o imortal - oconsolador.com.br · espiritismo para as crianças.... 14 eugênia pickina..... 12...

15
O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 660 Fevereiro de 2009 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Amplia-se o espaço para divulgação espírita por meio do teatro A arte teatral tem ganhado ex- pressivo espaço na tarefa de di- vulgação do Espiritismo. Reno- madas obras espíritas, psicogra- fadas ou não, já foram encenadas e continuam despertando interes- se de diretores, atores e do gran- de público. É grande o apoio popular ao surgimento do primeiro Teatro Pro- fissional do Brasil, com tempora- das regulares, voltado para o de- senvolvimento da Cultura Espíri- ta, como reconhece Marco Nico- latto (foto), da Companhia Operá- rios do Palco, de São Paulo-SP. Diz Nicolatto que o “público espiritualista e em geral tem-nos manifestado seu apoio, conside- rando essa iniciativa uma exce- lente oportunidade de vivenciar emoções que favoreçam o eno- brecimento do Espírito”. “Temos tido o apoio do público de todas as denominações religiosas como católicos, evangélicos, esotéri- cos, livre pensadores e de pesso- as que admiram a arte teatral de alto nível.” A Companhia Operários do Palco, em sete anos de existência, já encenou quatro grandes espetá- culos: Paulo e Estêvão, As Vidas de Emmanuel, Allan Kardec – O Cientista do Invisível e O Amor Jamais Te Esquece, todos eles, pois, denotando o caráter nítido e direto de divulgação de obras es- píritas. Pág. 16 Raul Teixeira e os problemas da atualidade Nosso estimado confrade José Raul Teixeira (foto), orador ad- mirado e um dos principais divulgadores da Doutrina Espírita no Brasil e no exterior, concedeu uma longa entrevista à revista espírita O Consolador, que é redigida exclusivamente para cir- culação na internet, no site www.oconsolador.com. Para entrevistá-lo, a direção da revista contactou seus cola- boradores mais diretos e o re- sultado final foi expresso em 26 questões formuladas pelos confrades José Passini, Ricardo Baesso de Oliveira, Arthur Bernardes de Oliveira, Jorge Hessen, Astolfo O. de Oliveira Filho, Célia Xavier Camargo – todos membros do Conselho Editorial da revista – e Orson Peter Carrara, Fernanda Borges, Wellington Balbo, An- tonio Augusto Nascimento e Katia Fabiana Fernandes – edi- tores responsáveis pelas entre- vistas publicadas pelo citado periódico. As 26 questões que compõem a entrevista foram divididas em três blocos: problemas e questões da atualidade, temas de natureza doutrinária e assuntos pertinen- tes ao movimento espírita. Dada a sua extensão, e com a devida permissão da direção de O Con- solador, ela será publicada em duas partes, nesta e na próxima edição de O Imortal. Eis alguns tópicos interessan- tes constantes da entrevista que A Revue Spirite há 140 anos ... 15 Celso Martins ........................... 7 Crônicas de Além-Mar ........... 12 De coração para coração ........... 4 Divaldo responde ..................... 6 Editorial ................................... 2 Emmanuel ............................... 2 Espiritismo para as crianças .... 14 Eugênia Pickina ..................... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 Histórias que nos ensinam ...... 13 Jane Martins Vilela ................. 13 Joanna de Ângelis .................... 2 José Passini .............................. 3 José Viana Gonçalves ............. 12 Orson Peter Carrara ................ 16 Palestras, seminários e outros eventos .......................... 5 Jesus é o exemplo a ser seguido A mensagem cristã foi apeque- nada, podada, enxertada por aque- les que dela se apossaram, ao cons- truírem uma religião atemorizado- ra e salvacionista, com base em atitudes místicas. Foi com o adven- to do Espiritismo que a Humani- dade começou a conhecer com cado sem o seu testemunho pesso- al. Jesus foi simples e minucioso no que ensinou verbalmente e far- to na exemplificação. Por isso é que se deve tomá-lo como o Mes- tre e Guia a ser seguido, e não como um simples intermediador entre o homem e Deus. Pág. 3 o leitor lerá nesta edição, na qual Raul Teixeira trata de temas de natureza doutrinária e examina também vários problemas e ques- tões da atualidade: Sobre casamento entre ho- mossexuais e a adoção de filhos por parte deles – “Consideramos que qualquer oficialização que se estabelece no mundo corresponde à formalização de situações que já existem, ou que precisam ser normatizadas para evitar distorções nos julgamentos de diversificadas situações, em respeito ao conceito formal de justiça. Assim, se se fala de oficialização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo é que essas pessoas já estão se unindo sem qualquer formalização, depa- rando-se, a partir disso, com pro- blemas cujas soluções exigem um pronunciamento da lei que regula- menta a vida de um povo ou de uma sociedade. Independentemen- te do nome que se deseje dar a es- sas uniões, a realidade é que tais uniões existem.” Sobre eutanásia e ortotanásia – “O mais importante na esfera da ortotanásia será sempre o uso do bom-senso, pois uma coisa é deixar o indivíduo morrer natu- ralmente, quando se veja que sua vitalidade vai baixando de nível como uma chama que se apaga. Outra situação, porém, será ver alguém sofrendo e cruelmente não lhe aplicar qualquer sedati- vo ou medicamento, deixando que morra em meio ao desespero ou à dor intensa. Nem a eutaná- sia nem a ortotanásia, quando fuja ao bom-senso e se aproxime da crueldade.” Sobre o advento do mundo de regeneração – “Muito embo- ra possamos desenvolver alguma ansiedade em torno desse futuro anunciado pelos Imortais, o cer- to é que não temos nenhuma pos- sibilidade de datar essas ocorrên- cias, uma vez que estarão sem- pre pendentes dos movimentos dos progressos humanos. As ba- ses geológicas do planeta estão dando seus passos na direção do amadurecimento ciclópico do mundo. Contudo, o aspecto mo- ral, grande definidor de tudo, de- pende das disposições morais da humanidade.” Sobre o fanatismo religioso – “Um pouco mais de dedicação à leitura atenciosa, às reflexões e aos esforços por vivenciar os ele- mentos conhecidos, ao propiciar maior utilização da razão crítica, menos possibilitará alguém de tornar-se fanático no Movimen- to Espírita.” Págs. 8, 9, 10 e 11 mais amplitude e profundidade o que significou, para o mundo, a vinda de Jesus, o Mestre mais per- feito que a Terra conheceu. O Cristo, como ninguém igno- ra, baseou seus ensinamentos na pedagogia do exemplo. Não há um só ensinamento dele que tenha fi- Ainda nesta edição Sabemos que o Evangelho de Marcos atribui a Jesus a informa- ção de que tudo o que pedirmos na prece nos será dado. Kardec analisou essa e outras passagens do Evangelho e concluiu que a proposição é correta se entender- mos que nossos pedidos devem conformar-se à justiça e à bonda- de de Deus. E disse mais: que é legítimo pedir paciência, resigna- ção e coragem. Paciência diante das provas, resignação ante o ine- vitável, e coragem para enfrentar as dificuldades da vida. Editori- al, pág. 2 A opinião d´ O Imortal

Upload: buikiet

Post on 13-Feb-2019

226 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 660 Fevereiro de 2009 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Amplia-se o espaço paradivulgação espíritapor meio do teatro

A arte teatral tem ganhado ex-pressivo espaço na tarefa de di-vulgação do Espiritismo. Reno-madas obras espíritas, psicogra-fadas ou não, já foram encenadase continuam despertando interes-se de diretores, atores e do gran-de público.

É grande o apoio popular aosurgimento do primeiro Teatro Pro-fissional do Brasil, com tempora-das regulares, voltado para o de-senvolvimento da Cultura Espíri-ta, como reconhece Marco Nico-latto (foto), da Companhia Operá-rios do Palco, de São Paulo-SP.

Diz Nicolatto que o “públicoespiritualista e em geral tem-nosmanifestado seu apoio, conside-rando essa iniciativa uma exce-lente oportunidade de vivenciaremoções que favoreçam o eno-brecimento do Espírito”. “Temostido o apoio do público de todasas denominações religiosas comocatólicos, evangélicos, esotéri-cos, livre pensadores e de pesso-as que admiram a arte teatral dealto nível.”

A Companhia Operários doPalco, em sete anos de existência,já encenou quatro grandes espetá-culos: Paulo e Estêvão, As Vidasde Emmanuel, Allan Kardec – OCientista do Invisível e O AmorJamais Te Esquece, todos eles,pois, denotando o caráter nítido edireto de divulgação de obras es-píritas. Pág. 16

Raul Teixeira e os problemas da atualidadeNosso estimado confrade José

Raul Teixeira (foto), orador ad-mirado e um dos principaisdivulgadores da Doutrina Espíritano Brasil e no exterior, concedeuuma longa entrevista à revistaespírita O Consolador, que éredigida exclusivamente para cir-culação na internet, no sitewww.oconsolador.com.

Para entrevistá-lo, a direçãoda revista contactou seus cola-boradores mais diretos e o re-sultado final foi expresso em26 questões formuladas pelosconfrades José Passini, RicardoBaesso de Oliveira, ArthurBernardes de Oliveira, JorgeHessen, Astolfo O. de OliveiraFilho, Célia Xavier Camargo –todos membros do ConselhoEditorial da revista – e OrsonPeter Carrara, FernandaBorges, Wellington Balbo, An-tonio Augusto Nascimento eKatia Fabiana Fernandes – edi-tores responsáveis pelas entre-vistas publicadas pelo citadoperiódico.

As 26 questões que compõema entrevista foram divididas emtrês blocos: problemas e questõesda atualidade, temas de naturezadoutrinária e assuntos pertinen-tes ao movimento espírita. Dadaa sua extensão, e com a devidapermissão da direção de O Con-solador, ela será publicada emduas partes, nesta e na próximaedição de O Imortal.

Eis alguns tópicos interessan-tes constantes da entrevista que

A Revue Spirite há 140 anos ... 15Celso Martins ........................... 7Crônicas de Além-Mar ........... 12De coração para coração ........... 4Divaldo responde ..................... 6Editorial ................................... 2Emmanuel ............................... 2Espiritismo para as crianças .... 14Eugênia Pickina ..................... 12Grandes vultos do Espiritismo .. 7Histórias que nos ensinam ...... 13Jane Martins Vilela ................. 13Joanna de Ângelis .................... 2José Passini .............................. 3José Viana Gonçalves ............. 12Orson Peter Carrara ................ 16Palestras, seminários eoutros eventos .......................... 5

Jesus é o exemplo a ser seguidoA mensagem cristã foi apeque-

nada, podada, enxertada por aque-les que dela se apossaram, ao cons-truírem uma religião atemorizado-ra e salvacionista, com base ematitudes místicas. Foi com o adven-to do Espiritismo que a Humani-dade começou a conhecer com

cado sem o seu testemunho pesso-al. Jesus foi simples e minuciosono que ensinou verbalmente e far-to na exemplificação. Por isso éque se deve tomá-lo como o Mes-tre e Guia a ser seguido, e nãocomo um simples intermediadorentre o homem e Deus. Pág. 3

o leitor lerá nesta edição, na qualRaul Teixeira trata de temas denatureza doutrinária e examinatambém vários problemas e ques-tões da atualidade:

Sobre casamento entre ho-mossexuais e a adoção de filhospor parte deles – “Consideramosque qualquer oficialização que seestabelece no mundo correspondeà formalização de situações que jáexistem, ou que precisam sernormatizadas para evitar distorçõesnos julgamentos de diversificadassituações, em respeito ao conceitoformal de justiça. Assim, se se falade oficialização de casamentosentre pessoas do mesmo sexo é queessas pessoas já estão se unindosem qualquer formalização, depa-rando-se, a partir disso, com pro-blemas cujas soluções exigem umpronunciamento da lei que regula-menta a vida de um povo ou deuma sociedade. Independentemen-te do nome que se deseje dar a es-sas uniões, a realidade é que taisuniões existem.”

Sobre eutanásia e ortotanásia

– “O mais importante na esferada ortotanásia será sempre o usodo bom-senso, pois uma coisa édeixar o indivíduo morrer natu-ralmente, quando se veja que suavitalidade vai baixando de nívelcomo uma chama que se apaga.Outra situação, porém, será veralguém sofrendo e cruelmentenão lhe aplicar qualquer sedati-vo ou medicamento, deixandoque morra em meio ao desesperoou à dor intensa. Nem a eutaná-sia nem a ortotanásia, quando fujaao bom-senso e se aproxime dacrueldade.”

Sobre o advento do mundode regeneração – “Muito embo-ra possamos desenvolver algumaansiedade em torno desse futuroanunciado pelos Imortais, o cer-to é que não temos nenhuma pos-sibilidade de datar essas ocorrên-cias, uma vez que estarão sem-pre pendentes dos movimentosdos progressos humanos. As ba-ses geológicas do planeta estãodando seus passos na direção doamadurecimento ciclópico domundo. Contudo, o aspecto mo-ral, grande definidor de tudo, de-pende das disposições morais dahumanidade.”

Sobre o fanatismo religioso– “Um pouco mais de dedicaçãoà leitura atenciosa, às reflexões eaos esforços por vivenciar os ele-mentos conhecidos, ao propiciarmaior utilização da razão crítica,menos possibilitará alguém detornar-se fanático no Movimen-to Espírita.” Págs. 8, 9, 10 e 11

mais amplitude e profundidade oque significou, para o mundo, avinda de Jesus, o Mestre mais per-feito que a Terra conheceu.

O Cristo, como ninguém igno-ra, baseou seus ensinamentos napedagogia do exemplo. Não há umsó ensinamento dele que tenha fi-

Ainda nesta edição

Sabemos que o Evangelho deMarcos atribui a Jesus a informa-ção de que tudo o que pedirmosna prece nos será dado. Kardecanalisou essa e outras passagensdo Evangelho e concluiu que aproposição é correta se entender-mos que nossos pedidos devemconformar-se à justiça e à bonda-de de Deus. E disse mais: que élegítimo pedir paciência, resigna-ção e coragem. Paciência diantedas provas, resignação ante o ine-vitável, e coragem para enfrentaras dificuldades da vida. Editori-al, pág. 2

A opiniãod´ O Imortal

Page 2: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALPÁGINA 2 FEVEREIRO/2009

EditorialEMMANUEL

O Evangelho de Marcos atribuia Jesus a informação de que tudo oque pedirmos em prece nos serádado. Kardec analisa essa passageme conclui que a proposição só estácerta se entendermos que nossospedidos devem conformar-se à jus-tiça e à bondade de Deus. E concluique o que é legítimo pedir é paciên-cia, resignação e coragem. Paciên-cia diante da provas, resignação anteo inevitável, e coragem para enfren-tar as dificuldades da vida. MasKardec também considera que a pre-ce é comunhão, de modo que assu-me outras duas formas: louvor eagradecimento.

Bezerra de Menezes recomendaque se deve orar em três situaçõesimportantes: antes do desdobramen-to do sono, ao acordar e antes dasrefeições. Na obra kardequiana fala-se nas duas primeiras situações, maso Médico dos Pobres argumenta quea prece antes das refeições é uma ne-cessidade por proteger os alimentose os comensais da ação de Espíritosvampirizadores, que, caso contrário,roubam o essencial fluídico dos ali-mentos.

A prece de louvor não costumaser praticada fora dos círculos evan-gélicos. E é notável que, segundo asnarrativas bíblicas, parece ser o tipode oração mais comum entre os ju-deus. Sem dúvida, o tipo de prece

Goethe afirmava que ele – o pra-zer – constituía uma verdadeira dádi-va de Deus para todos quantos se iden-tificam com a vida e que se alegramcom o esplendor e a beleza que elarevela. A vida, em conseqüência, re-tribui-o através do amor e da graça. Oprazer se apresenta sob vários aspec-tos: orgânico, emocional, intelectual,espiritual, sendo, ora físico, material,e noutros momentos de natureza abs-trata, estético, efêmero ou duradouro,mas que deve ser registrado fortemen-te no psiquismo, para que a existência

Toda vez que um agrupamentode preces se reúne, observamos sem-pre rogativas e pensamentos eleva-dos à Esfera Superior, na expectati-va com que se congregam os com-panheiros encarnados, na procura dereconforto.

E respondendo, movimentam-sefalanges de servidores, fraternos eamigos, estimulando as obras do bempara a alegria de todos.

São ensinamentos novos que sederramam.

Informações iluminativas que des-cerram sendas edificantes.

Bálsamos para chagas abertas.Remédios para enfermidades di-

versas.Auxílios que se estendem à vida

mental coletiva.Bênçãos de consolação que refa-

zem a esperança.Socorro espiritual às dores co-

muns.Amparo indistinto por resposta

abençoada do Céu às perguntas afliti-vas da Terra.

*Não nos esqueçamos, porém, de

que o movimento é de intercâmbio. Seo homem recebe o concurso dos Es-píritos Benfeitores, é natural que osEspíritos Benfeitores algo esperemigualmente do homem.

Nada existe sem permuta ou semresultado.

O lavrador planta as sementes erecolherá os frutos.

O lapidário auxilia a pedra, que

Tudo o que pedirmos nos será dadomais comum é o petitório. Costuma-mos pedir, e raramente agradecemos.Muitas vezes porque julgamos nãoter recebido aquilo que pedimos. OsEspíritos da Codificação informam,no entanto, que toda prece obtémuma resposta, mas adequada à Lei eao mérito, o que significa que sem-pre obtemos aquilo de que realmen-te necessitamos do ponto de vistaespiritual, o que, muitas vezes, nãocorresponde ao que desejamos.

A ação da prece é bastante conhe-cida. O pensamento plasma um atoque repercute no fluido cósmico uni-versal, que serve de transmissor dopensamento-ação. Mas o que poucolembramos é a ação que a prece efe-tua em quem ora. E isso é umas daspropriedades mais importantes daoração. O ato de orar é responsávelpelo equilíbrio mental. Equilíbrio queé acompanhado da elevação do pa-drão mental necessário para a comu-nhão com Espíritos elevados, permi-tindo que esses atuem sobre nossocorpo físico e perispiritual.

Um dos aspectos da oração é queela se aperfeiçoa com a prática. Mui-tas pessoas têm dificuldade de seconcentrar. Por isso não conseguemorar. Na verdade, todos têm capaci-dade de concentração. O que acon-tece é que, segundo a imagem felizde Divaldo P. Franco, temos dificul-dade é de concentrar em coisas ele-

vadas. O estimado médium diz quetemos perfeita e imperturbável ca-pacidade de nos concentrar no últi-mo capítulo da novela ou na finaldo campeonato futebolístico. Ouseja, conseguimos nos concentrar.Mas, para nos concentrarmos emcoisas elevadas é preciso treino ecultivo de hábitos elevados, como aleitura dignificante, o cultivo de pen-samentos nobres, a conversaçãoedificante e a prática mesma da ora-ção. Porque só praticando vamos,aos poucos, estendendo nossa capa-cidade de concentração de formacontínua e profunda.

