o impacto da lei de responsabilidade fiscal em pequenos muni

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O IMPACTO DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL EM PEQUENOS MUNICÍPIOS 1 André Maurício Sanábio Freesz 1. BREVE INTRODUÇÃO SOBRE A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL A Lei Complementar n. 101 de 04 de maio de 2000, mais conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal buscou um ordenamento a vários dispositivos da Constituição Federal – CF, principalmente no que se refere aos seus artigos 163 e 169. A LRF traz uma nova perspectiva no corpo da administração pública brasileira promovendo significativa alteração na questão da aplicabilidade dos recursos públicos, que em última instância é dinheiro da sociedade. Um ponto, entretanto merece destaque: a LRF atua muito mais no ordenamento e na pragmaticidade da eficaz e eficiente aplicação dos recursos públicos, sobretudo na municipalidade, objeto fim do atendimento a todos os cidadãos. Possui seu caráter restritor, mas não se reduz somente a isso. No escopo da LRF destacam-se os seguintes pontos: Gasto com pessoal – a legislação estabelece limites 1 Artigo elaborado em 2007, para o Curso de Especialista em Planejamento e Gestão Social – UFJF. 1

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Page 1: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

O IMPACTO DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL EM PEQUENOS MUNICÍPIOS1

André Maurício Sanábio Freesz

1. BREVE INTRODUÇÃO SOBRE A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

A Lei Complementar n. 101 de 04 de maio de 2000, mais conhecida como

Lei de Responsabilidade Fiscal buscou um ordenamento a vários dispositivos da

Constituição Federal – CF, principalmente no que se refere aos seus artigos 163

e 169.

A LRF traz uma nova perspectiva no corpo da administração pública

brasileira promovendo significativa alteração na questão da aplicabilidade dos

recursos públicos, que em última instância é dinheiro da sociedade.

Um ponto, entretanto merece destaque: a LRF atua muito mais no

ordenamento e na pragmaticidade da eficaz e eficiente aplicação dos recursos

públicos, sobretudo na municipalidade, objeto fim do atendimento a todos os

cidadãos. Possui seu caráter restritor, mas não se reduz somente a isso.

No escopo da LRF destacam-se os seguintes pontos: Gasto com pessoal –

a legislação estabelece limites para a despesa com base na receita corrente

líquida para os três poderes e cada nível de governo. A União pode gastar até

50% de receita corrente líquida (total da receita menos os encargos), enquanto

que estados, Distrito Federal e municípios podem aplicar o máximo de 60% com

pessoal. Se esse limite não for respeitado, o município, estado ou a União

poderão ter suspensa a transferência de recursos, em forma de convênio;

Compensação de despesas – não poderão ser criadas novas despesas (por prazo

superior a dois anos) sem indicar uma fonte de receita ou redução de outra

despesa; Controle das finanças públicas – veda a contratação de operações de

crédito por antecipação de receita no último ano do mandato e proíbe o aumento

1 Artigo elaborado em 2007, para o Curso de Especialista em Planejamento e Gestão Social – UFJF.

1

Page 2: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

de despesas com a folha de pagamento pelo prazo de 180 dias antes do final do

mandato; Critério de transparência – as contas públicas devem ser consolidadas

e divulgadas à população. Torna-se obrigatório a apresentação de um Relatório

de Gestão Fiscal que apresentará as contas da União, Distrito Federal, estados e

municípios. Parte-se de uma premissa bastante simples: “a irresponsabilidade

praticada hoje em qualquer nível de governo, resultará em mais impostos,

menos investimentos ou mais inflação, que é o mais perverso dos impostos pois

incide sobre o mais pobres”.2

O foco primordial da LRF é a responsabilidade na gestão fiscal que se

traduz na observância de alguns princípios: a ação planejada e transparente; o

equilíbrio das contas públicas; o acatamento dos limites e condições quanto à

renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, seguridade social entre

outras, as dívidas e inscrições em Restos a Pagar.

Desta forma a administração municipal é compelida a executar um

Planejamento macro e micro em sua totalidade de ação.

Portanto as possibilidades de intercessão e transversalidade de recursos,

projetos e ações entre os diversos entes estruturantes da administração municipal

tornam-se mais objetiváveis, incidindo diretamente na capacidade de retorno da

contribuição dos cidadãos em geral – como serviços e outros – de forma eficaz e

eficiente.

A LRF foi criada há cinco anos e nesse período o Congresso Nacional

ainda não apreciou a criação do Conselho de Gestão – que terá a missão de

acompanhar a situação e uniformizar as interpretações dos artigos da LRF.

Atualmente os Tribunais de Contas é quem tem realizado a apreciação dos

gastos dos administradores públicos.

2. OS INTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO REQUISITADOS NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

2 Guedes, José Rildo de Medeiros. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. Rio de Janeiro: IBAM, 2001.

2

Page 3: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

A LRF consagra os valores defendidos por todos que trabalham nos

órgãos de controle. Em síntese, ela vincula a despesa à receita, de modo que o

Administrador Público não gaste mais do que arrecadou; caso contrário poderá

pagar multa, perder o cargo, ou, até mesmo, ser preso. Deixar dívida em aberto,

sem que o sucessor receba um planejamento sobre os recursos que irá saldá-la,

pode ser agora um péssimo negócio3.

