

passar a ser o centro de todas as presses e da maior quota parte das explicaes para o

insucesso), reforce a sua competncia atravs da formao continuada, para a qual a

Administrao dever dar o seu contributo facultando os meios que levaro sua

prossecuo. Os motivos continuam. Ainda so evidentes.

Assim, os trabalhos a realizar, nesse sentido, devem pautar-se por maior

abrangncia e considerar todos os factores j tidos enquanto responsveis pelo

insucesso, acrescentando outros, de origem sociolgica, poltica e psicolgica que

surjam nas investigaes, para que possa haver maior empenho em mais uma batalha.

Pela nossa parte, apoiados nos conceitos anotados na grande maioria dos

estudiosos das cincias da educao, nas teses e dissertaes revisadas e nas respostas

concebidas pelos sujeitos actores intervenientes no processo educativo, consideramos o

insucesso escolar como uma interpretao motivada por um conjunto de factos sociais

que se constituem como indcios do desinteresse patente por toda a actividade escolar,

comportamentos inadaptados, incapacidade na utilizao de competncias exigidas pela

escola [Mart e Guerra (dir.), 1997, p. 73].


25

H, assim, que repensar a questo do insucesso escolar face verificao da

incapacidade dos professores em inverter tais indcios; incapacidade da escola e da

comunidade envolvente em desenvolverem em conjunto processos direccionados vida

activa dos alunos; e, administrao [ou aos seus rgos, desajustados da realidade

vivida nas escolas e habitualmente (por comodismo e inrcia) concorrentes para o

mascarar das realidades] pela dificuldade em conceber novas normas de rigor

necessrias concepo de currculos idnticos na formao inicial, ao longo da carreira

e ao desenvolvimento profissional dos professores que determinem, conforme defende

Roldo (1996, p. 211), uma nova regulao:

enquadradora de uma nova forma de conceber as relaes entre a educao, a escola

e a sociedade, que, por um lado, se radica em necessidades pragmticas das sociedades a que

urge responder mais adequadamente; por outro implica a reconceptualizao do papel da

instituio escolar e, consequentemente, o reexame das grandes metas da educao escolar no

mundo actual.

Para se caminhar na direco de possveis solues, torna-se urgente um novo

enquadramento legal por parte da administrao; um novo posicionamento dos pais / EE

e uma nova reconceptualizao das necessidades curriculares dos cursos que devero

envolver as necessidades de desenvolvimento produtivo, econmico, social e humano

do mundo global.


26

CAPTULO II REVISO DA LITERATURA

1. Introduo

A obrigatoriedade da frequncia da Escola Bsica, em Portugal, foi

prosseguindo aps alguma organizao conseguida no ltimo quartel do sculo XVIII.

Contudo, no prosseguimento da Revoluo Liberal de 1820, mais propriamente aps

1826, que a sua gratuitidade prolifera, apesar das condicionantes que continuaram a

manter-se.

A escola procura apresentar-se em total igualdade para todos; mas a realidade

afirma-a com uma imagem bem diferente. Se assim no fosse, o problema do insucesso

escolar no ocuparia tantos artigos cientficos, tantas publicaes e tantos trabalhos de

investigao em sede de teses de doutoramento e dissertaes de mestrado, para alm de

outras investigaes.

Os diversos passos prosseguidos relativamente existncia de uma escola

inclusiva, para a diversidade e para a igualdade, foram bastante lentos, apesar dos

primeiros passos de Galvo Teles em levar a Telescola aos adolescentes dos lugares

mais recnditos do Pas e da reforma Veiga Simo de 1969 (com a obrigatoriedade do

ensino bsico e secundrio).

No entanto, com a promulgao da Lei N 46/86 (Lei de Bases do Sistema

Educativo), de 14 de Outubro, que o sistema educativo, conforme prescreve o n 2 do

artigo 1, se constitui como:

conjunto de meios pelo qual se concretiza o direito educao, que se exprime pela garantia de uma permanente aco formativa orientada para favorecer o desenvolvimento

global da personalidade, o progresso social e a democratizao da sociedade.