Falamos em pensamento-açãoporque a prece realmente age sobreo objeto a que se destina. Daí a prá-tica eficaz das chamadas irradiações,muito comuns nos trabalhos públi-cos e mediúnicos. Nas irradiações,como na prece comum, modificamoso fluido universal, imprimindo-lhequalidades salutares, que são entãorecolhidas pelos benfeitores espiri-tuais e dispensadas àqueles que maisnecessitam. Nossas preces plasmamformas-pensamento gerando em der-redor um ambiente salutar. Dessemodo, ao orarmos, contribuímospara a edificação de um Mundo me-lhor. Esse simples ato, se fosse pra-ticado pelo comum das gentes, seriacapaz de modificar a psicosfera ter-restre.

Um minuto com Joanna de Ângelishumana expresse o seu significado.

O prazer depende, não raro, decomo seja considerado. Aquilo que ébom, genericamente dá prazer, abrin-do espaço para o medo da perda, dasfaltas, ou para as situações em quepode gerar danos, auxiliando na que-da do indivíduo em calabouços deaflição. Muitas pessoas consideramo prazer apenas como sendo expres-são da lascívia, e se olvidam daqueleque decorre dos ideais conquistados,da beleza que se expande em todaparte e pode ser contemplada, das

Intercâmbiolhe retribui, mais tarde, com a sua be-leza e brilho.

O idealista sofre a tortura do so-nho, para contemplar, algum dia, oprêmio da realização.

*E nós, que tanto temos recebido

de Jesus, que oferecemos em troca?Que cedemos de nós mesmos, em

honra do amor, pelos benefícios comque o Senhor nos ampara e levanta?

Não alimentemos qualquer dúvida.A mensagem divina pede a respos-

ta humana.*

O anjo cede.O homem pode contribuir.No grande campo da sementeira

evangélica que a Doutrina Espírita nosdescortina, há muitos recursos doAlto, disseminando consolações e co-nhecimentos no mundo. Todavia, nãoolvidemos que há muito trabalho ànossa espera.

Não nos esqueçamos.O apostolado da redenção é da

Espiritualidade Superior; mas é tam-bém formado de serviço, fraternidadee colaboração na Terra.

O progresso universal, em todosos tempos, é obra de intercâmbio.

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, deAmor, imbatível amor, do qual foiextraído o texto acima.

inefáveis alegrias do sentimento afe-tuoso, sem posse, sem exigência, semo condicionamento carnal.

Por uma herança atávica, grandenúmero de pessoas tem medo do pra-zer, da felicidade, por associá-lo aopecado, à falta de mérito, que se tor-naria uma dívida a resgatar, ensejandoà desgraça vir-lhe empós, ou, talvez,como sendo uma tentação diabólicapara retirar a alma do caminho do bem.

Tal castração punitiva, que seprolongou por muitos séculos, ao servencida deixou uma certa consciên-cia de culpa, que liberada, vem con-duzindo uma verdadeira legião degozadores ao desequilíbrio, ao abu-so, ao extremo das aberrações.Como efeito secundário, ainda exis-tem muitas pessoas que temem oprazer ou que procuram dissimulá-lo, envolvendo-o em roupagens va-riadas de desculpismos, para acal-mar seus conflitos subjacentes.

Para fazer a Assinatura deste jornalou renová-la, basta enviar seu pedidopara a Caixa Postal 63 – CEP 86180-970– Cambé-PR, ou então valer-se do tele-fone número (0xx43) 3254-3261. Se pre-ferir, utilize a Internet. Nosso endereçoeletrônico é: [email protected]

A Assinatura simples deste periódi-co custa R$ 38,00 (trinta e oito reais) porano, aí incluídas as despesas de correio.

A Assinatura múltipla custa R$35,00 (trinta e cinco reais) por mês, jáincluídas aí as despesas de correio. Aofazê-la, o assinante receberá todos osmeses um pacote com 10 exemplares, quepoderão ser distribuídos entre os seus

Assine o jornal “O Imortal”e ajude, desse modo,

a divulgar o Espiritismoamigos, familiares ou integrantes doGrupo Espírita de que faça parte.

A Assinatura múltipla é a forma ide-al para os Grupos e Centros Espíritas in-teressados na melhor divulgação do Es-piritismo, dado o caráter multiplicadordesse investimento.

Não é preciso efetuar o pagamentoagora. Você receberá pelo correio o boletobancário correspondente, que poderá serquitado em qualquer agência bancária.

Mas, atenção:EFETUAR O PAGAMENTOSOMENTE COM BOLETO

BANCÁRIO OU DIRETAMENTENO ESCRITÓRIO DO JORNAL.

Assinale a opção de sua preferência:( ) Assinatura simples ( ) Assinatura múltipla

Nome completo ........................................................................................................

Endereço ..................................................................................................................

Bairro .......................................................................................................................

Município..............................................Estado....................CEP .................................

Telefone ........................... Número do fax ...............................................................

Se estiver conectado à Internet, o seu e-mail .............................................................

EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco Cândido Xa-vier e coordenador da obra mediúnicado saudoso médium mineiro, é autor,entre outros livros, de Mediunidadee Sintonia, do qual foi extraído o tex-to acima.

Page 3: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALFEVEREIRO/2009 PÁGINA 3

A Humanidade começou, com oadvento do Espiritismo, a conhecercom mais amplitude e profundidade oque significou, para o mundo, a vindade Jesus, o Mestre mais perfeito que aTerra conheceu, aquele que baseouseus ensinamentos na pedagogia doexemplo. Não há um só ensinamentodele que tenha ficado sem o seu teste-munho pessoal. Jesus foi simples e mi-nucioso no que ensinou verbalmente efarto na exemplificação. Por isso é quese deve tomá-lo como o Mestre e Guiaa ser seguido, e não como um simplesintermediador entre o homem e Deus,que teria selado uma pretensa aliançacom o Criador, através do oferecimen-to do seu sacrifício para a salvação daHumanidade, conforme interpretaçõesequivocadas de teólogos.

O próprio conceito de religião foimodificado a partir dos seus ensina-mentos. Com Jesus, aprende-se quereligião não é algo mágico a ser le-vado a efeito no interior dos templos.Não mais aquela idéia de que reli-gião é prática mística, contemplati-va, ritualística, cheia de oferendas efórmulas repetitivas vivenciadas nointerior das assim chamadas “Casasde Deus”. Religião, conforme seusensinamentos e, principalmente seusexemplos, passou a ser, para aqueleque lhe entendeu as lições, um novomodo de viver, de se relacionar como próximo, em todos os ambientes,em todos os momentos. Ensinandoque Deus está presente em todo o uni-verso, alargou os limites dos templos,conceituando universo como umtemplo imenso: “Na casa de meu Paihá muitas moradas” (Jo, 14: 2).

Jesus não foi um Mestre de ges-tos largos, de atitudes místicas econtemplativas, que vivesse confina-do em ambiente religioso, ou em lo-cal distante, isolado do convívio di-ário, longe da vida prática. Pelo con-trário, o Mestre sempre conviveucom as pessoas, e, para prevenir qual-quer interpretação equivocada, dei-xou ensinamento lapidar, registradopor dois evangelistas: “Eis que vos

JOSÉ [email protected]

De Juiz de Fora, MG

envio como ovelhas no meio de lobos(...).” (Mt, 10: 16) e “Ide; eis que vosmando como cordeiros ao meio de lo-bos. (Lucas, 10: 3). Nem era um pro-fissional religioso: vivia como simplescarpinteiro, que causava espanto a al-guns, diante do que falava e fazia: “...donde lhe vêm estas coisas? E que sa-bedoria é esta que lhe foi dada? E comose fazem tais maravilhas por suasmãos? Não é este o carpinteiro, filhode Maria, e irmão de Tiago, e de José,e de Judas, e de Simão? e não estãoconosco aqui suas irmãs? E escandali-zavam-se nele.” (Mc, 6: 2 e 3).

Jesus foi um educador de almas,que sempre enfatizou a necessidade doempenho da criatura no sentido deeducar-se, de progredir, conforme en-sinou no Sermão do Monte: “Assimresplandeça a vossa luz diante doshomens (...).” (Mt, 5: 16). Toda a men-sagem religiosa do Mestre fundamen-ta-se no esforço da criatura no senti-do de revelar essa herança divina quetodos trazemos. Nada de graças, alémda graça da vida. Nada de privilégios:“(...) e então dará a cada um segundoas suas obras.” (Mt, 16: 27).

Trouxe uma nova dimensão ao en-tendimento humano, através de umamensagem que é um verdadeiro desa-fio, no sentido de seus discípulos trans-cenderem os limites da lei antiga, quepreconizava “olho por olho, dente pordente”: “(...) se a vossa justiça não ex-ceder a dos escribas e fariseus, de modonenhum entrareis no reino dos céus.”(Mt, 5: 20). “Ouvistes o que foi dito:amarás o teu próximo e aborrecerás oteu inimigo. Eu, porém, vos digo: amaia vossos inimigos, bendizei os que vosmaldizem, fazei bem aos que vos odei-am, e orai pelos que vos maltratam evos perseguem; (...).” (Mt, 5: 42 e 43).

A fé raciocinada, ensinada peloEspiritismo, começou com Jesus

Jesus não desejou discípulos pas-sivos, encantados, deslumbrados. Pelocontrário, sempre buscou tocar o sen-timento, juntamente com o apelo paraque a criatura raciocinasse, a fim desaber, de compreender porque deveriaagir desse ou daquele modo. O Sermãodo Monte, que para muitos é apenas

Jesus, o educador de almas

um hino ao sentimento, é, também,uma forte mensagem à inteligência, aoraciocínio: “E qual dentre vós é o ho-mem que, pedindo-lhe pão o seu filho,lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhepeixe, lhe dará uma serpente? Se vós,pois, sendo maus, sabeis dar boas coi-sas aos vossos filhos, quanto mais vos-so Pai, que está nos céus dará bens aosque lhos pedirem?” (Mt, 7: 9 a 11).

Jesus levou o entendimento, acompreensão, o uso do raciocínio, aocampo da fé. A fé ensinada por Jesustranscende os limites da emoção, dosentimento, por associar-se a um com-ponente essencial: a razão. Inquesti-onavelmente, a fé raciocinada, ensi-nada pelo Espiritismo, começou comJesus. Kardec, como profundo conhe-cedor dos Evangelhos – livre dos pre-juízos causados pelos sucessivosexegetas, ao longo dos tempos – sou-be ver a objetividade e a racionalidadedos ensinamentos do Mestre. Soubever que Suas lições têm sempre doisdirecionamentos: ao sentimento e àrazão: “Olhai para as aves do céu, quenem semeiam, nem segam, nem ajun-tam em celeiros; e vosso Pai celestialas alimenta. Não tendes vós muitomais valor do que elas?” (Mt, 6: 26).Ao ensinar a criatura a não criar fan-tasias sobre a fé, mostra a linha divi-sória entre aquilo que deve ser objetoda preocupação do homem, e o quedeve ser entregue a Deus, perguntan-do: “E qual de vós poderá, com todosos seus cuidados, acrescentar umcôvado à sua estatura?” (Mt, 6: 27).Esse o motivo de se ler na folha derosto de “O Evangelho segundo o Es-piritismo”: “Fé inabalável só o é a quepode encarar frente a frente a razão,em todas as épocas da Humanidade.”

A educação religiosa que Jesus pro-picia ao homem leva-o a conscientizar-

se de que não será através de orações re-petidas que estaremos agradando a Deus:“E, orando, não useis de vãs repetições,como os gentios, que pensam que pormuito falarem serão ouvidos.” (Mt, 6: 7).Nem através de oferendas ou bajulações:“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao al-tar e aí te lembrares de que teu irmão temalguma coisa contra ti, deixa ali diantedo altar a tua oferta, e vai reconciliar-teprimeiro com teu irmão, e depois vem eapresenta a tua oferta.” (Mt, 5: 23 e 24).

No Seu trabalho educativo do Es-pírito humano, Jesus mostrou a impor-tância do bom relacionamento com opróximo como caminho para Deus, con-forme bem entendeu o Apóstolo João,que registrou: “Pois quem não ama aseu irmão, ao qual viu, como pode amara Deus, a quem não viu?” (I Jo, 4: 20).

Significativo é o diálogo entre odoutor da lei e Jesus, conforme relata-do no Evangelho de Lucas (10: 25 a37): “Mestre, que farei para herdar avida eterna?” Ali se vê um homem, co-nhecedor profundo das leis religiosas,a ponto de citá-las de cor, logo que in-quirido por Jesus: “Amarás ao Senhorteu Deus de todo o teu coração, e detoda a tua alma, e de todas as tuas for-ças, e de todo o teu entendimento, e aoteu próximo como a ti mesmo.” (Deu,6:5 e Lev. 19: 18). Efetivamente, os ju-deus sabiam de cor esses dois manda-mentos maiores. Entretanto, quandoJesus lhe disse: “Faze isso e viverás”,aquele homem não compreendeu, por-que para ele não havia conexão entre opreceito religioso, que lhe enfeitava ocampo intelectual, com a vida prática,a ponto de perguntar: “Quem é o meupróximo?” Para aquele homem “pró-ximo” era uma palavra mágica, sagra-da, usada nos momentos religiosos, notemplo, sem nenhum significado realna chamada vida profana. Daí o seu es-panto. Estranhou que Jesus lhe reco-mendasse a aplicação do preceito reli-gioso à vida comum. Sabendo da dis-tância que havia entre os preceitos re-ligiosos e a vida em sociedade, é que oMestre contou-lhe a Parábola do BomSamaritano, mostrando que o aquelehomem – desprezado pelos judeus – fezsua oferenda a Deus, não diante de umaltar, mas através do mais legítimo re-presentante de Deus: o próximo!

O Mestre jamais convidoualguém a orar num templo

Ele próprio deu-se como exem-plo no serviço a Deus na pessoa dopróximo. Curava sempre, impondo asmãos sobre os doentes, embora nãoprecisasse fazê-lo para curar (videcura do servo do centurião: Mt, 8: 5a 13), mas o fez para ensinar, reco-mendando que se fizesse o mesmo:“... e porão as mãos sobre os enfer-mos e os curarão.” (Mc, 16: 18). Dei-xou bem claro, também, a gratuidadeda prática religiosa: “... de graçarecebestes, de graça dai.” (Mt, 10:8).

Vê-se, assim, que Jesus trouxe àTerra uma mensagem religiosa semprecedentes. Simples, sem ser super-ficial; profunda, sem ser complicada.Uma concepção religiosa libertadoranão agrada àqueles que desejam exer-cer o poder religioso. Estes procuramconservar a religião como algo mági-co, místico, extático, complexo a pon-to de a ela só terem acesso os doutose os sábios, pessoas pretensamente es-peciais, que estariam mais habilitadasa intermediarem as mensagens dascriaturas ao Criador.

Jesus concedeu uma verdadeiracarta de alforria à Humanidade, emrelação à intermediação sacerdotal, aoinformar a criatura humana de que elatem o direito legítimo e inalienável dese comunicar com seu Criador, dire-tamente, em qualquer lugar onde seencontre, dando como exemplo o lu-gar onde se dorme: “Mas tu, quandoorares, entra no teu aposento, e, fe-chando a tua porta, ora a teu Pai queestá em oculto; e teu Pai, que vêsecretamente, te recompensará.” (Mt,6: 6). Ao se meditar sobre esse ensi-namento, percebe-se quanto sua men-sagem foi deturpada pelos teólogos,que ensinam terem certas pessoas de-terminadas prerrogativas de serem ou-vidas por Deus, como se fossem ad-vogados a levarem agradecimentos oua reivindicarem determinadas benes-ses, numa prática desenvolvida emmeio a rituais completamente estra-nhos aos ensinamentos e aos exem-plos de Jesus, com a agravante de se-rem remunerados. (Continua na pág.13 deste número.)

A mensagem cristã foi apequenada, podada, enxertada por aqueles que dela se apossaram,ao construírem uma religião atemorizadora e salvacionista, com base em atitudes místicas

Jesus de Nazaré

Page 4: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALPÁGINA 4 FEVEREIRO/2009

De coração para coração

A Folha de Londrina publicouno dia 29 de janeiro, na pág. 3, aentrevista que concedemos à jorna-lista Érika Gonçalves. Excluído olead, ou texto de abertura, a entre-vista constou do seguinte:

Como surgiu o Espiritismo?No tocante aos fenômenos, o Es-

piritismo surgiu no povoado ameri-cano de Hydesville em 31 de marçode 1848, a partir dos fatos que se ve-rificaram na casa das irmãs Kate eMargareth Fox. Designados pela pa-lavra inglesa “raps”, os fenômenosna residência dos Fox eram consti-tuídos de sons semelhantes a panca-das numa mesa ou numa parede ede movimentação de objetos. Pormeio dos “raps” ocorreu naquelepovoado a primeira comunicação daera moderna produzida por Espíri-tos de pessoas que haviam vivido naTerra. A partir de então os fenôme-nos assumiram formas variadas atéchegar à chamada psicografia indi-reta, ou escrita automática, quandoentão surgiu a Doutrina Espírita, fru-to direto do trabalho do professorfrancês Hippolyte Léon DenizardRivail, então residente em Paris, quepublicou em 18 de abril de 1857 aprimeira obra espírita, “O Livro dosEspíritos”, que ele assinou com opseudônimo de Allan Kardec. Essaobra assinala oficialmente o nasci-mento da Doutrina Espírita ou Es-piritismo.

Quais são os princípios funda-mentais do Espiritismo?

A crença num Deus único, que oEspiritismo define como sendo ainteligência suprema e causa primá-

ria de tudo o que existe no Univer-so; a imortalidade da alma; a reen-carnação; a pluralidade dos mundoshabitados e a comunicabilidade en-tre o homem e os Espíritos.

Muitos acham que os espíritasnão são cristãos, pois acreditamem reencarnação. O que você dizsobre isso?