A LRF focaliza o processo orçamentário, e atribuiu um papel mais

importante ao Plano Pluri-Anual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias

(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

O Orçamento Público é o mecanismo que disciplina a ação estatal em um

determinado período de tempo.

O Orçamento Público deve contribuir para o planejamento

governamental, indicando com clareza os objetivos perseguidos pelo governo,

permitindo à sociedade acompanhar as ações desenvolvidas.

Trata-se, portanto, de um ato preventivo e autorizativo das despesas que o

Estado ou qualquer de seus entes deve efetuar em certo período de tempo, em

geral, correspondente ao exercício financeiro4. Dessa forma, o orçamento serve

de instrumento de controle dos gastos na moderna administração pública.

No âmbito do governo federal e demais entes, a Constituição atual

estabeleceu os seguintes instrumentos de planejamento governamental:

Lei do Plano Plurianual - PPA;

Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO;

Lei Orçamentária Anual - LOA.

Com base nesses instrumentos, podemos dividir o planejamento

governamental em:

3Confira in Freesz, Luiz Alberto Sanábio. A Auditoria Governamental como Ferramenta de Controle cos Gastos Públicos. Monografia apresentada à Faculdade Machado Sobrinho como requisito para obtenção do título de Especialista em Auditoria e Contabilidade Gerencial. Juiz de Fora, 2002.4 O exercício financeiro coincidirá com o ano civil, conforme artigo 34 da Lei 4320, de 23 de março de 1964.

3

Page 4: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

Planejamento Estratégico: tem como peça-chave o PPA e

compreende as diretrizes que relacionam o presente ao futuro da organização,

direcionando as ações a uma estrutura idealizada.

Planejamento Operacional: tem como documentos básicos a LDO e

a LOA. Refere-se às diretrizes e interações presentes que, com base na situação

atual e tendo em vista os recursos disponíveis, procura maximizar os resultados

no período.

O ciclo orçamentário pode então ser definido como um processo de

caráter contínuo através do qual se elabora, discute, aprova, executa, controla e

avalia a programação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e

financeiro. Logo, o ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que

se processam as atividades típicas do orçamento público, desde a sua concepção

até a apreciação final.

O processo orçamentário é um conjunto de etapas e procedimentos a

serem cumpridos com o propósito de elaborar e aprovar o orçamento do setor

público. Compreende as atividades de elaboração do orçamento, a cargo das

unidades do Poder Executivo, e as atividades de apreciação da proposta

orçamentária pelos órgãos técnicos do Poder Legislativo, facultado a estes as

modificações entendidas como necessárias, observadas as limitações legais e

constitucionais.

O PPA tem por objetivo formular as diretrizes para as finanças públicas

no período do plano, identificar e avaliar os recursos disponíveis para o

desenvolvimento das ações do setor público, estabelecer as despesas segundo

cada programa de governo, etc. As diretrizes definidas pelo PPA nortearão a

captação, gestão e gastos de recursos durante o período do plano, ou seja,

objetivam a qualidade dos gastos públicos.

Assim, o PPA busca alocar os recursos públicos de modo eficiente e

racional, com base nas modernas técnicas de planejamento. É a partir da

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Page 5: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

definição das diretrizes, metas e objetivos que a administração pública

desenvolve suas ações, objetivando alcançar o desenvolvimento do país.

Os principais pontos do PPA são:

Organização em programas;

Definição de indicadores e metas;

Transparência na aplicação dos recursos públicos;

Melhoria no desempenho gerencial da administração pública;

Ênfase nos resultados.

No âmbito municipal, o projeto de lei do PPA será encaminhado pelo

Chefe do Executivo Municipal para a Câmara Municipal. Por este motivo se diz

que a iniciativa em matéria orçamentária é do Poder Executivo, mas a

competência para legislar é do Poder Legislativo, visto que a proposta será

discutida e votada na Comissão de Orçamento, podendo ser emendada. O PPA

possui natureza de lei ordinária

A lei que instituir o PPA estabelecerá, as diretrizes, objetivos e metas da

administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes,

assim como aquelas relativas aos programas de duração continuada.

Os planos e programas serão elaborados de acordo com o PPA, conforme

determina a CF/88. Nesse sentido, as emendas ao projeto da LDO não poderão

ser aprovadas quando incompatíveis com o PPA.

Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro

poderá ser iniciado sem prévia inclusão no PPA, ou em lei que autorize a

inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.

O projeto do PPA deve ser submetido a Câmara Municipal até 4 meses

antes do encerramento do 1º ano do mandato do Chefe do Executivo Municipal

e devolvido para sanção até o final da sessão legislativa, cobrindo o período que

vai do início do 2º ano do mandato ao final do 1º ano do mandato seguinte.

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Page 6: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

Essa defasagem entre a vigência do PPA e os mandatos dos governantes

foi criada por dois motivos: primeiro, por que a discussão e a aprovação de um

plano tão abrangente como o PPA só é viável depois da posse de cada novo

governante, e, segundo, por ser racional que se articulem mecanismos que

permitam à nova administração dar continuidade às ações em andamento.