As normas que regulam a Educao em Portugal actualizam-se, parecendo

querer prosseguir com o previsto da CRP, ao no permitir a confessionalidade do ensino

pblico. No entanto, permite a criao e a existncia de escolas particulares e do ensino


27

cooperativo para que, em conjunto com o ensino pblico, contribuam para o

desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivduos, incentivando a

sua formao, a qual dever ser destinada sua completa realizao na vida activa.

por isso que o tema do insucesso escolar nos exige ter em considerao as

diversas possveis causas anotadas por alguns investigadores da sociologia e das

cincias da educao, na elaborao dos seus trabalhos resultantes das investigaes

efectuadas.

Reconhece-se que, aps a massificao operada pela Reforma Veiga Simo no

final da dcada de sessenta, incio da de setenta do sculo passado, conforme anota

Benavente (1990, p. 55), a escola posta em causa. Nessa conformidade investe-se na

sua transformao (), nas suas estruturas, contedos e prticas, procurando adapt-

la s necessidades dos diversos pblicos que a frequentam, elucidando subtis

mecanismos de reproduo de diferena e procurando caminhos de facilitao das

aprendizagens para todos os alunos.

Com efeito, foi tambm essa, uma das razes que nos abalanou ao presente

estudo, para poder contribuir para a identificao das possveis causas e processos que

esto na origem do insucesso escolar, apoiando-nos, tanto quanto possvel, na reviso de

trabalhos e estudos especficos; neles tommos conhecimento dos diversos factores

(factos sociais), que esto na gnese do insucesso; esse conhecimento permitiu-nos

avanar com propostas de novas solues, algumas porventura j abordadas, de forma a

dar mais um contributo para a anlise de fenmenos educativos de origens diversas; o

caso dos factores econmicos, polticos e socioculturais internos que, como refere

Azevedo (2000), citando Arnove (1980), que h que ter presente de modo a que os

alunos no se sintam excludos no sucesso educativo, formacional e profissional,

necessrios competitividade no amanh.


28

O reforo do conhecimento de outros a que procuramos adir, so a defesa mais

eficaz do nosso trabalho.

2. Conceitos tericos de insucesso escolar

Na aplicao de polticas, nas comunicaes e, alm do mais, nas anlises dos

investigadores da educao, a questo do insucesso escolar tornou-se presena

frequente da sociedade educativa, nas ltimas dcadas. Tudo parece apontar para que a

origem do insucesso escolar se deva, segundo Canavarro (2007) a factores sociais de

variveis intra-individuais e a variveis extra-individuais, onde se destacam os hbitos,

estilos de vida no seio da famlia, sem esquecer a linguagem e os bens culturais da zona

de residncia e, como refere Formosinho (1987), a vida associativa; estes factores

podero exercer, como salienta Benavente (1990/98), carcter massivo, constante,

precoce, selectivo e cumulativo no aluno, perpetuando, sem soluo, esse mesmo

insucesso.

sua origem poder-se-o associar-se outros factores, alguns considerados pelos

intervenientes na investigao relacionados com a dinmica das escolas, com as

polticas educativas, com os mtodos de avaliao, ou mesmo, segundo Fernandes

(1987) e Roazi e Almeida (1988), com a estabilidade do corpo docente; a estes

acrescentamos, em sede de discusso do presente trabalho, a capacidade e o

desenvolvimento pedaggico do professor e a sua relao com os encarregados de

educao, aos quais se torna foroso respeitarem-se e colaborarem mutuamente. de

referir, tambm, a comunidade envolvente que representa efectivamente a vontade de

polticas do poder local e as solues para as necessidades dos alunos, de modo a que

estes vejam na Escola no apenas uma luz ao fundo do tnel, mas um cu aberto de

possibilidades que a sociedade e a administrao devem facultar-lhes.