O padre François Brune, autordo livro “Os Mortos nos Falam”, épadre e, no entanto, acredita na re-encarnação. O que pouca gente lem-bra é que até o terceiro século da EraCristã, ou seja, antes do advento doCatolicismo, os cristãos pregavamabertamente a lei da reencarnação,a exemplo de Orígenes e muitos ou-tros Pais da Igreja. E Jesus fala so-bre ela de modo muito claro em inú-meras passagens, como no diálogocom Nicodemos, a quem o Mestredisse que é preciso nascer de novo,da carne e do espírito, para conquis-tarmos a vida eterna.

Outro questionamento é sobreo “falar com os mortos”, que es-taria proibido na Bíblia segundoalgumas religiões. Os espíritas in-fringem mesmo essa regra?

Não. O que o Antigo Testamen-to proíbe é a consulta aos mortos esua evocação, proibição essa quenão consta do Novo Testamento. AIgreja Católica é, como sabemos,contrária também à evocação dosmortos, mas nós espíritas não temospor hábito evocar os falecidos e, noBrasil, seguimos de um modo geraluma recomendação expressa nessesentido, de autoria de Emmanuel,por intermédio do médium Francis-

co Cândido Xavier. Desse modo, nasreuniões espíritas em que ocorre in-tercâmbio com o plano espiritual, oscomunicantes apresentam-se espon-taneamente, sem que sejam a issochamados.

Qual a diferença entre o Espi-ritismo e outras religiões?

No caso das demais religiõescristãs, as divergências situam-se empoucos pontos. Um deles é a reen-carnação, que católicos, protestan-tes e evangélicos não admitem, em-bora individualmente mais da meta-de da população brasileira sejareencarnacionista, como já foi de-monstrado por diversas pesquisas.Outro ponto é a evocação dos mor-tos, que católicos e protestantes tam-bém não aceitam e que os espíritas,como já disse, não praticam. No casodas religiões de origem africanista,como a Umbanda e o Candomblé,há diferenças no tocante à prática damediunidade, visto que no Espiritis-mo não se admite o uso do tabaco eda bebida alcoólica, bem como sa-crifícios de animais.

Existem outras religiões oudoutrinas que também acreditamem reencarnação e livre-arbítrio.Podemos classificá-las de espíritas?

Há muitas religiões que admiteme apregoam a reencarnação. O Bu-dismo é uma delas. Nem por isso élícito chamá-las de espíritas, porqueo que caracteriza o Espiritismo é umconjunto de princípios, a que nosreferimos na pergunta inicial, quenem todas admitem. Para alguém sedeclarar espírita é preciso conhecere admitir esses princípios.

‘Fora da caridadenão há salvação’

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected] Londrina

As regras de acentuação tambémsofreram grande mudança em facedo Acordo Ortográfico da LínguaPortuguesa, em vigor desde o iní-cio do ano.

Eis parte das modificações emfoco:

1.) Não se usa mais o acento dosditongos abertos éi e ói das palavrasparoxítonas, como alcalóide, Coréia,asteróide.

Eis, a seguir, algumas das pala-vras atingidas pela reforma, comoeram grafadas antes e como serãoescritas agora: alcalóide/alcaloide,alcatéia/alcateia, andróide/androide,apóia/apoia, apóio/apoio, asteróide/asteroide, bóia/boia, celulóide/celu-loide, clarabóia/claraboia, colméia/colmeia, Coréia/Coreia, debilóide/debiloide, epopéia/epopeia, estóico/estoico, estréia/estreia, estréio/es-treio, geléia/geleia, heróico/heroico,idéia/ideia, jibóia/jiboia, jóia/joia,odisséia/odisseia, paranóia/para-noia, paranóico/paranoico, platéia/plateia, tramóia/tramoia.

Observe que essa regra é válidasomente para palavras paroxítonas.Assim, continuam a ser acentuadas aspalavras oxítonas terminadas em éi,éu e ói, seguidas ou não de “s”: herói,heróis, troféu, troféus, Niterói, papéis.

2.) Nas palavras paroxítonas, nãose usa mais o acento no i e no u tônicosquando vierem depois de um ditongo.

Eis alguns exemplos seguidos danova forma: baiúca/baiuca, bocaiú-va/bocaiuva, feiúra/feiura.

Se a palavra for oxítona e o i ou ou estiverem em posição final, segui-dos ou não de “s”, o acento permane-ce: Piauí, Pirajuí, tuiuiú, tuiuiús.

3.) Não se usa mais o acento daspalavras terminadas em êem e ôo(s).

Veja alguns exemplos de comose escrevia e como será a nova for-ma: abençôo/abençoo, crêem/creem,dêem/deem, dôo/doo, enjôo/enjoo,lêem/leem, magôo/magoo, perdôo/perdoo, povôo/povoo, vêem/veem,vôo/voo, zôo/zoo.

Permanecem os acentos que di-ferenciam o singular do plural dos

verbos ter e vir, assim como de seusderivados (manter, deter, reter, con-ter, convir, intervir, advir etc.).Exemplos: Ele tem dois carros/Elestêm dois carros. Ele vem de Soro-caba/ Eles vêm de Sorocaba. Elemantém a palavra/Eles mantêm apalavra. Ele detém o poder/Eles de-têm o poder. Ele intervém em tudo/Eles intervêm em tudo.

4.) Não se usa mais o acento quediferenciava os vocábulos pára,péla(s), pêlo(s), pólo(s) e pêra.

Eis exemplos de como era antese como será grafado daqui por dian-te (o modo correto está posto entreparênteses):

- Maria, pára o carro. (Maria,para o carro.)

- Sem freios, o carro não pára.(Sem freios, o carro não para.)

- João foi ao pólo Norte. (Joãofoi ao polo Norte.)

- Não gosto de jogar pólo. (Nãogosto de jogar polo.)

- Meu gato tem pêlos brancos.(Meu gato tem pelos brancos.)

- Ela comeu uma pêra. (Ela co-meu uma pera.)

5.) Não se usa mais o acentoagudo no u tônico das formas (tu)arguis, (ele) argui, (eles) arguem, dopresente do indicativo dos verbosarguir e redarguir.

6.) É facultativo o uso do acen-to circunflexo para diferenciar aspalavras forma e fôrma. Em algunscasos, o uso do acento deixa a frasemais clara. Veja este exemplo: Qualé a forma da fôrma do bolo?

Observação importante: Per-manece em vigor o acento diferen-cial no vocábulo pôde, para distin-gui-lo de pode. Pôde é a forma dopassado do verbo poder. Pode é aforma do presente do indicativo.Exemplo: Ontem, ele não pôde sairmais cedo, mas hoje ele pode.

De igual modo, continua sendoobrigatório o acento diferencial novocábulo pôr, para diferenciá-lo dapreposição por. Pôr é verbo. Exem-plo: Vou pôr o livro na estante quefoi feita por mim.

Espiritismo

Esse é um dos preceitos do Espiritismo, doutrina que une religião, filosofiae ciência, e que conta com 20 milhões de simpatizantes no Brasil

Pílulas gramaticais

Page 5: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALFEVEREIRO/2009 PÁGINA 5

Palestras, seminários e outros eventoscom o tema “Brilhe a vossa luz”; dia10, às 20h, na Sociedade de Divulga-ção Espírita Maria de Nazaré, JoséAntonio Silva Neto, com tema livre;dia 13, às 20h, no “Aprendizes doEvangelho”, Alceu Augusto deMoraes, com o tema “Meu Reino nãoé deste mundo”; dia 14, às 15h, noNúcleo Espírita “Hugo Gonçalves”,José Antônio Vieira de Paula, com otema “Estudando as obras de AndréLuiz”; dia 15, às 9h30, no Centro Es-pírita Anita Borela de Oliveira,Oswaldo Santos, com o tema “Os si-nais dos tempos”; dia 17, às 20h, noCentro Espírita Allan Kardec, RobertoCamargo, com o tema “Amai os vos-sos inimigos”; dia 19, às 19h50, noCentro de Estudos Espirituais Vinhade Luz, Paulo Fernando de Oliveira,com o tema “Sede perfeitos”; dia 20,às 20h, no “Caminho de Damasco”,Pedro Vanderley Paulino, com o tema“Oferecer a outra face”; dia 21, às 10h,no Núcleo Espírita BeneditaFernandes, Antônio José Saviani daSilva, com o tema “Porta estreita”; dia22, às 9h, na Comunhão Espírita Cris-tã de Londrina, Edson Ronque, comtema livre; e no dia 23, às 20h, noCentro Espírita Bom Samaritano,Naudemar Nascimento, com o tema“Falando sobre a paz”.– Realiza-se em fevereiro, no perí-odo do carnaval, a 15ª CONMEL –Confraternização de Jovens Espíri-tas em Londrina. O evento, queocorrerá nas instalações do LarAnália Franco, terá como tema ge-ral “Vida: Desafios e Soluções”.Para participar da CONMEL é pre-ciso: ter 13 anos completos, ou mais,até a data do encontro; ter no míni-mo 6 meses de freqüência em algu-ma Mocidade ou Casa Espírita; co-nhecer e estar de acordo com ositens do Regimento Interno do en-contro; pagamento da taxa de ins-crição. Inscrições e Informações: 4ªURE – Moacyr – (43) 3534-2678;5ª URE – Fernanda – (43) 3341-1292 ou Fernanda Oliveira – (43)3334-2284 / 9104-2853; 6ª URE –Judite – (43) 3422-1367.– O confrade Divaldo Franco iniciano dia 9 de março próximo em Lon-drina uma série de conferências emcidades do Paraná. No dia 10, estaráem Maringá; dia 11, em Pato Bran-co; no dia 12, em Francisco Beltrãoe no dia 15, em Ponta Grossa.– A partir de 2 de fevereiro estarãoabertas as inscrições para o Cursode Iniciação ao Espiritismo promo-vido pelo Centro Espírita NossoLar, na Rua Santa Catarina, 429.

Eventos no Paraná

Curitiba – No dia 1º de fevereiro,domingo, às 10h, Marcelo GarciaKolling profere palestra sobre otema A fé e as necessidades hu-manas no teatro da FEP, situadona Alameda Cabral, 300.

– No dia 8 deste mês, às 10h, noteatro da FEP, Andrey Cechelero(foto) fala sobre o tema Apenas umvoltou - A virtude da gratidão.– No dia 15 de fevereiro, às 10h, noteatro da FEP, Francisco Ferraz Ba-tista profere palestra sobre o temaQuatro grandes questões da alma.– No dia 22 deste mês, às 10h, noteatro da FEP, Carlos Augusto deSão José fala sobre o tema A for-mação do destino

Londrina – No dia 20 de feverei-ro, às 20h, será inaugurada a sedeprópria do Centro Espírita Caminhode Damasco, situada na Rua Adria-no Marino Gomes, nº 1080, no Jar-dim Monte Belo. Nessa noite PedroVanderley Paulino. A sede localiza-se próxima da sede provisória lo-calizada na Rua Paulo Lotz, 23, quedeixará então de ser utilizada.– O Círculo de Leitura “Anita Borelade Oliveira” reunir-se-á no dia 1º defevereiro, às 17h, na residência docasal Ilza e Norberto Braga, quandoserá estudado o romance “Asas daLiberdade”, do Espírito de JerônimoMendonça, psicografado por CéliaXavier de Camargo.– Inicia-se no dia 1º de fevereiro, às9h30, com palestra de MárcioEleotério Cunha no Centro EspíritaMeimei, na Rua Iapó, 130, o CicloMensal de Palestras promovidas pelaUSEL – União das Sociedades Espí-ritas de Londrina. Eis as demais pa-lestras programadas: dia 6, às 20h, no“Nosso Lar”, Hamilton Fabrício, como tema “A Nova Era”; dia 6, às 20h,no Centro Espírita Maria de Nazaré,José Alves Costa, com o tema “Oabortamento na visão espírita”; dia 7,às 20h, no Centro Espírita Amor eCaridade, Marco Aurélio Batyras,

As aulas serão realizadas em duasturmas e começarão a partir do dia12 (quinta-feira), às 20h, e do dia14 (sábado), às 14h. As inscriçõessão gratuitas e podem ser feitas nalivraria do Nosso Lar.

Apucarana – O conferencistaRaul Teixeira iniciará, a partir dodia 10 de março, em Apucarana,uma série de palestras pelo Para-ná. Dia 11 ele estará em Paranavaíe no dia 12 em Campo Mourão.

Cambé – Todas as quartas-feiras,às 20h30, o Centro Espírita AllanKardec promove seu ciclo de pa-lestras, com palestrantes especial-mente convidados. Em fevereiro,os palestrantes convidados serãoestes: Jane Martins Vilela, no dia4; Júpiter Villoz Silveira, dia 11;Paulo Henrique Marques Morais,dia 18; e Pedro Garcia, dia 25.

Cascavel – Um seminário com otema “Atendimento Espiritual àLuz dos Ensinamentos de Jesus”será realizado no dia 8 deste mêsna Sociedade Espírita Paz, Amore Luz (Rua Salgado Filho,2.509). O evento que será coor-denado por Maria da GraçaRozetti (foto) e Valdecir JoséRozetti – ambos da coordenaçãodo Setor de Atendimento Espiri-tual da FEP – acontece das 8h às12h e terá como enfoques: a im-portância da Doutrina Consola-dora; a ação espiritual nos diálo-gos e nas vivências, a ação espi-ritual nas nossas vidas, etc. Po-derão participar integrantes degrupos de estudo, frequentadorese colaboradores da casa.

Jacarezinho – A juventude espíri-ta de Jacarezinho convida pessoasde todas as idades para participa-rem dos seus grupos de estudos,aos sábados, às 16h, no CentroEspírita “João Batista”, situado narua Mal. Deodoro, 701.

Pato Branco – No dia 14 de feve-reiro, das 14h às 18h, realiza-se naSociedade Espírita Fraternidade,na Rua Jaciretã, 720, em PatoBranco, o Seminário “Pais e Evan-gelização - Desafio de Urgência”,com coordenação a cargo da equi-pe do DIJ da Federação Espírita doParaná. No seminário serão abor-dados os seguintes tópicos: forma-ção do lar e missão dos pais, edu-cação à luz da Doutrina Espírita, oapoio indispensável dos pais natarefa da evangelização, a açãoconjunta da família e InstituiçãoEspírita. O público-alvo são pais,evangelizadores e jovens.

Pinhais – A Federação Espírita doParaná (FEP) vai promover de 13 a15 de março de 2009, na Expotrade,a XI Conferência Estadual Espírita,com a participação dos confradesDivaldo Pereira Franco, José RaulTeixeira, Cosme Massi, Alberto Al-meida e Sandra Borba Pereira.

Rio Negro – Será realizada no dia12 de março, a partir das 20h, umaconferência por Sandra Borba Pe-reira, do Rio Grande do Norte. Oevento, cujo local ainda não foidivulgado, terá entrada franca.

Santo Antônio da Platina – Nodia 14 de fevereiro, das 14h às 18h,realiza-se na União Espírita JesusNazareno, na Avenida OliveiraMota, 1069, o Seminário “Evan-gelizador - Servidor de Jesus”, co-ordenado pela equipe do DIJ daFederação Espírita do Paraná. Se-rão abordados no seminário os se-guintes tópicos: o compromisso doevangelizador, atuação individuale da equipe, motivação individuale da equipe, superação dos desafi-os para o aprimoramento da tare-

fa. O público-alvo são evangeliza-dores de Infância, coordenadoresde Juventude, diretores de DIJ,participantes de grupos de estudoda Doutrina Espírita.

Eventos em outrasregiões do País

Brasília – Nos dias 7 e 8 de feve-reiro reúne-se, na sede da FEB, aComissão Central do “Projeto Cen-tenário de Chico Xavier”, a saber:diretores da FEB – Antonio CésarPerri de Carvalho e João PintoRabelo, respectivamente, coordena-dor e subcoordenador; Secretáriosdas Comissões Regionais do CFN:Norte – Manuel Felipe Menezes daSilva Júnior; Nordeste – Olga Lú-cia Espíndola Freire Maia; Centro– Aston Brian Leão; e Sul – Fran-cisco Ferraz Batista; presidente daUnião Espírita Mineira, MarivalVeloso de Matos e presidente daFederação Espírita do Distrito Fe-deral, César de Jesus Moutinho. Naoportunidade, serão definidas estra-tégias de divulgação e de inscrições.O “Projeto Centenário de ChicoXavier” foi aprovado pelo CFN, emnovembro de 2008, e já foi apre-sentado em eventos da FEB e doCEI, em Brasília.

São Paulo – O Departamento de In-fância da USE ministrará o Cursode Formação de Educadores Espíri-tas da infância em 8 de fevereiro de2009, das 8 às 18 horas, na sede daUSE – União das Sociedades Espí-ritas do Estado de São Paulo que ficana Rua Dr. Gabriel Piza, 433 –Santana – perto do metrô. No cursoserão enfocados os seguintes temas:o que é, quais os objetivos e benefí-cios da atividade de infância espíri-ta; os componentes no processo deeducação espírita (educandos, edu-cadores, dirigentes e pais); estrutu-rando o departamento; planejamen-to; recursos didáticos; elaboração deaulas, etc. Mais informações peloe-mail [email protected] pelo telefone (11) 9765.1881,com Marthinha.

Andrey Cechelero

Maria da Graça Rozetti

Page 6: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALPÁGINA 6 FEVEREIRO/2009

Realizou-se com pleno êxito, no dia 25 dejaneiro, o I Encontro de Jovens Espíritas deRolândia (fotos), promovido do Grupo de Jo-vens Espíritas Céu Azul, do Centro EspíritaMaria de Nazaré, dessa cidade.

Em ambiente fraterno, descontraído e mui-ta alegria, estiveram presentes 120 pessoas,abrangendo 11 cidades: Arapongas, Apucara-na, Cambé, Ibiporã, Londrina, São Martinho,Pirapó, Maringá, Umuarama, Santa Fé eRolândia.

Os jovens foram recebidos no Lar InfantilLeão Leão Pitta, local onde se realizou o En-contro, a partir das 8 horas, com café da ma-nhã, e em seguida deu-se início ao seminário,ministrado pelo confrade Júpiter Villoz daSilveira, sobre o tema “Programação Reencar-natória”, com imenso agrado de todos os par-ticipantes.

Após saboroso almoço, os jovens prosse-guiram nas atividades, participando de ofici-nas de Teatro, Música, Relaxamento e Dança.

Às 17 horas terminou o Encontro, com aesperança de poderem se reunir novamente nopróximo ano, e saudade em todos os que deleparticiparam.

Parabéns aos organizadores. (Célia Xavi-er Camargo, de Rolândia.)

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

I Encontro de JovensEspíritas de Rolândia

Divaldo responde– O desemprego tem sido o

tema do momento no mundotodo. Que medidas você enten-de que poderiam ser tomadaspelas Instituições espíritas nosentido de minorar os efeitosdesse problema?