É da competência do Poder Legislativo Municipal, conforme artigo 48 da

CF/88, dispor sobre o plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento

anual, operações de crédito, dívida pública e emissão de curso forçado, plano e

programas setoriais de desenvolvimento.

A LDO é o instrumento instituído pela CF/88 para fazer a transição entre

o PPA e a LOA. É por meio dela que são estabelecidas, em cumprimento ao

disposto no artigo 165 da CF/88, desde as metas e prioridades da administração

pública federal até as disposições sobre alterações na legislação tributária da

União. A LDO possui natureza de lei ordinária.

Assim, os orçamentos anuais (fiscal, seguridade social e de

investimentos), que formam o orçamento unificado, bem como os demais

projetos de caráter financeiro, terão como referencial para sua elaboração as

regras definidas pela LDO. Deve-se ressaltar que a CF não permite a fixação de

despesas sem que estejam definidas as respectivas fontes de receitas.

O planejamento da atividade da administração pública, em sintonia com o

orçamento, é reafirmado pela CF, pois esta determina que as emendas ao projeto

de LDO devam guardar compatibilidade com o PPA. Caso contrário, as

diretrizes do orçamento não poderão ser aprovadas.

O art. 165 da CF dispõe:

“A LDO compreenderá as metas e prioridades da administração pública

federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente,

orientará a elaboração da LOA, disporá sobre as alterações da legislação

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Page 7: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais

de fomento.”

O projeto da LDO deverá ser encaminhado pelo Chefe do Executivo

Municipal à Câmara Municipal até 15 de abril de cada ano (“até oito meses e

meio antes do encerramento do exercício financeiro”) e devolvido para sanção

até 30 de junho (“até o encerramento do primeiro período da sessão

legislativa”).

O não acatamento do prazo pelo Executivo motiva a instauração de

processo por crime de responsabilidade, enquanto a sua não aprovação pelo

Legislativo, conduz à automática prorrogação da sessão legislativa, por força do

que dispõe o artigo 57 da CF/88 (“A sessão legislativa não será interrompida

sem a aprovação do projeto de LDO”).

CICLO DE GESTÃO NO SETOR PÚBLICO

1. ELABORAÇÃO EREVISÃO DO PPA

2. PROGRAMAÇÃO

5. APROVAÇÃO DA LOA

4. EMENDASPARLAMENTARES

7. CONTROLE DAEXECUÇÃO

ORÇAMENTÁRIA

6. EXECUÇÃOORÇAMENTÁRIA

3.ELABORAÇÃO DO PLOADE ACORDO COM A LDO

8. AVALIAÇÃO DAEXECUÇÃO

ORÇAMENTÁRIA

A LRF veio para ser efetivamente cumprida, como parte da cultura

contábil e jurídica, e modelo da atuação de todos os Administradores Públicos.

O brasileiro não consegue mais conviver com a irresponsabilidade e a

incompetência na Administração Pública. A sociedade aposta na Lei de

Responsabilidade Fiscal que ataca frontalmente o estigma de que o cofre público

é um buraco sem fundo e que o contribuinte sempre paga a conta.

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Page 8: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

3. O IMPACTO DA LRF NAS CONTAS PÚBLICAS DE PEQUENOS MUNICÍPIOS

A LRF determina que seja gasto pelos municípios com despesa de pessoal

o limite de até 60% (54% com pessoal do executivo e 6% com pessoal do

legislativo) da receita corrente líquida (arrecadação, menos transferências

voluntárias, como os repasses da saúde e da educação), com relação aos

investimentos na área de educação e saúde os mesmos devem corresponder

respectivamente a 25% e 15% da receita corrente líquida. Computados os

valores respectivos o município tem suas despesas com saúde e educação

compulsoriamente no mínimo a 40% de sua receita, dispondo somente de 60%

de suas receitas para as despesas com pessoal e outros investimentos.

Partindo do fato de que as despesas com pessoal(limite máximo

estabelecido), educação e saúde(limites de investimento estabelecidos) são

fortemente vinculadas a finalidades específicas e podem não ter sofrido

reduções em virtude da LRF e recaem sobre as outras áreas as reduções de

investimento. Em muitos casos, as despesas com pessoal sofreram redução

devido ao fato de haverem decisões judiciais que descontaram do cálculo

despesas de pessoal as advindas com aposentados e pensionistas.

Em pequisa realizada pela Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos do

IPEA, com base em dados do Finbra – sistema criado pela Secretaria do Tesouro

Nacional, que reune informações contábeis dos poderes estadual e municipal,

indica que 563 municípios (60%) passaram a gastar mais com despesas de

pessoal, prevalecendo cidades menores com arrecadação baixa e estagnada.

Em estudo publicado em 2006 o IPEA indica que dos 29 pequenos

municípios que compõem a Zona da Mata Mineira, 20(69%) destes aumentaram

suas despesas com pessoal após a promulgação da LRF5.