29

O problema do insucesso escolar, face aos diversos tipos de insucesso

convencionados, resulta assim, de vrios factores de alguma complexidade. Uns so de

origem psicolgica; outros de origem sociolgica e outros, ainda, resultam de diversos

factores em que a escola, o professor, a famlia, a sociedade e a prpria administrao

contribuem para a progresso do problema, apesar de alguns investigadores j muito

terem escrito e apresentado solues para o problema, sem at ao momento se

conhecerem efeitos prticos das suas anotaes.

Reconhecidamente, as causas so muitas; algumas so as que vimos referindo.

Apesar de haver investigadores que abordam a inteligncia terica verbal do aluno,

outros apontam o seu QI; ainda outros a sua personalidade. No entanto (como parece ter

ficado subjacente na nossa exposio), temos que assentar a ideia de que a Escola, no

seu todo, no tem sabido adaptar-se aos condicionamentos sociopsicolgicos da

exploso escolar (L. Cros, cit. Le Gall, 1978, p. 16); ao que convm acrescentar que

, por, at aqui, no ter sabido adaptar-se massificao escolar, a qual no

direccionada para a correcta formao do aluno, tendo em conta as reais necessidades da

sociedade e as suas caractersticas de desenvolvimento econmico.

Mas ser s isso, ou dever-se- reconhecer a existncia de dvidas em relao ao

desenvolvimento integral da criana (aluno) e s exigncias do sistema educativo

atravs das suas propostas de modelos curriculares para o seu escalo etrio?

Nesse sentido, como Le Gall j havia referido (1978, p. 15), uma grande

percentagem de insucesso escolar se relaciona com a inadaptao da personalidade da

criana s exigncias escolares, como tambm anota (1978, p. 24) que As

recuperaes e os insucessos definitivos so () funo de um meio social e da sua

mentalidade. () e que o estatuto socioeconmico e sociocultural de um aluno


30

provoca nuns srios entraves, noutros verdadeiras paralisias e noutros ainda simples

embarao.

Assim, surgem-nos amplos e diversos conceitos para incluir o insucesso escolar,

que, quanto a ns, algo diferente do insucesso educativo.

A Escola, a quem cabe o grande desafio de educar e de ensinar, aos alunos, os

conhecimentos cientficos e gerais, para que possam proceder construo de um

projecto vivel (isto , que possam viver e prosseguir com sucesso o futuro, mesmo no

pertencendo s elites j instaladas), dever surgir como epicentro regulador de todo o

problema.

O conceito de insucesso, que aqui procuramos inscrever e discutir no se traduz

por indicadores de taxas de reprovao/reteno, repetncia e de abandono escolar. Mas,

sim, por outro tipo de factores, de difcil quantificao, que contribuem para as

consequncias invisveis do insucesso escolar e que o tornam ainda mais calamitoso.

Sero eles:

As influncias de factores resultantes da caracterizao do agregado familiar,

como j referimos com recurso a Le Gall (1978, pp. 23, 24, 26 e 27) e a Formosinho

(1987, p. 17), so reais contribuintes para o insucesso escolar. Tambm o so os

seguintes: a falta de interesse dos alunos perante a escola e a sua dificuldade ao serem

confrontados com determinados factores relacionados com a sua aprendizagem; a

existncia do factor indisciplina; a incapacidade do factor decises polticas em

promoverem a adequada educao e formao cognitiva dos alunos que vise a sua

empregabilidade; a interveno do professor na sala de aula, na escola, tendente a

promover a cognio e a educao dos alunos, bem como o reconhecimento e a

valorizao do seu trabalho, para alm da sua interaco e solidariedade que vise um

perfeito desenvolvimento colegial dentro da escola; o reconhecimento da deficiente


31

formao inicial e continuada de professores como um dos importantes factores que

contribuem para o insucesso; o excesso de interveno, de decises e de medidas

polticas que contribuem para a autonomia e / ou falta dela, na escola e para a perda de

influncia por parte do professor no desenvolvimento, na prossecuo e no sucesso

escolar e educativo.

Os factores que inscrevemos podem ser responsabilizados por grande parte das

consequncias nefastas acontecidas aos indivduos e, por consequncia, sociedade. Por

isso, o termo insucesso, medida que as investigaes decorrem, aparece ligado ao

surgimento de vrias teorias.