Divaldo – Confesso não dis-por de uma sugestão para atacartão grave problema que infelicitamilhões de lares neste momentono mundo.

Como contribuição, pensoque poderíamos trabalhar emnossas Casas com a qualificação

timulando-os ao trabalho infor-mal, e não apenas à conquista dosempregos escassos.

O problema é muito grave,porque tem as suas raízes nocerne da criatura humana. E comovivemos em uma sociedade ego-ísta e injusta, aqueles que admi-nistram o patrimônio público,com as exceções que nobilitam,olvidam-se dos seus eleitoresapós o sufrágio que os levaram àvitória, e se tornam responsáveispelos disparates que assaltam ahumanidade em todo lugar.

(Extraído de entrevista concedida ao jornal O Imortal, publicada em dezembro de 1998.)

Júpiter Villoz Silveira ministrou o seminário “Programação Reencarnatória”perante um público estimado em 120 jovens de onze diferentes cidades

de pessoas para as atividades com-patíveis com este momento detecnologias avançadas.

Criamos e mantemos várias Es-colas profissionalizantes, como: Grá-fica, Panificação, Computação, Me-cânica de automóveis, Corte e costu-ra, Marcenaria, Artes plásticas, Au-xiliar de enfermagem, Sapataria, alémdas Escolas convencionais, para jo-vens, de forma que os equipamos paraos dias atuais e os futuros.

Aos adultos desempregados,que nos procuram, tentamosauxiliá-los momentaneamente, es-

Aspecto parcial do público presente ao Encontro

O público recebeu de bom grado o Seminário

Page 7: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALFEVEREIRO/2009 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

João Leão Pitta

Nascido no dia 11 de abril de1875, na Ilha da Madeira, Portugal,João Leão Pitta desencarnou no Bra-sil, no dia 11 de fevereiro de 1957.

João Leão Pitta fez os seus pri-meiros estudos em sua terra natal,cursando um colégio particular e al-cançando um grau de instrução equi-valente ao nosso curso secundário.Terminados esses estudos deliberouir para o continente a fim de se aper-feiçoar e escolher uma carreira. Nes-sa altura surgiu um imprevisto: seuspais alimentavam a ideia de fazercom que ele seguisse a carreira ecle-siástica e se ordenasse padre católi-co. Entretanto, a sua propensão eranorteada no sentido de ser admitidona marinha portuguesa. Não conse-guindo estudar o que desejava, veiopara o Brasil sem o consentimentode seus pais, aportando no Rio de Ja-neiro com apenas 16 anos de idade ecom quatrocentos réis no bolso.

Não tendo conhecidos nem pa-rentes, empregou-se numa padaria,onde, pelo menos, tinha acomodaçãoe alimentação. Não se sentindo bemna antiga Capital Federal, deliberoutransferir-se para a cidade dePiracicaba, no Estado de São Paulo,onde se casou com Da. Maria Joa-quina dos Reis, de cujo consórcioteve 12 filhos. Posteriormente vol-tou para o Rio de Janeiro, onde seocupou da profissão de tecelão, che-gando a ser contramestre da fábrica.

Um acontecimento, no entanto,mudou o rumo de sua vida. Uma desuas filhas ficou bastante doente, eele, sem recursos para sustentar suanumerosa prole e atender à enfermi-dade da filha, resolveu procurar umCentro Espírita. Não estava anima-do do propósito de haurir os benefí-cios doutrinários do Espiritismo,mas sim de obter a cura de sua filha.Foi ali que conheceu um médiumreceitista. Pitta tinha o hábito de dis-cutir, mas o médium não admitia dis-cussões com referência à Doutrina

Espírita e deu-lhe alguns livros paraque os lesse. Fez as primeiras leiturascom manifesta má vontade, mas, aospoucos, foi tomando interesse e estu-dou as obras básicas da codificaçãokardequiana.

Com a desencarnação de três desuas filhas, vítimas de uma epidemia,sua esposa, cumulada de profundosdesgostos, fez com que a família vol-tasse de novo para Piracicaba. Conhe-cedor do Espiritismo, não perdeu tem-po e logo descobriu que, na cidade, asreuniões espíritas eram realizadas maispor curiosidade de que por apego aosestudos. Tomou então a deliberação deconclamar alguns amigos, demonstran-do-lhes a responsabilidade moral decada um, após o que conseguiu, emcompanhia de outros confrades, com-penetrados do caráter sério e nobilitan-te da Doutrina dos Espíritos, fundar, noano de 1904, a “Igreja Espírita Fora daCaridade não há Salvação”, pioneiradas instituições espíritas da cidade.

Logo após a fundação do CentroEspírita, o clero católico moveu-lheacerba campanha e, em decorrênciadisso, não conseguiu emprego na ci-dade, ficando sem crédito por mais deum ano. Todos lhe negavam serviço,apesar de ser homem honesto e traba-lhador. Nesse período crítico de suavida, sua esposa costurava para ganharalgum dinheiro, conseguindo assimamparar a família e superar a crise.

Passado algum tempo, conseguiuarranjar emprego numa loja de ferra-gens de propriedade de Pedro deCamargo, conhecido mais tarde pelopseudônimo de Vinícius. Nessa firmatrabalhou durante 20 anos, chegandoa ser sócio interessado, tal a suaoperosidade e honestidade a toda pro-va.

Nos idos de 1926-29, como preten-desse melhorar de situação econômi-co-financeira, a fim de propiciar me-lhor educação para seus filhos, insta-lou uma fábrica de bebidas. Tudo iabem. Porém, como estivesse semprepronto a atender os amigos e os neces-sitados, impulsionado pelo seu bomcoração, acabou perdendo tudo, maisde duzentos contos de réis, verdadeira

fortuna naquele tempo. Viu-se então emface da dura contingência de hipotecarsua própria moradia, perdendo-a porexcesso de amor ao próximo.

Em 1930, resolveu trabalhar nadivulgação do Espiritismo, fazendopropaganda e angariando assinaturaspara a “Revista Internacional de Es-piritismo” e para o jornal “O Clarim”.Deixou o convívio sossegado de seular, de seus filhos, para viajar peloBrasil, percorrendo centenas de cida-des, pregando o Evangelho e dissemi-nando aquelas publicações e as obrasespíritas do grande missionário que foiCairbar Schutel.

Em todas as cidades por onde pas-sava, fazia pregações doutrinárias.Profundo conhecedor dos textos evan-gélicos, esmiuçava-os com profundi-dade e com bastante clareza, tornan-do-os inteligíveis para todos. Quandofalava, suas palavras eram cadencia-das e precisas.

Nessa obra missionária viveu 21anos ininterruptos, percorrendo vári-os Estados do Brasil, notadamenteGoiás, Mato Grosso, São Paulo, Mi-nas Gerais, Espírito Santo, Rio de Ja-neiro, Paraná, Santa Catarina e RioGrande do Sul. Os transportes por eleutilizados eram dos mais precários.Muitas vezes fazia longas caminhadasa pé, a cavalo, de trem, de caminhão ede ônibus, alimentando-se e dormin-do mal. Tinha imenso prazer em aten-der aos convites que lhe eram formu-lados e, sentindo-se sempre inspiradopelo Alto, levava o conhecimento de“O Evangelho segundo o Espiritismo”a milhares de pessoas e lares. Fez mi-lhares de conferências em Centros Es-píritas, praças públicas e cinemas.

Nessas extensas caminhadas, al-gumas de muitos quilômetros, auxili-ava os mais necessitados com os re-cursos que ia amealhando. Socorriamuitas pessoas, sem distinção de cren-

ça religiosa, dando-lhes dinheiropara consultar médicos, compraróculos, adquirir mantimentos e paraoutros fins.

Era modesto no trajar. Possuíalongas barbas brancas e a criançadao chamava de Papai Noel, pois tam-bém sabia brincar com as crianças eorientá-las. Sofria sempre calado,sem lamúrias, cônscio de que os so-frimentos na Terra são oriundos detransgressões cometidas em vidasanteriores.

Com a idade de 75 anos, foi aco-metido de pertinaz enfermidade esubmetido a delicada intervenção ci-rúrgica, vindo a desencarnar seisanos mais tarde.

João Leão Pitta deixou váriasmonografias inéditas.

(Fonte: Livro Personagens doEspiritismo, de Antônio de SouzaLucena e Paulo Alves Godoy - Edi-ções FEESP.)

João Leão Pitta

A nova geração

Especula-se muito no meio es-pírita brasileiro, nesta transição demilênio, pois topo a máquina de es-crever no calorento janeiro de 2009,sobre quais seriam as crianças e osjovens da nova geração, a que aludeKardec em A Gênese, lançada em1868, há 141 anos, pois.

Em tempo real, a mídia, sobre-tudo a televisiva, traz-nos notícias doque vai pelos quatro cantos do Mun-do. Aqui, cientistas salvando vidascom o emprego de células-troncoembrionárias da medula óssea dedoadores anônimos. Ali, o petróleodescoberto em jazidas imensas de-baixo das águas do mar. E entriste-cem a alma a corrupção administra-tiva, os flagelos públicos naturais, asguerras fratricidas onde Jesus nas-ceu, a devastação do meio, e os tiro-teios da polícia contra os chamadosmarginais do crime organizado. Vocêo sabe bem...

eu abençoe um velho. Que eu afagueum cãozinho. São formas diminutasque, somadas a outras doutros irmãosem Humanidade, hão de formar umacorrente de fraternidade para aedificação do Reino do Bem.

A nova geração, a meu pobrejuízo, está na criança que estuda numsistema educacional caótico como obrasileiro. Está nos profissionais desaúde que não dispõem de remédiosou equipamentos para amparar o en-fermo. Está na mãe de família ten-tando preparar o alimento dos filhos.Está naquele que dirige ônibus, trens,metrôs nas cidades. Ou traz as mãosno arado nos campos. Ou abre sepul-cros, mesmo em tempo de paz. Emvocê que bondosamente me lê aqui.

Espalhando o consolo, alimen-tando a esperança, pensando na har-monia, buscando o entendimento naesfera estreita de nossa ação, de al-gum modo somos elementos da novageração de maior valorização da vidae do amor verdadeiro. (Caixa Postal61003, Vila Militar, Rio de Janeiro,RJ, CEP 21615-970.)

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

Bem sei que, no silêncio, há maisgente trabalhando dia e noite para o bem.Operários, donas de casa, estudantes,mestres e escritores, modestos serven-tes e abnegados empresários dão o me-lhor de si para o equilíbrio social. E osEspíritos Superiores sustentam os quesofrem, os que choram, os que, pela dor,abrem as portas da sua elevação moral.E Jesus é o nosso modelo maior!

Todos podemos, de alguma manei-ra, ser elementos desta nova geração,quer aí vivamos na maturidade, namocidade, na velhice. Basta que ame-mos aos nossos familiares, conviva-mos em paz com os vizinhos, oremospelos adversários, auxiliemos um sópedinte, mentalizando a concórdia emtodos os pontos do globo.

Reconheço ser tarefa às vezes difí-cil, por trazer cada qual a sua cruz aoombro. Reconheço-o por mim, aos 66anos de idade. Olho para trás e vejo quenada fiz. Encaro o futuro e perceboquanto devo ainda fazer, pois que é alei de Deus que nos convida à evolu-ção. Que eu mande uma cartinha a umtriste. Que eu ouça um enfermo. Que

Page 8: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

“Se bem compreendida e orientada, toda e qualquer criança que chega à Terra mudará a vida do planeta”

O entrevistado deste mês, nos-so estimado confrade José RaulTeixeira (foto), não necessita deapresentação alguma, visto quetem sido, ao lado de Divaldo Fran-co, um dos principais divulgadoresda Doutrina Espírita no Brasil e noexterior.

A entrevista que se segue,publicada originalmente na revistaeletrônica O Consolador, que cir-cula exclusivamente na internet,contou na sua preparação com aparticipação dos confrades JoséPassini, Ricardo Baesso de Olivei-ra, Arthur Bernardes de Oliveira,Jorge Hessen, Astolfo O. de Olivei-ra Filho, Célia Xavier Camargo –todos membros do seu ConselhoEditorial – e Orson Peter Carrara,Fernanda Borges, WellingtonBalbo, Antonio Augusto Nascimen-to e Katia Fabiana Fernandes – edi-tores responsáveis pelas entrevistaspublicadas pela citada revista.

As questões que compõem aentrevista foram divididas em trêsblocos: problemas e questões daatualidade, temas de natureza dou-trinária e assuntos pertinentes aomovimento espírita. Dada a sua ex-tensão, ela será publicada em duaspartes, nesta e na próxima ediçãode O Imortal.

Eis, na íntegra, a primeira parte:

Problemas e questõesda atualidade

– Como você vê a oficializa-ção do casamento entre homos-sexuais e a adoção de filhos porparte deles?

Consideramos que qualqueroficialização que se estabelece nomundo corresponde à formaliza-

ção de situações que já existem, ouque precisam ser normatizadas paraevitar distorções nos julgamentos dediversificadas situações, em respei-to ao conceito formal de justiça.Assim, se se fala de oficialização decasamentos entre pessoas do mes-mo sexo é que essas pessoas já es-tão se unindo sem qualquer forma-lização, deparando-se, a partir dis-so, com problemas cujas soluçõesexigem um pronunciamento da leique regulamenta a vida de um povoou de uma sociedade.

Independentemente do nomeque se deseje dar a essas uniões, arealidade é que tais uniões existem.Seus parceiros podem conviverpouco ou muito tempo juntos; po-dem fazer aquisições de variada ín-dole em nome da dupla ou duranteo período em que estão juntos osindivíduos. Como ficará, perante asociedade organizada, a situação deum e de outro parceiro? Em caso defalecimento de um deles, há ou nãohá direitos a pensões e outros bene-fícios, após uma vida passada emcomum? Todos os quadros com osquais nos defrontamos e que tomamcorpo na sociedade precisam serestudados e disciplinados pela legis-lação.

Não há como fazer vistas gros-sas e fazer de conta que tal coisa nãoexiste. Logo, não há como fugirmosdessa oficialização em nome dequalquer tradição ou preconceito,uma vez que os fatos aí estão afron-tando os tempos e exigindo umposicionamento oficial das autori-dades, pois não há lei que possaimpedir de fato que duas pessoas domesmo sexo tenham vida em co-mum, que se entendam, que se cui-dem ou que se amem.

No que respeita à adoção de fi-lhos, estamos diante de uma ques-tão de bom senso. O que será me-lhor para uma criança: viver nasruas, ao abandono, sujeito a todosos perigos que inundam as ruas %

ou em instituições que, por maisrespeitáveis que sejam, não conse-guem se converter num lar para ne-nhuma criança abandonada % ou seramparada pela generosidade e pelocarinho de duas pessoas do mesmosexo e que vivem juntas? O Espíri-to Camilo sempre me ensinou queo amor, em si mesmo, não tem sexoe que é muito valorosa a atitude dequem quer que seja que se decida aadotar uma criança. Somente a hi-pocrisia ou a indiferença para coma criança órfã ou abandonada podecriar impedimentos para tal adoção.

– Há muitos debates sobre cé-lulas-tronco embrionárias. Consi-derando como são formados osembriões resultantes da fertiliza-ção in vitro, é-nos difícil entenderque a todos eles estejam ligadosEspíritos, visto que, para um mes-mo casal, produzem-se diversosembriões, dos quais alguns sãoimplantados e outros mantidosem baixíssima temperatura. Setudo correr bem na gestação, écomum que os embriões congela-dos sejam esquecidos e, por con-seguinte, jamais utilizados. Emalguns países, como a Inglaterra,a lei estipula um prazo, findo oqual eles são eliminados. Aindaque não se tratando de uma posi-ção do Espiritismo, e sim um ar-gumento pessoal, como você vêessa questão?

Sendo uma pessoa vinculada àsciências, vejo como muito delicadaessa questão, tendo em vista mui-tos posicionamentos extremada-mente apaixonados e que nos reme-tem aos tempos distantes das posi-ções ultramontanas em relação aoprogresso científico.

É comum que os religiosos, emgeral, evoquem para si o direito deatuar nas suas crenças como bem odesejem % ainda que toda a socie-dade se depare, incontável númerode vezes, com posicionamentos

argumentativos e práticas ardilosos,anti-sociais e mesmo criminososcontra o povo %, sem admitiremqualquer intromissão de cientistas,nenhuma opinião que se oponha aosseus intentos ou que não façam par-te dos seus quadros, quase sempredistanciados dos verdadeiros finsdos ensinamentos imortais deixadospor Jesus Cristo e por outros Missi-onários espirituais da humanidade.Contudo, quase sempre os mesmosreligiosos arrogam-se o direito denão somente opinar mas de deter-minar sobre as reflexões e práticasda Ciência, como se fossem deten-tores da absoluta verdade.

Afora os posicionamentos polí-ticos, laboratoriais, comerciais edemais interesses particulares quese atiram nos caminhos dos cientis-tas-pesquisadores % que costumamestar presentes nessas discussões,fazendo lobbies em favor de empre-sas ou de grupos, com os quais sedeve ter muita cautela pelo cinismoe pelas pressões com que atuam %,sou de parecer que aos religiososcaberia ressaltar e propagar a reali-dade espiritual do ser humano, tra-balhar na educação moral dos indi-víduos, o que lhes possibilitaria to-mar as melhores decisões diante domundo e diante da Espiritualidade,deixando àqueles que assumiramresponsabilidades perante a Ciênciao labor que lhes cabe, oferecendo,quando solicitados, os seus maislúcidos pareceres que deverão sertão lúcidos quão desapaixonados. Oque não me parece coerente é queos religiosos desejem governar to-dos os ângulos de visão da socieda-de, como se tivessem o privilégioda verdade sobre os demais pensa-dores.

Indiscutivelmente, encontrare-mos abusos que à justiça caberáquestionar e corrigir, evocando ospreceitos éticos imponentes. O quecreio não ser razoável é partirmosdo princípio de que, por adotar po-

PÁGINA 8 PÁGINA 9O IMORTAL FEVEREIRO/2009FEVEREIRO/2009

sições muitas vezes materialistas ouateístas (em relação aos preceitos edogmas das religiões institucionais),devam os cientistas ser considera-dos como não sérios ou como irres-ponsáveis. Entendo que deveremosrespeitar esse grande pugilo de pes-quisadores que têm oferecido suasvidas em prol de uma sociedademelhor, permitindo que realizemseus empreendimentos, seus traba-lhos, suas pesquisas.