5 Despesas com pessoal aumentaram depois da LRF. Jornal Tribuna de Minas. 21 e 22 de janeiro de 2007. página 5.

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Page 9: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

DEMONSTRATIVO RELATIVO A DESPESAS COM PESSOAL

MUNICÍPIODESPESAS COM PESSOAL

ANTES DEPOISDA LRF DA LRF

Aracitaba 33% 39%Belmiro Braga 41% 44%Bias Fortes 42% 47%Bicas 50% 51%Chácara 47% 43%Chiador 39% 48%Coronel Pacheco 52% 47%Descoberto 53% 42%Ewbanck da Câmara 38% Não InformadoGoianá 40% 40%Guarará 47% 47%Lima Duarte 38% 46%Maripá de Minas 43% 47%Matias Barbosa 49% 48%Olaria 28% 36%Oliveira Fortes 38% 49%Paiva 34% 42%Pedro Teixeira 45% 52%Pequeri 42% 41%Piau 34% 43%Rio Novo 43% 52%Rio Preto 28% 48%Rochedo de Minas 38% 47%Santa Barbara do Monte Verde 43% 43%Santa Rita do Jacutinga 47% 49%Santa Rita do Ibitipoca 37% 44%Santana do Deserto 37% 52%Senador Cortes 39% 45%Simão Pereira 38% 45%Fonte: IPEA

No estudo apresentado, nos municípios com menos de 20 mil habitantes

foi onde ocorreu o aumento de despesas com pessoal mais expressivo.

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Page 10: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

Deve-se chamar atenção para a correspondência entre o processo de

descentralização de diversos serviços da esfera pública federal para o âmbito

municipal e sua correspondente necessidade de recursos humanos e de

infraestrutura para o atendimento dos mesmos, isso impactou

sobremaneiramente as despesas dos municípios.

Com relação aos municípios pequenos o impacto da LRF é maior, com

relação às despesas de pessoal, pois a arrecadação dos mesmos é muito pequena

e cresce pouco a cada ano, ou em alguns casos até decresce, isso faz com que o

impacto das despesas com pessoal seja cada vez maior. No município de

pequeno porte onde há pouca atividade econômica, as prefeituras têm

funcionado como o maior agente empregador.

Dos 29 municípios citados encontram-se com PIB percapta abaixo de R$

4.000,00 dezenove municípios, dentre os mesmos somente três municípios ( dois

mantiveram seus indices e outro diminuiu) não aumentaram seus gastos com

pessoal após a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal. O aumento das

despesas com pessoal após a LRF incide de 4% a 10% em 12 municípios e em

tres outros municípios encontramos respectivamente taxas de 11%, 15% e 20%.

Um município não informou os dados necessários para essa pesquisa.

Com relação aos 10 municípios com PIB percapta acima de R$ 4.000,00,

quatro municípios diminuiram seus gastos com pessoal e um outro manteve seu

índice de gastos com pessoal após a promulgação da Lei de Responsabilidade

Fiscal. Os outros municípios aumentaram seus gastos variando em percentuais

de 1% a 9%.

Comparando-se os dois segmentos pode-se concluir que recai sobre os

municípios de pequeno porte um volume de serviços que os mesmos

constitucionalmente devem prestar, incidindo diretamente para o aumento das

despesas com pessoal, engessando-se assim toda a possibilidade de

investimentos em outras áreas que não as de despesas vinculadas.

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Page 11: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

COMPARATIVO VARIAÇÃODESPESAS COM PESSOAL, POPULAÇÃO E PIB PERCAPTA

MUNICÍPIO

Despesas c/Pessoal População

2004

PIB percapta

2004Variação após a LRF

Bias Fortes 5% 4.156 2.703,91Aracitaba 6% 1.925 2.782,51Pedro Teixeira 7% 1.887 3.069,93Senador Cortes 6% 2.078 3.076,51Chiador 9% 2.988 3.088,97Olaria 8% 2.315 3.090,96Goianá 0% 3.438 3.223,29Santa Rita do Ibitipoca 7% 3.736 3.255,55Guarará 0% 4.347 3.364,44Lima Duarte 8% 16.255 3.385,93Ewbanck da Câmara S/informação  3.773 3.389,31Oliveira Fortes 11% 2.126 3.511,53Rio Preto 20% 5.374 3.583,74Pequeri -1% 3.170 3.769,76Maripá de Minas 4% 2.752 3.771,31Rio Novo 9% 8.791 3.845,15Paiva 8% 1.728 3.873,25Rochedo de Minas 9% 2.092 3.891,37Santana do Deserto 15% 3.957 3.978,40Bicas 1% 13.590 4.070,74Chácara -4% 1.915 4.340,90Santa Rita do Jacutinga 2% 5.267 4.353,97Coronel Pacheco -5% 2.719 4.415,73Descoberto -11% 4.761 4.998,30Santa Barbara do Monte Verde 0% 2.255 5.042,78Belmiro Braga 3% 3.146 5.098,67Piau 9% 3.001 5.571,91Simão Pereira 7% 2.512 6.243,81Matias Barbosa -1% 13.025 9.724,42Fonte: IPEA

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Page 12: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

4. CUMPRIMENTO DAS DETERMINAÇÕES DA LRF

A maioria dos municípios abaixo compromete seus gastos com despesas

vinculadas com um índice mínimo total de 86%, no ano de 2004. Este atua

diretamente sobre a capacidade de investimento do município em outras áreas.