Como j referimos, o conceito de insucesso complexo. Por isso Rangel (1994, p.

20) o consideraria como (...) a falncia de um projecto, bem como uma posio difcil

na qual somos colocados pelo adversrio. E igualmente, por isso, como atrs

indicmos, que Pires (1987, p. 11) admite a no existncia de qualquer definio para o

insucesso escolar. Ao mesmo tempo, na sua argumentao afirmava que no existe um,

mas vrios insucessos escolares. Depende tudo da perspectiva em que colocarmos o

termo insucesso.

O conceito de insucesso direccionado para o insucesso individual dos alunos na

escola. Neste sentido Formosinho (1992, p. 18), refere:

"(...) se considerarmos que o conceito de educao tem como componentes a instruo

(transmisso de conhecimentos e tcnicas), a socializao (transmisso de normas, valores e

crenas, hbitos e atitudes) e estimulao (promoo do desenvolvimento integral do

educando) (...) temos que concluir que o insucesso escolar individual tanto se pode referir ao

insucesso na instruo, como ao insucesso na socializao, como ao insucesso na estimulao

(...)".

No entanto, j anteriormente Pires, Fernandes e Formosinho (1991, pp. 187-188),

tinham inscrito que a educao escolar tinha como fim: instruir, estimular e socializar

os educandos. Anotaram, ainda, que se aquelas dimenses no fossem atingidas,

assistamos, existncia de insucesso escolar. Razo pela qual tambm afirmam a


32

importncia da escola no desenvolvimento das outras dimenses, as quais nem sempre

so tidas em considerao. E prosseguem (1991, p.187) afirmando que o insucesso

escolar uma designao utilizada vulgarmente por professores, educadores,

responsveis da administrao e polticos para caracterizar as elevadas percentagens de

reprovaes escolares verificadas no final dos anos lectivos.

Nessa senda, Roazzi e Almeida (1988, p. 54) sugerem que o insucesso escolar

deve ser analisado por prismas diferentes, enquanto Almeida (2005, p. 3629) anota

que a escola, atravs da aco de todos os actores educativos, deve respeitar:

os padres culturais, a linguagem e o prprio processo de socializao das crianas no seio

da famlia e da comunidade de pertena, assim como o grau em que se aproximam ou se

afastam das prticas e dos padres exigidos e estimulados no seu seio,

para que, sob o seu ponto de vista, a cultura da escola e os critrios de sucesso fixados

constituam referncias importantes na instituio educativa.

Roazzi e Almeida referem tambm (2005, p. 56) que, face existncia de uma

cultura identificada com a classe dominante que serve de modelo e objecto de

transmisso formal e informal, nem sempre os deficits comportamentais das crianas

socialmente desfavorecidas () tm sido valorizadas pelos professores, pela escola, e

pelo Sistema Educativo dos diversos pases, razo pela qual tais factos sociais parecem

concorrer (em evidncia) para o insucesso escolar.

Por isso, Eurydice, enquanto rede dinmica e interdependente, inscreve que o

conceito de insucesso escolar considerado relativo, visto variar de acordo com o

sistema educativo implementado em cada unidade (pas). Nesse sentido, a tradio

educativa, as exigncias curriculares, as modalidades de avaliao e de orientao faro

variar o sucesso/insucesso escolar. Razo pela qual acrescenta (1995, p. 47) que, em

Portugal, o insucesso definido como () a incapacidade que o aluno revela em

atingir os objectivos globais definidos para cada ciclo de estudos, utilizando-se como


33

indicadores de insucesso as taxas de reteno, de abandonos e de insucesso nos exames.

Contudo, outros pases da Unio Europeia tm outras definies de insucesso, por

possurem sistemas educativos diferentes do sistema educativo portugus.

Ora, Benavente que j vinha a afirmar que o insucesso e

o insucesso escolar suas causas e processos para a sua desejável erradicação estudos de caso _...

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