Tenho ouvido do Espírito Cami-lo que muitos desencarnados, reti-dos em situações de complexos con-flitos e sofrimentos no além, sãovisitados e indagados quanto ao in-teresse que tenham de servir de ins-trumentos ao progresso da Ciênciano mundo, apresentando-se paraanimarem embriões que se presta-rão às pesquisas. Findadas as expe-riências, essas entidades que reen-carnariam em delicadas situações deenfermidades físicas, mentais ousócio-econômicas, ou todas conju-gadas, logram obter melhorias sig-nificativas nos processos em queestão incursas. São muitas as queaceitam e que são levadas a tais li-das nas esferas do trabalho científi-co.

É real que nem todos os embri-ões, tendo-se em vista as fases ini-ciais em que são tomados, estão li-gados a inteligências espirituais,mas outros tantos estão, sim, ani-mados por essas entidades referidas,ou seja, as que se apresentam paraservir de “cobaias” nas atividadesde pesquisas científicas.

Há, por outro lado, uma ques-tão que se quer calar. Por que hádefesas tão extremadas dos possí-veis embriões com ligações espiri-tuais, enquanto que não há a mes-ma paixão pelas crianças já reencar-nadas, malnascidas, abandonadasnas ruas ou nos orfanatos? O quedeve passar pela mente geral relati-vamente a tais crianças e os citadosembriões? Por que não costumamosver ninguém solicitar aos laborató-rios detentores dos embriões algumdeles como filho? Diante das quan-tidades que são atiradas fora, apósos períodos exigidos por lei, é deestranhar que ninguém reclame unsdois ou três para serem cuidados,implantados na condição de filhos,de modo a salvá-los da destruição...

– A eutanásia, como sabemos,é uma prática que não tem o apoio

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

da doutrina espírita. Surgiu, noentanto, ultimamente, a idéia daortotanásia, defendida até mesmopor alguns médicos espíritas.Qual a sua opinião a respeito?

O mais importante na esfera daortotanásia será sempre o uso dobom-senso, pois uma coisa é deixaro indivíduo morrer naturalmente,quando se veja que sua vitalidadevai baixando de nível como umachama que se apaga. Outra situação,porém, será ver alguém sofrendo ecruelmente não lhe aplicar qualquersedativo ou medicamento, deixan-do que morra em meio ao desespe-ro ou à dor intensa. Nem a eutaná-sia nem a ortotanásia, quando fujaao bom-senso e se aproxime da cru-eldade. Que os conhecimentos mé-dicos vigentes possam ajudar os quese acham à beira da desencarnação,facilitando-lhe um tranqüilo retor-no ao Invisível sem comprometi-mento negativo de médicos, enfer-magem ou familiares.

– Como você vê o nível dacriminalidade e da violência queparece aumentar em todo o país eno mundo, e como os espíritas po-demos cooperar para que essa si-tuação seja revertida?

Nada obstante as informaçõesdos Imortais de que estão renascen-do no planeta muitos Espíritos ain-da inferiorizados, no que se relaci-ona às suas condições morais, nãodeveremos perder de vista a proe-minência da educação como bemfrisou Allan Kardec, em O Livro dosEspíritos. Faz-se necessária umaeducação moral capaz de bem for-mar os caracteres dos indivíduos.

Como espíritas, torna-se funda-mental a observância dos cuidadoscom a auto-educação (a partir dosesforços pelo autoconhecimento), afim de que nos capacitemos paraorientar e educar os próprios filhosque são vítimas, muitas vezes, daincúria ou do desmazelo dos seus

pais que estão mais preocupadoscom o sucesso social dos filhos doque com a sua felicidade.

A educação, contudo, é um pro-cesso que terá êxito em longo pra-zo, visto que corresponde a umamodificação gradual de mentalida-de e à adoção e fixação de novosvalores por parte das criaturas. Há,no entanto, providências que podemser tomadas por quem de direito, nosentido de diminuir a gravidade dosquadros de violência vigentes atu-almente no mundo, e isso tem a vercom a legitimidade, maturidade erespeitabilidade moral das autorida-des constituídas e que estão à fren-te das sociedades, assim como temrelação com a necessidade de im-putar-se responsabilidades aos cida-dãos e fazer com que aqueles quecometem desatinos sejam levadosaos trabalhos de quitação perantesuas vítimas, sejam indivíduos ougrandes grupos sociais. Enquantopersistir, em nome de escusos inte-resses e criminosos desinteresses, oclima de impunidade, como se nadaestivesse acontecendo, pela falta decoragem de pôr-se o guizo no pes-coço do gato, é certo que a situaçãotanto do Brasil quanto do restantedo mundo não sofrerá significativasalterações.

– A preparação do advento domundo de regeneração em nossoplaneta já deu, como sabemos,seus primeiros passos. Daqui aquantos anos você acredita que aTerra deixará de ser um mundode provas e de expiações, passan-do plenamente à condição de ummundo de regeneração, em que,segundo Santo Agostinho, a pala-vra amor estará escrita em todasas frontes e uma eqüidade perfei-ta regulará as relações sociais?

Muito embora possamos desen-volver alguma ansiedade em tornodesse futuro anunciado pelos Imor-tais, o certo é que não temos nenhu-

ma possibilidade de datar essasocorrências, uma vez que estarãosempre pendentes dos movimentosdos progressos humanos.

As bases geológicas do planetaestão dando seus passos na direçãodo amadurecimento ciclópico domundo. Contudo, o aspecto moral,grande definidor de tudo, dependedas disposições morais da humani-dade.

Não nos cabe nenhuma tormen-ta com relação a esses tempos. Cadaum de nós deverá assumir a parteque lhe corresponde nesse esforçoindividual e coletivo para a cons-trução desse mundo melhor queanelamos. Então, trabalhemos comdedicação e verdade, cuidando derealizar o que nos compete, e dei-xemos tudo o mais nas mãos deDeus, pois só Ele sabe a respeito dostempos, como o afirmou nosso Mes-tre Jesus.

– Em dados citados no livro OClamor da Vida, da Dra. MarleneNobre, afirma-se que são feitoscerca de 60 milhões de aborta-mentos por ano no mundo. A vida,como se vê, não é valorizada comodevia. Qual é sua avaliação sobreo assunto e como os espíritas po-deríamos contribuir para dimi-nuir esses números assustadores?

Acredito que esse quadro gritan-te se deve à cultura materialista quevemos ganhar corpo a cada dia emnossas sociedades. Mesmo famíli-as de rotulagem cristã e, em parti-cular, cristã-espírita, entram nessaexcitação materialista. Tudo o quetem sentido e valor são o salário quese ganha, as coisas que se conso-mem, os títulos que se conseguemou as posições sócio-político-eco-nômicas que se desfrutam no mun-do. Se nessas coisas estão os maio-res valores do indivíduo, claro ficaque tudo o mais estará em segundoou em terceiro plano, inclusive ofilho que se leva no ventre.

A visão materialista do mundotem levado muitas inteligências amenoscabar a excelência da vidaterrestre, impulsionando muitagente para o consumo desassisadode drogas variadas, de buscas de“adrenalinas” suicidas, de homicí-dios sem nenhum propósito e dosuicídio propriamente dito.

O dever dos espíritas não é to-mar para si a renovação do mun-do, dando péssimo exemplo de in-sustentável messianismo, uma vezque a mensagem de Jesus Cristofoi dirigida a todos que dela pu-deram tomar conhecimento. Vi-vendo como pessoas de bem e fa-zendo esforços para dominar asmás inclinações, conforme a de-finição kardequiana de verdadei-ro espírita, indubitavelmente es-taremos dando uma importantequota das nossas vivências paracontribuir na diminuição dessehorrendo espetáculo de desapreçopela vida.

– O fanatismo religioso atin-ge quase todas as religiões e, in-felizmente, parece que não é di-ferente no meio espírita. Qual éa sua mensagem àqueles que in-correm nesse erro?

O fanatismo de qualquer natu-reza está comumente vinculado àignorância. Quanto menos as pes-soas se interessam pelo estudo doEspiritismo, tanto mais facilidadeencontrarão para fanatizar-se, umavez que o fanatismo costuma serconseqüência da crença irracionalde quem não sabe, mas que bateno peito admitindo saber.

Um pouco mais de dedicaçãoà leitura atenciosa, às reflexões eaos esforços por vivenciar os ele-mentos conhecidos, ao propiciarmaior utilização da razão crítica,menos possibilitará alguém de tor-nar-se fanático no Movimento Es-pírita. (Continua na pág. 10 destenúmero.)

Entrevista: José Raul Teixeira

José Raul Teixeira

Page 9: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALPÁGINA 10 FEVEREIRO/2009

– Como deve agir o espíritadiante das solicitações de esmo-la, nas ruas, particularmente porparte de crianças?

Sempre cri que bom-senso e águafluidificada não fazem mal a nin-guém. Cabe sempre uma visão maisglobal sobre o momento do pedido.Muitas vezes pode-se levar a criançaa comer ou beber algo, pois a criançanão precisa de dinheiro. Quando elapede dinheiro está atendendo à deter-minação de algum adulto que a ex-plora, seja pela necessidade desaten-dida, seja pelo vício.

Importantíssimo é que a socieda-de da qual fazemos parte conseguissese mobilizar e cobrar das autoridadespolítico-administrativas as providên-cias para os casos que testemunhamosna cidade, diariamente. Assim, seriasempre mais significativa a contribui-ção para com as instituições sociais quese incumbem de cuidar dessas crian-ças que vivem quase sempre em situ-ação de grandes riscos.

– O desmatamento da florestaamazônica caminha a largos pas-sos, e dentre as causas que o acen-tuam está a pecuária. Aliás, o Bra-sil é um dos maiores exportadoresde carne bovina do mundo. Comodeve o espírita posicionar-se antea alimentação baseada em carnebovina, haja vista que, entre ou-tras coisas, ela também contribuipara esse desmatamento?

O espírita agirá como um cida-dão comum, tratando de cumpriros seus deveres sociais e políticoscom seriedade, levando em contaque o problema do desmatamentoamazônico não tem por vilões osrebanhos de gado, mas o egoísmoe o cinismo de vastas liderançaspolíticas do nosso país, que fazemvistas grossas para a situação, umavez que seus interesses pessoaispodem estar em jogo nesse lance.

Observemos que tanto sedesmata para criar rebanhos de gadoquanto para plantar soja e outros pro-dutos. A ser levado tudo ao pé daletra do que dizem as diversas mídias– quase nunca apresentam a real si-tuação ou o que está por detrás dela– teríamos que deixar de usar tantocarnes como vegetais.

Enquanto os governantes fizeremde conta que não estão sabendo queos habitantes da floresta, sempre osmais espertos, é claro,mancomunados com políticos ines-crupulosos e gente envolvida nos res-pectivos órgãos públicos, é que ex-traem a madeira nobre da Amazônia,que permitem a extração ilegal deminérios do subsolo regional de suasnações indígenas, e que permitemmuito da biopirataria existente emnosso país, a tendência será ficar tudocomo está... tendendo a piorar.

Enquanto nossos governos fize-rem vistas grossas para essa quanti-dade enorme de ONGs plantadas naAmazônia, aculturando a seu modonossos nativos, doutrinando-os a seubel-prazer (de olho em suas/nossasriquezas diversas), mas que não têmnenhum interesse por “prestar ser-viços” no Marajó, por exemplo, ondeexiste muitíssima necessidade eabandono governamental, nenhuminteresse em se instalar no sertão nor-destino, onde a seca, a fome e a es-perteza de alguns “coronéis” impe-ram, essas dificuldades não serãosanadas. Acusar pontualmente ogado ou a soja nos faria atacar o ladofrágil da questão, deixando de ladoo fulcro mais grave do problema.

Temas de natureza doutrinária

– As divergências doutrinári-as em nosso meio reduzem-se apoucos assuntos. Um deles dizrespeito ao chamado Espiritismolaico. Para você, o Espiritismo éuma religião?

Sim. Indubitavelmente, paramim o é.

– Você acha válida a propostade Kardec pertinente à atualizaçãoperiódica dos ensinamentos espíri-tas, em face do avanço da ciência?Em caso afirmativo, como devemosimplementar essa medida?

Acho estranho que Kardec hajafeito essa proposta de atualizaçãoperiódica dos ensinamentos espíri-tas % uma vez que os referidos ensi-namentos não são da cogitação ci-entífica, já que a Ciência formal vemse mantendo sob a égide do materi-alismo por meio da grande massa dos

seus representantes encarnados %,por ter ele mesmo escrito na Intro-dução de O Livro dos Espíritos, par-te VII: Vede, portanto, que o Espiri-tismo não é da alçada da Ciência.

Na medida em que avança a Ci-ência, maiores confirmações temosencontrado para as teses que funda-mentam o Espiritismo. Até hoje, ne-nhuma das descobertas científicasconseguiu abalar os alicerces da for-mosa Doutrina que, ao contrário,mais se fortifica diante dos espíritasestudiosos e da mentalidade geraldos que a acompanham à distância.No bojo desses avanços contempo-râneos da Ciência, temos encontra-do muitas mudanças de entendimen-tos científicos, muitas trocas de no-menclaturas, incontáveis descober-tas que enriquecem o terreno das in-vestigações. Porém, nenhum dessesvalores que nos hão chegado em ra-zão das humanas pesquisas tem ar-ranhado o pensamento fulgurante evanguardista do Espiritismo.

Qualquer informação mediúni-ca assinada, ínsita na Codificação,não é maior que o corpo doutriná-rio do Espiritismo, que se funda-menta na existência de Deus, naexistência e imortalidade da alma,na pluralidade das existências (re-encarnação), na pluralidade dosmundos habitados e na comunica-bilidade dos Espíritos (mediunida-de). Nenhuma ciência conseguiuferir esses princípios.

Há muitos confrades afoitos, malinformados, ou sem muita intimida-de com o pensamento científico %refiro-me ao pensamento científicoacadêmico e não de livros jornalísti-cos de informações científicas %,que estão sempre “ouvindo dizer”isso ou aquilo e que se mostrammuito apressados em efetuar mudan-ças no corpo da Doutrina Espírita,pautados em suas crenças de que aCiência já tenha superado o Espiri-tismo... É uma pena! Isso demons-tra que podem ter alguma leitura dasobras kardequianas mas não o en-tendimento aprofundado que se es-pera de quem pretende fazer modi-ficações no trabalho alheio.

Há pessoas que propõem e atépublicam propostas de se alterar,por exemplo, o termo fluido, usado

por Kardec em suas obras, pelo ter-mo energia, utilizado cientificamen-te. Sem dúvida seria uma aberraçãotal modificação, caso fosse imple-mentada. Por suas características edefinições, fluido e energia nas ci-ências têm significados teóricosmuito diferenciados. Um se define,a outra não. Por outro lado, o queKardec chama de fluido, no Espiri-tismo, não é o mesmo fluido da fí-sico-química, e assim por diante.

O melhor em tudo isso será onosso maior estudo e aprofundamen-to das questões e teses espíritas, afim de que, compreendendo melhoro ensino dos Imortais, a ele nos ajus-temos, procurando modificar-nospara assumir a posição de sal da Terrada qual nos incumbiu Jesus.

– O tema anjos de guarda vezpor outra é focalizado na mídia.Em que momento e de que ma-neira eles agem em favor dosseus protegidos? Como é a rela-ção deles conosco?

Muitas vezes, vemos esse temados Anjos de Guarda ser tratadonas diversas mídias empobrecidopor místicas deformantes ou porfantasias de tal modo ingênuas queconseguem diminuir o sentido di-vino dessas presenças junto às cri-aturas encarnadas.

Pelo que nos ensinam os Imor-tais, em O Livro dos Espíritos, es-ses Anjos atuam sobre nossas vidasdesde o nascimento até à morte emuitas vezes nos acompanham navida espiritual, depois da morte, emesmo através de muitas existên-cias corpóreas. Entendemos que,para estarem ligados aos seus tute-lados desde o berço, é que, antesdele, na erraticidade, já auxiliavamos seus protegidos na ponderação epreparo das existências que deveri-am vivenciar no planeta.

A relação desses Anjos conoscoé a de um pai com relação aos filhos;a de guiar-nos pela senda do bem,auxiliar-nos com seus conselhos, con-solar-nos nas nossas aflições, levan-tar-nos o ânimo nas provas da vida.

– Em alguns meios divulga-se a tese de que as crianças índigorepresentam uma nova geração,

“Se bem compreendida e orientada, toda e qualquercriança que chega à Terra mudará a vida do planeta”

(Continuação da entrevista das págs. 8 e 9 deste número.)a que Kardec se teria referido emA Gênese. Em sua opinião, otema crianças índigo enquadra-se na seriedade e racionalidadecom que devem ser tratados osconceitos espíritas?

É muito conhecido o impulsoque temos nós, os humanos, pelasnovidades que vão surgindo ao nos-so redor, e tudo o de que gostamos,julgamos importante ou especial,desejamos de modo velado ou de-clarado trazer para o universo doEspiritismo. Foi o que ocorreu coma tese dos psicólogos americanosDr. Lee Carrol e Dra. Jan Tober.

Muito embora os referidos au-tores americanos tenham feito ques-tão de afirmar que seu trabalho eraum relatório inicial e não a palavrafinal sobre certo tipo de crianças quevinham nascendo, o fato é que issojá chegou em nosso meio popular,e não foi diferente no meio espíri-ta, como algo pronto, acabado e“espírita”. Lastimável!

Vale a pena verificar como éque os supracitados psicólogosamericanos definem uma criançaíndigo (Dra. Jan Tober informa terchamado assim a esse tipo de cri-anças, por ser a cor índigo a quevia ao redor delas): é aquela queapresenta um conjunto de caracte-rísticas psicológicas incomuns eum padrão de comportamento ain-da não classificado pela ciência.Esse tipo de comportamento fazcom que todos os que interagemcom ela (principalmente seus pais)tenham de se adaptar a circunstân-cias diferentes e a um tipo especí-fico de criação. Até aqui, não ve-mos nada que seja diferente do queobservamos em nossas crianças,aquelas com as quais temos tidocontato diariamente, dando-nosconta de que são, de fato, criançasdiferentes, não importando os no-mes com que as rebatizemos. Con-tudo, todas elas estão no mundosob cuidados pater-maternais paraevoluírem para Deus. Todos sabe-mos que não é fácil entender,nortear, corrigir, educar, enfim,esses pequenos, tendo em vista asbagagens que trouxeram de outrasvivências reencarnatórias. (Con-clui na pág. 11 deste número.)