Cumprem o que prescreve a LRF aos limites mínimos de investimento em

educação e saúde, entretanto alguns municípios aumentaram consideravelmente

seus gastos com pessoal.

CONSOLIDADO GASTOS PERCENTUAIS PESSOAL, EDUCAÇÃO E SAÚDE

Município 2000 2001 2002 2003 2004Aracitaba 79,15 87,32 84,56 100,60 90,87Belmiro Braga 79,57 88,56 89,33 94,05 96,57Bias Fortes 87,70 82,94 83,80 95,29 87,67Bicas 90,28 88,63 103,38 102,27 99,46Chácara 86,59 84,12 86,50 96,13 92,86Chiador 87,02 100,53 94,87 101,82 97,85Coronel Pacheco 91,52 85,10 95,33 100,61 98,23Descoberto 91,02 83,63 87,81 99,87 93,30Ewbank da Câmara 75,02 79,71 87,85 110,20 102,67Goianá 68,93 74,40 70,91 85,03 86,11Guarará 44,20 91,02 89,69 103,26 98,26Lima Duarte 66,52 88,89 91,11 101,01 99,51Mar de Espanha 28,22 76,81 99,93 104,69 94,57Maripá de Minas 82,45 84,89 85,90 94,50 95,57Matias Barbosa 98,87 100,50 103,19 106,27 98,50Olaria 72,63 76,20 74,22 86,92 86,23Oliveira Fortes 40,59 85,03 82,20 93,25 89,50Paiva 47,21 84,00 83,30 93,58 88,06Pedro Teixeira 93,48 87,28 84,67 97,48 99,91Pequeri 74,53 79,13 75,12 87,12 88,84Piau 77,72 71,03 75,76 85,13 87,37Rio Novo 83,19 83,78 89,96 97,14 95,00Rio Preto 63,85 81,48 87,93 93,12 92,14Rochedo de Minas 67,62 79,81 89,45 97,31 96,02Santa Bárbara do Monte Verde 81,86 80,50 94,59 94,33 82,31Santa Rita de Jacutinga 86,75 103,84 88,82 93,00 92,06Santa Rita do Ibitipoca 87,26 91,38 94,34 105,63 103,89Santana do Deserto 88,93 86,55 91,16 102,64 97,25Senador Cortes 74,37 75,01 74,47 91,43 89,20Simão Pereira 76,14 78,47 82,69 93,53 97,51Fonte: Indice Mineiro de Responsabilidade Social – 2005

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PERCENTUAL GASTO COM SAÚDE - EC Nº29- CF (%)Anos: 2000-2004

Município 2000 2001 2002 2003 2004Aracitaba 8,05 15,80 16,14 22,06 16,18 Belmiro Braga 20,08 20,97 22,49 24,30 25,02 Bias Fortes 21,85 26,26 16,78 17,39 18,60 Bicas 13,29 17,53 22,72 17,26 20,23 Chácara 14,28 15,00 17,99 18,00 19,51 Chiador 17,61 17,30 18,27 18,28 17,67 Coronel Pacheco 17,15 17,71 20,67 22,38 22,60 Descoberto 19,35 17,28 19,58 24,02 16,70 Ewbank da Câmara 12,46 13,12 13,73 20,05 20,80 Goianá 8,21 10,74 12,21 13,77 15,81 Guarará 16,66 19,25 18,30 22,11 18,61 Lima Duarte 10,60 23,24 24,61 24,41 22,35 Mar de Espanha - 9,07 16,97 18,21 15,39 Maripá de Minas 10,60 11,48 14,26 15,99 16,59 Matias Barbosa 27,12 29,57 29,67 26,84 25,14 Olaria 13,21 14,63 15,88 16,18 15,87 Oliveira Fortes 13,24 15,87 14,86 16,23 18,21 Paiva 11,24 13,20 17,00 16,65 15,51 Pedro Teixeira 16,08 13,28 13,42 15,04 15,28 Pequeri 10,94 13,13 13,59 16,14 16,79 Piau 13,90 15,79 15,72 16,64 16,60 Rio Novo 7,79 9,64 12,16 13,24 15,22 Rio Preto 8,69 15,44 18,05 15,11 16,71 Rochedo de Minas 8,23 11,41 15,81 20,83 18,91 Santa Bárbara do Monte Verde 13,93 15,19 17,52 13,73 11,24 Santa Rita de Jacutinga 17,18 19,66 16,45 15,87 14,52 Santa Rita do Ibitipoca 15,03 19,35 21,85 17,68 17,90 Santana do Deserto 19,32 18,90 24,58 25,78 22,76 Senador Cortes 11,21 14,47 13,76 16,08 18,42 Simão Pereira 14,82 14,90 15,40 16,72 16,25 Fonte: Indice Mineiro de Responsabilidade Social - 2005

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PERCENTUAL GASTO COM EDUCAÇÃO - Art. 212 - CF (%) Anos: 2000-2004