Entrevista: José Raul Teixeira

Page 10: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALFEVEREIRO/2009 PÁGINA 11

O psicólogo argentino Egidio Vec-chio, que se radicou em Porto Alegre,no Rio Grande do Sul, também dedi-cou-se aos estudos dessas criançasíndigo, somando seus esforços aos denotáveis estudiosos como IngridCañete e Teresa Guerra. Afirma elenum dos seus livros que na década de1970 vieram ao mundo seres huma-nos muito especiais, portadores deuma mudança potencial em seu DNA.Descobriu-se que têm uma missão acumprir e um grande potencial a de-senvolver. Como nós, também dota-dos do livre-arbítrio, portanto podemnão aceitar esse encargo. Não são pre-destinados. Nenhuma diferença vemosnos dizeres de Vecchio daquilo que te-mos aprendido, há mais de 150 anos,nos ensinamentos espíritas.

Todos nós chegamos ao mundocom uma missão a cumprir, seja degrande ou de pequeno porte, seja emnível do grupo familiar ou em termossociais e mesmo missões mundiais.Reencarnamos, exatamente, para fazerbrilhar a nossa luz, conforme orientouJesus Cristo, ou seja, para desenvolvernossos potenciais espirituais, ou inte-lecto-morais, se assim o quisermos.

Notemos como continua Vecchioa falar sobre os índigos: Essas crian-ças, fruto dessa evolução genética queestá acontecendo, necessitam de apoiopara adaptarem-se e desenvolverem-seentre nós. Para elas é necessária umapedagogia adequada ao seu grau deevolução, porque são portadoras de fer-ramentas psicológicas e espirituaismuito além daquelas que a psicologiatradicional conhece. Se bem compre-endidas e orientadas, as crianças índigomudarão a vida do planeta de forma as-sombrosa e nunca imaginada até hoje.

Não há nenhuma novidade nisso,para quem lida com ensino-aprendiza-gem, para quem lida com crianças eescolaridade. É gritante o atraso em quese encontra a instituição escolar, mun-do afora. Chegamos a constatar que dasinstituições do mundo a que mais re-siste a mudanças é exatamente a esco-lar. Parece um afrontoso paradoxo. As

suas variadíssimas necessidades, semqualquer alarde. Assim, é imprová-vel que os encarnados, de maneiraconsciente, consigam esses resulta-dos, tornando-se capazes de interfe-rir na programação do Benfeitores daVida Maior, desenvolvida sobre nóssob o comando de Jesus.

– Considerando que a vivênciadiária da moral cristã é um dosgrandes desafios dos espíritas, comosuperar o orgulho e o egoísmo queporventura residam em nós, evitan-do assim o personalismo?

Aqui, devemos recordar-nos da-quilo que indagou Kardec aos Imortais,desejoso de conhecer um modo práti-co e eficaz para melhorar-nos nesta vidae de resistirmos à atração do mal. Ve-jamos que o Codificador pediu aos Es-píritos algo que fosse factível, ou seja,prático, ao mesmo tempo que desse re-sultado, quer dizer, eficaz. Obteve porresposta a instrução de um sábio da An-tigüidade: Conhece-te a ti mesmo.

Será muito difícil trabalhar pordesfazer orgulho e egoísmo, enquan-to não tivermos clara consciência desua existência devastadora em nos-so íntimo. Somente a partir dessaconstatação que façamos é que, en-tão, buscaremos caminhos, planos,no sentido de atacar o que nos sejaincômodo. (Marcelo Borela de Oli-veira, de Londrina.)

Na segunda parte da entrevista,que será publicada em março, RaulTeixeira responderá sobre assuntospertinentes ao movimento espírita noBrasil e no exterior.

nossas crianças que são tão mal cuidadaspela escola contemporânea com suas ca-racterísticas velhas, com suas metodolo-gias, suas provas, suas notas, etc., anti-quadas, que conseguem matar o poder cri-ador dos alunos pelas atitudes ingênuas,laissez-faire, excessivamente diretivas ouditatoriais de profissionais malformados,caso tivessem esses recursos aos quaisse refere Egidio Vecchio, com certeza nãoteríamos os altos índices de êxodo esco-lar, as altas taxas de reprovações; não ve-ríamos o horror com que grande númerode crianças se vê obrigado a ir à escola, aalegria com folgas, feriados ou com a au-sência dos professores.

Num mundo de computadores einternets, de blogs e orkuts, desejarmanter as crianças presas a um espaçofísico por meio de “cuspe e giz”, con-venhamos que não precisarão ser tãoíndigos para viverem “indignadas” (otrocadilho é proposital) com o sistema.

No século XIX, Kardec já falava datransição por que passava o mundo.Logo, não é um fenômeno novo. Possi-velmente, somente agora os psicólogosamericanos se deram conta de que de-veriam estudar tal coisa. Mas, com cer-teza, não foi a partir de 1970 que essascoisas começaram a acontecer no pla-neta. Leiamos o que nos diz o livro AGênese, publicado em 1868: A épocaatual é de transição; confundem-se oselementos das duas gerações. Coloca-dos no ponto intermédio, assistimos àpartida de uma e à chegada da outra, jáse assinalando cada uma, no mundo, pe-los caracteres que lhes são peculiares.Têm idéias e pontos de vista opostos asduas gerações que se sucedem. Pela na-tureza das disposições morais, porém,sobretudo das disposições “intuitivas”e “inatas”, torna-se fácil distinguir aqual das duas pertence cada indivíduo.

Observemos como continua Kardec:Cabendo-lhe fundar a era do progressomoral, a nova geração se distingue porinteligência e razão geralmente preco-ces, juntas ao sentimento “inato” dobem e a crenças espiritualistas, o queconstitui sinal indubitável de certo graude adiantamento “anterior”. Não se

comporá exclusivamente de Espíritoseminentemente superiores, mas dos que,já tendo progredido, se acham predis-postos a assimilar todas as idéias pro-gressistas e aptos a secundar o movi-mento de regeneração.

Aprendemos, assim, desde a épocade Allan Kardec, que, se bem compreen-dida e orientada, toda e qualquer criançaque chega à Terra mudará a vida do pla-neta, de maneira bastante significativa,jamais imaginada atualmente. Quando olar e a escola se tornarem locais de satis-fação, de aprendizado e de segurança paraas nossas crianças de agora e para as quevirão, conseguiremos auxiliar a todos osEspíritos que, chegados ao mundo paradesempenhar seus papéis missionários,de homens e mulheres de bem, possamrealizar com êxito aquilo que vieram fa-zer sobre o solo do mundo.

O que lamento é que, com tantosensinamentos do Espiritismo, desde OLivro dos Espíritos até A Gênese, a res-peito do conduzimento educacional dasnossas crianças, sem que nunca tenhaisso provocado qualquer furor educaci-onal, nenhuma emoção ou frisson soci-al, bastou que chegasse ao nosso país atradução do livro de Carrol e Tober paraque o Movimento Espírita, em conside-ráveis expressões e localidades, se sen-tisse abalado em suas crenças e práti-cas, sem dar-se conta de que o que vi-nha acontecendo, e ainda ocorre, é umaagigantada defasagem entre a nossa con-fissão labial de fé espírita e a nossa in-tegração ao espírito do Espiritismo.

– Há controvérsias com relaçãoàs medidas que podem ser tomadasno sentido de protelar ou de acele-rar o processo desencarnatório. Têmos encarnados meios de prolongar avida física, a ponto de interferir noprocedimento dos Espíritos?

Aprendemos com os nobres Ben-feitores Espirituais que, como as nos-sas existências planetárias estão sobos cuidados de entidades sublimadas,que respondem junto a nós em nomede Jesus Cristo, a protelação (a mora-tória) ou a aceleração (a antecipação)

do processo de nossa desencarnaçãoestão, do mesmo modo, sob essas di-vinas responsabilidades.

Temos sabido de incontáveis cir-cunstâncias que podem levar os Gui-as Espirituais a interceder a favor dapermanência física de alguém no mun-do, assim como de outras que os fa-zem atuar em prol da antecipação doperíodo da reencarnação, desde quehaja interesses superiores em jogo,significando uma contribuição para oprogresso de quem deverá permane-cer ou de quem deverá partir.

Indivíduos que, na época previstapara seu desenlace, estejam realizandoprocessos espirituais renovadores juntoa familiares de relacionamentos comple-xos; que estejam conseguindo se libertarde difíceis conflitos ou dependências tor-mentosas, o que lhes permitirá grandesarrancadas espirituais, ou que se encon-trem executando atividades em benefí-cio de alguma obra de formosa expres-são, o que lhes propiciará feliz contributoascensional, esses costumam receber obeneplácito de abençoadas moratórias.

Muitos que estejam se enredando emsituações comprometedoras, planeta afo-ra, fascinados com as liberdades que nin-guém consegue frear; muitos que chega-ram à Terra com bagagem espiritual res-peitável, mas que se estão deixando le-var por certos níveis de orgulho e vaida-de comprometedores de seu valor espiri-tual; os que vieram para operacionalizardeterminadas missões, para o que foraminvestidos anos e anos de preparativos noMundo Invisível, e que estão atirandofora as oportunidades, costumam ser“chamados de volta” ao Grande Lar, afim de que reavaliem suas condutasterrenas, para que não comprometam seusvalores conquistados e para que refaçamos planejamentos quanto ao futuro, de talmodo que, então, não se perturbem nosmesmos caminhos e situações que os pu-seram em perigo.

Tanto as moratórias quanto as an-tecipações não costumam ser do conhe-cimento direto do beneficiado. As leisdo nosso Criador funcionam silencio-samente e atendem os Seus filhos, em

“Se bem compreendida e orientada, toda e qualquercriança que chega à Terra mudará a vida do planeta”

(Conclusão da entrevista das págs. 8 e 9 deste número.)

Entrevista: José Raul Teixeira

Page 11: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALPÁGINA 12 FEVEREIRO/2009

ELSA [email protected]

De Londres (Reino Unido)

O dia estava chuvoso. Londresnos acordava com mais um dia típi-co britânico. Olhei pela janela. Pes-soas caminhavam rápido sob a finachuva em direção ao ponto do ôni-bus, logo ali na esquina. O tráfegoda manhã parecia mais barulhentodo que o normal. O apartamento,situado entre árvores, era resguarda-do dos barulhos diários. As amigasverdes formavam uma barreira pro-

tegendo o terceiro andar dos sonsexternos.

Preparava-me para ir ao aeropor-to, um tanto longe de onde moro.Havia ainda um tempinho antes dedescer e aguardar o táxi. Aproveiteientão para uma última olhada nainternet, este abençoado veículo decomunicação, facilitador para a di-fusão de nossa Doutrina Espírita, umexcelente auxílio de nosso trabalho,o qual fazemos de alma e coração.

Quando se está com pressa, ocomputador parece lento. De repen-te uma notícia maravilhosa. Rece-

bi a tradução para o idioma alemãode alguns títulos de meus livros in-fantis sobre espiritualidade, que jávenho escrevendo há muitos anos,somando-se um total de mais de 28livros, entre outros manuais, etc. to-dos disponíveis gratuitamente nosite www.elsarossi.com em diver-sos idiomas.

A alegria invadiu minha alma,pois o conteúdo de alguns livros to-cara os corações de pessoas que vi-ram o potencial de ajuda espiritualou até mesmo maternal para as si-tuações de vida, que todos estamos

Crônicas de Além-Mar

Dançando na chuva

ELSA ROSSI, escritora e pales-trante espírita brasileira radicada emLondres, é 2ª Secretária do Conse-lho Espírita Internacional, diretorado Departamento de Unificação paraos Países da Europa, organismo doConselho Espírita Internacionale secretária da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

sujeitos a passar, inclusive as cri-anças.

O pedido de concessão dos direi-tos para publicação em língua alemãjá foi concedido e está em andamen-to o processo normal para que embreve se possa tê-lo impresso. Inte-ressante também que em novembrode 2008 recebemos um telefonema daSuécia relatando-nos o bem imensoque ele fez a uma família jovem, cujoesposo e pai havia desencarnado se-manas antes, e o relato emocionadode que o livro em inglês “My FirstTeddy Bear” tinha sido a solução parao desespero da menina de poucosanos e sua mãe. Interessante ainda éque a família é muçulmana e a pe-quena história auxiliou a paz no co-ração da criança, que passou a ouvira história todas as noites e a dormircom o livrinho ao lado de sua cama,segurando um pequenino TeddyBear. Notícias que chegam como estasão muito mais importantes pra mimdo que os prêmios que eu recebia,quando ainda jovem, pelos escritosque enviava para participar de con-

cursos literários, inspirada pelo meuquerido pai, um músico nato e com-positor de coração, que hoje, nas pa-ragens celestiais em que se encontra,deve continuar compondo suas can-ções e inspirando-me a escrever so-bre espiritualidade para crianças, emque o prêmio maior que receber é aalegria em saber o bem que podemosfazer através desta ferramenta mara-vilhosa que é o dom de escrever.

Desci para esperar o táxi, masnão me contive de alegria e danceina chuva fina da manhã de Londres,com o coração cheio do sol da fra-ternidade, iluminando os meus pen-samentos já preparando a próximahistorinha infanto-juvenil.Benéfica atitude

A física contemporânea nos dizsobre a interdependência de todas ascoisas. Não se pode arrancar uma florde uma rua da cidade sem perturbara vulnerabilidade de uma árvoreenraizada numa distante floresta.

De certa forma isso parecedesconcertante, mas, caso esteja-mos abertos ao fato de que o mun-do é um tecido de relações e intera-ções, facilmente entendemos que hásutilmente, em todas as situações daexistência, um convite para que noscomportemos de maneira compas-siva diante de todos os seres.

E embora o sofrimento e a vio-lência continuem presentes, denossa parte podemos indagar comodeixar de acrescentar mais dor atudo isso, perseguindo, no lugar dalei de talião, a resposta do Cristo:“àquele que te fere na face direita,oferece-lhe também a esquerda”.

Nesse caso, Jesus nos aconse-lha uma resposta que seja dada demaneira diferente, pois nos incen-tiva a oferecer ao agressor as duasfaces e, com isso, a oportunidadepara que ele compreenda o desva-lor contido na sua ação negativa, àmedida que agimos face à agres-são segundo um critério que opõea consciência à violência, desati-vando um condicionamento atávi-

com amor, sem ter medo do nossomedo. Dessa maneira, avançaremosna compreensão, libertando o ou-tro e a nós mesmos dessa memóriatingida pela acidez da hostilidade.

Lembro aqui a estória de Fran-cisco de Assis com o Irmão Lobo.

Todas as pessoas que moravamnuma determinada vila tinhammedo de um lobo voraz que des-truía galinheiros e matava os ani-mais dos apriscos. Ora, os mora-dores desse lugar respondiam comviolência à violência do lobo.

De forma diferente, Francisco,um dia, foi até o lobo e lhe disse:“Irmão Lobo, você é ameaçador emau porque tem fome. Façamosum pacto. Todos os dias eu levareia você o que comer e você, em tro-ca, se afastará dos galinheiros e dosapriscos, deixando de causar medonas pessoas.”

Os escritos narram que o IrmãoLobo respeitou o acordo a partirdesse dia e isso trouxe a harmoniade volta ao lugar.

Sim, não somos Francisco deAssis. Porém podemos, com paci-ência e compaixão, passar a agirconforme sua lição: no lugar defugir do que nos faz medo, apren-der com o que nos faz medo e darao outro, ao nosso adversário, aoportunidade para ser cativado ousimplesmente nos deixar em paz,pondo em prática uma atitude querompe com o vício de ser inimigo.

co e correspondente a uma reaçãosúbita e impregnada, no mínimo, deigual agressividade...

Ninguém duvidaria que a solu-ção para a saída do mal deve trans-cender o próprio mal. Logo, umpasso seguro para a resolução desseimpasse é a insistência de atos com-passivos, pois eles facilitam a com-preensão sobre as dificuldades daspessoas que integram nossa vida derelação. Assim, no lugar do julga-mento severo, melhor agir com to-lerância e paciência. Todos nós, semexceção, temos defeitos e somos,muitas vezes, dominados por nossasincompetências emocionais.

Então, para viver de maneirapacífica, o que nos é pedido?

Quando alguém nos trata malprecisamos evitar que se instale emnós o momento de recusa, no qualse dá o nascimento da sensação deameaça, da desconfiança, do ódio,que são realidades que nos puxampara trás.

Simplesmente, para não ajuntaro mal ao mal, precisamos procurarnos abster de encerrar o outro nanossa raiva, na nossa mágoa, cujatendência principal será a de nosprender no passado.

Sem dúvida, para viver o presen-te e caminhar para o futuro a únicadecisão saudável, ainda que haja re-lutância da nossa parte, é optar peloperdão. E para facilitar o ato do per-dão precisamos olhar nossa mágoa

EUGÊNIA PICKINA [email protected]

De Londrina

Solidão

Há muito acostumei-me à solidão,Só tendo os versos como companhia.

E, para consolar meu coração,Uso o meu tempo fazendo poesia.

É ela a minha alimentação,Que me dá paz, saúde e alegriaAcumulada de grande emoção

Que me sustentam cada hora e dia.

Por isso é que os meus livros dou de graçaPorque aqui na vida tudo passa...Só não passa o que ensinou Jesus.

Enfim, minhalma não vive enganada,Porque a vida sem Jesus é nada,E não prefiro a escuridão à luz.

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

Page 12: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALFEVEREIRO/2009 PÁGINA 13

Estivemos em Minas Gerais emjaneiro, na cidade de Ituiutaba, quetem hoje cerca de 100.000 habitantes.É a cidade natal do saudoso JerônimoMendonça, o “Gigante Deitado”. Quecidade boa! Limpa, arborizada, flori-da, cheia de praças e jardins, e aquelepovo mineiro acolhedor.

O que chama a atenção é o trabalhoespiritual. Mais de 23 Centros Espíritasespalhados pela cidade, contando comtrabalho de sopa fraterna e evangeliza-ção. Sanatório espírita que extrapola as

fronteiras do Triângulo Mineiro. Casa develhos “Bezerra de Menezes”, crechesespíritas maravilhosas. De ponta a pon-ta da cidade, trabalhos assistenciais es-píritas – fora os de outras religiões, quetambém são numerosos.

Há muitos anos, Chico Xavierconfidenciou aos trabalhadores do LarEspírita Pouso do Amanhecer – cre-che fundada por Jerônimo Mendonça– que os espíritas deveriam promoverum grande trabalho assistencial emItuiutaba, porque a cidade estava es-piritualmente sendo preparada para re-ceber um espírito de alta envergadura,e que seria desenvolvido ali um traba-lho semelhante ao que Emmanuel es-

tava fazendo em Uberaba. Em sua mo-déstia, Chico Xavier se apagou, citouEmmanuel, e não ele, encarnado, fa-zendo o trabalho que saiu de Uberabapara o Mundo.

Vai reencarnar, ou, quem sabe, jáestá reencarnado por ali, em Ituiutaba,um possível médium, que talvez faráum trabalho como o de Chico Xavi-er?! O tempo dirá.

São belos os trabalhos ali – semfalar na Fundação Espírita JerônimoMendonça; trabalho desenvolvidopela médium Maria Gertrudes que,assistida pelo espírito do pintor inglêsJoseph Turner, já levou o nome deItuiutaba até o Exterior.

Caravanas de outros estados visi-tam o Lar Espírita Pouso do Amanhe-cer e a Fundação Espírita JerônimoMendonça.

Nessa última visita, tivemos aoportunidade de conhecer um CentroEspírita na fazenda: o Centro EspíritaSão Bento e Mariana.

Mariana era uma médium de curadevota de São Bento, antes de se tor-nar espírita. Já desencarnou há anos,

mas o trabalho continua. As curas es-tão atraindo pessoas de longe. Os tra-balhadores da Casa dizem ser Eurípe-des Barsanulfo o espírito responsávelpelo trabalho. Tudo muito bem orga-nizado. Um equipe cheia de boa von-tade e amor. Muito estudo. Quem che-ga, se sente bem-vindo, naquele oásisa 20 minutos da cidade. Uma vibra-ção espiritual boa e uma acolhida fra-ternal. Encantamo-nos com o jardim.A casa, muito simples – mas brinca-mos com os responsáveis que o Cen-tro, ali, parece um Spa. A pessoa do-ente já melhora ao passear pelo jar-dim, e, no meio das árvores, há, paraquem vai dormir lá, a ala masculina ea feminina. Lanche e janta para quemfica o dia inteiro e quer participar dosestudos da noite. Tudo muito simples,mas fraternal.

Fomos muito bem recebidos e tive-mos a oportunidade de usar da palavrana hora do Evangelho e dos passes.

Na Sexta-feira, fomos os primei-ros a chegar. O trabalho era às 19 ho-ras, com Evangelho e passes, depoisda janta para o pessoal.

Um Centro na fazendaJANE MARTINS VILELA

[email protected] Cambé

No dia seguinte, Sábado, às 14horas, cerca de 150 pessoas foramatendidas. Depois do atendimento, às16 horas, houve o lanche fraterno paratodos, seguido de um estudo, às 17horas, onde as mensagens do espíritodo Dr. Álvaro Brandão, saudoso dire-tor da escola “Marden”, onde nós es-tudamos, foram analisadas por todosatravés do data show. Realmente eraa psicografia com características dalinguagem elevada e erudita do Dr.Álvaro, que conhecemos, enaltecendoo trabalho e a ação nobilitante do bem.Foi um grande trabalhador na área daeducação em Ituiutaba.

Saímos dali por volta das 18 ho-ras, mas os estudos continuaram tam-bém no Domingo pela manhã, e se es-tenderam depois, com outros temas. Osque quiseram, jantaram e dormiram lá.

Desejamos a esses trabalhadoresque continuem e perseverem com hu-mildade, estudo e amor, sempre. É oque nós espíritas devemos fazer.

“Espíritas, eis o primeiro ensina-mento: amai-vos! Instruí-vos, eis osegundo.” (O Espírito de Verdade)

Histórias que nosensinam

Há quase vinte anos, no mês denovembro de 1989, desencarnouJerônimo Mendonça, mais conheci-do como “O Gigante Deitado”, por-que exemplificou sua fé em Cristo enos fundamentos da Doutrina Espí-rita que o sustentou, deitado em umacama por mais de 29 anos. Era por-tador de uma severa artrite que pa-ralisou totalmente seus braços e per-nas, imobilizando-o, por todo essetempo, sobre uma cama que passoutambém a ser sua companheira devida. Para onde ele ia, era carregadonaquela maca especial.

Não bastasse a severidade daenfermidade, era também cardíaco ecompletamente cego de ambas asvistas, o que não o impediu de via-jar o Brasil todo, mais de 20 diascada mês, do Rio Grande do Sul aonorte do País, levando a mensagemconsoladora da Doutrina dos Espíri-tos e a sublime mensagem do Evan-gelho de Jesus.

Neste ano, procuraremos recor-dar alguns momentos de sua vida,que muito nos ensinaram.

Procurou-nos, uma senhora, emsofrimento indisfarçável, dizendosaber da presença de Jerônimo emnosso meio por aqueles dias, e pre-cisar muito de sua ajuda porque es-tava em fase final de um câncer, enão queria morrer. Indicamos a casaonde ele estava hospedado, e disse-mos que lá estaríamos na hora doalmoço e que intercederíamos porela, e que ela para lá se dirigisse às14 horas, hora em que ele normal-mente recebia as visitas. Porém, tam-bém dissemos que desconhecíamosqualquer notícia sobre ele ser mé-dium de cura mas, não querendo de-siludi-la, reforçamos a idéia do en-

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

contro.No momento marcado, a jovem

senhora, com o olhar visivelmentetranstornado, adentrou o recintoonde Jerônimo se encontrava, no seuleito inseparável, e emitiu um gritode dor, em forma de uma frase queecoou no ambiente: “Eu não queromorrer...!” E, continuou: “Sei que amorte não existe, mas quero conti-nuar viva dentro do corpo físico...!”

Fiquei pensando na maneiracomo Jerônimo resolveria aquela si-tuação, para mim sem solução. Ele,sem poder se mexer, nem voltar-separa a direção de onde vinha aqueleapelo, com o coração que pulsava,sempre taquicardicamente no seupeito, devido à hipertensão e às de-formidades em suas válvulas cardí-acas, começou a explanar, como sefalasse para todos, enquanto dirigia-se a ela:

“Minha irmã, eu não sou nin-guém, no entanto, se neste momen-to, por confiar na Misericórdia denosso Pai, eu lhe pedisse que a par-tir de hoje todos pudéssemos sereternos dentro do corpo físico e, nãopor meu merecimento, mas por suaimensa bondade ele assim consen-tisse, eu estaria condenado a este lei-to pela eternidade.

Minha amiga, para mim a Morteserá como uma doce enfermeira queum dia se aproximará de meu leito eme dirá simplesmente: “Jerônimo,chega de ficar deitado, vamos traba-lhar...!”

Ninguém pôde conter as lágri-mas, que rolaram silenciosas pornossas faces, em respeito ao sofri-mento da amiga, que desencarnariapoucos dias após e, em respeito aoprofundo ensinamento ali deixadopor esse grande espírita e cristão, quetambém viria a desencarnar, de for-ma natural, como se dormisse, pou-cos meses depois.

Jesus, o educador de almas(Conclusão do artigo publicado na pág. 3.)

Jesus libertou a criatura huma-na também da necessidade do com-parecimento ao templo, a fim de aliencontrar-se com Deus. O Mestrejamais convidou alguém a orarnum templo. Pelo contrário, quan-do a Samaritana manifestou-se nosentido de adorar a Deus no Tem-plo de Jerusalém, o Mestre desau-torizou tal atitude, dizendo-lhe:“Mulher, crê-me que a hora vem,em que nem neste monte nem emJerusalém adorareis o Pai. Deus éespírito e importa que os que Oadoram O adorem em espírito e emverdade.” (Jo, 4: 21 e 24). Para Je-sus não havia santuários, lugaresespeciais. Seus ensinamentos, suascuras, suas orações sempre foramlevados a efeito onde quer que elese encontrasse.

Ele foi crucificado exatamentepela coragem de contrapor-se aopoderio sacerdotal, àquela verdadei-ra ditadura religiosa. Infelizmente,com o passar dos tempos, o eixo damensagem cristã foi-se desviando,saindo da área do estudo, da medi-tação e do serviço à luz da oraçãoconsciente, passando às práticas ex-teriores.

O Mestre veio trazer a certezade que Deus é Pai, é Amor

trava o Criador como alguém ira-cundo, vingativo, capaz de ter pre-ferências por determinados povos eabominação por outros. Infelizmen-te, o Pai Misericordioso, tantas ve-zes demonstrado por Jesus, foi ne-gado pelos teólogos, ao criarem oInferno de penas eternas. Em ver-dade, Jesus falou de sofrimentoapós a morte, mas nunca com a pos-sibilidade de ser eterno. Pelo con-trário, disse: “Em verdade te digoque de maneira nenhuma sairás dalienquanto não pagares o últimoceitil.” (Mt, 5: 23) Mas, o Mestre,conhecedor da fragilidade humana,sabia que, de alguma forma, issoiria acontecer, por isso, prometeu oConsolador: “Mas aquele Consola-dor, o Espírito Santo, que o Pai en-viará em meu nome, esse vos ensi-nará todas as coisas, e vos fará lem-brar de tudo quanto vos tenho dito.”(Jo, 14: 26)

Cumprindo sua promessa, en-viou-nos o Espiritismo, que não éapenas mais uma religião cristã, maso próprio Cristianismo Primitivo,que ressurge na sua pureza, pujançae objetividade originais, destacando-se das demais religiões, pelo menosdas do Ocidente, pelo seu aspecto al-tamente educativo.

Bibliografia: A Bíblia Sagrada- Trad. João Ferreira de Almeida -Ed. Sociedade Bíblica Britannica eEstrangeira – 1937.

JOSÉ [email protected]

De Juiz de Fora, MG

Essas verdades religiosas simples,que estiveram ao alcance de humildespescadores, de viúvas e de deserdados,foram, com o passar do tempo, rele-gadas a segundo plano, tendo sido pos-tos em primeiro lugar o ritual, a sole-nidade, o manuseio de objetos de cul-to, a vela, o vinho, a fumaça, os can-tochãos, as roupas especiais e todo umconjunto imenso de práticas exterio-res alienantes, buscadas no judaísmoe no paganismo romano, que distan-ciavam o homem cada vez mais doesforço de auto-aprimoramento preco-nizado por Jesus.

Os pronunciamentos libertadoresde Jesus não foram objeto de estudopelos teólogos, que criaram as litur-gias, os sacramentos, e, pior ainda,a hedionda teoria das penas eternas,desfazendo a imagem do Deus Mi-sericordioso, tão bem delineada peloMestre.

A mensagem cristã foi apeque-nada, podada, enxertada por aquelesque dela se apossaram, ao construí-rem uma religião atemorizadora esalvacionista, com base em atitudesmísticas e na crença de que seria osangue de Jesus o remissor dos pe-cados da Humanidade. Foi enfatiza-da a adoração extática a Jesus-mor-to, em detrimento do esforço em se-guir Jesus-vivo.

O Mestre veio trazer a certeza deque Deus é Pai, é Amor, é Misericór-dia, contrapondo-O à figura apresen-tada no Velho Testamento, que mos-

Page 13: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALPÁGINA 14 FEVEREIRO/2009

O fruto douradoNum país bem distante, em

meio a terras estranhas, vivia umrapazinho muito pobre.

Ajudava sua mãe nos afazeresdomésticos e ainda saía de casaprocurando pequenas tarefas quepudesse realizar.

Todos na aldeia o estimavam enão lhe faltava serviço. Carregavaágua para abastecer as residênci-as, varria calçadas e quintais, la-vava e tratava cavalos, fazia entre-ga para os comerciantes e levavapequenos recados. Com isso, ga-nhava sempre algumas moedas queentregava à sua mãezinha, que oagradecia com um beijo.

A vida deles era muito difícil eessas moedas ajudavam para quenão lhes faltasse o necessário.

Rami ficou órfão muito cedo esua mãe tinha lutado com bastantedificuldade para criá-lo. Agora,que já estava com dez anos, eracom imenso carinho e satisfaçãoque ajudava a mãe, grato por tudoo que ela fizera por ele.

Certa vez, Rami voltava paracasa depois de um dia de muito tra-balho. Vinha cansado e faminto,quando avistou entre os galhos deuma árvore um brilho diferente.

Aproximou-se curioso, e, es-tendendo a mão, apanhou algodourado e brilhante.

Com surpresa, viu que ele eraum fruto como os outros daquelaárvore, só que todo dourado.

Como é que aquela árvore pu-

vá trabalhar também como eu —retrucou.

A mãe fitou-o sem nada dizer,entristecida, e baixou a cabeça.

No dia seguinte, Rami não foitrabalhar. Disse que precisava ficarem casa para proteger seu tesouro.

A mãe falou-lhe da necessida-de de comprar alimentos. Estavamquase sem ter o que comer. Erapreciso levar o tesouro à aldeia evendê-lo a algum rico senhor.

— Impossível mamãe. Comotransportar o fruto dourado? —disse ele.

Rami temia levá-lo ao povoa-do, aguçar a cobiça de algum mal-feitor e ser assaltado. Por outrolado, não poderia sair e deixá-lo emcasa, pois alguém poderia entrar eroubá-lo.

— Mas ninguém sabe da suaexistência, meu filho! — dizia amãezinha carinhosa.

— Nunca se sabe! Alguémpode ter-me visto apanhando o fru-to dourado e ter me seguido até emcasa. Assim, teria uma boa opor-tunidade para furtá-lo — respon-dia ele, convicto.

Ao cabo de uma semana, Ramiestava irreconhecível. Pálido, ma-gro, olhos inquietos e mãos nervo-sas. Não se alimentava mais, nãotrabalhava e nem saía de perto doseu tesouro.

Em poucos dias caiu doentenuma cama, sem forças para nada.

Sua mãe, preocupada com asaúde do filho, vendo-o definharcada vez mais, orava a Deus pe-dindo proteção. Nessa tarde, Rami,que se entediava na cama sem tero que fazer, apanhou distraidamen-te um pequeno espelho de metalpolido que a mãe esquecera ao seulado, e mirou-se nele.

Levou um susto tão grande quequase caiu do leito.

Quem era aquela criatura queele via? Os olhos vermelhos e in-quietos, as faces macilentas, as pro-fundas olheiras arroxeadas, o ros-to de uma magreza extrema... Não!Não podia ser ele! Estava horrível!

Era “nisso”, então, que ele ti-nha se transformado?

Nesse instante, apavorado com

Que bom, as aulas começaram!A gente gosta de férias, mas

se cansa de não fazer nada.Ótimo passear, jogar bola, ir

ao clube, viajar para a praia ou irpara a casa da vovó. Mas o tem-po passa e começamos a ter sau-dade dos amigos da escola, daprofessora e até da rotina!

Sabe por quê? É que vivemosnum mundo em que ainda precisa-mos dos opostos paraapreciar as coisasboas. Por exemplo:

— Precisamosda escuridão da noi-te, para perceber abeleza do dia.

— Da doença,para darmos valor àsaúde.

— Da violência,para entendermoscomo é bom viverem paz.

— Do frio, paraapreciarmos o calor.

— Da chuva,para valorizarmos osol.

— Da ausência de um entequerido, para sentir saudade eapreciarmos a sua volta.

— E também das aulas, paradesejar as férias.

Estas e muitas outras coisas éque fazem nossa vida ser tão es-pecial e sem monotonia.

Se a nossa existência fosseconstituída só de férias seria umaverdadeira chatice! Logo estaría-

Volta às aulasdera, entre sua produção, gerar umfruto de ouro? — pensou ele.

Deveria valer muito! Era gran-de e pesado.

Com cuidado, Rami colocou ofruto precioso dentro da bolsa quelevava a tiracolo e apressou o passo.

Tinha medo de que alguém oroubasse. Olhou para os lados a verse ninguém o vira. Estava só. Ain-da bem!

Chegando a casa narrou o acon-tecido à mãezinha, dizendo-lhe:

— Creio que o Senhor ouviuminhas preces, mamãe. Nada nosfaltará daqui por diante. Teremos onecessário para viver com confortoe tranqüilidade. Estamos ricos!

E sua mãe respondeu, satisfeita:— Espero que tenha razão, meu

filho. Poderemos agora ajudaraquela mulher que mora perto dorio e que é muito pobrezinha, nadatendo para alimentar os filhinhos.

— Nada disso, mamãe! Ela que

mos suplicando para fazer algu-ma coisa, cansados de não fazernada.

Então, vamos às aulas!Muito bom rever os velhos

amigos e conhecer gente nova.Com satisfação carregamos a

mochila com material novinhoem folha: cadernos, estojo, lápis,canetas, régua, tudo o que vamosprecisar para aprender.

É uma vida novaque se inicia. Acabecinha descansa-da está pronta paraestudar.

Assim, tenhacuidado com o ma-terial, que seus paiscompraram com tan-to esforço e carinho.

Preste bastanteatenção nas aulas.Brincar na sala atra-palha você e aos ou-tros alunos.

Respeite a todos:professores, colegas,funcionários e as ins-talações da escola.

Seja disciplinado, obedecendoàs ordens, não chegando tarde naescola, não brigando com ninguém.

Seja sempre simpático e bem-humorado com todos. Comovocê, ninguém gosta de ver carafeia e olhar atravessado.

Procure ter um comportamen-to bom e não terá problemas comninguém.

Então, VIVA AS AULAS!

a terrível mudança que se operaranele, tomou uma decisão.

Levantou-se, com muito esforço,apanhou o fruto dourado e saiu de casasem que sua mãe notasse, jogando-odentro do rio que corria ali perto.

Rami, agora longe do seu te-souro, liberto da ambição e domedo, sentia-se outra pessoa. Vol-tara a ser o que era antes.

Entrando em casa, ele contouà mãe o que tinha acabado de fa-zer, e disse:

— A senhora tinha razão, mãe.Agora percebo como me transformei

por causa do ouro. Graças a Deussinto-me livre, como se tivesse tira-do um peso enorme dos ombros.

— Nossa felicidade, meu filho,está na paz de uma consciênciatranqüila e no dever cumprido —considerou a mãezinha, satisfeitacom a decisão que ele tomara.

— Nunca mais quero ser rico,mamãe. O Senhor quis me experi-mentar e não consegui passar na pro-va. Mas, ainda bem que acordei a tem-po. Amanhã mesmo vou trabalhar evoltar à vida tão boa de antigamente.

Tia Célia

Page 14: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALFEVEREIRO/2009 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1869 (2ª Parte)

Continuamos a publicar o tex-to condensado da Revista Espíri-ta de 1869, último ano em que es-teve, até a edição de abril, sob aresponsabilidade de Allan Kardec.As páginas citadas referem-se àversão publicada pela Edicel.