Município 2000 2001 2002 2003 2004Aracitaba 33,68 34,34 33,03 32,88 33,38Belmiro Braga 25,30 28,37 28,04 27,14 27,64Bias Fortes 27,25 25,06 24,39 25,76 25,56Bicas 28,67 27,24 26,74 26,25 25,62Chácara 26,42 26,44 27,02 27,22 26,00Chiador 34,66 33,84 30,27 29,53 27,81Coronel Pacheco 27,12 26,19 27,21 25,11 25,08Descoberto 29,53 29,59 35,12 34,26 30,50Ewbank da Câmara 26,70 27,94 28,36 28,35 28,75Goianá 25,31 28,09 25,19 26,56 25,54Guarará 27,54 28,57 28,04 28,32 28,83Lima Duarte 25,72 25,12 25,86 30,55 28,16Mar de Espanha 28,22 31,27 36,37 29,06 27,78Maripá de Minas 26,88 29,24 29,48 25,96 25,91Matias Barbosa 26,53 27,31 26,36 26,69 25,81Olaria 29,93 28,84 27,17 30,71 27,25Oliveira Fortes 27,35 28,35 25,68 25,45 24,81Paiva 35,97 30,89 28,26 28,67 25,67Pedro Teixeira 33,05 30,63 28,27 28,65 30,00Pequeri 25,70 26,36 25,10 25,57 24,77Piau 30,56 25,46 28,28 25,92 25,22Rio Novo 29,66 29,27 30,04 27,31 26,50Rio Preto 29,89 25,39 26,61 25,29 27,10Rochedo de Minas 25,53 25,93 29,56 27,14 28,19Santa Bárbara do Monte Verde 28,37 27,43 32,47 31,37 27,40Santa Rita de Jacutinga 26,21 32,57 28,53 26,46 27,91Santa Rita do Ibitipoca 35,22 30,91 30,22 31,17 28,65Santana do Deserto 29,40 26,11 25,99 25,14 25,09Senador Cortes 27,62 27,75 25,01 29,54 26,80Simão Pereira 26,00 28,15 28,03 28,57 29,27Fonte: Indice Mineiro de Responsabilidade Social – 2005

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PERCENTUAL GASTO COM PESSOAL – LRF – LC nº 101/00 Anos: 2000-2004

Município 2000 2001 2002 2003 2004Aracitaba 37,42 37,18 35,39 45,66 41,31 Belmiro Braga 34,19 39,22 38,80 42,61 43,91 Bias Fortes 38,60 31,62 42,63 52,14 43,51 Bicas 48,32 43,86 53,92 58,76 53,61 Chácara 45,89 42,68 41,49 50,91 47,35 Chiador 34,75 49,39 46,33 54,01 52,37 Coronel Pacheco 47,25 41,20 47,45 53,12 50,55 Descoberto 42,14 36,76 33,11 41,59 46,10 Ewbank da Câmara 35,86 38,65 45,76 61,80 53,12 Goianá 35,41 35,57 33,51 44,70 44,76 Guarará 0,00 43,20 43,35 52,83 50,82 Lima Duarte 30,20 40,53 40,64 46,05 49,00 Mar de Espanha 0,00 36,47 46,59 57,42 51,40 Maripá de Minas 44,97 44,17 42,16 52,55 53,07 Matias Barbosa 45,22 43,62 47,16 52,74 47,55 Olaria 29,49 32,73 31,17 40,03 43,11 Oliveira Fortes 0,00 40,81 41,66 51,57 46,48 Paiva 0,00 39,91 38,04 48,26 46,88 Pedro Teixeira 44,35 43,37 42,98 53,79 54,63 Pequeri 37,89 39,64 36,43 45,41 47,28 Piau 33,26 29,78 31,76 42,57 45,55 Rio Novo 45,74 44,87 47,76 56,59 53,28 Rio Preto 25,27 40,65 43,27 52,72 48,33 Rochedo de Minas 33,86 42,47 44,08 49,34 48,92 Santa Bárbara do Monte Verde 39,56 37,88 44,60 49,23 43,67 Santa Rita de Jacutinga 43,36 51,61 43,84 50,67 49,63 Santa Rita do Ibitipoca 37,01 41,12 42,27 56,78 57,34 Santana do Deserto 40,21 41,54 40,59 51,72 49,40 Senador Cortes 35,54 32,79 35,70 45,81 43,98 Simão Pereira 35,32 35,42 39,26 48,24 51,99 Fonte: Indice Mineiro de Responsabilidade Social – 2005

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EVOLUÇÃO DAS RECEITAS CORRENTES MUNICIPAISReceita corrente Município 2000 2001 2002 2003 2004Aracitaba 1.809.566,15 2.131.201,23 2.545.468,90 2.740.112,67 3.071.960,39Belmiro Braga 2.373.521,66 2.737.973,48 3.230.297,38 - 4.561.994,26Bias Fortes 2.188.707,00 3.081.611,23 2.976.505,40 3.023.894,53 -Bicas 4.275.899,00 5.551.619,79 - 7.097.568,73 7.827.919,69Chácara 1.981.759,90 2.328.065,97 2.769.616,84 3.117.253,68 3.747.759,31Chiador 2.176.966,98 2.507.520,24 2.836.112,10 3.183.219,00 3.570.200,43Coronel Pacheco 2.249.765,45 2.655.761,26 3.121.047,29 3.313.379,00 3.774.621,44Descoberto 2.285.875,65 2.748.596,89 3.659.529,69 3.727.459,41 4.329.709,96Ewbank da Câmara 2.066.396,65 2.424.343,18 - 3.039.111,27 3.374.072,27Goianá 2.067.297,45 - 3.072.743,93 3.104.230,60 3.582.189,82Guarará 2.326.649,16 2.710.898,90 3.186.791,45 3.533.561,75 3.955.324,13Lima Duarte 4.622.069,77 5.504.381,81 - - 8.742.297,37Maripá de Minas 1.973.772,00 2.403.840,00 2.617.907,00 3.241.604,00 3.564.548,45Matias Barbosa 4.133.242,51 4.938.613,99 5.712.963,54 6.244.961,82 8.400.230,53Olaria 1.979.530,05 2.324.721,12 - 3.073.454,13 3.543.901,64Oliveira Fortes 1.897.502,25 2.232.887,96 - 2.820.000,98 3.543.901,64Paiva 2.219.175,42 2.105.790,32 2.661.263,72 2.855.731,73 3.225.924,38Pedro Teixeira 1.800.097,10 1.783.800,04 2.626.241,74 2.802.141,23 3.178.427,43Pequeri 2.278.336,00 2.576.478,27 3.221.466,03 3.511.702,03 3.898.763,94Piau 1.932.280,26 2.389.199,54 2.984.301,79 3.355.128,40 3.723.685,93Rio Novo 3.563.575,05 4.156.093,94 4.987.984,34 5.021.336,76 3.723.685,93Rio Preto 2.844.264,48 2.982.884,98 4.112.097,02 4.458.780,75 5.090.119,92Rochedo de Minas 2.056.180,80 2.683.935,86 3.284.429,98 3.814.442,53 3.814.442,53Santa Bárbara do Monte Verde 2.137.558,55 2.129.307,45 3.002.152,94 3.207.715,72 3.663.898,85Santa Rita de Ibitipoca 1.964.656,78 2.278.918,00 - - 3.520.409,54Santana do Deserto 2.358.409,94 2.803.374,27 3.629.437,66 3.629.437,66 4.057.966,17Senador Cortes 2.054.548,67 2.390.562,57 - - 3.379.205,35Simão Pereira 2.661.804,28 3.067.984,85 3.574.022,46 3.794.501,80 4.503.977,56Fonte: Ipea

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Page 17: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

VARIAÇÃO PERCENTUAL DAS RECEITAS CORRENTES MUNICIPAIS

Receita corrente-R$ 2000 2001 2002 2003 2004 Variação Município 2000/2004

Paiva 2.219.175,42 2.105.790,32 2.661.263,72 2.855.731,73 3.225.924,38 31%Chiador 2.176.966,98 2.507.520,24 2.836.112,10 3.183.219,00 3.570.200,43 39%Coronel Pacheco 2.249.765,45 2.655.761,26 3.121.047,29 3.313.379,00 3.774.621,44 40%Simão Pereira 2.661.804,28 3.067.984,85 3.574.022,46 3.794.501,80 4.503.977,56 41%Aracitaba 1.809.566,15 2.131.201,23 2.545.468,90 2.740.112,67 3.0719.60,39 41%Guarará 2.326.649,16 2.710.898,90 3.186.791,45 3.533.561,75 3.955.324,13 41%Pequeri 2.278.336,00 2.576.478,27 3.221.466,03 3.511.702,03 3.898.763,94 42%Santana do Deserto 2.358.409,94 2.803.374,27 3.629.437,66 3.629.437,66 4.057.966,17 42%Pedro Teixeira 1.800.097,10 1.783.800,04 2.626.241,74 2.802.141,23 3.178.427,43 43%Rio Preto 2.844.264,48 2.982.884,98 4.112.097,02 4.458.780,75 5.090.119,92 44%Maripá de Minas 1.973.772,00 2.403.840,00 2.617.907,00 3.241.604,00 3.564.548,45 45%Rochedo de Minas 2.056.180,80 2.683.935,86 3.284.429,98 3.814.442,53 3.814.442,53 46%Chácara 1.981.759,90 2.328.065,97 2.769.616,84 3.117.253,68 3.747.759,31 47%Descoberto 2.285.875,65 2.748.596,89 3.659.529,69 3.727.459,41 4.329.709,96 47%Piau 1.932.280,26 2.389.199,54 2.984.301,79 3.355.128,40 3.723.685,93 48%Matias Barbosa 4.133.242,51 4.938.613,99 5.7129.63,54 6.244.961,82 8.400.230,53 51%Fonte: Ipea

Dos dados informados pelos municípios ao Ipea, inúmeros não forneceram os dados completos, incorrendo

no expurgo dos mesmos para não comprometer a análise comparativa proposta da variação das receitas correntes.