*18. A Revista transcreve do jor-

nal Droit o caso do jovem PaulD..., 22 anos, morador de Paris,que se suicidou jogando-se naságuas do Marne. Em carta dirigidaa seu pai, o rapaz explicou que eradominado, havia dois anos, poruma idéia terrível, por umairresistível vontade de se destruir,proveniente de uma voz que lheparecia ouvir e que o chamava semdescanso. Louis Nivard (Espírito)esclarece o caso em mensagemdada em Paris a 20-12-1868. Paulfora vítima de uma obsessão pro-vocada pelo Espírito de sua pró-pria esposa na existência preceden-te, a qual sofrera consideravelmen-te com o deboche e as brutalida-des do marido, a ponto de procu-rar na morte o fim dos seus males.(Págs. 27 e 28)

19. Três dissertações mediúni-cas fecham a edição de janeiro de1869. Na primeira, o artistaDucornet, valendo-se da mediuni-dade do Sr. Desliens, fala sobre omarasmo que se observava nas ar-tes daqueles anos e afirma que aliteratura, a pintura, a arquiteturae a história iriam receber do agui-lhão espírita um novo batismo desangue, necessário para dar ener-gia e vitalidade à sociedadeexpirante. Na segunda mensagem,o Espírito de Rossini disserta so-bre a música celeste e diz ser-lhepreciso um pouco mais de tempopara expor as transformações queo Espiritismo certamente introdu-zirá na música do futuro. Na der-radeira mensagem, o doutorDemeure diz que a piedade pelosque sofrem não deve excluir a pru-dência e adverte que há indivídu-os que enviam aos espíritas pesso-as simuladamente obsidiadas como propósito de enganá-los e even-tualmente levá-los ao ridículo.(Págs. 28 a 32)

20. Em nota à observação dodoutor Demeure, Kardec escreveu:“Não é só contra as obsessões si-muladas que é prudente se pôr emguarda, mas contra os pedidos decomunicações de toda a natureza,evocações, conselhos de saúde,etc., que poderiam ser armadilhasfeitas à boa fé, de que poderia ser-vir-se a malevolência”. (Pág. 32)

21. Abrindo o número de feve-reiro, a Revista reproduz o comen-tário feito pelo jornal La Solidaritéde 15-1-1869 a propósito da esta-tística do Espiritismo publicada nomês anterior. Aquele periódicoconcordou plenamente com vári-as idéias expostas por Kardec naaludida matéria e diz até que a es-timativa do número de espíritasestava aquém da verdade, por-quanto fora ali esquecida a Ásia.(Págs. 33 e 34)

O Espiritismo nada tem aganhar, e só poderia perder,apoiando-se na exploração

22. Segundo o jornal LaSolidarité, se pelo termo espíritase entendem as pessoas que crêemna vida de além-túmulo e nas rela-ções dos vivos com as almas daspessoas mortas, há que contá-lospor centenas de milhões, visto queos seguidores do budismo, deConfúcio e de Lao-Tseu tambémcrêem na existência dos Espíritos.Kardec concordou com as obser-vações feitas pelo periódico fran-cês e acrescentou ao assunto ou-tras considerações. (Págs. 34 a 38)

23. O Espírito de Sonnet, emmensagem transmitida em Paris, a6 de janeiro de 1869, revela o que,em sua opinião, leva certas pesso-as a se tornarem espíritas. “São asmil perseguições que sofrem emsuas profissões.” (Págs. 38 e 39)

24. O poder destruidor do ridí-culo é o título de um artigo queKardec escreveu ao ler esta frasepublicada num jornal francês: “NaFrança o ridículo sempre mata”.O Codificador, não concordandocom a frase, disse que, para que oadágio referido fosse verdadeiro,seria preciso dizer: “Na França oridículo sempre mata o que é ridí-culo”. O que realmente é verda-deiro, bom e belo jamais é ridícu-lo, o que explica por que o ridícu-

lo, derramado em profusão sobre oEspiritismo, não o matou. (Págs.39 a 41)

25. Ao combater o charlatanis-mo e a exploração da mediunida-de, a doutrina ficou preservada deum perigo maior que a má vontadede seus antagonistas confessos,porque, se agisse de modo diferen-te, ela lhes teria apresentado umlado vulnerável, ao passo que elesse detiveram ante a pureza dos seusprincípios. (Págs. 41 e 42)

26. O Espiritismo nada tem aganhar, e só poderia perder, apoi-ando-se na exploração. Sua forçaestá no seu caráter moral. É neces-sário, pois, que seja forte por simesmo e, para isso, é preciso queseja respeitável. Cabe aos seusadeptos dedicados fazê-lo respei-tar, inicialmente, pregando-o pelapalavra e pelo exemplo, e depois,em nome da doutrina, desaprovan-do tudo quanto possa prejudicar aconsideração de que deve ser ro-deado. (Pág. 43)

27. Num lugar da Borgonha,uma jovem viúva, mãe de váriascrianças, ao perder o marido, aquem adorava, perdeu por comple-to a razão. Um espírita da região,vendo aquela família lançada àmiséria, condoeu-se da sua situa-ção e procurou ajudá-la. A conso-lação que lhe foi dada pela doutri-na espírita, acrescida das mensa-gens do falecido, que o citado con-frade psicografava, levou-a, empoucos meses, a uma cura comple-ta. A pobre viúva pôde então en-tregar-se ao trabalho e, dessa ma-neira, alimentar a si e aos filhos.(Págs. 43 e 44)

Várias vezes, diz Kardec, têmsido vistos Espíritos que ainda

se julgam encarnados

28. O padre da região, incon-formado com o rumo dessa histó-ria, fez a viúva ir à sacristia e co-meçou a lançar a dúvida à sua alma,a ponto de dizer que o confrade eraum súdito de Satã e que agia emnome deste. O sacerdote agiu tãobem que a pobre mulher, enfraque-cida por tantas emoções, recaiunum estado pior que da primeiravez. Sua loucura era completa e seudestino, um hospital de alienados.(Págs. 44 e 45)

29. Comentando o caso, obser-va Kardec: “O que havia causadoa primeira loucura daquela mulher?O desespero. O que lhe havia res-taurado a razão? As consolações doEspiritismo. O que a fez recairnuma loucura incurável? O fana-tismo, o medo do diabo e do infer-no”. É triste, conclui o Codifica-dor, “ver a Igreja fazer dessa cren-ça uma pedra angular da fé”.(Pág. 45)

30. Várias vezes, diz Kardec,têm sido vistos Espíritos que ain-da se julgam encarnados, porqueseu corpo fluídico lhes parece tan-gível como o corpo físico. O fato ébastante comum. A Revista apre-senta, no entanto, um caso bastan-te curioso de um Espírito profun-damente materialista, em crença eem gênero de vida, que julgavaestar sonhando. Ao comunicar-sena Sociedade de Paris, ele insistiunessa idéia e pretendeu explicarpelo estado de sonho todas as ob-jeções e perguntas que lhe foramfeitas. Uma única pergunta o em-baraçou: Se ele usava o corpo deum médium, bem mais magro queele, onde estava o seu verdadeirocorpo? (Págs. 45 a 49)

31. Não é raro – ensina Kardec– que um Espírito atue e fale pelocorpo de um outro. Não é difícilentender o fenômeno quando sesabe que o Espírito pode retirar-secom o seu perispírito para longe deseu corpo material. Quando isto sedá, sem que nenhum desencarna-do o aproveite, ocorre catalepsia.Quando o Espírito deseja aí entrarpara agir e tomar por um instantesua parte na encarnação, une o seuperispírito ao corpo adormecido,desperta-o e desse modo dá movi-mento à máquina corpórea. Osmovimentos e a voz não são osmesmos, porque os fluidosperispirituais não mais afetam osistema nervoso da mesma manei-ra que o verdadeiro ocupante.(Págs. 48 e 49)

A guerra empreendida sob oreinado de Luís XIV contra os

calvinistas foi um dos mais tristesepisódios da História da França

32. Na casa de um dos membrosda Sociedade de Paris, onde se rea-lizavam sessões espíritas, já fazia

algum tempo que batiam à porta.Quando esta era aberta, não se vianinguém. Excluídas todas as possi-bilidades que pudessem explicar ofato, o dono da casa pediu ao visi-tante invisível que dissesse o quedesejava. O Espírito comunicou-se,então, no dia 22 e no dia 29 de de-zembro de 1868, convicto de queainda pertencia ao mundo dos en-carnados. Kardec lembra que esseEspírito estava na mesma situaçãoque o anterior e ignorava a própriadesencarnação. (Págs. 49 a 52)

33. A Revista reproduz um ar-tigo de Ernest Le Nordez, publi-cado pelo Petit Moniteur de 12-12-1868, em que o autor relata os úl-timos momentos da existência dogrande músico Pergolèse, que nas-ceu perto de Nápoles, na pequenacidade de Casoria, em 1704, e fa-leceu aos 33 anos, momentos de-pois de compor o canto que o imor-talizou: o Stabat Mater, que o mun-do cristão inteiro repete e admira.De acordo com o articulista,Pergolèse compôs essa peça emestado de êxtase dentro de umaigreja. (Págs. 52 a 55)

34. Na seção de livros,Kardec apresenta uma resenha daobra História dos Calvinistas dasCévennes, escrita por EugèneBonnemère, que relata como foia guerra empreendida sob o rei-nado de Luís XIV contra os cal-vinistas, um dos mais tristes epi-sódios da História da França. Naobra há referências aos inumerá-veis casos de sonambulismo, êx-tase, dupla vista, previsões e fe-nômenos semelhantes que se pro-duziram durante todo o cursodessa infeliz cruzada e que sus-tentaram a coragem dos calvinis-tas. (Págs. 55 a 62)

35. Os estranhos fenômenosreferidos pelo Sr. Bonnemère nãobuscavam, para se produzir, nema sombra nem o mistério, e mani-festavam-se ante os intendentes, osgenerais e os bispos, como ante osignorantes e as pessoas mais sim-ples. Em setembro de 1704, segun-do Villars e Chamillard, as mulhe-res de uma cidade inteira pareci-am possuídas do “diabo”. É queelas tremiam e profetizavam publi-camente nas ruas, fato tido entãocomo sobrenatural. (Pág. 57 e 58)(Continua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

Page 15: O IMORTAL - oconsolador.com.br · Espiritismo para as crianças.... 14 Eugênia Pickina..... 12 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 ... como um simples intermediador entre o homem

O IMORTALPÁGINA 16 FEVEREIRO/2009

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

São claras as evidências daaceitação das idéias espíritas jun-to à mentalidade popular. O ama-durecimento da sociedade, as ex-periências complexas e desafiado-ras que vivemos provocam, por sisó, a busca incessante de respos-tas e de conforto para as angústiase dramas existenciais que atingemtodos os habitantes do planeta.

A presença do Espiritismo noplaneta, contudo, há mais de 150anos, tem trazido respostas, confor-to e esclarecimento para todos es-ses desafios. Sem receitas prontas,mas sempre com o caráterelucidativo que aponta causas econseqüências dos nossos compor-tamentos, dores e desafios, apontacaminho seguro de orientação.

Mesmo o adepto espírita, ser hu-mano comum e igual a qualquer ou-tro, apesar do conhecimento que pos-sui à sua disposição, não está dispen-sado das lutas do auto-aperfeiçoa-mento e dos estágios próprios de cres-cimento intelecto-moral que a vidano planeta oferece. Aliás, como já éde conhecimento daqueles que estu-dam o Espiritismo, a vida na Terranão é passeio turístico e sim oportu-nidade de contínuo aprendizado.

Caminhos multiplicadosDentro da cultura e da experi-

ência humana, está, pois, a Doutri-na Espírita pronta para auxiliar e ori-entar. Inspiradora do surgimento demilhares de instituições em todo opaís e no mundo, a Doutrina Espíri-ta surgiu com a codificação espíritaorganizada por Allan Kardec, a par-tir de O Livro dos Espíritos, lança-do em 1857. A partir daí, multipli-caram-se os adeptos, que fundaramas instituições e trabalham ativa-mente em diferentes áreas de atua-ção para que a Humanidade cami-nhe com segurança e consciente dopapel que nos cabe na presente e nasfuturas encarnações.

E, como não poderia deixar deser, o Espiritismo está presente em

ORSON PETER [email protected]

De Matão, SP

abrangente esquema de divulgaçãode seus princípios, seja pela ativida-de rotineira de suas instituições, sejapela atuação individual de seus adep-tos, seja pela expansão de sua divul-gação nos meios de comunicação.

Não há dúvida de que o adventoda internet multiplicou esses cami-nhos, mas, antes dela, inúmeros es-forços da família espírita se fizeramsentir mostrando a força e o dina-mismo do pensamento espírita. En-tre tais atuações está a arte em geral.Música, teatro, televisão, cinema,poesia, entre outras formas, tambémsão utilizados para divulgar e expan-dir o pensamento espírita.

Foco específico: o teatroÉ o que se pretende destacar nesta

matéria, com foco específico na arteteatral. Ocorre que está havendo im-pressionante expansão dessa forma dearte para divulgar o Espiritismo.

Renomadas obras psicografadasou não já foram encenadas e conti-nuam despertando interesse de di-retores, atores e do grande público.Tanto que é grande o apoio popularao surgimento do primeiro TeatroProfissional do Brasil, com tempo-radas regulares, voltado para o de-senvolvimento da Cultura Espírita.

Marco Nicolatto, da CompanhiaOperários do Palco, de São Paulo-SP,afirma que o “público espiritualista eem geral tem-nos manifestado seuapoio, considerando essa iniciativauma excelente oportunidade devivenciar emoções que favoreçam oenobrecimento do Espírito”. “Temostido o apoio do público de todas asdenominações religiosas como cató-

licos, evangélicos, esotéricos, livrepensadores e de pessoas que admi-ram a arte teatral de alto nível.”

O grupo, em sete anos de exis-tência, já encenou quatro grandes es-petáculos: Paulo e Estêvão, As Vidasde Emmanuel, Allan Kardec – O Ci-entista do Invisível e O Amor JamaisTe Esquece, todos eles, pois, deno-tando o caráter nítido e direto de di-vulgação de obras espíritas (fotos).

No caso específico da peça queretrata a vida de Allan Kardec, o Co-dificador do Espiritismo, o caráter deesboçar as lutas, conquistas, alegriase dificuldades do cidadão Rivail, àépoca da Codificação, faz o públicoreconhecer e valorizar o esforço ex-traordinário daquele que ficou conhe-cido como Allan Kardec. Nas demaispeças o forte conteúdo emocionalprovoca lágrimas no auditório.

Fato patenteO fato concreto, porém, é que

há alto investimento dos Benfeito-res Espirituais para que, através daarte, sejam despertados na almahumana os valores da compaixão,do amor espontâneo, da fé autênti-ca, do trabalho no bem. E o teatroconsegue isso até com certa facili-dade, seja pela interpretação dosatores, seja pela presença musical,sempre tão marcante e envolvente,pois as trilhas sonoras têm pesomarcante na encenação das peças.

No caso da Companhia Operári-os do Palco, estão previstos novosespetáculos para 2009. O diretor dogrupo, em entrevista a este periódi-co, afirmou: “Está prevista a estréiade dois novos espetáculos que com-

pletam a belíssima trilogia do Espíri-to Lucius psicografadas por AndréLuiz Ruiz, composta de O Amor Ja-mais Te Esquece, A Força da Bonda-de e Sob as Mãos da Misericórdia. Ecomo dissemos anteriormente, coma manutenção das peças atualmenteem cartaz, poderemos oferecer aopúblico a opção de emocionar-se comquatro peças de qualidade”.

A Companhia firmou parceriacom a Federação Espírita do Esta-do de São Paulo, onde apresenta osespetáculos, destinando porcenta-gem da bilheteria para obras assis-tenciais da entidade, que reconhe-cidamente atende a cerca de quatromilhões de pessoas por ano.

Amadurecimentoda Arte Espírita

Inquirido sobre a contribuição daArte Espírita em face do amadureci-mento natural da sociedade, que vemocorrendo através do tempo,Nicolatto ponderou ver isso “comoum processo de amadurecimento daprópria sociedade e dos conceitos es-téticos que esta desenvolve”. “Con-siderando-se que Deus é a PerfeiçãoAbsoluta e que possui como atribu-tos a Beleza Perfeita e a Bondade Per-feita, acreditamos que vamos contri-buindo para que possamos perceberque o Belo só pode ser aquilo que pro-duz o Bem, pois não podemos supe-rar o Criador de todas as coisas emseus atributos. É a Arte se movimen-tando da vaidade do ego para a arteque sinaliza caminhos para a cons-trução de uma sociedade mais frater-na e solidária.”

A opinião do ator e diretor é coe-

rente com a proposta do Evangelho,que convida ao aperfeiçoamento doser. E vários instrumentos, entre elesa arte teatral, contribuem para o al-cance dessa proposta.

Contato dos atorescom o público

O que mais tem impressionadoos atores e os diretores são os depo-imentos do público. É comum ouvirrelatos de intenções de suicídio, des-feitas após presenciar uma peça es-pírita. Igualmente é comum o fato dointeresse despertado pela literaturaespírita após uma encenação. Emo-ções vivas manifestadas, posiçõesmaterialistas que se alteram na bus-ca de novos valores e até mesmo ofato de muitas pessoas que jamais ti-veram oportunidade de visitar ouconhecer um teatro e que, através daArte Espírita, tiveram essa valiosaoportunidade. O movimento espíri-ta tem organizado caravanas paraprestigiar as peças e isso tem facili-tado esse acesso cultural.

Como também é comum aapresentação de peças em institui-ções espíritas, o grande públicoestá agora mais familiarizado coma arte do teatro conduzido pelopensamento espírita.

O esforço por colaborar para aserenidade no ambiente do planetaconvida-nos a apoiar também as ini-ciativas do teatro em favor da di-vulgação espírita. As emoções edespertamentos espirituais que oteatro provoca na alma humana de-vem nos sensibilizar para que pos-samos, igualmente, sensibilizar nos-sos irmãos que se dedicam à arte emgeral e, nesse caso, o teatro.

Divulgar, prestigiar, incenti-var, estar presente, colaborar – eiso papel que nos cabe nesse planogigantesco que promove o pro-gresso do planeta.

Contatos, informações eagendamentos pelos telefones(11) 5641-4491 ou (11) 9694-3684 (com Silvana) e tambémnos endereços e le t rônicoswww.operariosdopalco.com.br [email protected]

A arte teatral ganha espaço na tarefa de divulgação espíritaUm fato notável em nosso País tem sido a impressionante expansão dessa forma de arte para divulgaro Espiritismo, para a qual se nota que é grande o interesse de diretores, de atores e do grande público