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A comparação entre a variação das receitas correntes municipais e das despesas com pessoal apresenta algumas considerações que merecem destaque os municípios de Coronel Pacheco, Chácara. Descoberto e Matias Barbosa apresentam uma baixa variação no percentual de gastos com pessoal no período de 2000 a 2004.

As variações mais altas no percentual de gastos com pessoal no período de 2000 a 2004 podem ser constatadas nos seguintes municípios: Chiador e Rio Preto.

Pode-se observar que a variação no período em questão, das Receitas Correntes Municipais apresenta índices bastante próximos. Destaca-se somente o município de Matias Barbosa, dado à política de isenções e redução de tributos fiscais municipais havendo uma migração de empresas que se instalariam em Juiz de Fora e que se deslocaram para Matias Barbosa dado à proximidade deste município e a algumas infra-estruturas criadas no mesmo que favoreceram a implantação dessas empresas, concorrendo assim para um aumento significativo de suas receitas correntes municipais.

Receita corrente Variação Percentual gasto c/ pessoalMunicípio 2000/2004 Variação 2000 2001 2002 2003 2004

Chiador 39% 34% 34,8 49,3 46,3 54,0 52,3

Coronel Pacheco 40% 7% 47,3 41,2 47,4 53,1 50,5

Simão Pereira 41% 32% 35,3 35,4 39,2 48,2 51,9

Aracitaba 41% 9% 37,4 37,1 35,3 45,6 41,3

Pequeri 42% 20% 37,9 39,6 36,4 45,4 47,2

Santana do Deserto 42% 19% 40,2 41,5 40,5 51,7 49,4

Pedro Teixeira 43% 19% 44,4 43,3 42,9 53,7 54,6

Rio Preto 44% 48% 25,3 40,6 43,2 52,7 48,3

Maripá de Minas 45% 15% 45 44,1 42,1 52,5 53,0

Rochedo de Minas 46% 31% 33,9 42,4 44,0 49,3 48,9

Chácara 47% 3% 45,9 42,6 41,4 50,9 47,3

Descoberto 47% 9% 42,1 36,7 33,1 41,5 46,

Piau 48% 27% 33,3 29,7 31,7 42,5 45,5

Matias Barbosa 51% 5% 45,2 43,6 47,1 52,7 47,5 Fonte: Ipea

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Page 19: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

CONCLUSÃO

Com relação a Lei de Responsabilidade Fiscal, dado ao fato de ter sua

implementação ainda bastante recente, existem poucos estudos no Brasil que

tratam das questões relativas a regras orçamentárias e os impactos que estas

causam no orçamento público.

Buscou-se através de uma amostra dos dados de municípios da Zona da

Mata Mineira obtidos em diversas fontes, sobre a aplicação da Lei de

Responsabilidade Fiscal, correlacionar as despesas com pessoal, saúde e

educação.

Estudo realizado pelo IPEA atesta que após entrarem em vigor as

determinações da Lei de Responsabilidade Fiscal, o percentual de municípios

que extrapolavam o limite de despesas com pessoal diminuiu

consideravelmente. Nos três anos anteriores à promulgação da Lei, 4% dos

municípios (208), gastavam mais que 60% da receita com despesas de pessoal e

no período de 2001 a 2004, o número de municípios regrediu para 52, o que

equivale a 1%.

Isso confirma a colocação de que a Lei de Responsabilidade Fiscal agiu

diretamente no ordenamento do Planejamento da Administraçâo Pública, o qual

era realizado em muitas prefeituras sem nenhum critério técnico.

Nas correlações apresentadas, no que se refere ao municípios com renda

percapta abaixo de R$ 4.000,00, percebe-se o quanto o estabelecimento dos

índices de investimento em Educação e Saúde impactaram a capacidade de

investimento em outras áreas.

O processo de descentralização implementado após a promulgação da

Constituição levou a que os municípios tivessem que aparelharem-se em termos

de recursos humanos para atender a essa nova realidade, tal fato

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Page 20: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

consequentemente gerou uma despesa com pessoal cada vez mais ascendente em

seus custos.

A maioria dos municípios analisados comprometeu seus gastos com

despesas vinculadas de pessoal, saúde e educação com um índice mínimo total

de 86% de seus gastos, no ano de 2004.

Portanto cabe destacar que os administradores municipais passaram a ter

os limites com gastos de pessoal enunciados na LRF como uma meta e não um

limitador de seus custos com este item.

A queda no investimento causada pela LRF pode influenciar

significativamente o provimento futuro de bens e serviços públicos nos

municípios.

Portanto, a capacidade de investimento do município em outras áreas

como a Assistência Social, Infra-estrutura entre outras, fica bastante

comprometida.

Com o aumento das receitas não vinculadas, que podem ser utilizadas

com maior cuidado técnico, é possível atender melhor as demandas por

investimento dos habitantes sem deixar de adequar-se o cumprimento das

determinações elencados na Lei de Responsabilidade Fiscal.

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Page 21: O impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal em pequenos muni

BIBLIOGRAFIA

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dá outras providências (Lei de Responsabilidade Fiscal).

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